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Ética e Filosofia

A ética, portanto, trata de convivência entre seres humanos na sociedade. Num sentido
mais restrito, ela se restringe às relações pessoais de cada um.

Num sentido mais amplo - já que ninguém vive numa pequena comunidade isolada, ela
se relaciona com a política - da cidade, do país e do mundo. Nesse sentido, ela é
possivelmente a área mais prática da filosofia.

Mas, antes de mais nada, qual o significado da palavra ética, em termos filosóficos?

1. O filósofo contemporâneo espanhol Fernando Savater apresenta uma


resposta para essa questão em termos muito simples, num livro intitulado Ética
para meu filho, da Editora Martins Fontes. Como diz o título, ele escreveu com
o intuito de explicar a questão para o seu filho adolescente.

A seguir, você pode ler um breve trecho da resposta de Savater para a questão “o que é
ética?”. Esse é um excelente ponto de partida para você pensar no assunto:

a). “Há ciências que estudamos por simples interesse de saber coisas novas; outras,
para adquirir uma habilidade que nos permita fazer ou utilizar alguma coisa; a
maioria, para conseguir um trabalho e ganhar a vida com ele.

b). Se não sentirmos curiosidade nem necessidade de realizar esses estudos, poderemos
prescindir deles tranquilamente. Há uma infinidade de conhecimentos muito
interessantes mas sem os quais podemos nos arranjar muito bem para viver.

c). O que eu quero dizer é que certas coisas a pessoa pode aprender ou não, conforme
sua vontade. Como ninguém é capaz de saber tudo, o remédio é escolher e aceitar com
humildade o muito que ignoramos.

É possível viver sem saber astrofísica, marcenaria, futebol e até mesmo sem saber ler e
escrever: vive-se pior, decerto, mas vive- se.

d). No entanto, há outras coisas que é preciso saber porque, por assim dizer, são
fundamentais para nossa vida. E preciso saber, por exemplo, que saltar de uma varanda
do sexto andar não é bom para a saúde.

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Portanto, há coisas boas e más para a saúde: é necessário saber o que devemos comer,
ou que o fogo às vezes aquece e outras vezes queima, ou ainda que a água pode matar a
sede e também nos afogar.

e). No entanto, às vezes as coisas não são tão simples: certas drogas, por exemplo,
aumentam nossa energia ou produzem sensações agradáveis, mas seu abuso contínuo
pode ser nocivo.

Em alguns aspectos são boas, mas em outros são más: elas nos convêm e ao mesmo
tempo não nos convêm. No terreno das relações humanas, essas ambiguidades ocorrem
com maior frequência ainda.

f). A mentira é, em geral, algo mau, porque destrói a confiança na palavra e mas às
vezes pode parecer útil ou benéfico mentir para obter alguma vantagem, ou até para
fazer um favor a alguém.

Por exemplo, é melhor dizer ao doente de câncer incurável a verdade sobre seu estado,
ou deve-se enganá-lo para que ele viva suas últimas horas sem angústia?

A mentira não nos convém, é má, mas às vezes parece acabar sendo boa.

Vale recordar o que foi dito no início deste texto: a Ética não serve de base somente às
relações humanas mais próximas. Ela também trata das relações sociais dos homens, na
medida em que alguns filósofos consideram a etica como a base do direito ou da justiça,
isto é, das leis que regulam a convivência entre todos os membros de uma sociedade.

2. O filósofo alemão Leibniz (1646-1716) considera que o direito e as leis


decorrem de três preceitos morais básicos:

Não prejudicar ninguém; Atribuir a cada um o que lhe é devido; Viver honestamente.
Ou seja, a ética orienta também o ordenamento jurídico e/ou legal das nações.

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