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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Educação e Comunicação


Curso de Licenciatura em Economia e Gestão – 1a Ano, 2022
TEC
Discente: Lahage Mendes Joaquim Docente: MA, João Nasseco

Tema: Português como língua oficial em Moçambique

A presente pesquisa de caráter avaliativo da disciplina de Contabilidade Financeira que tem como o
tema Português como língua oficial em Moçambique busca ilustrar e delinear enfoques relacionados
com o tema e o enquadramento teórico objetivo foi feito de modo a contextualizar o tema quanto à
temática abordada.

Língua é um instrumento de comunicação, ela é composta por regras gramaticais que possibilitam
determinado grupo de falantes se comunique perfeitamente.
Língua oficial é aquela que é definida como língua a usar em funções oficiais de um dado Estado
como, por exemplo, a administração publica, a justiça, a que todos os habitantes de um pais
precisam de saber e usar em todas as suas relações com as instituições.
Gonçalves (2000) refere que:
A chegada dos primeiros portugueses a Moçambique data de finais do século XV: 1498 é o ano da
chegada de Vasco da Gama a Moçambique, podendo dizer-se que, a partir desta data, estão lançadas
as bases histórico-sociais para o uso do Português nesta região do globo. Contudo, a forma como foi
conduzido o processo de colonização pela potência colonial teve como principal consequência que só
no início do século XX esta língua se torna um efectivo meio de comunicação para algumas camadas
da população moçambicana (p.50).

Segundo Newitt (1998, cit. em Gonçalves, 2000):


Durante os séculos XVI e XVII, a presença portuguesa se fez sentir no litoral de Moçambique, assim
como ao longo do vale do Zambeze, em Sofala e Tete, sobretudo através da actividade comercial, o
principal motor dos contatos estabelecidos entre os portugueses e a população local. Embora não se
disponha de informação documentada sobre o papel que o Português desempenhava neste
intercâmbio, sabe-se que a presença portuguesa trouxe poucas mudanças fundamentais na estrutura
económica e social local (p.55).

Segundo Ferreira (1977, cit. em Gonçalves, 2000):


A penetração dos portugueses em Moçambique foi muito mais difícil do que em Angola, visto que o
islamismo já tinha ali estabelecido raízes profundas. Este autor refere que “Vasco da Gama falava de
um povo com uma cultura muito mais avançada que a portuguesa” e menciona a existência de “uma
elite local, principalmente swahili, que vivia em cidades administradas por árabes que tinham
divulgado a sua cultura e religião” (p.56).
Só a partir de meados do século XVIII (1752) é que a administração de Moçambique passa a
depender directamente de Portugal (e não da Índia), e só nos finais do século XIX (1886) têm início
as campanhas militares ditas de “pacificação”, através das quais Portugal pretende assegurar a sua
presença neste território. A nível da educação formal, a documentação disponível revela que, neste
mesmo período (1890), havia uma única escola primária em todo o país.

Em Moçambique, o português tem o estatuto de L2 e/ou LE para a maioria da população. No meio


rural, onde há predominância das línguas locais, da família bantu e onde é aprendido só em
contexto de escola, contexto no qual a maioria da população, muita raramente, entra em contato
com esta língua no dia-a-dia, tem que ser considerado como uma língua estrangeira, diferentemente
do meio urbano em que o português pode ser considerado como uma L2 e já faz parte do ambiente
linguístico dos alunos que entram para a escola. Somente em situação escolar é que os alunos
entram em contato, pela primeira vez, com esta língua, tanto na oralidade como na escrita, na
escola.

Segundo Krashen (1988), “a aquisição de segunda língua, refere-se ao processo de assimilação


natural, intuitivo, subconsciente, fruto de interação em situações reais de convívio humano, em que
o aprendiz participa como sujeito ativo” (p.76).

No entanto, para Pupp Spinassé (2005), a aquisição de segunda língua (L2 ou SL) dá-se quando o
indivíduo já domina em parte, ou totalmente, a sua L1, ou seja, quando ele já está em um estágio
avançado de aquisição de sua língua materna. Para esta autora, segunda língua é uma não primeira
língua que é adquirida sob a necessidade de comunicação e dentro do processo de socialização.

A importância da aprendizagem de uma segunda língua representa não apenas a possibilidade de


obter fluência em outro idioma, mas favorece em ampla escala a aquisição de competências
interculturais, alterando percepções sobre formas de vida e as maneiras de se relacionar e/ou
estabelecer vínculos com pessoas de nacionalidades distintas e visões de mundo diversas.

O português como língua segunda apresenta-se, de maneira geral, como uma disciplina voltada para
pessoas vindas de outros países e que querem ou necessitam, por motivo de trabalho ou mudança,
aprender a língua portuguesa. Deve ser ensinada com metodologia diferenciada do ensino de língua
para falantes nativos, dadas às especificidades dos aprendizes.

Para Sellan (2001), devido a razoes politicas e aos acordos comerciais adotados pelas comunidades
europeias e americanas, o numero de estrangeiros que necessitam de aprender o português tem
crescido muito, uma vez que esta língua é vista como uma língua privilegiada para as relações
internacionais.
Vantagens do uso do português como língua segunda

Carlesso (2020) privilegia o aprendizado de um novo idioma pode proporcionar inúmeras


oportunidades, seja na sua vida pessoal ou profissional.

1. Desenvolve habilidades
Uma nova língua pode melhorar a memória. Além disso, o estudo das estruturas de outras línguas
pode melhorar a atenção e concentração, o que vai permitir conciliar várias atividades ao mesmo
tempo. O processo de raciocínio em outro idioma também estimula o sistema cognitivo, fazendo
com que se desenvolva a capacidade de tomar decisões mais sistemáticas e rapidamente.

2. Conhecer novas culturas


Quando estamos aprendendo um novo idioma, não estamos apenas assimilando novas palavras, é
possível se envolver com todos os aspectos daquela nova linguagem. Conhecer os países que falam
a língua, a história, a cultura e costumes das pessoas que vivem lá. Compreendendo tudo isso, você
se conecta com as diferenças que existem no mundo e enxerga as coisas por outra perspectiva.

3. Viajar e fazer intercâmbios


Se souber se comunicar em português, as viagens podem ficar ainda melhores. Poderá conversar
com moradores locais sobre dicas de onde ir, o que fazer e onde comer. Além disso, pedir
informações também fica muito mais fácil e a possibilidade de se perder diminui. Saber o que está
sendo dito no ambiente em que se está também pode ser interessante, inclusive para sua segurança.

4. Mais oportunidades na carreira profissional


Hoje em dia, saber português ou alguma outra língua é uma competência muito valorizada pelas
empresas. Por isso, aprendê-los ainda durante a graduação pode ser importante, pois já entra no
mercado de trabalho com essa vantagem. A habilidade de se comunicar em outras línguas pode
abrir portas para trabalhos em empresas multinacionais e, enquanto trabalha, ainda pode conhecer
outras partes do mundo. Sem contar que o salário, com certeza, será muito melhor.
Isso também pode ser importante para construir uma rede de contatos profissional - o networking -
internacional, aumentando as possibilidades de trabalho fora do país.

5. Melhora sua criatividade


A criatividade é importante em qualquer carreira. E o aprendizado do português pode melhorá-la.
Falar outro idioma faz com que nosso cérebro desenvolva mais flexibilidade de ideias, para tornar
possível a comunicação em mais de uma língua. O esforço para realizar associações e analisar
palavras durante a formação das frases está diretamente relacionado ao estímulo da criatividade.

Desvantagens do uso do português como língua segunda

Amade (2019) privilegia as vantagens da língua portuguesa em Moçambique como a unidade


nacional e a facilidade de entrada de informações no território. O resto só vê desvantagens que nos
levam ao atraso. Desvantagens como:
1. Preconceito

O preconceito linguístico foi deixado pelos colonialistas e a maior parte da população carrega até
aos dias de hoje. Os europeus, em Moçambique, classificaram a população em portugueses,
assimilados e indígenas. Os assimilados eram os moçambicanos que sabiam ler, escrever, falar a
língua portuguesa e que renunciavam a cultura moçambicana. Em suma, um assimilado era um
Moçambicano tido como civilizado, uma vez que imitava a cultura europeia e renunciava a sua.

Devido a esses factos históricos, com a oficialização da língua portuguesa esse estigma ainda se
encontra na sociedade. Até nos dias de hoje falar português é sinónimo de civilização e falar a
língua local representa selvajaria. Existe aqui, portanto, uma espécie de estratificação social.

As pessoas que não sabem falar português são muitas vezes humilhadas em certos locais e
dificilmente se integram em algumas comunidades.

E isso é um dos factores que contribuem para que o africano não valorize o que é seu e que despreze
a sua cultura.

2. Dificuldade na educação cívica


Uma sociedade íntegra é uma sociedade informada. Um cidadão tem que conhecer a lei, os seus
direitos e deveres e, acima de tudo, tem que conhecer o seu próprio país. E para que a sociedade
seja informada o idioma é um factor importantíssimo.

Por falta de informações, muitas vezes condicionada pela falta de domínio da língua oficial, milhões
de moçambicanos não conhecem o país em que vivem nem os seus direitos e deveres. Por essa
razão poucos se integram na política e, entre os que se envolvem na política, muitos desconhecem
os conceitos, precisamente os conceitos de partido, Estado, poder político e governo. Em outras
palavras, muitos se envolvem na política sem entenderem de política, o que é danoso numa
democracia.

A maioria das informações públicas é transmitida em português e muitos não dominam a língua
nem os conceitos; a maioria dos livros que trazem informações para educação cívica está em
português e muitos não entendem. A consequência disso é manter o cidadão desactualizado sobre o
seu país.

E isso coloca um atrito na integração social do cidadão. Por conta disso muitos têm a dificuldade de
se dirigir aos locais públicos para pedir alguma informação ou procurar emprego.

3. Dificuldade na educação académica

A falta de domínio da língua portuguesa como L1 tanto quanto L2 dificulta a educação académica
principalmente nas zonas rurais. Muitos dos que vivem fora da cidade dificilmente falam o
português e muitas vezes só começam a falar na escola. O resultado é o baixo aproveitamento
escolar, uma vez que os conceitos não são entendidos por factores idiomáticos.

Nesses locais o professor sente-se obrigado a fazer um grande esforço para fazer perceber a matéria.
Porém, nem todos os professores têm esse potencial.
Além disso, quando as informações são transmitidas através da língua materna as coisas são
intuitivas e levam à fácil percepção.

Os conceitos dificilmente se entendem quando não são transmitidos no idioma em que se domina.
Esse factor atrasa a nossa educação. Para ensinar Física, Química, Matemática, Biologia, Sociologia
etc., é necessário que as informações sejam claras de modo a envolver o aluno no assunto, fazendo
com que facilmente faça assimilações e ponderação.

Concluísse que o português moçambicano é a variante do português falado e escrito


em Moçambique. A única língua oficial da República de Moçambique é a língua portuguesa,
segundo estabelecido no artigo 5º da Constituição de 1990. Porém, é falada, essencialmente, como
segunda língua por boa parte da sua população, numa percentagem de 65% ou um pouco menos do
contingente populacional, segundo o que sugerem os levantamentos censitários mais actualizados
sobre as estatísticas de alfabetização.

Referencias Bibliográficas

Carlesso, E. (2020). 5 motivos para aprender português. Recuperado em


https://www.unochapeco.edu.br/blog/aprender-um-novo-idioma-pode-te-trazer-vantagens-e-
oportunidades.

Amade, I., R. (2019). As desvantagens da língua portuguesa em Moçambique. Recuperado em


https://izerafamade.wixsite.com/meusite-2/post/as-desvantagens-da-língua-portuguesa-em-
moçambique.

Gonçalves, P. (2000). Panorama do português oral de Maputo: vocabulário básico do português


(espaço, tempo e quantidade). Contextos e Prática Pedagógica. Maputo: Moçambique: INDE.

Krashen, S. (1988). Second language acquisition and second language learning. Oxford: Pergamon.

Pupp spinassé, K. (2005). Os conceitos língua materna, segunda língua e língua estrangeira e os
falantes de língua alóctones minoritárias no sul do Brasil. Recuperado em revistacontingentia.com.

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