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Universidade Católica de Moçambique


Instituto de Educação à Distância
Centro de Recursos de Nampula

Silva

Código do estudante:

Trabalho de Didáctica do Português I

A dinâmica do português no ensino primário em Moçambique

Nampula, Outubro de 2020


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Índice

Considerações Iniciais................................................................................................................3

1. A dinâmica do português no ensino primário em Moçambique.............................................4

2. A língua portuguesa no ensino primário.................................................................................4

3. Aprendizagem da língua em situações de contacto................................................................5

4. O Estatuto do português em Moçambique..............................................................................7

Considerações finais...................................................................................................................8

Bibliografia.................................................................................................................................9
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Considerações Iniciais

O presente trabalho subordina-se a cadeira de Didáctica do português I, cujo seu foco


principal é de falar sobre: A dinâmica do português no ensino primário em Moçambique. A
cadeira de didáctica do português I, nos permite possuir ferramentas básicas de como
actuarmos na sala de aula na disciplina de português, elementos que nos permitirão, como
futuros professores, ensinar com correlação a língua portuguesa.

Obviamente, o trabalho possui dois tipos de objectivos: Geral e Específicos.

No que concerne ao objectivo geral, temos o seguinte:

 Analisar o processo da dinâmica do português no ensino primário em Moçambique.

E para que se garantisse o alcance deste objectivo foi necessário traçar-se alguns objectivos
específicos que se resumem nos seguintes:

 Falar da aprendizagem da língua em situações de contacto;


 Explicar sobre o estatuto do português em Moçambique;

Quanto a metodologia, recorreu-se a consulta bibliográfica numa abordagem qualitativa e,


como técnica, fez-se uma leitura exaustiva, análise facial das fontes usadas e os dados foram
sintetizados de forma descritiva.

O trabalho está estruturado da seguinte maneira: introdução, desenvolvimento e inclui uma


conclusão ao menos parcial, mediante a sua abordagem, inclui igualmente uma bibliografia
final da fonte usada. Como técnica, fez-se uma leitura exaustiva, análise facial das fontes
consultadas.
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1. A dinâmica do português no ensino primário em Moçambique

Pelo panorama geral em Moçambique, a língua portuguesa é para a maioria dos seus falantes,
uma língua segunda, para alem de servir todos interesses oficiais nos serviços públicos e na
comunicação com o exterior.

Porem, importa apresentar as considerações referentes as diferenças de acesso da Língua


portuguesa por crianças da cidade relativamente aos do campo, e também alguns aspectos que
os professores primários devem observar na administração das aulas de português.

2. A língua portuguesa no ensino primário

De acordo com Geraldo & Baptista (2014),

Em Moçambique a língua portuguesa é conhecida e falada pela maioria da população


e não constitui a língua materna para a maior parte dos seus falantes. Este é o
panorama comum dos países africanos em geral, onde acontece frequentemente que as
línguas escolhidas como oficiais depois da independência não são, em geral, as línguas
maternas da maior parte da população.

Diante disso, a quase totalidade das crianças Moçambicanas, quando entram na escola não
falam português e naturalmente, não lê e não escreve, esta é a situação do meio rural onde
prevalece o uso das línguas locais, as línguas Bantus, e onde o português é concebido como
uma língua “estrangeira”: é aprendido e usado na sala de aulas, sobretudo através do contacto
com o professor e com os livros escolares, sendo pouco frequentes as situações de
comunicação em que é falado em ambientes naturais.

Quando as crianças do campo entram na escola, para alem de frequentarem um ambiente


estranho, não compreendem a língua usada na sala de aulas e, muitas vezes, tomam contacto
com papel, o lápis, o livro pela primeira vez na sua vida.

No meio urbano, pelo contrário, existem muitas fontes de acesso à língua portuguesa,
uma vez que, para além da escola, há frequentemente situações em que esta língua é
usada pelos membros da comunidade em que as crianças vivem, incluindo a sua
própria família. Assim, mesmo para as crianças com línguas maternas Bantus, o
português não é uma língua totalmente estranha para elas quando entram na escola.
Por conseguinte, nas cidades, diferentemento do que acontece no campo, o português
apresenta tipicamente a dinâmica de uma língua segunda, desempenhando um papel
social e institucional de relevo na comunidade (Idem).
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A diferença relativamente ao acesso à língua portuguesa por parte dos alunos do campo e da
cidade é praticamente importante nas primeiras classes do ensino primário. Para a maioria dos
alunos do campo, é apenas quando entram para a escola que têm o primeiro contacto com a
língua portuguesa, ao passo que os da cidade já têm algum conhecimento desta língua quando
inicia a sua vida escolar. Alem disso, para os alunos do campo, ao longo da sua vida
estudantil, a escola é praticamente o único espaço em que falam e ouvem enunciados em
língua portuguesa, ao passo que os da cidade têm outras ocasiões em que podem treinar o seu
conhecimento desta língua.

Dada esta situação, os professores das escolas primárias rurais têm muito mais
responsabilidades no sucesso dos seus alunos na aprendizagem da língua portuguesa do que
os professores das escolas urbanas.

No ensino primário, a disciplina do português tem um lugar preponderante no âmbito


curricular, porque também o código linguístico usado na transmissão dos conteúdos
das outras disciplinas. Assim, se os alunos não dominarem esta língua, a compreensão
dos conteúdos desta disciplina fica posta em causa, impedindo o seu sucesso na vida
escolar (Cunha, 2001).

Dada esta situação da língua portuguesa em Moçambique, os professores do ensino primário


devem reflectir questões como:

 Que significado tem para a criança moçambicana a aprendizagem da língua


portuguesa? E para os país?
 Como motivar os alunos para aprendizagem da língua portuguesa?
 Como orientar as aulas de português de forma a tornar a aprendizagem útil, agradável
e, consequentemente eficaz?

Em suma, os professores devem reflectir sobre a forma de planificar se aulas de língua


portuguesa no quadro de uma pedagogia culturalmente sensível, tal como preconizam os
programas do ensino básico.

3. Aprendizagem da língua em situações de contacto

Os falantes das várias línguas Bantus em Moçambique entram cada vez mais em contacto um
com o outro e com os moçambicanos que já falam o português, ou seja, como língua materna,
seja como língua secunda. É claro que numa situação de contacto de línguas não deixam de se
efectuar mutuamente e até numa certa medida de se misturar.
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As línguas não são coisas estáticas, elas são dinâmicas mudando continuamente e uma das
principais forças motrizes desta mudança linguística é o contacto de línguas das diferentes
pessoas que se conectam no dia-a-dia.

Caracteristicamente, as pessoas que falam língua portuguesa em Moçambique, não


têm como língua mãe. Falam outra língua materna, uma língua Bantus. Aprenderam e
continuam aprender a falar português sem uma instrução profunda, mas
empiricamente pela prática só; os únicos pontos de referência são os outros falantes
não nativos que também dominam o português não perfeitamente (Geraldo &
Baptista, 2014).

As circunstâncias específicas do contacto linguístico em Moçambique são, portanto, as


seguintes:

a) A língua materna é uma língua Bantu;


b) A língua segunda é o português;
c) O modelo padrão do português está relativamente ausente, salvo na comunicação
escrita (na imprensa) e na rádio.

Os desvios que os falantes não nativos introduzem na língua portuguesa em Moçambique são
essencialmente de dois tipos a saber:

 Por um lado, encontram-se interferências das línguas maternas. Cada e qualquer


pessoa que fala uma língua segunda comete, conforme o grau da sua competência
linguística, “erros” que correspondem a estrutura da sua língua materna. É o caso da
maior parte das inovações do vocabulário do português moçambicano (palavras como
maningue, machambas, chibalo, etc.) e das particularidades da pronúncia e entoação
da frase. Também há muitos casos de interferência nas áreas de sintaxe (estrutura da
frase) e de semântica (significado).
 Por outro lado, há muitos desvios de normas de língua portuguesa padrão que não tem
nada a ver com as línguas moçambicanas. Vem simplesmente do facto da língua
portuguesa ser uma língua segunda, só parcialmente dominada. Cada língua segunda
coloca seus próprios problemas de aprendizagem. No caso do português, por
exemplo, tempo e modo verbal, género dos nomes, concordância na frase, colocação
dos pronomes. Esses problemas só se resolvem gradualmente na medida em que os
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erros resultantes sejam corrigidos explicitamente ou quando o aprendiz se encontra


num ambiente onde se fala correctamente.

Com efeito, certos desvios à norma padrão do português, pelo seu carácter massivo e
relativamente estável, poderiam já ser encarados como variantes do português de
Moçambique e não apenas como erros que uma didáctica do português tenta corrigir e
ultrapassar.

4. O Estatuto do português em Moçambique

Em Moçambique, a língua portuguesa – Língua oficial e língua de unidade nacional – é a


língua de comunicação usada pelo governo e, ainda, a única língua utilizada na alfabetização
de adultos, no ensino e na informação escrita.

Este estatuto atribuído a língua portuguesa no nosso país já vem desde o tempo de luta
de libertação nacional. Surgiu como língua operacional do consenso de que constituía
um instrumento que, alem de evitar decisões linguísticas que perigassem a unidade
alcançada, permitia o melhor conhecimento do inimigo, durante a luta armada (Idem).

Associada a esta razão, surge outra em que se considera esta língua mais apta para a
transmissão de conhecimentos científicos uma vez que se visava garantir a elevação
do nível científico do todo povo moçambicano de uma maneira muito rápida que não
se podia perceber-se dos atrasos que traziam as línguas moçambicanas na terminologia
técnico-científica (Idem).

No nosso país, na cultura da independência, em Junho de 1975, apenas uma minoria da


população dominava a língua portuguesa. Dessa minoria, por razoes de ordem histórica e
social, apenas um reduzido número de falantes possuía como língua materna.

Em 1977, segundo fontes oficiais (I seminário nacional de informação), existiam em


Moçambique cerca de 90% de analfabetos, o que implica afirmar que na altura da
independência, o número de moçambicanos que tinham que tinham tido acesso o português
não ultrapassaria os 10%.

É fácil depreender que falar da língua portuguesa em Moçambique implica levantar a questão
do bilinguismo, lançar a problemática da aprendizagem de uma língua segunda.
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Considerações finais

Em Moçambique a língua portuguesa é conhecida e falada pela maioria da população e não


constitui a língua materna para a maior parte dos seus falantes.

No ensino primário, a disciplina do português tem um lugar preponderante no âmbito


curricular, porque também o código linguístico usado na transmissão dos conteúdos das outras
disciplinas. Assim, se os alunos não dominarem esta língua, a compreensão dos conteúdos
desta disciplina fica posta em causa, impedindo o seu sucesso na vida escolar

Pessoas que falam língua portuguesa em Moçambique, não têm como língua mãe. Falam
outra língua materna, uma língua Bantu. Aprenderam e continuam aprender a falar português
sem uma instrução profunda, mas empiricamente pela prática só; os únicos pontos de
referência são os outros falantes não nativos que também dominam o português não
perfeitamente.

Em Moçambique, a língua portuguesa – Língua oficial e língua de unidade nacional – é a


língua de comunicação usada pelo governo e, ainda, a única língua utilizada na alfabetização
de adultos, no ensino e na informação escrita.

Este estatuto atribuído a língua portuguesa no nosso país já vem desde o tempo de luta de
libertação nacional. Surgiu como língua operacional do consenso de que constituía um
instrumento que, alem de evitar decisões linguísticas que perigassem a unidade alcançada,
permitia o melhor conhecimento do inimigo, durante a luta armada.
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Bibliografia

Cunha, J.T. (2001). Técnicas de língua portuguesa. (4ª ed.). Aparecida: Editorial Perpétuo

Geraldo F.V. Baptista, J. F. (2014). Didáctica do português I. Beira.

Ramos, D.L.P. (2009). Português falado. (2ª ed.). São Caetano do Sul: Difusão.
Socorro/Santuário.

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