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EDUCAÇÃO DE JOVENS ADULTOS

1
Sumário
Disciplina Página
Língua Portuguesa ............................................................................................................ 6
Arte .................................................................................................................................
91

Geografia ......................................................................................................................
108

História .........................................................................................................................
163

Biologia ........................................................................................................................
223

Química ........................................................................................................................
262

Matemática ...................................................................................................................
313

Física ............................................................................................................................. 405


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3
Descrevendo pessoas, objetos,
lugares... o mundo!
A descrição
Se você tivesse de fazer um retrato falado da mulher da foto ao lado,

como você a descreveria?

Imagino que você tenha destacado algumas características físicas dela,

algo como: pele clara, cabelos lisos, várias rugas de expressão, lábios finos...

Veja, agora, outras descrições feitas desta mesma pessoa:

Descrição A

“Maria é uma das muitas moradoras de rua na cidade de São Paulo. Sua

pele clara e seus cabelos lisos destacam um sorriso tímido e tristonho. Maria

representa mais um brasileiro que perdeu sua identidade e sua cida- dania: não se lembra de onde veio, quando nasceu,

sua origem, sua família. Maria é simplesmente mais uma Maria, sem teto, sem documento, sem nada.”

Língua Portuguesa 6
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(Lopes. Julia. Textos elaborados especialmente para este material didático) Como você pôde perceber a partir dos textos
anteriores, uma pessoa pode ser descrita de várias formas, de-

pendendo da percepção e da intenção de quem a descreve.

Algumas descrições são mais objetivas, isto é, apresentam características diretamente observáveis, aquelas,

como a cor dos cabelos, dos olhos, da pele etc., que todos veem da mesma maneira, impessoal.

Outras descrições são mais subjetivas, pois envolvem a emoção de quem escreve, revelam as impressões cap-

tadas por aquele autor num determinado instante e, por isso, são mais pessoais.

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Língua Portuguesa 9
Produzindo textos descritivos
Antes de iniciar a produção de um texto descritivo, devemos considerar:

1. O que será descrito: uma pessoa, um objeto, uma cena, um ambiente, uma paisagem?

2. Qual é o ponto de vista do qual vamos descrever? Vamos descrever de um ponto de vista mais objetivo ou mais subjetivo?

3. Quais os elementos, que informações queremos ressaltar na descrição?

a. Se for uma descrição de pessoa, podemos pensar na descrição de características físicas (o que se vê) , psicoló- gicas
(o que se percebe, sente, julga), sociais e comportamentais (preferências, gostos, atitudes, hábitos etc.);

b. Se for uma descrição de objeto: a forma, a textura, cores, a utilidade, localização etc.

c. Se for uma descrição de local ou ambiente: o espaço, a localização, o que o compõe, as impressões psi- cológicas (o
que o ambiente transmite) etc.

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4. Qual será a perspectiva sobre o elemento que será descrito: de cima para baixo, da esquerda para a direita, do mais
próximo para o mais distante etc.

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Você já ouviu falar que muitos trabalhadores rurais são chamados de Boia-fria?

ENEM 2010

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Descrevendo pessoas, objetos, lugares... o mundo!

Questão 1

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A casa era grande, branca e antiga. Em sua frente havia um pátio quadrado. À direita havia um laranjal onde

noite e dia corria uma fonte. À esquerda era o jardim de luxo, úmido e sombrio, com suas camélias e seus bancos de

azulejo. A meio da fachada que dava para o pátio havia uma escada de granito coberta de musgo. Em frente dessa

escada, do outro lado do pátio, ficava o grande portão que dava para a estrada. A parte de trás da casa era virada ao

poente e das suas janelas debruçadas sobre pomares e campos via-se o rio que atravessa a várzea verde e viam-se ao

longe os montes azulados cujos cimos em certas tardes ficavam roxos. Nas vertentes cavadas em socalco crescia a vinha.

À direita, entre a várzea e os montes, crescia a mata, a mata carregada de murmúrios e perfumes e que os

Outonos tornavam doirada.

(Sophia de Mello Breyner Andresen, O Jantar do Bispo – http://pt.scribd.com/doc/54510891/Exemplos-de- -Textos-

Descritivos-e-Dissertativos)

Como se verifica nesse texto, o predomínio de adjetivações é comumente encontrado no texto de base

(A) narrativa

(B) informativa

(C) descritiva

(D) argumentativa

Questão 2

Indique duas características da descrição presentes nesse segmento do texto.

Questão 3
Exemplifique as características dadas com elementos do texto.

Questão 4

Leia o texto para responder à questão 5.

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Ser consciente é talvez um esquecimento.

Talvez pensar um sonho seja, ou um sono.

Talvez dormir seja, um momento, Voltar

o 'spirito nosso a ser dono.

Fernando Pessoa. Obra completa.

Esse texto, do ponto de vista da composição, classifica-se como descritivo, narrativo ou expositivo? Exemplifique.

A descrição em diferentes
gêneros textuais

A estrutura de textos descritivos


Leia o texto a seguir:

Sobre o trabalho
Compreende-se como trabalho o esforço que o homem realiza para transformar a natureza em produtos ou

em serviços. Assim, podemos associar o trabalho à cultura de um povo.

Há muito tempo, a agricultura era o único meio de subsistência do homem. Os trabalhadores usavam um objeto

de três paus, aguçados, para raspar o milho, bater o trigo etc. Muitas vezes, em cada ponta, havia uma lâmina de ferro

pontiaguda. Esse objeto, em Latim, era chamado de tripalium e, assim, essa palavra foi associada à ideia de trabalho.

Muitos estudiosos da origem das palavras – a etimologia – registram tripalium, em Latim, como a palavra que deu

origem à palavra trabalho.

No século XIX, quando se iniciou o processo de industrialização no mundo, Karl Marx, um importante pensa- dor,

apresentou um estudo sobre a questão do trabalho. Para esse pensador, trabalho é o que distingue o homem dos outros

animais e é fruto da relação homem-natureza e homem-homem.

Como se pode ver, o trabalho é o elemento que impulsiona o Homem e o que o integra à natureza e ao meio

social. Por este motivo, modifica sua História. Então, trabalho é direito, é exercício de cidadania, é sentir-se vivo e atu-

ante no meio em que estamos inseridos. E viva o Trabalho!

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Fonte: texto elaborado especialmente para este material didático

A partir da leitura do texto anterior, propomos uma atividade para que você perceba a maneira como se deve

organizar um texto descritivo. Vamos lá?

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A descrição em outros gêneros textuais


Biografia
A palavra biografia é formada de dois elementos: bio (vida) e grafia (escrita). No conjunto, esses elementos significam

um texto que fornece informações escritas sobre a vida de alguém. Você se lembra do texto apresentado anteriormente,

descrevendo a trajetória de vida de Pelé? Vamos revê-lo?

“Nascido na cidade mineira de Três Corações, filho de Celeste e de João Ramos do Nascimento, jogador de futebol
no sul de Minas Gerais, conhecido como Dondinho, Pelé desde criança manifestou a vontade de ser jogador
de futebol, como o pai. Em 1945, a família mudou-se para Bauru, interior de São Paulo. Com dez anos, Pelé já
jogava em times infanto-juvenis. O pai, então, o estimulou a montar o seu próprio time: o Sete de Setembro.
Pelé trabalhava como engraxate e para adquirir material, como bolas e uniformes, os garotos do time
chegaram a vender produtos em entrada de cinema e praças.
Sua consagração veio na Copa do Mundo da Suécia, em 1958, quando o Brasil foi pela primeira vez cam- peão mundial. [. ]
(Adaptação de http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u724.jhtm)

Pois é! Isso é uma biografia!

O texto a seguir apresenta a biografia de um escritor que ficou conhecido como O Vampiro de Curitiba.

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Aspectos Linguísticos: Concordâncias Nominal e Verbal
Nas orações da questão anterior, o sujeito estava no singular:

a) O curitibano

b) Aquele escritor

O que aconteceu quando você reescreveu essas orações no plural? Também os verbos e os predicativos sofre-

ram mudanças, não? Veja:

(a) “sempre FORAM ENIGMÁTICOS.”

(b) “ACABARAM se tornando MESTRES da narrativa brasileira.”

Você observou que, em todas as orações, os sujeitos, os predicados e os predicativos tiveram de estar combi-

nados entre si, tanto no singular ou quanto no plural.

Como vimos, a combinação entre substantivos e adjetivos, sujeito e verbos nas orações, de modo que aconte- ça uma

uniformidade entre os elementos que compõem essas orações é o que chamamos de CONCORDÂNCIA.

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A descrição em diferentes gêneros textuais


As origens da internet

A rede mundial de computadores – internet – surgiu e foi desenvolvida graças a pesquisas científicas com

finalidades militares. Em 1969, uma equipe do Ministério da Defesa dos Estados Unidos conseguiu conectar dois com-

putadores e começou a enviar mensagens de um para o outro. Mas foi só em 1989 que o britânico Tim Berners-Lee

apresentou o primeiro projeto de hipertexto global, World Wide Web (teia de alcance mundial), origem da sigla, hoje

mundialmente conhecida, www. Esse projeto foi oferecido ao público 4 anos mais tarde, conquistando um sucesso

mundial imediato.

(Fonte de pesquisa: Revista Planeta. São Paulo, Três, janeiro de 2006, p. 17. Adaptado)

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Questão 1
Após a leitura do texto, verifica-se que há a apresentação de um fato, com as características brevemente deline-

adas, sem a explanação de opiniões pessoais. Transcreva um trecho que comprove a existência de um texto expositivo.

Questão 2
Quais as informações gerais apresentadas no texto sobre a rede mundial de computadores quanto a

(A) finalidade de criação

(B) data de criação e autoria

Questão 3
Explique a origem da sigla www.

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O poder da síntese: estudo, crítica


e exposição
O que não se diz primeiro com uma palavra raramente
se consegue dizer com muitas!
Albert Einstein, o físico alemão contemporâneo e um dos principais intelectuais do século XX, disse certa vez

que só tinha tido uma única ideia durante toda a sua vida. O que Einstein queria dizer com isto não é naturalmente

que ele passou a vida inteira dizendo apenas uma única coisa, mas que tudo o que ele fez na vida possuía uma base

comum, um centro vital, um elemento para o qual todo o resto podia ser reconduzido.

Bem, mas na mesma medida em que é possível desdobrar uma ideia em uma série de outros contextos nos quais

essa ideia se encontra presente de maneira modificada e dizer uma coisa de muitas formas diversas, também é possível

sair de uma exposição complexa para uma ideia ou um conjunto de ideias simples. Nós conhecemos coti- dianamente

esse processo como resumo ou síntese. Resumir é justamente sair da versão desenvolvida de um texto, de um discurso,

de uma aula ou mesmo de um filme ou de um romance, para alcançar aqueles elementos centrais a

partir dos quais se constrói cada uma dessas realizações.

Ora, mas em que medida é importante o resumo, a síntese de ideias? Vejamos algumas situações nas quais é

possível perceber o caráter decisivo do resumo e da síntese:

 Como não é normalmente possível memorizar todos os elementos de um discurso ou de um texto, não se

teria nenhuma condição de compreender plenamente um discurso e um texto se não se tivesse a capaci-

dade de resumir e de sintetizar as ideias centrais do discurso e do texto.

 A capacidade de síntese também é decisiva, por exemplo, na preparação para uma prova, assim como na

apresentação de um produto. E pelas mesmas razões apresentadas acima. Nós compreendemos melhor um

discurso ou um texto, quando conseguimos acompanhar as suas ideias principais e concatenar logica- mente

essas ideias. No que diz respeito a um produto, por sua vez, é muitas vezes indispensável passar uma rápida

imagem das qualidades essenciais do produto, para que o possível comprador possa se interessar pelo

produto. Se o vendedor se perdesse em longas exposições, o comprador muito provavelmente se

desinteressaria pelo produto.

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 Há uma outra vantagem na capacidade de síntese que é extremamente positiva para a vida em geral: a capaci-

dade de síntese torna possível uma organização melhor das atividades e uma antecipação daquilo que é

funda- mental fazer. Por exemplo: se estamos diante de uma quantidade muito grande de tarefas a serem

realizadas, a síntese e o estabelecimento de uma ordem de prioridades torna possível uma melhor resolução

dessas tarefas.

A partir de uma leitura atenta dos textos abaixo, procure identificar quais são as ideias centrais presentes

nos textos. Em seguida, coloque essas ideias numa ordem corres- pondente à ordem da

própria exposição:

1. “O desafio brasileiro, de resolução urgente, não é apenas crescer, mas crescer e crescer

muito, crescer com qualidade e a passo firme, a fim de superar a distância que nos sepa- ra

das nações desenvolvidas, ou seja, crescer mais e melhor do que elas, caso contrário o

fosso entre nós e elas só fará aumentar.

Fora do desenvolvimento (e não há desenvolvimento algum sem crescimento econô-

mico), pensar em Brasil-potência é uma bela mas vã fantasia. O óbvio ululante às vezes

precisa ser repetido àoutrance: se o aumento da taxa de juros ajuda a frear a inflação,

também é verdade que determina menos investimentos, menos empregos e, por con-

clusão, menor crescimento do PIB. Ou, dito pela forma inversa: quando os juros caem e

cresce a oferta de crédito, cresce o consumo e com ele cresce a economia, e se abrem

oportunidades para a poupança interna e para novos investimentos, reativando outra vez

a economia, em um verdadeiro círculo virtuoso.

Pior do que não ter política alguma é ter duas políticas, ou tentar a conciliação entre objetivos que se anulam”.

(Artigo de Roberto Amaral na Revista Carta Capital de 03 de junho de 2013 - http://

www.cartacapital.com.br/Plone/politica/quem-decide-o-nosso-destino-2067.html)

2. “Apontar, expor, frisar as deficiências do sistema de ensino público têm sido uma cons-

tante de educadores, na esperança de que sociedade, governos, responsáveis pela edu-

cação da nossa terra, se alertem, se toquem, se chacoalhem, na busca de soluções que

venham reverter o quadro penoso que se apresenta. É uma situação que nos humilha, nos

empobrece e que, lamentavelmente, persiste por décadas e décadas.

Língua Portuguesa 26
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A educação é chave para o emprego e emprego é um dos fatores que mais pesa para se

atingir o desenvolvimento sustentável de um país. No atual período de nossa recupera-

ção econômica, a criação de empregos é ponto crucial e nela entra em jogo a educação O

mercado pede qualificação, com forte exigência das empresas por mais e melhor

escolaridade dos trabalhadores.

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(FMPA-MG) Identifique a alternativa em que o verbo destacado não é de ligação:

a) A criança estava com fome.

b) Pedro parece adoentado.

c) Ele tem andado confuso.

d) Ficou em casa o dia todo.

e) A jovem continua sonhadora.

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O poder da síntese: estudo, crítica e exposição

Questão 1

Língua Portuguesa 29
O trecho apresenta a melhor redação, considerando correção, clareza, concisão e propriedade é:

(A) O porquê de a intervenção direta e indireta do Estado na economia, receita tão bem sucedida em certos paí- ses

asiáticos mas nem tanto no Brasil, está na paródia de conhecido comercial: "Nossos políticos são mais criativos, mas menos

honestos".

(B) A intervenção direta e indireta do Estado na economia, receita empregada tanto no Brasil como em certos

países asiáticos, deu mais certo porque nossos políticos, parodiando conhecido comercial, são mais criativos mas menos

honestos que os deles.

(c) A receita - intervenção direta e indireta do Estado na economia que tanto deu certo em alguns países asiáticos - não

acarretou ao Brasil os mesmos resultados porque nossos políticos, segundo paródia de conhecido comercial, "são

mais criativos mas mais corruptos que os deles".

(D) A resposta a por que a receita - intervenção direta e indireta do Estado na economia - deu mais certo em

alguns países asiáticos do que no Brasil, parece paródia de conhecido comercial: "Nossos políticos são mais criativos, mas

menos honestos".

Questão 2
Quando nos referimos a um resumo, vem-nos à mente um texto que:

(A) é um metatexto que fornece informações sobre um texto fonte de modo que o leitor possa selecionar o que

pretende/deve/precisa ler.

(B) é um texto longo, com vários parágrafos, para que o leitor compreenda efetivamente o texto base (isto é,

o texto original).

(C) é curto e simples, por ter, como objetivo, atender a todo e qualquer tipo de leitor.

(D) é curto, por ser formado apenas por uma sequência narrativa.

Questão 3
Há situações em que o adjetivo muda de sentido, caso seja colocado antes ou depois do substantivo. Observe: Lá se

vão os pobres meninos Pelas ruas da cidade. Meninos pobres,

pelas ruas da cidade rica.

Língua Portuguesa 30
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Qual é o significado da primeira e da segunda ocorrência da palavra “pobres” no trecho que acabou de ler?

(A) mendigos/com poucos recursos.

(B) dignos de pena/improdutivos.

(C) dignos de compaixão/sem recursos.

(D) ingênuos/desprovidos de posses. Com a palavra, o leitor!

Uma opinião puxa outra!

Os artigos de opinião são textos argumentativos, veiculados principalmente em jornais e revistas, e a principal

característica é convencer o leitor a adotar a posição expressa pelo autor do artigo.

Língua Portuguesa 31
Vejamos um exemplo de Artigo de Opinião que debate a seguinte questão: pichação é arte?

Grafite é arte. Pichação não.

(...) o grafite verdadeiramente artístico (... ) é aquele praticado pelo elemento que respeita as regras de
convivência social, ou seja, ele sabe diferenciar grafite artístico de pichação vulgar pura e simples, o que, no
caso, é vandalismo puro.
O que acontece é que nossa sociedade vem vivendo, a partir dos anos 80, um forte movimento de pichação e
pouquíssimo grafite artístico no sentido literal da palavra, coisa que pode ser traduzida como um fenôme- no
mundial de massa em função das desigualdades sociais que permeiam a sociedade humana em nosso atual
estágio de desenvolvimento e da total falta de investimento em educação por parte da maioria dos governos
por aí afora.
Ora, o artista do grafite é aquele membro da sociedade cuja criação respeita e insere-se no espaço público de
forma tão genial que passa a somar, tornando o ambiente mais agradável de ser ver do que o era antes dele
lá inserir sua obra, e esta passa então de forma natural a ser reconhecida pelos demais como algo que valha
a pena de ser visto, admirado, fotografado, divulgado e cultuado, e o que é importante ele o autor passa a ser
reconhecido como um artista no sentido literal da palavra, angariando para si o respeito e a admiração dos
demais.
(...) Já o pichador é aquele vândalo que acha que é artista e que tem o direito de expressar suas neuroses em
cima dos demais, mesmo que isto venha a ferir o direito destes, e cuja pseudo arte, na verdade, é, antes de
nada, um instrumento que o colocará à margem de sua própria sociedade, trazendo para si não a admi- ração,
mas a ira de seus iguais, (...)
Portanto, no meu ponto de vista, o grafite é uma arte, desde que, como toda arte, siga algumas regras bási-
cas de convivência social e, assim sendo, deve, e logicamente, será admirada e respeitada pelo meio social em
que coabita seu autor.

(in<http://jornaldedebates.uol.com.br/debate/grafite-arte/artigo/grafite-arte-pichacao-nao/10617> fragmentado
e adaptado)

Você percebeu que, a partir do título, o autor já anuncia sua opinião sobre o tema, não é?

Vamos analisar a estrutura desse texto para compreender melhor como se organiza um artigo de opinião?

Você, com certeza, já estudou anteriormente esse assunto. Assim, esta será uma tarefa sua. Responda às ques-

tões propostas na atividade a seguir!

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Língua Portuguesa 33
Com a palavra o leitor!
I - Leia as cartas a seguir para responder às questões de 1 a 4:

Preconceito
É triste constatar que, apesar das inúmeras campanhas elucidativas garantindo que o convívio social com o

portador do vírus HIV não oferece perigo de contaminação, tabus e preconceitos ainda estigmatizem essa doença.

Mais triste ainda é constatar que essa manifestação de preconceito, alicerçado na discriminação e na igno-

Língua Portuguesa 34
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rância, tenha partido de uma instituição educacional que, em princípio, deveria pautar sua conduta pelo respeito à dignidade
humana, valorizando o conhecimento e a construção de uma sociedade mais justa.

Preconceito 2
Mesmo correndo o risco de ser tachado de preconceituoso e politicamente incorreto, não pretendo compac-

tuar com a hipocrisia que grassa em nossa sociedade.

Como pai, o bem-estar e a saúde de meus filhos são fundamentais. Expô-los a um risco, ainda que mínimo, é

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impensável, assim, não posso condenar implacavelmente a atitude dos pais, a qual, de certa forma, norteou a conduta dos

diretores de uma instituição particular de ensino, a efetivação da matrícula à realização de um exame de HIV na criança.

F. A. Jundiaí, SP

Questão 1
Qual é o objetivo do emissor da primeira carta?

Questão 2
Que argumentos o emissor utiliza para sustentar seu ponto de vista?

Questão 3
Com que intenção a segunda carta foi escrita?

Questão 4
Que justificativa o emissor apresenta para explicar a posição adotada?

Ciência e conhecimento humano: o


texto de
investigação científica

Ciência e descoberta: Os caminhos da observação do


mundo
A ciência está presente em nossas vidas de muitas maneiras. O computador no qual enviamos um email para um

amigo que se encontra em um lugar distante, a geladeira na qual guardamos os alimentos perecíveis para que eles não

apodreçam, o carro que dirigimos a 100 quilômetros por hora na estrada, assim como o jogo que vemos ao vivo na

televisão são peças do grande campo das investigações científicas. Bem, mas como foi possível chegar a esse grau de

desenvolvimento, criar máquinas tão incríveis e tão potentes?

Língua Portuguesa 36
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De certa forma, tudo começou com um pequeno gesto. Em uma cena do filme clássico de ficção científica “2001,

uma odisseia no espaço”, Stanley Cubrick, o diretor do filme, mostra-nos uma figura meio homem, meio macaco que,

depois de fixar por alguns instantes o olhar em um pedaço de osso, começa a bater com o osso nos outros ossos ao

chão e a gritar ao vê-los se quebrando. Em seguida, ele joga o osso para o alto e na próxima cena já aparecem naves

espaciais no céu.

O que Cubrick está nos dizendo é muito simples: Há um encadeamento radical entre todos os esforços huma- nos

que caracterizam a via científica. Um encadeamento que vai desde a utilização de um osso como um instrumento de guerra

até a construção de naves espaciais. Esse encadeamento, por sua vez, exige várias coisas que são decisivas para a ciência

e para a construção da linguagem da ciência, presente nos artigos científicos como um todo:

 Atenção, observação, questionamento e descoberta: sem um olhar atento para os fenômenos em geral,

não é possível fazer as perguntas certas que levam às correspondentes descobertas.

 Reunião clara dos questionamentos, das hipóteses de trabalho e dos resultados das pesquisas: sem

uma síntese das questões iniciais e das hipóteses de trabalho, com as quais o cientista trabalha, não é pos-

sível iniciar o processo de pesquisa e chegar metodicamente aos resultados.

 Isenção metodológica: é indispensável um tratamento não preconceituoso dos problemas, uma vez que a ciência exige

justamente a comprovação das hipóteses para que elas sejam aceitas como verdadeiras ou ao menos como

plausíveis.

 Apresentação sistemática dos resultados: não há ciência sem uma apresentação de todo o percurso
científico de maneira coerente, coesa e logicamente consistente.

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Figura 2: Pôster do filme de Kubrick

Ficou curioso para saber como o filme 2001: Uma Odiss eia no Espaço termina? Então reúna os amigos,
prepare a pipoca e assista a essa obra-prima do diretor Stanley Cubrick!

Ora, mas como distinguir cada um dos momentos apresentados acima?

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Ciência e conhecimento humano: o texto de


investigação científica
A obesidade infantil aumenta os riscos de morte antes dos 55 anos

Segundo estudo publicado no New EnglandJournalof Medicine, a obesidade infantil aumenta os riscos de morte

antes dos 55 anos de idade. Acompanhando em longo prazo quase 5 mil crianças nascidas entre 1945 e 1984, os

pesquisadores notaram que um quarto dos voluntários que apresentavam maior índice de massa corporal (IMC) tinham

duas vezes maior taxa de morte por causas naturais antes dos 55 anos do que o grupo de menor IMC. Entre essas causas,

os especialistas consideraram doenças cardiovasculares, doença hepática alcoólica, infecções, câncer, diabetes e

overdose de drogas.

"O ponto principal é que a obesidade em crianças é um sério problema que precisa ser abordado seriamente",

ressaltou o pesquisador William C. Knowler, do Instituto Nacional de Diabetes e Doenças Digestivas e Renais. "O que esse estudo

particular mostra é que a obesidade causará o excesso de morte prematura", completou o especialista.

Além da influência direta da obesidade infantil nos riscos de morte prematura, a pesquisa indicou que a in-

tolerância à glicose - fator de risco para o diabetes - e a pressão alta na infância também cumprem um papel neste

sentido. A taxa de morte foi 73% maior entre o grupo de maior intolerância à glicose e 1,5 vezes maior entre aqueles

que apresentavam pressão alta.

Em nota para a imprensa, o pediatra Marc Jacobson, da Academia Americana de Pediatria, destaca que o novo

estudo é oportuno e importante, visto que mais de um sexto das crianças americanas estão obesas. "Ele nos dá mais

dados relevantes sobre os efeitos da obesidade adolescente em longo prazo". E, seguindo as diretrizes da Academia, o

especialista recomenda a medida do índice de massa corporal em todas as crianças, e uma abordagem no estilo de vida

daquelas que se apresentam obesas. Para a prevenção, segundo ele, os pais podem usar o chamado 5210 - cinco porções

diárias de frutas e vegetais, duas horas ou menos de TV por dia, uma hora de exercícios e nenhuma ou pou- quíssimas

bebidas açucaradas. http://cliquesaude.com.br/obesidade-infantil-pode-dobrar-os-riscos-de-morte-antes-dos-55-anos-


diz-estu- do-

3081.html

Língua Portuguesa 43
A estrutura de um texto científico geralmente é a seguinte: apresentação da ideia principal – geralmente um

conceito ou um ponto de vista sobre um conceito; fundamentação da ideia principal por meio de evidências, isto é,

exemplos, comparações, resultados objetivos de experiências, dados estatísticos, relações de causa e efeito, entre

outras. No texto “A obesidade infantil aumenta os riscos de morte antes dos 55 anos”:

Questão 1
Qual é a ideia principal que o autor desenvolve?

Questão 2
Por que, segundo o autor, a obesidade infantil provoca morte prematura?

Questão 3
A finalidade do texto de investigação científica é:

(A) relatar uma série de experiências pessoais ocorridas com o autor.

(B) narrar um fato acontecido recentemente em determinado lugar.

(C) convencer o leitor sobre o ponto de vista defendido pelo autor.

(D) expor para o leitor um conteúdo de natureza científica. O


movimento modernista

Simbolismo: a arte da sugestão


A partir do que vimos, podemos perceber que o mundo vivia um momento histórico extremamente complexo, que

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marcaria a transição para o século XX e o aparecimento de um mundo diferente, o qual se consolidaria a partir da segunda

década do novo século.

Como reação ao racionalismo, cientificismo e materialismo que marcaram a segunda metade do século XIX, surgiu o

Simbolismo, questionando a euforia da elite industrial em ascenção na época e buscando valores transcen- dentes e

espirituais, tais como a verdade, o belo, o bem, o sagrado.

Esse movimento teve início na França. Em 1857, o poeta francês Charles Baudelaire publicou As flores do mal,

considerada uma das obras-chave do movimento que reuniu ainda Stéphane Mallarmé, Arthur Rimbaud e Paul Verlaine.

No Brasil, o Simbolismo começa com a publicação de dois livros de Cruz e Sousa em 1893: Missal (prosa) e

Broquéis (poesia). O movimento simbolista apresenta, aqui, as seguintes características:

a. Preocupação formal revelada na busca pela palavra de forte valor conotativo e ricas em sugestões sen-

soriais; a realidade não é descrita, mas sugerida.

b. Comparação da poesia com a música.

c. A poesia é vista como forma de evocação de sentimentos e emoções.

d. É comum encontrarmos evocações de rituais religiosos (incenso, altares, cânticos, arcanjos, salmos etc.), impregnando

a poesia de misticismo e espiritualidade.

e. Presença de temas subjetivos ligados a morte, destino, Deus etc.

f. Visão espiritualista da mulher, envolvendo-a num clima de sonho, onde predominam o vago, o impre-

ciso e o etéreo.

Língua Portuguesa 45
Conotação

quando a palavra aparece com significado alterado, passível de interpretações diferentes, dependendo do contexto em que é
empregada.

Exemplo: Pedro nadava em ouro.

Em nosso país, o Simbolismo ficou restrito a poucos escritores, como Cruz e Sousa, Alphonsus de Guimaraens e

Augusto dos Anjos. O movimento não conseguiu penetrar em círculos literários mais amplos, não tendo o mesmo papel

que exercera em outros países, onde libertou a linguagem poética e abriu caminho para experimentações ousadas e

pesquisas estéticas que criaram um clima propício ao advento da poesia moderna, o que, entre nós, só ocorreu com a

geração modernista de 1920:

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O movimento modernista
Leia as estrofes para responder à questão:

Mais claro e fino do que as finas pratas

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O som da tua voz deliciava...
Na dolência velada das sonatas

Como um perfume a tudo perfumava.

Era um som feito luz, eram volatas

Em lânguida espiral que iluminava, Brancas sonoridades

de cascatas...

Tanta harmonia melancolizava. SOUZA, Cruz e. "Cristais", in Obras completas. Rio de Janeiro:

Nova Aguilar, 1995, p. 86.

Questão 1
Conforme as explicações do material didático, o Simbolismo foi um movimento que se desenvolveu nas artes
plásticas,

teatro e literatura. Surgiu na França, no final do século XIX, em oposição ao Naturalismo e ao Realismo. Uma característica

dos poemas simbolistas presente nessa estrofes é

(A) a sinestesia, que é a aproximação de campos sensoriais diferentes.

(B) a comparação, que o poeta faz entre o perfume e a sua amada.

(C) o racionalismo, que diz respeito à contenção das emoções.


(D) o classicismo, que é o apego à tradição clássica.

Leia o fragmento de “Os sertões” para responder à questão:

Foi em um pano de fundo turbulento que a população urbana ouviu com espanto a notícia, em novembro de 1896,

de que uma expedição de 100 soldados havia sido derrotada pelos jagunços do interior da Bahia. Começava

então a Guerra de Canudos.

Antônio Conselheiro era caixeiro de loja e sua aparência assemelhava-se aos profetas bíblicos. Como fosse

hostilizado pelos padres, em 1893, decidiu isolar-se em Canudos, um lugarejo paupérrimo, nas margens do rio Vasa- barris,

no sertão baiano. Rebatizou-o de Monte Santo. Em pouco tempo um fluxo constante de romeiros para lá se dirigiu,

e logo o Conselheiro formou uma espécie de pequeno Estado dentro do Estado.

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No início de novembro de 1896,uma força de 100 praças, sob o comando do Ten. Manuel Ferreira, foi enviada

para Juazeiro e depois para Uauá, onde foi destroçada pelo ataque dos jagunços, em 21 de novembro. Foram neces-

sárias mais três expedições militares, a última com quase 5 mil homens e artilharia para submeter a "Tróia de taipa". A

população lutou até o fim. Umas 300 mulheres, velhos e crianças se renderam. Os homens sobreviventes foram dego-

lados e os que resistiram até o fim foram baionetados numa luta corpo a corpo que se travou dentro do arraial, no dia

do assalto final, em 5 de outubro de 1897. Antônio Conselheiro, morto em 22 de setembro, teve seu corpo exumado e

sua cabeça decepada. O Gen. Artur Oscar determinou que os 5.200 casebres fossem pulverizados a dinamite. E assim,

onze meses depois do entrevero de Uauá, terminou Canudos. CUNHA, Euclides.

http://educaterra.terra.com.br/voltaire/500br/canudos4.htm. Acesso em 11/10/2009. Fragmento.

Questão 2
O episódio narrado trata-se da história nacional, que gerou um relato literário e épico, retratado por Euclides da Cunha, que

é visto como uma obra-prima. Explique de que obra se trata e comente acerca de sua importância como

documento político, social e literário.

Leia o poema para responder à questão:

Ismália

Quando Ismália enlouqueceu,

Pôs-se na torre a sonhar...

Viu uma lua no céu,

Viu outra lua no mar.


No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...

Queria subir ao céu,

Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,

Na torre pôs-se a cantar...

Estava perto do

céu, Estava longe do

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mar... E como um anjo pendeu

As

asas para voar...

Queria a lua do céu,

Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu

Ruflaram de par em par...

Sua alma subiu ao céu,

Seu corpo desceu ao mar...

GUIMARÃES, Alphonsus de. Disponível em http://anagabrielavieira.blogspot.com.br/2009/09/simbolismo.

html. Acesso em18 out 2013.

Questão 3
Em sua loucura, Ismália queria a lua do céu e a lua do mar. Considerando a dimensão simbólica do poema, o

que pode representar esse desejo? De que "loucura" se trata?

Questão 4
Escreva sobre as mudanças ocorridas na transição do século XIX para o século XX, que caracterizaram o Sim- bolismo

e o Pré-modernismo.

Questão 5
De acordo a tradição literária, Lima Barreto é considerado autor "Pré-modernista".

a. Por que o classificam assim?

a. Cite pelo menos uma obra desse autor.

Leia o texto para responder à próxima questão:

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Iria morrer, quem sabe naquela noite mesmo? E que tinha ele feito de sua vida? Nada. Levara toda ela atrás da

miragem de estudar a pátria, por amá-la e querê-la muito, no intuito de contribuir para a sua felicidade e prosperida- de.

Gastara a sua mocidade nisso, a sua virilidade também; e, agora que estava na velhice, como ela o recompensava, como

ela o premiava, como ela o condecorava? Matando-o. E o que não deixara de ver, de gozar, de fruir, na sua vida? Tudo.

Não brincara, não pandegara, não amara - todo esse lado da existência que parece fugir um pouco à sua tristeza

necessária, ele não vira, ele não provara, ele não experimentara.

Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. Que lhe

importavam os rios? Eram grandes? Pois se fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade saber o nome dos heróis

do Brasil? Em nada... O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se das suas causas de tupi, do folklo-

re, das suas tentativas agrícolas... Restava disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma! BARRETO,

Lima IN http://books.google.com.br/

Questão 6
O autor desse fragmento é Lima Barreto. Suas obras integram o período literário chamado Pré-Modernismo. Tal

designação para esse período se justifica, porque ele:

(A) desenvolve temas do nacionalismo e se liga às vanguardas européias.

(B) engloba toda a produção literária que se fez antes do Modernismo.

(C) antecipa temática e formalmente as manifestações Modernistas.

(D) preocupa-se com o estudo do nordestino brasileiro.

Descoberta e Invenção: o lugar da


argumentação nos textos
dissertativos

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Elementos que compõem o texto argumentativo


Leia o texto a seguir e veja como se estrutura um texto argumentativo: (Trecho da reportagem publicada no Terra

Ecologia – 7 de junho de 2005 – Autora: Chris Bueno.)

O aquecimento global pode trazer consequências graves para todo o planeta – incluindo plantas, animais e seres
humanos. A retenção de calor na superfície terrestre pode influenciar fortemente o regime de chuvas e secas em várias
partes do planeta, afetando plantações e florestas. Algumas florestas podem sofrer processo de desertifi- cação,
enquanto plantações podem ser destruídas por alagamentos. O resultado disso é o movimento migrató- rio de animais
e seres humanos, escassez de comida, aumento do risco de extinção de várias espécies animais e vegetais, e aumento
do número de mortes por desnutrição. Outro grande risco do aquecimento global é o der- retimento das placas de gelo
da Antártica. Esse derretimento já vinha acontecendo há milhares de anos, por um lento processo natural. Mas a ação
do homem e o efeito estufa aceleraram o processo e o tornaram imprevisível (...). O degelo desta calota pode fazer os
oceanos subirem até 4,9 metros, cobrindo vastas áreas litorÉneas pelo mundo e ilhas inteiras. Os resultados também
são escassez de comida, disseminação de doenças e mortes (...). Alguns cientistas alertam que o aquecimento global
pode se agravar nas próximas décadas e a OMS calcula que para o ano de 2030 as alterações climáticas poderão causar
300 mil mortes por ano.”

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Figura 2: Os
grandes
Himalaias,
com seus
picos
praticamente

http://360graus.terra.com.br/ecologia/default.asp?did=13511&action=reportagem .
descongelados.
Fonte: http://www.flickr.com/photos/kraZker/2269227134/ • Karunakar RaZker
Nós podemos dividir o texto argumentativo em geral em três partes, das quais cada uma tem uma função bem determinada:

1. Apresentação da tese: “O aquecimento global pode trazer consequências graves para todo o planeta”.

2. Desenvolvimento dos argumentos que dão sustentação à tese que a explicitam – esses argumentos preci-

sam ter, todos, uma coerência com a tese defendida:

 Argumento 1 – Aumento de calor e alteração de ritmos de chuvas e secas.

 Argumento 2 – Desertificação das florestas e destruição das plantações.

 Argumento 3 – Desnutrição e extinção da vida.

 Argumento 4 o Risco de derretimento da calota polar e aumento do nível do mar.

 Argumento 5 – Mudanças climáticas.

3. Exposição final da conclusão: “O resultado disso é o movimento migratório de animais e seres humanos, escassez de

comida, aumento do risco de extinção de várias espécies animais e vegetais, e aumento do

número de mortes por desnutrição”.

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Descoberta e Invenção: o lugar da


argumentação nos textos dissertativos
Questão 1 (UFPR 2013)
Leia o texto a seguir:

Ao realizar um experimento no laboratório da escola, um estudante fez as seguintes anotações:

— 2 frascos com substâncias em pó, uma amarela, outra branca.

— 10 gramas de cada uma, usando uma balança de precisão.

— Colocadas em uma placa de vidro e misturadas com uma espátula.

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Ao fazer o relatório do experimento, o estudante teve várias dúvidas em relação à redação e escreveu cinco versões,

reproduzidas nas alternativas a seguir. Assinale a que faz um relato de forma objetiva, correta e em lingua- gem

adequada a um relatório.

a. Usando uma placa de vidro. Sobre a mesma, pinguei 2 gotas de água em cima. Antes tirei dos frascos contendo

as substâncias e misturei 10 gramas do pó A (amarelo) e 10 do pó B (branco) com uma espátula. Depois

observei que a mistura ficou alaranjada, esquentou e saiu uma fumaça branca. Foi isso que eu fiz e

observei.

b. A mistura em cima da placa de vidro esquentou, mudou de cor e soltou uma fumaça branca. Isso aconteceu
depois que os pós branco e amarelo foram pesados em uma balança de precisão, colocados em cima da placa

de vidro, 10 gramas de cada, tudo misturado com uma espátula. A água de um conta-gotas pingou em cima.

Foram 2 gotas.
c. Primeiro peguei 10 gramas das substâncias em pó, que estavam em frascos, uma amarela (A) outra branca

(B) e coloquei ambas em uma placa de vidro, onde misturei com uma espátula, com 2 gotas de água em cima.

Saiu

uma fumaça branca e ficou alaranjada. Conclusão: a mistura das substâncias esquentaram.

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d. Sobre uma placa de vidro foram colocados 10 gramas de cada uma das substâncias A (amarela) e B (branca),

em pó, que foram depois misturadas com uma espátula. Com o auxílio de um conta-gotas, foram acrescen-

tadas 2 gotas d'água. Observou-se então o aquecimento da mistura, que, além disso, tornou-se alaranjada e

desprendeu uma fumaça branca.

e. De um frasco com um pó branco e outro amarelo foram subtraídas 10 gramas dos mesmos e colocados ambos

em uma placa de vidro. A mistura então desprendeu uma fumaça branca, a temperatura da mesma se elevou

tornando-se alaranjada. Isso aconteceu após as substâncias serem misturadas entre si e com 2 gotas de água

respectivamente.

Questão 2 ( Uerj 2013)

Ciência e Hollywood
5Infelizmente, é verdade: explosões não fazem barulho algum no espaço. Não me lembro de um só filme que
tenha retratado isso direito. 6Pode ser que existam alguns, mas se existirem não fizeram muito suces- so.
10Sempre vemos explosões gigantescas, estrondos fantásticos. Para existir ruído é necessário um meio
material que transporte as perturbações que chamamos de ondas sonoras. Na ausência de atmosfera, ou
água, ou outro meio, as perturbações não têm onde se propagar. 7Para um produtor de cinema, a questão
não passa pela ciência. Pelo menos não como prioridade. Seu interesse é tornar o filme emocionante, e
explosões têm justamente este papel; roubar o som de uma grande espaçonave explodindo torna a cena bem
sem graça.
11Recentemente, o debate sobre as liberdades científicas tomadas pelo cinema tem aquecido. O sucesso do
filme O dia depois de amanhã (The dayaftertomorrow), faturando mais de meio bilhão de dólares, e seu
cenário de uma idade do gelo ocorrendo em uma semana, em vez de décadas ou, melhor ainda, centenas de
anos, 9levantaram as sobrancelhas de cientistas mais rígidos que veem as distorções com desdém e es-
bugalharam os olhos dos espectadores (a maioria) que pouco ligam se a ciência está certa ou errada. Afinal,
cinema é diversão.
15Até recentemente, defendia a posição mais rígida, que filmes devem tentar ao máximo ser fiéis à ciência
que retratam. Claro, isso sempre é bom. Mas não acredito mais que seja absolutamente necessário. 1Existe
uma diferença crucial entre um filme comercial e um documentário científico. 12Óbvio, 2documentários
devem retratar fielmente a ciência, educando e divertindo a população, mas filmes não têm necessariamen-
te um compromisso pedagógico. 13As pessoas não vão ao cinema para serem educadas, ao menos como via
de regra.
Claro, 3filmes históricos ou mesmo aqueles fiéis à ciência têm enorme valor cultural. Outros educam as emo-
ções através da ficção. 14Mas, se existirem exageros, eles não deverão ser criticados como tal. Fantasmas não
existem, mas filmes de terror sim. Pode-se argumentar que, no caso de filmes que versam sobre temas
científicos, 4as pessoas vão ao cinema esperando uma ciência crível. Isso pode ser verdade, mas elas não
deveriam basear suas conclusões no que diz o filme. No mínimo, o cinema pode servir como mecanismo de
alerta para questões científicas importantes: o aquecimento global, a inteligência artificial, a engenharia
genética, as guerras nucleares, os riscos espaciais como cometas ou asteroides etc. 8Mas o conteúdo não deve

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ser levado ao pé da letra. 16A arte distorce para persuadir. E o cinema moderno, com efeitos especiais
absolutamente espetaculares, distorce com enorme facilidade e poder de persuasão.
O que os cientistas podem fazer, e isso está virando moda nas universidades norte-americanas, é usar filmes
nas salas de aula para educar seus alunos sobre o que é cientificamente correto e o que é absurdo. Ou seja,
usar o cinema como ferramenta pedagógica. 17Os alunos certamente prestarão muita atenção, muito mais
do que em uma aula convencional. Com isso, será possível educar a população para que, no futuro, um número
cada vez maior de pessoas possa discernir o real do imaginário.
MARCELO GLEISER
Adaptado de www1.folha.uol.com.br.

Nota: Os números que aparecem no decorrer do texto servem como referência para que o aluno possa responder a questão.

Na construção argumentativa, uma estratégia comum é aquela em que se reconhecem dados ou fatos contrá- rios

ao ponto de vista defendido, para, em seguida, negá-los ou reduzir sua importância. O fragmento do texto que exemplifica essa

estratégia é:

a. Infelizmente, é verdade: explosões não fazem barulho algum no espaço. (ref. 5)

b. Pode ser que existam alguns, mas se existirem não fizeram muito sucesso. (ref. 6)

c. Para um produtor de cinema, a questão não passa pela ciência. (ref. 7)

d. Mas o conteúdo não deve ser levado ao pé da letra. (ref. 8)

Questão 3:

Compare as orações em destaque nestes dois períodos:

I - O importante é que os jovens participem da vida política do país.

II - É importante que os jovens participem da vida política do país.

As duas orações destacadas apresentam a mesma função sintática em relação à anterior, oração principal?

Argumentação, reflexão e método


Você sabia que há muitos tipos de argumentação?

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Nós comentamos na aula 7 como a determinação da tese inicial e do “público alvo” (o destinatário) é sempre muito

importante para a plena realização da argumentação.

É sempre decisivo ter em vista quem buscamos convencer e o que estamos procurando defender, para que

possamos efetivamente iniciar uma argumentação. De qualquer modo, essa é apenas uma parte do problema.

Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1382970 - Rafael Marchesini

Como em tudo na vida, é preciso ter em vista também estratégias argumentativas. Ora, mas o que é uma es-

tratégia argumentativa?

Que estratégias argumentativas podemos empregar em nossas argumentações em geral?

Eis aqui uma questão decisiva!

Em primeiro lugar, é preciso perceber a diferença entre teses e premissas. Vejamos mais atentamente dois

exemplos nos quais a diferença está presente:

1. A internet aproxima as pessoas. Por isso, precisamos tornar a internet acessível a todos os brasileiros.

2. A tecnologia se encontra sob o domínio do homem. É o que podemos concluir a partir do fato de que o homem

é quem cria a tecnologia. Assim, não há como negar a possibilidade de controlarmos os seus efeitos desumanos.

Esses são dois exemplos nos quais temos, no primeiro caso, uma premissa e, no segundo, uma tese. Como dife-

renciar uma tese de uma premissa?

Uma premissa não é colocada em questão, mas assumida desde o princípio como uma verdade inquestioná- vel.
Assim, é ela que reforça o que se diz em seguida, é um sinônimo de um pressuposto que se toma como certo.
No primeiro exemplo, a frase “a internet aproxima as pessoas” não é defendida como uma tese, mas assumida

como uma verdade.

Uma tese, por outro lado, é uma hipótese que pretendemos comprovar. O movimento da argumentação pro-

cura justamente defender o que é dito de início.

Entendeu? Então procure reconhecer a seguir se estamos lidando com premissas ou com teses.

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Outro tipo de argumentação aponta para a contraposição de teses, ou seja, assumir posições opostas. A esse tipo de

argumentação chamamos de argumentação por tese e antítese. Parece uma coisa estranha, não é? Mas faz parte de quase

todas as discussões cotidianas. Vejamos!

Por exemplo, estou em um bar com amigos e faço uma afirmação que, para mim, é corriqueira: “– O voto preci-

sa ser obrigatório, pois todo cidadão precisa expressar sua vontade e se fazer representar” (Tese).
Ouvindo isso, um amigo se levanta e responde: “– Claro que não. O voto precisa ser uma expressão livre dos ci-

dadãos, para que ele seja um voto consciente. O voto obrigatório faz com que as pessoas votem sem refletir”
(Antítese).

Da tensão entre as duas posições (tese e antítese), surge, por sua vez, a discussão.

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Mas essa não é a única possibilidade de pensar em teses e antíteses. Luís de Camões, o grande poeta portu-

guês, escreveu um lindo poema repleto de estruturas de tese e antítese. Observe:

Amor é fogo que arde sem se ver, É ferida


que dói, e não se sente; É
um contentamento descontente, É dor que
desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente; É
nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade; É
servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor? (Luís de
Camões – 1524/1580)

Figura 1: Jean-Louis David – Eros e Psyche – 1817.


Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Cupid_and_psyche.jpg

O quadro de David nos fala sobre a relação entre amor e alma, entre a experiência amorosa e a vida. Assim, ele

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nos leva a pensar, tal como o poema de Camões, na experiência da união de dois, que é tão característica do amor, e os

problemas que surgem dessa união, ainda que o quadro apresente essa união de maneira bem mais harmônica do que

Camões.

Nesse caso, a antítese não é apenas o resultado da confrontação de uma posição com a posição contrária, mas é,

antes, uma característica do próprio tema. O amor, é isso que nos diz Camões, é uma experiência que une os con-
trários,

desafiando normalmente a lógica.

Você não acha que pode ser esse também o sentido de uma afirmação de um filósofo grego chamado Herácli-

to, quando ele diz: “O contrário é convergente e a partir dos divergentes surge a mais bela harmonia [e tudo vem a ser segundo a

discórdia]” (Heráclito de Éfeso, séc. 6 a. C.)?

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Recordações do escrivão Isaías Caminha

Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa espécie de animal. O que observei neles, no tempo em
que estive na redação do O Globo, foi o bastante para não os amar, nem os imitar. São em geral de uma
lastimável limitação de ideias, cheios de fórmulas, de receitas, só capazes de colher fatos detalhados e
impotentes para generalizar, curvados aos fortes e às ideias vencedoras, e antigas, adstritos a um infantil
fetichismo do estilo e guiados por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo critério de beleza. Se me esforço
por fazê-lo literário é para que ele possa ser lido, pois quero falar das minhas dores e dos meus sofrimentos
ao espírito geral e no seu interesse, com a linguagem acessível a ele. É esse o meu propósito, o meu único
propósito. Não nego que para isso tenha procurado modelos e normas. Procurei-os, confesso; e, agora
mesmo, ao alcance das mãos, tenho os autores que mais amo. (...) Confesso que os leio, que os estu- do, que
procuro descobrir nos grandes romancistas o segredo de fazer. Mas não é a ambição literária que me move
ao procurar esse dom misterioso para animar e fazer viver estas pálidas Recordações. Com elas, queria
modificar a opinião dos meus concidadãos, obrigá-los a pensar de outro modo, a não se encherem de
hostilidade e má vontade quando encontrarem na vida um rapaz como eu e com os desejos que tinha há dez
anos passados. Tento mostrar que são legítimos e, se não merecedores de apoio, pelo menos dignos de
indiferença.
Entretanto, quantas dores, quantas angústias! Vivo aqui só, isto é, sem relações intelectuais de qualquer or-
dem. Cercam-me dois ou três bacharéis idiotas e um médico mezinheiro, repletos de orgulho de suas cartas
que sabe Deus como tiraram. (...) Entretanto, se eu amanhã lhes fosse falar neste livro - que espanto! que
sarcasmo! que crítica desanimadora não fariam. Depois que se foi o doutor Graciliano, excepcionalmente
simples e esquecido de sua carta apergaminhada, nada digo das minhas leituras, não falo das minhas lucu-
brações intelectuais a ninguém, e minha mulher, quando me demoro escrevendo pela noite afora, grita-me
do quarto:
– Vem dormir, Isaías! Deixa esse relatório para amanhã!
De forma que não tenho por onde aferir se as minhas Recordações preenchem o fim a que as destino; se a
minha inabilidade literária está prejudicando completamente o seu pensamento. Que tortura! E não é só isso:
envergonho-me por esta ou aquela passagem em que me acho, em que me dispo em frente de des-
conhecidos, como uma mulher pública...Sofro assim de tantos modos, por causa desta obra, que julgo que
esse mal-estar, com que às vezes acordo, vem dela, unicamente dela. Quero abandoná-la; mas não posso ab-
solutamente. De manhã, ao almoço, na coletoria, na botica, jantando, banhando-me, só penso nela. À noite,

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quando todos em casa se vão recolhendo, insensivelmente aproximo-me da mesa e escrevo furiosamente.
Estou no sexto capítulo e ainda não me preocupei em fazê-la pública, anunciar e arranjar um bom recebi-
mento dos detentores da opinião nacional.1Que ela tenha a sorte que merecer, mas que possa também,
amanhã ou daqui a séculos, despertar um escritor mais hábil que a refaça e que diga o que não pude nem
soube dizer.
(...) Imagino como um escritor hábil não saberia dizer o que eu senti lá dentro. Eu que sofri e pensei não o sei
narrar. Já por duas vezes, tentei escrever; mas, relendo a página, achei-a incolor, comum, e, sobretudo, pouco
expressiva do que eu de fato tinha sentido.

LIMA BARRETO. Recordações do escrivão Isaías Caminha. São Paulo: PenguinClassics Companhia das Letras, 2010.

Sobre o trecho "só capazes de colher fatos detalhados e impotentes para generalizar," (parágrafo 1), responda

a questão a seguir:

Esse trecho se refere à utilização do seguinte método de argumentação:

a. indutivo

b. dedutivo

c. dialético

d. silogístico

Questão 2 (Vunesp 2012 - adaptada)


Leia a proposição a seguir:

Se afino as cordas, então o instrumento soa bem. Se o instrumento soa bem, então toco muito bem. Ou não

toco muito bem ou sonho acordado. Afirmo ser verdadeira a frase: não sonho acordado.

Dessa forma, conclui-se que:

a. sonho dormindo

b. o instrumento afinado não soa bem

c. as cordas não foram afinadas

d. mesmo afinado o instrumento não soa bem.

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e. toco bem acordado e dormindo.


Questão 3
Reúna os pares de orações a seguir em um período composto, de modo a estabelecer entre elas a relação de

sentido indicada em cada caso. Flexione os verbos no tempo adequado e faça as alterações necessárias.

a. O velho barco “voltar” ao cais. O mar “estar” muito perigoso.

 Relação de causa.

b. O velho barco “voltar” ao cais. O motor do velho barco “começar” a falhar.

 Relação de condição.

c. O velho barco “voltar” ao cais. A maré “subir”.

 Relação de proporção.

d. O velho barco “voltar” ao cais. O comandante do velho barco “infor¬mar” previamente.

 Relação de conformidade.

Questão 4 (UFF 2004 - discursiva)


Transforme os versos a seguir em um período composto de modo que apresente duas orações desenvolvidas:

uma ADJETIVA e uma ADVERBIAL. Faça as modificações necessárias.

Eu sou um cara

Cansado de correr na direção contrária

Sem pódio de chegada ou beijo de namorada

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A opinião nossa de cada dia!
O lugar da opinião em nossas vidas
Até que ponto nós somos nossas opiniões e em que medida nossas opiniões nos definem? O exercício de troca de
opiniões como base da experiência comunicativa é muito importante. Observe:
É difícil dizer quem nós somos, sem ao mesmo tempo pensar em nossas opiniões. Quando um entrevistador nos para

na rua e nos pergunta alguma coisa, o modo como respondemos nos coloca imediatamente junto com outras pessoas e nos

afasta de grupos específicos. Isso significa dizer que nossas respostas determinam bastante o nosso lugar na sociedade.

Temas polêmicos como o casamento entre homossexuais, a legalização do aborto, a liberação das drogas e a diminuição da
maioridade penal formam apenas a ponta do iceberg.

Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1238327 • Chris Baker

O tempo inteiro estamos expondo nossas opiniões e escutando, do mesmo modo, exposições da opinião dos outros.

Bem, mas até que ponto essas opiniões realmente dizem quem nós somos?

Vejamos uma reportagem de Diego Andreasi no site “Admistradores.com” sobre o livro de Alberto Carlos de Almeida,

intitulado A cabeça do brasileiro, fruto de uma pesquisa da UFF com verba federal:

O Brasil é um país hierárquico, voltado intensamente para a família, patrimonialista ou, em outras palavras, é
um país que ainda vive em atraso quando se refere a questões sociais (...). Com uma proposta de descobrir o
que o povo brasileiro realmente pensa sobre alguns assuntos polêmicos, Alberto Carlos de Almeida organizou
uma pesquisa intitulada Pesquisa Social Brasileira (PESB), onde procurou reunir dados quantitativos de
maneira que o resultado fosse o mais correto possível. Para tal, foram entrevistadas 2.363 pessoas, entre 18
de julho e 5 de outubro de 2002 (...). Do total de entrevistados, 9% eram analfabetos e apenas 12% com ensino
superior (...).
(www.administradores.com.br/informe-se/artigos/o-jeitinho-nacional-a-reacao-dos-brasileiros-sobre-assuntos- polemicos/54359/)

Um breve resumo sobre o que foi abordado pela pesquisa está logo a seguir:

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 Hierarquismo e Igualitarismo

O resumo desses dois temas são fáceis e curtos. O Brasil é um país fortemente hierarquista e, por isso,

possui um baixo grau de igualitarismo. Em nosso país, o patrão sempre será tratado como patrão e o empregado

como empregado, mesmo fora das relações de trabalho, diferentemente do que acontece em países igualitá-

rios. No Brasil, é comum pessoas com boas condições financeiras, ou mesmo as que aparentam ter, receberem

tratamento especial e vantagens: “o doutor tem preferência na fila, o amigo do prefeito pode passar o proces-

so dele na frente, etc. (...)”.

 O Fatalismo Religioso e a Cultura Familiar

A pesquisa mostrou que 1/3 dos brasileiros adultos acredita que apenas Deus decide o destino dos

homens, sem espaço para a mão humana, ou seja, 33,3% da nossa população acreditam que “nosso destino a

Deus pertence” e nada podemos fazer quanto a isso.

 A confiança irrestrita na família

No que se refere à cultura familiar, Almeida ainda nos mostra que 84% da população confiam inteira-

mente na família e, por isso, os processos de sucessão familiar são tão complicados no Brasil. Aqui não é raro

encontrar pequenos negócios cuja função de caixa só pode ser ocupada por um membro da família, mesmo

que isso signifique perda de eficiência (...).

Não nos interessa tanto, a princípio, condenar ou criticar o modo de ser dos brasileiros. O importante aqui é, antes
de tudo, entender em que medida nossas opiniões dizem quem somos!

Pressupor uma forte compreensão hierárquica abre o espaço para que nos comportemos de uma forma espe- cífica

diante de pessoas ricas e famosas e de outra forma diante de pessoas pobres e comuns.

Jamais deixaríamos alguém passar na nossa frente em uma fila de bar, mas costumamos aceitar que um ator ou um
jogador de futebol entre nos bares, restaurantes ou casas de show sem experimentar o estresse de uma fila. É assim que
somos.

Língua Portuguesa 73
Bem, mas façamos alguns testes e descubramos como geralmente pensamos. A partir desses testes, vejamos
como podemos convencer os outros de nossa posição e como podemos identificar posições contrárias às nossas. Por
fim, apresentemos argumentos contra as opiniões opostas:

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Vestibular – ENEM 2011

TEXTO I

A ação democrática consiste em todos tomarem parte do processo decisório sobre aquilo que terá consequ-

ência na vida de toda coletividade.

GALLO, S. et al. Ética e Cidadania. Campinas: Papirus, 1997 (adaptado).

TEXTO II

É necessário que haja liberdade de expressão, fiscalização sobre órgãos governamentais e acesso por parte da

população às informações trazidas a público pela imprensa.

Partindo da perspectiva de democracia apresentada no Texto I, os meios de comunicação, de acordo com o

Texto II, assumem um papel relevante na sociedade por:


a. Orientarem os cidadãos na compra dos bens necessários à sua sobrevivência e bem-estar.

b. Fornecerem informações que fomentam o debate político na esfera pública.

c. Apresentarem aos cidadãos a versão oficial dos fatos.

d. Propiciarem o entretenimento, aspecto relevante para conscientização política.

e. Promoverem a unidade cultural, por meio das transmissões esportivas.

Língua Portuguesa 79
Síntese e composição: o lugar dos relatórios
na realização da investigação
científica
A lógica da subordinação: estruturas lógicas e
causais presentes nas orações subordinadas em
geral.
O trabalho de escrita de um relatório envolve necessariamente uma série de conexões lógicas e causais que se expressam

por meio de estruturas linguísticas. Neste sentido, temos aqui um momento privilegiado para considerar- mos justamente tais

estruturas.

Dentre elas, como relatórios são textos complexos que envolvem relação de dependência entre orações, as

orações subordinadas possuem aqui um lugar privilegiado.

Ora, mas o que se entende, afinal, por subordinação? Em que medida nos deparamo-nos com elementos su-

bordinados no interior dos relatórios em geral?

Dito de maneira bem geral, subordinação é um termo para designar uma relação de dependência entre dois

elementos. Assim como um empregado se encontra subordinado ao seu patrão, certos elementos no interior de um período

podem estar em uma relação de subordinação entre si. Consideremos um exemplo:

Eu quero que você esteja em casa hoje antes das 10 horas da noite.

No caso dessa frase, a primeira parte (eu quero) possui uma independência em relação à segunda parte (que você

esteja em casa hoje antes das 10 horas da noite), uma vez que ela tem uma existência autônoma, enquanto a segunda parte

só existe por conta da existência da primeira parte.

Assim, a segunda parte está subordinada à primeira.

Há ainda outros exemplos que deixam isso claro. Tomemos um modo bem comum de se iniciar um relatório:

Nós precisamos controlar muito bem o orçamento, para que a verba concedida para a pesquisa não acabasse antes
do tempo.

Aqui também temos uma independência da primeira parte em relação à segunda, uma vez que podemos muito bem pensar

a primeira parte sem a presença da segunda. Com isso, a segunda parte está consequentemente

subordinada à primeira.

Será que você consegue identificar agora as partes independentes e as partes subordinadas nos exemplos abaixo?

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Língua Portuguesa 81
Orações subordinadas adverbiais e sua função na
construção dos relatórios
Relatórios são, em essência, resumos de nossas atividades no interior de uma pesquisa ou de uma campanha:
eles são pensados como visões de conjunto capazes de indicar o modo como transcorreu um determinado processo de venda,
de comercialização, de propaganda ou de investigação científica.

Exatamente por isto, os advérbios possuem aqui um lugar privilegiado. Bem, mas perguntemos uma vez mais: o
que são advérbios?

Dito de maneira bem direta, advérbios são elementos de qualificação do verbo. Da mesma forma que um adje-
tivo qualifica um nome (a bela Maria), o advérbio qualifica um verbo, ou seja, ele diz como o verbo acontece.

Há muitos modos de se qualificar um verbo. Neste sentido, há também muitos tipos de advérbios. Vejamos apenas
alguns exemplos de advérbios:

Nós conversamos ontem (advérbio de tempo – o advérbio qualifica temporalmente o verbo)

Nós comemos muito (advérbio de intensidade – o advérbio especifica a quantidade do verbo)

Nós trabalhamos por causa da necessidade de subsistência (advérbio de causa – o advérbio indica a causa da
ação verbal)

Nós chegamos a casa depois da 10h (advérbio de lugar – o advérbio indica o lugar em que a ação verbal deu-se)

Ora, mas na mesma media em que os advérbios qualificam o verbo, orações podem desempenhar a função de
advérbios. Neste caso, temos as assim chamadas orações subordinadas adverbiais. Vejamos como os períodos acima
ficam, quando os transformamos em períodos marcados pela presença de orações subordinadas adverbiais:

Nós conversamos enquanto estávamos jantando (oração subordinada adverbial temporal – a oração subordi- nada
desempenha a função de um advérbio de tempo)

Nós comemos mais do que aguentávamos (oração subordinada adverbial comparativa – a oração subordinada desempenha
a função de um advérbio de quantidade)

Nós competimos para honrar o nome de nosso país (oração subordinada adverbial final – a oração subordina- da desempenha
a função de um advérbio de finalidade)

Nós trabalhamos porque precisamos subsistir (oração subordinada adverbial causal – a oração subordinada desempenha a
função de um advérbio de causa)

Ele nunca deixou de lutar, de tal modo que acabou passando no vestibular para medicina (oração subordinada
adverbial consecutiva – a oração subordinada expressa a consequência da ação principal)
Você vai entender, se estudar (oração subordinada adverbial condicional – a oração subordinada indica a con-
dição para que a ação verbal da oração principal se dê)

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Eu vou ao cinema com você, ainda que não queira (oração subordinada concessiva – a oração subordinada acrescen- ta
um elemento de quebra em relação à oração principal, sem que a ação verbal da oração principal deixe de se dar por
isto)

De acordo com os nossos planos, compramos o novo apartamento (oração subordinada adverbial conforma- tiva – a
oração subordinada indica a conformidade com a oração principal)

À medida que o tempo foi passando, fomos nos distanciando (oração subordinada adverbial proporcional – a

oração subordinada encerra uma ideia de proporcionalidade com a oração principal)

Será que você consegue identificar agora os tipos de oração subordinada adverbial?

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Síntese e composição: o lugar dos relatórios na realização da
investigação científica
Questão 1
Considere estes períodos:

I. Nas provas, os professores propunham questões tão difíceis que os alunos mais fracos pediam transferên-

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cia para outras escolas.

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II. Nas provas, os professores propunham questões difíceis para que os alunos mais fracos pedissem transfe- a.

Identifique as orações subordinadas adverbiais presentes nesses dois períodos e indique as circunstâncias

que elas exprimem.

b. Em qual dos dois períodos fica evidente a intenção dos professores de provocar a saída dos alunos mais

fracos? Explique.

Questão 2
Nos dois períodos observa-se entre a oração subordinada (destacada) e a principal uma relação de concessão.

1. (A menos que sejam tomadas providências imediatas), toda a riqueza florestal da Amazônia será devastada.

2. (Caso não sejam tomadas providências imediatas), toda a riqueza florestal da Amazônia será devastada.

Nos dois períodos observa-se entre a oração subordinada (destacada) e a principal uma relação de concessão.

1. (Mesmo não tendo obtido um bom resultado), conseguimos a aprovação.

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2. (Apesar de não ter obtido um bom resultado), conseguimos a aprovação.

Referindo-nos aos períodos abaixo, analise-os de acordo com o que se pede:

Mariana está à espera de notícias desde que amanheceu.

Mariana mudaria para São Paulo desde que conseguisse um bom emprego.

a. Procurando manter o mesmo sentido, atribua uma outra conjunção para as conjunções que encontram-

-se em destaque.

b. De acordo com sua análise, as orações subordinadas possuem a mesma classificação?

c. Caso sua resposta tenha sido negativa, justifique, levando em consideração o modo como são classificadas.

Questão 3
Reescreva os períodos acrescentando no lugar da indicação entre parênteses uma oração de sentido

correspondente:

a. (oração subordinada adverbial proporcional) que o tempo passa, tornamo-nos mais experientes.

b. (oração subordinada adverbial causal) estava chovendo, não fomos ao passeio combinado.

c. Devemos sempre acreditar em um mundo melhor (oração subordinada adverbial concessiva) a paz pareça estar longe

do nosso alcance.

d. (oração subordinada adverbial temporal) você chegar, avise-me, pois precisamos conversar sobre um assunto de seu

interesse.

e. Precisamos nos qualificar sempre (oração subordinada adverbial final) possamos acompanhar as novas exigências do
mercado de trabalho.

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A língua portuguesa e as
manifestações culturais africanas
A África fala português
O que países africanos como Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe têm em

comum com o Brasil?

Além dos nossos laços históricos, como vimos, temos a mesma língua oficial: o Português.

Esses países, até os anos 70, também foram colônias portuguesas, como nós até 1822. Entretanto, eles

desenvolveram uma relação com a Língua Portuguesa bem diferente da nossa. Neles, nem todos os habitantes são falantes

do

Português. Nesses países, a Língua Portuguesa coexiste com outras línguas.

Claro que o papel da Língua Portuguesa nesses territórios é importantíssimo, porque reforça a unidade nacio-

nal nesses países (todos os habitantes têm uma mesma língua que promove a comunicação da nação) e possibilita que

estreitem suas relações com outros países de mesma língua, a portuguesa. Essa é a língua presente nos docu- mentos

oficiais, ensinada nas escolas e usada por muitos escritores na literatura.

Nos dias de hoje, a literatura africana já ocupa lugar de destaque na literatura mundial. Vamos conhecer um

pouco da cultura da África através de seus escritores?

Um pouco da literatura africana


Se você pensa que a África resume-se apenas a terras e povos reduzidos à violência e à miséria como é veicu- lado

nos noticiários, surpreenda-se. Há outros fatos a serem destacados e é a literatura que nos fornece a chave para

desvendar os muitos mundos que o continente africano guarda, possibilitando que muitos mistérios sejam desven- dados

através das palavras.

Veja: a literatura em língua portuguesa produzida na África pode ser dividida em três períodos:

 No início, só as pessoas de ascendência europeia escreviam (os poucos que tinham acesso à educação). Produziam

relatos de viagens, estudos etnográficos e obras ficcionais que exaltavam, segundo a visão do colonizador, a

exuberância, a sensualidade e a cor da vida tropical. Raramente apareciam referências à situ- ação de opressão e

exploração geradas pelas políticas neocoloniais;

 Num segundo momento, meados do século XX, há um despertar para uma consciência literária africana. Na maioria,

são poetas de ascendência africana, negros e mestiços, e brancos que nasceram ou viveram na África

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desde a infância. Muitos deles estiveram envolvidos com a luta anticolonial, marcando suas obras com o

combate político, a opressão colonial, o apelo à revolta e à luta pela independência, almejando no-

vos tempos para o continente.

 O terceiro momento reúne a produção literária posterior à independência. A poesia-combate desapareceu; os autores

que estiveram censurados durante o período de guerra tiveram suas obras publicadas; cresceu o número de obras

em prosa e multiplicaram-se os projetos estéticos, expressos principalmente na repre-

sentação de novas temáticas.

Bem, e se você pensa que a África está presa ao passado e de costas para o futuro, você está enganado.

As lições do passado, aquelas ligadas ao campo, convivem com as marcas da vida urbana, abrindo-se para uma

pluralidade de situações que exprimem a força da vida moderna.

Você vai entrar em contato com uma língua portuguesa, que você conhece bem, mas que apresenta diferentes formas

de se realizar nesses países. E vai encontrar uma mistura com os idiomas locais, palavras novas, expressões que vão causar

um certo estranhamento, um modo diferente de falar da vida que se transforma e pede novas linguagens.

Abra-se para esse encontro, livre-se dos preconceitos. A literatura será um bom caminho. Continua com dispo-

sição para a caminhada? Vamos conhecer esse Português que vem da África?

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A língua portuguesa e as manifestações culturais africanas

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Questão 1: ( PUC MINAS 2011)

Texto 1: Fragmento do romance Bom dia camaradas, de Ondjaki.

Mas, camarada António, tu não preferes que o país seja assim livre?”, eu gostava de fazer essa pergunta quando
entrava na cozinha. [...]

– Menino, no tempo do branco isso não era assim...


Depois, sorria. Eu mesmo queria era entender aquele sorriso. Tinha ouvido histórias incríveis de maus tratos,
de más condições de vida, pagamentos injustos, e tudo mais. Mas o camarada António gostava dessa frase
dele a favor dos portugueses, e sorria assim tipo mistério. [...] 8

– Mas, António... Tu não achas que cada um deve mandar no seu país? Os portugueses tavam aqui a fazer o
quê?

– É!,menino, mas naquele tempo a cidade estava mesmo limpa... tinha tudo, não faltava nada...

– Ó António, não vês que não tinha tudo? As pessoas não ganhavam um salário justo, quem fosse negro não
podia ser diretor, por exemplo...

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– Mas tinha sempre pão na loja, menino, os machimbondos [ônibus de transporte público] funcionavam... –
ele só sorrindo.

– Mas ninguém era livre, António... não vês isso?

– Ninguém era livre como assim? Era livre sim, podia andar na rua e tudo...
– Não é isso, António – eu levantava-me do banco. – Não eram angolanos que mandavam no país, eram
portugueses... E isso não pode ser...
O camarada António aí ria só.

In: ONDJAKI. Bom dia camarada. Rio de Janeiro: Agir, 2006. p. 17-18.
Texto 2: Fragmento do ensaio “Língua que não sabíamos que sabíamos”, de Mia Couto.

Num conto que nunca cheguei a publicar acontece o seguinte: uma mulher, em fase terminal de doença, pede
aomarido que lhe conte uma história para apaziguar as insuportáveis dores. Mal ele inicia a narração, ela o faz
parar:

— Não, assim não. Eu quero que me fale numa língua desconhecida.

— Desconhecida? — pergunta ele.

— Uma língua que não exista. Que eu preciso tanto de não compreender nada!
O marido se interroga: como se pode saber falar uma língua que não existe? Começa por balbuciar umas palavrasestranhas e sente-se
ridículo como se a si mesmo desse provas da incapacidade de ser humano.
Aos poucos, porém, vai ganhando mais à-vontade nesse idioma sem regra. E ele já não sabe se fala, se can- ta,
sereza. Quando se detém, repara que a mulher está adormecida, e mora em seu rosto o mais tranquilo sorriso.
Maistarde, ela lhe confessa: aqueles murmúrios lhe trouxeram lembranças de antes de ter memória. E lhe
deram oconforto desse mesmo sono que nos liga ao que havia antes de estarmos vivos.
[...]
Moçambique é um extenso país, tão extenso quanto recente. Existem mais de 25 línguas distintas. Desde o
anoda Independência, alcançada em 1975, o português é a língua oficial. Há trinta anos apenas, uma mino-
riaabsoluta falava essa língua ironicamente tomada de empréstimo do colonizador para negar o passado
colonial. Hátrinta anos, quase nenhum moçambicano tinha o português como língua materna. Agora, mais de
12% dosmoçambicanos têm o português como seu primeiro idioma. E a grande maioria entende e fala
portuguêsinculcando na norma portuguesa as marcas das culturas de raiz africana.

In: COUTO, Mia. E se Obama fosse africano? e outras interinvenções. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p. 11-18.

A colonização portuguesa na África perdurou até o fim do século XX, com as guerras de independência. As-

tensões políticas e sociais repercutiram e ainda repercutem fortemente na produção literária desses países, espe-

cialmente nas literaturas angolana e moçambicana. Levando-se em consideração o contexto histórico do período

Língua Portuguesa 95
póscolonial, é possível verificar que, para o narrador-menino do texto deOndjaki, bem como para Mia Couto, em seu

ensaio, a colonização portuguesa é vista como:

a. autoritária e impositiva, oposta à autonomia das nações dominadas.

b. vantajosa para a economia e para a comunicação entre os povos.

c. importante para as tradições locais e para a língua das colônias.

d. repressora dos direitos à liberdade de pensamento e expressão.

Modernismo e contemporaneidade nos


textos em prosa
Primeira geração modernista: da Amazônia a
com a tradição e a cultura

São Paulo europeia na cidade de São


Já sabemos o que acontecia no mundo e no Brasil no período Paulo.

com- preendido entre 1922 a 1930, quando estudamos o contexto que foi pano de fundo para as primeiras

manifestações modernistas relacionadas à poe- sia. Vejamos, então, os


textos em prosa produzidos naquele contexto.

Você já conhece Mário de Andrade, que teve participação decisiva na

Semana de Arte Moderna (em 1922) e nas primeiras manifestações


moder- nistas. Ele, em toda a sua obra, lutou por uma língua brasileira
que
estivesse

mais próxima do falar do povo, sendo comum, para ele, iniciar frases com
pronomes oblíquos e
empregar as formas si, quasi, guspe em lugar de se,

quase, cuspe. Os brasileirismos, o folclore e a crítica social tiveram


Figura 2: Mario de Andrade, autor de Ma- grande
importância nas suas poesias, romances e contos. Macunaíma, cunaíma.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro: Ma-
o herói sem nenhum caráter é a criação máxima de Mário de Andrade. rio_de_andrade_1928b.png O personagem é
um anti-herói a partir do qual o autor enfoca o choque do índio amazônico

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Anti-herói

É um personagem bem parecido com o Herói e com o Vilão ao mesmo tempo. Pois ele não pode ser definido como bom ou mau.
Ele fica no limite, tem dúvidas, é passível de cometer erros. Muitas vezes eles não são ruins, às vezes são só direcionados para o
lado errado.

Segunda geração modernista: o romance da geração de


30
A década de 30 foi marcada por uma nova tendência do Modernismo brasileiro: a ficção regionalista voltada

para o homem e sua condição socioeconômica, reforçando, assim, o compromisso social da literatura.

Os autores dos anos 30 a 45, sem a preocupação de inovação formal, desenvolveram uma literatura realista

voltada principalmente para o homem nordestino.

Acesse o link abaixo e assista a uma aula sobre essa geração do modernismo brasileiro.

http://www.pbvest.pb.gov.br/preview.php?id=286

Observe as características que a prosa regionalista apresenta:

 Literatura engajada: criticar para denunciar uma questão social em busca de uma solução. Mergulho na vida das grandes

cidades e denúncia das desigualdades sociais.

 Pesquisa da realidade brasileira: temática voltada para os problemas do Brasil, em geral, e nos específicos de

determinadas regiões.

 Maior equilíbrio de linguagem: linguagem de caráter mais documental, adequada à necessidade de regis- trar a realidade

do momento. Essa linguagem reproduz a fala brasileira, aproveitando o vocabulário próprio de cada

região.

 Análise dos conflitos internos e da angústia do homem: prosa de sondagem psicológica.

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Venha conhecer esse Brasil e esse brasileiro, retratados por essa geração que nos põe em contato com esse país

pouco conhecido, multifacetado, apresentado em sua diversidade regional e cultural, mas com problemas seme-

lhantes em quase todas as regiões: miséria, ignorância, opressão nas relações trabalhistas, as forças da natureza sobre

esse brasileiro

desprotegido.

Esses autores estão voltados para a realidade brasileira, mas agora com uma intenção clara de denúncia social e

engajamento político. O romance regionalista de 30, unindo ideologia e análise sociológica e psicológica e novas técnicas

narrativas, constitui um dos melhores momentos da ficção brasileira. Vamos a ele?

O Nordeste pede passagem e anuncia seus problemas


Na Geração de 30, destacam-se muitos autores preocupados com a seca e com os problemas sociais e políticos do

Nordeste, como Rachel de Queiroz, José Lins do Rego, Graciliano Ramos e Jorge Amado.

Vamos estudar alguns desses autores?


O romance mais popular de Rachel de Queiroz é O quinze, que tem esse título devido à grande seca de 1915,

vivida pela própria escritora na infância.

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A narrativa enfoca duas situações: a seca e as consequências que ela traz, tanto para o vaqueiro Chico Bento e sua

família, como para Vicente, que é proprietário e criador de gado. Num outro plano, é mostrada a relação afetiva

entre Conceição, moça culta da capital, e Vicente, moço puro de coração, mas rude.

O fragmento abaixo retrata as dificuldades de Chico Bento e sua família durante a viagem em busca de um

lugar melhor para a família viver. Leia-o e responda ao que se segue.

O quinze

Eles tinham saído na véspera, de manhã, da Canoa.


Eram duas horas da tarde.
Cordulina, que vinha quase cambaleando, sentou-se numa pedra e falou, numa voz quebrada e penosa: - Chico, eu
não posso mais... Acho até que vou morrer. Dá-me aquela zoeira na cabeça!
Chico Bento olhou dolorosamente a mulher. o cabelo, em falripas sujas, como que gasto,acabado, caía, por
cima do rosto, envesgando os olhos, roçando na boca. A pele, empretecida como uma casca, pregueava nos
braços e nos peitos, que o casaco e a camisa rasgada descobriam.
(...)
No colo da mulher, o Duquinha, também só osso e pele, levava, com um gemido abafado, a mãozinha imun- da,
de dedos ressequidos, aos pobres olhos doentes.
E com a outra tateava o peito da mãe, mas num movimento tão fraco e tão triste que era mais uma tentativa do
que um gesto.
Lentamente o vaqueiro voltou as costas; cabisbaixo, o Pedro o seguiu.
E foram andando à toa, devagarinho, costeando a margem da caatinga.
(...)
De repente, um bé!,agudo e longo, estridulou na calma.
E uma cabra ruiva, nambi, de focinho quase preto, estendeu a cabeça por entre a orla de galhos secos do
caminho, aguçando os rudimentos de orelha,evidentemente procurando ouvir, naquela distensão de sen-
tidos, uma longínqua resposta a seu apelo.
Chico Bento, perto, olhava-a, com as mãos trêmulas, a garganta áspera, os olhos afogueados.
O animal soltou novamente o seu clamor aflito.
Cauteloso, o vaqueiro avançou um passo.
E de súbito em três pancadas secas, rápidas, o seu cacete de jucá zuniu; a cabra entonteceu,amunhecou, e caiu em
cheio por terra.
Chico Bento tirou do cinto a faca, que de tão velha e tão gasta nunca achara quem lhe desse um tostão por ela.
Abriu no animal um corte que foi de debaixo da boca até separar ao meio o úbere branco de tetas secas, escorridas.
(...)
Mas Pedro, que fitava a estrada, o interrompeu:
- Olha, pai!

Língua Portuguesa 99
Um homem de mescla azul vinha para eles em grandes passadas. Agitava os braços em fúria, aos berros:

- Cachorro! Ladrão! Matar minha cabrinha! Desgraçado!


Chico Bento, tonto, desnorteado, deixou a faca cair e, ainda de cócoras, tartamudeava explicações confusas.
O homem avançou, arrebatou-lhe a cabra e procurou enrolá-la no couro.
Dentro da sua perturbação, Chico Bento compreendeu apenas que lhe tomavam aquela carne em que seus
olhos famintos já se regalavam, da qual suas mãos febris já tinham sentido o calor confortante.
E lhe veio agudamente à lembrança Cordulina exânime na pedra da estrada... o Duquinha tão morto que já nem chorava...
Caindo quase de joelhos, com os olhos vermelhos cheios de lágrimas que lhe corriam pela face áspera,
suplicou, de mãos juntas:

- Meu senhor, pelo amor de Deus! Me deixe um pedaço de carne, um taquinho ao menos, que dê um caldo
para a mulher mais os meninos! Foi pra eles que eu matei! já caíram com a fome!...

- Não dou nada! Ladrão! Sem-vergonha! Cabra sem-vergonha!


A energia abatida do vaqueiro não se estimulou nem mesmo diante daquela palavra.
Antes se abateu mais, e ele ficou na mesma atitude de súplica.
E o homem disse afinal, num gesto brusco, arrancando as tripas da criação e atirando-as para o vaqueiro:

- Tome! Só se for isto! A um diabo que faz uma desgraça como você fez, dar-se tripas é até demais!...
A faca brilhava no chão, ainda ensanguentada, e atraiu os olhos de Chico Bento.
Veio-lhe um ímpeto de brandi-la e ir disputar a presa, mas foi ímpeto confuso e rápido. Ao gesto de estender
a mão, faltou-lhe o ânimo.
O homem, sem se importar com o sangue, pusera no ombro o animal sumariamente envolvido no couro e
marchava para a casa cujo telhado vermelhava, lá além.
Pedro, sem perder tempo, apanhou o fato que ficara no chão e correu para a mãe.
Chico Bento ainda esteve uns momentos na mesma postura, ajoelhado.
E antes de se erguer, chupou os dedos sujos de sangue, que lhe deixaram na boca um gosto amargo de vida.
(TUFANO, Douglas. Estudos de literatura brasileira.)

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O cotidiano dos engenhos de açúcar inspirou vários livros de José Lins do Rego. Ele mesmo classificou suas obras,

de um cunho bastante pessoal, em ciclos: o da cana-de-açúcar retrata a decadência dos senhores de engenho da Zona

da Mata nordestina; o ciclo do cangaço, do misticismo e da seca e o ciclo das obras in- dependentes.

O fragmento a seguir é do livro Menino de engenho. Nessa obra, encontramos personagens e situações que serão

retomados em todos os outros romances do ciclo da cana.

O trecho transcrito nos apresenta o engenho Santa Fé, do coronel Lula Chacon de Holanda, que aparecerá mais tarde,

no romance Fogo morto, obra mais significativa do escritor, devido ao aprofundamento que ele faz da tensão

entre o homem e seu meio.

Vamos conhecê-lo e, a seguir, responda às perguntas:

Menino do Engenho

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O Santa Fé ficava encravado no engenho do meu avô. As terras do Santa Rosa andavam léguas e léguas de
norte a sul. O velho José Paulino tinha este gosto: o de perder a vista nos seus domínios. Gostava de des-
cansar os olhos em horizontes que fossem seus.[...] Tinha mais de três léguas, de extrema a extrema. E não
contente de seu engenho, possuía mais oito, comprados com os lucros da cana e do algodão. Os grandes dias
de sua vida lhe davam as escrituras de compra, os bilhetes de sisa que pagava, os bens de raiz, que lhe caíam
nas mãos. Tinha para mais de quatro mil almas debaixo de sua proteção. Senhor feudal ele foi, mas os seus
párias não traziam a servidão como um ultraje. O Santa Fé, porém, resistira a essa fome de latifúndios. Sempre
que via aqueles condados na geografia, espremidos entre grandes países, me lembrava do Santa Fé. O Santa
Rosa crescera ao seu lado, fora ganhar outras posses contornando as sua encostas. [...] Não se sentiam, porém,
rivais o Santa Fé e o Santa Rosa. Era como se fossem dois irmãos muito amigos, que tives- sem recebido de
Deus uma proteção de mais ou uma proteção de menos. Coitado do Santa Fé! Já o conheci de fogo morto. E
nada mais triste do que um engenho de fogo morto. Uma desolação de fim de vida, de ruína, que dá à
paisagem rural uma melancolia de cemitério abandonado. Na bagaceira, crescendo o mata-
-pasto de cobrir gente, o melão entrando pelas fornalhas, os moradores fugindo para outros engenhos, tudo
deixado para um canto, e até os bois de carro vendidos para dar de comer aos seus donos. Ao lado da
prosperidade e da riqueza de meu avô, eu vira ruir, até no prestígio de sua autoridade, aquele simpático
velhinho que era o Coronel Lula de Holanda, com seu Santa Fé caindo aos pedaços.
(TERRA, Ernani e NICOLA, José de.Gramática & literatura: para o 2º. grau.)

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Graciliano Ramos é o mais importante prosador da geração de 1930 e

notabilizou-se pela síntese, pela economia no uso de advérbios e adjetivos,

pela seleção precisa dos substantivos e pela ausência de sentimentalismo.

Em 1938, o autor publicou Vidas secas, único romance narrado em

terceira pessoa. Fabiano, Sinhá Vitória, os filhos (menino mais novo e me- nino mais

velho) e a cachorra Baleia são retirantes que procuram um lugar digno

para viver e se instalam numa fazenda abandonada.

Vítima de um processo de animalização, da impossibilidade de co-

municação e dos desmandos dos mais fortes, a família sobrevive em meio à

aridez do sertão nordestino. Figura


3: Graciliano Ramos, autor de Vidas Secas.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro: Vamos conhecer um fragmento dessa obra-prima de Graciliano e,
GracilianoRamos.jpg depois, observar alguns aspectos ligados a ela.

Vidas Secas

[ ... ]
Ora, daquela vez, como das outras, Fabiano ajustou o gado, arrependeu-se, enfim deixou a transação meio
apalavrada e foi consultar a mulher. Sinhá Vitória mandou os meninos para o barreiro, sentou-se na cozi- nha,
concentrou-se, distribuiu no chão sementes de várias espécies, realizou somas e diminuições. No dia seguinte
Fabiano voltou à cidade, mas ao fechar o negócio notou que as operações de sinhá Vitória, como de costume,
diferiam das do patrão. Reclamou e obteve a explicação habitual: a diferença era proveniente de juros.
Figura
Não se conformou: devia haver engano. Ele era bruto, sim senhor, via-se perfeitamente que era bruto, mas a
mulher tinha miolo. Com certeza havia um erro no papel do branco. Não se descobriu o erro, e Fabiano perdeu
os estribos. Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que era dele de mão beijada! Estava direito
aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria!
O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que o vaqueiro fosse procurar serviço noutra fazenda.
Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. Não era preciso barulho não. Se havia dito palavra àtoa,
pedia desculpa. Era bruto, não fora ensinado. Atrevimento não tinha, conhecia o seu lugar. Um cabra. Ia lá
puxar questão com gente rica? Bruto, sim senhor, mas sabia respeitar os homens. Devia ser ignorância da
mulher, provavelmente devia ser ignorância da mulher. Até estranhara as contas dela. Enfim, como não sabia
ler (um bruto, sim senhor), acreditara na sua velha. Mas pedia desculpa e jurava não cair noutra.
[...]
Foi até a esquina, parou, tomou fôlego. Não deviam tratá-lo assim. [...] Tomavam-lhe o gado quase de graça e
ainda inventavam juro. Que juro! O que havia era safadeza.
_ Ladroeira.

Língua Portuguesa 104


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[...]
Recordou-se do que lhe sucedera anos atrás, antes da seca, longe. Num dia de apuro recorrera ao porco magro
que não queria engordar no chiqueiro e estava reservado às despesas do Natal: matara-o antes de tempo e
fora vendê-lo na cidade. Mas o cobrador da prefeitura chegara com o recibo e atrapalhara-o. Fabia- no
fingirase desentendido: não compreendia nada, era bruto. Como o outro lhe explicasse que, para ven- der o
porco, devia pagar imposto, tentara convencê-lo de que ali não havia porco, havia quartos de porco, pedaços
de carne. O agente se aborrecera, insultara-o, e Fabiano se encolhera. Bem, bem. Deus o livrasse de história
com o governo. Julgava que podia dispor dos seus troços. Não entendia de imposto.
_ Um bruto, está percebendo?
Supunha que o cevado era dele. Agora a prefeitura tinha uma parte, estava acabado. Pois ia voltar para casa e
comer a carne. Podia comer a carne? Podia ou não podia? O funcionário batera o pé agastado e Fabiano se
desculpara, o chapéu de couro na mão, o espinhaço curvo:
_ Quem foi que disse que eu ia brigar? O melhor é a gente acabar com isso.
Despedira-se, metera a carne no saco e fora vendê-la noutra rua, escondido. Mas, atracado pelo cobrador, gemera no
imposto e na multa. Daquele dia em diante não criara mais porcos. Era perigoso criá-los.”
(TUFANO, Douglas. Estudos de literatura brasileira.)

Língua Portuguesa 105


Modernismo e contemporaneidade nos textos em prosa

Questão 1 (PUC Minas 2011)

[...] Por duas ou três vezes fingira falhar, isso fazia parte de seu número; e seria, talvez, o que o aniqui- lara;
falseara um movimento qualquer e, ao procurar retificá-lo, era tarde demais [...] No entanto, como
prosseguir,se tivesse de narrar sua história? Como falar, sem parecer covarde, na incomum excitação que se
apoderara dele, nas entranhas amarras que o haviam tolhido quando iniciara osexercícios na manhã seguinte?
Como determinar a natureza daquela ameaça invisível, que parecia envolvê-lo? Seria igualmente difícil relatar

Língua Portuguesa 106


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o que lhe sucedera, quando confessara a Aline a impossibilidade de participar naquela manhã e ela o indagara,
quase com alegria:
— Você também está com medo?
Sem dar resposta, voltara colérico ao circo, fizera as acrobacias de costume [...]

(Osman Lins, Os gestos, 1994, p.65)

As considerações sobre o trecho acima estão corretas, EXCETO:

a. Reproduz-se um diálogo entre duas pessoas.

b. Identifica-se nesse trecho apenas um exemplo de discurso direto.

c. Um dos traços característicos dessa narrativa é predominância do discurso indireto.

d. O uso de perguntas, no curso da narrativa, reflete um diálogo interno do narrador personagem consigo
mesmo.

Questão 2 (PUC Minas 2011)


Leia os enunciados retirados do trecho em estudo:

I. Como falar, sem parecer covarde [...]

II. Seria igualmente difícil relatar o que lhe sucedera [...]

III. [...] quando confessara a Aline a impossibilidade de participar naquela manhã e ela o indagara, quase com alegria [..]

IV. Como determinar a natureza daquela ameaça invisível, que parecia envolvê-lo?

Fica clara a posição do narrador personagem em relação ao seu modo de narrar em:

a. I e II, apenas.

b. I, III e IV, apenas.

c. II, III e IV, apenas.

d. I, II, III, IV.

Língua Portuguesa 107


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Arte e cotidiano
O que é Arte e onde a encontramos?
Nesta seção, vamos dar início à nossa conversa sobre arte. Nós lidamos com as artes quase diariamente e mui-

tas vezes nem percebemos: Vamos a shows, assistimos a filmes, vamos a bailes e podemos notar que muitas casas têm quadros
pendurados na parede. Ou seja, a arte rodeia-nos, mas não a vemos enquanto manifestação artística e sim
como atividades “normais” que todos praticam.

Porém, nesta seção vamos tentar mostrar que as atividades que realizamos são relacionadas a linguagens, que
denominamos

artísticas. Nós conhecemos as manifestações, mas nos relacionamos com elas de formas diferentes.

Vejamos: Quando vamos a um baile, por exemplo, nós dançamos, mas há diferença entre dançar para se diver-

tir e produzir um espetáculo, uma linguagem através da dança. Aqui, vamos perceber como algumas manifestações

artísticas expressam-se em nosso cotidiano.

As manifestações artísticas envolvem conhecimentos técnicos e estéticos. Ser artista é levar as manifestações
artísticas de forma profissional. Assim como em qualquer outra profissão, para ser artista é preciso de formação, de especialização,
de treinos, de habilidades específicas.

Todos nós sabemos o que é dançar, todos nós sabemos cantar alguma música, todos nós já fizemos desenhos e,

grande parte das crianças já brincou de representar. A questão é: nós conhecemos as manifestações artísticas, mas nós somos
íntimos às artes? Ou ao menos buscamos conhecê-las com mais profundidade?

Se pararmos para observar, nos mais diferentes trajetos que realizamos diariamente, nos deparamos com arte,

com linguagens artísticas. Se andarmos pelas ruas nas cidades grandes, passamos por museus, teatros, estátuas e es- culturas. Na
maioria das vezes estamos apressados ou distraídos e não nos damos conta que aquelas obras são obras
de arte, que carregam sentidos, produzem conhecimento e ainda podem mostrar contextos sócio-políticos.

As diferentes formas de arte são encontradas em diversos locais nas cidades:

Arte 91
Hoje vemos arte nas ruas, nas praças, em galpões, ao ar livre e

não mais somente em lugares ditos específicos para a arte como

museus, teatros e casas de cultura. Essa mudança foi im- portante para

aproximar as pessoas da arte.

Você sabia que anos atrás as artes somente eram expos- tas

em lugares específicos que nem todos podiam acessar? Pois então,


hoje

houve muitas mudanças que proporcionaram às ar- tes, maior

espaço e maior diálogo com as pessoas.


Nas próximas seções, veremos de forma didática os assuntos abordados nesta aula: As manifestações artísticas,

onde vemos essas manifestações e como observá-las. Fique ligado!

Figura 2: Música, pintura, desenho, escultura... São muitas as manifestações artísticas que nos cercam no dia a dia.

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Afinal, como podemos apreciar as artes?


A questão da estética
Até aqui falamos de arte, de onde encontramos e como podemos estar em contato com as manifestações ar-

tísticas, além de suas funções. Mas como interagimos com as artes? Como podemos apreciá-las?

Para muitos, apreciar arte é obter todos os requisitos técnicos sobre a linguagem artística que se está obser- vando. Na

verdade, é preciso, sim, que conheçamos um pouco da linguagem que estamos observando. Mas, não precisamos ir às

escolas de arte para que sejamos apreciadores da arte.

Todos os indivíduos têm recursos para apreciar arte. Uns mais refinados do que outros. Mas todos podem apre-

ciar, pois a apreciação está ligada à questão da estética.

Estética

Arte 95
Disciplina que estuda o belo e os sentimentos que esse julgamento traz.
A estética estuda a percepção do que é considerado belo e também a produção das emoções pelos fenômenos estéticos. Pode-
mos conceituar a estética como um ramo da filosofia que observa as experiências humanas que permite caracterizar algo, como
agradável, alegre, ou então como feio, desagradável. Cabe lembrar que o termo estética pode ser utilizado em vários sentidos.

Estética é uma parte da filosofia que estuda os fundamentos da arte e a natureza do belo. Ou seja, a estética nos diz

sobre a apreciação de algo, de forma que o julguemos sob as concepções de belo e feio e as emoções gera- das pelos

objetos artísticos. Ou seja, para apreciarmos uma arte, devemos observá-la de modo a buscar sensações, emoções. Ao

apreciar a arte, nós fazemos uma apreensão sensorial que nos faz dar sentido ao que vemos e ouvimos.

Sensorial

Relacionado aos sentidos do corpo: visão, audição, tato, paladar e olfato.

São os espectadores que conferem sentido e significado às artes. Cada indivíduo interpreta a obra vista de um

modo. A interpretação é subjetiva e um dado importante é: não se incentiva muito o gosto pelas artes, pois as artes

conferem sensibilidades, conhecimento e cultura, o que em algumas sociedades pode representar um perigo, pois as

classes dominantes se distinguem muitas vezes por obterem cultura e entenderem de arte. Mas o fato é que não

precisamos necessariamente capturar o sentido e entender a obra de arte com a visão do artista e sim, senti-la.

Subjetiva

O que é relativo exclusivamente a cada sujeito.

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ENEM / 2011 / Q. 105


A dança é um importante componente cultural da humanidade. O folclore brasileiro é rico em danças que re-
presentam as tradições e a cultura de várias regiões do país. Estão ligadas aos aspectos religiosos, festas, lendas, fatos históricos,

acontecimentos do cotidiano e brincadeiras e caracterizam-se pelas músicas animadas (com letras simples e

populares), figurinos e cenários representativos.

SECRETARIA DA EDUCAÇÃO. Proposta Curricular do Estado de São Paulo: Educação Física. São Paulo: 2009 (adaptação).

A dança, como manifestação e representação da cultura rítmica, envolve a expressão corporal própria de um

povo. Considerando-a como elemento folclórico, a dança revela:

a. manifestações afetivas, históricas, ideológicas, intelectuais e espirituais de um povo, refletindo seu modo de

expressar-se no mundo.

Arte 99
b. aspectos eminentemente afetivos, espirituais e de entretenimento de um povo, desconsiderando fatos históricos.

c. acontecimentos do cotidiano, sob influência mitológica e religiosa de cada região, sobrepondo

aspectos políticos.

d. tradições culturais de cada região, cujas manifestações rítmicas são classificadas em um ranking

das mais originais.

e. lendas, que se sustentam em inverdades históricas, uma vez que não inventadas, e servem apenas para a vivência

lúdica de um povo.

Arte e vida (a arte como experiência


humana)

Arte e identidade: quem somos sempre se determina por


meio da arte que produzimos?
Arte e identidade. Essas duas palavras nem sempre são associadas imediatamente. No entanto, não é difícil

perceber como elas possuem uma relação essencial. Pensemos, por exemplo, em nós mesmos. Quem somos nós? Nós

somos todos brasileiros. Bem, mas o que significa ser brasileiro? Quando pensamos no Rio de Janeiro, por exemplo,

pensamos imediatamente em nossos hábitos e em nosso modo de vida, em nossas praias e em nossas montanhas, em

nossa alegria natural e em nossa hospitalidade.

Dentre os nossos hábitos e o nosso modo de vida, porém, não há como não perceber a presença de nossa mú-

sica. Não é preciso esperar pelos finais de semana para vermos por boa parte da cidade, ao cair da noite, o despontar de rodas

de samba, a existência de bares e botequins nos quais pessoas tocam chorinho ou pagode, funk ou bossa-

-nova, muitas vezes sem qualquer remuneração, só pelo prazer de tocar.

Mas não é só a música que constitui nossa identidade. Nossa arquitetura também é bastante particular. Na mesma

cidade, no mesmo bairro, temos, por exemplo, um prédio como o Teatro Municipal, construído aos moldes da

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Ópera de Paris, e o Museu de Arte Moderna, com suas linhas retas e seus traços completamente contemporâneos. Olhando para

os dois, é difícil pensar em um contraste maior, em uma diferença mais gritante. E, no entanto, eles convivem em harmonia em

nossa imaginação e em nossas imagens da cidade em que moramos.

Figura 2: (Teatro Municipal do Rio de Janeiro – Inaugurado em 1909

Figura 3: (Museu de Arte Moderna – Rio de Janeiro.

E a relação entre arte e identidade não para por aí. Há ainda a relação entre os artistas e seus bairros. Não dá

para pensar em Vila Isabel sem lembrar imediatamente de Noel Rosa, assim como não dá para passar por Ipanema sem

esbarrar com alguma referência a Vinícius de Moraes. Em Copacabana, chegaram a colocar uma estátua na praia com a

imagem do poeta Carlos Drummond de Andrade. Tudo isso se dá porque, de uma forma algo mágica, a presen- ça dos

músicos, dos pintores, dos poetas, dos dançarinos, dos arquitetos, ou seja, dos artistas em geral, deixa marcas mais

duradouras que alimentam nossas memórias e acabam construindo o nosso imaginário.

Arte 101
Bem, mas será que você consegue determinar até que ponto certos artistas determinaram com sua arte uma

parte considerável da imagem que fomos construindo de nós mesmos?

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Arte 103
e. Victor Brecheret – Monumento às bandeiras (1953)

Seção 2
Arte e humanidade: a celebração da visão e a origem do
pensamento mágico
As manifestações artísticas acompanham as comunidades humanas desde os seus primeiros passos sobre a terra.

Por mais estranho que possa parecer, antes mesmo de se organizarem em comunidades mais complexas e de assegurarem

a sua subsistência material, os homens já faziam pinturas nas cavernas e esculpiam uma grande gama de material: chifres

de cervos, pedaços de madeira, argila e barro. Por que isso é tão caracteristicamente humano? Em que medida o homem

precisa necessariamente da arte como meio de expressão? Como se dá a princípio a relação entre arte e religião?

Essas são perguntas muito instigantes que merecem toda a nossa atenção. Comecemos com uma experiência

artística de 15000 anos antes de Cristo. Trata-se da caverna de Lascaux, no Sul da França. O que temos nessa caverna é

um grande número de pinturas rupestres, marcadas por uma precisão e uma beleza que contrastam com a total carência

de materiais e com a pobreza dos instrumentos usados por esses pintores anônimos da pré-história. O que podemos

constatar a partir de tal fato?

Arte 104
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Muitos historiadores da arte acentuam o fato de que as pinturas nas cavernas de Lascaux, assim como outras

pinturas rupestres da mesma época, possuem uma função religiosa bem determinada. Na verdade, diante de um mundo

cheio de perigos e marcado pelo desconhecido, os homens precisavam de rituais mágicos para compensar ao menos um

pouco a sua fraqueza. Assim, as pinturas seriam formas de encantar os animais e garantir por meio desse encantamento

uma boa caça. Exatamente por isso, as pinturas tinham de ser tão exatas quanto possíveis, a fim de que

se pudesse tomar a imagem como sendo uma espécie de duplicata do mundo real.

Essa concepção parece se fortalecer, quando comparamos os desenhos dos animais com desenhos dos homens. Enquanto

os desenhos dos animais são feitos com um enorme refinamento, os desenhos dos homens parecem desenhos de

crianças que acabaram de aprender a desenhar. Na verdade, como não se tinha a ne- cessidade de alcançar uma imagem

maximamente realista dos homens, podia-se agir de maneira descuidada com o seu desenho.

Figura 4: Homem morto diante de um bisão, espécie de touro da região que ainda sobrevive em alguns lugares até hoje – enquanto o homem é
pintado sem qualquer requinte, o animal aparece em sua força.

Arte 105
Mas esse não é o ponto mais importante para nós. Importante é, de qualquer modo, o prazer que o homem
tem com a visão e a mistura bastante peculiar entre prazer estético e temor religioso.

Pinturas rupestres são pinturas encontradas em cavernas que remontam a tempos pré-históricos. As
primeiras pinturas rupestres são de 40.000 a. C. e elas revelam exatamente a importância da arte para o
homem. Em um tempo, no qual o homem vivia exclusivamente da caça, da pesca e da cata de frutos
silvestres, a arte já se fazia presente, tanto na pintura quanto na cerâmica.

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Arte e vida (a arte como experiência humana)


Exercício 1

Figura 1: LEIRNER, N. Tronco com cadeira (detalhe),1964. Fonte:


http://sites.itaucultural.org.br/ocupacao/wp-content/uploads/2012/10/tronco_e_cadeira.jpg

“Nessa estranha dignidade e nesse abandono, o objeto foi exaltado de maneira ilimitada e ganhou um signifi- cado

que se pode considerar mágico. Daí sua“vida inquietante e absurda”, tornou-se ídolo e, ao mesmo tempo, objeto

de zombaria. Sua realidade intrínseca foi anulada”.

JAFFÉ, A. O simbolismo nas artes plásticas. In: JUNG, C.G. (org.)

Arte 109
O HOMEM E SEUS SÍMBOLOS- Rio de Janeiro: Nova Fronteira,2008.
Levando-se em consideração o conceito de arte e a sua utilidade na sociedade contemporânea:

a. Que análise podemos fazer da relação entre a foto e o texto?

b. Dê a definição de estética.

Exercício 2
“As obras de arte, em geral, não comportam apenas uma interpretação. Qualquer referencial teórico usado para analisar

a arte contemporânea, por exemplo, não revela apenas suas características estéticas, mas também um modo de ser segundo

seus próprios pressupostos.”

(Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Obra_Aberta)

Quando dizemos que uma obra de arte é uma obra aberta, isso significa dizer que:

a. a obra de arte expressa um campo geral de sentidos (fruição), segundo os seus próprios sentimentos.

b. a arte está sempre aberta, porém nunca para sentimentos.

c. expressa apenas o campo visual do sentido.

d. expressa um único campo da arte.

Exercício 3
“(...)Uma obra de arte nos traz um novo conhecimento de mundo(...).”

Pires Martins, Maria Helena; Temas de Filosofia, 3ª edição, Editora

Moderna.

Marque a opção do conhecimento retratado na afirmativa.

a. Esse conhecimento não é intuitivo.

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b. Esse conhecimento é lógico e racional.

c. Esse conhecimento não é lógico, porém é racional.

d. Esse conhecimento nos faz compreender um sentimento de mundo.

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A Indústria e seus diferentes


processos de organização espacial

Do que a indústria precisa?


Para uma fábrica existir, é necessário capital (dinheiro) para se investir. Em primeiro lugar, deve-se buscar um

terreno onde será construída a mesma. Em seguida, deve haver energia disponível para movimentar as máquinas, que

são compradas, muitas vezes, de outra indústria. Ao mesmo tempo, devem ser contratados funcionários assala- riados

(alguns qualificados, outros não, que realizam as tarefas mais simples e de menor remuneração) que vão atuar nas

empresas de várias formas. Dependendo da mercadoria que será produzida, deve estar disponível matéria-prima: ferro,

alumínio, derivados de petróleo, como o plástico, madeira, água, etc., que serão transformadas em um produto final,

acabado. Isso é suficiente? Não, uma rede de transportes (rodovia, ferrovia, hidrovia, aerovia) que escoe esta

mercadoria em busca de um mercado consumidor, que pode comprar (dependendo do poder aquisitivo, de compra)

em uma loja comercial na cidade próxima ou no outro extremo do planeta. Bem, precisamos lembrar que hoje em dia

a publicidade divulga os produtos nos meios de comunicação de massa para cada vez vender mais e mais. Há também

o recolhimento de impostos que incidem sobre


o valor do produto.

Vivemos em um mundo complexo, em

que alguns países são apenas fornece- dores

de matéria-prima e as exportam para países

que detém alta tecnologia. Com isso, produzse

uma série de mercadorias que são vendidas

em grande parte do planeta.


Como é o seu cotidiano?
O lucro deve ser obtido de qualquer

forma, caso contrário, a empresa pode ir à

falência. Vivemos no mundo da competição, da

publicidade, da valorização do consumo, do

impacto no meio ambiente, da transfor- mação

no modo de viver, em uma sociedade mundial


desigual, com alguns vivendo com muito, chegando ao desperdício, e

muitos lutando pela sobrevivência no dia a dia.

Geografia
108

Figura 2 : As transnacionais atuam de


forma combinada com seus governos de
forma a possibilitar desenvolvimento e
qualidade de vida nos países centrais (
bandeiras dos EUA, Reino Unido, França,
Canadá, Japão, Itália, Alemanha e Rússia),
do sistema capitalista.
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Geografia 109

As Revoluções Industriais
Primeira Revolução Industrial
Antes da Primeira Revolução Industrial, houve os períodos do artesanato e manufatura, quando começa a

ocorrer uma divisão de trabalho, com alguns profissionais já se especializando.

Podemos afirmar que indústria caracteriza-se pela produção de uma mercadoria para consumo, a partir da

transformação de matéria-prima bruta, retirada da natureza, com a utilização de máquinas, equipamentos, que fun-

cionam com a geração de energia e comando de seres humanos, também chamados de mão de obra.

Entre os principais fatores para a compreensão do aparecimento da 1ª Revolução Industrial (fim do século XVIII),

podemos citar o acúmulo de riquezas que foram retiradas das colônias durante vários séculos, combinado com o

desenvolvimento da ciência. Por outro lado, a expulsão de cidadãos do campo os leva a trabalhar nas cidades, local de

instalação das indústrias. Crianças a partir de cinco anos já trabalhavam nessas fábricas, em longas jornadas diárias,

com baixos salários e péssimas condições oferecidas pelos donos do capital, das empresas...

É a partir desse período que o homem começa a interferir de forma mais profunda no planeta e a retirada de matéria-

prima em grandes quantidades altera a organização espacial dos países e se inicia um impacto ambiental sem precedentes

na história humana.
A Inglaterra foi a responsável

pelo primeiro surto de industrialização,

pois tinha certas condições que possi-

bilitaram esse fenômeno: abundância de

carvão mineral em seu território para a

geração de energia, capitais acu-

mulados do período colonial que ainda

não havia terminado, investimento em

ciência, tendo como principal símbolo

para esse período o trem a vapor, que foi

instalado em muitos países do mun- do,

inclusive no Brasil.
Figura 3: O trem a vapor é o maior símbolo deste período, com alta tecnologia para a
época.

Geografia
110
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Neste momento, era importante acabar com a escravidão, pois o trabalhador assalariado, ao contrário do es-

cravo, vai ter capacidade de consumir e gerar lucros para os empresários.

Segunda Revolução Industrial


No final do século XIX, os EUA, que lideraram essa revolução, já era um país independente e livre da escravidão.

Nessa época, houve uma expansão da atividade industrial por alguns países, com o petróleo se tornando a

principal fonte de energia, o que vem ocorrendo até os dias atuais.

O grande marco deste período é a indústria automobilística, em especial, a produção em série do Ford T, que vai

mudar para sempre o estilo de vida e trabalho dos seres humanos.

Países como França, Alemanha e Bélgica, na Europa, e o Japão, na Ásia, também iniciam seus processos indus-

triais nesse período.

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Geografia
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Figura 4: As esteiras agilizaram o processo industrial, gerando trabalho repetitivo e provocando grandes lucros
aos empresários.
Henry Ford, fundador da Ford, vai implantar a linha de produção em série, o que aumentou drasticamente a

produtividade e, por consequência, os lucros. O funcionário vai realizar apenas uma tarefa (por exemplo, passar o dia

parafusando uma peça do automóvel a outra), durante longas horas de trabalho estafante e repetitivo. Há aqui uma

clara divisão de trabalho. Cada um executa um “serviço” específico, para, no final da esteira, estar o automóvel pronto

para ser transportado para o comércio e vendido ao consumidor.

A produtividade vai aumentar tanto, que nos EUA, em um primeiro momento e depois se espalhando pelo

mundo, vai haver uma popularização do uso do automóvel. São milhões e milhões de máquinas movimentando-se pelo

espaço geográfico. Isso vai implicar na necessidade da construção de vias de rodagem maiores dentro das cida- des, de

estradas, que aos poucos, vão sendo asfaltadas, no aparecimento de postos de combustível para abastecer esses

automóveis, nas mecânicas que vão consertar as máquinas que quebram e assim por diante. Você consegue imaginar

quantos componentes são necessários para a produção de um automóvel? Estamos falando aqui de espe- cialização da

produção e trabalho, da reorganização do espaço geográfico da cidade e campo, de uma mudança no estilo de vida que

parece não ter volta. O que acabamos de estudar chama-se Fordismo, mas, aos poucos, ocorreram novas ideias e

transformações.

Para um cidadão comum comprar um bem de consumo, é necessário que ele tenha emprego e salário. Se este

trabalhador for mais eficiente e produzir mais, seu salário aumentará e, assim, ele poderá consumir mais, movimen-

tando a economia e aumentando os lucros e a geração de novos empregos e o recolhimento de impostos por parte dos

governos. Não é uma boa ideia? É o que chamamos de Taylorismo, criado por Taylor, que aperfeiçoou o que a Ford

havia criado. Mas não se esqueça, tudo isso existindo sob a lógica do sistema capitalista.

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Geografia
Figura 5: A produção automatizada tem substituído a mão de obra, provocando desemprego, mas
aumentando a produtividade nas fábricas.
A evolução do Fordismo e Taylorismo ocorreu no Japão com o que chamamos de Toyotismo, que revolucio- nou

a forma de trabalho dentro das fábricas, aumentando ainda mais a produtividade e a geração de lucros. O que fizeram

os japoneses? Criaram um sistema de trabalho chamado de produção flexível. Com isso, os trabalhadores atuavam em

equipes chamadas de células de trabalho e tomavam decisões mais rápidas. Por exemplo, se uma má- quina quebrava,

ou eles logo a consertavam, pois eles eram preparados e realizavam várias funções, ou acionavam o setor especializado,

que rapidamente se deslocava para o conserto. Outra modificação importante foi a quase total eliminação de estoques.

As empresas mantinham na fábrica apenas o que seria utilizado para aquele dia (just in time). Em vez de comprar

grandes quantidades de peças e equipamentos, a fábrica adquiria apenas o necessário para a sua produção diária,

ocasionando a diminuição dos custos e o aumento da produtividade. Para agilizar a produção, foram eliminados uma

série de cargos intermediários, diminuindo os graus hierárquicos, o que aumentou a velocidade da tomada de decisões.

Tudo isso com o intuito de aumentar o lucro. Foi uma pequena revolução copiada por muitas empresas ao redor do

mundo.

Muitas cidades cresceram enormemente nesse período, principalmente Nova Iorque, Londres, Paris e Tóquio.

Essas importantes inovações vão influenciar drasticamente a Terceira Revolução Industrial, que veremos a seguir.

Terceira Revolução Industrial


Esse é o período da Revolução Técnico-científica informacional, com a explosão das telecomunicações (ce- lular,

internet, etc.), da utilização massiva de robôs nas empresas, do uso de computadores pessoais, da fibra ótica, da

microeletrônica, da biotecnologia, dos transportes que cobre grande parte do planeta. É o chamado período da

mundialização, ocorrido após o fim da II Guerra Mundial (1939-1945).

Os EUA (capitalista) vão dividir sua hegemonia com a ex-União Soviética (socialista) e, principais vencedores da

guerra, vão dividir o mundo em duas áreas sob influência deles. É a chamada Guerra Fria (não há uma guerra direta

entre esses países, mas entre países que sofrem influências desses países na tentativa de implantar ou o capitalismo ou

o socialismo).

A ex-União Soviética vai investir principalmente em indústria pesada, de base, na indústria espacial e bélica (de

armamentos).Tudo sob o controle do Estado, que vai determinar uma produção em massa, mas com produto final de

baixa qualidade.

Em oposição a esse modelo industrial, os EUA, superpotência mundial, vai disputar a hegemonia com os so-

viéticos, investindo também na corrida espacial, e suas transnacionais instalando-se por muitos países sob controle capitalista,

incluindo aí o Brasil.

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Geografia
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É uma época em que vai se investir muito em ciência, em conhecimento, em pesquisa, com empresas transna-

cionais e governos dos EUA e Europa Ocidental patrocinando Universidades para o desenvolvimento de tecnologia de

ponta.

Com isso, as transnacionais vão se instalar em muitos países do mundo buscando matéria-prima abundante,

mão-de-obra mais barata e novos mercados consumidores.

Houve uma grande transformação no estilo de vida das pessoas, pois é comum, hoje em dia, um cidadão viver apegado

ao seu celular, que é um verdadeiro computador, capaz de realizar muitas tarefas, além de servir como tele-

fone. Quais são os limites para o desenvolvimento da tecnologia?

A criação dos computadores pessoais mudou o trabalho, o lazer, a forma de enxergar o mundo e de lidar com ele. A

internet provocou um salto na quantidade e velocidade da comunicação, sendo ainda um fenômeno que está em

curso.

Figura 6: A rede de fib as óticas gerou aumento na velocidade e quantidade de informações que percorrem o
planeta. As linhas têm maior interligação entre países desenvolvidos.

É muito comum uma empresa transnacional, com sede nos EUA, por exemplo, comprar matéria-prima de vá-

rios países, enviá-la para um país emergente, como o Brasil, por exemplo, produzir essa mercadoria neste país e ex-

portar

113
Geografia
para outro país, onde este produto será vendido.

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115
Geografia
A Indústria e seus diferentes processos de organização
espacial
Questão 1
1. Assinale a alternativa que contém alguns os elementos necessários para a instalação de uma fábrica.

a) ( ) árvores, mão de obra, capital, energia

b) ( ) ponte, capital, árvore, energia

c) ( ) matéria prima, capital, mão de obra, energia

d) ( ) energia, loja comercial, mão de obra, capital

Sociedade em Redes – modelos,


atores e lugares no mundo
globalizado

As redes de comunicação e de transportes


Leia este trecho, extraído do livro “A Sociedade em Redes”, escrito pelo sociólogo espanhol Manuel Castells,
em 1999.

A sociedade em rede se caracteriza pela globalização das atividades econômicas decisivas e sua organização
em redes; pela flexibilidade e instabilidade do trabalho, bem como por sua individualização; pela chamada
cultura da ‘virtualidade real’; e pela transformação das bases materiais da vida: o espaço e o tempo mediante
a constituição de um espaço de fluxos e de um tempo atemporal.

Complicado? Um pouco. Mas até o final desta aula você terá uma boa ideia sobre o que Manuel Castells está

falando.

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Geografia
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A primeira lição que podemos tirar da afirmação do sociólogo é a de que vivemos em uma sociedade em

rede. Apesar da importância das redes de pesca, o termo“sociedade em rede” não se refere às colônias de pescadores.

Mas a forma como as redes de pesca são confeccionadas nos ajuda a entender o modo de organização da sociedade,

especialmente a partir das últimas décadas do século XX.

Sempre existiram redes na organização da sociedade,

mas a partir da segunda metade do século XX elas se tornaram

mais e mais complexas.

Vamos analisar dois setores que nos ajudarão a entender

melhor o que são as redes e por que a organização social atual

é assim denominada.

Você sabe o que representa a sigla DDD?

Discagem Direta a Distância.

E o que significa isso? Significa que podemos fazer uma ligação telefônica diretamente, sem a ajuda de um
intermediário, para qualquer lugar do Brasil.
Mas nem sempre foi assim.

117
Geografia
Um dos maiores avanços nas comunicações aconteceu no século XVIII, com a criação do telégrafo. Com ele,

era possível transmitir mensagens de um ponto para outro em grandes distâncias, utilizando um sistema de códigos.

Apesar do sucesso dessa inovação, ele seria logo substituído por outra importantíssima invenção: o telefone.

Mas o sistema de telefonia nem sempre foi como conhecemos hoje.

O telefone foi inventado pelo inglês Graham Bel, em 1876. O novo

aparelho de comunicação fez tanto sucesso que foi necessária a criação de

centrais telefônicas. Seus funcionários, sobretudo mulheres, eram

responsáveis por completar a ligação entre duas linhas telefônicas.

Atualmente, no lugar de telefonistas, temos os sistemas DDD e DDI


(discagem direta internacional).

Mais recentemente, outra inovação nos possibilitou falar a distância


e com
várias

pessoas ao
mesmo
tempo.

Veja as Figuras 1 e 2, a seguir.

Figura 2: Aparelho de telefonia celular.

Figura 1: Reunião entre militares realizada por videoconferência.

Não deve ser difícil para você apontar a tecnologia que permitiu esse tipo de troca, não é mesmo?! Isso mesmo:

a Internet.
Sem dúvida, a Internet foi a responsável por uma tremenda intensificação das trocas de informação entre

pessoas, empresas, países etc.


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As videoconferências realizadas através de sistemas informatizados, como o Skype, e as redes sociais, como o

Facebook, possibilitaram o contato rápido entre


muitas pessoas.
Então imagine. Se para o final do século XIX o
telégrafo

representou um grande avanço interligando lugares

distantes, e para o início do século XX foi o telefone, a

internet é a grande tecnologia de comunicação do

final

do século XX e início do XXI.

Quanto mais gente e mais lugares envolvidos,

maior a complexidade da rede. Mais linhas, mais

pontos, e uma malha mais densa (Figura 3).

Não é à toa que alguns estudiosos afirmam que

vivemos na Era da Informação.

Figura 3: Mapa da rede de comunicação da Serpro, Serviço Federal de Processamento de Dados.

Mas não foram somente os meios de comunicação os responsáveis pelas mudanças que marcariam esse período.

Grandes e importantes invenções ocorreram, também, no setor de transportes.

Você sabe como eram feitas as viagens transoceânicas no final do século XIX? Como as pessoas faziam para

viajar de Londres para Nova Iorque, por exemplo?

Se você respondeu “através de navios”, acertou. Mas outra importante invenção marcou essa época. Foi o

dirigível, um balão tripulado e controlado. O primeiro subiu aos céus pela primeira vez na França, em 1881, porém o

mais famoso deles foi o Zeppelin, que realizou o primeiro voo de longa distância, ligando Frankfurt, na Alemanha, a

Nova Iorque, nos Estados Unidos. A era dos dirigíveis encerrou-se abruptamente, em 1937, com o grave acidente

ocorrido com o Hindenburg, cuja causa mais provável estaria no contato do gás hidrogênio (gás inflamável utilizado

para elevar o balão) com o oxigênio da atmosfera em dias de tempestade. Seu professor de ciências poderá esclarecer

119
Geografia
melhor esse evento.

Apesar do susto, os inventores não

desistiriam de criar uma forma mais segur a de

fazer o homem voar. Logo, os aviões, que vinham

sendo desenvolvidos e testados por grandes

inventores da época, como o brasileiro Alberto

Santos Dumont, ocupariam o lugar dos

dirigíveis no transporte de passageiros e cargas.

Figura 3: Graf Zeppelin, Pernambuco, 1932.

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121
Geografia
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Sociedade em Redes – modelos, atores e lugares no


mundo globalizado
Questão 1
Observe a imagem abaixo e, em seguida, identifique quais os meios de comunicação utilizados por você. Justifi-

que sua resposta.

http://www.sxc.hu/assets/183347/1833469323/3d-illustration-of-computer-technologies--concept-
notebook-1398484-s.jpg – http://www.sxc.hu/assets/62/611411/tv-hd-2-1209127-m.jpg -
http://www.sxc.hu/ assets/183007/1830065686/vintage-radio-2-1400144-m.jpg -
http://www.sxc.hu/assets/183222/1832211016/
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Fontes de Energia no
121
Geografia
Mundo Contemporâneo

O consumo de energia no mundo atual


Como você leu na seção “Para início de conversa”, o apagão que afetou o Rio de Janeiro e mais 17 estados bra-

sileiros, e quase todo o Paraguai, mostra a dependência do mundo moderno em relação à energia elétrica.

Em praticamente todo o Planeta Terra os diferentes países e suas sociedades utilizam de uma forma ou de outra

alguma fonte de energia. A produção e o consumo de energia se refletem na observação de uma imagem de satélite dos

diferentes continentes feita pela empresa norte-americana Google. A foto que veremos logo a seguir é resultado de um

projeto chamado “Earth Light” ou “Luz da Terra”, que utilizou imagens feitas por satélites ao redor do Planeta Terra no

período noturno. Vamos ver a foto!

Figura 1: Imagem “Earth Light” ou “Luz da Terra” mostrando os diferentes continentes e países no período da noite.

Observando melhor a imagem de satélite, o que você percebe? É possível identificar quais questões? Quais

desigualdades?

A primeira questão que surge é que todo o planeta consome energia elétrica. Outra constatação é a de que,

quanto maior a concentração de pessoas em áreas urbanas, maior será a concentração de luzes. Observando o mapa,

podemos identificar quais as regiões mais densamente povoadas do planeta, tais como: os Estados Unidos, o continente

europeu, principalmente a Europa Ocidental, países com grande população como a Índia e a China, o Oriente Médio, o

Japão e principalmente o centro-sul e o litoral do Nordeste brasileiro.

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Observe na imagem a seguir a grande concentração de cidades e de luz elétrica emitida pelos Estados Unidos,

o maior consumidor de energia do Planeta. O padrão de consumo de energia dos Estados Unidos é considerado “in-

sustentável”, pois o grande consumo deve ser atendido pela grande produção.

Os Estados Unidos são o maior consumidor de petróleo e gás natural do planeta, além da grande produção de

energia hidroelétrica, termoelétrica e nuclear. O crescente consumo de energia, com a utilização cada vez mais

frequente de eletrodomésticos, máquinas e equipamentos, aliado ao desperdício aumentam a necessidade de

abastecer o mercado deste país. Se os demais países do mundo utilizassem esse mesmo padrão de produção e consumo

de energia, o planeta não conseguiria atender ao consumo.

A utilização de fontes de energia em países desenvolvidos como os Estados Unidos é predatória dos recursos

naturais e considerada “insustentável” do ponto de vista econômico, ambiental e social.

Figura 2: Imagem noturna dos Estados Unidos, sul do Canadá, México e parte da América Central.

Observe na imagem a seguir o continente europeu. Veja quantas luzes! Essa imagem permite identificar que se

trata de um continente com países densamente povoados, ou seja, muitas pessoas vivendo em um espaço reduzido.

Além da densidade demográfica, o alto padrão de renda que permite o consumo de energia pode ser verificado na

análise da imagem. Compare o continente europeu com o norte da África e veja que esta parte do continente vizinho

tem menos iluminação.

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Geografia
Figura 6: Imagem noturna do leste da África, parte da Oceania (Austrália e Papua Nova Guiné) e do Continente Asiático.

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125
Geografia
Leia o texto a seguir e faça as atividades

Texto: Brasil é líder mundial em energias limpas. Quase metade das fontes no país
são renováveis; mundo possui pouco mais de 10%

No Brasil, 46% das fontes de energia são renováveis, enquanto a média mundial é de

apenas 13%. Os dados estão no Boletim de Economia e Política Internacional do Ipea (Insti -

tuto de Pesquisa Econômica Aplicada), divulgado em outubro de 2010. Os outros 54% das

fontes de energia brasileira se concentram no uso do petróleo, gás natural, carvão mineral e

urânio. Energia renovável é aquela originada de fontes naturais que possuem a capacida- de

de regeneração (renovação), ou seja, não se esgotam.

Segundo o r elatório, o país só alcançou este estágio graças à produção de eletri -

cidade por hidrelétricas, que corresponde a 15% do total de energia renovável, uso de lenha

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e carvão vegetal (comum nas termelétricas), com 12%, e, sobretudo, pela utilização de

produtos da cana-de-açúcar, com 16%. Outras formas de energia renovável respondem por

3%.

Entre os produtos da cana, o destaque é a produção de etanol. O documento des-

taca que “o etanol representa, hoje, mais de 90% do fornecimento mundial de biocombus-

tíveis líquidos e é produzido, fundamentalmente, a partir da cana-de-açúcar e do milho”. A

qualidade do álcool produzido no Brasil já atrai a atenção de empresas internacionais.

A produção mundial de etanol cresceu quase quatro vezes entre 2000 e 2008, de

acordo com o Ipea. O Brasil e os Estados Unidos são os principais produtores mundiais,

seguidos por China, Índia e França. O comércio internacional de álcool representa pouco

mais de 10% da produção. Só o Brasil responde por quase dois terços das vendas aos ou- tros

países (exportações). Em dez anos, a produção de etanol deve dobrar, projeta o Ipea.
Fonte:http://noticias.r7.com/economia/noticias/brasil-e-referencia-mundial-em-energia-limpa-diz- -ipea-20100209.html.

127
Geografia
Acompanhe o portal brasileiro de energias renováveis. http://www.energiarenovavel.org/

Atividade 12: ENEM (2008). O potencial brasileiro para gerar energia a partir da biomassa não se limita a

uma ampliação do Proálcool. O país pode substituir o óleo diesel de petróleo por grande variedade de óleos vegetais e

explorar a alta produtividade das florestas tropicais plantadas.

Além da produção de celulose, a utilização de biomassa permite a geração de energia elétrica por meio de termoelétricas a

lenha, carvão vegetal ou gás de madeira, com elevado rendimento a baixo custo. Cerca de 30% do

território brasileiro é constituído por terras impróprias para a agricultura, mas aptas à exploração florestal.

A utilização de metade dessa área, ou seja, 120 milhões de hectares permitiria produção sustentável a cerca de

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5 bilhões de barris de petróleo por ano, mais que o dobro do que produz a Arábia Saudita [In: José Walter Bautista

Vidal. Desafios Internacionais para o século XXI. Seminário da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da

Câmara

dos Deputados, ago./2002 (com adaptações)].

Para o Brasil, as vantagens da produção de energia a partir da biomassa incluem:

a. ( ) A implantação de florestas energéticas em todas as regiões brasileiras com igual custo ambiental e

econômico.

b. ( ) Substituição integral por biodiesel de todos os combustíveis fósseis derivados de petróleo.

c. ( ) Formação de florestas energéticas em terras impróprias para a agricultura.

d. ( ) Importação de biodiesel de países tropicais, em que a produtividade das florestas seja mais alta.

e. ( ) Regeneração das florestas nativas em biomas modificados pelo homem, como o cerrado e a Mata

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Geografia
Atlântica.
Resposta: Alternativa Correta: Letra C. A formação de florestas energéticas em terras impróprias para a agri-

cultura deve-se a uma utilização sustentável de hectares que, uma vez não utilizados para agricultara, podem resultar

em exploração energética.

A crise ambiental, o consumo e


o ser humano

Problemas ambientais globais, urbanos e rurais


Nos últimos duzentos anos, houve uma explosão de consumo e retirada de recursos naturais do planeta. Isso

ocorreu e ocorre principalmente em função da 1ª Revolução Industrial, iniciada entre o final do século XVIII e começo

do século XIX, comandada pela Inglaterra.

Com isso, houve uma escalada de problemas relacionados ao meio ambiente, provocando extinção de espé- cies

animais e vegetais, e, muitas delas, o ser humano nem chegou a conhecer.

A seguir, estudaremos os fenômenos climáticos El Niño e La Niña e problemas ambientais que afetam o mundo

urbano e rural:

a. EL NIÑO

O El Niño leva este nome por ter sido identificado no dia de Natal e caracteriza-se por haver um esquentamen-

to das águas superficiais do Oceano Pacífico acima do normal, próximo à costa do Peru, alterando a dinâmica da mo-

vimentação das massas de ar por todo o planeta, provocando seca em algumas regiões e enchentes em outras. Com

isso, as regiões atingidas por secas prolongadas sofrem com a “quebra” de suas plantações e nas regiões inundadas,

ocorrem deslizamentos de terra, levando aos seres humanos a perda de suas residências e até de suas vidas. Como

exemplo, podemos citar o excesso de chuvas na Região Sul do Brasil e a Região Nordeste tem a intensificação do clima

semiárido em boa parte de seu território.

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As áreas avermelhadas do Oceano Pacífi o mostram o aquecimento das águas (mapa sem escala, nem rosa dos ventos)
Fonte – National Weather Service (Melbourne – SL)

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Geografia
b. La NIÑA

O La Niña é o oposto do que ocorre com o El Niño, pois aí há o resfriamento atípico das águas do Oceano Pací-

fico, levando também a modificação da composição das massas de ar, tornando algumas mais úmidas e outras mais

secas. Podemos exemplificar com o aumento das chuvas, já abundantes, na Região Norte do Brasil, entre dezembro e

fevereiro, e seca intensa na Região Sul do Brasil.

Todas estas alterações climáticas acima descritas levam a diminuição na produção de alimentos, perda de safras

agrícolas, podendo aumentar a fome em uma série de regiões do planeta.

Não se sabe exatamente qual é a interferência do ser humano sobre esses fenômenos, mas deve-se observar

que muitos problemas ambientais são aumentados por nossa espécie. c. Efeito

estufa

O efeito estufa é um fenômeno natural que se caracteriza por manter a temperatura média do planeta em por

volta de quinze graus celsius. O sol, ao enviar seus raios solares, tem uma parte de seu calor retido principalmente pelo

carbono e metano, gases que também compõem a atmosfera. Outra parte desse calor incide sobre a superfície terrestre,

e sua reflexão, depois de absorvido e devolvido pelas águas e solo, retorna para a atmosfera, também ha- vendo

retenção de calor pelos gases.

As nuvens cumprem importante papel, pois elas funcionam como um tampão que retém esse calor próximo à

superfície do planeta, garantindo assim temperaturas que permitem a existência de vida (fauna e flora) na Terra.

E, claro, nunca se esquecendo que a distribuição de calor ocorre de forma irregular pelo planeta, acarretando

diferentes climas, mais quentes próximo à Linha do Equador e mais frios junto aos polos.

Se esse fenômeno não existisse, nosso planeta seria muito frio e a existência de vida estaria comprometida.

Como o ser humano interfere no efeito estufa? Ao emitir gases para a atmosfera, tanto por parte das indústrias,

quanto por parte dos escapamentos dos automóveis ou usinas termoelétricas, a quantidade dos chamados gases estufa
aumenta na atmosfera, fazendo com que a retenção de calor fique maximizada e, assim, provoca o incremento das

médias de temperatura por todo o planeta.

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Geografia
Nas cidades, a poluição do ar baixa a qualidade de vida de seus cidadãos, afetando a saúde, principalmente de

crianças e idosos.

Com isso, os cientistas têm indicado que com a maior temperatura da atmosfera, pode ocorrer o derretimento

do gelo nas regiões polares e nas montanhas com grandes altitudes, que provocam o aumento do nível dos mares,

inundando cidades litorâneas, o que pode levar as populações que habitam as cidades que ficam na costa a migrar para

as áreas com maiores altitudes, o que desorganiza completamente a organização espacial mundial atual. Não esqueça

que a grande maioria da população mundial habita até trezentos metros de altitude em relação ao nível do mar.

A respeito das neves eternas existentes nas montanhas, como é o caso da Cordilheira dos Andes, na América

do Sul ou do Himalaia, na Ásia, entre outros, a água em estado sólido, aos poucos vai degelando nas menores altitu-

des, garantindo o fornecimento de água de boa qualidade às cidades que estão nestas montanhas ou perto delas, e,

no caso de haver um intenso degelo desses reservatórios, poderá provocar falta de água, destruindo plantações que

não serão irrigadas e obrigando seus moradores a se dirigirem a outras regiões.

Santiago, no Chile, sofre com a poluição atmosférica, assim como as grandes metrópoles mundiais Fonte: Ciclo Vivo

d. ILHAS DE CALOR

Em geral, as temperaturas médias são maiores nas áreas centrais das cidades em relação às áreas periféricas.

Isso ocorre, pois, no centro da maioria das cidades, a quantidade de vegetação é menor e o sol acaba por ter uma
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reflexão maior, porque, por exemplo, um prédio espelhado, ao lado de outro prédio, vai funcionar como uma mesa de

sinuca, que faz com que a bola bata e ricocheteie várias vezes.

É isso o que ocorre com os raios solares, que refletem várias vezes nos prédios, aumentando os pontos de calor

e, consequentemente, fazendo com que a temperatura dessas regiões fique maior. Imagine essa ocorrência nas grandes

cidades, com milhares de prédios, principalmente em suas áreas centrais. Outros fatores que influenciam o

aparecimento desse fenômeno são o calor emitido por motores dos automóveis e aparelhos domésticos e industriais.

Ao mesmo tempo, nas áreas periféricas, em geral, há uma maior quantidade de vegetação, que vai deixar as

temperaturas mais amenas por absorver parte do calor emitido pelo sol, às vezes havendo diferença de quatro ou cinco

graus celsius no mesmo horário, dentro de uma mesma cidade.

e. INVERSÃO TÉRMICA

Quando a estação do ano é o inverno e há um dia sem vento, a massa de ar fria que está sobre uma cidade,

não vai ter capacidade de se dissipar, pois a ausência de vento impede que ela se movimente no sentido ascendente,

e isso faz com que a poluição do ar que por ventura exista nessa cidade fique aprisionada e sua dispersão fica

prejudica- da, se estabelecendo próxima à superfície terrestre, provocando uma série de problemas de saúde para a

população.

É muito comum, nesses períodos, haver a superlotação de vários prontos socorros das cidades com,

principalmente, crianças e idosos que sofrem com doenças respiratórias. Trata-se, portanto, de um problema de saú- de

pública de difícil solução.

f. CHUVAS ÁCIDAS

A reação da chuva com os gases dióxido de nitrogênio (NO2) e de dióxido de enxofre (SO2) emitidas pelas

chaminés das indústrias provoca a formação do ácido sulfúrico e ácido nítrico, que fazem a chuva passa a ter maior

concentração de acidez. Como resultado dessa precipitação, pode ocorrer corrosão de estátuas e veículos, as florestas

podem ser alteradas, as plantações e a criação de animais podem ser prejudicadas e nos lagos, lagoas e rios, os ecos-

sistemas podem ser transformados. No caso do Brasil, a cidade de Cubatão, na Baixada Santista, com grande presença

de indústrias químicas, provoca chuvas ácidas sobre a capital paulista, São Paulo.

g. BURACO NA CAMADA DE OZÔNIO

131
Geografia
A camada de ozônio localiza-se há aproximadamente quarenta e cinco quilômetros de altitude e exerce grande

importância para os seres vivos de nosso planeta, pois é um filtro que impede a passagem dos raios ultravioleta, que

podem causar problemas para os seres humanos, como o câncer de pele.

O gás CFC (cloro, flúor e carbono) serve para resfriar o ar das geladeiras, diminuir a temperatura do ar ao ser

ligado o ar-condicionado, para a produção de materiais como o isopor ou nos aerossóis, entre outros. Esse gás tem a

capacidade de se combinar com o ozônio (O3), destruindo-o e assim, aparece o buraco nessa camada. Então, o raio

ultravioleta atinge a superfície da Terra, podendo causar doenças e alterar os ecossistemas. Há muitos estudos e

polêmica sobre esse tema, com dúvidas sobre a responsabilidade do CFC como destruidor da camada de ozônio, mas

é o

que indicam as pesquisas científicas nessa área.

Os países que mais sofrem com o buraco da camada de ozônio são Chile, Austrália e Argentina.
Fonte – ESA/Universidade de Bremen

h. LIXO

A palavra lixo está muito desgastada e vem carregada de informações pejorativas: é algo que não serve para

mais nada, que foi rejeitado, que teve um uso e deve simplesmente ser abandonado, se possível, muito longe dos

olhos humanos. São os dejetos sem valor ou utilidade.

É isso mesmo? Pois é, durante muito tempo o lixo foi visto como acima descrito, como restos inúteis, mas

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sabemos que nos dias atuais grande parte desses materiais podem ser aproveitados e introduzidos novamente na

cadeia industrial, dando sustento para milhares de pessoas que retiram daí sua sobrevivência. Temos o caso recente

do lixão de Gramacho, o maior da América Latina, que foi, recentemente, desativado e as pessoas que trabalharam lá

precisam ser requalificadas para exercer novas atividades.

Esse é um dos problemas mais graves para as sociedades contemporâneas. Mesmo com a reciclagem, a quan-

tidade de lixo produzido é tão grande que não se sabe mais o que fazer com tudo isso.

Recentemente, tivemos o caso de containers que chegaram ao Brasil, vindos da Inglaterra, cheios de lixo, e, ao

serem identificados, foram retornados ao país de origem.

Temos muitos casos de lixo produzido por um país e exportado para outro de forma ilegal ou até legal, quando

o país recebe valores para depositar o lixo estrangeiro em seu território.

Outra questão que a sociedade como um todo deve analisar é que o trabalho dos lixeiros tem baixa remune-

ração e, só damos valor a eles, quando há uma greve de reivindicação por melhores salários. O lixo espalhado pelas

cidades pode causar uma série de problemas, como segue: doenças provocadas por baratas e ratos, mau cheiro pela

decomposição de matéria orgânica, como restos de alimentos, contaminação do solo e das águas, no caso de chuvas,

por exemplo, que podem levar produtos tóxicos de encontro a reservatórios de água.

Tudo isso sem falar do lixo hospitalar que deve ter um tratamento especial, por ser extremamente perigoso à

saúde pública. Em muitos municípios brasileiros, ainda se mistura esse tipo de lixo com o comum, o que pode ser

considerado gravíssimo. A incineração (provoca poluição do ar) é a única saída para a resolução dessa situação.

O lixo inorgânico, como plásticos, papéis e alumínio, por exemplo, deve ser reciclado, já o orgânico pode ser

reaproveitado como adubo ou fertilizante, após ser enviado a uma usina de compostagem.

133
Geografia
Qual é a responsabilidade do ser humano por essa realidade?
Fonte – Atila Barros / Montanha.Bio

O lixo é um dos problemas atuais que depende da atuação dos governantes para a sua solução e depende do

grau de desenvolvimento dos países no seu reaproveitamento.

O reaproveitamento do lixo tem garantido o sustento de muitas famílias por todo o Brasil.
Fonte – Sebrae / GO

i. ÁGUA

Não há elemento na natureza mais importante do que a água. Nosso corpo, em grande parte, é formado por

água; a Terra, apesar de se chamar Terra, tem mais de setenta por cento de sua superfície coberta por água e não há

ser vivo que resista sem o consumo de água. Água, água, água, o mais vital dos elementos minerais.

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Como sabemos, a maior parte da água do planeta é salgada (97,5%) e localiza-se nos oceanos, já a água doce

tem uma pequena parcela congelada nos Polos Sul e Norte e no alto das maiores montanhas. Por outro lado, temos

rios, lagos e lagoas, além das represas criadas pelos seres humanos.

Nos dias atuais, fala-se muito que a água do planeta vai acabar, mas o que devemos considerar é que a potável,

essa sim, pode acabar se continuarmos a contaminá-las. Aproximadamente, um bilhão de seres humanos tem

dificuldades para ter acesso à água de qualidade para consumo diário. Esse é um problema que pode aumentar se

houver alterações climáticas, o que parece estar em curso e se continuarmos a contaminar os lençóis de água existentes

no

subsolo e rios.

Não devemos nos esquecer de que o Brasil é um país com grandes reservas de água, especialmente nas bacias

hidrográficas do Amazonas e do Paraná, além do aquífero Mercosul, que abrange grande parte do subsolo das regiões

centro-oeste, sudeste e sul do Brasil, além de Paraguai, Uruguai e Argentina.

A contaminação de um rio ou mar ocorre por falta de saneamento básico, quando os dejetos residenciais são lançados a

esmo nessas reservas de água ou até por indústrias que descarregam seus detritos sem nenhum cuidado

com esses mananciais.

O aquífero Gurani ou Mercosul é considerado uma das maiores reservas de água subterrânea do mundo (mapa sem escala, nem rosa
dos ventos)
Fonte – Academus.com.br

Os casos da baía da Guanabara, no Rio de Janeiro e do rio Tietê, em São Paulo, são exemplos da desatenção dos

governos municipais, estaduais e federais com um recurso natural vital para a sobrevivência do homo sapiens. Vários

135
Geografia
milhões de reais foram investidos na tentativa de recuperar essas reservas de água, mas não se vê resultados

concretos.

No Brasil, mais da metade das residências não tem qualquer tipo de coleta de lixo e esgoto, tornando-se um

grave problema de saúde pública e de dejetos que são lançados na natureza sem qualquer cuidado.

Como um bom exemplo de solução e limpeza de rio, temos o caso do Tâmisa, que passa pela cidade de Lon- dres, na

Inglaterra, que sofreu grande contaminação desde o início da Primeira Revolução Industrial, mas que por ação

concreta de seus governantes, foi quase que totalmente recuperado e devolvido em boas condições para a população.

As soluções existem, mas a ação dos governos depende de pressão da sociedade para que a qualidade de vida

melhore e um bom início dá-se com a garantia de acesso a água tratada e potável para todos os cidadãos. j. DESMATAMENTO

Uma das situações mais preocupantes no mundo atual é o crescente desmatamento das florestas por todo o

planeta. Vários são os motivos que levam seres humanos às seguintes ações: incêndios (um agricultor queima uma

parte da floresta e perde o controle sobre o fogo); queimadas (criminosos, intencionais, muitas vezes); implantação de

usinas hidrelétricas (para a criação de uma represa, uma vasta área é inundada); garimpos e mineração (em busca de

metais preciosos, áreas da floresta são devastadas); projetos agropecuários (a mata é substituída por pastagem para

gado); extração de madeira (retirada de madeira nobre para venda e obtenção de altos ganhos). Toda essa conjuntura,

muitas delas ilegais, leva a extinção de fauna e flora.

No caso do Brasil, há indicações de que já foi retirada 12% da floresta amazônica e resta apenas 5% da Mata

Atlântica. Esses números significam que o Brasil, por ter a maior floresta equatorial do mundo, tem grande responsa-

bilidade na manutenção das florestas e deve trabalhar de forma sustentável, como discutiremos abaixo.

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A mineração e a agropecuária tem exercido grande pressão sobre o desmatamento


Fonte – Imazon

Atualmente, o grande debate no Brasil sobre as reservas naturais ocorre com relação à entrada em vigor do

Código Florestal brasileiro, cujo teor facilita a destruição dos ecossistemas nacionais.

137
Geografia
A crise ambiental, o consumo e o ser humano
1. O fenômeno de EL Niño altera a dinâmica da movimentação das massas de ar, provocando a modificação da

distribuição de chuvas. Assinale a alternativa com as consequências causadas por este fenômeno.

a. seca/enchentes.

b. reflorestamento/enchentes.

c. calor/grande produção de alimentos.

d. enchentes/migração da população.

Dinâmica da Paisagem: as
Transformações do Relevo e os
Desastres Naturais

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Os agentes de produção/
transformação do relevo
O Planeta Terra tem diferentes formas de vida e encontra-se em cons-

tante transformação, tanto no interior quanto na superfície do Planeta que é o

conjunto de lugares onde vivemos.

Mas como este planeta foi formado? Como a superfície da Terra adquire

formas diferentes? Quais são os agentes que produzem e transformam a su-

perfície da Terra?

São muitas perguntas com diferentes respostas. Em todas as culturas e


sociedades, existentes no Planeta Terra, essas perguntas já foram motivo de questionamento e cada grupo em seu
devido momento histórico criou uma explicação ou um conjunto de explica-

ções sobre o tema.

Geralmente, as respostas eram dadas por religiosos que criaram mitos de criação da Terra. O mais conhecido em

nossa sociedade é o da criação da Terra em sete dias, descrita no livro da Gênesis na Bíblia adotada por cristãos e
judeus.

Porém, não vamos trabalhar a visão da mitologia ou de uma religião em específico. Vamos compreender a

evolução e formação da Terra a partir da ciência geográfica.

Diferentes áreas do conhecimento, como: a Geografia, a Física, a Química, a Geologia, a História têm tentando

traçar um perfil de como e em quais circunstâncias o Planeta Terra foi formado e criado.

Para a ciência geográfica, a formação do Planeta Terra ocorreu a cerca de 4,6 bilhões de anos atrás, quando uma

densa nuvem de gás e poeira deu origem ao Sol, que é a estrela que ilumina o nosso planeta.

A quantidade gigantesco de poeira e gás não se reuniu apenas no Sol, mas criou diversos planetas que compõem

o que chamamos de sistema solar. Uma estrela principal, o Sol, oito planetas solitários e seus satélites entre

outros tipos diferentes de corpos celestes.

O Planeta Terra é um destes oito planetas e tem um único satélite, a Lua. Até 2006, Plutão era considerado um

planeta. Neste ano, os astrônomos que são cientistas que estudam o universo e seus diferentes corpos celestes

rebai- xaram Plutão para a categoria de planeta anão, diferentes dos demais oito planetas.

O material que deu origem ao Planeta se encontrava sobre altas temperaturas, portanto, em estágio líquido e

139
Geografia
gasoso. Porém, na medida em que todo esse material se
juntava, as temperaturas foram caindo e o parte do ma-
terial passando do estado líquido e gasoso para o estado

sólido.

Há 4 bilhões de anos a parte externa do planeta, a

crosta terrestre já solidificada começou a adquirir dife-

rentes formas. Mas até hoje o interior do planeta continua

em estado semissólido, líquido e gasoso, submetido a al- tas

Figura 02: Sistema Solar temperaturas


e pressões como podemos observar na figura

a seguir.

Com o passar dos bilhões e milhões de ano, a crosta ter-

restre foi se tornando mais espessa, tendo desde 5 km de

espes- sura nas áreas dos oceanos até 30 km de espessura nas

áreas do interior dos continentes. O interior do planeta como

já foi dito anteriormente continua sob altas temperaturas e

pressões e ao longo das eras geológicas, os vulcões emitiram

gases que formaram a nossa atmosfera, camada de gases


que

envolve o planeta.

Figura 03: Estrutura Interna do Planeta Terra Há cerca de 3,5 bilhões de anos, grande parte da superfí-

cie do planeta já se encontrava solidificado, mas tinha uma for- ma continental muito diferente da atual.

1
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“O relevo da Terra não se modifica. As formas de relevo que temos hoje são as mes-

mas do início do Planeta.” Essa afirmação é correta ou incorreta? Justifique sua resposta.

O Japão, país asiático é um dos países mais afetados por eru pções vulcânicas, terre-

motos e maremotos. Quais são os motivos que explicam essa situação?

(Universidade Federal do Amazonas – 2008) Os agentes internos que participam na

Geografia
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O relevo brasileiro
O Brasil por sua dimensão continental apresenta diferentes formas de relevo em seu território nacional. Uma

das características principais do relevo no Brasil é a sua formação geológica antiga. Tanto as rochas como as estruturas

da crosta terrestre são muito antigos, do inicio da formação do planeta. Relembrando o tema das Eras Geológicas en-

contramos no país rochas que foram formadas nos Períodos Pré Cambriano, a mais antiga Era Geológica até períodos

recentes.

Os estudos sobre a formação do relevo no Brasil são relativamente recentes. Na década de 40, o geógrafo bra- sileiro

Aroldo de Azevedo (1910-1974), professor da Universidade de São Paulo produziu a primeira classificação do relevo

brasileiro. Este estudo dividiu o país em sete unidades de relevo:

1. Planalto das Guianas

2. Planalto Central

3. Planalto Atlântico

4. Planalto Meridional

5. Planície Amazônica

6. Planície do Pantanal

7. Planície Costeira

Os planaltos ocupavam 59% do território brasileiro

enquanto que as planícies os 41% restantes. Os planaltos


Figura 12: Divisão do Relevo Brasileiro, segundo Aroldo de
eram considerados superfícies acima de 200 metros de al- Azevedo (1949) titude em relação ao nível do mar, de
formação geológica

antiga e bastante erodidos pela ação do intemperismo. As planícies eram consideradas superfícies planas abaixo de 200

metros de altitude. A altitude em relação ao nível do mar definia as formações de relevo entre planaltos e planí- cies,

conforme a figura a seguir.

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Geografia
Questão 1 (ENEM 2011)
Um dos principais objetivos de se dar continuidade às pesquisas em erosão dos solos é o de procurar resol- ver
os problemas oriundos desse processo, que, em última análise, geram uma série de impactos ambientais. Além
disso, para a adoção de técnicas de conservação dos solos, é preciso conhecer como a água executa seu

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trabalho de remoção, transporte e deposição de sedimentos. A erosão causa, quase sempre, uma série de
problemas ambientais, em nível local ou até mesmo em grandes áreas.

GUERRA, A. J. T. Processos erosivos nas encostas. In: GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B. Geomorfologia: uma
atuali- zação de bases e conceitos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007 (adaptado).

A preservação do solo, principalmente em áreas de encostas, pode ser uma solução para evitar catástrofes em

função da intensidade de fluxo hídrico. A prática humana que segue no caminho contrário a essa solução é a. ( )
a aração.

b. ( ) o terraceamento.

c. ( ) o pousio.

d. ( ) a drenagem.

e. ( ) o desmatamento.

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Geografia
Recursos Hídricos

A Dinâmica Ambiental: o Ciclo da Água, as


Transformações no Relevo e as Bacias Hidrográficas
A água é um dos recursos naturais mais utilizados pelo homem. Ela está presente em todos os dias de nossa vida

e em todos os cantos do planeta, até mesmo nas regiões mais secas.

A água é formada por dois elementos químicos, o hidrogênio e o oxigênio. A água é essencial para todos nós

seres humanos e para todas as formas de vida do planeta e se encontra em três estados:

 Líquido: é a forma mais comum encontrada nos oceanos, mares, rios.

 Sólido: ocorre em regiões de clima com temperaturas mais frias, como a Antártida e o Ártico. O gelo, a neve e a

geada são água em estado sólido.

 Gasoso: presente no vapor de água da atmosfera e na evaporação da água da superfície terrestre para as nuvens

e atmosfera.

A água em estado líquido cobre 71% da superfície terrestre através dos oceanos e mares. Nas áreas continen- tais,
a

água é encontrada nos rios, ribeirões, lagos, lagoas e demais cursos hídricos superficiais, nos aquíferos que são depósitos

de água doce no subsolo, nas geleiras, calotas polares. Na atmosfera que envolve todo o planeta a água é encontrada no

vapor de água, nas nuvens e nas precipitações (chuva).

Figura 1: Lago no continente europeu, um dos diversos cursos d´água existentes no Planeta Terra.

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A água também se encontra presente em nosso organismo e nos demais seres vivos. Esse recurso tão impor-

tante e essencial para a vida na Terra se move continuamente no chamado Ciclo da Água.

O calor do sol provoca a evaporação ou evapotranspiração dos rios, lagos, lagos, oceanos, mares, lençóis freá- ticos,

seres vivos, calotas polares. A evaporação ou evapotranspiração é a passagem da água do estado líquido para o gasoso,

quando ela assume a forma de vapor de água.

O vapor de água menos denso que a água em estado líquido ou sólido sobe para as camadas mais altas da at-

mosfera terrestre formando nuvens. A diferença de temperatura entre a superfície terrestre mais quente e a atmosfera

mais fria provoca a condensação das nuvens, ou seja, o vapor de água retorna ao estado líquido e se precipita (chuva)

novamente na superfície terrestre ou sobre os oceanos e mares.

Desta forma, a água retorna para a superfície terrestre e escoa de duas formas: na superfície terrestre sob a

forma de enxurradas (escoamento superficial) ou se infiltra no solo e nas rochas abaixo dele formando os chamados

lençóis subterrâneos ou freáticos.

lençóis subterrâneos ou freáticos

O lençol freático ou lençol de água subterrânea é caracterizado como um reservatório de água subterrânea decorrente da in-
filtração da água da chuva no solo nos chamados locais de recarga. Nos lençóis freáticos ou “aquíferos artesianos livres” não há
confinamento, a água flui livremente e, eles geralmente se encontram há uma profundidade não muito grande. Quando isso ocorre
e eles se encontram muito próximos à superfície, pode acontecer da água “brotar” formando uma nascente. Os reservató- rios
subterrâneos geralmente têm uma água bastante limpa devido à filtração natural que ela sofre ao escorrer pelo solo poroso. Tanto
é que as águas minerais podem ser consumidas sem necessidade de tratamento. Mas, nas grandes cidades, ou mesmo no campo
devido ao uso de agrotóxicos, a qualidade da água presente nos lençóis freáticos é bastante prejudicada, principalmente junto aos
lixões.

Fonte: http://www.infoescola.com/hidrografia/lencol-freatico/ em junho de 2012.

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Geografia
Em países e regiões onde o clima apresenta temperaturas mais frias, a precipitação de água da atmosfera pode

ocorrer também em estado sólido na forma de flocos de neve ou pedras de granizo (gelo).

O escoamento da água seja ele superficial ou subterrânea irá ser direcionado para os diversos cursos hídricos

que formam a chamada bacia hidrográfica: nascente, córrego, ribeirão, riacho, rio, lagoa ou lago, rio até chegar ao mar.

O ciclo da água é contínuo começando pela evaporação ou evapotranspiração, condensação (formação das nuvens),

precipitação (chuva), escoamento superficial, infiltração e escoamento subterrâneo, nascente, bacia hidro- gráfica,

mar e novamente o ciclo recomeça.

Figura 2: Ciclo da Água

bacia hidrográfica

Bacia Hidrográfica ou Bacia/ Rede de Drenagem é conjunto de terras e cursos de água que fazem a drenagem/ escoamento da água
das chuvas para os diferentes cursos da água até chegar a um rio maior ou o mar.

A bacia hidrográfica é formada através do escoamento da água pelo relevo terrestre. Como o relevo é irregular

(montanhas, planaltos, planícies, depressão), os desníveis do relevo orientam os cursos de água das áreas mais eleva- das

para as menos elevadas em relação ao nível do mar.

Toda bacia hidrográfica tem um rio principal (o maior e mais importante) e uma série de tributários, que são rios
e cursos de água menores que contribuem para aumentar o volume do rio principal. Existem no planeta milhares de
bacias hidrográficas separadas pelos chamados divisores de águas.

Divisor de águas

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Divisor de águas: cumeeiras dos morros e serras, onde duas vertentes encontram -se e a partir das quais o fluxo das águas
superficiais se dá em sentidos opostos. O conjunto dos divisores de águas de uma área individualiza uma bacia hidrográfica.

Fonte: http://www.dicionario.pro.br/dicionario/index.php/Divisor_de_%C3%A1guas e m junho de 2012.

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Os rios brasileiros são utilizados em grande escala para a gera ção de energia hidro-
elétrica. Por qual motivo há este tipo de aproveitamento dos rios?

Mudanças climáticas globais e


gestão de riscos
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Geografia
Variação ou caos climático?
Leia os trechos de reportagens a seguir.

Reportagem 1

Caos climático
Inundações causaram danos em diferentes regiões dos Estados Unidos. Um dilúvio no Paquistão atingiu 20 milhões

de pessoas. E ondas de calor cozinharam o leste dos EUA, partes da África, da Ásia Oriental e, sobretudo, a Rússia, onde

milhões de hectares de trigo foram perdidos e milhares de pessoas morreram por causa da pior seca da história do país.

Fonte: Estadão.com.br de 18 de agosto de 2010.

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,no-caos-climatico-evidencias-do-aquecimento-global,596563,0.htm Aces- so em
25/08/2012.

Reportagem 2

Tudo ao mesmo tempo

É o caos climático, no Brasil e no mundo. No front interno, tivemos cidades riscadas do mapa no interior

do Nordeste por conta de violentas enchentes, graves deslizamentos no Rio de Janeiro e ao longo do litoral até Santos

e forte seca no Centro-Oeste. Tivemos ainda frio alpino no sul do Brasil com neve em muitas cidades, quando o normal

vinha sendo haver neve em anos alternados em uma cidade aqui agora, e outra ali não sei quando. No front externo,

uma onda de frio polar transformou a Grã-Bretanha numa mancha uniformemente branca no mapa. Um iceberg de

quatro vezes o tamanho da ilha de Manhattan se desprendeu no oceano Ártico, modesto em relação ao de 2.500 km2

que se desprendeu no polo oposto, na Antártica, em fevereiro.

Fonte: Revista Ciência Hoje de 20/08/2010. Disponível em http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/terra-em-transe/tudo-ao- -


mesmo-tempo-agora/ Acesso em 25/07/2012.

O cenário parece assustador, não é mesmo?! Mas não se apavore, preocupe-se.

Em primeiro lugar, precisamos entender o que está acontecendo no nosso planeta.

Geografia
Parece não haver muita dúvida quanto ao fato de que o planeta Terra tem enfrentado, nas últimas décadas, alguns eventos

extremos: secas, enchentes, furacões, degelo etc. Evidências estatísticas de que nosso Planeta está aquecendo não faltam. Em um

estudo do governo americano foi demonstrado que, nas últimas décadas, grande parte da América do Norte observou mais dias

e noites quentes, menos dias e noites frios e menos dias gelados, além de chuvas mais frequentes e mais intensas. Na figura 1, os

gráficos apresentam a intensidade das chuvas entre 1900 e 2005.

Observe que elas se tornaram mais intensas nas seis regiões selecionadas.

Figura 1 – Variações climáticas extremas.


Fonte: Weather and Climate Extremes in a Changing Climate. US Climate Change Science Program. Jun./2008. Disponível em http://
downloads.climatescience.gov/sap/sap3-3/sap3-3-final-all.pdf Acesso em 05/08/2012. Adaptado.

A se confirmar essa tendência de um clima mais quente, ou seja, o aquecimento global, as áreas úmidas ficarão

mais úmidas, enquanto as regiões secas tornar-se-ão mais secas.

Mas como assim confirmar?

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Pois é, apesar de a maioria dos cientistas concordarem que alguns eventos extremos estão ocorrendo, não há,

contudo, concordância quanto à origem dessas mudanças.

Para muitos estudiosos, o planeta Terra vive mais uma etapa do seu ciclo de vida. Este grupo é chamado de “os céticos”,
pois é contrário à hipótese de ambientalistas que defendem a tese do aquecimento global como efeito da ação humana. Para
eles, o clima da Terra sempre se caracterizou por uma grande variabilidade, muito antes de o homem começar a queimar
combustíveis fósseis.

Vocabulário

descrente; que não acredita.


Cético

Hipótese algo que se supõe, dependendo de comprovação.

A história do aquecimento global é baseada em um conceito físico que não existe, e não se consegue fazer evidência desta
existência. É uma grande balela. Os cientistas perguntam onde estão as provas desta exis- tência, e o lado de lá [cientistas
e ambientalistas que acreditam] há 26 anos não nos apresentam”, crava o especialista. “A força que eles conseguiram para
manter esta ideia vem do caos ambiental. O aquecimento global se tornou o mal para todos os problemas da sociedade,
e isso é ridículo. (Entrevista do climatólogo da USP, Ricardo Felício, ao Diário Comércio Indústria e Serviços.
Disponível em http://www.dci.com.br/aquecimento-global-e-uma-grande-mentira,-diz-doutor-em-clima- tologia-da-uspid294697.html
Acesso em 5/07/2012. Adaptado.)

151
Geografia
O climatólogo Ricardo Fel ício foi entrevistado no “Programa do Jô”. Neste programa ele apres enta ar - gumentos
contrários à tese do aquecimento global, afirmando que não há provas concretas desse fenômeno. Para saber

mais detalhes, assista à entrevista acessando o link http://programadojo.globo. com/videos/v/o-aquecimentoglobal-e-uma-


mentira-e-o-que-afirma-o-climatologista-ricardo-au- gusto/1930554/

Para outro grupo de estudiosos, as intervenções humanas seriam as responsáveis pelos eventos observados. Segundo eles, os

gases do efeito estufa, principalmente o CO2, provocam o aquecimento da atmosfera com efeitos sobre a

circulação dos ventos e das águas oceânicas. Resultado? Os climas da Terra deixam de ser como nós os conhecemos.

Se alguém me perguntar se, pessoalmente, acho que a intensa onda de calor na Rússia tem a ver com as mudanças
climáticas, a resposta é sim. Mas ao me perguntar se, como cientista, tenho provas disso, a res- posta é não, pelo menos
até agora, diz Gavin Schmidt, pesquisador da Nasa.
Fonte: Jornal da Ciência. SBPC. 18/08/2010. Disponível em http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=72905 Acesso em 25/07/2012.

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Domínios
Morfoclimáticos do Brasil

As regiões naturais no Brasil


Então vamos lá!

Como falamos, além da latitude, existem outros fatores que contribuem para a variação dos climas na Terra:

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Geografia
a altitude (relevo), a maritimidade ou continentalidade (maior proximidade ou distanciamento ao mar), as correntes

marítimas e as massas de ar, além da ação humana.

O resultado da combinação de alguns desses fatores climáticos pode ser observado em diferentes regiões

naturais, como veremos.

Analise a seguir as reportagens que falam de eventos climáticos ocorridos em diferentes regiões do Brasil.

O Instituto Nacional de Me- A terra sem verde, os rios sem Uma frente fria voltou a cobrir Governo do Estado declara teorologia (Inmet)
registrou... água e os animais magros ou o Sul do país... Houve registro como situação de emergência baixos índices de umidade re-
mortos pelos pastos do sertão de neve em São Joaquim, com a região pantaneira de Corum- lativa do ar na capital federal... denunciam que
é época de temperatura mímina de -2,2ºC. bá, afetada por enchentes... a situação da baixa umidade seca no Nordeste... No
sertão No Rio Grande do Sul, nevou também considerou o aumen- do ar em Brasília é considerada alagoano, rios como o Traipu nas cidades
de Bom Jesus e to gradual das águas dos rios... critica... Com a baixa umidade e o Ipanem estão secos. Na São José dos Ausentes... a
tem- que cortam a região, afetando do ar, mesmo as faixas de cer- Bahia e em Pernambuco, açu- peratura era de -1,3ºC. moradores e
a atividade pe- rado existentes dentro da cida- des... também secaram ou es- cuária... diminuiu as áreas de de são vítimas de incêndios.
tão prestes a secar. pastagens provocando mortes e perda de peso do rebanho...

Fonte: Agência Brasil Fonte: UOL Notícias. Fonte: G1 Fonte: ALMS,

Vamos tentar listar algumas características das regiões apresentadas nas reportagens: nas serras gaúchas: bai- xas

temperaturas e ocorrência eventual de neve no inverno; no sertão nordestino: elevadas temperaturas e irregulari- dade

pluviométrica com período de seca esporádico; no planalto Central: baixa umidade do ar no inverno; na planície do Pantanal:

período chuvoso com enchentes periódicas.

As regiões retratadas nas reportagens reúnem condições climáticas que as distinguem umas das outras. Então, para

estudá-las, é necessário analisar suas características uma a uma, em seus detalhes? Isso é possível, porém muito trabalhoso.

O conhecimento das diferentes dinâmicas climáticas é de grande importância, mas, para que os governos possam planejar

melhor as intervenções sobre essas porções do espaço nacional, muitas vezes, é necessário observar também suas semelhanças.

Então quer dizer que a partir da observação de características semelhantes podemos reunir algumas porções do

território brasileiro? Podemos sim, e essa é uma das principais ferramentas utilizadas pela geografia, a regionalização.

Nesse caso, você sabe o que significa regionalizar? Dividir em regiões, ou melhor, identificar porções do espaço

com determinadas semelhanças.

Assim, podem existir tantas regiões quantas o homem quiser propor. A variabilidade de divisões possíveis é

quase infinita.
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Geografia
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Uma conclusão importante é a de que a região não é uma divisão natural, algo inevitável, ela pode variar de

acordo com os objetivos e propósitos de quem a define.

Vamos ver um exemplo. Muita gente fala da região Nordeste do Brasil que com certeza você conhece. Existe uma região

Nordeste definida pelo IBGE (mapa 2) e uma região Nordeste proposta pelo geógrafo Pedro Geiger, em 1967 (mapa 3).

Compare os mapas. Eles apresentam as mesmas regiões? A região Nordeste que aparece nas duas regionaliza- ções tem os

mesmos limites?

Figura 2: Regiões IBGE.

Figura 3: Regiões Geoeconômicas.

157
Geografia
Não, em cada mapa foram representadas diferentes regiões e mesmo as delimitações para a região Nordeste, que aparecem

nos dois mapas, não são iguais.

Mas será que existe apenas este tipo de região?

Além das regiões definidas segundo critérios socioeconômicos (tipo de economia, características da organi- zação social,

condições de vida), existem também regiões definidas segundo critérios naturais (tipo de vegetação, condições climáticas etc.).

Na próxima seção vamos conhecer algumas propostas.

Assim como no caso das regiões socioeconômicas, as regiões naturais podem ser delimitadas a partir de crité-

rios variados, podendo existir inúmeras regionalizações que levem em conta critérios naturais.

As mais conhecidas formas de regionalização dos ambientes naturais são os biomas e os domínios morfocli-

máticos. Apesar de se assemelharem, essas duas regionalizações têm significados diferentes.

Os biomas (bio = vida + oma = grupo) correspondem a um conjunto de vida (vegetal e animal), sendo defini-

dos pelo agrupamento de tipos de vegetação e pelas condições geológicas e climáticas similares (mapa 4).

Figura 4: Mapa - Biomas. Fonte: IBGE.

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Os domínios morfoclimáticos brasileiros


Com certeza você já conhece algumas das características das principais paisagens naturais brasileiras.

Com base nesses seus conhecimentos, analise as imagens a seguir e tente identificar alguns elementos que

caracterizam cada um dos fragmentos da paisagem retratada.

Figura 8 – Amazônia.

Figura 9 - Xique-xique. Município brasileiro do estado da Bahia.

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Figura 10 – Cerrado.

Figura 11 – Araucárias.

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Figura 12 – Zona da Mata.

Figura 13 – Pampas.

Nas figuras, certamente, você observou uma vegetação mais densa em algumas paisagens, noutras uma vege-

tação rasteira, além de outras características.

Como vimos, as características naturais são a base da regionalização em domínios morfoclimáticos.


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Geografia
(TJ/SC-2010)

“Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro,

estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco a

viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra.” (Graciliano Ramos

- Vidas Secas.)

O texto de Graciliano Ramos descreve o aspecto de uma das paisagens climatobotânicas do Brasil identificada

no mapa a seguir:

Os Grandes Domínios Morfoclimáticos De acordo com o mapa e a paisagem relacionada com o texto, assinale

a única alternativa correta:

a. A paisagem descrita, identificada com o nº 1, corresponde a uma faixa de transição dos domínios morfocli-

Geografia
máticos do Brasil, pois ali encontramos uma síntese da fauna e flora do país.

b. A paisagem descrita, identificada com o nº 3, corresponde aos cerrados do Brasil Central, onde predomi-

nam espécies como os juazeiros.

c. A paisagem descrita identifica a Mata Atlântica que corresponde ao nº 5.

d. A expressão “rio seco” caracteriza a paisagem identificada com o nº 2, típica do interior dessa região, por isso conhecida

como sertão.

e. A paisagem descrita no texto corresponde ao nº 4 e retrata o domínio da caatinga, área de clima semiárido

do sertão nordestino.

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Gabarito: (E) A paisagem descrita no texto corresponde ao nº 4; retrata o domínio da caatinga, área de clima
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semiárido do sertão nordestino.

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Nacionalismo, Xenofobia e Guerras no


século XX
A Primeira Guerra (1914-1918): “As luzes se apagam na
Europa”
Imagine viver em um momento da História visto por muitos homens da época como o fim do mundo ou os últimos dias da

humanidade. Essa era a sensação sombria daqueles que vivenciaram o período da Grande Guerra, como era conhecida a I Guerra

Mundial. Tanto que o secretário de Relações Exteriores da Grã-Bretanha declarou, ao observar um momento em que seu país

estava em luta contra a Alemanha: “As luzes se apagam em toda a Europa”.

A Europa entra nessa “longa noite” ao iniciar um conflito bélico em dimensões nunca antes vistas. A História não conhecia

até então guerras com alcance mundial. Em 1914 tudo mudou. A I Guerra envolveu todas as grandes potências e quase todos os

Estados europeus. Além disso, países dos outros continentes, tais como Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Índia, China, EUA e África

enviaram tropas e trabalhadores, se envolvendo diretamente na guerra. Pelo mar, as guerras navais e submarinas também deram

o tom global desse conflito.

Mas a escuridão que tomava conta da Europa em 1914 fazia parte de um processo anterior. Podemos indicar, em primeiro

lugar, a formação de Estados Nacionais tardios, como Alemanha e Itália, que só se unificaram no século XIX. Essas potências tinham

ficado em desvantagem na partilha imperialista realizada na Ásia e na África, sendo-lhes deixados territórios desvalorizados para

exploração. A Alemanha, por exemplo, reivindicava a redivisão do território partilhado. Afinal, não podemos esquecer que possuir

colônias representava ter um mercado consumidor privilegia- do para os produtos industrializados, além de matérias-primas

baratas – dois fatores muito importantes para países

industrializados.

As tensões geradas por esse cenário deram início a uma corrida armamentista conhecida como Paz Armada. Outro fator

importante que lançou a Europa rumo às armas foram as rivalidades anteriores entre as nações. Os con- flitos foram responsáveis

pelo despertar de um sentimento nacionalista exacerbado. O nacionalismo é um princípio que sustenta a unidade política e cria um

sentimento de pertencimento. No período estudado, o patriotismo, o amor a Pátria, foi incentivado nas escolas primárias e

secundárias através de uma propaganda nacionalista. Mas muitas vezes essa ideia é radicalizada e o nacionalista passa a acreditar

que sua nação é melhor ou superior às outras. Neste caso, o nacionalismo pode resultar na xenofobia e racismo, levando a

perseguições ao outro e gerando conflitos.

Paz Armada

História 163
Paz Armada é uma expressão utilizada para caracterizar a ausência de guerras envolvendo mais de duas potências europeias, do fim da Guerra Franco-Prussiana
(1870-1871) até a eclosão da I Guerra Mundial em 1914, daí o termo “Paz”. Ao mesmo tempo, nesse período se intensificava a produção de armas em larga escala
nas indústrias – por isso o uso da palavra “Armada”.

História 1
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Nesse contexto de consolidação de identidades, alguns Estados buscavam aproximações e criavam mecanis- mos de ajuda

mútua com países que consideravam seus aliados e ao mesmo tempo acentuavam-se as rivalidades entre

aqueles que eram tidos como seus opositores. Assim, por um lado tínhamos:

 Pan-germanismo. Proposta de aproximação dos germânicos da Alemanha e do Império austro-húngaro.

 Pan-eslavismo. Proposta de aproximação dos povos eslavos, com a Rússia fornecendo apoio à Sérvia.

E, por outro lado, os principais antagonismos dos países posteriormente envolvidos na I Guerra:

 Anglo-germânico. A Alemanha, unificada tardiamente, se joga na corrida imperialista e ameaça a hege-

monia inglesa.

 Franco-alemão. Associado ao Revanchismo francês, sentimento causado pela derrota na Guerra Franco- Prussiana.

Além da derrota, a França perdeu territórios, como a Alsácia e Lorena, região rica em minério de ferro, para a recém-

fundada Alemanha. Para piorar, a criação da Alemanha aconteceu dentro do salão de espelhos do Palácio de Versalhes,

símbolo do poder francês desde Luís XIV, o Rei Sol.

 Austro-russo. Gira em torno do apoio russo dado à Sérvia, foco de ações nacionalistas antiaustríacas.

 Russo-alemão. Disputa em torno do Estreito de Dardanelos.

 Austro-sérvio. A Sérvia fomenta agitações nacionalistas dentro do Império Austro-Húngaro.

Essas rivalidades resultaram na formação de alianças que dividiram a Europa em dois blocos antagônicos:
Trípli-

ce Aliança (Alemanha, Itália e Império Austro-Húngaro) e Tríplice Entente (França, Grã-Bretanha e Império Russo).

História 165
Figura 4: Países da Tríplice Entente e da Tríplice Aliança

Figura 5: Francisco Ferdinando e sua esposa pouco antes de morrer

A I Grande Guerra apresentou várias novidades em termos de estratégias e recursos bélicos. Aviões, submari- nos, tanques,

metralhadoras foram empregados de maneira inédita em um conflito de grandes proporções. As movi- mentações das tropas

também seguiam uma nova lógica. Pela movimentação rápida e o deslocamento dos alemães – que pretendiam vencer a guerra

rapidamente – em duas frentes, o primeiro ano da guerra é conhecido como Guerra de Movimento (1914-1915). A estratégia militar

alemã era adotar uma campanha relâmpago. A tática quase deu certo. As tropas alemãs avançaram sobre a França e foram detidas

a alguns quilômetros de Paris apenas cinco ou seis sema- nas depois da guerra declarada. Começou aí a chamada Guerra de

Trincheiras, que fixaria a posição alemã na Bélgica e em parte da França. Nenhum dos lados conseguia avançar.

História 1
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Figura 6: 1ª. Guerra Mundial – Máquinas de Guerra

A Frente Ocidental se tornou uma máquina de morte sem precedentes. As

trincheiras tiraram a vida de milhões de homens.

Um exemplo da mortalidade dessa guerra foi a Batalha de Ver- dun (1916) que envolveu 2

milhões de homens e teve 1 milhão de mortos. Os ingleses interferiram para

barrar os alemães nessa ofensiva à França, o que custou à Inglaterra 420 mil mortos. Os

envolvidos no conflito perderam parte de uma geração com me- nos de 30 anos. As

baixas da Primeira Grande Guerra foram: 116 mil americanos; 1,6 milhão de franceses;

800 mil britânicos; 1,8 milhão de alemães.

Com a Frente Ocidental paralisada, os alemães invadiram a

Rússia e obtiveram seguidas e fáceis vitórias. Não tendo a mes- ma

tecnologia de guerra que tinham os alemães, os soldados russos

morreram aos montes. Em 1917, os bolcheviques – grupo

revolucionário socialista russo – tomaram o poder e fizeram uma


Figura 7: As trincheiras
paz em separado com a Alemanha, retirando a Rússia da guerra.

Na Frente Oriental, a Alemanha estava vitoriosa, mas como romper o impasse na Frente Ocidental da guerra? Os dois lados utilizaram

tecnologias para vencer a guerra. Os alemães, sempre fortes em química, levaram os gases venenosos para os campos de batalha. Foi um artifício

bárbaro que causou repulsa da comunidade internacional. E em 1925 a Convenção de Genebra proibiu o uso de armas químicas em campo de

História 167
batalha. A arma que teve efeito im- portante durante a Primeira Guerra foi, de fato, o submarino. Através de ataques submarinos os dois lados

pretendiam matar de fome os civis do lado adversário.

Os submarinos também foram importantes no envolvimento da América na guerra. Atribui-se ao ataque de submarinos

alemães contra navios americanos a entrada dos Estados Unidos na Guerra ao lado da Entente. A saída norte-americana da

neutralidade foi decisiva para o fim da guerra, pois promove um desequilíbrio no conflito. Enfra-

quecida, a Alemanha assina um armistício em novembro de 1918 que põe fim à guerra.

Após os tratados de paz, criou-se um novo mapa europeu, com o fim dos quatro grandes impérios, o russo, o alemão, o

austro-húngaro e o turco-otomano. Além das duras condições impostas por tratados desiguais, todos os derrotados tiveram seus

territórios bem reduzidos. Que tal você dar uma olhada no mapa europeu antes e depois da Guerra, para visualizar as mudanças

geopolíticas na Europa?

Figura 8:

Vários acordos foram impostos pelas potências vitoriosas aos vencidos após o fim da guerra. A maioria dos estudio- sos

entende que eles representaram a semente da Segunda Guerra Mundial, pois foram travados tendo como objetivo uma “vitória

total”. E impregnados de sentimentos nacionalistas, os vencedores não agraciaram os perdedores

História 1
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com concessões.

Vamos tomar como exemplo o mais famoso deles: o Tratado de Versalhes. Esse tratado é específico da Alema- nha e define os termos

de paz para o fim da guerra. O texto afirmava que a Alemanha era “a única culpada pela guerra”. Impunha à Alemanha perdas territoriais, a

perda de todas as colônias, grandes indenizações de guerra, ocupação militar

provisória e restrição quase total à formação de um exército, marinha e aeronáutica.

Essas imposições e punições, além de não serem completamente cumpridas, levaram a insatisfações e tenta- tivas de pôr fim aos acordos

que tinham em si os principais motivos que levaram à II Guerra Mundial, como muitos já previam

mesmo em 1918.

Desemprego, destruição, muitos jovens mutilados pelos horrores da guerra e uma economia destroçada são as consequências nefastas

desse conflito. A Europa saiu da Guerra arrasada financeira e socialmente. Deixou de ser o centro de poder político e econômico, passando esse

posto para os Estados Unidos que se beneficiaram ajudando na

reconstrução da Europa.

História 169
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História
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Questão 1 - (ENEM 2011)

TEXTO I

A Europa entrou em estado de exceção, personificado por obscuras forças econômicas sem rosto ou localiza- ção física

conhecida que não prestam contas a ninguém e se espalham pelo globo por meio de milhões de transações

diárias no ciberespaço. ROSSI, C. Nem fim do mundo nem mundo novo. Folha de São Paulo, 11 dez.

2011 (adaptado).

História 171
TEXTO II
Estamos imersos numa crise financeira como nunca tínhamos visto desde a Grande Depressão iniciada em

1929 nos Estados Unidos.

Entrevista de George Soros. Disponível em: www.nybooks.com. Acesso em: 17 ago. 2011 (adaptado).

A comparação entre os significados da atual crise econômica e do crash de 1929 oculta a principal diferença

entre essas duas crises, pois


a. o crash da Bolsa em 1929 adveio do envolvimento dos EUA na I Guerra Mundial e a atual crise é o resul-

tado dos gastos militares desse país nas guerras do Afeganistão e Iraque.

b. a crise de 1929 ocorreu devido a um quadro de superprodução industrial nos EUA e a atual crise resul-

tou da especulação financeira e da expansão desmedida do crédito bancário.

c. a crise de 1929 foi o resultado da concorrência dos países europeus reconstruídos após a I Guerra e a atual crise se

associa à emergência dos BRICS como novos concorrentes econômicos.

História
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História 173
d. o crash da Bolsa em 1929 resultou do excesso de proteções ao setor produtivo estadunidense e a atual

crise tem origem na internalização das empresas e no avanço da política de livre mercado.

e. a crise de 1929 decorreu da política intervencionista norte-americana sobre o sistema de comércio mun-

dial e a atual crise resultou do excesso de regulação do governo desse país sobre o sistema monetário.

Questão 2 - (ENEM 2008)


Em discurso proferido em 17 de março de 1939, o primeiro-ministro inglês à época, Neville Chamberlain, sus- tentou sua

posição política: “Não necessito defender minhas visitas à Alemanha no outono passado, que alternativa existia? Nada do que

pudéssemos ter feito, nada do que a França pudesse ter feito, ou mesmo a Rússia, teria salvado a Tchecoslováquia da destruição.

Mas eu também tinha outro propósito ao ir até Munique. Era o de prosseguir com a política por vezes chamada de

“apaziguamento europeu”, e Hitler repetiu o que já havia dito, ou seja, que os Sudetos, região de população alemã na

Tchecoslováquia, eram a sua última ambição territorial na Europa, e que não queria incluir

na Alemanha outros povos que não os alemães.”

Internet: <www.johndclare.net> (com adaptações).

Sabendo-se que o compromisso assumido por Hitler em 1938, mencionado no texto acima, foi rompido pelo

líder alemão em 1939, infere-se que

a. Hitler ambicionava o controle de mais territórios na Europa além da região dos Sudetos.

b. a aliança entre a Inglaterra, a França e a Rússia poderia ter salvado a Tchecoslováquia.

c. o rompimento desse compromisso inspirou a política de ‘apaziguamento europeu’.

d. a política de Chamberlain de apaziguar o líder alemão era contrária à posição assumida pelas potências aliadas.

e. a forma que Chamberlain escolheu para lidar com o problema dos Sudetos deu origem à destruição da

Tchecoslováquia.

O Brasil e o mundo entre


1930 e 1950
História 170
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Transformações políticas no Brasil dos anos 1930


Entre 1929 e 1930, a insatisfação dos grupos políticos excluídos do poder aumentou consideravelmente em fun- ção da crise

mundial, em 1929, que atingia o setor agroexportador brasileiro. Agora, com o mundo em crise, quem iria comprar nosso café?

Diante da supersafra e da queda na exportação do café, a solução encontrada foi a compra deste produto pelo próprio governo

brasileiro, a fim de evitar que os preços despencassem e os produtores fossem à falência. Era uma medida que beneficiava

principalmente os paulistas, mas os custos eram assumidos por todos os estados.

Ao lado dos problemas econômicos, Havia a insatisfação política dos setores médios e de jovens militares com a corrupção e

a fraude que assolavam o país. Por outro lado, havia também o descontentamento de grupos oligárquicos que não se beneficiavam

da Política do Café com Leite que favorecia os estados mais ricos, como São Paulo e Minas Gerais.

Neste cenário, as esperanças em relação às eleições presidenciais voltaram-se para o candidato da Aliança Li- beral, o político

gaúcho Getúlio Vargas, que tinha como vice-presidente, o paraibano João Pessoa. No entanto, com o apoio da máquina

governamental e da corrupção, o candidato da situação Júlio Prestes venceu as eleições. E agora? Todos aceitariam a corrupção que

garantia a manutenção das velhas elites no poder?

Claro que não! Muitos se opuseram à vitória do candidato de São Paulo, desde grupos que queriam mudanças no sistema

político, como o movimento tenentista, até pessoas que antes faziam parte desse jogo, como as oligar- quias mineiras. Mas um fato

canalizou todo este descontentamento: o assassinato de João Pessoa. Mesmo não tendo ligação direta com a eleição presidencial

ocorrida, pois foi consequência de uma briga pessoal, a morte serviu como estopim para que o então presidente Washington Luis

fosse afastado da presidência e o poder entregue a Vargas. Começava assim, o governo daquele que mais tempo ficou como

presidente do país. Getúlio Vargas foi presidente em dois momentos: 1930-1945 e 1950-1954. Período de profundas mudanças na

história do Brasil. Vamos conhecê-lo!

História 171
Figura 2: Chegada de Vargas no Catete

Durante o Governo Provisório (1930-1934), Vargas dissolveu o Congresso Nacional, as Assembleias Estaduais e nomeou

interventores para governar os estados. Afinal, como você já sabe, Vargas não poderia governar tendo na direção dos estados

os antigos governadores, favoráveis à política do Café com Leite; o importante era garantir que

seus aliados assumissem o governo das unidades da federação.

Tal atitude, que retirava a autonomia dos estados e evidenciava a tendência centralizadora, somada à demora para a

convocação da constituinte, agravou a insatisfação dos paulistas que haviam perdido o poder. Desejosos de reconquistar seu

lugar no cenário político nacional, em 1932, eles iniciaram um movimento que ficou conhecido como Revolução

Constitucionalista. Os paulistas reivindicavam uma constituição pautada no regime federativo que garantisse a autonomia dos

estados frente ao poder central. O movimento foi derrotado, mas saíram com uma im- portante conquista: no ano seguinte,

Vargas convocou a Assembleia Constituinte. Você sabe o que é uma Assembleia Constituinte? O que mudou na vida da

população com essa nova Constituição? Começaremos a estudar agora o Governo Constitucionalista de Vargas!

O governo constitucionalista e o golpe que instituiu o


Estado Novo
O período de governo que se prolongou entre 1934-1937 é chamado de Período Constitucional ou Governo Constitucional,

devido à promulgação da Constituição de 1934, que tinha caráter liberal e mantinha o princípio do federalismo, garantindo a

autonomia dos estados. Essa constituição teve por fundamento a Constituição alemã da

República de Weimar.

Em relação às condições de trabalho e do trabalhador, a Carta constitucional de 1934 determinou, entre outros

direitos, a jornada de trabalho de oito horas, as férias remuneradas, o descanso semanal.


Em seu Governo Provisório e durante o Período Constitucionalista, Vargas enfrentou algumas organizações po-

líticas, como a da AIB - Ação Integralista Brasileira e da ANL – Aliança Nacional Libertadora. A primeira, sob liderança de

História 172
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Plínio Salgado, era um grupo constituído pelo combate anticomunista e de valorização das ideias fascistas. Enquanto, a ANL, sob a

direção de Luiz Carlos Prestes, estava orientada pela concepção comunista e por ideais nacionalistas.

Neste período, ocorreu o episódio que ficou conhecido como Intentona Comunista, liderado por Prestes. Este

movimento serviu como pretexto para o endurecimento do regime varguista.

Sob o pretexto de combater a ameaça comunista que, segundo o governo, implicaria em conflitos e desordem,

e com o apoio de setores das elites, do exército e de alguns setores dos trabalhadores, Vargas decretou estado de guerra

(que permitia prender qualquer pessoa sem ordem judicial), perseguiu e prendeu opositores, e tomou medi- das que

garantiam sua permanência no poder e a posterior consolidação de um regime autoritário.

Muitos intelectuais, como Graciliano Ramos e líderes do movimento, foram presos e amargaram longo tempo de

prisão e privações. Dentre eles, destaca-se Olga Benário, esposa de Luiz Carlos Prestes, que foi enviada a um campo de concentração

e lá morreu.

A vida militante de Olga Benário foi retratada no li vro Olga, de Fernando Morais, como também no
filme, de Jayme Monjardim, que foi baseado no livro e recebeu o mesmo nome .

A ditadura civil e a crise do Estado Novo


A ditadura civil no Brasil foi concretizada em 1937, quando, tendo como pano de fundo o medo do fantasma

comunista, Vargas apresentou aos ministros uma nova constituição, dando início ao Estado Novo (1937-1945).

Nos primeiros anos da década de 1940, foram ganhando contorno os traços que marcariam a transição de um governo

autoritário para um regime mais aberto. Nesse momento, cresce a preocupação com a popularização da imagem de Vargas, com a

garantia de uma ampla base de apoio entre os trabalhadores através de programas de rádio nos quais se veiculava a imagem de um

governante afeito às demandas do povo. Por sua vez, o próprio governo procurava estratégias para resolver a questão politico-

eleitoral (reivindicações de eleições diretas) de forma a garantir que

Vargas não fosse completamente retirado do poder.

História 173
Segunda Guerra (1939-1945)
A primeira metade do século XX, como você sabe, pode ser descrita por dois grandes conflitos históricos: a Primeira Guerra

(1914-1918) e a Segunda Guerra (1939-1945). Nessa seção, percorremos os motivos que levaram ao segundo conflito mundial e

suas consequências. Vejamos a notícia a seguir:

“Na madrugada do dia 1º de setembro de 1939, as forças armadas alemãs transpuseram a extensa fronteira comum e

invadiram as planícies polonesas com seus tanques. Não houve declaração de guerra. Um incidente forjado na fronteira serviu

como pretexto para o ato agressivo. A Wehrmacht (forças armadas) usou a tática da penetração veloz com tanques (Panzers),

seguidos pela infantaria mecanizada e, por último, pela infantaria a pé, apoiada no ar pelo bombardeamento realizado pela

Luftwaffe (força aérea). As cidades polonesas foram indiscriminadamente atin- gidas. (...). No dia 27, após pesados bombardeios

de terra e ar sobre Varsóvia, veio a rendição dos poloneses. Ocupada a totalidade do território, alemães e soviéticos

encontraram-se em uma linha no meio da Polônia, que ia dos Cárpatos, ao sul, até a Prússia Oriental, ao norte, passando por

Brest-Litovsk. Até 5 de outubro, ainda houve alguma resistência; depois, apenas a guerrilha. Assim, em um mês, a Europa,

horrorizada, passou a conhecer a realidade da Blitzkrieg

(guerra relâmpago). Havia começado a Segunda Guerra Mundial.” (GONÇALVES, 2008:167)

O trecho é uma descrição da invasão da Polônia pelas tropas nazistas alemãs sob o comando do Füher (líder) Adolf Hitler.

Podemos dizer que esse acontecimento foi o ato inaugural da Segunda Guerra, que se espalhou por diversas partes do mundo,

indo desde a Europa, América, África e Ásia. A ofensiva alemã sobre a Polônia fez com que a França e a Inglaterra declarassem

guerra à Alemanha. E agora, como ficaria dividido o mundo? Desde 1936, Musso- lini e Hitler tinham formado a aliança chamada

Eixo Roma-Berlim, a qual juntou-se o Japão, anos depois. Durante a Segunda Guerra, o mundo ficou dividido em dois blocos: o

Eixo (Alemanha, Itália e Japão) e os Aliados (Grã Bretanha, França, URSS e posteriormente, pelos EUA). Assim você pode

perguntar: o que provocou a guerra? Quais os motivos? E suas consequências?

Antecedentes

As causas que contribuíram para a Segunda Guerra Mundial foram basicamente dois pontos: a crise de 1929 e

a formação de Estados Totalitários.

A quebra da Bolsa de Valores de Nova York, no mês de outubro de 1929, lançou todo o mundo capitalista em uma Grande

Depressão, ou seja, todos os países vinculados ao sistema capitalista de produção tiveram problemas em suas economias. Em

diversos países grande parte da população ficou carente, faminta, sem emprego e sem dinheiro. Estima-se que na fase mais

aguda da crise havia cerca de 30 milhões de pessoas, procurando trabalho para sobreviver, em todo o mundo.

Além dos prejuízos econômicos e sociais, a crise de 1929 inaugurou, politicamente, uma onda de desconfiança em relação ao
papel exercido pelo Estado de economia liberal. O que seria isso? Um Estado de economia liberal pode ser definido pelas atividades
de livre comércio, isto é, onde o Estado não interfere nas práticas de mercado e os problemas da economia

História 174
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são resolvidos por ela mesma.

Para solucionar a crise, países como Alemanha e Itália propuseram uma nova forma de funcionamento do Esta-

do. Assim, os Estados Fascistas surgiram, na Alemanha e na Itália, como resposta aos danos causados pela crise. Como dizia

Benito Mussolini “Tudo no Estado, nada contra o Estado e nada fora do Estado”. Com isso, o Duce (líder) fascista definia a

forma de Estado Totalitário como um Estado forte, comandado por um único partido, sob o comando de um líder idolatrado

e venerado, onde o Poder Executivo comandava os poderes legislativo e judiciário. Assim, tal como dizia Hitler, “o partido

tornou-se Estado”. Nada mais restava do sistema parlamentar e liberal.

Figura 5: O partido tornou-se não só Estado, mas um Estado Totalitário.

No Brasil, a ditadura de Getúlio Vargas contava com o apoio de parte da população, principalmente da classe

trabalhado¬ra. Esse período (1937-1945) chamado de Estado Novo, caracterizava-se pelo fortalecimento do Estado con-

trolador das liberdades. Imaginem vocês que em uma ditadura pode existir o controle, pelo Estado, do seu direito de ir e vir.

Isso revela aspectos do autoritarismo que guarda semelhanças com a Alemanha nazista, onde vigorava o totalitarismo como

regime político onde o Estado, e sobretudo o Poder Executivo são fortalecidos e personificados no

“chefe” que de- creta leis sem a necessidade ... da aprovação dos deputados, ou seja, sem escutar o debate do Poder
Legislativo. Assim, compreendese essa forma de regime político como um Estado forte e de culto ao Chefe do Estado (Poder

Executivo).

História 175
Nesse contexto de totalitarismo e desrespeitando ao Tratado de Versalhes, que ao final da Primeira Guerra determinou que

Alemanha não poderia fazer grandes investimentos na indústria de armamentos, Itália e Alemanha passaram a investir pesadamente

em armas e na formação de exércitos. Assim, com seus tanques, aviões e até mesmo armas para uso noturno, a Alemanha estava

mais preparada para a guerra do que seus primeiros adversários, o que mais tarde, favoreceu a invasão da Polônia e o avanço sobre

a Europa de forma ofensiva, adotando como estilo militar a guerra-relâmpago, a chamada Blitzkrieg.

A Guerra: do avanço nazista a vitória aliada.

Figura 6: Alianças durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945)

Como sabemos, uma guerra funciona como um jogo de boas estratégias. Em agosto de 1939, Adolph Hitler e

Joseph Stalin assinaram o Pacto de Não Agressão nazi-soviético e no dia 1º de setembro daquele ano Hitler in¬vadiu a

Polônia, para no dia 17 dividi-la com Stalin, de acordo com o Pacto. Pelo acordo entre os dois chefes de Estado, a

Alemanha nazista desejava somente uma frente de batalha, o oeste. Já para a URSS era uma forma de conseguir tem-
po para se preparar melhor para guerra, já que os soviéticos ainda não haviam desenvolvido armamento e formas de

resistência suficientes.

Além disso, a URSS também queria de volta os antigos territórios do Império Russo, perdidos com a criação da Polônia

História 176
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pelo Tratado de Versalhes de 1919. Pretendia ainda recuperar outras porções que se declararam independen- tes depois da

Revolução de 1917 e do término da Primeira Guerra (Finlândia, Lituânia, Letônia e Estônia).

Com a invasão à Polônia, Hitler aumentou sua perseguição contra os judeus, dando início a um dos mais tristes episódios de

nossa história mundial: o Holocausto. Esse ato de crueldade e violência da política nazista estabelecia o extermínio em massa de

judeus, através das câmaras com gases venenosos.Entre os principais campos de extermínio, o mais conhecido era Auschwitz, na

Polônia.

Como observamos nos dados e imagens relacionadas a seguir, muitas foram as vidas ceifadas. Todavia um dos

principais grupos perseguidos pelos nazistas foi os judeus, tidos como bodes expiatórios, raça inferior e culpabiliza- dos pelos muitos

males que a Alemanha viveu durante o período de crise.

Figura 7

História 177
História 178
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A Alemanha ainda invadiu a Dinamarca e a Noruega e em junho de 1940 tomou Paris. A França assinou um armistício com

o comando nazista e ficou dividida em duas: a França colaboracionista que ficou assim conhecida por colaboração com as tropas

nazistas e seu apoio a Hitler. E a França da resistência, sob comando do general Charles de Gaulle. Neste momento, a Itália

governada por Mussolini decide sair da neutralidade e entra na guerra ao lado da Alemanha, formando o eixo Roma-Berlim.

A partir de setembro de 1940, intensifica-se uma ofensiva contra a Inglaterra. Londres foi violentamente bom- bardeada,

Alemanha e Itália iniciaram uma ofensiva contra o Egito, país que era de domínio inglês. Neste mesmo mês, foi assinado o pacto

Berlim-Roma-Tóquio, pelo qual cada país signatário comprometia-se a ajudar o outro no caso de serem atacados por uma

potência até então não envolvida no conflito.

Em junho de 1941, a Alemanha deu início à invasão da União Soviética, rompendo o acordo de não agressão e

abrindo, a leste, sua mais extensa frente. Apesar de alguns êxitos iniciais conseguidos em solo soviético, as tropas de Hitler são

obrigadas a diminuir a marcha diante da resistência dos soviéticos. A URSS, por outro lado, aproveitou-se do inverno rigoroso e

usou a tática da terra arrasada, na qual o Exército Vermelho e o povo organizaram a retirada a oeste do país, levando tudo o que

pudesse ser utilizado na guerra e incendiando os equipamentos restantes. Assim, os

nazistas ficavam com o controle de lugares arrasados pelos próprios soviéticos, com áreas quase inúteis.

O Japão, a fim de estabelecer sua supremacia na Ásia e na Oceania, iniciou os conflitos com os Estados Unidos. Em dezembro

de 1941, os japoneses bombardeiam a base naval americana de Pearl Habor, no oceano pacífico. Assim, a guerra chegava à América,

com a entrada dos norte americanos no Bloco dos Aliados.

Na URSS, o avanço nazista foi barrado na cidade de Stalingrado, no ano de 1942. A vitória russa, na Batalha de

Stalingrado, pôs fim ao mito da invencibilidade alemã. O contra-ataque soviético continuou até 1944, conquistando
diversos países-satélites da Alemanha, por exemplo, Romênia, Hungria e Bulgária. No Norte da África, as tropas ingle-

História 179
sas também começavam a ter vitórias sobre os alemães.

Em agosto de 1942, o Brasil declarou guerra à Alemanha e Itália, depois do afundamento de navios brasileiros por submarinos

alemães. Dessa forma, a partir de 1942, o Brasil declarou o seu apoio aos Aliados, participando de diferentes formas do conflito,

como, por exemplo, enviando os pracinhas da Força Expedicionária Brasileira (FEB) para a Itália, em 1944. Os cerca de vinte e cinco

mil soldados conquistaram a região, somando importantes vitórias para os

aliados, na versão dos ex-oficiais que lá serviram.

História 180
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História 181
Figura 13: Bomba atômica

Em seis de junho de 1944, ocorreu o desembarque aliado na Normandia, conhecido como “Dia D”, libertando a França

do domínio nazista e iniciando uma grande ofensiva contra os alemães. Em dois de maio de 1945, os aliados chegam a Berlim,

capital alemã, mas dias antes Hitler já havia se suicidado. No dia 8 de maio, a Alemanha rende-se,

terminando a guerra na Europa.

A guerra no Pacífico durou até agosto, quando os Estados Unidos lançaram as bombas atômicas nas cidades de Hiroshima

e Nagasaki. As duas cidades sofrem as consequências da radiação até os dias atuais. O Japão rendeu-se em 15 de agosto, dando

fim à Segunda Guerra Mundial.

E você sabe como ficou o Mapa Múndi após a Guerra? Ele permaneceu com os mesmos contornos? Os tratados

firmados entre os países que haviam se envolvido diretamente na guerra informam-nos sobre a nova divisão geopo- lítica.

Dentre os tratados relacionados ao fim da Guerra, podemos destacar:

Conferência de Yalta que discutiu sobre as áreas de influência após o conflito, restringindo-se ao Leste Europeu.

Conferência de Potsdam que efetivou a divisão da Alemanha em 4 áreas de ocupação, entre russos, ingleses,

franceses e norte-americanos; criou um tribunal para julgar os crimes nazistas (Tribunal de Nuremberg) e estipulou uma

indenização de 20 bilhões de doláres à Inglaterra, URSS, França e EUA.

Na Conferencia de São Francisco, foi criada a ONU – Organização das Nações Unidas – com a finalidade de manutenção da

paz e fortalecimento dos laços entre os povos.

Essas reuniões de grandes líderes mundiais nas conferências citadas nos dão uma pista da nova divisão do mundo em

pactos de alianças e zonas de influência.Após a Segunda Guerra Mundial foram estabelecidos dois blocos:

os capitalistas, liderados pelos Estados Unidos e os socialistas, sob a direção da URSS. Essa bipolarização, que ficou conhecida

como Guerra Fria, você estudará nas próximas unidades.

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História 183
Questão 1 - (Enem 2009)
A partir de 1942 e estendendo-se até o final do Estado Novo, o Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio de Getúlio Vargas

falou aos ouvintes da Rádio Nacional semanalmente, por dez minutos, no programa “Hora do Brasil”. O objetivo declarado do

governo era esclarecer os trabalhadores acerca das inovações na legislação de proteção ao

trabalho.

GOMES, A. C. A invenção do trabalhismo. Rio de Janeiro: IUPERJ / Vértice. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1988

(adaptado).

Os programas “Hora do Brasil” contribuíram para

a. conscientizar os trabalhadores de que os direitos sociais foram conquistados por seu esforço, após anos

de lutas sindicais.

b. promover a autonomia dos grupos sociais, por meio de uma linguagem simples e de fácil entendimento.

c. estimular os movimentos grevistas, que reivindicavam um aprofundamento dos direitos trabalhistas.

d. consolidar a imagem de Vargas como um governante protetor das massas.

e. aumentar os grupos de discussão política dos trabalhadores, estimulados pelas palavras do ministro.

Questão 2 - (Enem 2010)


De março de 1931 a fevereiro de 1940, foram decretadas mais de 150 leis novas de proteção social e de

regulamentação do trabalho em todos os seus setores. Todas elas têm sido simplesmente uma dádi- va do governo.

Desde aí, o trabalhador brasileiro encontra nos quadros gerais do regime o seu verdadeiro lugar.

(DANTAS, M. A força nacionalizadora do Estado Novo. Rio de Janeiro: DIP, 1942. Apud BERCITO, S. R. Nos Tempos de Getúlio: da

revolução de 30 ao fim do Estado Novo . São Paulo: Atual, 1990)

A adoção de novas políticas públicas e as mudanças jurídico-institucionais ocorridas no Brasil, com a ascensão de Getúlio

Vargas ao poder, evidenciam o papel histórico de certas lideranças e a importância das lutas sociais na conquista da cidadania.

Desse processo resultou

História 184
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a. a criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, que garantiu ao operariado autonomia para o exercício de

atividades sindicais.

b. a legislação previdenciária, que proibiu migrantes de ocuparem cargos de direção nos sindicatos.

c. a criação da Justiça do Trabalho, para coibir ideologias consideradas perturbadoras da “harmonia social”.

d. a legislação trabalhista que atendeu reivindicações dos operários, garantido-lhes vários direitos e for- mas de

proteção.

e. a decretação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que impediu o controle estatal sobre as ativi- dades políticas

da classe operária.

Guerras e conflitos: uma disputa


pela liderança?

A Guerra Fria - A ordem Bipolar


Ser um herói significa também servir de exemplo para um grupo, na escola, na família, no bairro ou no mundo. A liderança de

um indivíduo pode vir da sua autoridade, do seu poder econômico, da sua forma de pensar ou até mesmo

do fato de ser o mais forte.

Pois bem! Foi assim no mundo após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Como você já viu nas aulas ante-

riores, esta guerra foi vencida pelos Aliados. E, após a vitória, três países: Inglaterra, Estados Unidos da América (EUA) e União

das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) se reuniram para resolver como o mundo deveria seguir o seu caminho.

Autointilularam-se os heróis do mundo. Mas, logo ficou claro que, devido a sua situação no final da guerra, a Inglaterra se

retiraria do páreo deixando o papel de herói para os EUA e a URSS.

História 185
Figura 2: Churchil, Roosevelt e Stalin na Conferência de Yalta; em 1945

Como os dois pensavam e viviam de forma diferente, logo surgiu uma divisão: de um lado os Estados Unidos da América,

país representante da sociedade capitalista, dono de um grande poder econômico, tecnológico e com a força das bombas

nucleares, buscavam a liderança mundial. De outro lado, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, que também se

considerava apta a ser líder do mundo. A União Soviética, mesmo tendo saído da guerra com saldo catas- trófico, representava

outro tipo de sociedade: a socialista. Possuía um grande poder bélico e aspirava à corrida nuclear.

Tinha a sua reconstrução como meta prioritária. Enfim, nesse quadro de disputa, nascia a ORDEM BIPOLAR! De um lado os EUA,
de outro a URSS. Pouco a pouco os demais países foram se alinhando a um ou a outro destes dois países.

Ordem Bipolar

Durante a história que vimos até esta Unidade, sempre um país europeu tinha a liderança no mundo: Portugal, Espanha, França e,
por fim, a Inglaterra. Mas, após a Segunda Grande Guerra, o mundo se organizava de outra forma, o eixo do poder mundial se
deslocava da Europa para dois novos centros: Washington e Moscou. Uma forma nova de confronto passava a existir: capitalismo
X socialismo. Como não existia um único eixo de poder, ou, polo de poder mundial, passamos a utilizar a expressão: Bipolaridade
ou Ordem Bipolar.

Dessa forma, as disputas se iniciaram e, de um lado, os Estados Unidos lançaram em 1947 a Doutrina Truman e

o Plano Marshall. E, o que significavam?

A Doutrina Truman, defendia o auxílio norte americano aos “povos livres”, que fossem “ameaçados” pelo Tota-

litarismo, tanto de natureza externa como interna.

O Plano Marshall procurava ajudar os países europeus devastados pela guerra, concedia empréstimos a juros

baixos a governos, para que esses adquirissem mercadorias dos EUA.

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Os dois planos, reafirmaram e aumentaram a divisão do trabalho entre a Europa Ocidental industrial e o Leste agrário do

continente. E, assim, expandia cada vez mais o chamado American Way of Life (jeito americano de viver), uma sociedade de

consumo.

Figura 3: Mapa das Alianças em 1953

História 187
Assim, quando a União Soviética dominou a tecnologia nuclear, em 1949, e produziu a sua bomba atômica, o mundo

passou a viver o que chamamos de Guerra Fria, que se desdobrou em vários períodos: “Coexistência pacífica (1950/1962)”, “A

Détente e o equilíbrio estratégico” (1962-1979)” e a “Segunda Guerra Fria” (1979-1985)”.

“Como uma guerra pode ser fria, em banho–maria?” - Você deve estar se perguntando.

Uma frase dita pelo historiador francês Raymond Aron pode nos ajudar a entender este contexto: “Paz impos-

sível, guerra improvável”.

Essa guerra deve ser compreendida como um conflito multifacetado, isto é, que possui muitas partes, que tem

múltiplos lados, pois pode ser analisada como um conflito ideológico entre capitalismo e socialismo.

LINHA DO TEMPO:

1950 a 1953 - A Guerra da Coreia marcava a oposição entre a Coreia do Sul e seus aliados (EUA e Inglaterra) e

a Coreia do Norte, que tinha o apoio militar da China Comunista e o apoio indireto da URSS.

1959 a 1975 – A Guerra do Vietnã tem início quando o Vietnã do Sul sofre um ataque da Frente de Libertação Nacional,

apoiada pelo Vietnã do Norte. Os Estados Unidos intervêm, bombardeiam o Vietnã do Norte e atacam até a população civil.

Contudo, se veem obrigados a abandonar o país, em 1973, sem garantir a vitória do Vietnã do Sul de-

vido à forte pressão interna da sociedade americana contra esta guerra e a impressionante resistência dos vietnamitas.

Década de 1960 - Os governos populistas da América Latina entraram em crise, abrindo caminho para a insta-

lação das ditaduras militares, que contavam com o apoio ostensivo dos Estados Unidos.

1945 a 1975 - Os países europeus sofreram um enfraquecimento econômico e as colônias africanas e asiáticas
iniciaram um processo de libertação que ficou conhecido como “Descolonização Afro-Asiática”.

O Muro de Berlim, conhecido também como “Muro da Vergonha”, foi um dos mais ostensivos símbolos da divisão do mundo
durante a Guerra Fria e separava a cidade de Berlim em um lado comunista e outro capitalista. Sua construção começou
em 13 de agosto de 1961 para impedir a grande migração dos berlinenses que até então passavam livremente do lado
oriental para o ocidental, tentando fugir das dificuldades do lado socialista. Para o primeiro- ministro inglês Winston
Churchill, o “Muro” era a representação física da Cortina de Ferro - expressão usada para mostrar a divisão entre as
democracias ocidentais e os países comunistas da Europa Oriental. O Muro durou 28 anos e, em 09 de novembro de 1989,
com a crise do sistema socialista no leste europeu e o fracasso da União das Repúblicas Socia- listas Soviéticas, o Muro de
Berlim foi derrubado, o que colaborou com o processo de reunificação da Alemanha e representou o fim da Guerra Fria.

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Figura 4: Zonas da ocupação aliadas na Alemanha Figura 5: Zonas da ocupação aliadas em Berlim.

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Questão 1 - (Enem 2011 - Prova Azul)
Em meio às turbulências vividas na primeira metade dos anos 1960, tinha-se a impressão de que as tendências de esquerda

estavam se fortalecendo na área cultural. O Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estu- dantes

(UNE) encenava peças de teatro que faziam agitação e propaganda em favor da luta pelas reformas de base e

satirizavam o “imperialismo” e seus “aliados internos”.

(KONDER, L. História das Ideias Socialistas no Brasil. São Paulo: Expressão Popular, 2003.)

No início da década de 1960, enquanto vários setores da esquerda brasileira consideravam que o CPC da UNE

era uma importante forma de conscientização das classes trabalhadoras, os setores conservadores e de direita (políti- cos

vinculados à União Democrática Nacional — UDN, Igreja Católica, grandes empresários etc.) entendiam que esta

organização:

a. constituía mais uma ameaça para a democracia brasileira, ao difundir a ideologia comunista.

b. contribuía com a valorização da genuína cultura nacional, ao encenar peças de cunho popular.

c. realizava uma tarefa que deveria ser exclusiva do Estado, ao pretender educar o povo por meio da cul-

tura.

d. prestava um serviço importante à sociedade brasileira, ao incentivar a participação política dos mais pobres.

e. diminuía a força dos operários urbanos, ao substituir os sindicatos como instituição de pressão polí- tica sobre

o governo.

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Questão 2 - (Enem 1999 - Prova Amarela)


Em dezembro de 1998, um dos assuntos mais veiculados nos jornais era o que tratava da moeda única euro-

peia. Leia a notícia destacada a seguir.

O nascimento do Euro, a moeda única a ser adotada por onze países europeus a partir de 1º de janeiro, é possivel-

mente a mais importante realização deste continente nos últimos dez anos que assistiu à derrubada do Muro de Berlim, à

reunificação das Alemanhas, à libertação dos países da Cortina de Ferro e ao fim da União Soviética. Enquanto todos esses

eventos têm a ver com a desmontagem de estruturas do passado, o Euro é uma ousada aposta no futuro e uma prova da

vitalidade da sociedade europeia. A “Euroland”, região abrangida por Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Fin- lândia, França,

Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo e Portugal, tem um PIB (Produto Interno Bruto) equivalente a quase

80% do americano, 289 milhões de consumidores e responde por cerca de 20% do comércio internacional. Com este cacife, o Euro

vai disputar com o dólar a condição de moeda hegemônica. (Gazeta Mercantil, 30/12/1998).

A matéria refere-se à “desmontagem das estruturas do passado” que pode ser entendida como:

a. o fim da Guerra Fria, período de inquietação mundial que dividiu o mundo em dois blocos ideológicos opostos.

b. a inserção de alguns países do Leste Europeu em organismos supranacionais, com o intuito de exercer o controle

ideológico no mundo.

c. a crise do capitalismo, do liberalismo e da democracia levando à polarização ideológica da antiga URSS.

d. a confrontação dos modelos socialistas e capitalista para deter o processo de unificação das duas Alemanhas.

e. a prosperidade das economias capitalistas e socialistas, com o consequente fim da Guerra Fria entre EUA e a

URSS.

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O Brasil e a América Latina na
Guerra Fria

O Brasil e a América Latina na Guerra Fria

Adaptado por Gilberto A. Angelozzi a partir de http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=28705


Conforme podemos observar nas imagens anteriores, o fim da Segunda Guerra não levou a uma era de paz e se- gurança.

Longe disso, em pouco tempo, a aliança militar entre os Estados Unidos (EUA) e a União Soviética (URSS) contra o nazi-fascismo

deu lugar a disputas e tensões que marcaram o mundo até 1991 com a Guerra Fria. E, claro, a América Latina não atravessou esses

anos isoladamente. Ao contrário. Ela esteve no centro da mais grave crise do período que deixou o mundo à beira de uma guerra

nuclear entre as duas superpotências: a crise dos mísseis em Cuba, em 1962.

Na Unidade 11, vimos que durante a Guerra Fria foi estabelecido um pacto de ajuda militar entre os países

europeus. Se alguma nação fosse atacada, as suas aliadas entrariam no conflito para ajudá-la. Você se lembra disso?

História 192
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Na América Latina, algo semelhante ocorreu. Para compreendermos como isso aconteceu, é preciso retornar ao início da

Guerra Fria, quando os EUA preocuparam-se em promover a construção de um sistema de segurança

interamericano. A ideia era proteger o continente de uma agressão militar estrangeira, que supostamente poderia partir da URSS,

ao mesmo tempo procurava conter a influência ideológica comunista, contrária aos valores e ao modo de vida norte-americanos.

Como parte dessa estratégia, em 1947, foi realizada em Petrópolis, no Rio de Janeiro, uma conferência que contou com

a presença do então presidente dos EUA, Harry Truman (1945-1953) e de seu Secretário de Estado, o general George Marshall,

responsável pela condução da diplomacia estadunidense. Nessa conferência, foi criado o TIAR (Tratado Interamericano de

Assistência Recíproca), uma aliança militar defensiva, ainda hoje em vigor, que previa uma

reação conjunta de todos os países que o assinaram, em caso de agressão estrangeira a qualquer país membro.

No ano seguinte, em Bogotá, na Colômbia, uma nova conferência reunindo os países do continente criou a OEA

(Organização dos Estados Americanos). Essa organização, que é atuante até hoje, pretendia promover uma maior integração

entre os países do continente americano e assegurar a defesa de valores democráticos e dos direitos hu- manos. Porém, nos

anos seguintes, para conter o avanço do comunismo e a influência soviética, esses aspectos foram relegados a segundo plano. A

OEA foi deixando de condenar regimes autoritários e violentos que foram instalados no continente como os da Nicarágua,

comandada pela família Somoza (1936-1979); o do Haiti, com François Duvalier, co- nhecido como Papa Doc (1957-1971); e o da

República Dominicana, com Rafael Trujillo (1930-1961). Em comum, além da violência diante das suas populações e dos

opositores políticos, havia uma submissão aos interesses econômicos estrangeiros que favorecia os interesses dos EUA nesses

países. Assim, ao posicionarem-se na OEA, esses regimes

contribuíram para impedir o avanço de ideias socialistas, tanto internamente, quanto no continente.

No Brasil, o anticomunismo ganhou muitos adeptos. Ainda na década de 1940, temendo-se o avanço eleito- ral dos

comunistas, durante o governo de Eurico Gaspar Dutra (1946-1951), em 1947, houve a cassação do registro eleitoral do PCB

(Partido Comunista do Brasil). A alegação era de que o partido, recém-saído da clandestinidade, em 1945, agia a serviço da URSS.

Os políticos eleitos perderam seus mandatos, dentre os quais, Luiz Carlos Prestes, que era senador

pelo Rio de Janeiro, e os deputados comunistas Carlos Marighela e Jorge Amado, famoso escritor baiano.

O temor do “avanço comunista” levaria o Brasil a uma decisão exagerada, que sequer foi adotada pelos EUA

durante a Guerra Fria: o rompimento de relações diplomáticas com a URSS, em 1947.

História 193
Tais relações entre Brasil e URSS que começaram em 1945, a pedido dos EUA, ainda devido à aliança da Se- gunda
Guerra, só seriam reestabelecidas em 1961, durante o governo de João Goulart (1961-1964). Apesar da decisão ter
sido tomada pelo antecessor do presidente Goulart, Jânio Quadros, que governou apenas de janeiro a agosto de
1961, o reestabelecimento de relações diplomáticas com o país líder do bloco co- munista foi muito criticado.

Durante a década de 1950, tanto o presidente Getúlio Vargas (1951-1954) quanto Juscelino Kubitschek (1956- 1961)

tentaram obter algum tipo de vantagem com o apoio brasileiro aos EUA, tal como já tinham conseguido antes, não podemos

esquecer da ajuda financeira para construir a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional). Sem dúvida, esses

governos tinham em mente o Plano Marshall, que injetou no continente europeu bilhões de dólares em investimentos.

Mas quais eram os interesses dos EUA ao oferecer ajuda à Europa recém-saída da Segunda Guerra?

O objetivo do plano de 1947 era reconstruir as economias europeias e, ao mesmo, tempo impedir o avanço de ideias

socialistas. Eles acreditavam que uma população com estabilidade e segurança não precisaria recorrer ao comunismo, que

pregava a justiça social e buscava melhores condições de vida para a população, para resolver seus problemas. Assim, um país

capitalista – os EUA – oferecia possibilidades de resolução dos problemas sociais e econô-

micos dentro do próprio sistema capitalista.

Para o governo dos EUA, a destruição e a crise gerada pela Segunda Guerra, bem como a proximidade terri- torial dos

países europeus com a URSS e outros países comunistas era uma diferença significativa que justificaria os investimentos. Por

outro lado, os países latino-americanos, que faziam parte de organizações como a OEA e eram aliados dos EUA pelos acordos e

ajuda militar, ofereceriam um risco menor de se voltar para o socialismo. O perigo

existia na América Latina, mas era menor se comparado à Europa.

Será que toda essa preocupação com o Velho Continente (Europa) continuaria sendo maior do que o cuidado com os vizinhos

(América) durante todo o período da Guerra Fria? A resposta é não. Mas então o que aconteceu para que houvesse essa mudança?

Tudo isso mudou após 1959 e em especial, depois de 1961, quando a Revolução Cubana declarou seu caráter socialista.

Como visto na unidade anterior, a ilha caribenha com o seu bem sucedido movimento passou a funcionar como um exemplo que

poderia ser seguido pelos países da região. O caso cubano, mais do que nas décadas anterio-

res, deixou clara a possibilidade do surgimento de regimes socialistas no continente.

Para tentar impedir que Cuba se transformasse nesse modelo a ser seguido, em 1962, exilados cubanos des-

contentes e treinados pela CIA, a Agência de Inteligência dos EUA, tentaram invadir a ilha e derrubar o novo governo.
Derrotados, os que não morreram foram presos e obrigados a se retirar. Mas o pior, para o governo dos EUA, ainda estava por vir: a

Crise dos Mísseis em Cuba, em 1962. O fato é que a URSS, grande rival dos EUA, tinha agora um grande aliado no continente

americano. E nesse jogo de alianças e rivalidades, o líder cubano Fidel Castro conseguiu con- vencer o dirigente da URSS, Nikita

Krushev, a instalar mísseis soviéticos na ilha. As armas teriam alcance para atingir grandes cidades dos EUA como Nova Iorque. Com

a descoberta pelo governo estadunidense da construção das insta- lações para abrigar os mísseis, o então presidente dos EUA, John

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Kennedy (1961-1963), dirigiu-se à população do seu país em cadeia nacional de TV para falar do risco da eclosão de uma guerra

atômica, caso os soviéticos não retirassem os mísseis de Cuba. Depois de muita tensão e negociações, os soviéticos concordaram

em retirar o armamento.

Figura 2: Charge ilustrando a crise dos mísseis


Adaptado por Gilberto A. Angelozzi a partir de http://www.washingtonpost.com/wp-adv/adverti-
sers/russia/articles/features/20090826/the_american_arrival.html
Temerosos dos riscos de surgimento de novos regimes alinhados à URSS na região, o governo dos EUA liderou uma bem

sucedida campanha de Isolamento da ilha que, dentre outras ações, levou à suspensão de Cuba da OEA, em 1962. Os Estados Unidos

também não hesitariam em apoiar e financiar campanhas de desestabilização contra gover- nos considerados simpáticos aos

comunistas. Chegariam mesmo ao ponto de planejar operações de desembarque de armas e tropas para impedir que novos governos

socialistas pudessem surgir, repetindo ameaças como a da crise dos mísseis. Mas não foi só isso que mudou na América Latina após

a Revolução Cubana: as elites locais, temendo a ameaça comunista que segundo elas colocavam em risco seu patrimônio e era

sinônimo de desordem, passaram a tratar manifestações legítimas como movimentos com a capacidade de ameaçar a ordem vigente

e promover a im- plantação das ideias comunistas. Por esse motivo, as mobilizações sociais deveriam ser contidas.

Nos meios militares latino-americanos, cuja formação de oficiais assumia uma crescente influência estaduni- dense, ganhava

cada vez mais força a Doutrina de Segurança Nacional. Criada nos EUA na segunda metade dos anos 1940, a Doutrina afirmava que

o inimigo não estava mais no exterior, mas dentro do território nacional, a espreita, infiltrado, e pronto para agir. O inimigo era a

parte da população simpatizante das ideias socialistas. Essa tese do “ini- migo interno” foi usada pelos setores militares

conservadores para gerar desconfiança em relação às mobilizações e convencer a população dos perigos e danos dos movimentos

sociais de contestação à ordem estabelecida. É nesse contexto, por exemplo, que ganha força a perseguição aos opositores do

governo brasileiro, e assim os comunistas foram colocados na ilegalidade durante o governo de Getúlio Vargas.

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Questão 1 - (Enem-2006)
A moderna democracia brasileira foi construída entre saltos e sobressaltos. Em 1954, a crise culminou no sui-

cídio do presidente Vargas. No ano seguinte, outra crise quase impediu a posse do presidente eleito, Juscelino Ku- bitschek.

Em 1961, o Brasil quase chegou à guerra civil depois da inesperada renúncia do presidente Jânio Quadros. Três anos mais

tarde, um golpe militar depôs o presidente João Goulart, e o país viveu durante vinte anos em regime autoritário.

A partir dessas informações, relativas à história republicana brasileira, assinale a opção correta.

História 200
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a. Ao término do governo João Goulart, Juscelino Kubitschek foi eleito presidente da República.

b. A renúncia de Jânio Quadros representou a primeira grande crise do regime republicano brasileiro.

c. Após duas décadas de governos militares, Getúlio Vargas foi eleito presidente em eleições diretas.

d. A trágica morte de Vargas determinou o fim da carreira política de João Goulart.

e. No período republicano citado, sucessivamente, um presidente morreu, um teve sua posse contestada, um renunciou

e outro foi deposto.

Questão 2 - (UFJF- PISM 3/triênio 2010-12)


Leia as duas versões de "O bonde de São Januário", samba de Wilson Batista e Ataulfo Alves que fez sucesso no

carnaval de 1941. Após a intervenção do Departamento de Imprensa e Propaganda do Estado Novo, a música tornou- -

se um sucesso no rádio.

História 201
(1) No carnaval de 1941 (2) No rádio

Quem trabalha não tem razão Quem trabalha é quem tem razão

Eu digo e não tenho medo de errar Eu digo e não tenho medo de errar

O bonde de São Januário o bonde de São Januário

leva mais um sócio otário Leva mais um operário

sou eu que não vou trabalhar Sou eu que vou trabalhar

Disponível em: <http://www.instituto.org.br/blog/?p=27>. Acesso em: 28 de outubro de 2012.

a. Compare as duas letras da música e responda ao que se pede.

I. O que se pode dizer sobre o valor do trabalho e do trabalhador em cada uma delas?

II. Em que sentido essa alteração se adequava ao projeto político do Estado Novo?

b. O Estado Novo inaugura uma nova forma de legitimação calcada numa política cultural. Explique a

atuação do Departamento de Imprensa e Propaganda na legitimação do regime inaugurado em 1937.

História 202
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Cultura e contra cultura nos


anos 60

Cultura e contracultura nos anos 60

É proibido proibir

Caetano Veloso

E eu digo sim

E eu digo não ao não

E eu digo: É!

Proibido proibir E eu

digo:

É Proibido proibir

É proibido proibir...

“Duas outras palavras revelam também o espírito dessa década: contestação e rebelião. Os inconformados com o mundo em

que viviam estiveram em todos os segmentos sociais e em todos os cantos do planeta, não só na Ásia e na África ou na América

Latina. Mas, talvez, nenhuma contestação tenha sido tão extraordinária quanto aquela realizada pela juventude. Ao lado dos hippies

História 203
e dos jovens envolvidos em outras manifestações da chamada contra- cultura, explodia a rebelião dos (...) universitários engajados

nos movimentos estudantis. Pacíficos ou violentos, os jovens

contestaram todas as estruturas: a capitalista e a socialista. O não unia todos eles” (PAES: 1992, 20).

Mas contra o que essas pessoas estavam se rebelando? Quais eram os padrões? O que os anos 50 deixaram como ordem, ou,

dito de outro modo: o que os anos 60 resolveram quebrar? A cultura, o modo de vida “burguês”, a moral e os bons costumes, o

encontro com a ordem estabelecida? O desejo de possuir, de consumir, a concentração de poderes em um só gênero ou em um só

segmento social? O certo e o errado na forma de pensar e representar o mundo?

Tudo isso será combatido nos anos 60, que foram chamados, como já vimos, de Anos Rebeldes.
Nascia uma geração de jovens questionadores da ordem: o que era certo e considerado de bom tom passou a ser criticado, como

trabalho, casamento, virgindade, opiniões fechadas sobre o que esperar da vida e do mundo... Os jovens iam para as ruas pedir mais

democratização, mais participação política, mais qualidade na educação; mais

História 204
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oportunidades de mudança para construção de uma nova ordem. Aos jovens juntaram-se negros, mulheres e todos aqueles que se

sentiam excluídos das decisões políticas. Nascia o que hoje chamamos contracultura!

O que é contracultura?
Contracultura foi um termo usado para caracterizar os diversos movimentos civis e políticos ocorridos durante os anos 60

e 70 do século passado em diversos países do Ocidente. Muitas vezes esse movimento foi chamado de underground. Sabe o que

significa esse termo? Abaixo da terra, subterrâneo, na verdade representava o que estava abaixo do“oficial”, do“permitido”. Já

viu a confusão que esse movimento causou, não é? Um movimento marcado pela intensa mobilização e contestação social que

usava os novos meios de comunicação de massa. Não podemos esque- cer que, até então, esses meios eram utilizados como

arma poderosa pelos detentores do poder para impor padrões de comportamento e opiniões a todos que viviam naquele tempo.

A contracultura era uma resposta aos padrões instituídos, uma tentativa de questionar os valores centrais que vigoravam

na sociedade. Essas contestações se fizeram mais presentes nos EUA, na Europa Ocidental (principalmente na França), e

chegaram, embora com menos intensidade, a outros países do mundo capitalista e socialista. E, assim, vieram as novas formas

de se vestir, de se comportar, de viver em comunidade, de ir para as ruas reivindicar com novas palavras de ordem como: paz e

amor, amor livre, igualdade racial, igualdade entre os sexos, qualidade de en- sino. Podemos destacar entre eles os movimentos

antirracismos, os de libertação feminina, os pacifistas como Power flower,

os movimentos estudantis, entre outros.

Nas artes a POP ART, ganhava cada vez mais adeptos. Mas, o que é POP ART?

Foi um movimento artistico iniciado na década de 50, que atingiu seu climax nas décadas de 60 e 70 e defendia

a necessidade de a sociedade aceitar a crise pela qual passavam as artes, devido à cultura de massa. No Brasil, em 1965, no Museu

de Arte Moderna do Rio de Janeiro, ocorreu o OPINIÃO 65, uma exposição que representava a POP ART em

nosso país.
Um representante dessas lutas foi o pastor Martin Luther King Jr, que conseguiu reunir no dia 28 de Agosto de 1963, mais

de 250.000 pessoas em uma marcha pela paz e pelos direitos civis em Washington. Nessa passeata, Luther King fez o seu mais

famoso discurso contra o racismo iniciado com a frase: Eu tenho um sonho (I have a dream) que ecoaria por podo o

mundo até levá-lo ao Prêmio Nobel da Paz em 1964. O sonho de Luther King era de uma

sociedade mais justa, com igualdade de direitos e o fim dos preconceitos de raça, cor e

sexo.

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Figura 4: Luther King Jr. proferiu seu discurso "Eu tenho um sonho" em agosto de 1963 frente ao Memorial Lincoln em Wa- shington.

Vocabulário

Racismo: Conforme o artigo 20 da Lei nº 7.716/89, racismo é praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça,
cor, etnia, religião ou procedência nacional. O crime de racismo será aplicado quando as ofensas venham a menosprezar deter-
minada raça, cor, etnia, religião ou origem. O racismo é um crime inafiançável e imprescritível, o que significa que não cabe fiança
e não prescreve nunca, pois a vítima não tem prazo para responsabilizar o autor do crime.

Leia um pouco das suas ideias:

História 206
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Fragmento do Discurso de Martin Luther King

Eu digo a você hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã. Eu

ainda tenho um sonho. (...)

Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença

- nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais.

Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escra-

vos e os filhos dos descendentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade. (...)

Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas

não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje!

Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador que tem

os lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no Alabama meninos negros e meninas

negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho

hoje!

Esta é nossa esperança. Esta é a fé com que regressarei para o Sul. Com esta fé nós poderemos cortar da

montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé nós poderemos transformar as discórdias

estridentes de nossa nação em uma bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé nós poderemos trabalhar jun-

tos, rezar juntos, lutar juntos, para ir encarcerar juntos, defender liberdade juntos, e quem sabe nós seremos

um dia livre. Este será o dia, este será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantar com um novo

significado.

http://www.palmares.gov.br/sites/000/2/download/discursodemartinlutherking.pdf

Você agora já conhece mais um nome da nossa lista inicial!

Mas não pense você que os negros ficaram só nas ações pacíficas. Ao mesmo tempo em que Luther King ga- nhava o prêmio

Nobel da Paz, surgiu o grupo “Panteras Negras”, nome original do movimento revolucionário criado na Califórnia e que tinha

como objetivo patrulhar os guetos negros para proteger os residentes contra a violência da polícia. Os Panteras Negras se envolveram

em vários conflitos com a polícia por causa de suas manifestações, princi- palmente na década de 1960, quando foram reprimidos,

sua liderança dissolvida e o movimento perdeu a simpatia dos negros. Com atividades mais discretas, porém, mais funcionais para

suprir as carências dos negros, o Partido manteve- se ativo até a década de 1980.

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Figura 5: Atletas estadunidenses reproduzindo a saudação do “Black Power” na Olimpíada do México em 1968.

Leia atentamente o discurso de Martin Luther King citado an teriormente e veja se

ele representa os interesses das minorias. Depois, retire do texto alguns trechos que mos -
trem o que jovens, negros e mulheres desejavam: igualdade e justiça social.

História 208
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Questão 1 (Enem)
O ano de 1968 ficou conhecido pela efervescência social, tal como se pode comprovar pelo seguinte trecho, re-

tirado de texto sobre propostas preliminares para uma revolução cultural: “É preciso discutir em todos os lugares e com todos. O

dever de ser responsável e pensar politicamente diz respeito a todos, não é privilégio de uma minoria de ini- ciados. Não devemos

nos surpreender com o caos das ideias, pois essa é a condição para a emergência de novas ideias.

Os pais do regime devem compreender que autonomia não é uma palavra vã; ela supõe a partilha do poder, ou seja,

História 209
a

mudança de sua natureza. Que ninguém tente rotular o movimento atual; ele não tem etiquetas e não precisa
delas”.

Journal de la comune étudiante. Textes et documents. Paris: Seuil, 1969 (adaptado).

Os movimentos sociais, que marcaram o ano de 1968,

a. foram manifestações desprovidas de conotação política, que tinham o objetivo de questionar a rigidez

dos padrões de comportamento social fundados em valores tradicionais da moral religiosa;

b. restringiram-se às sociedades de países desenvolvidos, onde a industrialização avançada, a penetração dos

meios de comunicação de massa e a alienação cultural que deles resultava eram mais evidentes;

c. resultaram no fortalecimento do conservadorismo político, social e religioso que prevaleceu nos países

ocidentais durante as décadas de 70 e 80;

d. tiveram baixa repercussão no plano político, apesar de seus fortes desdobramentos nos planos social e

cultural, expressos na mudança de costumes e na contracultura;

e. inspiraram futuras mobilizações, como o pacifismo, o ambientalismo, a promoção da equidade de gê- neros e a defesa dos
direitos das minorias.

História 210
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Questão 2 (Enem 2011)


Em meio às turbulências vividas na primeira metade dos anos 1960, tinha-se a impressão de que as tendências de

esquerda estavam se fortalecendo na área cultural. O Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estu- dantes (UNE)

encenava peças de teatro que faziam agitação e propaganda em favor da luta pelas Reformas de Base e

satirizavam o “imperialismo” e seus “aliados internos”.

KONDER, L. História das Ideias Socialistas no Brasil. São Paulo: Expressão Popular, 2003.

No início da década de 1960, enquanto vários setores da esquerda brasileira consideravam que o CPC da UNE era uma

importante forma de conscientização das classes trabalhadoras, os setores conservadores e de direita (políticos vin- culados à

União Democrática Nacional — UDN, Igreja Católica, grandes empresários etc.) entendiam que esta organização:

a. constituía mais uma ameaça para a democracia brasileira, ao difundir a ideologia comunista;

b. contribuía com a valorização da genuína cultura nacional, ao encenar peças de cunho popular;

c. realizava uma tarefa que deveria ser exclusiva do Estado, ao pretender educar o povo por meio da cultura;

d. prestava um serviço importante à sociedade brasileira, ao incentivar a participação política dos mais pobres;

e. diminuía a força dos operários urbanos, ao substituir os sindicatos como instituição de pressão política

sobre o governo.

História 211
Golpes e ditaduras na
América Latina

Golpes e ditaduras na América Latina


1964: nasce uma ditadura no Brasil e um modelo para o golpismo na
América Latina
A deposição do presidente João Goulart, em 1964, é considerada como o episódio decisivo da política nacional na década

de 1960, com consequências que se fazem presentes até os dias de hoje. A ordem democrática estabeleci- da em 1946, após o

fim do Estado Novo, foi destruída. Nos anos seguintes a 1964, uma série de restrições aos direitos

da população foram registrados.

Figura 1: Militares da Força Pública, atual Polícia Militar, protegendo o Palácio da Guanabara, no Rio de Janeiro, durante o Golpe Militar no Brasil,
em 31 de março de 1964.

Mas afinal, o que aconteceu em 1964?

Ao longo dos anos, diversas explicações foram dadas para entender o que ocorreu em 1964. Os vitoriosos cha-

História 212
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maram seu movimento de uma "revolução democrática". Parte dos derrotados afirmou que houve um “golpe militar”,

atribuindo a responsabilidade pela derrubada do presidente Goulart quase que exclusivamente às Forças Armadas. Rejeitando

tanto a ideia de uma “revolução democrática, quanto a de um “golpe militar”, compreendemos os aconte- cimentos daquele

ano como um golpe civil-militar. Ao acrescentar a palavra “civil”, o que se procura é enfatizar que, sem o apoio de outros

segmentos da sociedade, como parcelas da classe média, do empresariado, setores da Igreja Católica, partidos (como a UDN) e

parte significativa da imprensa, não teria sido possível a iniciativa militar que garan- tiu o afastamento do presidente João

Goulart e a permanência dos golpistas no poder por tantos anos.

O país vivia um momento político conturbado desde a chegada de Goulart à presidência, em 1961. O fenômeno

eleitoral Jânio Quadros, até então o presidente que recebera a maior votação da história do Brasil, renunciou em menos de 7

meses depois de tomar posse. A rejeição ao vice-presidente Goulart quase lançou o país numa guerra civil. A solu- ção para

impedir o conflito armado e empossar Goulart foi a emenda constitucional que instituía o parlamentarismo.

Tudo isso refletia a polarização ideológica da Guerra Fria. Nas disputas e no debate político nacional, termos

abundantemente utilizados na época, como "comunista" e "vermelho", serviam para desqualificar adversários.

Num contexto de crescente radicalização política, o país caminhava para a polarização, com muitos despre-

zando a democracia representativa, dando sinais de simpatia diante de soluções golpistas. De um lado, as tendências críticas

ao capitalismo e às forças estabelecidas, como os estudantes, mobilizados na UNE; militares de baixa patente, reunidos em

clubes de suboficiais; artistas; intelectuais; trabalhadores urbanos; trabalhadores rurais, organizados nas Ligas Camponesas,

sob o lema "reforma agrária na lei ou na marra"; e o clandestino PCB. Do outro lado, parte da cúpu- la militar; setores da classe

média; da Igreja Católica; parte da imprensa; políticos da UDN; governadores da oposição conservadora, que recebiam

investimentos estadunidenses negados ao governo federal, tais como os governadores Magalhães Pinto em Minas Gerais,

Ademar de Barros em São Paulo e Carlos Lacerda no Estado da Guanabara.

Vocabulário

Estado da Guanabara: Estado que existiu de 1960 a 1975, criado após a transferência da capital federal do Rio de Janeiro para
Brasília. Em 1975, com a fusão dos Estados da Guanabara e Rio de Janeiro, a cidade do Rio de Janeiro (mesmo nome do Estado)
passou a ser a capital do novo Estado, em substituição à cidade de Niterói.

A questão que aumentou a crise foi a necessidade de apoio no Congresso Nacional para que o presidente Gou-

História 213
lart aprovasse suas Reformas de Base. Após tentativas fracassadas de negociação política, Jango procurou estimular a mobilização

popular, colocando o povo nas ruas como forma de pressionar o Poder Legislativo. Exemplo disso foi o Comício da Central do Brasil,

ou Comício das Reformas de Base, realizado em 13 de março de 1964, que seria o pri- meiro de uma série de atos públicos.

Mas o fator que precipitou a iniciativa militar foram as demonstrações de quebra da hierarquia e da disciplina nas Forças

Armadas. A velha máxima dos quartéis “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, se via ameaçada. Marinheiros que tinham

se revoltado em 26 de março de 1964 foram anistiados, isto é, perdoados pelo presidente, que se recusou a puni-los, tal como a

cúpula militar reivindicava. Para que não se tenha dúvida da importância disso para os oficiais das Forças Armadas, os marinheiros

que se rebelaram em março de 1964 somente foram anistiados em maio de 2001, 22 anos depois de 1979, quando a maioria dos

que foram perseguidos após 1964 recebeu esse benefício. Na

cerimônia de 2001, os três ministros militares faltaram em sinal de protesto.

Figura 2. Acompanhe, através das datas, os principais fatores que culminaram no golpe civil-militar.

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História 215
História 216
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Questão 1 (Enem 2010)
A gente não sabemos escolher presidente/ A gente não sabemos tomar conta da gente/ A gente não sabemos

História 210
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nem escovar os dentes/ Tem gringo pensando que nóis é indigente/ Inútil/ A gente somos inútil

MOREIRA, R. Inútil. 1983 (fragmento).

O fragmento integra a letra de uma canção gravada em momento de intensa mobilização política. A canção foi

censurada por estar associada:

a. ao rock nacional, que sofreu limitações desde o início da ditadura militar;

b. a uma crítica ao regime ditatorial que, mesmo em sua fase final, impedia a escolha popular do presidente;

c. à falta de conteúdo relevante, pois o Estado buscava, naquele contexto, a conscientização da sociedade por meio

da música;

d. à dominação cultural dos Estados Unidos da América sobre a sociedade brasileira, que o regime militar pretendia

esconder;

e. à alusão à baixa escolaridade e à falta de consciência política do povo brasileiro.

Questão 2 (Uerj 2011)

Tropicália

Sobre a cabeça os aviões

Sob os meus pés os caminhões

Aponta contra os chapadões

Meu nariz

Eu organizo o movimento

Eu oriento o carnaval

Eu inauguro o monumento no planalto central do

país

(...)

O monumento não tem porta

A entrada é uma rua antiga, estreita e torta

E no joelho uma criança, sorridente, feia e morta

Estende a mão

(...)

História 211
Disponível em www.caetanoveloso.com.br

O disco e a música Tropicália tornaram-se símbolos do “Tropicalismo”, movimento protagonizado por artistas e

intelectuais, no Brasil, em finais da década de 1960.

Esse movimento destacou-se, principalmente, pela seguinte proposta:

a. valorização do pluralismo cultural;

b. denúncia das influências estrangeiras;

c. enaltecimento da originalidade nacional;

d. defesa da homogeneização de comportamentos sociais.

Afasta de mim esse cale-se: a


redemocratização brasileira

Redemocratização do Brasil
Você sabe quem faz as leis de nosso país? No Brasil, cabe ao Congresso Nacional, às Assembleias Legislativas Estaduais e

às Câmaras Municipais discutir e elaborar a legislação e está sob nossa responsabilidade, através do voto, escolher esses

membros do poder legislativo. Todavia, senadores, deputados e vereadores não atuam de forma to- talmente independente.

Eles precisam manter uma relação de diálogo com o chefe do poder executivo que tem o direito de vetar as propostas

apresentadas. Lembra-se que na aula sobre a Ditadura Civil-Militar no Brasil estudamos que o direito de voto foi restringindo,

que perdemos o poder de escolher os nossos governantes? E você, considera o voto um momento importante? Pois saiba que

milhares de pessoas foram às ruas, em todo o país, exigir o retorno da

democracia e o direito de eleger o presidente da Repúbica. Era o movimento das Diretas Já!

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Mas antes de abordarmos o contexto interno desse processo de redemocratização do país, é preciso lembrar que os

fatores externos têm repercussão no Brasil, e nesse caso, não podemos esquecer o papel dos Estados Unidos (EUA). Afinal, a

derrota dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã (1955-1975) mudou consideravelmente a sua política externa. Era preciso

recuperar o apoio da população norte-americana e o prestígio diante dos demais países, princi- palmente aqueles que

condenavam as suas ações bélicas. E o discurso anticomunista até então usado como pano de fundo para o apoio às ditaduras

militares, inclusive no Brasil, já não convencia mais. Era preciso mudar de estratégia.

Assim, para recuperar seu prestigio dentro e fora do país, os EUA passaram a usar o discurso da defesa dos Direitos Humanos.
Afinal, no que consistiam esses direitos? Essa forma do direito é a garantia aos homens, mulheres e crianças de que suas
liberdades sejam garantidas e que todos os indivíduos sejam tratados de forma igualitária perante a lei.
Apoiar regimes autoritários latino-americanos e condenar a falta de democracia na União Soviética (URSS), não parece uma

contradição? Cada vez mais ficava evidente o tratamento diferente dado pelos EUA aos países capitalistas e aos socialistas. A política

do "faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço" perdia força na América Latina. Esse novo discurso em defesa das liberdades

e da igualdade pelo governo norte-americano associado à repressão, cada vez mais violenta, dos regimes ditatoriais, levou os EUA a

advertirem publicamente o general Geisel sobre a violação dos direitos humanos no Brasil. Não custa lembrar que estamos nos

referindo a uma época em que pessoas estavam sendo

mortas, presas, exiladas, desaparecidas, como no caso da morte do jornalista Vladimir Herzog, em outubro de 1975,

durante o governo Geisel numa prisão do DOI-CODI, em São Paulo.

História 213
Vladimir Herzog, jornalista da TV Cultura São Paulo – Fundação Padre Anchieta,

militante do Partido Comunista Brasileiro, foi torturado até a mor- te nas instalações do

DOI-CODI, no quartel-general do II Exército, em São Paulo, após ter se apresentado ao

órgão para“prestar esclarecimentos” sobre suas supostas ligações e “atividades

criminosas”.

Mas era apenas a preocupação com os direitos humanos que fazia os EUA

passarem de aliados do governo militar a defensores da liberdade e da democracia?

Certamente, a resposta é não! Havia também as questões econômicas, principalmente o

desejo de pôr fim ao estatismo e intervencio- nismo

praticados pelo Brasil – uma das economias mais fechadas do mundo,

com suas estatais em segmentos estratégicos (petróleo, siderurgia, ener- gia


Figura 2: Vladimir Herzog. elétrica, telefonia, etc.) – possibilitando a abertura de alguns setores da

economia brasileira aos investimentos, empresas e capitais estadunidenses.

Desejava-se assim, não apenas a liberdade política e individual, mas também a liberdade econômica.

Se os interesses norte-americanos nos ajudam a entender o apoio da maior potência na abertura política do

Brasil, as questões econômicas também são fundamentais para compreender as oposições internas a ditadura militar. Os

problemas derivados da crise e recessão mundial abalaram nosso equilíbrio financeiro e mostraram as limitações do "milagre

brasileiro" que não foi capaz de manter o processo de crescimento econômico.

Você já ouviu o provérbio "é melhor amigo na praça do que dinheiro no bolso"? Essas palavras da sabedoria popular não

se aplicavam ao momento que os brasileiros viviam. Vários setores da sociedade deixaram de ver os mi- litares como o "amigo

na praça" que resolveria os problemas do país (como o medo do comunismo e da desordem, a promoção do crescimento

econômico aliado ao bem estar social). Ao mesmo tempo a crise e a falta de recursos aumentavam o desejo de ter "dinheiro no

bolso": a opinião pública espremida entre o arrocho salarial, o aumento dos preços e a censura política, se voltou contra o

regime. A crise econômica foi, portanto, um fator fundamental na

crescente oposição ao regime militar e no processo de abertura política.

Essa crescente oposição interna e externa levou os militares a atuar e governar no sentido de uma abertura

política de forma lenta, gradual e segura, para:

 não entrar em conflito direto com os representantes da linha dura, ou seja, os militares menos favoráveis ao

retorno do poder aos civis;

 não permitir a chegada ao poder dos principais opositores do regime militar e

 ao mesmo tempo não permitir uma mudança brusca, uma derrubada do poder militar. Seria, assim, uma mudança

dentro da ordem e sob o comando dos próprios militares.

História 214
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Em 1974, o general Ernesto Geisel assumiu a presidência, dando início a um lento processo de transição em direção à

democracia. Seu governo coincidiu com o fim do milagre econômico em função da crise do petróleo e da recessão mundial que

diminuíram créditos e empréstimos ao Brasil. Neste momento, ao lado da recessão cresceu a oposição ao regime, tornando

cada vez mais necessárias ações que dessem sinais de abertura.

No sentido de uma abertura gradual e ordenada e acreditando que tinha o povo e a opinião pública ao seu lado, a

ditadura realizou eleições para o Parlamento, em 1979. Mas diferentemente do que os governantes espera- vam, a eleição foi

uma estrondosa vitória da oposição. O êxito do MDB nas urnas foi um sinal da insatisfação do povo com o regime. Ao se dar

conta das limitações de seu prestígio, os militares se rearticularam e aumentaram os atos de violência, tal como observamos

no episódio do Riocentro. Todavia, diante da insatisfação popular em meio à crise econômica e do aumento do apoio político

dado à oposição nas eleições, Geisel toma medidas no sentido da rede- mocratização: em 1978, o AI-5 é abolido e o direito ao

habeas corpus foi restabelecido.

Figura 3: Reportagem do Jornal do Brasil sobre o atentado do Riocentro.

Figura 4: Carro com o corpo do oficial que segurava a bomba no Atentado do Riocentro.
Ao mesmo tempo, crescem as manifestações. A sociedade não assistiu passiva e calada aos desmandos do

História 215
regime. Sindicatos, Igreja, imprensa, artistas, enfim, diversos setores da sociedade se mobilizaram contra a ditadura militar. O

processo de abertura deixou de ser conduzido pelos militares e passou para as mãos da sociedade civil, tendo à frente

instituições como:

 a ABI (Associação Brasileira de Imprensa),

 a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil),

 o CNBB (Conferência Nacional dos Bispos Brasileiros) e

 as Universidades.

Nesse momento também ganham força as grandes mobilizações de massa pela Anistia e pelas Diretas Já!

Como você já viu, inúmeras foram as formas de resistência ao regime militar: lutas armadas, guerrilhas, passea- tas,

movimentos artísticos. Assim, várias manifestações populares se espalharam pelo país, dentre as quais podemos destacar as

dos trabalhadores e dos estudantes. Nesse contexto, assumiu a presidência o general Figueiredo que go- vernou de 1979 a 1985.

Seguindo na linha de uma lenta abertura do regime, Figueiredo publicou a lei da Anistia que permitia o retorno de exilados e

condenados por crimes políticos e aprovou a lei que restabelecia o pluripartidarismo no país. Os partidos até então permitidos

continuaram a atuar com novos nomes (a ARENA passou a ser denominada PDS e o MDB mudou o nome para PMDB) e outros

partidos foram criados, tais como o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT). Esses novos

partidos terão uma atuação importante no retorno da democracia, destacando no cenário nacional políticos como Ulysses

Guimarães, Leonel Brizola e Lula, que irão liderar a mobilização da sociedade em prol das eleições diretas para presidente da

República.

A campanha pela “Anistia Ampla, Geral e Irrestrita” foi coordenada por um comitê formado por intelectuais,

artistas, jornalistas, políticos progressistas, religiosos de vários credos, sindicalistas e estudantes, no final dos anos 70, denominado

Comitê Brasileiro pela Anistia (CBA).

História 216
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Questão 1 (Enem 2009)


Um aspecto importante derivado da natureza histórica da cidadania é que esta se desenvolveu dentro do fenômeno, também

histórico, a que se denomina Estado-nação. Nessa perspectiva, a construção da cidadania na

modernidade tem a ver com a relação das pessoas com o Estado e com a Nação.

CARVALHO, J.M. Cidadania no Brasil: o longo caminho. In: Civilização Brasileira. Rio de Janeiro: 2004 (adaptado).

Considerando-se a reflexão acima, um exemplo relacionado a essa perspectiva de construção da cidadania é

encontrado:

a. em D. Pedro I, que concedeu amplos direitos sociais aos trabalhadores, posteriormente ampliados por Ge- túlio

Vargas com a criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).


b. na Independência, que abriu caminho para a democracia e a liberdade, ampliando o direito político de votar aos cidadãos

brasileiros, inclusive às mulheres.

História 217
c. no fato de os direitos civis terem sido prejudicados pela Constituição de 1988, que desprezou os grandes avanços que,

nessa área, havia estabelecido a Constituição anterior.

d. no Código de Defesa do Consumidor, ao pretender reforçar uma tendência que se anunciava na área dos direitos civis

desde a primeira constituição republicana.

e. na Constituição de 1988, que, pela primeira vez na história do país, definiu o racismo como crime inafiançá- vel e

imprescritível, alargando o alcance dos direitos civis.

Questão 2 (Enem 2011)

GOMES, A. et al. A República no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002.

A análise da tabela permite identificar um intervalo de tempo no qual uma alteração na proporção de eleitores

inscritos resultou de uma luta histórica de setores da sociedade brasileira. O intervalo de tempo e a conquista estão associados,

respectivamente, em

a. 1940-1950 – direito de voto para os ex-escravos.

b. 1950-1960 – fim do voto secreto.

c. 1960-1970 – direito de voto para as mulheres.

d. 1970-1980 – fim do voto obrigatório.

e. 1980-1996- direito de voto para os analfabetos.

História 218
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Para entender o mundo em que


vivemos
Do Estado de Bem-estar Social ao Neolibera- lismo: vale
a pena entender melhor...
Conforme estudamos em unidades anteriores, após o término da 2ª Guerra Mundial (1945), os governos eu- ropeus

decidiram ampliar os direitos públicos universais considerados essenciais à vida em sociedade. Desta forma, educação,

emprego, saúde, previdência e assistência passaram a ser priorizados nos projetos de desenvolvimento. Era o chamado

“Estado de Bem-estar Social” (Welfare States). Mas será que isto deu certo? Será que desenvolvimento

econômico rima com melhorias sociais para a população?

Para os Estados Unidos (EUA) e a Europa, este período ficou conhecido como a Era de Ouro do capitalismo, pois, em

grande parte, durante uma geração, a pobreza, o desemprego em massa, a miséria e a instabilidade econômica foram coisas

do passado. Era o momento da Guerra Fria, em que o fantasma do comunismo rondava todo o planeta. Afinal, quase metade

da população do mundo já vivia sob esse regime. Não podemos esquecer que a Rússia (1917), China (1949), Cuba (1959), dentre

outros, haviam realizado revoluções socialistas. Portanto, era preciso garantir me- lhorias nas condições de vida e de trabalho

do povo sem colocar o modelo capitalista em xeque.

Como nem tudo são flores, ao mesmo tempo em que melhorava a vida da população, estes governos, ao financiar

pesquisas tecnológicas de ponta, desenvolveu um campo de risco para a paz mundial e o meio ambiente. Pois havia um forte

interesse destas empresas privadas no setor bélico (militar), da mesma forma, com a possibilida- de do aumento do consumo

em massa, elas precisariam de mais recursos naturais e matérias-primas. Como você já viu, estas nações tornaram-se grandes

consumidoras de petróleo e os seus maiores fornecedores eram os países do Oriente Médio.

História 219
Figura 3 - Produção de petróleo.

História 220
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Dessa forma, nos anos de 1970, o mundo árabe percebeu que tinha um importante trunfo em suas mãos, o

chamado “o uro negro”.

Figura 4 – Petróleo: o “ouro negro”.

A Crise do petróleo
Isto mesmo: o petróleo! Assim, o preço do barril, e consequentemente do dólar, disparou. Várias fábricas euro- peias e norte-

americanas faliram, milhares de trabalhadores perderam seus empregos e a bolsa de valores de Nova Iorque foi atingida. Era a Crise

do Petróleo.

Falências, desemprego, crise econômica, problemas na bolsa de Valores de Nova Iorque. Muita gente acreditou estar vivendo

uma nova Crise de 1929. Mas, esta nova crise era diferente e os efeitos negativos foram enfrentados de maneira distinta: os sistemas

de proteção social e regulação – típicos do Estado de Bem-estar Social – ao manter as compras públicas e pagar seguros desemprego

salvaram as empresas do acúmulo de estoques e mantiveram o poder de compra dos cidadãos. Apesar disso, a crise se fez presente

e com ela a insatisfação.

O desemprego de jovens, mulheres e operários da indústria tradicional, apesar de acionados os mecanismos de proteção

social, acabou por reinstituir a carência, a pobreza e a corroer as bases da integração social propostas pelo Estado de Bem-estar. É

neste contexto, no qual o imigrante é visto como um concorrente na fila de emprego e nos programas de benefícios sociais, que a

xenofobia – ódio ao estrangeiro - e o racismo no continente europeu cresceram.

História 221
220

História
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Questão 1 (Enem 2011)

A crise financeira que se intensificou no mundo a partir do mês de outubro de 2008 co- locou

em xeque as políticas neoliberais, adotadas por muitos países a partir da década de 1980. A
principal

221
crítica ao neoliberalismo, como causador dessa crise, está relacionada com:
a. diminuição das garantias trabalhistas;

História
b. estímulo à competição entre as empresas;

c. reforço da livre circulação de mercadorias;

d. redução da regulação estatal da economia.

História
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O corpo, a pele, os músculos e


o esqueleto

Anatomia Geral do Corpo Humano


Como você viu, a anatomia, dentre outras coisas, dá nomes às diferentes partes do corpo. E, para facilitar tal

tarefa, a organização morfológica é hierárquica; em determinados níveis, no entanto, só pode ser distinguida com o uso

de um microscópio, como é o caso do nível celular.

Recaptulando o que vimos no módulo 2, a célula realiza inúmeras atividades fundamentais para a sobrevi- vência

do organismo, por isso é considerada a unidade funcional do corpo. A célula possui moléculas digestivas que degradam

o alimento; faz respiração celular, produzindo energia; produz e elimina excretas; troca água e nutrientes com o

ambiente externo. Além disso, a célula dá origem a outras células no processo de divisão celular através do qual o

corpo

cresce e se reproduz.

Excreta

Resíduos não usados pelo organismo e que devem ser eliminados.


Nos organismos multicelulares, por exemplo, células de um mesmo tipo podem se agrupar formando tecidos.

Estes apresentam funções individualizadas, como a pele que protege o interior do corpo. Alguns organismos, como as

esponjas marinhas (Figura 1), apresentam um número reduzido de tipos celulares, enquanto nós humanos apre-

sentamos mais de 200 tipos celulares diferentes.

Biologia 225
Figura 1: Aplysina archeri, uma esponja marinha que não apresenta células organizadas em tecidos e possui poucos tipos ce-
lulares. Diferente de um organismo com tecidos verdadeiros (que possuem funções específicas), a fisiologia de uma esponja é
apenas o conjunto das fisiologias de cada tipo celular.
Tecidos agregados e funcionando coordenadamente formam um órgão, como o coração, por exemplo, que é

composto principalmente por tecido muscular. Ao pleno funcionamento do corpo, chamamos homeostase

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O sistema muscular
O sistema muscular é o conjunto de 350 músculos presentes no corpo humano. Estes podem ser classificados

em músculos cardíacos, esqueléticos e lisos. O sistema muscular esquelético é responsável pela produção de força, pela

movimentação do corpo e pela manutenção da postura ereta, tipicamente humana. O sistema muscular tam- bém

promove a circulação sanguínea (sobre a qual você aprenderá na próxima unidade deste módulo) por meio do

bombeamento de sangue do músculo cardíaco.

Biologia 227
Figura 9: Detalhe do sistema muscular, ilustrando as costelas (os ossos, em branco, no centro da figura) unidas com a muscu- latura
do tórax e os músculos do braço ligados ao osso.
O sistema muscular está intimamente ligado ao sistema esquelético. Na realidade, queremos dizer exatamente

isso: ligados! Digamos que você queira coçar sua perna. Sua vontade faz com que o comando chegue, por meio de

impulsos nervosos, ao sistema muscular esquelético ligado ao braço. Quando o impulso chega, o músculo esquelé-

tico do seu braço se contrai, e se distende, movimentando o osso ao qual ele está ligado. O mesmo processo acontece

em sua mão que mexe seus dedos, para você conseguir coçar sua perna.

Impulsos nervosos

São os sinais transmitidos por células nervosas de todas as partes do corpo até o encéfalo, transmitindo as sensações, como o tato,
a visão etc.

Você pode reparar que seu cotovelo movimenta-se sempre da mesma maneira, possibilitando que seu pulso

se aproxime do seu ombro. O cotovelo e o joelho são exemplos do que chamados de articulações.

Figura 10: Ilustração, mostrando uma articulação entre dois ossos e um tendão, que une o músculo ao osso.

Uma articulação é a região onde dois ossos unem-se. Repare, quando você estiver comendo uma asinha de

galinha, que as partes da asinha movem-se da mesma forma que você pode mover seu braço. A asa da galinha é uma

parte da anatomia da ave que é equivalente ao braço humano. Repare que ela apresenta três partes também: ante-

braço, braço e mão.

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Figura 11: Asas de galinha com três partes equivalentes ao seu braço, ligadas por cartilagens. Repare que na parte da mão existe
até um dedo (polegar) que é um vestígio de um ancestral comum com dedos nas mãos.

O corpo, a pele, os músculos e o esqueleto


Exercício 1 – Cecierj - 2013
Existem estudiosos que pesquisam sobre as características morfológicas de determinado grupo de seres vivos.

Que nome é dado à ciência que estuda partes semelhantes entre dois grupos e caracteriza as diferenças ana-

tômicas entre eles?

a. Taxonomia animal

b. Fisiologia descritiva

Biologia 229
c. Anatomia comparada

d. Morfologia fisiológica

Exercício 2 – Cecierj - 2013


A pele é considerada o maior órgão do corpo humano, constantemente renovada desde o dia em que nasce-

mos até o dia que morremos.

A que sistema este órgão pertence?

a. Tegumentar

b. Periférico

c. Muscular

d. nervoso

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Sistemas Respiratório e
Circulatório

Entendendo a respiração!
Quando fazemos uma corrida ou qualquer tipo de esforço físico intenso, como no caso do atleta da nossa in-

trodução, é comum sentirmos necessidade de respirar mais rápido, tanto pelo nariz quanto pela boca.

Isso acontece porque tanto a boca quanto o nariz são órgãos que compõem um importante sistema do nosso

corpo: o respiratório. Ele é responsável por permitir a troca dos gases oxigênio e carbônico entre o ambiente externo

e o nosso organismo.

Essa troca gasosa acontece durante um processo chamado de respiração. E, para que ele ocorra, é fundamen-

tal que todas as peças do sistema respiratório estejam funcionando corretamente. Um exemplo disso é que, quando

estamos com o nariz entupido por causa de uma gripe, temos dificuldades em respirar.

Mas como eu disse, a respiração é um processo. E digo mais: ele não é tão simples quanto pode soar! E para

entendê-lo é preciso conhecer também todos os órgãos do sistema respiratório e as suas funções. Vamos lá?

Vias respiratórias
As vias respiratórias – os caminhos por onde o ar passa ao entrar e sair durante a respiração – podem ser divi-

didas em:

 Via respiratória superior.

 Via respiratória inferior.

A via respiratória superior é formada por órgãos localizados fora da caixa torácica: fossas nasais, faringe, la-

ringe e parte superior da traqueia. A via respiratória inferior consiste em órgãos localizados na cavidade torácica: parte

inferior da traqueia, brônquios, bronquíolos, pulmões e alvéolos. Os músculos intercostais (localizados entre as

costelas) e o diafragma, que formam a cavidade torácica, também fazem parte da via respiratória inferior (figura 2).

Caixa torácica

Biologia 231
É o conjunto de estruturas, incluindo os ossos das costelas, que formam um espaço onde se abrigam o coração e o pulmão.

Figura 2: As fossas nasais, faringe, laringe (que é a continuação da faringe) e parte inicial da traqueia compõem a via respi-
ratória superior. Já a parte torácica (a qual é protegida pela caixa torácica, que não está representada na figura) da traqueia, os
brônquios, bronquíolos (que são a continuação dos brônquios, localizados no interior dos pulmões), pulmões e alvéolos
(terminações dos brônquios) compõem a via respiratória inferior.

As fossas nasais abrem-se para o exterior através das narinas, que são dois canais que se encontram no interior

do nariz; é através delas, e também da cavidade oral, que o ar entra no sistema respiratório. As funções das fossas

nasais são umedecer, aquecer e filtrar o ar. Elas possuem pelos, cílios e um muco pegajoso que impedem a entrada

de impurezas do ar. Os germes e as partículas estranhas aderem ao muco e são arrastados para fora pelo movimento

dos

cílios.

Cílios

São estruturas presentes na superfície de algumas células que fazem movimento em uma determinada direção, de forma a pro-
mover o deslocamento da própria célula (dependendo do tipo celular) ou de substâncias indesejadas que se aproximem dela (como
é o caso de impurezas do ar nas narinas). Têm este nome porque lembram a aparência dos cílios dos olhos.

Sistema Circulatório
O sistema circulatório é responsável pela distribuição contínua do fluxo sanguíneo a todos os tecidos do corpo.

Ele consiste de uma ampla rede de vasos que leva o sangue rico em oxigênio e nutrientes do coração a todas as partes

do corpo. Ao mesmo tempo, ele remove os produtos finais do metabolismo celular, como o gás carbônico e a ureia,

retornando ao coração.

Em uma pessoa adulta, o sangue leva em média um minuto para percorrer todo o corpo. Os principais compo-

nentes do sistema circulatório são: o coração, as artérias, veias, arteríolas, vênulas e os capilares.

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O coração
O coração é um órgão pequeno, do tamanho de um punho fechado, que possui quatro cavidades (ou câma-

ras): dois átrios e dois ventrículos. Os dois átrios comunicam-se com os respectivos ventrículos por meio de
passagens

Biologia 233
protegidas por válvulas. A válvula direita é chamada de tricúspide por ser formada por três peças (valvas), enquanto
a

válvula esquerda é formada por duas valvas, sendo chamada bicúspide ou válvula mitral (figura 6).

Figura 6: Esquema da estrutura interna do coração.

O sangue atravessa essas válvulas apenas no sentido do átrio para o ventrículo, pois a própria pressão do sangue

fecha a passagem em sentido contrário. Da mesma maneira, o sangue passa sempre dos ventrículos para as artérias,

atravessando outras válvulas (Figura 7.

Figura 7: O fluxo sanguíneo pelo coração. O sangue sempre entra no coração por meio de veias e sai dele, rico em oxigênio,
pelas artérias. Vindo da circulação pelo corpo, rico em gás carbônico, ele entra no coração pelas veias cavas superior e infe- rior,
tomando o átrio direito. Dali, passa pela válvula tricúspide alcançando o ventrículo direito, onde recebe oxigênio e vai pela
artéria pulmonar para os pulmões. Nos pulmões, realiza trocas gasosas e volta ao coração pela veia pulmonar, chegan- do ao
átrio esquerdo. Passa então pela válvula mitral ao ventrículo direito, de onde parte, rico em oxigênio, pela aorta, para circular
por todo o corpo, voltando novamente ao coração pelas veias cavas.

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Questão 1 (ENEM 2011)


“A produção de soro antiofídico é feita por meio da extração da peçonha de serpentes que, após tratamento,

é introduzida em um cavalo. Em seguida, são feitas sangrias para avaliar a concentração dos anticorpos produzidos pelo

cavalo. Quando essa concentração de anticorpos atinge o valor desejado, é realizada a sangria final para obten- ção do

soro. As hemácias são devolvidas ao animal, por meio de uma técnica denominada plasmaferese, a fim de reduzir os

efeitos colaterais provocados pela sangria.”

Disponível em: http://www.infobibos. Com. Acesso em:28 abr. 2010 (adaptado).


A plasmaferese é importante, pois, se o animal ficar com uma baixa quantidade de hemácias, poderá apresentar: a.

Febre alta e constante.

b. Redução de imunidade.

c. Aumento da pressão arterial.

d. Quadro de leucemia profunda.

e. Problemas no transporte de oxigênio.

Questão 2 (ENEM 2010)


Durante as estações chuvosas, aumentam no Brasil as campanhas de prevenção à dengue, que têm como ob-

jetivo a redução da proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus da dengue.

Que proposta preventiva poderia ser efetivada para diminuir a reprodução desse mosquito?

a. Colocação de telas nas portas e janelas, pois o mosquito necessita de ambientes cobertos e fechados para a sua

reprodução.

b. Substituição das casas de barro por casas de alvenaria, haja vista que o mosquito se reproduz na parede das casas de
barro.

Biologia 230
c. Remoção dos recipientes que possam acumular água, porque as larvas do mosquito se desenvolvem nesse meio.

d. Higienização adequada de alimentos, visto que as larvas do mosquito se desenvolvem nesse tipo de substrato.

e. Colocação de filtros de água nas casas, visto que a reprodução dos mosquitos acontece em águas contaminadas.

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Sistemas Nervoso e
Imunológico

Sistema Nervoso
O sistema nervoso é responsável por coordenar todas as funções do organismo, desde jogar futebol e assistir a

um filme até piscar os olhos ou chorar.

As informações vêm de todas as partes do corpo, sendo geradas por uma variedade de estímulos provenientes

do ambiente ou do próprio organismo. Elas são analisadas e integradas no encéfalo, o principal órgão nervoso, por

circuitos formados por células especializadas chamadas de neurônios. Estes são organizados em diferentes sistemas

e somam, no encéfalo humano, cerca de 100 bilhões de células.

Os neurônios transmitem as informações por meio de impulsos elétricos que podem chegar a velocidades su-

periores a 100 m/s (cerca de 360 km/h). É por isso, por exemplo, que um motorista consegue frear o carro tão logo

ele vê alguém atravessando a rua. Nesse caso, o sistema visual enviou uma mensagem ao encéfalo, que foi

rapidamente analisada e processada por ele, resultando em uma ordem aos músculos para pisar no freio. O processo,

que vai desde o momento em que o motorista viu a criança até a freada do veículo, ocorre em menos de um segundo!

Essa alta velocidade de transmissão se dá graças à estrutura física e à composição dos neurônios, assim como de outro

tipo celular que, em muitos casos, os auxiliam: as células da Glia. Vamos entender um pouco mais sobre essas células.

Os Neurônios
A unidade básica do sistema nervoso é o neurônio, também chamado de célula nervosa. Os neurônios pos-

suem uma região central, chamada corpo celular, onde se encontram o núcleo celular e a maioria das organelas. Possui

também ramificações, que se originam do corpo celular, chamadas neuritos, que são de dois tipos: axônios e dendritos

(Figura 2).

Biologia
231

Figura 2: Estrutura do neurônio. O neurônio é formado por um corpo celular, axônio e dendritos.

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Os axônios possuem diâmetro uniforme ao longo de toda sua extensão e podem se estender por longas

distâncias. Os dendritos, por outro lado, raramente se estendem por mais de dois milímetros e formam ramifica- ções

arborescentes.

Arborescentes

Que têm quase a forma ou as características de uma árvore.

Quando um neurônio está em repouso, há íons de sódio (Na+) fora da célula e íons de potássio (K+), em menor

quantidade, dentro da célula. A diferença de concentração desses íons faz com que, relativamente, o lado externo da

membrana do neurônio seja mais positivo e o lado de dentro da membrana seja mais negativo.

Quando um neurônio é suficientemente excitado, esse gradiente se altera: muitos íons Na+ entram na célula e

de K+ saem e a polaridade se inverte (fica negativo fora e positivo dentro). Isso é chamado de despolarização da

membrana do neurônio, e gera um impulso elétrico que “caminha” por toda a extensão do axônio. Ou seja, essa onda

de despolarização e repolarização acontece em diversos trechos sequenciais da membrana plasmática do axônio de

um neurônio.

Em seguida, quando o quadro inicial se restabelece (mais sódio fora e potássio dentro) e o lado externo volta a

ser mais positivo e o interno mais negativo. Esse evento é chamado de repolarização da membrana do axônio. Veja o

esquema da Figura 3.

Figura 3: Impulso nervoso. Quando o neurônio está em repouso (1), a concentração de sódio (representado por “+”) fora da célula
é maior do que dentro dela. Já a concentração de potássio (-) é inversa. Quando o neurônio é estimulado (2), há au- mento de

Biologia
233
entrada de sódio na célula, invertendo sua polaridade. Em seguida, o potássio e o excesso de sódio saem da célula, restabelecendo a polarização
(repolarização, em 3). A troca de carga se propaga ao longo do axônio, transmitindo o sinal.

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Sistema Imunológico
Você já parou para pensar que estamos cercados por milhões de microrganismos, como bactérias, vírus e fun- gos?!

E muitos desses são potencialmente patogênicos, ou seja, podem causar doenças. Mas por que, então, não ficamos

doentes o tempo todo?

Bem, isso acontece graças ao sistema imunológico (ou imune), que nos provém defesa notavelmente eficaz.

Nesta seção, você vai conhecer os principais componentes do sistema imune e suas estratégias de defesa. Você

vai aprender também sobre a malária, uma doença infecciosa que ataca as hemácias.

Componentes do Sistema Imunológico


As células do sistema imune (SI) originam-se na medula óssea, onde muitas delas também amadurecem.

Essas células, quando maduras, migram para proteger os tecidos periféricos, circulando pelo sangue, por um

sistema especializado de vasos, chamado linfático e, algumas vezes, se infiltrando em alguns tecidos do corpo. A ta- bela

1 relaciona as células do sistema imune e suas funções na defesa do organismo.

Tabela 1: As células do sistema imune e suas funções.

CÉLULA FUNÇÃO QUANDO ATIVADA

Macrófago Fagocita bactérias e ativa mecanismos que as matam

Célula dendrítica Capta antígenos no local da infecção e os apresenta para as células T e B nos linfonodos

Neutrófilo Fagocita bactérias e ativa mecanismos que as matam

Eosinófilo
Mata parasitas revestidos por anticorpos

Basófilo
Participa de reações alérgicas

Mastócito
Libera grânulos contendo substâncias que vão recrutar mais células de defesa

Biologia 233
Linfócito B
Diferencia-se em plasmócito, célula responsável pela produção de proteínas
(anticorpos) de ataque a substâncias e agentes invasores

Linfócito T Possui dois subtipos: matam células infectadas com vírus quando citotóxicos (subtipo
CD8+); ativam células B e macrófagos quando auxiliares (subtipo CD4+)

Fonte:Clarissa Leal de Oliveira Mello.

Os órgãos linfoides são tecidos organizados que contêm um grande número de linfócitos e células não linfoides

(como as células epiteliais, por exemplo). Nestes órgãos, as interações entre os linfócitos e as células não linfoides são

importantes tanto para o desenvolvimento dos linfócitos como para a iniciação de respostas imunes, e para a manu-

tenção dos próprios linfócitos.

Questão 1 (ENEM 2011)


Os sintomas mais sérios da Gripe A, causada pelo vírus H1N1, foram apresentados por pessoas mais idosas e por

gestantes. O motivo aparente é a menor imunidade desses grupos contra o vírus. Para aumentar a imunidade

populacional relativa ao vírus da Gripe A, o governo brasileiro distribuiu vacinas para os grupos mais suscetíveis.
A vacina contra H1N1, assim como qualquer outra contra agentes causadores de doenças infectocontagiosas,

aumenta a imunidade das pessoas porque

A. Possui anticorpos contra o agente causador da doença.

B. Possui proteínas que eliminam o agente causador da doença.

C. Estimula a produção de glóbulos vermelhos pela medula óssea.

D. Possui linfócitos B e T que neutralizam o agente causador da doença. E. Estimula a produção de anticorpos

contra o agente causador da doença.

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Questão 2 (ENEM 2009)

Para que todos os órgãos do corpo humano funcionem em boas condições, é necessário que a temperatura do

corpo fique sempre entre 36 ºC e 37 ºC. Para manter-se dentro dessa faixa, em dias de muito calor ou durante intensos

exercícios físicos, uma série de mecanismos fisiológicos é acionada. Pode-se citar como o principal responsável pela

manutenção da temperatura corporal humana o sistema

A. digestório, pois produz enzimas que atuam na quebra de alimentos calóricos.

B. imunológico, pois suas células agem no sangue, diminuindo a condução do calor.

C. nervoso, pois promove a sudorese, que permite perda de calor por meio da evaporação da água.

D. reprodutor, pois secreta hormônios que alteram a temperatura, principalmente durante a menopausa.

E. endócrino, pois fabrica anticorpos que, por sua vez, atuam na variação do diâmetro dos vasos periféricos.

Biologia 235
Sistema Urogenital

O sistema urinário
Como disse, o sistema urinário é o sistema responsável por excretar substâncias indesejáveis, resultantes do nosso

metabolismo – podem ser substâncias tóxicas ou até mesmo excesso de água,o que causaria um desbalanço na

quantidade de líquido no organismo.

Os principais excretas tóxicos que o nosso corpo gera são produtos do metabolismo de proteínas (e também de

ácidos nucleicos, mas em menor quantidade) , como as que ingerimos na alimentação. Como você aprendeu no Módulo

1, as proteínas são formadas por aminoácidos. Os aminoácidos são moléculas que possuem, em sua estru- tura, um

grupamento químico chamado amina, a qual contém em sua estrutura átomo de nitrogênio (N) e, quando metabolizadas,

geram como produto a amônia (NH3).

Excretas

Resíduos do metabolismo a serem eliminados pelo organismo.

A amônia é uma substância muito tóxica para os seres vivos e, para ser eliminada, é necessário que seja muito

diluída em água. Esse mecanismo de excreção funciona muito bem para os peixes, por exemplo, para os quais a dis-

ponibilidade de água realmente não é um problema. Mas para animais terrestres, ao longo do curso evolutivo, foram

selecionadas outras estratégias que fossem capazes de eliminar a amônia sem que ela circulasse livremente nos orga-

nismos até ser excretada e sem precisar de uma grande quantidade de água para diluí-la. Uma dessas estratégias é

convertê-la em moléculas “parecidas”, mas menos tóxicas; no caso dos mamíferos, a molécula principal é a ureia, mas há

também o ácido úrico.

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Figura 1: A amônia é a substância nitrogenada mais tóxica que os organismos produzem. Para ser excretada pelos mamífe- ros, é
necessário ela seja convertida em derivados menos tóxicos, como é o caso da ureia e do ácido úrico (também chama- dos de excretas
nitrogenados). O ácido úrico é o menos tóxico de todos, mas não foi a estratégia selecionada evolutivamente para os mamíferos. A
provável razão que nos explica isso é que o ácido úrico é muito pouco solúvel em água e tende a for- mar cristais quando em alta
concentração, o que acarretaria uma dificuldade de circulação no sangue e excreção pela urina.

Os excretas nitrogenados são transportados pelo sangue e “entregues” ao sistema urinário. Vamos conhecer

um pouco a estrutura desse sistema, antes de entender como ele funciona.

Figura 2: Esquema simplificado do sistema urinário.

Sistema Reprodutor

Biologia 237
Este sistema é, como o próprio nome já diz, envolvido com a reprodução dos seres vivos, e está presente, das formas mais

variadas, em todos eles. Plantas, minhocas, peixes, cangurus, nós – todos temos um sistema reprodutor, fundamental

para a perpetuação das espécies.

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Em muitos animais, incluindo os humanos, esse sistema apresenta grandes diferenças do sexo masculino para o

sexo feminino. Ele é o que difere os machos das fêmeas e o único sistema que não é igual para ambos os sexos, como é o

caso do circulatório, urinário, nervoso etc.

Falando mais especificamente dos humanos daqui por diante, quando o óvulo da mãe e o espermatozoide do pai

se fundem na fecundação, é definido o sexo do bebê. Um espermatozoide pode carregar tanto um cromossomo X quanto

um Y. Ao se fundir com o óvulo (sempre X), o zigoto formado pode ser XX (mulher) ou XY (homem).

Os órgãos sexuais (vagina e pênis) são as expressões mais básicas da presença de XX ou XY no bebê em for- mação;

por isso, são chamados caracteres sexuais primários. Afora os órgãos sexuais, em geral não encontramos em

crianças outras características que as diferenciem.

É na puberdade que uma série de mudanças começam a ocorrer, e os meninos se transformam em rapazes e as

meninas em moças. Nos meninos, ocorre o aumento na produção de um hormônio chamado testosterona, pelos

testículos (mais especificamente pelas células de Leydig, que ficam nos testículos). A testosterona foi importante no início

da vida do embrião, quando estimulou a formação do pênis e, a partir da puberdade, ela desencadeia outros eventos

importantes, como:

 Crescimento do pênis.

 Surgimento de pelos pelo corpo (axilas, peito, rosto) e nas regiões pubianas.

 Engrossamento da voz.

 Alargamento dos ombros.

 Surgimento do pomo-de-adão.

 Produção dos espermatozoides.

Junto com a existência do aparelho reprodutor masculino, definido pelos cromossomos, todas essas caracte-

rísticas configuram um ser do sexo masculino da espécie humana. Essas características que surgem na puberdade são

chamadas caracteres sexuais secundários e ajudam a diferenciar homens de mulheres.

Já nas moças, um outro hormônio, chamado progesterona, é que desencadeia o surgimento das características

sexuais secundárias; algumas delas são:

 Aumento das mamas.

 Surgimento de pelos pubianos.

 Ocorrência da menstruação.

 Maior tendência à concentração de gordura nos quadris.

Biologia 239
A puberdade representa também uma espécie de amadurecimento físico para a cópula. É para que a cópula seja

possível e o espermatozoide do homem seja inoculado dentro da mulher (e, assim, possa haver fecundação) que

os aparatos sexuais de cada gênero são diferentes. Vejamos como eles funcionam.

Cópula

Ato sexual, penetração do macho na fêmea com finalidade biológica de reprodução.

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Questão 1 (FUVEST)

Observe o esquema do néfron do rim humano:

Biologia 241
a) O processo de formação da urina acontece em duas fases: filtração e reabsorção. Em que partes do néfron

ocorrem essas fases?

b) Por que na urina normal não aparecem proteínas?

c) Para onde vão as substâncias úteis absorvidas?

d) Qual o caminho seguido pelo fluido filtrado que se transforma em urina?

Exercício 1 – Cecierj – 2013


No sistema urinário é onde ocorre a filtração de todo o nosso sangue, para fazer a remoção dos resíduos me-

tabólicos e substâncias tóxicas. Qual é o órgão responsável

pela filtração do sangue?

a. Bexiga

b. Ureter

c. Uretra

d. Rim

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Exercício 2 – Cecierj – 2013


Quando a bexiga enche, sentimos vontade de urinar.

Qual é o nome do duto por onde passa a urina?

a. Trompa da bexiga.

b. Ureter.

c. Uretra.
d. Rim

Biologia 243
Sistema digestório
Ingestão
O sistema digestório funciona, basicamente, pela execução de quatro etapas no processo de nutrição: inges- tão,

digestão, absorção e eliminação. Para executar cada uma dessas etapas do processo de nutrição, o sistema diges- tório

humano é composto por partes, cada uma com atuação diferenciada. São sete regiões principais:

(1) cavidade oral ou boca; (5) intestino delgado;

(2) faringe; (6) intestino grosso;

(3) esôfago; (7) ânus.

(4) estômago;

240

Biologia
Figura 2: Detalhamento do sistema digestório humano. Este sistema é parte fundamental do nosso organismo, pois é através dele
que adquirimos a energia que sustenta as nossas atividades diárias. Ele é composto por diversas partes, começando pela boca e
terminando no ânus.

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O sistema digestório inicia-se na boca, onde acontece a ingestão, a primeira etapa do processo de nutrição. A

boca é a abertura do sistema digestório e está presente em praticamente todos os animais, incluindo os invertebra- dos,

como insetos e moluscos. No interior da boca, encontra-se a língua, um músculo esquelético preso ao chão da

boca que manipula comida para a mastigação e a deglutição.

Na maior parte dos animais vertebrados, a boca possui uma mandíbula associada. O movimento mandibular, com

o auxílio dos dentes e da língua, promove a mastigação do alimento a ser ingerido. A mastigação, portanto, é a primeira

ação mecânica que tritura o alimento, convertendo-o em pedaços menores.

Mandíbula

Parte móvel do crânio dos vertebrados gnathostomados. O movimento é resultado da musculatura potente associada a ossos
móveis e articulações.

Ação mecânica

Processo de digestão do alimento que ocorre por trituração física, pelos dentes, do alimento, em partes menores.

Quando pequeno, aposto como você já ouviu com insistência da sua mãe: “Mastigue bem essa comida!”. De fato,

existe uma relação entre eficiência digestiva e o tamanho do alimento. Quanto menor o tamanho do alimento ingerido, mais

exposta estará a sua superfície e mais eficiente será a conversão do alimento em energia.

Além da ação mecânica da mastigação, na boca, também se inicia uma ação enzimática para digestão do alimento

com a saliva produzida pelas glândulas salivares. Enzimas presentes na saliva irão auxiliar na quebra do alimento. Uma enzima

exerce esse papel se encaixando perfeitamente em uma determinada molécula (chamada substrato), facilitando a sua

quebra e transformando-a no produto, como mostra a figura a seguir. Enzimas digestivas, portanto, degradam o alimento,

convertendo-o em partículas menores que podem ser absorvidas pelas células (ou seja, podem passar através das

membranas plasmáticas).

Ação enzimática

Biologia 241
Promove a quebra do alimento por meio de reações enzimáticas, mediadas por enzimas digestivas.

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1. (ENEM 2006)

Biologia 243
A tabela a seguir apresenta dados relativos a cinco países.

Com base nessas informações, infere-se que:

a. A educação tem relação direta com a saúde, visto que é menor a mortalidade de filhos cujas mães pos-

suem maior nível de escolaridade, mesmo em países onde o saneamento básico e precário.

b. O nível de escolaridade das mães influencia na saúde dos filhos, desde que, no país em que eles resi-

dam, o abastecimento de água favoreça, pelo menos, 50% da população.

c. A educação de jovens e adultos e a ampliação do saneamento básico são medidas suficientes para se reduzir

a zero a mortalidade infantil.

d. Mais crianças são acometidas pela diarreia no país III do que no país II.

e. A taxa de mortalidade infantil é diretamente proporcional ao nível de escolaridade das mães e indepen-

de das condições sanitárias básicas.

A energia do dia a dia

A energia flui
Como dissemos, uma das definições de energia é a capacidade de produzir trabalho. O comportamento da

energia é descrito pelas seguintes leis:

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A primeira lei da termodinâmica observa que a energia pode se transformar de um tipo em outro; ela jamais é
criada ou destruída. A luz, por exemplo, pode transformar-se em calor ou ser convertida em energia nas ligações
químicas em moléculas orgânicas, como a glicose. Nos dois casos, a energia é consumida, mas não destruída; ela
é, sim, transformada.
A segunda lei da termodinâmica refere-se ao fato de que as transformações energéticas não são 100% efi- cazes,
pois parte da energia se dissipa na forma de calor. E as reações que consomem energia não ocorrem de forma
espontânea.

Dos organismos aos ecossistemas, toda a biosfera possui a característica termodinâmica de criar e man- ter um

grau bem elevado de ordem interior. Todas as manifestações da vida são acompanhadas por trocas de energia, ainda que

não se crie ou destrua energia alguma. Sem transferência de energia, não haveria vida. Assim, as relações entre plantas

produtoras e animais consumidores, entre predador e presa e toda a infinidade de relações alimentares que se

estabelecem são governadas pelas mesmas leis básicas que regem os sistemas não vivos, como os motores elétricos.

Continuamente, a luz e outras radiações saem do Sol e passam para o espaço. Uma parte desta radiação chega à Terra,

atravessa a atmosfera e alcança oceanos, florestas, lagos, desertos, campos cultivados e muitos outros ecos- sistemas de

nosso planeta.

Ecossistema

É um sistema natural onde interagem entre si os seres vivos (fatores chamados de bióticos) e o ambiente (fatores abióticos, como
temperatura, nutrientes, água).

Autotróficos x heterotróficos
Todos os seres vivos precisam de energia para manter as atividades de suas células, como a realização de mo-

vimentos, a fabricação e o transporte de substâncias. Sem esse fluxo de energia, as reações químicas que envolvem o

processo metabólico param, deixam de acontecer.

Diante de toda a diversidade de formas de vida que existe, podemos identificar algumas estratégias dos seres vivos

para conseguir a energia necessária para a manutenção de suas atividades vitais. Todas as formas de obtenção de energia

podem ser divididas em dois grupos:

Biologia 245
1. Seres que captam energia do ambiente e sintetizam moléculas orgânicas a partir das moléculas inorgâni- cas

(autotróficos);

2. Seres que, sendo incapazes de sintetizar seu próprio alimento, obtêm-no a partir de outros seres (heterotróficos).

Os seres autotróficos normalmente usam a energia luminosa, captada do ambiente, para sintetizar seu próprio

alimento através da fotossíntese. Relembrando o que você viu na Unidade 2 do Módulo 2, nesse processo metabólico,

a luz é usada para sintetizar uma molécula orgânica (a glicose) a partir de moléculas inorgânicas, mais simples (gás

carbônico e água).

Mais que uma simples estratégia de sobrevivência, a fotossíntese modificou profundamente a história da vida

em nosso planeta. Primeiro, porque ela é a principal entrada de energia nas comunidades de seres vivos. Em outras

palavras, é, graças à fotossíntese, que a energia física (a luz proveniente do Sol) é transformada em energia química

(a molécula orgânica glicose).

Segundo, porque o gás oxigênio, o resíduo da fotossíntese, mudou radicalmente a composição da atmosfera

terrestre. No início, tal gás foi uma ameaça aos seres vivos por causa do seu grande poder corrosivo (baseado no seu

potencial oxidante, propriedade de arrancar elétrons das outras substâncias). Com o passar do tempo, houve uma

seleção natural de organismos que passaram a usar esse poder corrosivo a seu favor. Surgiram, então, os seres aeró-

bicos, capazes de usar o poder oxidante do gás oxigênio de forma direcionada para degradar a glicose, liberando boa

parte da energia armazenada em suas ligações químicas (lembra-se da respiração aeróbia?).

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Questão 1 (Enem 2011)


Os personagens da figura estão representando uma situação hipotética de cadeia alimentar.

Suponha que, em cena anterior à apresentada, o homem tenha se alimentado de frutas e grãos que conseguiu coletar.

Biologia 247
Na hipótese de, nas próximas cenas, o tigre ser bem-sucedido e, posteriormente, servir de alimento aos abu- tres,

tigre e abutres ocuparão, respectivamente, os níveis tróficos de

a. Produtor e consumidor primário.

b. Consumidor primário e consumidor secundário.

c. Consumidor secundário e consumidor terciário.

d. Consumidor terciário e produtor.

e. Consumidor secundário e consumidor primário.

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É um sistema natural onde interagem entre si os seres vivos (fatores chamados de bióticos) e o ambiente (fato-

res abióticos, como temperatura, nutrientes, água).

O nome dado a esse sistema é

a. biopirataria.

b. biossistema.

c. ecossistema.

d. biodiversidade.

Exercício 2 – Cecierj - 2013


Os seres que captam energia do ambiente e sintetizam moléculas orgânicas a partir das moléculas inorgânicas

são chamados de autotróficos.

Os seres, que sendo incapazes de sintetizar seu próprio alimento, obtêm-no a partir de outros seres são chamados de

a. autotróficos.

b. supertróficos.

c. monotróficos.

Biologia 249
d. heterotróficos.

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Interações Ecológicas – A
Teia da Vida

Decifrando os padrões
Observando atentamente as interações entre os seres vivos, os cientistas reconheceram várias formas pelas quais eles

podem interagir. As interações ocorrem tanto entre seres da mesma espécie (Relações Intraespecíficas) como entre seres

de espécies diferentes (Relações Interespecíficas).

Além disso, podem ser classificadas como Harmônicas ou Desarmônicas (caso pelo menos um dos participan-

tes da relação seja prejudicado de alguma forma com a relação). Assim, as possibilidades de interações podem ser

resumidas pelas combinações: neutras (0), positivas (+) e negativas (-), como se segue para os organismos envolvidos

nas relações:

(0) (0), (-) (-), (+) (+) , (+) (0), (-) (0) e (+) (-).

As combinações que são observadas na natureza estão representadas na Tabela 1.

Tabela 1: Na Natureza, os seres podem interagir entre si de diversas maneiras. Aqui, estão representados os diversos tipos de
interações (à direita), as quais podem ser neutras, harmônicas ou desarmônicas e ocorrerem dentre seres da mesma espécie ou
de espécies diferentes.

Relações Neutras Neutralismo (0) (0)

Colônia (+) (+)


Intraespecífica

Relações Harmônicas Sociedade (+) (+)

Simbiose (+) (+)

Interespecífica
Protocooperação (+) (+)

Comensalismo (0) (+)

Amensalismo (0) (-)

Biologia 251
Parasitismo (-) (+)
Interespecífica
Relações Desarmônicas Predação (-) (+)

Competição (-) (-)

Competição (-) (-)

Intraespecífica Canibalismo (-) (+)

Dizer que uma relação é neutra é o mesmo que dizer que não há relação direta entre as populações. Estuda- remos, a

seguir, os casos em que a relação se dá de forma positiva, ou seja, uma população afeta outra, de alguma

forma, favorecendo-se entre si.

Biologia
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Questão 1 (ENEM 2008)

Biologia 253
Um estudo recente feito no Pantanal dá uma boa ideia de como o equilíbrio entre as espécies, na Natureza, é um

verdadeiro quebra-cabeça. As peças do quebra-cabeça são o tucano-toco, a arara-azul e o manduvi. O tucano-to- co é o

único pássaro que consegue abrir o fruto e engolir a semente do manduvi, sendo, assim, o principal dispersor de suas

sementes. O manduvi, por sua vez, é uma das poucas árvores onde as araras-azuis fazem seus ninhos.

Até aqui, tudo parece bem encaixado, mas... é justamente o tucano-toco o maior predador de ovos de arara-azul —

mais da metade dos ovos das araras são predados pelos tucanos. Então, ficamos na seguinte encruzilhada: se não há

tucanostoco, os manduvis se extinguem, pois não há dispersão de suas sementes e não surgem novos manduvinhos, e isso

afeta as

araras-azuis, que não têm onde fazer seus ninhos. Se, por outro lado, há muitos tucanos-toco, eles dispersam as sementes

dos manduvis, e as araras-azuis têm muito lugar para fazer seus ninhos, mas seus ovos são muito predados.

Internet: <http://oglobo.globo.com> (com adaptações).

De acordo com a situação descrita,

a. O manduvi depende diretamente tanto do tucano-toco como da arara-azul para sua sobrevivência.

b. O tucano-toco, depois de engolir sementes de manduvi, digere-as e torna-as inviáveis.

c. A conservação da arara-azul exige a redução da população de manduvis e o aumento da população de

tucanos-toco.

d. A conservação das araras-azuis depende também da conservação dos tucanos-toco, apesar de estes serem

predadores daquelas.

e. A derrubada de manduvis em decorrência do desmatamento diminui a disponibilidade de locais para os

tucanos fazerem seus ninhos.

Biologia
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Interações Ecológicas – A Teia da Vida


Exercício 1 – Cecierj – 2013
São agrupamentos de indivíduos que, embora não apresentem qualquer tipo de ligação anatômica, desenvol-

veram o comportamento gregário, ou seja, têm uma grande tendência de viverem juntos.

Esta definição está relacionada a

a. colônia.

b. cnidário.

c. sociedade.

Biologia 255
d. especiação.

Exercício 2 – Cecierj – 2013


Em certo tipo de relação desarmônica entre seres vivos, há seres prejudicados com a relação sem intenção.

É um caso típico de

a. amensalismo.

b. canibalismo.

c. parasitismo.

d. insetívoro.

Biologia
País tropical e bonito por
Natureza: os diferentes biomas

Amazônia: um tesouro a preservar


Conta a lenda que, na região Norte do Brasil, no meio da selva amazônica, esconde-se o Eldorado, uma cidade de ouro

protegida por valentes guerreiras, as Amazonas. O Eldorado nunca foi encontrado, mas finalmente descobri- mos o

tesouro escondido no coração da floresta: a biodiversidade.

A imensidão verde da Floresta Amazônica abriga, em seus diferentes estratos, um intenso ritmo de vida, reple- to de aves

coloridas, muitos macacos, além de répteis, felinos e incontáveis espécies de insetos. Você pode imaginar a quantidade de peixes

que vivem na imensidão das águas da Bacia Amazônica? Na Amazônia, vivem mais de um terço das espécies existentes na Terra.

Estratos

O mesmo que camadas. Grosso modo, a vegetação apresenta três estratos de acordo com o seu porte: o hebáceo (rasteiro), o
arbustivo (de arbustos, com porte intermediário) e o arbóreo (formado por árvores de grande porte).

O BIOMA AMAZÔNIA ocupa 8 milhões de quilômetros quadrados espalhados por nove países da América do Sul: Brasil,
Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. A Amazônia brasileira se estende por todos
os estados da Região Norte do Brasil: Amazonas, Pará, Roraima, Amapá, Rondônia e Acre. A Amazô- nia Legal inclui ainda as
bordas da Floresta Amazônica no Maranhão, Tocantins e Mato Grosso, embora nestes estados as matas sejam mais ralas,
fazendo uma transição para o Cerrado.

Amazônia Legal
É uma criação administrativa do Governo Federal de 1996. Abrange áreas vizinhas à Floresta Amazô- nica. Nessa
borda da Amazônia, o Governo Federal tem políticas especiais de estímulo da ocupação (abrindo mão de alguns
impostos para atrair empreendedores), mas também de proteção da vege- tação (p. ex.: maior porcentagem de
reserva legal nas propriedades rurais do Brasil – 80% contra 35% no Cerrado e 20% nas demais regiões do país).

A Floresta Amazônica apresenta vários estratos formados pelas copas de árvores frondosas, chegando a 50 me-

tros de altura. Muitas dessas árvores apresentam raízes tabulares, adaptação para a sustentação da planta no solo areno-
so da Amazônia (Figura 3). Entre as árvores de grande porte, estão a castanheira do Pará, a sumaúma e a famosa serin-

Biologia
250
gueira (Hevea brasiliensis), a partir da qual se extrai o látex, usado na fabricação da borracha natural. Também são muito comuns as epífitas, entre
as quais se destacam bromélias e trepadeiras com cipós que formam densas cortinas na mata.

Biologia 250
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Cerrado – A riqueza do Brasil Central


Cerrar, escrito assim, com “c”, significa fechar. E é exatamente porque a vegetação rasteira desse ambiente é

muito fechada que ele foi batizado assim.

Figura 4: O cerrado tem este nome por sua característica vegetação rasteira bem fechada.

Biologia 251
Você pode até pensar que o Cerrado é um ambiente pobre. Mas que nada! O Cerrado, pelo contrário, é um

ambiente bastante diversificado, apresenta diferentes domínios, cada um com sua vegetação típica:

 a mata ciliar, onde existe a peroba;

 o Cerrado, caracterizado pelo pau-santo;

 o campo-sujo, onde encontramos o murici;

 o campo cerrado, marcado pelas gramíneas;

 o campo cerrado rupestre, ambiente de diferentes orquídeas e bromélias.

Talvez você se surpreenda se eu disser que o Cerrado é, atualmente, o segundo maior bioma brasileiro. Ocupa quase 2

milhões de quilômetros quadrados distribuídos por 12 estados: Rondônia, Pará, Maranhão, Piauí, Tocantins, Goiás, Bahia, Mato

Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Paraná, além do Distrito Federal.

No Cerrado, estão um terço ( ) de todas as espécies brasileiras; 5% de toda a fauna e flora do mundo; e, para completar,
as nascentes das três principais bacias hidrográficas brasileiras (Amazônica, do São Francisco e do Para-

ná/Paraguai), além do aquífero Guarani.

Bacias hidrográficas

Conjunto de terras drenadas por um rio principal e seus afluentes contribuintes. As bacias hidrográficas são determinadas pelo
relevo, já que a água escoa sempre das regiões mais altas para as mais baixas.

Aquífero

Camada subterrânea profunda que armazena grande quantidade de água.

A transferência da capital federal do Rio de Janeiro para Brasília, em 1960, foi acompanhada por medidas para

estimular o desenvolvimento da região. Políticas públicas, como investimentos em infraestrutura e liberação de di- nheiro para

investimentos no agronegócio, fizeram do Cerrado alvo de uma forte expansão da fronteira agropecuária.

Assim, metade da soja cultivada no Brasil (13% da soja cultivada no mundo) vem de áreas que eram antes ocupadas

pelo Cerrado. A região é responsável por 20% do milho, 15% do arroz e 11% do feijão produzidos, além de abrigar mais de 33%

do rebanho bovino e 20% dos suínos criados no Brasil.

Biologia 252
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Estimativas apontam que metade da área original do Cerrado já foi devastada pelos empreendimentos agropecuários na

região. A dinâmica de desmatamento inclui a produção de carvão com a vegetação retirada para as

lavouras de soja ou para o plantio de pasto. Os grandes consumidores deste carvão são as siderúrgicas de Minas Gerais.

1. (ENEM 2009)

A economia moderna depende da disponibilidade de muita energia em diferentes formas, para funcionar e crescer. No

Brasil, o consumo total de energia pelas indústrias cresceu mais de quatro vezes no período entre 1970 e 2005. Enquanto os

investimentos em energias limpas e renováveis, como solar e eólica, ainda são incipientes, ao se avaliar a possibilidade de instalação

de usinas geradoras de energia elétrica, diversos fatores devem ser levados em consideração, tais como os impactos causados ao

ambiente e às populações locais. RICARDO, B.; CAMPANILI, M. Almanaque

Brasil Socioambiental.São Paulo: Instituto Socioambiental, 2007 (adaptado).

Biologia 253
Em uma situação hipotética, optou-se por construir uma usina hidrelétrica em região que abrange diversas quedas d’água em

rios cercados por mata, alegando-se que causaria impacto ambiental muito menor que uma usina termelétrica. Entre os possíveis

impactos da instalação de uma usina hidrelétrica nessa região, inclui-se: a. A poluição da água por metais da usina.

b. A destruição do habitat de animais terrestres.

c. O aumento expressivo na liberação de CO2 para a atmosfera.

d. O consumo não renovável de toda água que passa pelas turbinas.

e. O aprofundamento no leito do rio, com a menor deposição de resíduos no trecho de rio anterior à represa. 2. (ENEM
2006)

As florestas tropicais úmidas contribuem muito para a manutenção da vida no planeta, por meio do chamado sequestro de

carbono atmosférico. Resultados de observações sucessivas, nas últimas décadas, indicam que a Flo- resta Amazônica é capaz de

absorver até 300 milhões de toneladas de carbono por ano. Conclui-se, portanto, que as florestas exercem importante papel no

controle: .

a. das chuvas ácidas, que decorrem da liberação, na atmosfera, do dióxido de carbono resultante dos desma- tamentos por

queimadas.

b. das inversões térmicas, causadas pelo acumulo de dióxido de carbono resultante da não dispersão dos poluentes

para as regiões mais altas da atmosfera.

c. da destruição da camada de ozônio, causada pela liberação, na atmosfera, do dióxido de carbono contido nos gases do

grupo dos clorofluorcarbonos.

d. do efeito estufa provocado pelo acúmulo de carbono na atmosfera, resultante da queima de combustíveis fósseis, como

carvão mineral e petróleo.

e. da eutrofização das águas, decorrente da dissolução, nos rios, do excesso de dióxido de carbono presente na atmosfera.

3. (ENEM 2006)

“O aquífero Guarani, megarreservatório hídrico subterrâneo da América do Sul, com 1,2 milhão de km2, não é o

‘mar de água doce’ que se pensava existir. Enquanto em algumas áreas a água é excelente, em outras, é inacessível,

escassa ou não potável. O aquífero pode ser dividido em quatro grandes compartimentos. No compartimento Oeste, ha boas

condições estruturais que proporcionam recarga rápida a partir das chuvas e as águas são, em geral, de boa qualidade e potáveis.

Já no compartimento Norte - Alto Uruguai, o sistema encontra-se coberto por rochas vulcâ- nicas, a profundidades que variam

Biologia 254
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de 350 m a 1.200 m. Suas águas são muito antigas, datando da Era Mesozoica, e não são potáveis em grande parte da área, com

elevada salinidade, sendo que os altos teores de fluoretos e de sódio podem causar alcalinização do solo.”
Scientific American Brasil, n.º 47, abr./2006 (com adaptações).

Em relação ao aquífero Guarani, é correto afirmar que:

a. seus depósitos não participam do ciclo da água;

b. águas provenientes de qualquer um de seus compartimentos solidificam-se a 0 °C;

c. é necessário, para utilização de seu potencial como reservatório de água potável, conhecer detalhadamen-

te o aquífero;

d. a água é adequada ao consumo humano direto em grande parte da área do compartimento Norte - Alto

Uruguai;

e. o uso das águas do compartimento Norte - Alto Uruguai para irrigação deixaria ácido o solo.

A árvore e os arbustos da vida

A idade do ancestral comum determina a pro- porção de


diferenças
O ciclo de homogeneização (pela reprodução) e de ruptura da capacidade reprodutiva (pela especiação) é o mais

importante de todos os conceitos biológicos. É a partir desses ciclos, que podemos nomear, distinguir e estudar os grupos

taxonômicos da diversidade biológica e saber quais as características que cada um dos grupos possui.

As espécies de araras (Figura 2) são originadas a partir de uma mesma espécie biológica desde a origem da vida até o

momento recente de sua especiação. Assim, as características compartilhadas entre essas duas espécies de araras foram

acumuladas durante quatro bilhões de anos. As quatro espécies eram também a mesma espécie desde a origem da vida até um

momento um pouco anterior à especiação das araras.

Na origem da vida, toda a diversidade era representada por uma única espécie, a qual, ao longo do tempo, se homo-

geneizou e adquiriu, por mutações, as características que todas as espécies vivas hoje possuem em comum. Por exemplo:

 o código genético universal (ou seja, aquele constituído por códons que são traduzidos em aminoácidos);

Biologia 255
 o DNA como material genético;

 uma membrana isolando o interior e o exterior do organismo.

Todas essas são características que foram adquiridas antes da primeira especiação, pois toda a diversidade

biológica as apresenta.
As duas espécies ilustradas na Figura 2 apresentam características comuns:

 às araras (ex.: bico em forma de gancho e rabo comprido);

 às aves (ex.: penas, ossos pneumáticos);

 aos vertebrados (ex.: coluna vertebral);

 aos eucariontes (ex.: núcleo isolado na célula);

 aos seres vivos (ex.: DNA como material genético).

Ossos pneumáticos

São tipos ósseos, característicos das aves, que apresentam cavidades internas e orifícios que permitem a entrada de ar em sua
estrutura. Assim, dentre outras características, tais ossos tornam-se mais leves, facilitando o voo.

As mutações, que deram origem às características que as araras compartilham, não aconteceram nas duas
linhagens independentemente, mas sim quando as duas linhagens de araras eram membros de uma única
espécie, se reproduzindo e compartilhando todas as suas características.

Biologia 256
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Figura 3. Escala representando hipoteticamente a porcentagem de diferenças morfológicas entre várias linhagens compa- radas. A porcentagem
de diferenças morfológicas está relacionada com a idade do ancestral comum. Um ancestral mais recente indica um maior número de
características compartilhadas e a localização mais à esquerda na escala, como na com- paração entre gêmeos univitelinos (chamados também
de gêmeos idênticos).

Quando comparamos as espécies de pinguins com as de araras, notamos que elas também não podem ser chamadas

de iguais e tampouco de diferentes. A comparação entre pinguins e araras tem uma localização na escala mais para a direita do que

a comparação entre duas araras, como mostra a Figura 3. O ancestral comum dessas qua- tro espécies viveu há mais tempo do que

o ancestral comum só das araras. Ou seja, as linhagens de pinguins e araras estão há mais tempo isoladas

reprodutivamente e acumulando mais mutações independentemente e, assim, exibem

mais diferenças morfológicas.

Biologia 257
1. (ENEM 2010)

“Investigadores das Universidades de Oxford e da Califórnia desenvolveram uma variedade de Aedes aegypti

geneticamente modificada que é candidata para uso na busca de redução na transmissão do vírus da dengue. Nessa

nova variedade de mosquito, as fêmeas não conseguem voar devido à interrupção do desenvolvimento do músculo das

asas. A modificação genética introduzida é um gene dominante condicional, isto é, o gene tem expressão domi- nante

(basta apenas uma cópia do alelo) e este só atua nas fêmeas.”

FU, G. et al. Female-specific hightiess phenotype for mosquito control. PNAS 107 (10):4550-4554, 2010.

Prevê-se, porém, que a utilização dessa variedade de Aedes aegypti demore ainda anos para ser implementada, pois

há demanda de muitos estudos com relação ao impacto ambiental. A liberação de machos de Aedes aegypti des- sa

variedade geneticamente modificada reduziria o número de casos de dengue em uma determinada região porque

a. diminuiria o sucesso reprodutivo desses machos transgênicos.

b. restringiria a área geográfica de voo dessa espécie de mosquito.

c. dificultaria a contaminação e reprodução do vetor natural da doença.

d. tornaria o mosquito menos resistente ao agente etiológico da doença.

e. dificultaria a obtenção de alimentos pelos machos geneticamente modificados.

Biologia 258
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Biologia 259
A homogeneização e a evolução em conjunto só são rompidas com a quebra da compatibilidade reprodutiva.

Este processo é chamado de

a. criação.

b. sociedade.

c. especiação.

d. nomenclatura.

Exercício 2 – Cecierj – 2013


Em uma árvore da vida, a raiz representa a origem da vida e as pontas dos galhos representam as espécies que

estão vivas hoje em dia.

Já na árvore filogenética da vida retrata as relações dos seres

a. em um nicho.

b. nas sociedades.

c. em um ecossistema.

d. ancestrais em comum.

Biologia 260
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Cerveja, pão, Zé Gotinha, Soja e uma


certa ovelha chamada Dolly: a
Biotecnologia

Biotecnologia, o pão e a cerveja nossos de cada dia!


A utilização de conhecimentos sobre os processos biológicos e sobre os próprios seres vivos envolvidos nesses

processos, no intuito de gerar bens e resolver questões nas mais diferentes áreas de atividades humanas, é definida, de maneira

geral, como “Biotecnologia”.

Os processos biotecnológicos são muito variados e baseiam-se no conhecimento e na integração de saberes de várias

áreas, como, por exemplo, Microbiologia, Genética, Biologia Molecular, Bioquímica, Química, Agricultura e Informática.

Hoje em dia, é bastante comum associar a biotecnologia a usos de conhecimentos avançados de técnicas de Biologia

Molecular e à sua associação à informática (bioinformática). Essa é a chamada “Biotecnologia Moderna”, so- bre a qual falaremos

mais adiante. Mas se olharmos para trás, veremos que há um longo histórico antes disso.

Os povos antigos, provavelmente por acaso, descobriram o fenômeno da fermentação alcoólica. De uma ma- neira bastante

simples e resumida, a fermentação alcoólica acontece em um ambiente sem oxigênio, quando micro- organismos, denominados

leveduras, precisam obter energia para a sua sobrevivência. Para isso, utilizam o amido (ou o açúcar derivado deste) presente no

“suco de cevada” (no caso das cervejas) ou no suco de uvas (no caso dos

vinhos), transformando-o em etanol e alguns outros compostos.

Leveduras

São um tipo de fungo, assim como os cogumelos e os bolores que aparecem no pão mofado.

Biologia 261
Figura 1: Saccharomices cerevisae, a levedura que dá origem à cerveja, fotografada com o auxílio de um microscópio.

Biologia 262
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Biologia
Vacinas
Não sabemos se você se lembra, mas em meados da década de 1980, um “mascote” foi criado para facilitar a

vacinação de crianças: o Zé Gotinha.

O Zé Gotinha faz referência explícita a uma gota de um líquido imunizante que protege as crianças de um deter-

minado grupo de doenças. Vamos retomar um pouco do que vimos sobre o sistema imune na Unidade 3 do Módulo 3.

Imunizar significa tornar imune, ou seja, tornar “à prova de” alguma coisa. Temos um sistema no nosso corpo responsável

por defendê-lo de microorganismos ou substâncias que possam afetar o seu bom funcionamento – é o sistema imune, que tem duas

formas de atuar na proteção do nosso organismo.

Em uma delas, o nosso sistema imune produz uma série de células especiais, os macrófagos e neutrófilos, ca-

pazes de destruir microorganismos que possam nos fazer mal.

A outra forma de defesa está relacionada a moléculas, os famosos anticorpos. Anticorpos (ou imunoglobulinas)

nada mais são do que proteínas produzidas pelo nosso sistema imune e que são capazes de neutralizar toxinas ou outros antígenos

de naturezas diversas que se encontram em nosso organismo. Os anticorpos podem atuar tanto inativando

os antígenos quanto facilitando sua destruição pelas células de defesa do restante do sistema.

A relação entre o anticorpo e o antígeno que ele é capaz de neutralizar é muito, mas muito específica. Assim, é necessário

que existam anticorpos para cada tipo de antígeno que entrar em contato com nosso organismo, pois, sem a especificidade química,

que permite que um se ligue ao outro, não há neutralização e consequente proteção da pessoa.

A gente já nasce com um certo grupo de anticorpos no corpo, e adquire outros pelo colostro, aquele primeiro leite mais grosso

com o qual a mãe amamenta o seu filho. Os outros anticorpos vão sendo produzidos no nosso orga- nismo ao longo da nossa vida.

E é aqui que entra o Zé Gotinha e a biotecnologia novamente!

Esta história começa lá nos idos do século XVIII e nos mostra, mais uma vez, que a Biotecnologia vem sendo utilizada e

aperfeiçoada desde outros tempos para gerar maior qualidade de vida para o homem – este ser que faz parte

da árvore da vida e é capaz de impactá-la de maneira tão significativa.

Naquela época, uma doença chamada varíola causava muitas mortes, e não havia tratamento eficaz ou pre- venção

contra ela. Um médico inglês, chamado Edward Jenner, observou que havia uma forma semelhante de varíola em vacas. Ele

percebeu também que as pessoas que ordenhavam as vacas doentes desenvolviam algumas poucas fe- ridas, mas não ficavam
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realmente adoecidas. Em um experimento, Jenner inoculou (introduziu) uma secreção de um machucado desses das

ordenhadoras em um menino saudável, que desenvolveu uma forma bem branda da doença.

Cerveja, pão, Zé Gotinha, Soja e uma certa ovelha


chamada Dolly: a Biotecnologia
Exercício 1 – Cecierj – 2013
Os povos antigos descobriram o fenômeno da fermentação alcoólica de uma maneira simples e resumida, isso

Biologia
acontece, em um ambiente sem oxigênio, quando os microorganismos, denominado leveduras, precisam obter energia

para sua sobrevivência.

As leveduras são

a. os fungos, os vírus e as bactérias.

b. os bolores, os fungos e os cogumelos.

c. as bactérias, os micróbios e os fungos.

d. os cogumelos, bolores, bactérias e vírus.

Exercício 2 – Cecierj – 2013


O ácido lático é um produto do metabolismo das células na ausência do oxigênio.

Quando isso ocorre em nossas células musculares, sentimos um grande desconforto muscular que é conheci-

do como

a. traumatismo.

Biologia
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b. reumatismo.

261 c. paralisia. d. câimbra.

Biologia 261
Combustíveis e Energia

Calor x temperatura
É comum a confusão que ocorre entre os conceitos de calor e temperatura, o que faz com que achemos que são

a mesma coisa. Isto não é verdade! A temperatura é uma medida associada ao grau de agitação das moléculas de um

determinado sistema (como por exemplo, uma panela de água). Já o calor é a energia que foi transferida de (ou para)

um corpo, ocasionando seu aquecimento.

Por exemplo, para aquecermos uma panela com 500 g de água (ou 500 mL de água, uma vez que a densidade da

água é igual a 1g/mL), de 25oC até 60oC, é necessário que a coloquemos no fogo, correto? A energia transferida para a

água é denominada calor, e a temperatura desta amostra está associada à quantidade de calor que ela recebeu.

Podemos afirmar, portanto, que quanto maior a quantidade de calor que um corpo recebe, maior será o seu aumento

de temperatura.

Enquanto a medida de temperatura é, normalmente, dada em graus Celsius (o C), a medida de calor é dada em

calorias (cal) ou em joules (J). Por definição, uma caloria é a quantidade de calor que provoca, em 1 g de água, o

aquecimento de 1o C.

Observe que a diferença de temperatura ocorrida no exemplo acima foi de 35o C. Se este aquecimento fosse feito

em um grama de água, poderíamos afirmar que a energia envolvida no processo seria de 35 cal. Porém, como a massa

aquecida é de 500 g, a energia envolvida (representada pela letra Q) será 500 vezes maior. Observe o cálculo abaixo:

Q = 500 x 35 = 17500 cal ou 17,5 kcal

Química 2
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Você precisa aquecer 500 g de água para fazer uma compressa quente. A água da sua torneira está a 25 °C e

você terá que aquecê-la até 50 °C. Qual a quantidade de calor necessária?

Exercício 2 – Cecierj – 2013


As informações nutricionais de uma embalagem de hambúrguer de carne revelam que uma porção de 80 g de

Química 263
hambúrguer contém 2,4 g de carboidrato, 14 g de proteínas e cerca de 17 g de gordura.

Sabendo-se que cada grama de proteína e de carboidrato produz 4 kcal de energia e que 1 grama de gordura

produz 9 kcal, calcule o valor energético de uma porção de hambúrguer.

Exercício 3 – Cecierj – 2013


Identifique, como endotérmica ou exotérmica, cada processo descrito nas situações a seguir:

a. Queima do gás butano em uma das bocas do fogão.

2 C4H10(g) + 13 O2(g) → 8 CO2(g) + 10 H2O(v) + energia

b. A produção do ferro metálico a partir de um minério chamado hematita, conforme a equação química

a seguir:

Fe2O3(s) + 3 C(s) + energia → 2 Fe(s) + 3 CO(g)

c. A queima da tripalmitina (C51H98O6), uma gordura existente em doces diet, conforme a equação química:

2 C51H98O6 + 145 O2(g) → 102 CO2(g) + 98 H2O (ℓ) + energia

Termoquímica
A entalpia de combustão

Química 2
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A combustão é uma reação que acompanha a humanidade desde os primórdios. A partir dela, os homens da

caverna podiam se aquecer, já que a combustão é uma reação química em que há uma intensa liberação de energia (∆H

< 0) na forma de calor.

A combustão acontece entre uma substância chamada de combustível, que reage com o gás oxigênio (O 2),

denominado comburente. A variação de entalpia, envolvida nas reações de combustão, é conhecida como entalpia de

combustão (∆Hc) ou calor de combustão.

Figura 2: As transformações exotérmicas, como a queima da madeira, liberam calor e transferem essa energia para as áreas vizinhas
a ela.
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Midsummer_bonfire_closeup.jpg – Autor: Janne Karaste

A partir da energia da combustão, movimentamos nossos veículos à gasolina, a gás, a óleo diesel ou a álcool, e

cozinhamos alimentos no fogão. A queima de carvão e gás natural nas termoelétricas é responsável por parte da

energia elétrica que consumimos em nossas casas. Vejamos alguns exemplos da representação química destas

reações:

 Combustão completa do gás hidrogênio (H2)

H2(g) + 1⁄2O2(g) → 1H2O(v) ∆Hc= -286 kJ/mol

 Combustão completa do gás metano (CH4)

1CH₄(g) + 2O2(g) → 1CO2 (g) + 2H2O(v) ∆Hc= -890,8 kJ/mol

 Combustão completa do etanol (C2H6O)

Química 265
1C₂H₆O(l) + 3O₂(g) → 2CO₂(g) + 3H₂O(v) ∆Hc= -1.368 kJ/mol

Podemos observar pelos exemplos acima que quando os combustíveis são formados por carbono (C) e hidro-

gênio (H), os produtos da reação serão sempre gás carbônico (CO 2) e água (H2O).

Química 2
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O conhecimento da quantidade de calor liberada pelos combustíveis é muito importante para que sejamos

capazes de comparar o valor energético de cada um deles. É a partir dessa comparação que podemos avaliar, por

exemplo, se é mais vantajoso abastecer um automóvel com etanol ou gasolina. Na Tabela 1, são apresentadas as

entalpias de combustão (∆Hc) de alguns combustíveis.

Tabela 1: Entalpias de combustão (∆Hc) dos combustíveis mais comuns.

Combustível Fórmula molecular ∆Hc (kJ/mol)

hidrogênio - 289
H2

carbono (carvão) C - 393,5

metano CH4 - 891

etino (acetileno, usado em maçarico) - 1.301


C2H2

etanol (álcool etílico) C2H6O - 1.367

propano (componente do gás de cozinha) - 2.220


C3H8

butano (componente do gás de cozinha) C4H10 - 2.878

octano (componente da gasolina) C8H18 - 5.471


Fonte: Jéssica Vicente

Química 267
A entalpia das reações químicas. Aplicação prática
da lei de Hess
Vimos nas seções anteriores que ocorrem variações de entalpia nas mudanças de estado físico e nas reações de
combustão. Essas variações existem devido à diferença entre as energias associadas aos produtos e aos reagentes.

Química 2
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Porém, não só apenas as reações de combustão são acompanhadas por mudanças de entalpia. Como veremos

a seguir, em todas as reações químicas são observadas variações na entalpia. A análise dessas variações é útil em vá-

rias áreas de estudo, como na escolha do melhor combustível e na determinação do calor envolvido em uma reação

hipotética a partir de reações conhecidas, entre outras aplicações.

Assim, como nas mudanças de estado físico, a variação de entalpia envolvida em uma reação química é igual

para as reações direta e inversa, mas com seus sinais de entalpia contrários. Ou seja, se na reação direta o valor de

entalpia for negativo, a reação inversa terá o mesmo valor, só que positivo. Vejamos o exemplo a seguir:
1C₂H₆O(l)+3O₂ (g) → 2CO₂(g) + 3H₂O(l) ∆H= -1.368 kJ/mol

2CO₂(g) + 3H₂O(l) → 1C₂H₆O(l) + 3O₂(g) ∆H= +1.368 kJ/mol


Os valores de ∆H, envolvidos nas reações

químicas, dependem dos estados físicos do início e no final da reação e, portanto, é necessário conhecermos também

o estado físico de cada substância. No caso da combustão do metano

(CH4), por exemplo, podemos escrever as seguintes reações:

1CO₂(g) + 2H₂O(g) ∆H= -803 KJ/mol


1CH₄(g) + 2O₂(g) →

1CO₂(g) + 2H₂O(l) 1CH₄(g) + ∆H= -891 KJ/mol


2O₂(g) →

Observe que a entalpia da segunda reação é maior do que a primeira. É o mesmo fenômeno descrito na gera-

ção de água a partir da combustão do gás hidrogênio (reveja a primeira seção desta aula). Isto ocorre porque, além da

energia liberada na combustão do metano, o sistema libera energia para as vizinhanças para que ocorra a condensa-

ção da água, o que exige a liberação de mais energia, como esquematizado na Figura 8.

Figura 8: Diagrama da entalpia para a combustão do metano.

Como a entalpia de vapor da água é 44 kJ/mol maior do que a da água líquida (reveja a tabela da Figura 7), o

Química 269
sistema libera para as vizinhanças 88 kJ na forma de calor.
Uma consequência direta da observação feita é que podemos considerar qualquer transformação química

como o resultado de uma sequência de reações químicas, acompanhadas ou não de mudanças de estado. O valor de

∆H para o processo global será a soma de todas as variações de entalpia que ocorrem ao longo do processo. Esta

afirmação é denominada Lei de Hess.

Vamos ver outro exemplo da aplicação dessa lei? Um dos plásticos muito utilizados atualmente é o polietileno.

O etileno (C2H4), utilizado na sua produção, é obtido principalmente a partir da desidrogenação do etano (C2H6), como

mostrado a seguir:

C₂H₆(g) → C₂H₄(g) + H₂(g)

Vamos determinar o calor da reação acima a partir de três reações das quais conhecemos os valores de ∆Hc:

(a) C₂H₄(g) + 3O₂(g) → 2CO₂(g) + 2H₂O(l) ∆H= -1.411 kJ/mol

(b) C₂H₆(g) + 7⁄2O₂(g) 2CO₂(g) + 3H₂O(l) ∆H= -3.119 kJ/mol


(c) H₂(g) + 1⁄2O₂(g) → H₂O(l) ∆H= -286 kJ/mol

Química 2
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Vamos resolver? Como não temos como obter o calor envolvido na desidrogenação do etano, utilizando as

entalpias de combustão da forma que as reações (a), (b) e (c) estejam escritas, a solução do exemplo precisa ser feita

em etapas:

Etapa 1: Como o etano é o reagente da reação de desidrogenação, selecionamos a equação (b) onde ele tam-

bém é o reagente;

Etapa 2: O eteno (ou etileno) é o produto da reação de desidrogenação, certo? Dentre as reações nas quais se

conhece a entalpia, apenas a equação (a) é a que apresenta essa substância. No entanto, precisamos invertê-la para

que o eteno seja o produto, assim como na reação de desidrogenação. Se vamos invertê-la, o sinal do valor do ∆Hc

também será invertido;

Etapa 3: Somar as duas equações formadas nas etapas anteriores, simplificando quando possível:

C₂H₆(g) + 7⁄2O₂(g) → 2CO₂(g) + 3H₂O(ℓ) ∆H= -3.119 kJ/mol

soma 2CO₂(g) + 2H₂O(ℓ) → C₂H₄(g) + 3O₂(g) ∆H= +1.411 kJ/mol

C₂H₆(g) + 7 ⁄2O₂(g) + 2CO₂(g) + 2H₂O(ℓ) → 2CO₂(g) + 3H₂O(ℓ) + C₂H₄(g) + 3O₂(g)

Observe que o gás carbônico (CO2) não está presente na reação de combustão do etano. Isso se deve ao fato

de o CO2 apresentar 2 mols no produto da primeira reação e 2 mols no reagente da segunda reação utilizada. Como

consequência, ao somarmos essas duas reações, podemos cancelar o gás carbônico presente em quantidades iguais

em ambos os lados da reação, de forma que eles não apareçam na reação final. Já no caso da água (H 2O), como no

produto da reação final há 1 mol de água a mais do que no reagente, restará após a simplificação 1 mol no produto

da reação final. Ou seja,

C₂H₆(g) + 1 ⁄2O₂(g) → C₂H₄(g) + H₂O(g) ∆H= -1.708 kJ/mol

Etapa 4: Veja que a reação obtida da soma acima ainda não é igual à reação de desidrogenação do etano que

queremos, não é verdade? Para chegarmos a ela, é necessário cancelar o reagente O 2 e adicionar o produto H2. Sendo

assim, é necessário o uso da equação (c) invertida. E novamente vamos somá-las e simplificar o que for possível.

Química 271
C₂H₆(g) + 1⁄2O₂(g) → C₂H₄(g) + H₂O(l) ∆H= -1.708 kJ/mol

soma H₂O(l) → H₂(g) + 1⁄2O₂(g) ∆H= +286 kJ/mol

C₂H₆(g ) → C₂H₄(g) + H₂(g)

Após essas etapas, é possível utilizar as equações (a), (b) e (c) para fornecer a entalpia de formação do eteno a

partir do etano. Basta somarmos os com os sinais utilizados para chegarmos à equação desejada.

Química 2
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C₂H₆(g) + 7⁄2O₂(g) → 2CO₂(g) + 3H₂O(l) ∆H=
3.119

kJ/mol
2CO₂(g) + 2H₂O(ℓ) C₂H₄(g) + 3O₂(g) →
∆H=
+1.411 kJ/mol
H₂O(ℓ) → H₂(g) + 1⁄2O₂(g)

+286
kJ/mol ∆H=
C₂H₆(g) → C₂H₄(g) + H₂(g)

soma
∆H= -
1.422 kJ/mol

Achou difícil? Então que tal uma atividade para testar se você aprendeu? Não deixe de realizar a atividade, pois essa

é a melhor maneira de tirar suas dúvidas!

Química
Um dos componentes do GLP (gás liquefeito do petróleo) é o propano (C 3H8). A sua combustão pode ser repre- sentada

pela seguinte equação química:

C3H8(ℓ) + 5 O2(g) → 6 CO2(g) + 4 H2O (g) ∆H= - 2044 kJ/mol

Qual será a quantidade de calor liberada quando 3 mols de propano forem queimados?
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Química
Exercício 2 – Cecierj – 2013
O diagrama a seguir mostra a síntese (formação) da água:

Fonte: Andrea Borges

Sobre ele, responda as questões a seguir:

a. A equação química da formação da água pode ser escrita da seguinte forma:

1 H2 + ½ O2 → 1 H2O

Por que os valores de variação de entalpia, representados no diagrama, são diferentes?


271

Química
b. Escreva a equação termoquímica de decomposição da água no estado líquido.
271

Estudo da velocidade
das reações: Cinética
Química
Para início de conversa...
Você alguma vez já parou para reparar na forma com que mastiga os ali-

mentos? Não? Então vamos conversar a esse respeito.

A mastigação adequada, por si só, traz grandes benefícios à digestão, uma vez que a

correta trituração dos alimentos, feita pelos dentes, é capaz de reduzi-los em pedaços menores,

o que aumenta a capacidade de ação das en- zimas presentes na saliva.

Deste modo, a adequada mastigação (trituração adequada dos alimentos) é

uma boa medida para facilitar a digestão, tornando-a mais rápida e eficiente.

Figura 1: O processo digestivo inicia-se na boca. Por


isso, é importante ficar atento à forma como você
ingere os alimentos. Coma com calma e mastigue bem
suas refeições.
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1088098 - Autor:
Sergio
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Química
Catala
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272
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Grande parte dos problemas digestivos podem ter origem na mastigação insuficiente. Engolir os alimentos em pedaços

grandes torna a digestão mais lenta, porque, entre outras coisas, as enzimas terão maior dificuldade para agir sobre eles. É

assim que aparecem transtornos, como azia, má digestão, sonolência após a refeição etc.

Você deve estar se perguntando por que estamos falando sobre mastigação e digestão em uma aula de quí- mica, não

é mesmo? O fato é que a digestão é um bom exemplo de que as reações químicas podem ocorrer com velocidades diferentes.

Nesta unidade, abordaremos a Cinética Química, que é a área da Ciência que estuda a rapidez com que ocor-

rem as reações e quais fatores podem alterá-la.

Objetivos de aprendizagem
 Calcular a velocidade média de uma reação.

 Avaliar a influência de diferentes fatores, como temperatura, concentração, superfície de contato e outros, sobre a velocidade de
uma reação química.
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Química 273

Estudo da velocidade das reações:


Cinética Química

A rapidez das reações químicas


As reações químicas ocorrem o tempo todo no nosso dia a dia, seja em nosso próprio corpo, como a digestão e a respiração,

ou em outros eventos que ocorrem ao nosso redor, como no caso da formação de ferrugem e da queima de

combustíveis.

Assim como esses exemplos, podemos encontrar uma infinidade de reações químicas presentes em nosso

cotidiano que se processam com velocidades diferentes e, por isso, é fundamental o estudo da rapidez com que essas transformações

acontecem.

Reações rápidas
Uma reação química é considerada rápida quando apresenta grande consumo de seus reagentes em um curto

intervalo de tempo e, consequentemente, uma rápida formação de produtos.

Muitas vezes, é importante que uma reação química seja rápida como, por exemplo, no momento da batida de

um carro. Para esse evento, é fundamental que o airbag seja acionado instantaneamente.

Airbag

Palavra de origem inglesa que poderia ser traduzida para o Português como “bolsa de ar”. Na verdade, é uma bolsa plástica que
fica localizada dentro do volante do motorista (no caso do passageiro da frente, fica acima do porta- luvas), que infla rapidamente
num acidente de carro
Figura 2: Os airbags são inflados em apenas 4 centésimos de segundo, após a colisão do automóvel, protegendo assim o motorista e o passageiro
de lesões mais graves.

Química 274
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Airbag1.jpg – Autor: DaimlerChrysler AG; http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Airbag2.jpg –
Autor: DaimlerChrysler AG; http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Airbag3.jpg – Autor: DaimlerChrysler AG

Mas como é possível que o airbag seja inflado no momento da colisão? É que dentro do airbag existe um dispositivo

que produz uma faísca necessária para que ocorra a seguinte reação:
faísca

6 NaN3(ℓ) + Fe2O3(s) 3 Na2O(s) + 2 Fe(s) + 9 N2(g)

A reação produz uma grande quantidade de gás nitrogênio (N 2), fazendo com que a bolsa plástica aumente rapidamente de
volume, criando um anteparo macio para o motorista e/ou para os passageiros, prevenindo assim,

lesões graves na cabeça e no tórax.

Reações lentas
As reações lentas são aquelas em que, como o nome sugere, os reagentes se combinam lentamente e ocorrem

em longos períodos de tempo.

Um dos mais sérios problemas ambientais, o crescimento do volume de lixo doméstico, é causado pela lenta

reação de degradação de alguns materiais encontrados no lixo.

Tabela 1: Tempo de degradação de alguns materiais encontrados no lixo dos grandes centros urbanos.

Material Tempo de degradação

Pano 6 a 12 meses
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Plástico 50 a 450 anos

Metais 200 anos

Papel 3 a 6 meses

Vidro 400 000 anos

Madeira pintada 15 anos

Filtro de cigarro 5 anos

Química 275
Quantidade de substâncias x tempo de reação
Antes que uma reação química tenha início, a quantidade de reagentes é máxima e a quantidade de produ- tos

é zero. À medida que a reação se desenvolve, os reagentes vão sendo consumidos e, portanto, a quantidade de

reagentes vai diminuindo até se tornar mínima (ou eventualmente zero). Ao mesmo tempo, os produtos vão sendo formados. Logo, a quantidade

de produtos, que no início é baixa, começa a aumentar, até que no final da reação, torna-se máxima.

A Figura 3 expressa esse processo em um gráfico da concentração em quantidade de matéria (mol/L) de rea-
Química 276
gentes e produtos, em função do tempo. Assim, obtemos as seguintes curvas:

Química 277
Figura 3: No gráfico, podemos observar que, com o passar do tempo, a concentração dos reagentes decresce e a concentra- ção
dos produtos cresce.

Para entender melhor como isso acontece vamos usar, como exemplo, a reação de decomposição do pentóxi-

do de dinitrogênio (N2O5), de acordo com a seguinte equação:

2 N2O5(g) 4 NO2(g) + O2(g)

A Tabela 2 mostra alguns dados de uma reação realizada com solução de concentração inicial do reagente (N 2O5)

igual a 2,0 mol/L. Durante alguns intervalos de tempo (0, 5 e 10 minutos), as concentrações de pentóxido de dinitrogênio

(N2O5), dióxido de nitrogênio (NO2) e de oxigênio (O2) foram medidas.

Tabela 2: Os valores mostram que a concentração de N2O5 (reagente) diminui com o tempo e que as

concentrações de NO2 e de O2 (produtos) aumentam com o tempo.

Medida Tempo (min) [N2O5] (mol/L) [NO2] (mol/L) [O2] (mol/L)

1 0 2,0 0 0

2 5 1,2 1,6 0,4

3 10 0,7 2,6 0,65


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Esses dados mostram que, com o tempo, a concentração em quantidade de matéria de pentóxido de dinitro-

gênio (N2O5) diminui. Como é o reagente, ele é consumido no processo. Já as concentrações de dióxido de nitrogênio

(NO2) e de oxigênio (O2) aumentam com o tempo, pois são produtos da reação, ou seja, são formados no processo.

Velocidade média

Química 2
A velocidade média (vm) é calculada em função de uma das substâncias participantes da reação. É a razão entre

a quantidade consumida ou produzida da substância (∆quantidade) e o intervalo de tempo (∆t) em que a reação ocorreu.

Vm = ∆ quantidade
∆t
Vamos voltar ao exemplo da reação de decomposição do pentóxido de dinitrogênio:

2 N2O5(g) 4 NO2(g) + O2(g)

Como explicado anteriormente, podemos calcular tanto a velocidade média de consumo de pentóxido de

dinitrogênio (N2O5), como a velocidade de formação do dióxido de nitrogênio (NO2) ou do oxigênio (O2).

Calcularemos a velocidade média de consumo do pentóxido de dinitrogênio (N2O5), usando os valores en-

contrados na Tabela 2. Ela será a razão entre a variação da concentração em quantidade de matéria (em mol/L) e o

intervalo de tempo (em minutos) no qual essa variação ocorre.

Por exemplo, no intervalo de 0 a 5 minutos, a velocidade média de decomposição será:

Vm = ∆ N₂O₅] = N₂O₅]₂ − N₂O₅]₁| = |1,2 - 2,0 = −0,8 = 0,16 mol/L . min


∆t t₂ - t₁ 5-0 5

Note que o valor numérico da variação da concentração é precedido de sinal negativo (-0,8), o que indica que o

pentóxido de dinitrogênio está sendo consumido, ou seja, a concentração dos reagentes no estado final é sempre

menor que aquela no estado inicial.

Normalmente, procura-se expressar a velocidade média de uma reação com valores positivos. Então, conside-

ra-se a variação de quantidade de reagente em módulo, evitando-se assim valores negativos para o resultado final.

Seguindo raciocínio semelhante, podemos calcular a velocidade média de consumo no intervalo de 5 a 10

minutos:

Química 279
Vm = ∆ N₂O₅] = N₂O₅]₃ − N₂O₅]₂ = = 0,10 7 mol/L . min
2 −0
∆t t₃ - 01- t₂ 10 - 5 5
=,5

Comparando a Vm referente ao intervalo 0 a 5 min com a Vm do intervalo 5 e 10, é possível

comprovar que a velocidade média diminui com o tempo de reação. Esse comportamento pode ser observado em todas

as reações químicas, ou seja, à medida que os reagentes são consumidos, a reação se

torna mais lenta.

Mas a velocidade de uma reação química pode ser influenciada por diversos fatores. Veremos isso na próxima

seção. Antes, porém, que tal uma atividade para testar se você entendeu como fazer o cálculo da velocidade média?

Fatores que influenciam na velocidade de uma reação


A velocidade das reações químicas depende de vários fatores, como:
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 a temperatura em que a reação ocorre,

 a concentração dos reagentes,

 a superfície de contato,

 a participação de catalisadores,

 a presença de luz e

 a eletricidade.

Exercício 1 – Adaptado de UFRRJ – 2006

Dada a tabela a seguir, em relação à reação 2 HBr → H2 + Br2 :

Química 2

Tempo (min)
Quantidade de matéria (em mols) de
HBr

0 0,200

0,175

10 0,070

15
0,040

20 0,024

Química 281
Qual a velocidade média, em mol/min, desta reação em relação ao HBr, no intervalo de 0 a 5 minutos? a.

0,5

b. 1,25

c. 0,125

d. 0,005
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Química 283
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Exercício 2 – Adaptado de UFMG – 2009


Observe a tabela a seguir, em relação a reação 2 SO2 + O2 2 SO3:

Tempo (s)
Quantidade de matéria (em mols) de
SO3

0 0,0

1,0

5 10 5,0

20 10,0

Copo 1 Copo 2

Química
Qual a
Temperatura da água 25° C 70° C
velocidade
média (em
mol/s), desta reação em relação ao SO3, no intervalo de 0 a 20 segundos?

a. 5

b. 2

c. 0,5

d. 0,2

Exercício 3 – Cecierj – 2013


Um aluno resolveu testar a velocidade de uma reação química. Para isso, ele pegou dois copos com a mesma

quantidade de água, sendo um a temperatura ambiente e outro com água a 70° C.

Ele adicionou um comprimido efervescente contendo 1g de vitamina C em cada um dos copos e determinou

o tempo que levava para a completa dissolução do comprimido.

Veja, abaixo, os resultados obtidos:

Massa de Vitamina C 1000 mg 1000 mg

Tempo de dissolução completa do comprimido


50 segundos 20 segundos

Para esse experimento:

a. Calcule a velocidade média da dissolução do comprimido, em mg/s, em cada copo.

280 b. Justifique a diferença encontrada.

Química 280
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Equilíbrio Químico
O ciclo da água na natureza é um processo reversível ou
irreversível?
Afinal, a água na natureza acaba ou não acaba? Esta é a pergunta que não quer calar. Acreditamos que a água

não deve acabar. Entretanto, a água potável, material essencial à vida, tende a diminuir cada vez mais, principalmente pela ação

desordenada e injustificável do próprio homem, mais notadamente no que diz respeito à poluição das águas. Existem fortes indícios

científicos de que as nascentes de água potável que encontramos na natureza passarão pelo

problema da falta de água. Por este motivo, todos precisam se conscientizar da importância do não desperdício da água.

A quantidade de água nos rios e nos mares é imensa. Pela análise da Figura 1, percebe-se que essas águas pas- sam pelo

processo da evaporação por ação da energia solar, e assim são transformadas em pequenas gotículas que sobem ao céu. A água,

depois de evaporada, chega às camadas mais frias de ar que envolvem a Terra e acumula-se,

formando as nuvens.

Essas nuvens, por sua vez, transformam-se em chuvas que caem sobre a superfície terrestre. Quando as águas da chuva

atingem um solo permeável, são absorvidas para as suas camadas mais profundas, acumulando-se nos lençóis subterrâneos.

Você consegue perceber que o caminho percorrido pela água é um ciclo? O processo começa com a evapora- ção da água dos

rios e dos mares, produzindo vapor d’água para, em seguida, se condensar formando as nuvens, e depois

precipitar em forma de chuva, de novo, água líquida.

Figura 1: O ciclo da água na natureza é o caminho que ela percorre através de suas transformações físicas, do estado líquido, passando pelo
gasoso e retornando ao líquido.
Você consegue perceber que há reversibilidade no ciclo da água? Então, vamos entender melhor o que signi-

fica ser reversível.

Química 281
Reações reversíveis
Um exemplo clássico e importantíssimo ligado às reações reversíveis é aquele relacionado com o processo da

respiração e da fotossíntese.

Organela
São estruturas subcelulares comuns a muitos tipos de células. Essas organelas desenvolvem funções distintas, que, no total,
produzem características de vida associada à célula.

Mitocôndria

Química 282
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São organelas onde ocorre a respiração celular (geração de energia). Realiza uma oxidação biológica intracelular de compostos orgânicos
(na presença de oxigênio) que resulta em gás carbônico e água, e este processo gera a liberação de energia, que é utilizada no
metabolismo celular.

A respiração, do ponto de vista físico, é a simples inspiração de uma massa gasosa contendo gás oxigênio; nos

pulmões, ela é convertida em gás carbônico, produto componente da expiração de outra massa gasosa.

Do ponto de vista químico-biológico, a respiração celular é um fenômeno que consiste basicamente no pro- cesso de extração

da energia química acumulada nas moléculas, principalmente das substâncias orgânicas, ao se verificar a oxidação dessas substâncias

de alto teor energético como, por exemplo, carboidratos (açúcares) e lipídios (gorduras). A organela responsável por essa

respiração é a mitocôndria.

Essa respiração celular pode ser de dois tipos:

 Respiração anaeróbica: aquela que não utiliza o gás oxigênio, também chamada de fermentação.

 Respiração aeróbica: aquela que utiliza o gás oxigênio.

Nos organismos aeróbicos, a equação simplificada da respiração celular pode ser representada da seguinte

maneira:

C6H12O6 + 6 O2 6 CO2 + 6 H2O + energia

Química 283
Em contrapartida, a fotossíntese é um processo físico-químico realizado pelos seres vivos clorofilados (plan-

tas), em que eles utilizam o dióxido de carbono e a água para obter glicose utilizando a energia solar.

Este é um processo do anabolismo, em que a planta clorofilada acumula energia a partir da luz para uso no seu

metabolismo formando o ATP, uma forma de energia apresentada pelos organismos vivos.

Metabolismo

É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos.

Anabolismo

É a parte do metabolismo que conduz à síntese de moléculas complexas a partir de moléculas mais simples.

Catabolismo

É a parte do metabolismo que se refere ao processamento da matéria orgânica adquirida pelos seres vivos para fins de obtenção
de energia.

Exercício 1 – Adaptado de UFRRJ – 2006


Um estado de equilíbrio químico tende a se estabelecer em reações reversíveis.

A situação que representa um sistema em estado de equilíbrio é uma

b. chama uniforme do gás de cozinha.

Química 284
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c. garrafa de água mineral gasosa fechada.

d. porção de água fervendo em temperatura constante.

Exercício 2 – Adaptado de UERJ – 2007


Quando uma reação química atinge o equilíbrio químico:

a. as velocidades das reações direta e inversa são iguais.

b. a temperatura do sistema é igual à do ambiente.

c. os produtos foram totalmente consumidos.

d. o sentido da reação é direto.

Exercício 3 – Adaptado de UERJ – 2007


O conhecimento e o estudo da velocidade das reações químicas, além ser muito importante para a indústria,

também está relacionado ao nosso cotidiano.

Qual das seguintes mudanças aumentará a concentração dos produtos em qualquer reação química em equilíbrio?

a. Adição de catalisador

Química 285
b. Diminuição da pressão

c. Aumento da temperatura

d. Aumento da concentração dos reagentes

Exercício 4 – Cecierj – 2013

Os famosos “galinhos do tempo” são bibelôs que, além de enfeitarem, indicam as condições climáticas.

Esses objetos têm, aderida a sua superfície, uma camada de cloreto de cobalto, um sal higroscópico (ele absor-

ve a umidade do ambiente). Esse sal reage com a água, produzindo o seguinte equilíbrio químico:

CoCℓ2 . 2H2O + 4H2O CoCℓ2 . 6H2O

azul rosa

Qual será a cor do galinho em um dia de tempo úmido e qual a explicação?

a. Rosa, pois a quantidade de água na atmosfera aumenta, deslocando o equilíbrio para a esquerda [2]

b. Rosa, pois a quantidade de água na atmosfera aumenta, deslocando o equilíbrio para a direita [1]

c. Azul, pois a quantidade de água na atmosfera diminui, deslocando o equilíbrio para a esquerda [2]

d. Azul, pois a quantidade de água na atmosfera aumenta, deslocando o equilíbrio para a direita [1]

Química 286
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Colocando “uma pilha” na

Uma pilha ou bateria constitui um sistema no qual, por meio de uma transformação da matéria, há
produção de energia elétrica.

nossa conversa

Alguns perdem, outros ganham... as reações de


oxirredução
Você sabe o que ocorre dentro de uma pilha?

Uma reação química! Isso mesmo, quando você conecta uma pilha em um despertador, por exemplo, uma

reação química ocorre, gerando uma transferência de elétrons que permite o seu funcionamento.

Figura 2: Despertando... Dentro da pilha que você coloca em um despertador como esse, ocorre uma transformação química que
gera corrente elétrica e o faz funcionar.
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/577651 – Autor: Mateusz Żdanko

Química 287
Mas você deve estar se perguntando: Mas para gerar corrente elétrica, significa que há transferência de elé-

trons, certo? Mas como uma reação química é capaz de transferir elétrons?

Para descobrir como ocorre, vamos fazer uma atividade?

Química 2
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Química 289
Ao realizar a atividade 1, você deve ter percebido as seguintes ocorrências, durante o experimento:

 Sobre o pedaço de palha de aço se deposita um material sólido castanho avermelhado.

 A intensidade da cor da solução diminui depois de um tempo.

 A palha de aço vai se “desmanchando”.

Vidros fotocromáticos são utilizados em óculos que escurecem as lentes com a luz solar. Estes vidros contêm
nitrato de prata e nitrato de cobre(I) que, na presença de luz, reagem conforme a equação: Ag+

Química 2
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+ Cu+ Ag + Cu2+

Podemos concluir que nesta reação:

a. o cobre ganha elétrons, por isso sofre oxidação.

b. a prata perde elétrons, por isso sobre oxidação.

c. o cobre perde elétrons, por isso sofre redução.

d. a prata ganha elétrons, por isso sofre redução.

Exercício 2 – Cecierj – 2013


Em uma reação de oxirredução, uma espécie irá perder elétrons e a outra irá ganhar. Veja o exemplo da

reação química:

Cu2+(aq) + Mg(s) Cu(s) + Mg2+(aq)

Nessa reação mostrada, verifica-se que o:

a. Cu2+ é reduzido a Cu.

b. Mg é reduzido a Mg2+.

c. Cu perde dois elétrons.

Química 291
d. Mg recebe dois elétrons.

Química 2
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Introdução à Química
Orgânica

A química orgânica como ciência


As propriedades de diversos compostos orgânicos já eram conhecidas por nossos ancestrais pré-históricos, sendo a

descoberta do fogo (reação de combustão de compostos orgânicos) considerada uma das primeiras experi- ências. Com o auxílio

do fogo, o homem pode se aquecer nos dias frios, conservar a carne usando a técnica conhecida como defumação, cozinhar

seus alimentos e produzir poções medicinais (mistura aquosa complexa de compostos

orgânicos naturais extraídos de folhas, cascas ou raízes de plantas).

Defumação

É o processo pelo qual alguns alimentos são expostos à fumaça proveniente da queima de partes de plantas, com a finalidade de
conservá-los e melhorar o seu sabor.

A civilização egípcia utilizava corantes naturais (índigo e alizarina) para tingir tecidos. Os Fenícios eram bas- tantes conhecidos

pelo tecido de cor vermelho-púrpura, confeccionados a partir do tingimento, usando um corante

natural extraído de um molusco.

Fenícios

Civilização que dominou o comércio no Mar Mediterrâneo entre os séculos IX e VI a. C.. A partir da região litorânea que com-
preende hoje estados do Líbano, da Síria e de Israel, comercializavam vários produtos, como azeite de oliva, vinho e madeira.

Química 290
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Figura 2: O índigo é um corante (fórmula estrutural à esquerda) utilizado no tingimento de jaquetas e calças jeans.
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jeans.jpg – Autor: Oktaeder
A Química Orgânica surgiu, como ciência, a partir do final do século XVIII, quando os químicos começaram a se dedicar a obter

compostos orgânicos encontrados nos extratos de plantas e estudaram suas propriedades químicas. Como essas substâncias eram

extraídas de animais e vegetais, os químicos acreditavam que estas não poderiam ser produzidas em laboratório a partir de materiais

inorgânicos (minerais). Para tal, seria necessário o que eles chamavam de uma “força maior” para obter um composto orgânico a

partir de substâncias que contivessem os elementos quími- cos necessários. Essa ideia ficou conhecida como Teoria da Força Vital

ou Vitalismo.

A popularidade dessa teoria foi diminuindo à medida que compostos orgânicos eram sintetizados a partir de fontes

inorgânicas. Em 1828, o químico alemão Wöhler foi o primeiro a realizar essas sínteses ao produzir o composto orgânico ureia

(presente no suor e urina dos animais) a partir do aquecimento de uma solução aquosa de cianeto de amônio que é um composto

orgânico extraído de minerais.

Figura 3: Friedrich Wöehler, pedagogo e químico alemão, precursor no campo da química orgânica e famoso por sua síntese do composto orgânico ureia.
À direita, temos a reação de transformação do cianeto de amônio em ureia, realizada por ele. Fonte:
http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Friedrich_woehler.jpg

Química 291
Com a queda do Vitalismo e a síntese de inúmeros compostos orgânicos, percebeu-se que a definição estabe- lecida para a

Química Orgânica, naquela época, não era adequada. Como os compostos orgânicos até então conhe- cidos continham carbono, em

1858, o químico alemão Kekulé propôs a definição que é aceita atualmente: “Química Orgânica é o ramo da química que estuda os

compostos do carbono”.

Figura 4: O químico alemão Friedrich August Kekulé, entre outras coisas, desenvolveu fórmulas para os compostos orgânicos e criou alguns
postulados sobre o átomo de carbono.
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Heinrich_von_Angeli_-_Friedrich_August_Kekul%C3%A9_von_Stradonitz.jpg

Observe que, no entanto, nem todos os compostos que contêm carbono são orgânicos, como o dióxido de carbo-

no (CO2), o ácido carbônico (H2CO3), a grafite (C), entre outros. Esses são compostos inorgânicos, como você já aprendeu.

Química 292
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Questão 1 (UERJ)

A maior parte das drogas nos anticoncepcionais de via oral é derivada da fórmula estrutural plana abaixo:

Química 293
O que perguntam por aí?

O número de carbonos terciários presentes nesta estrutura é:

a ............................................................................................................................................................................................... 6
b ........................................................................................................................................................................................... 60
c.............................................................................................................................................................................................. 70
d ............................................................................................................................................................................................. 70
e ............................................................................................................................................................................................. 80

Questão 2 (UERJ)

A testosterona, um dos principais hormônios sexuais masculinos, possui fórmula estrutural plana:

Determine:

a. o número de átomos de carbono, classificados como terciários, de sua molécula;

Química 294
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b. sua fórmula molecular.

Química 295
Hidrocarbonetos

Hidrocarbonetos: A base da química orgânica


Os hidrocarbonetos são compostos orgânicos binários hidrogenados. Quando se afirma que eles são “orgâni- cos”, significa

que há a presença obrigatória do elemento químico carbono; quando se afirma “binários” é para indicar a presença de dois

elementos químicos; e em relação à expressão “hidrogenados”, deve-se interpretar que o segundo elemento químico é o

hidrogênio.

Os hidrocarbonetos possuem algumas diferenças entre si que nos permite classificá-los de três maneiras:

Figura 3: Um hidrocarboneto pode apresentar a mistura dos três tipos de classificação.

Mas você deve estar imaginando como devem ser os hidrocarbonetos a partir desta classificação, não é mesmo?

Então, vamos entendê-los.

Os hidrocarbonetos de cadeia aberta que possuem somente ligações simples são comumente denominados

ALCANOS (sinônimo: parafinas). Eles podem apresentar diferentes formações, como essas a seguir. Exemplos:

Química 296
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Os hidrocarbonetos de cadeia aberta que possuem apenas uma dupla ligação são denominados ALCENOS

(sinônimo: olefinas).

Exemplos:

Os hidrocarbonetos de cadeia aberta que apresentam apenas uma tripla ligação, são denominados ALCINOS

(ou hidrocarbonetos acetilênicos).

Exemplos:

Os hidrocarbonetos de cadeia aberta que possuem apenas duas duplas ligações (por isso dietênicos), são de-

nominados ALCADIENOS (ou dienos).

Exemplos:

Os hidrocarbonetos de cadeia fechada que possuem somente ligações simples são denominados CICLANOS

(ou ciclo alcanos).

Exemplos:

Os hidrocarbonetos de cadeia fechada que possuem uma dupla ligação, são denominados CICLENOS (ou ciclo

Química 297
alcenos).

Exemplos:

Por fim, os hidrocarbonetos que apresentam o anel ou ciclo benzênico, isto é, que são formados por um ciclo, contendo seis

átomos de carbono dispostos hexagonalmente e ligados entre si por três ligações simples e três duplas ligações alternadas, são

denominados HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS. Veja nas imagens a seguir que temos duas formas de representar esses anéis

benzênicos.

Exemplos:

Química 298
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Exercício 1 – Adaptado de UFRRJ – 2006


Radicais são todos os agrupamentos atômicos que contêm uma ou mais valências livres e que não podem

ocorrer em liberdade.

Qual o composto orgânico formado da união dos radicais metil e n-propil?

a. Butano

b. Pentano

c. Metil–propano

Química 299
Exercício 2

Química 300
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Três tanques contendo 250 toneladas de um gás derivado do petróleo usado na fabricação de borracha sinté-

tica foram destruídos em incêndio no Rio de Janeiro.

Qual a fórmula molecular deste hidrocarboneto de cadeia aberta com 4 átomos de carbono e 1 ligação dupla?

a. C4H6

b. C4H8

c. C4H10

d. C4H11 Funções oxigenadas

Funções oxigenadas
Diversas substâncias orgânicas são importantes no nosso cotidiano, tais como os álcoois, os éteres, a acetona e o formol. Elas

possuem em suas fórmulas apenas átomos dos elementos carbono, hidrogênio e oxigênio. A forma como os

átomos dessas moléculas estão ligados determina as diferentes funções oxigenadas.

Vamos estudar tais formas.

Álcoois
O principal álcool da economia brasileira é o etanol, também conhecido como álcool comum.

É vendido em supermercados como produto de limpeza, nos postos de gasolina brasileiros como combustível,

e está presente em diversas bebidas alcoólicas.

O álcool hidratado é o combustível dos carros a álcool que circulam no Brasil. Esse álcool não é puro, é uma

mistura que contém etanol a 96ºGL, o que significa 96% de etanol e 4% de água.

°GL (°Gay Lussac)

Química 301
É a quantidade em mililitros de etanol contida em 100 mililitros de uma mistura etanol e água. Exemplo: um recipiente que contém
100 mililitros de álcool hidratado 96ºGL tem 96 mililitros de etanol e 4 mililitros de água.

Figura 1: O etanol é utilizado como combustível de motores de explosão. A foto destaca uma bomba de etanol em um posto de gasolina. Foto: Marcus
André
A gasolina vendida nos postos de abastecimento no Brasil contém até 25% de etanol. Esse etanol, ao contrário

do álcool hidratado usado nos veículos movidos a álcool, é anidro, o que significa que não tem água.

Anidro

É um termo geral utilizado para designar uma substância de qualquer natureza que não contém (ou quase não contém) água na
sua composição. O álcool anidro possui características de pureza na ordem de 99,95ºGL, com 0,05% de água. Ou seja, é consi-
derado isento de água.

Diferentemente dos combustíveis derivados do petróleo, que vêm de uma fonte não renovável, as fontes de

etanol, como a cana-de-açúcar no caso do Brasil, são renováveis. Basta plantar a cana para se obter mais etanol.

As bebidas alcoólicas são misturas contendo etanol. Quando uma pessoa ingere uma bebida alcoólica, rapi- damente

começa a absorção do etanol pelo estômago e no intestino delgado. Tomar leite ou comer alimentos gor- durosos dificulta a

absorção do etanol pelo organismo, mas se o estômago estiver vazio, a absorção ocorrerá muito mais rapidamente.

Parte do etanol ingerido vai para o sangue e, à medida que aumenta a concentração de etanol no sangue, os efeitos sobre o

corpo humano também variam. Café forte e banho frio, ao contrário do que muitos pensam, não diminuem os

efeitos do álcool no organismo. Veja na tabela 1 os efeitos do etanol em função da concentração de etanol no sangue.

Tabela 1: Efeitos do etanol em função da concentração de etanol no sangue em uma pessoa de massa corporal igual a 70 kg.

Química 302
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Copos de cerveja Concentração
(200 mL) etanol no sangue Comportamento Consequências
(g/L)

1 Até 0,4 Sóbrio Sem efeito

De 2 a 4 De 0,5 a 1,4 Eufórico Dificuldade de julgamento de


distância e velocidade

De 5 a 8 De 1,5 a 3,2 Confuso Perda do controle físico e


emocional

De 9 a 12 De 3,3 a 4,8 Inconsciência; às vezes coma Descoordenação geral

13 ou mais 4,9 ou mais Morte Parada respiratória

Fontes: Adaptado de http://mundoestranho.abril.com.br/materia/como-o-alcool-age-no-corpo; http://www.equilibrionutri-


cional.com.br/atualidades-nutricionais/385-efeitos-do-alcool-no-organismo.html; GARRITZ, A.; CHAMIZO, J. A. Química. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2003. P. 37.

As informações presentes na Tabela 1 dependem de fatores como a quantidade de álcool ingerido em um

determinado intervalo de tempo e a quantidade de alimento ingerido antes da bebida, entre outros.
Outro álcool muito importante é o metanol ou álcool metílico, considerado o mais tóxico dos alcoóis. Se inge- rido, mesmo

em pequenas doses, causa cegueira e até morte, como ocorreu em Salvador, no início de 1999, quando

40 pessoas morreram devido ao consumo de aguardente contaminada com metanol.


O metanol é inflamável, a chama produzida durante sua combustão é de cor azul muito clara, de modo que se

torna praticamente invisível quando está sob forte luminosidade (é um perigo adicional).

Química 303
Figura 2: As figuras de uma chama e de uma caveira no rótulo do metanol (álcool metílico) significam que o material é infla- mável e tóxico. Foto:
Marcus André

O metanol pode ser usado como combustível em motores a explosão, como os carros de corrida da Fórmula

Indy e de algumas aeronaves.

Os álcoois são identificados através do grupo hidroxila (—OH), ligado a um átomo de carbono saturado (isto é,

carbono que faz apenas ligações simples).

A nomenclatura oficial, de acordo com as regras da IUPAC, é feita como nos hidrocarbonetos, mas com a termi-

nação funcional ol em lugar do sufixo o.

Nos álcoois de estrutura mais simples pode ser utilizado uma nomenclatura usual, ou seja, não oficial, usando

a palavra álcool, seguida do nome do radical orgânico (metil, etil etc.) ligado à hidroxila, acrescido da terminação ico.
Por motivos históricos, alguns compostos orgânicos podem ter diferentes denominações aceitas como corre- tas.

Um exemplo é o álcool etílico (C2H6O).

Como este composto também pode ser denominado?

Armadilhas contendo um adsorvente com pequenas quantidades de feromônio sintético são utilizadas para

controle de população de pragas. O inseto é atraído de grandes distâncias e fica preso no artefato por meio de um adesivo.

O verme invasor do milho europeu utiliza o acetato de cis-11-tetradecenila (figura) como feromônio de atra- ção sexual.

Isômeros de posição e geométrico desse composto têm pouco ou nenhum efeito de atração.

Química 304
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A que função orgânica pertence este composto orgânico?

Exercício 3
O óleo extraído da casca da canela é constituído principalmente pela molécula que possui a seguinte fórmula

estrutural:

Indique a função orgânica presente na molécula. Você se alimenta


corretamente?

Começando pelos carboidratos


Nesse grupo de substâncias, temos os açúcares, o amido e a farinha, presentes em pães, bolos e massas. Ou

Química 305
seja, os carboidratos são considerados os vilões das dietas de emagrecimento.

Isso porque uma alimentação rica em carboidratos pode resultar em obesidade e no aumento da possibilidade de a pessoa

desenvolver um tipo específico de diabete.

Diabete

Doença metabólica na qual a pessoa fica com alta taxa de açúcar na corrente sanguínea. Isso pode ser causado pela dificuldade
do pâncreas em produzir insulina, um hormônio responsável por facilitar a entrada de açúcar nas células.

Mas fique você sabendo que a ingestão de uma baixa quantidade de carboidratos provoca modificações em nosso

metabolismo, levando a fraqueza, dificuldade de raciocínio, tonturas e até desmaios. Isso porque eles são usa- dos pelo nosso

organismo para produção de energia, fornecendo em média, 4,0 kcal/g.

Então, você deve estar se perguntando: “Qual será a quantidade adequada de consumo de carboidratos para

uma pessoa?”.

Pergunte a um médico ou a um nutricionista, pois esse tipo de avaliação é pessoal e intransferível!

Tal avaliação leva em consideração a condição de saúde da pessoa (a sua taxa de glicose no sangue, por exem-

plo), a faixa etária, se é homem ou mulher, a atividade física, dentre outras questões. Por isso, fica o aviso: cuidado com

dietas que você lê nas revistas, pois cada indivíduo possui um metabolismo próprio.

Mas, quimicamente falando, o que é carboidrato?

O nome carboidrato, originalmente, está associado às substâncias que possuem uma fórmula geral do tipo C n(H2O)n, também

chamadas de hidratos (água) de carbono, como a fórmula geral indica. Por exemplo, a molécula de glicose, apresentada mais a

frente nesta unidade, tem fórmula molecular C6H12O6, o que poderia ser representada por

C6(H2O)6.

Veja exemplos dessas moléculas na Figura 3.

Química 306
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Figura 3: Repare nas moléculas de carboidrato... Os grupos que caracterizam a função aldeído e a função cetona estão em destaque. Mas perceba
também os vários grupos hidroxila (-OH) presentes, em negrito, que caracterizam a função álcool.
Fonte: Andrea Borges

Os carboidratos podem ser moléculas simples, chamados de monossacarídeos (como a glicose e a frutose) ou moléculas bem

maiores, como os polissacarídeos (como o amido e a celulose). Vamos conhecê-los um

pouco?

1.1 Os Monossacarídeos
Como exemplos de monossacarídeos temos a glicose, presente em nosso sangue e nas massas, e a frutose,

encontrada no mel e nas frutas, sendo o mais doce dos açúcares.

A glicose e a frutose possuem a mesma fórmula molecular: C6H12O6. Isso quer dizer que moléculas desses açú- cares
possuem 6 átomos de carbono, 12 de hidrogênio e 6 de oxigênio. A diferença entre elas é o arranjo das ligações

entre esses átomos.

Na linguagem química, dizemos que a glicose e a frutose são isômeros.

Isômeros

São compostos que possuem a mesma fórmula molecular, mas os átomos estão em arranjos diferentes.

Veja na Figura 4 as estruturas desses dois isômeros.

Química 307
Figura A Figura B

Figura 4: Fórmula estrutural da glicose (figura A) e da frutose (figura B). Repare que, apesar dos átomos serem os mesmos, estão organizados de
forma diferente. Fonte: Andrea Borges

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Química 309
Química 310
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A lactose é formada por glicose e galactose, essa molécula é encontrada no leite, sendo a principal fonte ali- mentar de bebês.

Algumas pessoas têm intolerância a esta substância, em razão da ausência ou mau funcionamento da enzima responsável pela sua

digestão: a lactase. Qual a classificação da lactose, quanto ao número de sacarídeos?

Exercício 2 – Cecierj – 2013


A dimetilamina é um estimulante usado, principalmente, no auxílio ao emagrecimento e aumento do rendi-

mento atlético.

Qual a classificação desta amina, em relação à substituição de átomos de hidrogênio? a.

amina primária

b. amina secundária

Química 311
c. amina terciária

d. amina quaternária

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Polímeros
Polímeros e Plásticos? É tudo farinha do mesmo “saco”?
Desde os primórdios, os humanos usam polímeros naturais, como couro, lã, algodão, madeira. Na verdade, os polímeros
(do grego poly: muitos; meros: partes) são macromoléculas constituídas pela união de pequenas partes, denominadas de
monômeros (mono: único; mero: parte), que estão ligados entre si através de ligações covalentes.

O DNA, a celulose (madeira) e os carboidratos são classificados como polímeros naturais, enquanto que os plásticos são
denominados polímeros sintéticos.

Esta unidade irá estudar os polímeros sintéticos, ou seja, aqueles produzidos pelo homem.

Muitos são os processos químicos de produção dos polímeros, mas, basicamente, todos eles têm como obje-

tivo aumentar o tamanho de uma molécula. Do ponto de vista conceitual, o polímero mais simples é o polietileno (ou polieteno),
cuja molécula é formada por muitas centenas de unidades CH2, unidas por ligações covalentes. No exemplo a seguir, observe que
as moléculas menores, monômeros de eteno, “abrem” suas ligações duplas, pela ação de um catalisador (catal.) e sob influência
de determinada temperatura (T) e pressão (P), de forma que elas possam se ligar umas às outras, formando uma molécula maior
(macromolécula), no caso o polietileno.

n CH ═ CH catal., P e T (—CH —CH —)

2222n eteno polietileno


(monômero) (polímero)

Observe que o n é o número de repetições da unidade molecular básica que está situado entre parênteses na

representação da macromolécula e está na casa de centenas. Cada macromolécula de um polímero contém milhares de átomos

que se repetem. Entretanto, temos de ter em mente que nem toda macromolécula será um polímero, uma vez que nem todas

são constituídas de partes iguais que se repetem!

Figura 2: Em uma reação química, com o auxílio de um catalisador e em determinadas temperatura e pressão, o eteno “abre” a sua dupla ligação, permitindo a
ligação de outros átomos à molécula. O polímero produzido é o principal constituinte dos

Química 313
galões de 20L de água mineral. Fonte: Claudio Costa
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Os polímeros podem ser divididos em três grupos, de acordo com as suas aplicabilidades industriais: borracha

Química
314
ou elastômeros, fibras e plásticos.

Elastômeros
Os elastômeros, popularmente conhecidos como borrachas, são polímeros de alta elasticidade, que podem,

em condições naturais, se deformar e voltar ao seu estado inicial.

Estado não-deformado Estado deformado elasticamente em (livre de tensões) resposta a uma tensão

Figura 3: A figura acima representa uma estrutra de um polímero inicialmente livre das tensões (esquerda) e, posteriormen- te, sob a ação
de uma tensão τ (à direita). Observe que as ligações cruzadas existentes em sua estrutura permitem que ele resista melhor à deformação
causada pela tensão τ , aumentando sua resistência. Fonte: Claudio Costa Vera Cruz

Mas a borracha natural se rompe quando submetida a tensões muito grandes e tem relativamente pouca du- rabilidade,

pois sofre oxidação quando exposta ao ar atmosférico por longos períodos (borracha melada). O problema foi solucionado com

o processo de vulcanização, no qual o enxofre é usado para ligar cadeias poliméricas vizinhas, dando maior resistência ao

Abrasão
Ato de remoção de parte de um material, localizado na superfície, por atrito. A ação de lixar uma parede é um processo de
abrasão!
tensionamento (impedindo sua ruptura), além de aumentar sua resistência à oxidação no ar e à abrasão.

Química
As borrachas são aplicadas na fabricação de pneus, nas solas de sapatos e em terminais e junções de peças que

sofrem grande esforço mecânico.

315 Fibras

As fibras são materiais constituídos geralmente por macromoléculas lineares, estirados em filamento, por isso a elevada

razão entre seu comprimento e as dimensões laterais. Possuem alta resistência mecânica, pois resistem a uma

variação de temperatura de -50º a 150ºC.

Sua grande aplicabilidade é na indústria têxtil, sendo que essas fibras podem ser subdivididas em três grupos:

 Fibras naturais (algodão, lã).

 Fibras naturais modificadas (viscose, rayon).


 Fibras sintéticas (poliéster, náilon).

Plásticos
Os plásticos, por sua vez, são materiais poliméricos encontrados, na sua composição final, no estado sólido à temperatura

ambiente. Atualmente, conhecem-se mais de 60 mil plásticos diferentes, e, dentre os cinquenta produ- tos

químicos mais utilizados, vinte são plásticos.

Polímeros e suas estruturas químicas!


A cada dia, os cientistas avançam em seus estudos e no desenvolvimento da ciência, atualmente a variedade

de polímeros existente é muito grande. Para facilitar o estudo destes materiais, os polímeros foram classificados tam-

bém de acordo com sua estrutura química.


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Forma da cadeia polimérica


Em relação à forma da cadeia polimérica, os polímeros podem ser classificados em:

 Lineares: quando a cadeia não possuir ramificações.

 Ramificados: quando a cadeia apresenta pequenas cadeias laterais (ramificações)

 Reticulados: quando as cadeias estão unidas por ligações químicas cruzadas.

Química
316

Química
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Com ligações cruzadas

Figura 4: Na figura acima, observam-se as diferenças estruturais entre os três tipos de cadeias poliméricas. Observe que as moléculas dos
polímeros de cadeia linear estão mais soltas quando comparadas às de cadeia ramificada e mais ainda quando comparadas às que apresentam
ligações cruzadas. Quanto mais solta uma cadeia, menor é sua elasticidade. Fonte:
Claudio Costa

Quanto mais ramificada ou cruzada uma cadeia, maior será sua elasticidade. Por exemplo, o Nylon (material muito utilizado

em meias-calças femininas) apresenta grande elasticidade, uma vez que suas estruturas moleculares se apresentam de forma

cruzada.

Figura 5: Foto de algumas meias femininas de alta elasticidade. São formadas por Nylon que é um polímero sintético. Fonte:
http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Pile_of_pantyhose.jpg

Química 311
Os plásticos, produtos obtidos através de reações de polimerização, representam um grande avanço tecnoló-

gico, sendo um grande triunfo da Química Industrial.

A substância que é passível de polimerização chama-se:

a. catalisador.

b. monômero.
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c. petróleo.

d. plástico.

Exercício 2
Muitos são os processos químicos de produção dos polímeros, mas, basicamente, todos eles têm como obje-

tivo aumentar o tamanho de uma molécula.

Qual a característica principal de uma reação de polimerização por condensação?

Função Logarítmica

Química

Os logaritmos, a escala Richter e os terremotos


Charles Richter e Beno Gutenberg desenvolveram a escala Richter, que mede a magnitude de um terremoto. Essa escala varia

de 0 a 10, porém pode atingir valores ainda maiores, embora até hoje não se tenha notícia de regis- tros de tais abalos. A tabela

seguinte mostra a escala e os efeitos causados pelos terremotos.

Tabela 1: Magnitudes dos terremotos segundo a escala Richter, os efeitos causados e a frequência desses abalos.

Descrição Magnitude Efeitos Frequência

Micro <2,0 Micro tremor de terra, não se sente Aproximadamente 8000 por dia

Muito pequeno 2,0-2,9 Aproximadamente 1000 por dia


Geralmente não se sente, mas é detec-
tado/registrado

Matemática 313
Pequeno 3,0-3,9 Aproximadamente 49000 por ano
Frequentemente sentido, mas raramen-
te causa danos
Aproximadamente 6200 por ano
Ligeiro 4,0-4,9
Tremor notório de objetos no interior de
habitações, ruídos de choque entre
objetos. Dificilmente causa danos
significativos.

Moderado 5,0-5,9 800 por ano


Pode causar danos maiores em edifícios
mal concebidos e que estiverem próxi-
mo da origem do tremor. Provoca danos
ligeiros em edifícios bem construídos

Forte 6,0-6,9 Pode ser destruidor em zonas habitadas 120 por ano
num raio de até 180 quilômetros da
origem do tremor

Grande 7,0-7,9 18 por ano


Pode provocar danos maiores em regi-
ões mais vastas

Importante 8,0-8,9 1 por ano


Pode causar danos sérios em regiões
num raio de centenas de quilômetros

1 a cada 20 anos
Excepcional 9,0 – 9,9
Devasta regiões num raio de milhares de
quilômetros

Extremo > 10,0 Nunca registrado Desconhecida

A partir desta tabela, começamos a entender como é possível haver terremotos no Brasil. Veja que os terremotos com

magnitude inferior a 2,0 – que ocorrem em torno de 8000 vezes por dia! – não podem ser percebidos por nós.

A mesma coisa vale para os terremotos com magnitude entre 2,0 e 2,9, que ocorrem em torno de 1000 vezes por dia.

Aliás, será que está acontecendo algum terremoto aqui no Brasil neste momento?
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Química

Como podemos calcular a magnitude de um terremoto? Para isso, utilizamos a fórmula a seguir:

Ms = 3,30 + log10(A.f)

Nesta fórmula, MS representa a magnitude local, A representa a amplitude máxima da onda registrada por um

sismógrafo e f representa a frequência da onda.

Sismógrafo

Um sismógrafo é um aparelho que os cientistas usam para medir terremotos. O objetivo de um sismógrafo é gravar com exati-
dão o movimento do chão durante um terremoto. Ele contém uma agulha extremamente sensível a trepidações, que registra as
vibrações do solo numa folha de papel contínua.

Matemática 315
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Figura 3: Um dos vários modelos de sismógrafos disponíveis no mercado.
Então, quando ligamos o sismógrafo, o rolo de papel começa a rodar e o papel começa a passar por baixo das agulhas. Quando

a terra treme, ainda que de forma imperceptível, as agulhas do sismógrafo se movem, registrando no papel a imagem de uma onda.

Essa onda corresponde às vibrações detectadas pelo aparelho. Para entendermos melhor o que é uma onda registrada pelo

sismógrafo, vamos observar a figura seguinte.

Figura 4: A figura representa um sismograma, que é uma folha de papel que contém essas ondas.

A variação dessas ondas denota a presença de um abalo sísmico. Quanto maior a amplitude dessas ondas, maior

é a magnitude do terremoto. Amplitude, não custa lembrar, é a “altura” da onda, é a distância entre o eixo da onda e a crista. Quanto

maior for a amplitude, maior será a quantidade de energia transportada – e mais forte o ter- remoto.

Entenderam?

Muito bem! Agora já sabemos como obter os dados necessários para calcular a magnitude de um terremoto, não

é mesmo? Mas, e aquele log que está sendo usado na fórmula? Como podemos trabalhar com ele?

Log é a abreviatura de Logaritmo. Veremos a seguir o que significa e como funcionam os logaritmos

Matemática 317
Os logaritmos
Nas aulas anteriores, estudamos as equações e funções exponenciais, aprendemos algumas de suas proprieda-

31
des e efetuamos alguns cálculos. Como exemplo, nós temos:

23 = 8

Ou, em bom português, dois elevado à terceira potência vale oito.

No que diz respeito aos logaritmos, esta mesma expressão pode ser escrita assim:

Log28 = 3

O que, em bom português, equivale a dizer que log na base dois de oito vale três. A ideia é que

estas expressões são equivalentes, ou seja

23 = 8 log2 8 = 3

Isto significa dizer: se dois elevado à terceira potência vale oito, então log na base dois de oito vale três – e

vice- versa.

Reparem que, nas duas sentenças acima os números mudam de lugar e, na sentença com o logaritmo, a or- dem deles parece

um pouco estranha. Não se preocupem, à primeira vista é estranho mesmo – mas já já vocês se acostumam.

Antes de continuarmos a falar sobre essa expressão, vamos colocar mais alguns exemplos, para vocês se acostumarem:

52 = 25 log5 25 = 2

33 = 27 log3 27 = 3

104 = 10.000 log10 10.000 = 4

E aí? Será que conseguimos perceber alguma coisa nessas correspondências? Está fácil perceber como os nú-

meros ficam dispostos quando trabalhamos com logaritmo?

Você observou que o resultado do logaritmo é exatamente o expoente utilizado na igualdade da esquerda? Veja

que, no primeiro caso, 2 é o expoente da base 5, para que o resultado seja 25; assim, podemos dizer que 2 é o logaritmo de 25 na

base 5.

No terceiro exemplo, temos que 10 elevado a 4 é igual a 10.000; assim, podemos dizer que 4 (que é o expoente)

Matemática
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é o logaritmo de 10.000 na base 4. Entendeu?

Se ainda não ficou, vamos dar uma olhada na correspondência abaixo, que define Logaritmo.
ab = c loga c = b
Veja: b é o expoente da potência de base a e o resultado desta expressão é c; então b é chamado de logaritmo

de c na base a.

Para deixar tudo o mais simples possível, vamos escrever essa sentença por extenso: se a elevado a b é igual a

c, então log de c na base a é igual a b – e vice versa. Colocamos umas setas para ajudar, veja lá:

E, para simplificar ao máximo, escrevemos por extenso: se log de c na base a é igual a b, então a elevado a b é igual a c – e

vice versa. Acompanhou as setas? Muito bem!

Todavia, é muito importante observarmos que existem algumas restrições para esses número, pois o valor de c

necessariamente precisa ser real e positivo e o valor de a precisa ser real e positivo, porém diferente de 1. A seguir veremos estas

restrições mais detalhadamente.

Agora vamos ver se conseguimos entender bem essa definição?

Matemática 319
31

Excelente! Agora, podemos caminhar um pouco mais. Que tal tentarmos calcular o valor de um logaritmo?

Matemática
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Matemática 321
Questão 1 FGV (2008)

Adotando log2 = 0,301, a melhor aproximação de log510 representada por uma fração irredutível de denomi-

nador 7 é:

a. 8/7

b. 9/7

c. 10/7

d. 11/7

e. 12/7

Matemática 3
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rando log2 = 0,30, podemos concluir que

a. b=1

b. b=2

c. b=4

d. b=8

Matemática 323
e. b = 10

Exercício 1
Dado log345 3,46. Qual o valor aproximado de log35?

(a) 1,46 (b) 5,46 (c) 6,92 (d) 8,46

Exercício 2
Dados log3 (7x−1) = 3 e que log5 (2y−7) = 1. Qual o valor da expressão x+y?

(a) −10 (b) −2 (c) 2 (d) 10

Exercício 3 (UFMG – 2009 – Adaptada)


Ao se digitar um número positivo e apertar a tecla log de uma calculadora, é mostrado em seu visor o logaritmo decimal do

número. Nessa calculador a foi digitado o número 100000 e em seguida apertada a tecla log. Qual número

apareceu no visor?

(a) 1 (b) 5 (c) 6 (d) 10

Exercício 4
Dada a expressão x = (log1) . (log2) . (log3)... (log5). Qual o valor de x?
(a) 0 (b) 30 (c) 60 (d) 120

Matemática 3
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Introdução à Geometria
Espacial
Geometria espacial: conceitos básicos
A palavra Geometria vem do grego e significa medir a terra. Seu surgimento está ligado ao cotidiano das civi-

lizações egípcia e babilônica, por volta do século XX a.C. Estava relacionada, por exemplo, ao plantio, construções e movimento dos

Astros e era muito utilizada para o cálculo de áreas e volumes.

Já a palavra espacial não se refere ao espaço sideral ou a algo sofisticado, complexo e de difícil compreensão. Pelo contrário,

ela se refere ao mundo em que vivemos, com suas três dimensões: altura, largura e comprimento. Tam- bém serve para marcar a

diferença entre a geometria no mundo de três dimensões – ou, no “espaço” – e a geometria no mundo de duas dimensões – ou no

“plano”. Assim, geometria espacial e plana poderiam muito bem se chamar, respectivamente, geometria tridimensional (ou em 3

dimensões) e geometria bidimensional (ou em 2 dimensões).

Esclarecidos os termos principais, podemos utilizar os exemplos que vimos anteriormente para conhecer al- guns

objetos matemáticos importantes e que farão parte do nosso estudo ao longo de toda essa unidade. Vamos lá?

Se você imaginar o objeto representado a seguir, que possui apenas duas dimensões, se estendendo infinita-

mente em todas as direções, você visualizará o conceito matemático primitivo de plano.

Figura 6: O objeto representado, se estendido infinitamente para cima, para baixo e para os lados
esquerdo e direito, permite visualizar o conceito de plano.

Agora, se você imaginar o objeto unidimensional como o representado aqui também estendendo-se infinita-

mente para ambos os lados você terá a noção do conceito matemático primitivo de reta.

Figura 7: O objeto representado, se estendido infinitamente para os dois lados, permite visualizar o conceito de reta. E o objeto sem
dimensão? Imaginou desta maneira?

Matemática 325
Figura 8: O objeto representado, se abstraído de suas já pequenas altura e largura, permite visualizar o conceito de ponto.

Esse objeto primitivo matemático é conhecido como ponto.

É claro que pontos, retas e planos são conceitos e objetos matemáticos e, por isso, não são encontrados em situações

cotidianas. No entanto, podemos fazer aproximações. Dê uma olhada na figura seguinte:

Matemática 3
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Figura 9: Imagem de uma praça e do prédio da prefeitura de uma cidade polonesa.

De acordo com os conceitos que acabamos de apresentar, um plano se estende infinitamente em duas di- reções. No entanto,

o piso da praça, apesar de não se estender infinitamente, pode perfeitamente ser considerado representação de um plano. As

fachadas das casas à direita da foto vão pelo mesmo caminho: não se estendem infi- nitamente para cima e para os lados, mas

também podem representar a ideia que temos de um plano. O mesmo vale para a fachada das casas à esquerda da foto.

Estão vendo as linhas, feitas com pedras pequenas, que se cruzam no chão da praça? E as linhas que separam um prédio do

outro, na fachada das casas à direita? Pois então, podemos usar a mesma argumentação do parágrafo anterior: não se estendem

indefinidamente, mas podemos considera-las como representações de retas. Mesmo os postes, que têm um tamanho menor do que

as linhas do chão e as separações das fachadas, também podem repre- sentar a ideia que temos de uma reta.

Finalmente, mantendo a linha de argumentação, poderíamos considerar as lâmpadas penduradas nos postes e as pedras

menores do calçamento – aquelas, que estão nas retas que se cruzam – como representações de pontos. Se representássemos esses

planos, retas e pontos na imagem anterior, teríamos a seguinte figura:

Matemática 327
Figura 10: Imagem da praça, agora com planos, retas e pontos marcados.

Acompanhe lá: o plano do piso da rua, chamamos de plano α. Já o plano das fachadas das casas à direita, chamamos de

plano β, e o plano das fachadas à esquerda de plano γ. A reta r coincide com o poste, ao passo que as retas s, t e u – das linhas no

piso do calçamento, lembra? – estão no plano do piso da rua, o plano α. No plano β, das fachadas das casas à direita, estão

representadas as retas v, w e z, que separam uma casa da outra. O ponto A coincide com a lâmpada do poste, enquanto os pontos

B, C e D coincidem com aquelas pequenas pedras do calçamento.

Conseguiu ver tudo? Se conseguiu, ótimo, parabéns! Se não conseguiu, tente novamente: olhe novamente as figuras e

procure identificar os elementos que descrevemos. A visualização deles é muito importante e o tempo a mais

que você investir nesta etapa certamente irá facilitar sua compreensão dos próximos tópicos.

Matemática 3
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A visualização é uma das competências mais importantes a serem desenvolvidas pelos que querem se sair bem no
estudo de geometria espacial. No link http://www.uff.br/cdme/triplets/triplets-html/ triplets-br.html você terá
acesso a um jogo para exercitar a visualização em três dimensões em um trabalho interdisciplinar juntamente com
Língua Portuguesa e Inglesa.

Antes de prosseguir, é preciso registrar a nomenclatura de pontos, retas e planos: planos são nomeados com letras gregas (α,

β, γ, etc), as retas são

nomeadas com letras minúsculas (r, s, t, etc) e os pontos são nomeados com letras maiúsculas (A, B, C, etc).

Matemática 329
Continuando com pontos, retas e planos: posições
relativas
Muito bem! A partir da nossa conversa inicial sobre dimensões e sobre os conceitos que trabalhamos com a imagem da praça

e a Atividade 1, podemos pensar que moramos num mundo de três dimensões, povoado por obje- tos

que podem ter três, duas, uma ou nenhuma dimensão – e que estes objetos ora se encontram, ora não.

Para a conversa não ficar muito abstrata, dê uma olhada naquela imagem da praça já com as marcações de

pontos retas e planos, que reproduzimos aqui, para facilitar seu estudo.

Figura 11: Imagem da praça, agora com planos, retas e pontos marcados.
Pronto? Muito bem. Como exemplo de objeto de 3 dimensões temos as próprias pessoas que andam na praça. O chão e as

fachadas à esquerda e à direita são exemplos de planos; as linhas do piso e as que separam as frentes das casas da fachada à direita

são exemplos de retas; e a lâmpada do poste e as pedras pequenas do calçamento são

Matemática 3
exemplos de pontos.

Perceba agora que o poste (para nós, uma reta), se encontra com o piso (um plano) apesar de não se encontrar com as

fachadas à esquerda e à direita (outros dois planos). A lâmpada (um ponto), não se encontra com o poste (uma reta) ao passo que

as pedras pequenas do calçamento se encontram com as linhas do calçamento (retas) e com o piso (um plano). As mesmas pedras

pequenas (pontos), no entanto, não se encontram com os planos das fachadas à

esquerda e à direita – e por aí vai.

É justamente para poder lidar com essas questões de forma mais precisa que vamos trabalhar os conceitos de

posição relativa entre ponto, reta e plano.

Ponto e reta, ponto e plano


No que diz respeito à posição relativa entre um ponto e uma reta, o assunto é bem simples: ou o ponto está sobre

a reta ou o ponto não está sobre a reta. Mesma coisa vale para os planos: ou o ponto está sobre o plano ou o ponto não está

sobre o plano. Dê uma olhada nas imagens seguintes.

Figura 12: Os fios de eletricidade e os pássaros neles pousados podem ser representados por retas
e pontos respectivamente.
Nesta imagem, podemos considerar os fios como retas e os pássaros como pontos. Os pássaros que estiverem pousados num

fio serão considerados como pontos daquela reta. Já o pássaro que está voando (você consegue encontra-lo na imagem?) será um

ponto que não está sobre nenhuma das retas representadas.

Matemática
33

Figura 13: A superfície da lagoa e os patos desta imagem podem ser representados, respectivamente, por um plano
e por pontos.

Já nesta imagem, podemos considerar a superfície da lagoa como um plano e os patos como pontos que es- tão situados sobre

este plano. Caso houvesse algum pato voando, diríamos que ele seria um ponto que não estaria situado sobre o plano.

Antes de passarmos à notação matemática, cumpre falar dos pontos colineares - que, como você já pode ter adivinhado

pelo nome, são aqueles que estão sobre a mesma reta. Olhando para a imagem dos pássaros pousados nos fios, você pode ver

claramente que há uma grande quantidade de pontos colineares, uma vez que há muitos pás- saros pousados sobre um único fio.

Já na imagem da lagoa, o alinhamento dos patos não é muito claro – o máximo que conseguimos encontrar foram três patos

alinhados. E vocês?
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Matemática 333
Finalizamos a seção, então, com a notação matemática:

 quando um ponto A está sobre uma reta r, dizemos que ele pertence a essa reta. Usando a notação conven- cional, diremos
que A r.

 quando um ponto A não está sobre uma reta r, dizemos que ele não pertence a essa reta. Usando a notação convencional,
dizemos que A r.

 quando um ponto A está sobre um plano α, dizemos que A α

 quando um ponto A não está sobre um plano α, dizemos que A α De posse deste conceitos, que tal fazer a

próxima atividade?

Sólidos Geométricos

Matemática 330
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Figura 16: Objetos e locais da vida real em que podemos encontrar representações de sólidos geométricos.

Em todas essas deliciosas opções temos representações do que chamamos em matemática de sólidos geomé- tricos. Esses

sólidos podem ser classificados como poliedros ou não poliedros. Mas qual seria a diferença entre um poliedro e um não poliedro? É

justamente esse o tema da nossa próxima atividade.

Poliedros e a relação de Euler

Retomando a resposta da Atividade 4, denominamos de poliedro o sólido limitado por regiões poligonais pla- nas, certo?

Muito bem: essas regiões são chamadas de faces e têm, duas a duas, um lado comum, chamado de aresta.

Vértice é o ponto comum a três ou mais arestas. Veja na figura seguinte:

Matemática 331
Figura 17: Elementos de um poliedro. No poliedro da esquerda, está destacada a face lateral direita. No poliedro do centro, estão destacadas
duas arestas. No poliedro da direita, estão destacados três vértices.

Assim como o interesse pelos fundamentos da Geometria, o interesse pelos poliedros remonta à Grécia antiga:

o filósofo Platão (século IV a.C.) descreveu a construção do Universo a partir dos elementos Água, Ar, Terra e Fogo, representados

da seguinte maneira.

Matemática 332
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Matemática 333
Os poliedros que Platão utilizou para representar os elementos são regulares. Isto é: suas faces são regiões poligonais

regulares congruentes e em todo vértice do poliedro converge o mesmo número de arestas. É importante ressaltar aqui que um

sólido, para ser chamado de icosaedro, octaedro, hexaedro ou tetraedro não precisa ser regu- lar – basta ter as respectivas

vinte, oito, seis ou quatro faces. Um bom exemplo é o hexaedro que representamos na figura seguinte.

Exercício 1
Arquimedes descobriu um poliedro convexo formado por 12 faces pentagonais e 20 faces hexagonais, todas regulares.

Esse poliedro inspirou a fabricação da bola de futebol que apareceu pela primeira vez na Copa do Mundo de 1970.

(a) 12 (b) 54 (c) 60 (d) 72

Exercício 2
Matemática 334
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Um poliedro convexo tem 6 faces quadrangulares e 4 faces triangulares.

Qual o numero de arestas desse poliedro?

(a) 10 (b) 12 (c) 16 (d) 18

Exercício 3
Um poliedro convexo tem cinco faces triangulares e três pentagonais.

Qual o numero de arestas deste poliedro?

(a) 30 (b) 24 (c) 8 (d) 15

Exercício 4
Um poliedro convexo tem 3 faces triangulares, 4 faces quadrangulares e 5 pentagonais. Qual o numero de vertices desse
poliedro?

(a) 25 (b) 12 (c) 15 (d) 9

Matemática 335
Exercício 5
Um poliedro tem 6 arestas e o número de faces e igual ao seu número de vértices.

Quantas faces possui esse poliedro?

(a) 4 (b) 6 (c) 8 (d) 10

Exercício 6
Quantas arestas tem um poliedro que possui 12 faces e 20 vértices?

(a) 24 (b) 30 (c) 32 (d) 38

Exercício 7
Um poliedro e formado por cinco faces quadrangulares e seis faces triangulares.

Quantas arestas tem esse poliedro? x A e os elementos y B?

(a) 15 (b) 16 (c) 19 (d) 22

Geometria Espacial:
esferas

O que é uma esfera?


Você já ouviu o termo “esfera”? Sabe dizer exatamente ou, pelo menos, com mais precisão, o que é uma esfera? As figuras

seguintes representam objetos muito comuns em nosso cotidiano cuja forma se assemelha ao que chama- mos de

esferas. Você sabe dizer o que eles têm em comum?

Matemática 336
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Figura 2: Um limão, uma lima e uma laranja; bolas de natal; bolas de boliche e bola de futebol.

E então, conseguiu descrever precisamente o que é uma esfera? Conseguiu identificar seus elementos princi- pais? Aliás,

você sabe como calcular a área e o volume de uma esfera? Nas próximas seções iremos responder a estas perguntas!

Vendo esferas onde não podia ver...


Vamos agora refletir um pouco sobre os objetos que vimos representados pelas figuras das páginas anteriores?

O que eles têm em comum uns com os outros?

Bom, imagine se cortássemos ao meio todos estes “objetos”. O que veríamos na parte cortada? Um círculo, concordam?

Vejam na figura seguinte.

Matemática 337
Figura 3: À direita, uma laranja inteira. À esquerda, a laranja cortada exatamente ao meio.

E se não cortarmos ao meio, se cortarmos em qualquer outra parte, o que veremos na seção cortada? São círculos

também, só que menores que os que podemos ver quando imaginamos os cortes pelo meio. Vejam na figura seguinte:

Figura 4: Seções produzidas quando cortamos uma laranja sem passar exatamente pelo seu centro.
Pois é isso o que todos têm em comum! Quando os cortamos com um plano em qualquer lugar, o que

vemos são círculos!

Agora, vamos voltar ao assunto que é paixão nacional. O futebol. Abaixo, segue a imagem da bola de futebol

que nos referimos no inicio. Assim, poderemos entender mais algumas coisas sobre a definição de esfera.

No passado a bola de futebol era construída com couro animal. Atualmente existem materiais diversos com os quais é

possível fazer este objeto, o principal deles é o couro sintético. Elas são cheias de ar para que possam se manter

infladas

Matemática 338
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Figura 5: Outra bola de futebol, nos mesmos moldes da primeira: uma esfera de vidro contendo gás com baixa pressão e um eletrodo no centro.

A capa de couro sintético constitui numa superfície curva, no formato de uma bola. Esta superfície recebe o nome de

casca esférica. Sua função é a de limitar o ar necessário para manter o objeto inflado que vimos na figura anterior.

Se adicionarmos a capa de couro – que, repetimos, é apenas uma borda, uma casca – tudo aquilo que está em seu

interior, teremos o que chamamos de esfera.

Uma propriedade muito importante é que, em toda a esfera, há sempre um ponto central, sua distância até a

cada ponto da casca esférica (capa de couro) é constante.


Podemos formalizar um pouco os conceitos até agora discutidos da seguinte forma:

Dado um ponto O e uma distância r, chamamos de esfera ao conjunto de pontos cuja distância até o ponto O é

Matemática 339
menor ou igual ao raio r. Se essa distância for exatamente igual a r, chamamos o conjunto de pontos de superfície da esfera, pois,

neste caso, estaremos tomando somente a “casca” da esfera (em cinza escuro). Se a distância for menor do que r, teremos apenas

o “miolo” da esfera (em cinza claro). Vejam na figura seguinte

Figura 6: Esfera, com centro O e raio r destacados.

A superfície esférica e a esfera podem ser definidas também como superfície ou sólido de revolução, respecti- vamente. Se

girarmos uma semicircunferência completamente – ou seja, 360º – em torno de um eixo que contém seu diâmetro obtemos uma

superfície esférica.

semicircunferência
superfície esférica
Figura 7: Superfície esférica gerada por rotação da semicircunferência em torno do eixo.

Vale relembrar aqui que a circunferência é, por assim dizer, apenas a borda do círculo – e que semicircunferên- cia é metade

de uma circunferência. Agora, se girarmos um semicírculo completamente – ou seja, 360º – em torno de um eixo que contém o seu

Matemática 340
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diâmetro, obteremos uma esfera. Lembramos aqui que um semicírculo é a metade de um círculo – que é a figura completa, miolo

mais borda.

Figura 8: Esfera gerada por rotação do semicírculo em torno do eixo.

Seção de uma esfera


Alguém quer um coco aí?

Matemática 341
Figura 9: Também podemos considerar que um coco tem uma forma que se assemelha à de uma esfera.

O coco é uma fruta muito apreciada pelos frequentadores das praias de todo o nosso estado. Os vendedores

de coco têm uma habilidade incrível para cortá-lo e deixa-lo tal como na imagem anterior
Se considerarmos um coco como uma esfera, o tampo retirado pelo vendedor para que a gente possa beber sua água é

chamado de seção da esfera. Como havíamos comentado no início desta unidade, esta seção (sendo pla- na)

deixa uma marca circular no coco. Será que a gente consegue saber mais informações sobre essa seção circular?

Vamos dar uma olhada no esquema a seguir:

Se tomarmos o coco como uma esfera de raio R e centro O e fizermos um corte (com o facão do vendedor, para abrir o coco),

como mostra a figura abaixo, então a interseção deste plano com a esfera será um círculo de raio R’ e centro

O’.

Matemática 342
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Figura 10: Esfera com centro O, raio R e seção α, com centro O’ e raio R’ destacados.

Desta figura podemos obter a seguinte relação: R² = d² + R’² (teorema de Pitágoras), onde d é a distância do ponto

O ao ponto O’ .

Exercício 1

Matemática 343
Duas esferas de raios distintos se interceptam formando um conjunto com mais de um ponto na interseção.

Qual a figura geométrica formada por esse conjunto de pontos?

Exercício 2

Matemática 344
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Uma esfera de raio R está inscrita em um cubo de aresta a como ilustra a figura.

Qual a razão entre o volume da esfera e o volume do cubo?

24
(a) (b) (c) (d)

24 8r 6
Exercício 3
Uma secção feita numa esfera por um plano alfa é um círculo de perímetro 2cm. A distância do centro da esfera

ao plano alfa é 22cm.

Qual é a medida r do raio da esfera?

(a) 1 (b) (c) 2 (d) 3

Exercício 4
No mapa-múndi o Brasil possui aproximadamente a largura de três fusos esféricos, cada um com 15o. Conside- re que

a superfície do planeta Terra seja perfeitamente esférica, e que o seu raio mede, aproximadamente, 6.400km.

Matemática 345
Qual é o volume aproximado, em km3, da cunha esférica onde está localizado o Brasil?

(a) 8,32×1011 (b) 3,73×1011 (c) 1,37×1011 (d) 1,07×1011

Exercício 5

4
r3 . Calcule o volume de uma bola de raio r = 3/4cm.
O volume V de uma bola de raio r é dado pela fórmula V =
3
Para facilitar os cálculos use = 22/7.

(a) 1,87cm3 (b) 1,77cm3 (c) 1,67cm3 (d) 1,57cm3

Matemática 346
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Regularidades numéricas –
sequências e progressões

As sequências, regularidades e generalizações


Quando falamos de sequências, nem sempre estamos nos referindo às sequências numéricas. Uma sequência

é uma lista ordenada de objetos, números ou elementos. Um exemplo muito simples é a lista de sucessão de todos os

Presidentes do Brasil.

Matemática 347
Tabela 1 – Lista com todos os presidentes do Brasil desde 1889.

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Ou, ainda, uma sucessão de figuras geométricas:

Figura 1: Sucessão de retângulos.

Em algumas sequências, podemos notar certo padrão, isto é, alguma informação ou característica que nos leve a entender

como esta sucessão é construída e, sobretudo, nos permita determinar os elementos seguintes. Vejamos isso através dos exemplos

dados.

Na sucessão de Presidentes do Brasil, é possível verificarmos alguma regularidade de elementos? Ou, ainda, é possível

determinarmos quem será o próximo Presidente do nosso país? Bom, se fosse possível, não seriam necessários tantos

investimentos em campanhas, não é mesmo?

Contudo, na sequência de retângulos que acabamos de mostrar, podemos perceber certa caraterística. Será que você

consegue identificá-la? Para visualizarmos melhor essa sucessão, vamos fazer a primeira atividade?

Matemática 349
Pudemos notar nesta sequência que há uma sucessão numérica que respeita uma regra, que podemos chamar de “lei de

formação”. Conhecendo esta regra, somos capazes de escrever todos os elementos desta sequência. Certamente, vocês devem estar

se perguntando: “Todos? E se a sequência for infinita? Como podemos escrever infinitos números? Não íamos terminar nunca!”.

Tenham calma! Tem um jeito! Vamos utilizar para isso uma ferramenta algébri-

ca que conhecemos: as variáveis.

Matemática

3
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Questão 1 (PUC-SP/2003)

Os termos da seqüência (10; 8; 11; 9; 12; 10; 13; …) obedecem a uma lei de formação. Se an, em que n pertence

a N*, é o termo de ordem n dessa seqüência, então a30 + a55 é igual a: a) 58

b) 59

Matemática 351
c) 60

d) 61

e) 62

A soma dos elementos da sequência numérica infinita (3; 0,9; 0,09; 0,009; …) é: a)

3,1

b) 3,9

c) 3,99

d) 3,999

Matemática
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e) 4

Exercício 1
Dois ciclistas estão em fases distintas de preparação. O técnico desses atletas elabora um planejamento de

treinamento para ambos, estabelecendo o seguinte esquema:

Ciclista 1: iniciar o treinamento com 4 km de percurso e aumentar, a cada dia, 3 km a mais para serem

percorridos; Ciclista 2: iniciar o treinamento com 25 km de percurso e aumentar, a cada dia, 2 km a mais para

serem percorridos.

Eles iniciam os treinamentos no mesmo dia e continuam até que os atletas percorrem a mesma distância em

um mesmo dia.

Quantos quilômetros o ciclista 1 percorre?

(a) 781 (b) 714 (c) 848 (d) 915

Exercício 2
Considere uma colônia de coelhos que se inicia com um único casal de coelhos adultos e denote por an o nú- mero

de casais adultos desta colônia ao final de n meses. Considere: a1 = 1; a2 = 1 e, para n ≥ 2; an+1 = an + an–1:

Matemática 353

3
Qual o número de casais de coelhos ao final do 5o mês?

(a) 13 (b) 8 (c) 6 (d) 5

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Matemática Financeira

Revendo porcentagens
Em diferentes momentos da nossa vida aparecem notícias e informações com

dados em forma de porcentagem, por exemplo:

 O governo propôs um reajuste no salário dos servidores técnico-adminis-


trativos das Universidades Federais de 15,8%, em 3 anos, a partir de 2013.

 O preço do frango sofreu um aumento de 18% no último mês.

 A Bolsa de Valores subiu hoje 0,5%.

Fonte: http://www.sxc.hu/photo/983490

Essas situações envolvem uma razão especial chamada Porcentagem, tema que já foi estudado, mas que ire- mos

rever nesta aula por ser muito importante para o estudo da Matemática Financeira e também para outros temas da

Matemática.

Você certamente já deve ter ouvido falar dos outros nomes usados para uma

Porcentagem, tais como: razão porcentual, índice ou taxa porcentual e percentil.

Matemática 355
O símbolo % que aparece depois dos números deve ser lido por cento e representa uma fração de deno-

minador 100.

50 19 37
Exemplos: 50% = 19% = 37% =
100 100 100
Sendo uma fração centesimal, uma porcentagem também pode ser escrita como número decimal. Assim:

25 7 15,8
25% = = 0,25 7% = = 0,07 15,8% = = 0,158 100 100 100

Também podemos escrever algumas frações não centesimais como porcentagem. Para isso, determinamos a

fração equivalente de denominador 100. Veja:

Matemática 35
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3 = 3 25 = 75 = 75 % 4 4
25 100

2 = 2 20 = 40 = 40 %
5 5 20 100

Porcentagem de um número
Podemos calcular porcentagem de um número de várias maneiras: uma delas é escrever a porcentagem na forma

de número decimal e multiplicá-lo pelo número. Também podemos calcular porcentagem de um número tra- balhando

com fração ou usando a calculadora. Veja o exemplo:

Na eleição para prefeito de uma cidade com 425.212 eleitores, 25% votaram no candidato vencedor. Quantos

votos ele recebeu?


25
25% = = 0,25
100

25% de 425 212 = 0,25 de 425 212 = 0,25 × 425 212 = 106 303

Logo, o candidato vencedor recebeu 106.303 votos.

Fundação Roberto Marinho – Multicurso − Ensino médio-volume 2

Matemática 357
Usando a calculadora, é mais prático trabalhar com o número decimal, ou também podemos usar a tecla com o

símbolo de % que quase todas as calculadoras possuem. Podemos fazer o mesmo cálculo anterior digitando as seguintes

teclas e encontraremos o resultado 106.303. Experimente fazer

Matemática 35
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Calculando mentalmente algumas porcentagens:


É muito útil sabermos calcular algumas porcentagens mentalmente (de cabeça), pois isso nos traz

agilidade na hora de fazermos alguma compra ou calcularmos descontos ou multas.

Fonte: http://www.sxc.hu/photo/987763

1º) 50% de um número é a metade do número, pois

50
50% = e simplificando essa fração temos
100

50 1
= . Logo, para calcular 50% de 96, por exemplo, basta dividi-lo por 2.
100 2

50% de 96 = 96 ÷ 2 = 48.

10 1

2º) 10% de um número é a décima parte do número, pois 10% = = . Logo, para calcular 10% de 360, por

Matemática 359
100 10
exemplo, basta dividi-
lo por 10.

10% de 360 = 360 ÷ 10 = 36


25 e simplificando essa fração temos 3º) 25% de
um número é a quarta parte do número, pois 25% =
100
25 1
= . Logo, para calcular 25% de 328, por exemplo, basta dividi-lo por 4.
100 4
25% de 328 = 328 ÷ 4 = 82

4º) 1% de um número é a centésima parte do número. Logo, para calcular 1% de 965, por exemplo, basta dividi-
lo

por 100.

1% de 965 = 965 ÷ 100 = 9,65

Utilizando-se esses resultados, podemos fazer outros cálculos mentalmente, tais como: 5%, que é a metade de

10%; 20%, que é o dobro de 10%; e outros.

Calculando a taxa de porcentagem


Em muitas situações necessitamos descobrir qual é a taxa de porcentagem que está sendo usada para calcular

multas ou desconto. Assim poderemos fazer comparações entre taxas que nos são oferecidas como desconto ou como

encargos e, se for possível, fazer as escolhas mais favoráveis ao nosso orçamento.

Isso pode ser resolvido por meio de uma equação algébrica do 1º grau onde a taxa de porcentagem, que cha-

maremos de p, é a incógnita da equação.

Matemática 35
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Exemplo:

Luana não pagou a fatura de seu cartão de crédito no valor de R$

857,00 no dia do vencimento. No mês seguinte recebeu a cobrança de R$ 111,41

referente à multa pelo atraso. Que porcentagem do valor da fatura a multa

representa?

Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1316485
Escrevendo a equação para calcular a taxa de porcentagem(p), temos:

111,41 = p de 857,00

111,41 = p × 857, 00, sendo p a taxa de porcentagem.

Logo p = 111,41 ÷ 857,00 e p = 0,13.


13
Logo, como 0,13 = , a taxa de porcentagem da multa foi de 13%.
100

Calculando o número, conhecendo a porcentagem


No próximo exemplo, vamos apresentar uma situação em que são conhecidas a porcentagem e a respectiva taxa, e

precisamos calcular o número sobre o qual foi calculada essa porcentagem. Isso também será resolvido por

meio de uma equação do 1º grau.

Exemplo: Uma casa ocupa uma área de 121m2 que representa 55% da área total do terreno. Qual é a área do

terreno?

Matemática 361
36

Porcentagem de porcentagem
Em algumas situações, é necessário calcular a porcentagem de um número que já está relacionado à outra

porcentagem.

No exemplo a seguir será mostrado que, para se fazer esse cálculo, as duas taxas serão multiplicadas entre si.

Exemplo:

Mauricio gastou 20% de sua mesada de R$ 250,00 comprando material escolar, sendo que 12% desse gasto

foram para comprar uma caneta.

Qual o porcentual da mesada que corresponde ao preço da caneta?

O preço da caneta corresponde a 12 % de 20% de 250,00, ou seja,

0,12 × 0,20 de 250 = 0,024 × 250 = 6.

O preço da caneta corresponde a 2,4% da mesada de Mauricio e seu custo é igual a R$ 6,00.

Matemática
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Exercício 1
Em uma loja de roupas, os preços foram remarcados com um aumento de 40%. O gerente percebeu a queda nas vendas

após a remarcação e decidiu anunciar um desconto de 20% em todas as peças, o que aumentou as vendas. O que os clientes não

sabem é que o preço de qualquer peça, após o desconto, ainda é maior do que o preço original antes do aumento. Em quantos

por cento foi reajustado o preço das roupas?

(a)12% (b) 15% (c) 20% (d) 60%

Exercício 2
Um lojista deu dois descontos sucessivos no preço dos eletrodomésticos do mostruário de sua loja. O primeiro de 15% e o

segundo de 10% sobre todas as mercadorias. Após os descontos, João decidiu comprar um computador

para a sua famíılia e pagou R$1071,00 à vista. Qual era o preço do computador antes dos descontos?

(a) R$1096,00 (b) R$1338,75 (c) R$1260,00 (d) R$1400,00

Matemática 363
36

Exercício 3
No final do ano de 2012 o Brasil contava com aproximadamente 6,9 milhões de desempregados, que corres- ponde a uma

taxa de aproximadamente 6% sobre a população brasileira economicamente ativa (pessoas que podem trabalhar). Quantos

trabalhadores temos no país?

(a) 64.860.000 (b) 73.140.000 (c) 115.000.000 (d) 414.000.000

Matemática
Matemática Financeira II

Capital, juros e montante


Se uma pessoa pedir um empréstimo por determinado tempo, ela devolverá, no final do período, essa quantia, chamada de

Capital, acrescida de um valor previamente combinado. Este valor chamado de juros é estabelecido por uma porcentagem, a taxa

de juros.

O capital inicial, acrescido dos juros, é chamado de Montante.

Capital

Capital é a quantia emprestada ou investida sobre a qual serão calculados os juros.

Taxa de juros

Taxa de juros é o porcentual de juros cobrado em um empréstimo ou em um investimento. Ela pode ser cobrada ao dia, ao mês,
ao ano etc.

Montante

Montante é a soma do Capital com os juros.

Matemática 360
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No exemplo a seguir vamos mostrar como se calculam juros, destacando depois os dados importantes da

situação e suas nomenclaturas.

Exemplo 1

Janaína pediu emprestada a um amigo a quantia de R$ 950,00. Eles combinaram que ela devolveria o dinheiro

com uma taxa de juros de 2% ao mês.

No final do 1º mês, Janaína teria que devolver:


950,00 + 2% de 950,00

950 + 0,02× 950 = 950 + 19 = 969


No final do 1º mês, Janaína teria que devolver a quantia de R$ 969,00.

Então, neste problema podemos destacar:

Capital (C): R$ 950,00

Tempo(t): 1 mês

Juros Simples
No cálculo dos juros podemos observar que há uma regularidade envolvendo o capital, o tempo e a taxa de

juros. Veja o exemplo:

Léo emprestou R$ 500 a uma amiga à taxa de juros de 3% ao mês. Quanto ele pagará de juros ao final de 4

meses?

Juros de 1 mês : 500 x 0,03 x 1 = 15 x 1 = 15

Juros de 2 meses: 500 x 0,03 x 2 = 15 x 2 = 30

Juros de 3 meses: 500 x 0,03 x 3 = 15 x 3 = 45

Juros de 4 meses: 500 x 0,03 x 4 = 15 x 4 = 60

Juros de t meses: 500x 0,03 x t = 15 x t

Podemos, então, generalizar escrevendo a fórmula para o cálculo dos juros:

j=cxixt ou j = c.i.t

Matemática 361
sendo:

 j: total de juros;

 c: capital;

 i: taxa de juros;

 t: tempo de empréstimo.

Observe que a taxa de juros e o tempo devem estar na mesma unidade (meses, anos, etc.)

Neste exemplo, os juros não são acrescentados ao capital ao final de cada mês, por isso o capital permanece o

mesmo a cada mês. Portanto, os juros pagos a cada mês são todos iguais, calculados sobre o mesmo valor inicial.

Dizemos, nesse caso, que se trata de Juros simples.

É interessante notar que os juros dependem do tempo a que se referem.

Se o tempo aumenta, os juros também aumentam na mesma proporção. No caso de o tempo diminuir, os juros

também diminuirão na mesma proporção. Portanto, juros e tempo são grandezas diretamente proporcionais.

Outro exemplo:

Cléber guardou R$ 16.000,00 por 3 anos e 2 meses, recebendo juros simples à taxa de 9% ao ano (a.a.). Verifique

se o montante que Cléber acumulou nesse período permite que ele compre um carro de R$ 20.000,00.

Como, nesse caso, a taxa de juros se refere ao período de 1 ano e o tempo é dado em anos e meses, devemos

fazer algumas transformações.


1
3 anos e 2 meses = 3 do ano = 38 meses.
2
9
9% ao ano = % ao mês = 0,75% ao mês = 0,0075 ao mês. 12

Matemática 362
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O montante M pode ser calculado somando-se ao capital aplicado c os juros j obtidos na aplicação dados pela

Marcos pegou emprestado a quantia de R$ 15.000,00 durante 6 meses, c om juros

simples, e pagou no final desse período R$ 18.600,00. Qual foi a taxa de juros cobrada?

fórmula j=c.i.t. Assim, teremos que M = c + c.i.t, expressão que pode ser escrita na forma M = c(1+it). Substituindo-se as

informações do enunciado nessa fórmula, temos:

M = 16 000(1 + 0,0075 . 38) = 16 000( 1 + 0,285) = 16 000 . 1,285

M = 20 560

Cléber poderá comprar o carro com esse dinheiro e ainda sobrarão R$ 560,00.
Entendeu o raciocínio? Então faça as atividades a seguir para verificar seu aprendizado.

Se eu aplicar o meu capital a juros simples de 6% ao ano durante 5 meses, obterei um

montante de R$ 7.687,50. Qual é o meu ca pital?

Matemática 363
Uma pessoa pegou emprestada a juros simples a quantia de R$ 3.500,00 e devolveu
o montante de R$ 4025,00, sendo a taxa de juros igual a 1,5% ao mês.

Juros Compostos
Diferentes dos juros simples, os juros compostos são determinados sempre em função do montante acumula-

do no período anterior, e não com base no capital inicial. Veja a situação a seguir:
João pediu um empréstimo de R$ 5000,00 no banco pelo prazo de 3 meses, com taxa de 4% ao mês. Sabendo

que os juros são compostos, qual será o valor dos juros a pagar após esse período?

Vamos fazer uma tabela, calculando os juros a cada mês.

Capital Tempo Juros acumulados


Juros pagos a cada
mês

5000 1 4% de 5000 = 200 200

Matemática 364
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5200 2 4% de 5200 = 208 408

5408 3 4% de 5408 = 216,32 624,32

Neste caso, os juros calculados a cada mês são somados ao capital que vai ser usado para calcular os juros no

mês seguinte.

João pagará de juros, no final dos 3 meses, a quantia de R$ 624,32.

Fórmula para o cálculo de juros compostos


Você viu que, para calcular o Montante em um sistema de juros compostos, calculamos os juros no final de cada período,

somamos esse valor ao capital e formamos um montante sobre o qual calculamos os juros do período seguinte.

Isto é o que chamamos de “juros sobre juros”.

Este processo só é prático se o prazo não for longo. No caso de um prazo maior, devemos usar um processo mais

prático para resolver este tipo de problema.

Vamos calcular, no sistema de juros compostos, qual será o montante(M) produzido por um capital (C) aplicado

a uma taxa mensal (i) durante 4 meses.

Matemática 365
Capital Juros Montante no fim de cada
período
1º mês C iC M1 = C + iC = C (1 + i)

M2 = M1+ iM1 = M1(1 + i) =


2º mês M1 iM1
= C (1 + i)(1 + i)

M2 = C(1 + i)2
M3 = M2 + iM2 = M2 (1 + i)=
3º mês M2 iM2
=C(1 + i)2(1 + i)

M3= C(1 + i)3

M4 = M3 + iM3 =M3 (1+i) =


M3
4º mês iM3
=C(1 + i)3(1 +i)

M4 = C(1 +i)4

Generalizando, podemos escrever a fórmula para o cálculo do Montante ao final de um tempo t a juros

compostos.

M = C(1 +i)t

Podemos observar que os valores de C, M1, M2, M3,... são termos de uma Progressão Geométrica cuja razão é
(1 + i).

Dica: Para resolver essas atividades, é mais prático usar uma calculadora.

Nas próximas atividades você irá aplicar a fórmula de cálculo de juros compostos.

Matemática 366
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O capital de R$ 1.000,00 aplicado a juros compostos rendeu R$ 82,50 após 4 meses.

Qual foi a taxa de juros mensal?

Comprado a prazo com taxa de 3%a.m, um computador custa R$ 4300,00, sendo R$1800,00 juros. Qual o nú-

mero de prestações a serem pagas pelo computador?

Matemática 367
(a) 12 (b) 18 (c) 24 (d)30

A taxa de uma aplicação é de 150% ao ano. Através de capitalização simples pretende-se dobrar o capital apli-

cado. Quantos meses serão necessários para atingir esse objetivo?

(a) 6 (b) 7 (c) 8 (d) 9

Matemática 368
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Exercício 3
Um taxista contraiu empréstimo de R$7.000,00 com taxa de juros simples de 2,64% a.m, para pagarem 220

dias. O montante, em reais, pago em juros por este empréstimo é de?

(a) 1355,20 (b) 1535,20 (c) 1335,20 (d) 1555,20

Exercício 4
Uma jóia custa R$ 7.700,00 à vista e R$ 9.825,20 à prazo, com taxa de juros de 4,6% a.m. Qual o período da compra
a prazo?
(a) 4meses (b) 5meses (c) 6meses (d) 8meses

Sistemas Lineares

Problemas envolvendo equação linear


Diversos problemas da vida cotidiana podem ser traduzidos para a linguagem algébrica na forma do que cha- mamos

de equação linear. Vejamos alguns exemplos:

Exemplo: Miguel foi sacar R$ 70,00 em um caixa eletrônico que tinha apenas notas de R$ 10,00 e de R$ 20,00.

Quantas notas de cada ele pode ter recebido do caixa eletrônico?

Vamos resolver este problema?

Primeiramente observamos que, como o problema trabalha com a quantidade de notas concluímos que esta-

mos lidando com números naturais (1, 2, 3,...), afinal, não faz sentido falar em “um terço de nota” ou “raiz quadrada de três notas”,

certo?

Bem, para facilitar nossa vida, utilizamos letras para representar os números que procuramos, traduzindo o problema inicial

para uma linguagem algébrica... Calma, não é algo difícil! Veja só! O que estamos interessados em descobrir? Isso mesmo! A

quantidade de notas de 10 reais e de 20 reais que Miguel pode ter recebido. Essas serão as nossas variáveis (letras)...

Podemos utilizar duas letras quaisquer para representar essas quantidades. Vamos escolher, então, x para re- presentar o

número de notas de R$ 10,00 e y para o número de notas de R$ 20,00. Traduzindo o nosso problema, encontraremos a nossa

Matemática 369
equação linear 10 . x + 20 . y = 70, ou podemos apenas escrever 10x + 20y = 70, afinal, já aprendemos que quando vemos um

número e uma letra juntas a operação que estamos utilizando é a multiplicação.

E por que escrevemos 10x e 20y? Como x representa a quantidade de notas de 10 reais que o caixa eletrônico

liberou, 10x representa a quantia em reais com notas de 10 reais, ou seja, se o caixa eletrônico liberar três notas de 10 reais e duas

notas de 20 reais, por exemplo, isso quer dizer que Miguel recebeu 10.3 = 30 reais em notas de dez reais e 20.2 = 40 reais em notas

de 20 reais, totalizando 30 + 40 = 70 reais, que fora o valor solicitado por Miguel. Mas observe que esta não é a única possibilidade!

Vamos construir uma tabela com todas as possibilidades? Sim!!!

Uma das maneiras de encontrarmos todas as soluções de uma equação desse tipo é atribuirmos valores a uma de nossas

incógnitas para encontrarmos o valor da outra, encontrando assim o que chamamos de solução da equação.

Observe que já conhecemos uma solução, x = 3 e y = 2, que representaremos pelo par ordenado (3,2), pois quando

substituímos esses valores na equação 10x + 20y = 70 encontramos uma sentença verdadeira. Encontremos as outras

possíveis soluções:

Matemática 370
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70
Para x = 0, temos: 10x + 20y = 70 → 10.0 + 20y = 70 → 0 + 20y = 70 → y = = 3,5 --- o que é impossível, pois 20

não podemos ter esta quantidade de notas (três notas e meia???).

Para x = 1, temos que 10.1 + 20y = 70. Resolvendo essa equação, temos: 10 + 20y = 70 → 20y = 70-10 → 20y = 60
60 → y =
= 3. Portanto, (1,3) é solução da equação linear. 20

50
Para x = 2, temos: 10.2 + 20y = 70 → 20 + 20y = 70 → 20y = 70-20 → 20y = 50 → y = = 2,5 --- impossível 20

novamente!
40
Para x = 3, temos: 10.3 + 20y = 70 → 30 + 20y = 70 → 20y = 70-30 → 20y = 40 → y = = 2. Portanto, (3,2) é 20

solução da equação linear conforme já havíamos visto!


30
Para x = 4, temos: 10.4 + 20y = 70 → 40 + 20y = 70 → 20y = 70-40 → 20y = 30 → y = = 1,5 --- impossível 20

novamente.
20
Para x = 5, temos: 10.5 + 20y = 70 → 50 + 20y = 70 → 20y = 70-50 → 20y = 20 → y = = 1. Portanto, (5,1) é 20

solução da equação linear.


60 + 20y = 70 → 20y = 70-60 → 20y = 10 → y = 10 = 0,5 ---impossível Para x = 6, temos:
10.6 + 20y = 70 →
20

novamente.
0
Para x = 7, temos: 10.7 + 20y = 70 → 70 + 20y = 70 → 20y = 70-70 → 20y = 0 → y = = 0. Portanto, (7,0) é 20

solução da equação linear.

O que aconteceria se pensássemos em x = 8? Faça as contas e conclua porque nós paramos no x = 7 ...

Podemos, então, construir a tabela das possibilidades que atendem às condições do problema:

x y
(nº de notas de R$ 10,00) (nº de notas de R$ 20,00)

1 3

Matemática 371
3 2

5 1

7 0

Matemática 372
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Assim, os pares ordenados (1,3), (3,2), (5,1) e (7,0) são as soluções do problema.

Esta equação que encontramos, 10x + 20y = 70, que representa nosso problema, é chamada de equação linear, pois todas as

variáveis (x e y neste caso) têm o expoente igual a 1. Por exemplo, a equação x 2 + 4y + z = 0 não é uma equação linear, pois o

expoente da variável x não é igual a 1.

Matemática 373
Matemática 374
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Além disso, não chamamos de lineares as equações com termo misto (que contém produto de duas ou mais

variáveis). Por exemplo, as equações xy + 3 = 0 e a + b + cd = 23 não são equações lineares, pois possuem termo misto.

Aprendendo um pouco de Sistemas lineares 2 x 2


O objetivo desta seção é aprender a reconhecer um sistema linear e resolvê-lo, sempre traduzindo um problema

para a linguagem algébrica.

Sistemas lineares 2x2 – aprendendo a resolver...


Voltemos ao problema 1, do início de nossa aula – O problema da população: a população de uma cidade A é quatro vezes

maior que a população da cidade B. Somando a população das duas cidades, temos o total de 250.000

habitantes. Qual a população da cidade B?

Vamos resolver este problema!? Bem, observemos que temos duas equações lineares neste problema e o con-

Matemática 375
junto dessas duas equações será o que chamamos de sistema linear 2x2.
Inicialmente o problema diz que: “A população de uma cidade A é quatro vezes maior que a população da cidade B”;

chamando de x a população da cidade A e de y a população da cidade B, podemos escrever da afirmação entre

aspas: x = 4y.

Temos outra afirmação no problema de onde podemos escrever outra equação linear: “Somando a população

das duas cidades, temos o total de 250.000 habitantes”. Desta afirmação podemos escrever que x + y = 250.000.

Podemos então escrever uma equação em baixo da outra utilizando o símbolo chaves da seguinte maneira:

x=4y

x+y = 250000

Esta forma de representar é o que chamamos de sistema de equações (no caso, equações lineares). O que seria

resolver esse sistema linear? Seria encontrar valor de x e de y que satisfaça tanto a equação x = 4y quanto a equação x + y =

250.000. Observe que podemos encontrar solução para uma equação que não satisfaça a outra. Por exemplo, (4,1) é solução da

equação x = 4y, visto que 4 = 4.1, mas (4,1) não satisfaz a equação x + y = 250.000, pois 4 + 1 é dife- rente

de 250.000. Portanto, (4,1) não é solução do sistema.

Bem, como encontrar, então, a solução deste sistema? Existem alguns métodos para resolver um sistema linear 2x2. Vamos

utilizar o método da substituição para resolver este nosso problema. Outros métodos serão apresentados em

um Box Saiba Mais posteriormente.

No que consiste o método da substituição? Consiste em isolar uma das variáveis e então substituir seu valor

respectivo na outra equação.


x=4y

No caso do nosso sistema x + y = 250000 a variável x da equação de cima já está isolada em função do y.

Então, no lugar do x da equação de baixo, basta colocar 4y no lugar do x. Entendeu? Vamos lá então...

Temos a equação x + y = 250.000, substituindo encontraremos:

4y + y = 250.000. Agora basta resolvermos a equação do primeiro grau e encontrar o valor de y...

250000

5y = 250.000 y= = 50.000 habitantes. Como queríamos descobrir a população da cidade B, o
5
problema foi resolvido, visto que encontramos y = 50.000, que é a população da cidade B. Mas e se quiséssemos en- contrar a

população da cidade A? Bastaria voltarmos a qualquer uma das equações e substituir y por 50.000. Voltando à equação x = 4y,

teríamos: x = 4 . 50.000 = 200.000 habitantes. Vamos representar esta solução pelo par ordenado (200000, 50000).

Matemática 376
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Simples, não é mesmo?

Um sistema linear 2 x 2, é um conjunto de duas equações lineares com duas variáveis.

 Resolvendo um sistema 2x2 pelo método da adição:

Explicaremos agora como resolver um sistema pelo método da adição. Para tal, utilizaremos o mesmo sis- tema que
resolvemos pelo método da substituição, verificando assim a mesma solução. O sistema que resolveremos então é este
aqui:

x=4y

x + y = 250000

Pelo método da adição: o método da adição consiste em somar as equações de forma que uma das variá- veis
desapareça, resultando, assim, numa equação com uma única variável, que será facilmente solucioná- vel. Lembrando
que podemos multiplicar uma equação por qualquer número real e ela será uma equação equivalente (possuirá as
mesmas soluções), resolvemos facilmente o sistema.

Organizando melhor nosso sistema, “passando o y para o primeiro membro” (somando -4y a ambos os membros) na
equação x = 4y, teremos o seguinte sistema:

x−4y=0

x + y = 250000

Vamos agora multiplicar a primeira equação (a equação de cima) por (-1). Mas por que professor? Porque assim, como
temos x na segunda equação (a equação de baixo), quando somarmos (-x) com x, irá desapa- recer o x e encontraremos
uma equação apenas com a incógnita y, ficando assim simples de encontrar o valor de y...
Observe:

x − 4 y = 0 .(−1)

x + y = 250000

Ficamos com:
−x+4y=0

x + y = 250000

Matemática 377
Somando as duas equações do último sistema, encontramos a equação:

-x + x + 4y + y = 250.000 → 5y = 250.000 → y = 50.000 habitantes. Substituindo o valor de y em qualquer uma das


duas equações, encontraremos o valor de x. Por exemplo, substituindo na segunda equação, tere- mos: x + 50.000 =
250.000 → x = 250.000-50.000 = 200.000 habitantes, que é a mesma solução que encon- tramos anteriormente.
Simples, não é?
 Resolvendo um sistema 2x2 pelo método da comparação:

Explicaremos agora como resolver um sistema pelo método da comparação. Para tal, utilizaremos o mes- mo sistema
(novamente) que resolvemos pelo método da substituição e da adição, verificando assim que possuirá a mesma
solução. O sistema que resolveremos é este aqui:

x=4y

x+y = 250000

Para resolver um sistema pelo método da comparação, devemos isolar a mesma variável nas duas equações (qualquer
uma das duas) no primeiro membro e então igualar o segundo membro das equações, desta maneira encontrando o
valor de uma das variáveis. Vejamos como fica:

Observe que na primeira equação (x = 4y) o x já está isolado. Isolando o x na segunda equação, encontra- mos x = 250.000-
y, ficando com o seguinte sistema em que ambas as equações expressão o valor de x:

x=4y

x = 250000 − y

Daí, podemos escrever a seguinte equação comparando essas duas: 4y = 250.000-y, que resolvendo temos:

4y + y = 250.000 → 5y = 250.000 → y = 50.000. Substituindo em qualquer uma das duas equações, en- contramos o
valor de x. Por exemplo, utilizando a segunda equação, temos: x = 250.000-50.000 = 200.000 habitantes. Simples,
não?

Matemática 378
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Um casal pagou R$ 5,40 por 2 latas de refrigerante e uma porção de batatas fritas, enquanto um segundo pa- gou R$

9,60 por 3 latas de refrigerante e 2 porções de batatas fritas. Qual a diferença entre o preço de uma porção de

batatas fritas e o preço de uma lata de refrigerante?

(a) R$ 2,00 (b) R$ 1,80 (c) R$ 1,75 (d) R$ 1,50

A empresa Brinque Muito fez uma doação de brinquedos para um orfanato. Essa doação compreendeu: 535, entre

bolas e bonecas; 370, entre bonecas e carrinhos e 455, entre bolas e carrinhos. Qual o número de carrinhos doados pela

empresa?

(a) 135 (b) 145 (c) 155 (d) 170

Exercício 3
Em uma sala, havia certo número de jovens. Quando Paulo chegou, o número de rapazes presentes na sala ficou o

triplo do número de garotas. Se Alice tivesse entrado na sala o número de garotas ficaria a metade do número de rapazes.

Qual o número de jovens que estavam inicialmente na sala?

(a) 11 (b) 9 (c) 8 (d) 6

Análise Combinatória 1
Matemática 379
Fatorial de um número
Como você poderá observar, a multiplicação é uma operação bastante utilizada nos cálculos referentes a aná-

lise combinatória.

No decorrer deste assunto, iremos encontrar diversas atividades onde a multiplicação de um número pelos seus

antecessores se faz necessário. Para facilitar este tipo de operação, foi criada uma ferramenta de cálculo chama- da

FATORIAL. O fatorial de um número será de grande utilidade para o desenvolvimento das técnicas de contagem.
Então, a dúvida continua. O que é o fatorial?
Observe de forma prática abaixo.

Vamos considerar o conjunto dos números naturais, sem o zero, e tomar o número 5 como exemplo. Se efetu-

armos o produto entre ele e seus antecessores vamos obter: 5 x 4 x 3 x 2 x 1 = 120.

Podemos representar esta multiplicação como sendo 5!, ou seja, cinco fatorial.Toda vez que colocarmos um ponto de

exclamação após o número, estamos requerendo o fatorial desse número, isto é, o produto entre esse nú- mero e todos os números

naturais que o antecedem, até chegar ao número 1. Vamos fazer o mesmo cálculo com o número 7, teremos

7 x 6 x 5 x 4 x 3 x 2 x 1 = 5040, logo 7! = 5040.

Generalizando, podemos escrever o fatorial de um número n qualquer como n!, onde,

n! = n x (n-1) x (n-2) x ...x 2 x 1

7 6 5 4 3 21
Vejamos um exemplo, no qual queremos escrever a seguinte expressão numérica de forma
(5 4 3 2 1) (2 1)
simplificada. Note que a expressão possui muitos números, e todos eles são sequenciais. Em problemas de análise combinatória é
muito comum encontrarmos situações desse tipo. Nesse caso, é possível usarmos uma notação com-
7! pacta com a
ajuda do fatorial. Essa expressão acima, por exemplo, pode ser representada da seguinte maneira:

5! 2!

1! 1 3 3 2 2

1 1

Matemática 380
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mas o que significa isto? Bem, como vimos, toda vez que colocamos um número seguido de um ponto de exclamação (lemos: fatorial deste
número) isto significa que estamos multiplicando este número pelos seus antecessores até che- gar ao número 1. Por exemplo, 4!
(lemos: quatro fatorial) é igual a 24, pois 4! = 4·3·2·1 = 24 e assim temos, 3! = 3·2·1 = 6, 2! = 2·1 = 2.

O valor de 15! é muito alto e o de 13! também, então precisamos fazer simplificação, para isto devemos perceber que

o fatorial de um número é igual a este número multiplicado pelo fatorial do seu antecessor. Vejamos alguns exemplos:

5! = 5.4.3.2.1 = 5·(4·3·2·1) = 5·4!

4! = 4.3.2.1 = 4·(3·2·1) = 4·3!

3! = 3·(2·1) = 3·2!

E de maneira geral,

n! = n· (n – 1)! , para qualquer número natural n maior que 0.

Podemos usar este recurso quantas vezes forem necessárias, por exemplo, temos que 5! = 5·4!, mas como

4! = 4·3! então 5! = 5·4·3!, ou ainda podemos dizer que 5! = 5·4·3·2!


15!
Vamos calcular então , para isto usaremos que 15! = 15·14·13! e substituindo na expressão anterior
15 14 13!
15! , simplificando, o 13! do numerador com o do denominador chegamos a conclusão que13!

temos =

15! 13! 13!


=

15 14 = 210 . Vamos resolver mais alguns exercícios.


13!

Exemplo1: Calcule:
8! 9!

a) 7! b) 6! c) d)

Matemática 381
4! 6! 3!
Solução:

a. 7! = 7·6·5·4·3·2·1 = 5040

b. 6! = 6·5·4·3·2·1 = 720

Poderíamos ter resolvido o item b primeiro e depois no item a fazer o seguinte 7! = 7· 6! = 7 · 720 = 5040

Matemática 382
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8!
c. Primeiro, devemos chamar a atenção que 8! Dividido por 4! Não é igual a 2!, ou seja, 2! Para resol- vermos,
4 !
façamos o seguinte:
8! 8 7 6 5 4! 8! 8 7 6
5 4!
= , simplificando o 4! do numerador com o 4! do denominador, temos que = =
4! 4! 4! 4!

8 7 6 5 = 1680

d. 9! = 9 8 7 6! = 9 8 7 = 9 8 7 , neste ponto é importante lembrarmo-nos das simplificações,

6! 3! 6! 3! 3! 3 21

podemos simplificar o 9 do numerador com o 3 do denominador e o 8 do numerador com o 2 do

8 7 6! 9 87 9 87
= = = 3 4 7 = 84 .
denominador, chegando ao seguinte resultado 9! = 9
6! 3! 6! 3! 3! 3 21
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Princípio Fundamental da Contagem


A análise combinatória nos permite calcular o número de possibilidades de realização de determinadas tare-

Matemática 378
fas. Como por exemplo a questão proposta na introdução. Já sabe a resposta?

Note que ao escolhermos o sanduiche podemos escolher qualquer acompanhamento. Vamos chamar os san- duiches

de S1, S2, S3 e S4. Chamaremos os Acompanhamentos de A1, A2 e A3. Quanto às bebidas, vamos nomea-las por B1,B2 e B3.

Olhe como podemos escolher os lanches, considerando inicialmente o sanduíche S1: B1

A1 B2 B3

B1

S1 A2 B2
B3

1 – S1, A1, B1 2 – S1, A1, B2 3 – S1, A1, B3 4 – S1, A2, B1

5 – S1, A2, B2 6 – S1, A2, B3 7 – S1, A3, B1 8 – s1, a3, b2

9 – s1, a3, b3 10 – S1, A1, B1 11 – S1, A1, B2 12 – S1, A1, B3

13 – S1, A2, B1 14 – S1, A2, B2 15 – S1, A2, B3 16 – S1, A3, B1

17 – s1, a3, b2 18 – s1, a3, b3 19 – S1, A1, B1 20 – S1, A1, B2


21 – S1, A1, B3 22 – S1, A2, B1 23 – S1, A2, B2 24 – S1, A2, B3

25 – S1, A3, B1 26 – s1, a3, b2 27 – s1, a3, b3 28 – S1, A1, B1

30 – S1, A1, B3 31 – S1, A2, B1 32 – S1, A2, B2

34 – S1, A3, B1 35 – s1, a3, b2 36 – s1, a3, b3


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29 – S1, A1, B2 33 B1
A3
– S1, A2, B3

B2 B3

Matemática 379
Perceba que para cada um dos 3 acompanhamentos teremos 3 opções de bebidas, ou seja , escolhen-

do o acompanhamento e a bebida teremos 3 x 3 possibilidades, isto é, 9 ao todo para cada sanduiche. Todavia, são 4

tipos de sanduiche, assim podemos escrever que temos 4 x 9 = 36 possibilidades ao


todo.
Como o cálculo
é feito com
valores
considerados
pequenos,
podemos até
conferir todas
essas
possibilidades:

Exercício 1
Considere o produto dos números naturais ímpares, 19 • 17 • 15 • ... 3 • 1:

Como pode ser reescrito utilizando fatorial?

19! 19! 18 16
(d) 19! (n + 2)! 7
(a) 19! Para qual valor de n ela é verdadeira?
(b) (c)

20! ... 2 20
(a) 6 (b) 7 (c) 8 (d) 9
Exercício 2
(n + 1)!+ n! 1
Seja a equação =.

Exercício 3
Uma entidade decidiu padronizar a disposição de pais e filhos em suas fotos oficiais, assim, determinou que os

filhos devem ficar entre os pais e a esquerda da mãe.

Quantas são as possveis posições para a foto de uma família com três filhos?

Matemática 380
(a) 1 (b) 6 (c) 24 (d) 120
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Matemática 381
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Análise Combinatória 2

Arranjo e Combinação
Em nossa primeira aula de introdução da Análise Combinatória conhecemos o Princípio Fundamental da Con-

Como você sabe o Princípio Multiplicativo nos diz que sempre devemos multiplicar os números de possibili-

dades das tarefas a serem realizadas.

Nessa aula voltaremos a discutir sobre o princípio fundamental da contagem e a postura que devemos tomar

para resolver exercícios de análise combinatória. Temos sempre que nos colocar no lugar da pessoa que tem que tomar

as decisões em cada tarefa.

Vamos mostrar alguns exemplos de como podemos aplicar as técnicas de

contagem em exemplos práticos. Além de mostrar possíveis erros. É possível

percebemos nestes exemplos que a base para as técnicas utilizadas é o princípio

fundamental da contagem.

Exemplo 1: Os alunos de uma determinada turma da escola ABC precisam eleger

dois professores de sua turma, um para ser o repre- sentante da turma e o outro para

ser o suplente. Eles resolvem tomar esta decisão de forma aleatória. Quantas

possibilidades são possíveis para escolher estes dois professores, sabendo que esta turma possui

12 docentes?

Resolução:

Para resolvermos esta questão o primeiro passo é nos colocar-

mos na posição dos alunos que irão escolher estes professores. Os discentes terão duas tarefas a cumprir.

Matemática 3
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TAREFA 1: decidir qual professor será o representante: 12 possibilidades (pode escolher qualquer um dos 12

professores)

TAREFA 2: decidir qual professor será o suplente: 11 possibilidades (pode escolher qualquer um dos 11 restan-
tes, já que 1 professor já foi escolhido para representante) Temos então

TAREFA 1 TAREFA 2

12 11

Pelo Princípio Multiplicativo, temos: 12·11 = 132 possibilidades.

Logo são 132 possibilidades de escolhas de 1 representante e 1 suplente.

Observe que a posição ocupada pelo professor altera na resposta final, pois escolher os professores de Mate-

mática e de Física pode trazer duas respostas possíveis:

Representante: Matematica e Suplente: Física

Ou ainda

Representante: Física e Suplente: Matemática.

Nestes casos onde a ordem altera o resultado, chamaremos de Arranjos.

Note que temos 12 elementos tomados 2 a 2.

Isto nos dá

12 . 11, mas se generalizarmos o problema. Se forem 12 professores selecionados em grupos de k elementos?

Teremos:

12 . (12-1) . (12 – 2) ...... (12 – (k-1))

Produto de k fatores

Queremos dizer o seguinte, se forem 3 professores teremos 12 . 11 . 10

Se forem 4 professores teremos 12.11.10.9. preste atenção sempre no último termo do produto para você en-

tender a expressão acima.

E se generalizarmos mais ainda. Vamos fazer n professores separados em grupos de k professores. Teremos

Matemática 381
n(n- 1)(n - 2) ...(n- (k -1))(n - k)! Dividindo toda a expressão por (n-k)! temos um arranjo An,k

n(n - 1)(n - 2) ...(n - (k - 1))(n - k )! n!

A n,k = = , logo,

(n - k )! (n - k )!

A n,k = n!
(n − k )!
Exemplo 2: O professor Euler precisa escolher 2 alunos de sua turma para pegar os livros que estão na bibliote-

ca da escola. Sabendo que sua turma tem 15 alunos, de quantas maneiras Euler poderá fazer esta escolha?
Resolução:

Novamente temos que nos colocar na posição do professor que irá esco -

lher os alunos. Temos assim 2 tarefas a realizar.

TAREFA 1: escolher o primeiro aluno que vai à biblioteca pegar os livros: 15

possibilidades (pode escolher qualquer um dos alunos)

TAREFA 2: escolher o segundo aluno que vai à biblioteca pegar os livros: 14

possibilidades (pode escolher qualquer um dos 14 alunos que ainda não fo - ram

Pelo Princ ípio Multiplicativo temos 15·14 = 210 possibilidades.

No entanto esta resposta está errada! Você sabe responder por que? Onde está o erro?

Matemática 3
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escolhidos)

Uma dica: Em problemas de contagem este erro é comum, pois a forma como resolvemos acima foi bastante

intuitiva e não parece ter falha alguma.

O erro está em pensarmos que temos duas tarefas a realizar, pois quando pensamos desta forma estamos di-

zendo que tem uma ordem em que 1° tem que ser escolhido um aluno e depois tem que ser escolhido outro, quando

na verdade isto não ocorre.

Para listar algumas possibilidades de escolha denominando os alunos pela letra A seguida do seu número de

chamada, ou seja, A1, A2, A3,... até o A15:

1. A1 e A2

2. A1 e A3

3. A2 e A1

4. A3 e A1

Analisando a lista vemos que no primeiro caso escolhemos primeiro o aluno A1 e depois o aluno A2 e no ter-

ceiro caso escolhemos primeiro o aluno A2 e depois o aluno A1. Nesse caso, temos que a escolha 1) e a escolha 3) são

as mesmas, pois os mesmos alunos foram escolhidos (os alunos A1 e A2). Assim, resolvendo da forma que fizemos,

estamos contando cada possibilidade duas vezes. E este erro vem exatamente do fato de ter colocado uma ordem na

escolha dos alunos, o que neste caso não é necessário. A mesma análise poderia ser feita com as escolhas 2) e 4).

Então como devemos resolver este problema? Uma forma de resolvermos é imaginarmos como se tivéssemos

que escolher um e depois escolher outro como fizemos acima e depois “fazer um ajuste”. Assim, pelo resultado que

obtemos acima temos 210 possibilidades, no entanto, como já vimos acima, cada uma destas possibilidades foi con-

tada duas vezes, ou seja, este resultado é o dobro da quantidade que queremos, assim devemos dividir este resultado
210
por dois. Logo, temos = 105 , ou seja, a resposta final é que existem
105 possibilidades. 2
Entendeu? Vejamos mais um exemplo.

Exemplo 3: O professor Euler precisa escolher 3 alunos de sua

turma para pegar os livros que estão na biblioteca da escola. Sabendo

que sua turma tem 15 alunos, de quantas maneiras Euler poderá fazer esta escolha?

Matemática 383
Resolução:

Podemos resolver como fizemos no exemplo anterior. Supondo inicialmente que temos 3 tarefas e
que iremos escolher primeiro 1 aluno depois mais 1 aluno e por fim o último aluno. Temos assim, pelo
Princípio Multiplicativo 15·14·13 = 2730 possibilidades, mas sabemos que esta não é a resposta correta.
Vejamos al- guns casos:

1. A1, A2 e A3

2. A1, A3 e A2

3. A2, A1 e A3

4. A2, A3 e A1

5. A3, A2 e A1

6. A3, A1 e A2

Devemos notar que estes 6 casos na verdade se resumem a apenas uma possibilidade, que é a dos alunos A1,

A2 e A3, pois a ordem de escolha de cada um dos alunos não gera uma nova possibilidade.

O mesmo acontece se forem escolhidos os alunos A4, A5 e A6, por exemplo. Teremos 6 casos também:

1. A4, A5 e A6

2. A4, A6 e A5

3. A5, A4 e A6
4. A5, A6 e A4

5. A6, A5 e A4

6. A6, A4 e A5

Por que se repetem sempre de 6 em 6? Isto ocorre, pois estamos apenas mudando a ordem dos três alunos

escolhidos e isto como vimos na aula passada é um caso de permutação simples, como são três elementos então temos

P3 = 3! = 6.

2730
Portanto, devemos dividir o resultado anterior por 6, isto é, = 455 .Temos então 455 possibilidades de
6
escolha.

E se fossem 4 alunos, o que teríamos que fazer? Teríamos:

Matemática 3
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Podemos continuar aumentando, com 5 alunos, com 6 e assim por diante.

Observe que no caso da escolha dos professores, a ordem de escolha influencia na resposta, pois estamos

escolhendo com funções diferentes. Enquanto no caso da escolha dos alunos, independe de quem é o primeiro e quem

é o segundo.

Neste caso onde a posição dentro do agrupamento não importa, temos as combinações que representaremos

da seguinte forma:

Cn,k, isto é, combinação de n elementos tomados k a k.


Para determinarmos o número de combinações vamos lembrar que com k elementos distintos n1, n2, n3, nk

podemos obter k! permutações. Lembra?

Basta trocar de posição cada elemento.

Isto significa que partindo de uma combinação obteremos k! arranjos dos n elementos separados k a k.

Qual será então o número de combinações? Bem, basta dividir o número de arranjos por k!. Assim:

n! (n −
Cn,k = k )!k !

Matemática 385
Matemática 3
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opções de duplas nas barracas?


Exercício 1
Oito pessoas irão acampar e levarão quarto barracas. Em cada barraca dormirão duas pessoas. Quantas são as

(a) 2500 (b) 2020 (c) 2520 (d) 2320

Exercício 2
Em um refeitório há 8 tipos de doces e 7 tipos de salgados. Cada pessoa receberá um recipiente com 3 doces

e apenas 2 salgados.

De quantas formas o recipiente pode ser preenchido?

Matemática 387
(a) 1176 (b) 1067 (c) 1076 (d) 1167

Exercício 3
Um certo número de pessoas pode ser agrupado de duas em duas pessoas, resultando em 10 diferentes pos-

sibilidades de agrupamento.

Quantas pessoas fazem parte desse grupo?

(a) 4 (b) 5 (c) 6 (d) 7

Matemática 3
Probabilidade

Lançando moedas e dados.

Alguns problemas que são muito utilizados para cálculo de probabilidades são os problemas relacionados com lançamentos

de moedas e dados. Por exemplo: Ao lançar uma moeda honesta (aquela que possui apenas uma cara e uma coroa, onde cada uma

tem a mesma chance de ocorrer) e observar a face obtida, sabemos que pode ocor- rer:

{cara, coroa}.

A esse conjunto de todos os possíveis resultados de um experimento aleatório (experimento cujo resultado não pode ser

previsto com certeza) chamamos de espaço amostral e é indicado pela letra grega Ω (lê-se “ômega”). No caso do lançamento de

uma moeda, temos que Ω: {cara, coroa}.

Se o nosso experimento fosse o de lançar um dado com 6 faces e observar o número que aparece na face vol-

tada para cima, teríamos Ω={1,2,3,4,5,6}, certo? Sim!

Poderíamos descrever alguns subconjuntos de Ω, por exemplo, A: “o número observado na face do dado volta- da para cima

é ímpar”, teríamos A={1,3,5}. Mas agora, se tivéssemos B: “ o número observado na face do dado voltada para cima é um múltiplo

de 3”, teríamos B={3,6}. A qualquer subconjunto do espaço amostral Ω de um experimento aleatório chamamos de evento.

Faça agora as atividades a seguir:

38

Matemática
Matemática 39
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Afinal, quais as minhas chances de vencer?

Matemática 391
Voltemos ao problema simples do lançamento de uma moeda duas vezes, que vimos na atividade 1. Chega- mos a conclusão

que Roberto estava certo (vide respostas das atividades) ao afirmar que é mais provável ocorrer uma cara

e uma coroa do que duas caras, visto que as chances de ocorrer uma cara e uma coroa são de 2 para 4, ou seja, a
2 1 probabilidade é = = 0,5 = 50% enquanto as chances de ocorrer duas caras são de

1 para 4, ou seja, a probabili-

4 2
1 dade é = 0,25 = 25%.
4

Podemos observar então que (em um espaço amostral equiprovável – vide Box importante a seguir) a proba- bilidade de

ocorrer um evento é dada pelo quociente entre o número de casos favoráveis (número de elementos do

evento que nos interessa) e o número de casos possíveis (número total de elementos).

Vimos que a probabilidade pode ser escrita de 3 formas: na forma de fração, na forma de um número decimal

ou também em porcentagem.

Utilizemos agora como exemplo o experimento aleatório: lançar dois dados simultaneamente e efetuar a soma

dos números obtidos nas faces voltadas para cima. A ideia deste jogo é você escolher e acertar qual será a tal soma dos

números observados.

Lara, Leon e Miguel vão jogar esse jogo. Lara escolheu o 3, Leon o 7 e Miguel o 6. Quem será que terá mais chances de

vencer o jogo, levando em consideração que se a soma não for um dos números escolhidos continuarão lançando até que apareça

algum número escolhido? Talvez você possa ter pensado: Tanto faz! Mas veremos que não é

bem assim...

Matemática 39
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João queria sair de casa, mas não sabia qual era a previsão do tempo. Ao ligar a TV no canal do tempo, a jorna-

lista anunciou que existia a possibilidade de chuva no fim da tarde era de 87%.

Qual a probabilidade de não ter chuva nesse dia?

(a) 0,1 (b) 0,13 (c) 0,5 (d) 0,87

Exercício 2
Em uma fábrica de pregos, a cada 40 pregos produzidos 5 são defeituosos. Pedro comprou um saco com 120

pregos produzidos nessa fabrica para construção de um telhado. Ao retirar o primeiro prego do saco, Pedro o obser-

vou para saber qual era a condição do mesmo.

Qual a probabilidade desse prego ser defeituoso?

Matemática 393
(a) 0,125 (b) 0,15 (c) 0,4 (d) 0,5

Exercício 3
Apóos a semana de provas, a professora de matemática resolveu apresentar os resultados aos alunos em forma

de tabela, como ilustrado na tabela.

Alunos Desempenho

4 Muito bom

9 Bom

18 Regular

9 Insuficiente

Escolhendo um aluno ao acaso, qual a probabilidade de que o desempenho dele tenha sido muito bom?

(a) 0,04 (b) 0,10 (c) 0,16 (d) 0,40

Matemática 39
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Estatística: tabelas e gráficos

Amostra, População e variáveis


Nesta seção, iremos tratar de alguns conceitos fundamentais no trabalho com a Estatística como o de Amostra e População,

além do conceito estatístico para variáveis. Em ambos os casos, a permanência de dúvidas sobre as de- finições que serão tratadas

nessa unidade pode tornar o processo de aprendizagem muito mais complicado e menos produtivo. Portanto, explore bastante

esta seção. Aproveite!

Amostra x População
Na história apresentada anteriormente, nosso amigo encrenqueiro, S. Limoeiro, faz um grande reboliço no res-

taurante por causa das diferenças existentes entre os pesos dos pratos. Será que ele tinha a razão em fazer isso? Será que ele estava

errado? Indiquem as suas opiniões. Discutam com amigos e familiares sobre esta questão.

Porém, para auxiliá-los nesta discussão, vamos colocar algumas informações para vocês. Afinal, buscamos sem-

pre ter o máximo de conhecimento possível para poder argumentar de forma justa e imparcial, não acham?

Em primeiro lugar, segundo a Portaria 97/2000 do Inmetro, o peso dos pratos com tara superior a 200g (que é o nosso caso)

pode ter uma variação de até 5g para mais ou para menos. Esta informação tira totalmente a razão de

S. Limoeiro.

Por outro lado, nem todos os pratos foram pesados. Apenas daquelas pessoas que ainda estavam na fila. Por-

tanto, será que havia algum prato com um peso fora do intervalo de tolerância dado pelo Inmetro?
É, meus amigos, vocês já estão munidos de algumas informações que precisam ser levadas em consideração ou

Matemática 395
mesmo investigadas. Se levarmos em conta a portaria do Inmetro, S. Limoeiro não tem razão em reclamar, pois

Matemática 39
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todos os pratos ficaram dentro da margem de tolerância. Afinal, o mais leve pesou 396g e o mais pesado, 404g.

O segundo argumento, é mais complexo do que imaginamos. S. Limoeiro pesou apenas 10 pratos e tirou suas conclusões a

partir deles. Mas, em um restaurante, certamente existem muito mais do que 10 pratos. O que na ver- dade aconteceu foi que S.

Limoeiro verificou apenas uma AMOSTRA dos pratos do restaurante. Isto é, uma parte da quantidade total de pratos.

Caso tivesse resolvido pesar TODOS os pratos do restaurante, diríamos que S. Limoeiro verificou a POPULAÇÃO

de pratos.

Vamos ver se entendemos bem essa diferença entre esses dois conceitos?

Quando S. Limoeiro pesou apenas 10 dos pratos do restaurante, ele selecionou uma amostra. Se tivesse pesa-

do todos os pratos, teria trabalhado com a população dos pratos. Assim, vamos à primeira atividade.

Escreva com suas palavras o que você entende por:


Amostra:
População:

Exercício 1
Os dados referem-se ao numero de pessoas por casa, de domicílios localizados em uma rua, de um bairro do

Rio de Janeiro.

2344534
5653155

Matemática 397
Qual é a moda do número de habitantes por domicílio?

(a) 2 (b) 3 (c) 4 (d) 5

Exercício 2
Os dados apresentados na tabela referem-se ao nível de glicose de 60 crianças diabéticas internadas em um

hospital:

Matemática 39
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56 61 57 77 62 75 63 55 64 60

60 57 61 57 67 62 69 67 68 59

65 72 65 61 68 73 65 62 75 80

66 61 69 76 72 57 75 68 83 64

69 64 66 74 65 76 65 58 65 64

65 60 65 80 66 80 68 55 66 71
Tabela: Nível de glicose Qual é a mediana
do nível de glicose dessas crianças?

(a) 65,0 (b) 65,5 (c) 66,0 (d) 66,8

Matemática 399
Polinômios e equações
algébricas

O que é um polinômio?
Quando lemos e compreendemos o enunciado de um problema, podemos escrever expressões que nos per-

mitirão analisá-lo e obter sua solução.

Podemos ter polinômios com apenas um termo, como por exemplo: 2x, y, 4z (chamados de monômios). Mas podemos ter

polinômios com um número maior de termos. De uma maneira geral podemos escrever um polinômio da seguinte forma:

an xn + a(n-1) x(n-1) +...+ a2 x2 + a1 x + a0


onde:

 an , an-1, an-2,. ... ,a2, a1, a0 são números reais chamados de coeficientes do polinômio.

 n (um número natural diferente de zero) é o grau do polinômio

 x é chamado de variável.

Veja os exemplos de polinômios.

a. O polinômio 5x-1 é de grau 1 e seus coeficientes são 5 e -1.

b. O polinômio 2m2 +m+ 1 é de grau 2 e seus coeficientes são 2, 1 e 1.

c. O polinômio y3 + 4y2 - 2y + 5 é de grau 3 e seus coeficientes são 1, 4, -2 e 5.

Veja, agora, exemplos de expressões que não são polinômios:

a. 2 - x+ 5 ; a variável x não pode estar sob radical, pois isso significa que o expoente é fracionário.
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Matemática
2
x 2 + x3 ; a variável x não pode estar no denominador, pois isso significa que o expoente é negativo. b.
c. m-3 + 3m-2 - 2m; o expoente da variável não pode ser negativo.

d. y 2 + 3y −1 ; o expoente da variável não pode ser fracionário.

Assim, para que a expressão seja um polinômio, o expoente das variáveis não pode ser negativo nem fracioná-

395
rio - o que equivale a dizer que a variável não pode estar sob raiz e/ou no
denominador.
Matemática 395

Funções polinomiais
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Figura 2: Caixa sem tampa, com dimensões x, x+1 e x+2.

Matemática 396 Matemática


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Vamos retornar àquela pergunta da seção “Para início de conversa”? Tínhamos uma caixa sem tampa com dimensões x, x+1

e x+2 e estávamos interessados em encontrar uma expressão que nos permitisse calcular sua área e seu volume. Muito bem, para

calcular a área total da caixa, devemos somar as áreas das suas faces, a saber: dois re- tângulos de lados x e x+1, dois retângulos de

lado x e x+2 e um retângulo de lados x+1 e x+2. Contamos apenas um retângulo de lados x+1 e x+2

porque a caixa não tem tampa.

Então, vamos às contas:

A (x) = 2.x.(x+ 1) + 2. x. (x + 2) + (x + 1) (x + 2)

A (x) = 2x2 + 2x + 2x2 + 4x + x2 + 2x + x + 2

A (x) = 5x2 + 9x + 2

Assim, conseguimos encontrar a expressão que nos permite calcular o valor da área da caixa em função da

aresta de medida x. Já para calcular o volume da caixa, devemos multiplicar as suas 3 dimensões. V(x) = x (x + 1) (x + 2)= x

( x2 + 3x + 2)

V (x)= x3 + 3x2 + 2x

Temos então aqui dois exemplos de funções polinomiais, que dão a área e volume da caixa, em função da

medida x.

Matemática 397
Conhecendo um pouco mais sobre polinômios

Valor numérico de um polinômio


Quando calculamos a área e o volume da caixa sem tampa encontramos dois polinômios de variável x.

A (x)= 5x2 + 9x + 2

V (x)= x3 + 3x2 + 2x

Agora, vamos substituir a variável x em cada um dos polinômios pelo número 5 - o que, em termos da nossa

caixa, equivale a fazer com que o lado menor tenha tamanho 5.

A(5) = 5.52 + 9.5 + 2 = 125 + 45 + 2 = 172

V(5) = 53 + 3.52 + 2.5 = 125+ 75 + 10 = 210

Matemática 398
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Questão 1 (Mack – SP)

Determine m para que o polinômio


p(x) = (m - 4)x3 +(m2 - 16)x2 +(m + 4)x + 4 seja de grau 2.

Questão 2 (Faap – SP)

Calcule os valores de a,b,e,c para que o polinômio


p1(x) = a(x+c)³ + b ( x + d) seja idêntico a p2(x) = x³ + 6x² + 15x + 14.

P1(x) = a(x³ + 3cx² + 3c2x + c³) + bx + bd = ax³ +3acx² +3ac² x +ac³ + bx + bd=

= ax³ +3acx² + (3ac² + b)x + ac³ + bd

Para que este polinômio seja idêntico a p2(x), temos que ter:

a=1

Matemática 399
3ac = 6 → 3.1.c = 6 → c = 2

3ac² + b = 15 → 3.1.4. + b = 15 → b = 15 – 12 → b = 3
ac³ + bd = 14 →1.8 + 3d = 14 → 3d = 14 – 8 → 3d = 6 → d = 2.

Questão 3 (FEI – SP)

Sendo p(x) = ax4 +bx3 +c e q(x) = ax3 –bx – c, determine os coeficientes a,b,e c,sabendo que p(0) = 0, p(1) = 0 e

q(1) = 2.

P(0) = c = 0

P(1) = a + b + c = 0

Q(1) = a – b – c = 2 2a= 2 → a = 1

Matemática 400
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Geometria Analítica

Plano Cartesiano
O problema apresentado é bem interessante, não acha?! Vamos resolvê-lo ao longo dessa unidade? Ótimo!

Para isso, precisamos estabelecer alguns conceitos. O primeiro deles é o de plano cartesiano.

Existem diversos sistemas de representação que auxiliam na localização de pontos sobre determinadas super-

fícies. As latitudes e longitudes, por exemplo, permitem a localização na superfície do globo terrestre.

Figura 3: Mapa mundi planificado.

O plano cartesiano permite a localização de pontos do plano. São utilizadas duas retas numéricas perpendi- culares

que se intersectam em suas origens e, aos pontos do plano, associamos dois valores: um no eixo horizontal e outro no

eixo vertical, conforme a ilustração a seguir.

Matemática 401
Figura 4: Plano cartesiano com o ponto A(1,1) destacado.
Apresentamos a seguir um passo a passo. Acompanhe, é bem fácil de entender!

Passo 1
Obtendo o plano em uma malha quadriculada. A malha é
apenas para facilitar, é perfeitamente possível construir o
plano sem ela.

Passo 2
Traçando o eixo das abscissas. Esse é um eixo horizontal
numerado representado pela letra x. Na figura, estão mar-
cados alguns números inteiros, mas qualquer número real
pode ser localizado nessa reta.

Matemática 402
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Passo 3
Traçando o eixo das ordenadas. Esse é um eixo vertical numerado
representado pela letra y.

Figura 5: Passo a passo para a construção do plano cartesiano.


Muito bem, de posse do plano cartesiano, você pode identificar o ponto A –veja na figura - da seguinte maneira:

Figura 6: Plano cartesiano com o ponto A destacado.

O pé da perpendicular ao eixo x traçada pelo ponto A coincide com o ponto associado ao número 4. De ma- neira

análoga, o pé da perpendicular ao eixo y traçada por A está associado ao número 5. Dessa forma, diremos que o ponto A será

representado pelo par ordenado (4,5). Ao identificarmos um ponto, sempre escreveremos primeiro o valor de sua posição

no eixo das abscissas(eixo x) e, em seguida, sua posição no eixo das ordenadas(eixo y). Resumin- do: o par é dado por (x, y).

Repare que o ponto (5,4) é um ponto diferente de A, porque x = 5 e y = 4. O ponto (5,4) está representado por

Matemática 403
B. Vejam só:

Matemática 404
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Figura 7: Plano cartesiano com os pontos A e B destacados.

O ponto A tem coordenadas (m+3; n –1) pertence a reta que passa pelos pontos (0; 0) e (1; 1).

Matemática 405
Qual o valor de m – n?

(a) –2 (b) 0 (c) 1 (d) 2

Exercício 2
Um triângulo possui os vértices sobre os pontos A = (4; 3), B = (0; 3) e C que pertence ao eixo OX. Sabemos que

a distância entre os vértices A e C e igual a distância entre os vertices B e C.

Quais as coordenadas do ponto C?

(a) (0, 2) (b) (0, –2) (c) (2, 0) (d) (–2, 0)

Matemática 406
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Exercício 3
As retas r : ax + y – 4 = 0 e s : 3x + 3y – 7 = 0 são paralelas.

Qual é o valor de a?

(a) –3 (b) –1 (c) 1 (d) 3

Matemática 407
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Cargas elétricas e suas atrações

Cargas elétricas
Todos os materiais que conhecemos e que são listados na tabela periódica da

Química são compostos por átomos, que são por assim dizer os “tijolos” fundamentais da Natureza. Os átomos são
compostos por partículas ainda menores, os elétrons e os núcleos dos átomos que interagem por meio de forças elétricas. Os
elétrons de carga negativa movem-se em torno dos núcleos de carga positiva. Como mencionamos na introdução, experimentos
demonstraram que cargas iguais se repelem e cargas distintas se atraem. Como os elétrons e o núcleo possuem cargas distintas,
existe uma força elétrica de atração entre eles. Os átomos e moléculas agrupam- se para formar os materiais do nosso dia a dia, os
sólidos e os líquidos. Os átomos em geral são neutros, pois a carga negativa dos elétrons cancela a carga positiva do núcleo.

Aliás, convém lembrar que a carga positiva no núcleo continua junta porque existe uma outra força, a força nuclear forte, que
mantém os prótons juntos, embora eles se repilam fortemente devido ao fato de terem cargas iguais.
Essa força forte só age em distâncias nucleares e é o que mantém o núcleo coeso.

No entanto, os elétrons não são ligados muito fortemente ao núcleo, principalmente os das camadas externas. Em muitas
situações, os elétrons são arrancados de um corpo (por exemplo, o bastão de vidro esfregado com seda) e dizemos que ele adquiriu
uma carga positiva. De forma análoga, um corpo pode adquirir carga negativa, se elétrons acumulam-se nele.

Figura 3: Cargas diferentes atraem-se e cargas iguais repelem-se.

Um corpo carregado pode se descarregar bruscamente, emitindo uma faísca.

Quem já morou num lugar onde a umidade é baixa (e portanto as cargas elétricas acumulam-se mais facilmente) sabe que
maçanetas de portas às vezes dão choque, leve mas desconfortável.

Física 405
Isolantes e condutores
Sabemos que alguns materiais são bons condutores de eletricidade e outros, não. Um condutor elétrico é um material no
qual os elétrons podem se movimentar livremente pelos átomos. Os metais são os condutores mais comuns, um exemplo são os fios
de cobre que compõem a rede elétrica que leva corrente até a sua casa. Outros materiais também conduzem eletricidade. A água
salgada é um bom condutor por conter íons de sódio (Na+) e cloro (Cl-) que podem se mover transportando cargas elétricas.

Já os isolantes são materiais cujas ligações químicas permitem que poucos elétrons movam-se. Em cerâmicas, rochas, cabelos
e madeira, por exemplo, os elétrons são ligados fortemente a um ou mais átomos por ligações iônicas ou covalentes (como você já
deve ter visto nas aulas de Química). Esses materiais não conduzem eletricidade em condições usuais. Os isolantes (como o próprio
nome indica) são utilizados no dia a dia para revestir os fios elétricos e evitar o contato com fios que transportam correntes elétricas.

As bases experimentais da Lei de Coulomb


No final do Século XVIII, apareceu mais uma evidência da unidade da física em fenômenos totalmente distintos:
descobriu-se que a força elétrica entre duas cargas depende da distância entre elas da mesma forma que a força da gravidade entre
duas massas. A história do estabelecimento desse fato experimental, que hoje é conhecido por Lei de Coulomb, é muito interessante.
Benjamin Franklin (1706 – 1790) foi um cientista e estadista americano que realizou alguns experimentos pioneiros que ajudaram a
esclarecer o mistério das cargas elétricas. Ele soltava uma pipa que tinha uma chave pendurada no fio e a chave emitia faíscas como
os objetos carregados no laboratório. Disso ele concluiu que as nuvens eram carregadas e que ele podia carregar um objeto com
cargas positivas ou cargas negativas, dependendo do arranjo experimental que ele fizesse. Esse experimento deu origem ao
pararaios, que é um objeto metálico pontudo que oferece um caminho fácil e inofensivo para a descarga elétrica das nuvens.
Num dia bastante seco, uma jovem de cabelos longos, percebe que depois de penteá-los o pente utilizado

atrai pedaços de papel. Isto

ocorre por que

a. o pente se eletrizou por atrito.

b. o pente é um bom condutor elétrico.

c. o papel é um bom condutor elétrico.

d. os pedaços de papel estavam eletrizados.

Exercício 2 – Adaptado de UFGO - 1986


Um corpo possui carga elétrica de 1,6×10 -6 C. A carga elétrica fundamental é 1,6×10-19 C.

No corpo há uma falta de

Física 406
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a. 1013 elétrons.

b. 1018 prótons.

c. 1019 elétrons.

d. 1019 prótons.

Exercício 3 – Adaptado de UNIFESP - 2006


Duas partículas de cargas elétricas q1 = 4,0×10–16 C e q2 = 6,0×10–16 C estão separadas no vácuo por uma dis-
tância de 3,0×10–9 m.

Sendo k = 9,0×109 N·m2/C2, qual a intensidade da força de interação, em newtons, entre elas?

Aprendendo sobre as correntes


elétricas

Física 407
A ocorrência da corrente elétrica
As aplicações mais importantes da eletricidade envolvem cargas elétricas em movimento, formando uma corrente elétrica.

Trataremos de correntes em condutores metálicos, tais como fios de cobre, embora um feixe de prótons

no interior vazio de um acelerador de partículas também seja uma corrente elétrica.

Para que exista uma corrente elétrica de caráter estacionário, é necessário que haja um circuito elétrico fecha- do, onde se

dá a circulação desta corrente. O tipo mais simples de circuito elétrico é aquele que envolve uma fonte de energia elétrica, um

consumidor desta energia, e fios condutores que possibilitem a conexão entre a fonte e o consumidor. Além disso, quando se deseja

dar seletividade ao circuito, permitindo que este seja ligado ou desligado, é comum o uso de interruptores. A figura a seguir mostra

o esquema elétrico de um circuito simples onde estão ilus- trados por meio de símbolos específicos, os elementos básicos aqui

descritos.

CONSUMIDOR

Figura 2: Circuito elétrico típico.

O símbolo que acompanha a letra E representa uma pilha (fonte de energia), onde o traço maior faz papel de polo positivo e

o traço menor é o polo negativo. O símbolo que acompanha a letra S representa o interruptor na con- dição “fechado”, e a letra i

representa a corrente elétrica que circula no circuito fechado, transportando a energia da fonte até o consumidor por meio dos

condutores elétricos (fios) que compõem o circuito elétrico.

Física 408
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Um modelo microscópico para a corrente elétrica


Para que a corrente elétrica estabeleça-se, é necessário que o circuito seja

constituído de condutores elétricos (fios). O termo condutor elétrico encontra- se

relacionado diretamente à natureza do material utilizado na fabricação desses fios: cobre,

alumínio etc., e é condição para a ocorrência de corrente elétrica.

Vamos entender melhor este fenômeno?

Estudos sobre as propriedades elétricas dos materiais revelaram que, diferentemente dos materiais isolantes, os

materiais condutores de eletricidade possuem uma grande quantidade de elétrons livres disponíveis no seu interior.

Do ponto de vista prático, os metais são materiais que possuem tais características físicas, e isso explica por-

que os fios elétricos são construídos a partir desses materiais.

A figura a seguir exibe uma representação de um trecho de um condutor elétrico cilíndrico e ilustra um mo-

delo simplificado do que ocorre no interior deste condutor de natureza metálica como o cobre, por exemplo, quando este não se

encontra conectado a nenhum circuito elétrico.

Física 409
Figura 3: Modelo simplificado de um trecho de fio condutor.

O detalhe na figura mostra uma estrutura geométrica regular que representa a distribuição dos átomos de

cobre ocupando os vértices dos cubos microscópicos.

A esta estrutura denomina-se rede cristalina, onde os átomos de cobre realizam movimentos periódicos de vibração que

são transmitidos a toda a rede. Além disso, é possível observar no detalhe, o movimento dos elétrons que ocorre em direções

aleatórias ao longo da rede.

Você deve estar se perguntando: se o movimento dos elétrons livres é aleatório no interior do condutor, o que

seria a corrente elétrica?

Dos estudos da eletrostática foi possível aprendermos que partículas carregadas eletricamente, como os elé-

trons, sofrem ação de forças elétricas quando submetidas a campos elétricos.

Nos circuitos elétricos, a pilha, a bateria ou o gerador possuem dupla função. Além de fornecerem energia,

submetem o circuito a uma diferença de potencial (tensão elétrica) e, consequentemente, a um campo elétrico que atua

sobre os elétrons livres impondo-lhes uma força elétrica, que faz com que o movimento dessas partículas car- regadas deixe

de ser aleatório e passe a ser orientado. A esse movimento orientado de cargas elétricas dá-se o nome de corrente elétrica.

Em termos operacionais, isso ocorre quando o interruptor S do circuito apresentado na figura 2 é fechado. Nas nossas casas,

ao acionarmos o interruptor, a lâmpada (consumidor) acende, enquanto em um aparelho de TV (consumidor), ao acionarmos o botão

de LIGA, a imagem aparece. Em ambos os casos, os efeitos são percebidos

partir do instante em que há circulação de corrente elétrica.

Assim, diz-se que existe uma corrente elétrica em um determinado circuito, quando o movimento das cargas

elétricas é orientado e, para tal, é imprescindível a existência de uma fonte de energia (pilha, bateria ou gerador) e um circuito

fechado.

Resistência Elétrica
Quando um condutor de eletricidade é ligado a um gerador, passa uma corrente. Para uma dada voltagem

Física 410
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mantida pelo gerador, observa-se que a intensidade da corrente é maior ou menor, dependendo do condutor. Isto se deve ao

fato de condutores apresentarem uma propriedade conhecida como resistência elétrica. Você talvez já tenha visto no cinema

alguma cena de policial perseguindo um criminoso num trem lotado. Os constantes esbarrões do po- licial nos passageiros

limitam a sua velocidade (o mesmo se aplica ao criminoso). Quanto mais apinhado de pessoas estiver o trem, menor a velocidade

do policial durante a perseguição. Algo análogo ocorre num condutor metálico: os elétrons livres colidem frequentemente com

os átomos do metal e isso se traduz numa resistência à passagem da corrente elétrica. A resistência é maior ou menor

dependendo da natureza do condutor.

A resistência (R) de um condutor é definida por

V
R= i

Onde V é a voltagem aplicada ao condutor e i é a corrente através dele. A unidade de resistência no SI é o ohm (K):

1V
= 1ohm = 1 1A

Exemplo: Se por um chuveiro elétrico ligado à rede de 220V passa uma corrente de 20A, qual é a resistência do

V 220V

chuveiro? Por definição, a resistência é R = = = 11 i 20A

Aprendendo sobre as correntes elétricas


Exercício 1 – Adaptado de UFRS
A frase “O calor do cobertor não me aquece direito” encontra-se em uma passagem da letra da música “Volta”, de Lupicínio

Rodrigues. Na verdade, sabe-se que o cobertor não é uma fonte de calor e que sua função é a de isolar termicamente nosso corpo

do ar frio que nos cerca. Existem, contudo, cobertores que, em seu interior, são aquecidos eletricamente por meio de uma malha

de fios metálicos nos quais é dissipada energia em razão da passagem de uma corrente elétrica.

Esse efeito de aquecimento pela passagem de corrente elétrica, que se observa em fios metálicos, é conhecido

Física 411
como efeito

a. Ohm.

b. Joule.

c. estufa.

d. fotoelétrico.

Exercício 2 – Adaptado SAERJINHO - 2013


Um resistor tem resistência R = 30 K e está submetido a uma diferença de potencial V = 120 V, como represen- tado

no esquema a seguir.
Disponível em: <http://www.cursosvirt2.dominiotemporario.com/EaD/Eletromagnetismo/Resistores/fig-3-11-3.gif>

O valor da intensidade de corrente elétrica i, em ampère, nesse resistor é

Física 412
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Civilização Elétrica

Relembrando a resistência elétrica


Em geral, a corrente elétrica que se estabelece ao longo da rede cristalina do condutor depende das proprie-

dades elétricas do material. Materiais com maior quantidade de elétrons livres como os metais (condutores) oferecem as

melhores condições para a ocorrência de correntes elétricas. Além disso, o estado de maior ou menor vibração dos átomos

da rede, associado à temperatura em que o material encontra-se, pode dificultar (mais ou menos) a passagem dos

elétrons. Assim, a deficiência de elétrons livres e/ou as temperaturas elevadas são fatores determinantes para o aumento

da resistência à passagem da corrente elétrica, efeito denominado resistência elétrica (R).

O parâmetro físico que traduz essa relação entre a resistência elétrica e a natureza do material, e sua tempe-

ratura, chama-se resistividade elétrica, e indica-se pela letra grega ρ (lê-se rô). Ela influencia diretamente o valor da resistência

elétrica.

Apesar do seu efeito aparentemente indesejado nos circuitos elétricos, já que a resistência elétrica “atrapalha” a

passagem da corrente, em certas situações do cotidiano esse efeito resistivo é aproveitado, dependendo da função do circuito

ou do aparelho elétrico.

Em muitos casos, são introduzidos nos circuitos, os chamados resistores elétricos – elementos de circuito espe-

cialmente desenvolvidos para provocar efeitos resistivos.

Um resistor pode ser introduzido, por exemplo, em situações onde se pretende provocar uma limitação ou

controle do valor da corrente no circuito, como no caso dos controles de luminosidade de lâmpadas (dimmers) onde a

inserção da resistência no circuito pode ocorrer de forma gradual, permitindo um controle da corrente que passa pela

lâmpada. A esses resistores variáveis denominamos reostatos ou potenciômetros.

Física 413
Figura 1: O dimmer é um equipamento que, uma vez instalado, possibilita a inserção controlada de uma resistência no circui- to e, consequentemente, o controle
da corrente que passa pela lâmpada.

Física 414
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Outra característica importante dos resistores (a principal), é que nesses elementos ocorre a transformação de

energia elétrica em calor. Assim, é comum a utilização de resistores especialmente desenvolvidos para provocar essa “produção

de calor” em determinados eletrodomésticos. São exemplos: o ferro elétrico, o ferro de solda, o chuveiro elétrico, a torradeira, o

grill e a própria lâmpada incandescente, cujo filamento é um resistor.

Resistividade elétrica
Embora os materiais condutores sejam utilizados na fabricação de fios elétricos, mesmo nesses fios conduto- res,

o efeito resistivo é verificado. Como já foi dito anteriormente, esse efeito está relacionado diretamente à natureza do material e

sua capacidade de fornecer elétrons livres e a temperatura em que se encontra o material.

Ohm descobriu que, dados dois fios cilíndricos do mesmo material, a resistência cresce proporcionalmente ao comprimento

do fio (l) e é inversamente proporcional à área da seção transversal do fio (A); além disso, depende do material de

que o fio é feito. As descobertas de Ohm podem ser resumidas na seguinte fórmula:

R=
A

onde ρ representa uma propriedade característica de cada material.

Cálculo da resistência elétrica de um fio condutor

A figura a seguir mostra um pedaço de um fio condutor cilíndrico de comprimento l e área de seção transversal

igual a A.

Figura 2: Fio condutor cilíndrico.


Considerando que o fio é constituído por um material cuja resistividade elétrica é dada por ρ, o valor da resis-

Física 415
tência elétrica desse trecho do fio é calculado a partir das características elétricas do material constituinte e de alguns parâmetros

geométricos, como a área da seção (A) e o comprimento (l). Assim, vejamos, a partir de uma análise qua-

litativa, de que forma a resistência elétrica depende de cada um desses parâmetros.

Em relação à resistividade do material (ρ), é esperado que a dependência seja direta, ou seja, fios fabricados com

material de alta resistividade devem exibir maiores efeitos resistivos. Em relação ao comprimento, também se espera

uma dependência direta, já que, fios mais extensos (l grande) representam caminhos mais longos para os elétrons que

se movem ao longo da rede cristalina. Já em relação à área da seção reta (A), é esperada uma relação de dependência

inversa, ou seja, fios mais largos (A maior) apresentam menor dificuldade à passagem dos elétrons e,

consequentemente, menor resistência. Esse efeito pode ser melhor compreendido a partir de uma analogia entre o

fluxo de elétrons e um fluxo de pessoas que se deve escoar através de uma porta. Se a abertura do local é grande o

fluxo se dá mais facilmente do que no caso da abertura ser estreita.

Do ponto de vista matemático, a expressão que traduz a dependência da resistência elétrica (R) em relação aos

parâmetros anteriormente citados é:

R=
A

Unidade de resistividade elétrica

Uma simples manipulação algébrica da expressão apresentada anteriormente, acompanhada da análise di-

mensional adequada, permite a definição da unidade de resistividade elétrica. Vejamos:

=RA
A

Logo, as unidades (U) ficam:

V R V A]

Física 416
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A Lei de Ohm
A figura a seguir exibe um diagrama de um circuito elétrico simples, onde o consumidor de energia é um resis-

tor cujo valor da resistência elétrica é R. Os resistores são feitos de materiais de alta resistividade (baixa condutivida- de) e são

usados para regular a corrente em circuitos elétricos. Na representação esquemática de um circuito elétrico, os resistores são

representados por uma linha em zigue-zague; os fios de ligação entre resistores têm resistência

desprezível e são representados por linhas contínuas.

Figura 3: Circuito simples com um resistor.

Na configuração apresentada na figura, com o interruptor S fechado, a fonte de energia (E) encontra-se ligada diretamente

Física 417
aos terminais A e B do resistor R, impondo a ele uma diferença de potencial V. Além disso, como o circuito encontra-se

fechado, haverá circulação de uma corrente elétrica i através do resistor.

Em suas investigações, Georg Ohm descobriu que para muitos materiais, notadamente os metais, a resistência não depende

da voltagem aplicada, isto é, qualquer que seja V a corrente i é tal que o quociente V/i é sempre o mes- mo. Em outras palavras, para

os condutores estudados por Ohm tem-se que R é constante, logo:

R = V/i ou V=R.i

Este resultado tornou-se conhecido como lei de Ohm. Os condutores que obedecem à lei de Ohm são conheci- dos como

condutores ôhmicos. Apesar do nome, a lei de Ohm não é uma lei física fundamental como, por exemplo, a lei da conservação da

energia. Há condutores e dispositivos eletrônicos que não obedecem à lei de Ohm. Para um condutor ôhmico, se traçarmos um

gráfico da voltagem em função da corrente obteremos uma linha reta passando pela origem, pois V=Ri com R constante; se o

condutor não for ôhmico, o gráfico não será uma linha reta.

Figura 4. Gráficos da voltagem em função da corrente para um condutor ôhmico e um não ôhmico.

Física 418
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Atividade 1 (Enem 2010)


Observe a tabela seguinte. Ela traz especificações técnicas constantes no manual de instruções fornecido pelo

fabricante de uma torneira elétrica.

Fonte: http://www.cardal.com.br/manualprod/Manuais/Torneira%20Suprema/Manual_Torneira_Suprema_R00.pdf

Considerando que o modelo de maior potência da versão 220 V da torneira suprema foi inadvertidamente co- nectada a uma

Física 419
rede com tensão nominal de 127 V, e que o aparelho está configurado para trabalhar em sua máxima potência.
Qual o valor aproximado da potência ao liHBr B UPSOFJSB

a. 1.830 W

c. 3.200 W b. 2.800 W

Física 420
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d. 4.030 W

e. 5.500 W

Física 421
Exercício 1 – Adaptado de UFAC - 2002

Física 422
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Um circuito tem uma bateria de 12 V, cuja resistência elétrica interna é desprezível. A bateria alimenta uma

resistência, conforme mostra a figura. Essa resistência vale R = 2 Ω.

O valor da corrente elétrica, em ampères, que passa pelo ponto A é de a.

1,5.

b. 3
,0.
c. 6

,0.
d. 1
2.

Física 423
Circuitos Elétricos

Você já correu numa pista de corrida?


Pense numa pista de corrida de carros, de cavalos ou de pessoas. Nelas, pessoas, cavalos ou carros começam a correr a

partir de um ponto e retornam ao mesmo lugar. Fazem isso inúmeras vezes até completar o número de voltas necessárias para

concluir a corrida. A partir da segunda volta, o corredor já não identifica mais o início ou o fim da

corrida, ou seja, o caminho fechou-se. A este caminho fechado e contínuo, dá-se o nome de circuito. Logo,

Circuito é todo trajeto que representa um caminho fechado.

Agora, imagine você chegando a sua casa após um longo dia de trabalho e acendendo uma lâmpada. Lembra- -se

das primeiras aulas? Para que a lâmpada acenda, é necessário que a eletricidade (corrente elétrica) chegue a um interruptor e que

você o aperte (fig.1).

Figura 1: Trajeto fechado da corrente elétrica

Qual foi o percurso da corrente elétrica, neste caso?


Física 420
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A corrente elétrica é fornecida por um transformador.
É transportada pelos condutores de eletricidade.

Chega ao interruptor.

Passa pela lâmpada.

Retorna ao transformador pelo condutor de saída da lâmpada.

Repete o trajeto, num processo contínuo.

A corrente percorre o mesmo caminho repetidamente. A este caminho fechado e contínuo da corrente elétrica

dá-se o nome de circuito elétrico.

Circuito elétrico é um caminho fechado e contínuo pelo qual a corrente elétrica circula.

Física 421
Física 422
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Física 423
O que acontece em um circuito elétrico, se, por algum

motivo, ele for interrompido?


Uma interrupção em um circuito elétrico pode ser provocada, por exemplo, pela abertura de um dispositivo de manobra

(exemplo: desligar a lâmpada no interruptor) ou por um acidente no condutor (exemplo: fio partido), que interrompa o circuito

elétrico. Neste caso, a corrente elétrica não circula e o circuito é chamado circuito aberto. Em um

circuito aberto, nenhum consumidor de energia elétrica funciona. (Fig.4.11).

Figura 4.9: Circuito elétrico aberto

Física 424
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Você sabe o que é curto-circuito?


Em condições normais, um circuito elétrico possui uma fonte de energia (pilha, rede elétrica etc.) que alimenta um consumidor

de energia elétrica, também chamado receptor (lâmpada, chuveiro elétrico etc.). A fonte de energia possui uma determinada tensão

elétrica (1,5v (volts) nas pilhas, 110v ou 220v (volts) na rede, dependendo da região etc.). Ao alimentar um receptor com tensão

elétrica, circula uma corrente elétrica entre a fonte geradora de energia e esse

receptor.

Se em vez de um receptor, você ligar os fios que saem da fonte de energia elétrica, um no outro (Fig.4.12), você vai

provocar um curto-circuito. Isso porque a resistência será tão pequena que fará a corrente alcançar valores muito altos. Uma

corrente muito alta produz muito calor (efeito joule, lembra-se do que você viu no início da aula?) e por isso existe o risco de

incendiar sua instalação elétrica. Este evento, curto-circuito, é normalmente relacionado à causa de incêndios.

Exercício 1 – Adaptado de UFMG - 2010


Um professor pediu a seus alunos que ligassem uma lâmpada a uma pilha com um pedaço de fio de cobre.

Nas figuras a seguir, estão representadas as montagens feitas por quatro estudantes:

Considerando-se essas quatro ligações, as lâmpadas vão acender nas montagens de

a. Mateus e Carlos.

Física 425
b. Carlos e Pedro.

c. João e Mateus.

d. João e Pedro.

Exercício 2 – Adaptado de UFMG


Os circuitos apresentados na figura a seguir representam uma pilha ligada a duas lâmpadas e uma chave in-

terruptora.

Física 426
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A ação da chave de apagar ou acender as duas lâmpadas, simultaneamente, ocorre nos casos:

a. I e IV.

b. I e IV.

c. I e III.

d. II e III.

Física 427
Magnetismo

“Navegar é preciso...”
Não se sabe bem ao certo como a bússola foi inventada, mas sabemos que antes do nascimento de Cristo ela já era utilizada

pelos chineses antigos e foi levada para a Europa através dos mouros por volta do século XIII. Esse “má- gico” aparato (veja a figura

2) tem a importante característica de apontar sempre para a mesma direção, não importa

quanto você gire em torno de algum eixo.

Figura 2: Representação de uma bússola caseira. A agulha deste objeto aponta sempre em uma determinada direção.

Se isto não parece importante, imagine-se no meio do oceano atlântico após uma noite de tormenta. Você não

será capaz de dizer em que direção fica o Brasil ou o continente africano, o seu barco pode ter girado dezenas de vezes sem que

você percebesse, tirando-o do rumo original. E agora? Utilizando uma bússola você sempre saberá em qual direção está indo. Mas

como funciona a bússola? Um objeto tão poderoso e tão antigo, embora muito simples.

As bússolas tem como sua principal peça uma “agulha magnética”. Esta agulha interage com o nosso planeta por intermédio

do campo magnético terrestre. Essa interação faz com que a agulha da bússola sempre aponte em uma direção, a que chamamos

de eixo Norte-Sul magnético da Terra (que não coincide perfeitamente com o eixo Norte-Sul

geográfico). Como isto ocorre?

Física 4
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Veremos a seguir!

Atração Fatal (os opostos se atraem?)

Ímãs são materiais capazes de atrair outros ímãs, ou certos materiais metálicos, que denominamos ferromag-

néticos. Por exemplo, um ímã é capaz de atrair um prego de aço, como você já deve ter presenciado, ou de atrair um outro ímã

(veja a Figura 3)

Figura 3: Diversos ímãs mostrando sua capacidade de atrair alguns tipos de materiais.

Entretanto, você não perceberá nenhuma influência entre um ímã e uma panela de alumínio, por exemplo.

Quando aproximamos um ímã de um prego percebemos que surge uma força de atração entre ambos que

depende da distância entre eles. Quanto mais próximos eles estão mais intensa será a força devida à interação mag- nética. O fato

de a interação magnética tornar-se menos intensa conforme aumentamos a distância entre os objetos

interagentes (ímã e pedaços de ferro, na Figura 3) não depende da orientação dos objetos.

Se repetirmos esse mesmo experimento com dois ímãs notaremos que além da distância a força dependerá

também da orientação dos magnetos. Poderá existir repulsão, que nada mais é que uma força que tende a separá- -los. Você mesmo

pode realizar essa experiência. Com dois ímãs, um em cada mão, aproxime-os um do outro. Nessa

427

Física
tentativa, haverá 50% chances de que a interação entre eles seja atrativa. Se você girar um dos ímãs em torno de seu eixo você

perceberá que o tipo de interação mudará. Se inicialmente ela for atrativa ela se tornará repulsiva e vice- -

versa.

Física 4
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Exercício 1 – Adaptado de UFSC - SC


O magnetismo terrestre levou à invenção da bússola, instrumento essencial para as grandes navegações e des- cobrimentos do

século XV e, segundo os historiadores, já utilizada pelos chineses desde o século X. Em 1600, William Gilbert, em sua obra denominada De

Magnete, explica que a orientação da agulha magnética se deve ao fato de a Terra se comportar como um imenso ímã,

apresentando dois polos magnéticos.

Muitos são os fenômenos relacionados com o campo magnético terrestre. Atualmente, sabemos que feixes de

partículas eletrizadas (elétrons e prótons), provenientes do espaço cósmico, são defletidos pelo campo magnético terrestre,

ao passarem nas proximidades da Terra, constituindo bom exemplo de movimento de partículas carregadas

em um campo magnético.

A figura representa nosso planeta, a Terra.

Física
429

Física 4
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Faça um esboço mostrando as linhas do campo magnético terrestre e destaque o sentido do campo.

Física
O mundo dentro do espelho

E das sombras fez-se a luz


Ao caminhar num dia ensolarado, você muito provavelmente já observou diversas sombras, das mais variadas formas e

tamanhos. Quando a luz incide em um objeto que não permite a sua passagem, podemos ver um contorno deste corpo projetado

em um outro objeto (no caso das sombras da rua, você as vê no chão, ou projetadas em prédios, muros). Chamamos a objetos

desse tipo, que não permitem a passagem de luz, objetos opacos (veja a Figura 2).

Figura 2: Sombra de um balão, projetada no chão.

Vamos analisar mais de perto a imagem da Figura 3.

Física 43
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Figura 3: Em (a), ressaltamos em vermelho, uma linha, que passa rente ao patinho e que delimita a região de sombra. Na Figura 3b é formado
um conjunto de raios luminosos.
Na Figura 3a, você vê uma luz incidindo sobre um objeto opaco, o patinho. Ressaltamos em vermelho, uma li- nha, que passa

rente ao patinho e que delimita a região de sombra. Chamaremos a esta linha vermelha segmento AB. Podemos muito bem

representar a trajetória descrita pela luz utilizando este segmento de reta AB, que chamamos raio luminoso. Mas este é apenas um

dos raios de luz que sai da luminária – afinal, você vê a luz iluminar muito mais do que o segmento AB delimita, não é?

Usando essa mesma lógica, podemos imaginar que o facho de luz que sai da lâmpada na Figura 3b é formado por um conjunto

de raios luminosos. Chamamos feixe luminoso a esse conjunto de raios . Uma característica desse feixe é que ele parte de um ponto,

a lâmpada da figura, e se abre. Chamamos este tipo de feixe de divergente. Como outros exemplos de feixes divergentes temos a

luz emitida pelo farol de uma moto, de uma lanterna ou de um poste. Em geral,

utilizamos este tipo de feixe quando queremos iluminar grandes áreas.

Um feixe de luz também pode ser convergente. Veja a Figura 4.

Figura 4: Feixe convergente. Nesta imagem, tal feixe foi criado utilizando-se uma lente convergente. Esse tipo de lente será discutida na
próxima aula.

Um feixe convergente é aquele cujos raios luminosos, ao saírem de sua origem, vão se aproximando até se encontrarem em
um determinado ponto, como em um funil. Este tipo de feixe é utilizado em diversos instrumentos, como a lupa, ou os óculos de
alguém que possui hipermetropia.

Hipermetropia

É uma deformação no olho humano que faz com que a pessoa tenha um erro na focalização das imagens. Ao contrário da mio-
pia, as pessoas com hipermetropia têm dificuldade em focalizar imagens de perto.

Física 431
Física 43
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Espelho, espelho meu


Lembre-se das vezes que você se arrumou para ir a alguma festa. Muito provavelmente, durante essas atividades,

você se olha em algum espelho, que é uma superfície plana, onde você vê a sua própria imagem. Na falta de um espelho, como você

faria para conferir se o seu penteado está do seu agrado? Sem dúvida, apenas alguns objetos são capazes

Física 433
de gerar uma imagem. Quais características que um objeto precisa ter para que ele consiga formar uma imagem sua?

Figura 6: Em (a), temos a reflexão regular (em um espelho). Em (b), temos um exemplo de reflexão difusa, que pode ser ob- servada quando o
feixe laser reflete na parede. Isto se deve à irregularidade da parede, que não é suficientemente polida.

Um característica que o seu espelho possui é a polidez de sua superfície. Esta é uma característica primordial para a formação

de imagens, pois é a regularidade da superfície polida que faz com que os raios luminosos que inci- dem na superfície sejam

refletidos de maneira regular (veja na Figura 6).

Repare o caso da Figura (6-b). A irregularidade da parede faz com que o feixe laser, inicialmente colimado, seja refletido de

maneira difusa. Por causa disso, não conseguimos ver uma imagem bem definida do feixe na outra parede,

e sim uma mancha.

Vamos ver mais de perto como ocorre a reflexão numa su-

perfície lisa, tal como um espelho (veja a Figura 7).

Primeiramente, o que significa normal? Nesse contexto, a palavra

normal não possui o significado que você deve estar habi- tuado, o de

corriqueiro. Imagine uma superfície, como a do espe- lho da Figura 7. A normal

é uma reta que faz um ângulo de 90 graus com a superfície num determinado

ponto. Nesse caso, a palavra

normal quer dizer perpendicular. Note que o ângulo formado entre


Figura 7: Repare que o ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão.

Física 43
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Faça um diagrama que forma a imagem dos objetos, representados pelas setas, a

Física 435
Espelhos curvos
Na seção anterior, discutimos as imagens formadas por espelhos e superfícies planas. No exemplo das am- bulâncias, falamos

do espelho retrovisor do carro. Você já notou que a imagem produzida por esse espelho é menor que o objeto em si? Isso se deve

ao fato de a superfície desse espelho não ser plana. Na verdade, esse espelho é dito convexo, ou seja, a superfície refletora do

espelho é abaulada (curvada) para fora como a forma de uma esfera ou bola de futebol (veja a Figura 14).

Física 43
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Figura 14: Repare que a superfície refletora nas imagens (a) e (b) é abaulada, modificando a imagem que é vista.

Imagens formadas por espelhos convexos


A imagem formada por um espelho convexo é sempre virtual (formada atrás do espelho, pelos prolongamen- tos dos raios

refletidos), como no espelho plano de seu banheiro. Entretanto, a imagem será sempre menor que o objeto, e a distância entre a

imagem e o espelho, menor que a do objeto ao espelho (veja a Figura 14).

Geometricamente podemos entender esse fenômeno da seguinte forma: pela lei da reflexão, o ângulo forma-

do entre a normal e o raio incidente deve ser igual ao ângulo entre a normal e o raio refletido.

No caso do espelho convexo, entretanto, a curvatura do mesmo faz com que a normal mude de direção de tal forma que o

prolongamento dos raios refletidos torna-se mais convergente se comparado com o espelho plano. Na

Atividade 8, você aplicará a lei da reflexão, verificando o que descrevemos em palavras neste parágrafo.
Esse mesmo efeito faz com que a distância entre a imagem e o espelho diminua, se comparado à imagem

formada no espelho plano.

Física 437
Para compreendermos melhor o que se passa, vamos
estudar com mais cuidado a construção de um espelho con- vexo. Imagine

uma esfera de vidro tal qual uma bolinha de gude ou uma bola de cristal

(dessas usadas por cartomantes que prometem ler a sua sorte). Podemos

fazer um corte pla- no, de tal modo que o objeto retirado seja uma calota

(veja

a Figura 15).

Desenhe os raios refletidos par a os espelhos 1 e 2 da figura a seguir, utilizando a lei

da reflexão.

Figura 15: Calota esférica.

Imagens formadas por espelhos côncavos

Bem, muito provavelmente você já se olhou em uma colher de aço inox, cuja superfície é refletora e bem po-

lida. A imagem formada “pelas costas” da colher é uma imagem virtual e menor, pois ela tem um formato convexo.

Mas se olharmos na parte interna da colher, notaremos que as características da imagem formada dependem da

distância do objeto (no caso, seu rosto) à colher. Há inclusive uma determinada distância em que a imagem desa- parece.

Física 43
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Nós convidamos você a realizar o seguinte experimento: pegue uma colher de metal bem limpa e se- gurea

em uma das mãos com o braço esticado, o mais distante possível de seus olhos. Feche um olho e apro- xime a colher lentamente

do olho que está aberto. Você perceberá que, no ponto mais distante, a imagem formada está de cabeça para baixo (invertida)

e se forma atrás da colher (e, portanto, virtual). Ao aproximá- la, você verá a imagem aumentar gradualmente; num ponto

específico, a imagem sumirá (ficará borrada e indistin- guível) e prosseguindo com o movimento, surgirá uma imagem não invertida

(direita) que aumentará à medida que o movimento de sua mão continuar. Diferentemente das outras imagens que vimos até o

momento, esta última não se forma atrás da colher, mas

sim é projetada diretamente em seus olhos (veja a Figura 18).

Figura 18: Exemplo de imagem projetada. Neste caso, a imagem foi projetada numa parede. É exatamente desta maneira que funcionam os
retroprojetores.

Há imagens deste tipo, que não se formam atrás do espelho por prolongamento de raios, mas sim são projetadas à sua

frente. São chamadas imagens reais. Vamos esquematizar os fenômenos descritos anteriormente, que esperamos que você

tenha reproduzido com a colher.

Como podemos construir geometricamente as imagens formadas por um espelho côncavo?

Bem, na Figura 19, podemos ver dois tipos de raios bastante peculiares, que já foram explorados no caso dos

espelhos convexos.

Física 439
Figura 19: Em (a), temos destacados dois tipos de raios especiais. Um deles é o que viaja paralelamente ao eixo focal (e que é refletido de modo a passar
pelo foco do espelho), e o que incide no vértice. Em (b), temos um feixe de raios solares parale- los ao eixo focal incidindo num espelho côncavo. Com o
auxílio de fumaça, vemos a convergência desses raios no foco do espelho.

Todo raio que viaja paralelamente ao eixo focal do espelho é refletido de maneira a convergir num único ponto, que chamamos

foco. Um raio que incide exatamente no centro de curvatura é refletido tal como mostrado na Figura

19a, isto é, simétrico com relação ao eixo focal. Utilizando esses dois raios especiais, ilustramos, a seguir, as imagens formadas pelo

espelho côncavo, em função da posição relativa do objeto ao espelho.

Física
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44

Física 441
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Física 443
(Unesp/1992) Questão 1
Isaac Newton foi o criador do telescópio refletor. O mais caro desses instrumentos até hoje fabricado pelo homem,

o telescópio espacial Hubble (1,6 bilhão de dólares), colocado em órbita terrestre em 1990, apresentou em seu espelho

côncavo, dentre outros, um defeito de fabricação que impede a obtenção de imagens bem definidas das estrelas distantes

Física
(O Estado de São Paulo, 01/08/91, p.14). Qual das figuras a seguir representaria o funcionamento perfeito do espelho do

telescópio?

(Fei/1992) Atividade 2
O espelho retrovisor de uma motocicleta é convexo porque:

a. Reduz o tamanho das imagens e aumenta o campo visual;

b. Aumenta o tamanho das imagens e aumenta o campo visual;

c. Reduz o tamanho das imagens e diminui o campo visual;

440 d. Aumenta o tamanho das imagens e diminui o campo


visual;

e. Mantém o tamanho das imagens e aumenta o campo visual. Refração e


aplicações

Refração
Para discutir o fenômeno da refração, pedimos a você que providencie um copo cheio d’água e um lápis. Colo-

que o lápis no copo obliquamente (inclinado) e observe a imagem formada na lateral do recipiente (veja a Figura 2).

Física 440
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Figura 2: Um lápis dentro de um copo d’água. Repita essa montagem e verifique que isto acontece.

O que você pode observar de estranho? O lápis parece estar “quebrado”, certo? O fenômeno físico responsável

por essa ilusão de óptica é chamado de refração.

Em nosso estudo sobre os fenômenos que envolvem a luz, introduzimos vários aspectos e modelos relacionados

a como a luz comporta-se em determinadas situações. Agora é hora de discutirmos um pouco sobre a natureza da luz.

Você já se perguntou quanto tempo leva para que a luz saia de uma lâmpada e chegue ao chão de seu quarto,

quando você a acende? Ou ainda, se ela simplesmente não chega ao chão instantaneamente, sem demorar tempo algum?

Muito provavelmente você já observou uma tempestade e viu um relâmpago na linha do horizonte. É interes- sante

notar que o som provocado por esse fenômeno é ouvido somente alguns segundos depois dele ser visto, o que nos leva à

conclusão que no mínimo a velocidade de propagação da luz é consideravelmente maior que a do som.

Para essas questões, trazemos a seguinte resposta: a velocidade da luz não é infinita, isto é, a luz leva um certo tempo para percorrer

uma determinada distância. Junto a essa informação, discutiremos rapidamente um princípio muito importante em vários ramos da física.

Imagine a seguinte situação: estamos dentro de uma ambulância, que está sobre uma pista de asfalto. Que-

remos atravessar esta pista de asfalto, para chegar até uma emergência, que está num solo barroso (veja a Figura 3).

Física 441
Figura 3: Vista de cima, onde temos duas pistas distintas, com formato retangular. O carro encontra-se na quina superior esquerda
(ponto A), e deseja chegar à quina inferior direita (ponto B). Temos indicado 3 trajetórias possíveis para o carro, numeradas como
trajetórias 1, 2 e 3.

Como você bem sabe, a maior velocidade que o carro pode atingir será maior na pista de asfalto do que na pista de

barro. Suponha então que o carro viaja a 100 km/h na pista de asfalto. Se o motorista não exigir mais do motor à medida

que o carro adentrar na pista de barro, a velocidade da ambulância inevitavelmente diminuirá (digamos que ela passou de

100 a 70 km/h). Agora, lembre-se que desejamos chegar ao ponto B da emergência no menor tempo possí- vel. Na Figura

2, temos indicadas 3 possíveis trajetórias. Você seria capaz de dizer em qual das três trajetórias o carro de socorro chegará

mais rapidamente ao ponto B? Registre a seguir como seria essa trajetória e por que você a escolheu.

Esta situação que criamos com a ambulância ilustra também o que ocorre com um raio de luz, quando o mes- mo

passa de um meio para outro. O fato é que a velocidade de propagação da luz depende do meio no qual a mesma

está viajando. A seguir, damos alguns valores para a velocidade da luz no vácuo, no ar, no vidro e na água.

Meio Velocidade da luz

Física 442
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Vácuo 300.000 km/s

Ar ~300.000 km/s

Água 225.500 km/s


Vidro 200.000 km/s

Figura 4: Ao atravessar diferentes meios, a luz refrata-se, mudando assim a sua velocidade. Isso causa uma deformação da imagem que
está sendo vista.

Durante o dia, um raio luminoso solar, atravessa a camada atmosférica e atinge a poluída cidade de São Paulo. A

camada atmosférica poluída apresenta índice de refração maior do que o ar não poluído. A trajetória provável, devido ao

fenômeno da refração, é

Física 443
Entrando nessa onda
Física 444
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O que é uma onda


Vamos começar discutindo uma onda numa corda. Imagine duas crianças brincando com uma corda esticada.
Vamos supor que a criança da direita segure a corda sem se mexer. A corda, inicialmente, está parada. Se a criança da
esquerda subir e descer a mão rapidamente, voltando a mão para o mesmo lugar, então um pulso vai se propagar na
corda. Imagine como isso acontece. A corda como um todo continua parada. Mas cada pedacinho da corda sobe e
depois desce. E o pulso vai se propagando para a direita. Ao final, a criança da direita sente um puxão na mão dela. Veja
Figura
2.

Figura 2: Um pulso se movimenta da esquerda para a direita na corda esticada, resultado de um movimento brusco para cima e para
baixo na ponta da corda do lado direito.

Agora, vamos imaginar que a criança da esquerda balança a extremidade da corda, para cima e para baixo, de

forma rápida, contínua e ritmada. Um pulso depois do outro vai se propagando para a esquerda. Veja Figura 3.

Figura 3: Uma corda esticada cuja extremidade esquerda é balançada, para cima e para baixo, de forma ritmada. Uma onda (uma
sucessão de pulsos) se movimenta para a direita.

É importante perceber que a corda, ela mesma, não está se movendo para a direita, pois as duas crianças estão

paradas. Mas a onda na corda, essa sucessão de pulsos para a esquerda na figura, se move. Vamos ver mais tarde que algo

que se movimenta possui energia cinética, energia de movimento. O movimento da mão da criança possui ener-

gia cinética e a transmite para a corda. Essa energia cinética se propaga na corda, a criança na outra ponta sente o mo-
vimento da corda na sua mão. Ou seja, a energia está se movendo, mas a corda como um todo está parada. A energia

poderia ser transmitida, da mão da criança da esquerda para a mão da criança da direita, quando a primeira jogasse

uma bola para a segunda. A energia é transmitida porque a matéria (no caso, a bola) movimentou-se de uma mão para

Física 445
a outra. Mas,no caso da corda, é diferente. A matéria (a corda) está parada, a energia flui nela em forma de onda.

Podemos sintetizar, então, o conceito de onda da seguinte forma:

Onda é o transporte de energia de um ponto a outro do espaço sem que haja transporte de matéria.

Tipos de ondas
A onda que utilizamos como exemplo na seção passada é uma onda mecânica, ou seja, que necessita de um meio

para se propagar. O meio no exemplo anterior foi a corda. As ondas na superfície de um lago, por exemplo, têm como

meio a água.

Pode parecer estranho, mas existe um tipo de onda, que estudaremos mais tarde, chamada onda eletromag-
nética, que pode se propagar no vácuo (vazio), não precisa de um meio para se propagar. Essas ondas têm a ver
com os fenômenos ligados à eletricidade e ao magnetismo. Mas, nesta aula, só estudaremos ondas mecânicas.

Propagar

Difundir, divulgar, multiplicar, espalhar.

Mencionamos, no início, que uma pedra lançada no lago cria um pulso que se propaga como um círculo a partir

do ponto aonde ela entra na água. Mas para que haja uma onda (ou seja, muitos pulsos um atrás do outro) podemos

imaginar que, ao invés da pedra, uma pessoa num barquinho permanece batendo, de leve com a pontinha de uma

vareta no mesmo ponto da água, conforme ilustrado na Figura 4.

Figura 4: Ondas se propagando num lago bem calmo a partir de um ponto onde alguém balança a pontinha de uma vareta para baixo
e para cima.

O som: um exemplo de ondas longitudinais


Quando cantamos (ou falamos), nossas cordas vocais vibram rapidamente e produzem regiões mais comprimi- das
e regiões mais rarefeitas que se propagam com uma onda. No nosso ouvido, temos um detector dessas ondas, que é
uma membrana chamada tímpano. O funcionamento do ouvido é complicado e não vamos apresentar deta- lhes aqui.
Mas a ideia básica é que as vibrações do tímpano são transmitidos ao cérebro que reconhece o som.

Física 446
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Rarefeito

Espalhado, esparso, pouco denso.

Imagine que você cante uma música com a boca encostada num tubo e seu amigo encoste o ouvido no outro lado

do tubo. Como ilustrado (de forma simplificada na Figura 7, o som consiste de ondas longitudinais com zonas de

compressão e zonas de rarefações. O som, na realidade, é uma onda mais complicada porque não consiste apenas de um

comprimento de onda, como no caso do exemplo simples da corda que discutimos. Na realidade, ele consiste da soma

de várias ondas, algumas com comprimento pequeno de onda e outras com comprimento maior de onda.

Se você ficar perto das caixas de som num show de música e colocar a mão numa delas, vai sentir vibrações. Se

conseguir colocar a mão no cone de uma das caixas, vai perceber que ela vibra de acordo com a música que está tocando.

Ao vibrar, ela “empurra” as moléculas de ar que se movem levemente para frente e para trás, causando as zonas de

compressão e rarefação. O ar que foi empurrado pelo cone, por sua vez, empurra as moléculas vizinhas, que repetem

esse padrão mais à frente e assim por diante. Assim, um padrão ritmado de ar rarefeito e comprimido enche uma sala de

ondas sonoras e podemos ouvir um show ou um concerto.

Figura 7: O som sendo transmitido através de um tubo contendo ar. A onda sonora consiste de regiões de compressão e rarefação do
ar que se propagam da boca até o ouvido.

Exercício 1 – Adaptado de UERGS – 2000


Uma pedra jogada em uma piscina gera uma onda na superfície da água.

Essa onda e a onda sonora são classificadas, respectivamente, como:

a. transversal e longitudinal.

b. longitudinal e transversal.

Exercício 2 – Adaptado de UFPB – 2002

Física 447
Um pescador verifica que, num certo dia, as ondas se propagam na superfície do mar com velocidade de 1,2 m/s e,

ao passarem por seu barco, que se encontra parado, fazem com que o barco oscile com período de 8 s.

Com base nesses dados, conclui-se que o comprimento de onda dessas ondas, em metros, é a.

9,6.

b. 9,2.

c. 8,0.

d. 6,8.

Exercício 3 – Adaptado de UFMG-1997


O diagrama apresenta o espectro eletromagnético com as identificações de diferentes regiões em função dos

respectivos intervalos de comprimento de onda no vácuo.

Podemos dizer que, no vácuo,

a. os raios X têm menor freqüência que as ondas longas.

b. todas as radiações eletromagnéticas têm a mesma freqüência.

Física 448
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c. os raios γ se propagam com maiores velocidades que as ondas de rádio.

d. todas essas radiações eletromagnéticas têm a mesma velocidade de propagação.

Exercício 4 – Adaptado de UFMG- 990


Uma pessoa toca, no piano, uma tecla correspondente à nota mi e, em seguida, a que corresponde à nota sol.

Serão ouvidos dois sons diferentes, porque as ondas sonoras correspondentes a essas notas têm diferentes

a. intensidades.

b. velocidades.

c. freqüências.

d. amplitudes.

Exercício 5 – Adaptado de UNICAMP


O menor intervalo de tempo entre dois sons percebidos pelo ouvido humano é de 0,10 s. Considere uma pes-

soa defronte a uma parede num local onde a velocidade do som é 340 m/s.

Determine:

a. a distância X para a qual o eco é ouvido 3,0 s após a emissão da voz.

b. a menor distância para que a pessoa possa distinguir sua voz e o eco.

Física 449
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Experimentando o fenômeno
da difração

Difração
A chamada difração de uma onda é um fenômeno que ocorre no dia a dia sob certas condições e seus efei- tos são

percebidos pelos nossos sentidos sem que saibamos por que eles ocorrem. Assim, vale a pena estudar este interessante

fenômeno, para compreendê-lo melhor. Ela pode acontecer quando a onda contorna um obstáculo ou passa por uma abertura.

Vamos explicar melhor. A ponta de uma rocha que emerge e fica exposta na superfície pode representar um obstáculo a ser

contornado pelas ondas do mar, caso ocorra a difração dessas ondas.

No caso da luz, esta pode incidir em uma abertura representada, por exemplo, por um pequeno orifício produ-

zido em um pedaço de cartolina que irá difratar as ondas de luz sob certas condições.

O fenômeno da difração
Vamos considerar que o orifício na cartolina seja iluminado por uma lanterna, para entendermos o fenômeno da difração.

Chamaremos a lanterna de fonte de onda luminosa, a cartolina de anteparo e o orifício nela de abertura ou fenda.

Quando a onda (no exemplo, a luz que sai da lanterna) encontra o anteparo (cartolina) e este apresenta uma abertura

(fenda – orifício na cartolina), a difração poderá ocorrer. Entretanto, para isso, é necessário que seja satisfeita uma condição: a

largura da abertura (orifício na cartolina) deve ser aproximadamente igual ao comprimento de onda relativo à onda que incide

na abertura. A figura a seguir ilustra três casos onde o fenômeno pode ocorrer ou

não.
Figura 2: Condições para ocorrência de difração

No primeiro caso, temos uma onda incidente cujo comprimento de onda (λ) é muito menor que a abertura (a) e a onda

passa pela fenda. É o caso de, por exemplo, fazermos um orifício do tamanho da palma da mão e utilizarmos como fonte

luminosa uma lanterna. O comprimento de onda da luz é da ordem de 10-6 m; logo, é tão pequeno em relação ao espaço da

fenda que a difração não acontece.

No segundo caso, o comprimento de onda (λ) é muito maior e a difração da onda também não acontece. É como se

fizéssemos um orifício com um alfinete na cartolina e sobre ele incidisse uma onda de comprimento de onda muito grande

em relação ao tamanho do orifício, o que não seria possível com a onda de luz, já que o seu compri-

mento de onda é pequeno (10-6 m).

O fenômeno da difração é observado no terceiro caso, onde a largura da abertura (a) e o comprimento de onda (λ) são

muito parecidos. Isso equivale a fazer um experimento com uma lanterna e um orifício bem pequeno na carto- lina, de tal

maneira que o tamanho do orifício aproxime-se ao máximo do comprimento de onda da luz.

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Física 451

Atividade 1 (UFF-RJ)
A luz visível que atravessa um buraco de fechadura praticamente não sofre desvio por-

que:

a. Os comprimentos de onda da luz são muito menores que as dimensões do buraco da fechadura.

b. Os comprimentos de onda da luz são muito maiores que as dimensões do buraco da fechadura.

c. Os comprimentos de onda da luz têm dimensões da ordem daquelas do buraco da fechadura.

d. A luz sempre se propaga na mesma direção.

e. A luz só muda de direção de propagação, quando passa de um meio para outro.

Resposta: Letra a.

Comentário: Sendo o comprimento de onda da luz (λ) da ordem de 10-6 m, fica claro que a difração

da luz não pode ocorrer em uma fenda tão grande em relação à λ, como é o caso do

buraco da fechadura.

Atividade 2 (ENEM 2011)


Ao diminuir o tamanho de um orifício, atravessado por um feixe de luz, passa menos luz por intervalo de tem- po e

próximo da situação de completo fechamento do orifício, verifica-se que a luz apresenta um comportamento como o

ilustrado nas figuras.

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Sabe-se que o som, dentro de suas particularidades, também pode se comportar dessa forma.

Em qual das situações a seguir está representado o fenômeno descrito no texto?

a. Ao se esconder atrás de um muro, um menino ouve a conversa de seus colegas.

b. Ao gritar diante de um desfiladeiro, uma pessoa ouve a repetição do seu próprio grito.

c. Ao encostar o ouvido no chão, um homem percebe o som de uma locomotiva, antes de ouvi-lo pelo ar.

d. Ao ouvir uma ambulância aproximando-se, uma pessoa percebe o som mais agudo do que quando

Física 453
aquela se afasta.
e. Ao emitir uma nota musical muito aguda, uma cantora de ópera faz com que uma taça de cristal des- pedace-se.

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