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DIÁLOGO ENTRE MENHENÚFIS E UM IRMÃO

FILOSOFIA HERMÉTICA

Nos últimos anos de sua vida, Roberto de Paula Braga (Menhenúfis) manteve diálogos
individuais com as pessoas interessadas em aprofundar temas da sabedoria divina, ensinada por
ele no curso básico da Escola Sincromática de Akron, na qual foi instrutor durante 28 anos.
O diálogo a seguir, mantido com um irmão, ocorreu no mês de setembro de 2011.
Alguns trechos da narrativa original foram modificados, a fim de adequar a linguagem oral
à escrita, sem, contudo, descaracterizar a ideia ou o sentido expresso pelos interlocutores.

1. Primeiramente, eu queria saber o que é justiça.


É a ciência de estabelecer o equilíbrio dos relacionamentos da vida entre todos os seres
humanos – o que é correto, o que não é correto; o que é justo, o que não é justo; o que é mau, o
que é bom –, de maneira a harmonizá-los, para que tenham uma convivência fraterna e melhor.
Para isso, é preciso que, em primeiro lugar, nos conheçamos; em segundo lugar, todos os demais
com os quais nos relacionamos.
Sempre são duas vertentes importantes: família e trabalho. São situações diferentes,
porque a situação familiar é diferente da situação do trabalho, mas ambos são os caminhos que
percorremos. Então, para sermos justos, corretos e fraternos, verdadeiramente, precisamos
conhecer esses caminhos e, principalmente, a nós mesmos.

2. Como?
Sabendo o que somos verdadeiramente. Então, quase sempre, não havendo o
conhecimento por parte daqueles que praticam a justiça ou as leis, haverá sempre uma tendência
individual de vaidade, de decisões que satisfaçam ao ego pessoal, muitas vezes alterando aquilo
que a lei ou o próprio ser humano instituiu seja feito. Mas também elas, por serem leis criadas
pela mente humana, não são perfeitas e estão sujeitas a interpretações e variações. Porém, na
duplicidade – as leis divinas – são maravilhosamente perfeitas e corretas.
No dia que o ser humano conhecer a si mesmo e ao próximo e fizer por onde instituir leis e
cumpri-las da forma correta, então a justiça humana se aproximará muito da justiça divina.

3. Como eu devo criar as leis para obter a justiça?


Você deve se conhecer – como pensa, como vê a vida, como realiza suas atividades, como
sente as coisas – para que possa estabelecer um ponto de equilíbrio psico-emocional; não digo
físico, porque o físico é uma consequência dos transtornos e desequilíbrios psico-emocionais. O
que se pensa, o que se sente, o físico reflete.
Cada atitude que você tomar conscientemente em relação a alguém ou alguma coisa,
execute-a da forma correta, isto é, proceda exemplarmente, equilibradamente, com paciência,
tolerância, compreensão, respeito ao próximo, sem querer ser superior nem inferior.
Aquele que se conhece bem e sabe como é, procura corrigir as deficiências, a fim de
alcançar o ponto de equilíbrio. Com o passar do tempo, das experiências que fazemos, acabamos
por nos compreender e estabelecer os parâmetros para este equilíbrio.

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4. Como é que eu crio o equilíbrio dentro de uma realidade que eu desconheço, que não faz
parte do meu cotidiano?
É só você prestar atenção àquilo que vem ao seu encontro. Não é aquilo que você vai
buscar, mas aquilo que vem ao seu encontro. Preste muita atenção, em qualquer nível, em
qualquer situação.
Por quê? Porque aquilo que vem ao nosso encontro foi encaminhado por alguém ou
alguma coisa e, tendo discernimento além do nosso, ao nos encaminhar, nos proporciona uma
experiência. Podemos ver perfeitamente, no que ele nos traz, o desafio que nos é oferecido para
encontrarmos uma solução equilibrada, correta, sábia, bem feita. Então, precisamos prestar
atenção ao que vem ao nosso encontro.
Como dizia o Divino Mestre [Akron]: Àquele que bater a sua porta, abra a porta.
Por quê? Porque foi encaminhado para nos trazer, na vida de relação, uma experiência, um
diálogo, um contato. Enfim, para nos mostrar uma possibilidade experimental útil para ambas as
partes: aquele que vem procurar e aquele que não aguardando, porém aguardando por saber que
nada acontece por acaso, possa ser útil.
Preste atenção em tudo! Isso não significa que não possamos procurar o que desejamos.
Pelo contrário, temos a liberdade de procurar o que quisermos. Mas é preciso prestar muita
atenção naquilo que vamos procurar para não nos dispersarmos, para não deixarmos valores
melhores serem procurados prioritariamente por outros, pois, talvez, circunstancialmente, estes
venham a nos interessar.
O primeiro passo do discípulo no caminho é o discernimento: estabelecer o certo e o
errado; o falso e o verdadeiro; o correto e o incorreto. Isso nos leva a pensar e,
consequentemente, analisar aquilo que vem ao nosso encontro e a nós mesmos, a fim de
tomarmos a atitude justa, correta visando à melhor solução.

5. Quais são os princípios nos quais uma lei, uma norma, uma conduta têm que se pautar?
A justiça, a correção e a perfeição. Se você estabelece uma lei, esta lei tem que ter uma
finalidade em qualquer campo. É preciso que você, ao instituí-la, verifique a necessidade dela, em
primeiro lugar, para você e, em segundo lugar, com tudo aquilo com o qual você se relaciona e o
meio em que você vive, seja na família, seja no trabalho, seja no mundo em si.
O que é que você deseja com a lei? Um ponto de equilíbrio, justiça.
O que é justiça? É o equilíbrio. É a harmonia das forças atuantes em tudo e em todos,
através da mente humana e dos sentimentos, que, juntos, fazem o ser humano se relacionar e
proceder para viver em paz e em harmonia com tudo e todos.
Repare que a natureza em si, os demais reinos – o vegetal, o mineral e o animal –
obedecem às leis perfeitas e maravilhosas da própria natureza. Eles conseguem conviver entre si e
com seus semelhantes, os outros, porque essas leis, regendo esses reinos, fazem com que tudo
aconteça. No entanto, existe o ser humano, que tanto ajuda como interfere, sobretudo em relação
aos outros. Enquanto ele não compreender a sua própria importância, está equilibrado e
harmonizado com a natureza para ajudá-la e não interferir. No entanto, ele pode modificar e
interferir nos irmãos menores e em tudo que acontece.

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O problema que o mundo vive neste momento é o desequilíbrio destes valores todos,
decorrente do pensamento, da força mental humana no mundo. O pensamento de todos os
indivíduos cria uma força chamada “egrégora” – força coletiva mundial. Esta força coletiva
mundial se irradia em todas as direções e conduz, nas intenções desta vibração, o equilíbrio do
mundo ou o seu desequilíbrio.
No momento, o planeta está enfermo. Por quê? Porque quando as células humanas
pensam − cerebrais, portanto –, interferem no conjunto mundial, e os reinos da natureza não
estando harmonizados provocam transtornos, alterações, modificações. É uma patologia, pois o
planeta como um ser global está enfermo em sua mente, uma vez que todas as células que o
formam estão enfermas ou doentias. Enquanto não se estabelecer o equilíbrio destas células,
existirão as desarmonias, que fazem com que atitudes, comportamentos, regras, leis e iniciativas
perturbem o mundo.
A mente tem a capacidade de interferir e se manifestar no corpo físico, porque ela rege o
corpo físico. Assim como o nosso desequilíbrio mental produz uma patologia física, orgânica,
imagine o planeta! As mentes, a humanidade inteira, principalmente os mais inteligentes que têm
a força maior, todos vibrando permanentemente desarmonia, interesses inferiores e tudo o mais,
fazem com que o corpo físico do planeta sofra as consequências da mente global do planeta.
Então, qual é a solução para isso? Uma reformulação geral daqueles que já estão há mais
tempo e não compreendem, e não podem fazer a sua auto reformulação. Difícil! E preparar as
novas gerações para outra compreensão, de cada indivíduo como um ser, e todos os indivíduos
novos como um conjunto coletivo mais esclarecido e que vá, aos poucos, substituindo as células
enfermas ou envelhecidas por novas, com pensamentos mais harmônicos e fraternos – estas
gerações. Por isso, a educação é fundamental.

6. Como eu condiciono o ser humano a visualizar, desta forma, o sentimento de coletividade?


Com cada um que se apresentar diante de você − assim como você está diante de mim
fazendo as suas perguntas −, com o seu bom senso, coerência, inteligência, vontade, boa vontade
no sentido de fraternidade, esclareça-os quanto ao que devem e convêm fazer, porque ninguém
muda ninguém. Cada um só muda em si mesmo. Mas se tiver consciência daquilo que pode ser
mudado e esta forma inicial de melhora já contribui para o todo, imagine conversando com todos
que aceitam ponderações e esclarecimentos!
Como estamos sentados nós dois aqui, tem, a vontade, um campo aberto. E já que você me
perguntou, eu posso apenas sugerir, porque só você pode fazer a sua transformação. Mas se você
compreender a importância que representa cada momento da nossa vida, para renovarmos e
modificarmos a nossa forma de pensar, de desejar, de amar e não amar, de respeitar a si, ao
próximo e à natureza em si, começa um processo de reformulação. Aliás, o nosso diálogo é o início
de uma possibilidade, digo “início” porque eu não posso mudar você, mas eu posso ajudá-lo a se
autotransformar, a se aceitar e, querendo, fazer uma forma de viver melhor.
Não importa a idade; você é mais jovem do que eu. Importa é você – compreendendo a
importância que tem em relação ao meio em que vive, sua família, seu trabalho, seus amigos –,
em cada momento em que estiver neste conjunto, pensar e desejar paz, amor e harmonia. Porque
se houver compreensão, aceitação, busca daquilo que somos, como somos, para que somos e

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houver uma reformulação, cada um em si mesmo, o processo tende a evoluir e nos conduzir a um
estado de ser de maior tranquilidade, serenidade e comportamento correspondente.
Por isso, as nossas idades tão distintas podem se harmonizar plenamente, quando o mais
jovem aceitar as ponderações do mais velho e quando o mais velho aceitar também as indagações
do mais jovem. Isso começa com cada momento nosso. Para o mais velho, cada segundo é
importantíssimo, porque o tempo disponível de aprender e de utilizar o que aprendeu se torna
mais curto. Ao jovem, pela possibilidade do horizonte imenso de oportunidades e experiências
que tem pela frente, que vão surgindo e que surgirão ao longo do tempo, cada vez mais
volumosamente, mais intensamente. Não importa! Tudo é duplo em si mesmo.

7. Qual foi a sua maior mudança?


Quando compreendi o que eu sou verdadeiramente. Porque tive a infância, a adolescência,
como você teve e, logicamente, os impulsos, todos os mecanismos naturais que um jovem tem,
seja homem ou mulher, e que nos encaminham para a convivência, relacionamento, família,
trabalho, companheiros, colegas, amigos, até experiências. No entanto, desde os 14 anos, eu
sempre tive a experiência da busca do outro lado das coisas – o lado espiritual.
Naquela ocasião, a concepção era o guru; era encontrar o mestre, o instrutor, o orientador,
o aconselhador que conseguiria fazer com que eu seguisse um caminho de valores maiores
espirituais, que eu almejava ter e muito; enfim, tudo o que era possível. Experimentei conselhos,
regras, ou seja, maneiras para estabelecer ou encontrar um ponto de equilíbrio. Mas quase
sempre isso me encaminhava para ver, nos outros, o caminho que eu deveria fazer, isso no
misturar da vida em tudo. Compreendi depois, ao longo do tempo, que não seria aquilo que os
outros, como exemplo, fariam ou estavam fazendo e faziam bem. Existia uma experiência
diferente.
Ainda há pouco falei com você, na hora do almoço, que deixei o esporte que eu gostava,
meu voleibol, e todas as coisas para ir procurar este outro lado. E em 1959, com trinta e tantos
anos, fui convidado a um encontro espiritual.
Eu que já tinha como companheiro mais antigo − 17 anos mais velho que eu, de origem
indiana1 − um colega de trabalho, com quem discutia muito, sobretudo teosoficamente como
seriam as coisas. Falava-se isso, falava-se aquilo. E fui levado e conduzido a um apartamento
térreo no Rio de Janeiro, no Leblon, onde fui muito bem recebido, até surpreendentemente
recebido porque senti alguma coisa; prestei muita atenção nos acontecimentos.
Lá houve o comparecimento de uma Entidade Espiritual2 num homem baixo, sorridente3. O
outro homem alto, um gaúcho grandão4 – depois eu soube que era oficial general do Exército –,
estava com um gravador do lado. Havia algumas pessoas sentadas naquela sala. E prestei atenção,
sou muito detalhista, nisso sempre fui muito bom. Tomo nota das coisas que me interessam. E
prestei atenção naquele encontro.

1
Pedro Bartholo de Patena; Karnak era o seu nome místico.
2
O Mestre Akrom.
3
Adamazildo Sérgio Salvado; San-Shu era o seu nome místico.
4
Floriano Cattaneo Moreira Braziliano; Subahajah era o seu nome místico.

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Aquela manifestação no homem baixinho, de uma Entidade de alguém, com


comportamento, postura, modo de falar, procedimento totalmente diferente do homem, mas que
se fazia através do homem. A Entidade chegou perto de mim, simplesmente me deu um toque e
eu explodi. Isto é, eu senti uma coisa incrível, uma dualidade que existia. E no momento em que
ele [Mestre Akron] disse que gostaria de penetrar na minha submente, eu fiz uma consulta interior
e pedi: Meu Deus, eu gostaria de ter um perfeito equilíbrio neste momento, para saber o que está
se passando comigo. E, naquele momento, eu tive um perfeito equilíbrio: não pensava, não
desejava. Eu estava num equilíbrio perfeito.
E escuto aquela voz surpreendentemente dizer: Exato, exato, exato.
Eu dizia: Como é que ele pode saber como estou e dizer “exato” para mim? Então veio o
desdobramento. Subitamente, dentro de mim surge o desejo imenso de fazer uma prece. E é
interessante, porque eu via a Entidade à minha frente e o meu colega do lado, sentado comigo. Eu
via tudo ao mesmo tempo e ao mesmo tempo eu sabia o que se passava comigo. E aquela vontade
de fazer uma prece, elevar a mão para cima.
E escuto aquela voz outra vez: Façai.
Levanto as mãos para cima e faço uma prece, solto a palavra sagrada – o AUM dos
indianos, que nunca tinha feito na minha vida. E vejo meu colega indiano do lado, que olha
espantado para mim. Aquela Força, aquela Entidade acompanhou comigo no tom direitinho,
aquela energia. E eu, surpreso com tudo aquilo em que estou participando.
Aí vem o impulso de um amor diferente, amor por tudo e todos. Tudo é harmonia, tudo é
maravilha, tudo é bom, perfeito, radioso. Aquilo surgia dentro de mim, explodia. E a voz da
Entidade sempre permanecia assim em prol do ambiente. Vejo meu colega do lado espantado,
olhando para mim. E eu amava tudo e todos. Fiquei em pé até o final. Quando terminou a reunião,
sentamos todos muito surpresos.
O general, que tinha o gravador, ficou muito interessado e veio até mim. O homem que
tinha recebido a Entidade também veio e o meu amigo do lado, olhando para mim espantado com
tudo aquilo.
— Você, alguma vez na sua vida, já entoou a palavra sagrada?
— Nunca!
— Mas tu fizeste tão bem feito! Disse o indiano para mim.
E vamos olhar a gravação, porque eu não sabia; eu estava em estado de graça.
Simplesmente amava tudo e todos. Era para ficar em prol do ambiente.
Bem, ouve-se a gravação, ouve-se um estalo lá.
E a voz daquela Entidade: Fostes o responsável.
E vamos procurar o que era e o que não era. Um violão estava lá num canto, com uma
corda arrebentada5. Eu tinha, com aquela força toda, emitido um som que fez o meu som (nota
musical) daquela corda estourar, naquele momento, com a vibração. E aí foram três dias de estado

5
Cordas do violão: mi, si, sol, ré, lá, mi.

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de bem-aventurança. Voltei para minha casa; e me empurravam, tudo era bom, maravilhoso e
perfeito.
Houve a curiosidade geral de saber o que tinha acontecido comigo, e eu também de saber
o que tinha acontecido. Retornei lá e, novamente, uma explosão. Voltamos mais uma vez, noutra
ocasião, outra explosão. Finalmente, na terceira vez que eu voltei, aquela Entidade me disse que
eu tinha sido um discípulo dela e que eu a acompanharia. E eu disse: Até o final da minha
existência.
Então começou um movimento de assuntos. Meu amigo indiano era muito conhecido;
conhecia as coisas do lado espiritual. Reunimo-nos. O general era um viúvo procurando, no outro
lado da vida, a esposa que tinha partido. Começamos a nos reunir para trocar ideias. Dessas ideias,
criamos uma instituição, uma Ordem de 5.000 anos atrás, os acontecimentos de 5.000 anos atrás.
Aquela Entidade – tudo era gravado – começou então a falar daquele tempo de 5.000 anos atrás –
a 1ª Dinastia de Menhenés. Ele foi o sumo sacerdote hierofante daquela ocasião.
Através dos anos que se seguiram, gravando e anotando tudo isso, eu fui compreendendo
o que é a vida individual, o que é a vida coletiva, o que é a experiência humana neste planeta, o
que é a experiência humana além deste planeta e, de lá pra cá, o que está acontecendo neste
momento.
Acho que eu paro por aqui, porque senão seria falar, praticamente, de 50 anos de
experiências deste lado. Você poderá fazer as perguntas parceladamente ao longo do tempo,
porque tudo aquilo que eu aprendi, tudo aquilo que eu guardei, tudo aquilo que eu anotei e
compreendi é o que eu dialogo com todos que querem.

8. Ainda existe a gravação da primeira vez que você foi [no encontro espiritual]?
Gravação? Algumas que eu consegui guardar e estou tentando transformar, de fita
magnética, num CD. Mas eu tenho todos os encontros datilografados, porque Maria Lúcia6
também entrou nesta história. Tinha propriedade de datilografar muito bem. E aquilo que o
general gravava, aquilo que nós gravávamos, ela datilografava e distribuía para todos aqueles
cinco que começaram7. Só que eles não guardaram e eu guardei tudo.
Lembro-me de ouvir uma frase que só compreendi 10 anos depois. Quando aquela
Entidade chamada Akron, o sacerdote Akron, me disse: Sois o receptáculo de Akron, eu achei
aquilo muito interessante, mas não me aprofundei. Achei que foi uma gentileza. Dez anos depois,
procurei no dicionário o que quer dizer “receptáculo”: lugar onde se guardam as coisas. Eu guardei
todas as coisas até hoje. Não há acasos nem coincidências.
Então é essa experiência, é essa compreensão que tivemos com milhares de pessoas,
muitas, muitas. Só em Brasília, foram 6.000; no Rio de Janeiro, não sei quantas. Muitas
experiências, muita compreensão. Depois, na vida prática, com isso que viu, assistiu, participou e
compreendeu, passa a compreender mais.
Representou assim uma riqueza fabulosa, que me permite, hoje − e está sendo gravado
pela primeira vez –, podermos conversar sobre essa experiência pessoal em relação àquilo que foi

6
Maria Lúcia Távora Gil; Zornay era o seu nome místico.
7
Adamazildo, Floriano, Pedro, Roberto e Ginez.

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compreendido. E, ao passar adiante, saber também se será compreendido de outra maneira,


porque temos que respeitar a liberdade de cada um de entender como queira.

9. Partimos do início, do primeiro toque, da primeira palavra sagrada. Pode-se dizer ali que você
foi tocado por Deus?
Sim. Todos são tocados por Deus. Fui tocado de certa maneira, para uma determinada
finalidade, por alguém que poderia fazê-lo, a fim de me despertar para uma razão maior da qual
eu fazia parte.
Simplesmente, se você admitir que temos pai e mãe espirituais... Sendo pai e mãe
espirituais, há uma família: seus filhos e filhas. Aquele momento foi o encontro de uma família
espiritual. A Entidade que compareceu − na sua razão como pai, ou futuramente na sua
contraparte, como mãe e mulher − me tocou, despertando, dentro de mim, tudo aquilo que eu já
possuía, para que eu pudesse compreender e, com isso, transformar a minha vida normal, como
qualquer ser humano normal, por causa do perigo que acarreta o fanatismo, o misticismo.
Por isso, aquele início foi muito místico. Depois, transformou-se em filosófico e, na
sequência, místico-filosófico. Bem ajustados, transformaram-se numa forma de viver que me
permitiu chegar a este momento com a visão, a compreensão e a tranquilidade de me conhecer
naquilo que foi possível e conhecer os demais que se assemelham a nós, porque também fazem
parte de famílias espirituais.

10. Deus, se assim permitir...


Podemos falar “Deus”. Onde é que Deus não está? É a primeira coisa. Está em tudo e em
todos.
Até nos momentos difíceis, negativos, em que o homem aufere aquela energia negativa, seja em
pensamento, seja em ato...
Ele está porque Ele é a energia sustentadora, alimentadora de tudo e todos. Apenas a
mente humana tem a capacidade de transformar uma energia fabulosa em positiva e negativa e
neutralizá-la. O ser humano não esclarecido permite que certas forças passem a usá-lo, e não ele a
manipulá-las. Mas o ser humano esclarecido, com a sua inteligência despertada, passa a fazer a
coisa conscientemente e no sentido correto. Então, esse despertar de se autoconhecer é que faz
com que sintamos, dentro de nós, aquilo que existe em tudo e em todos.
Deus está em tudo, está em todos. Está adormecido no mineral que encontramos; está
ainda um pouco sensível dentro dos vegetais que temos em torno de nós; com uma percepção
muito interessante dentro do animal, mas só desperta no ser humano. Então, o ser humano é
aquele que contempla a natureza e tudo o que existe como realmente é. Mas quase sempre vai
procurar fora, na sua visão exterior, aquilo que ele acha que é importante. É preciso conhecer
também, mas é preciso que ele conheça o outro lado interno.
No dia que ele começa a compreender os valores que possui internamente, que é esta
força maravilhosa, divina, Deus, Amom, Allah – seja qual for o nome que quiserem dar à força −,
ele, ao encontrá-la, compreendê-la e se entrosar com ela, passa a desfrutar de tudo aquilo que ela
proporciona. E aí a vida muda, sem ser mudada. Apenas passamos a comungar e a exercer essa

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atividade dupla: do divino que se manifesta no humano e do humano que se entrosa no divino
que está dentro de si.

11. O Divino precisa ser manifestado através de Entidades?


Veja bem, ele já se manifesta em tudo na natureza. O universo inteiro é uma manifestação
do Divino, seja no macrocosmo, seja no microcosmo. O que acontece é que o ser humano, na sua
capacidade de renascer ou fazer fluir através de si tudo aquilo que possui, não se conhecendo
como verdadeiramente é, não faz o entrosamento consciente. Em determinados momentos, ele
sente que algo o orienta, algo o faz sentir-se mais feliz, algo o consola; enfim, algo o faz entender
determinadas coisas que até então não tinha visto. É preciso conhecer a sua dualidade − portanto,
todos os valores estão dentro − para fazer com que a alma humana se entrose com a natureza
divina do outro lado, que ele também possui e que o impulsiona para frente.
E vamos, então, na busca exatamente do por que das coisas, o que somos, porque somos,
para que somos. Assim, verdadeiramente prestando atenção naquilo que os mais sábios deixaram
por meio de livros e ensinamentos e, sobretudo, na sua própria vida de relação com tudo,
somando tudo isso, você começa a prestar atenção e encontrar as razões de Deus existir dentro de
nós e dentro de tudo ao mesmo tempo.
Nós não necessitamos marcar um dia, uma hora ou um determinado lugar para encontrar
Deus. Ele está a todo momento conosco. Somos um reflexo dele. Portanto, se somos um reflexo,
eu e o Pai, nós e o nosso Pai somos um só. Quando digo pai, digo mãe. E no dia que tiver esta
compreensão e esta aceitação, o que acontece? Se você pedir para dentro, você terá tudo o que
precisa. Mas estamos acostumados a pedir para fora.
Precisamos imaginar Deus como algo imponderável, fora, inatacável, longe, difícil,
intangível? Não! Há uma frase sábia que diz: “Deus dorme nos minerais, sonha nos vegetais, sente
nos animais, mas só desperta no homem.” Esse despertar é que nos conduz à busca que você está
me indagando neste momento e de tantas coisas que, logicamente, necessitam de composição
paciente, racional; de se esclarecer as coisas como são, ponto por ponto, para que se possa então
entrelaçá-las, a fim de se conhecer o menor e o maior, que estão, ao mesmo tempo, expressando
a manifestação divina em tudo e em todos.

12. Como é feita a preparação antes das encarnações?


Temos um pai-mãe espiritual que, ao receber as experiências da família espiritual de 10
personalidades humanas, o que ele faz? De cada uma que volta ao seu seio depois de uma
experiência reencarnacional individual, ele analisa todas as relações e todas as experiências feitas
por aquela personalidade humana, verificando quais foram as qualidades adquiridas e quais foram
os defeitos que necessitam ser corrigidos. E o que faz esse pai-mãe?
De posse daquelas experiências, do conjunto que possui, ele reformula a programação
para uma nova personalidade com aquilo que é preciso corrigir, com aquilo que é preciso
aproveitar como conquista, utilização, para que, na próxima experiência de uma nova
personalidade criada com base nas anteriores daquela linha evolutiva, ela venha com
possibilidade de fazer melhor e mais, até um determinado momento em que passa a se conhecer
naquela vida reencarnacional. No momento em que se conhece e se reconhece, começa a fazer,
cada vez, mais e melhor.

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13. Qual o objetivo final?


Perfeição. O objetivo divino em tudo e em todos, seja no universo inteiro, seja no micro
universo, é a perfeição. A perfeição só se consegue por meio de aprimoramentos do imperfeito.
O que foi a ideia inicial? Vida-energia, a projeção de uma energia. Várias e várias
programações para que pudéssemos, ao longo do tempo, no retornar, no vai e vem destas
experiências, chegarmos à meta final: vida-consciência. Isto é, partimos inconscientemente para
um objetivo final, que é totalmente a consciência. O ser perfeito que se espelha numa
manifestação humana consciente de tudo é a realização maravilhosa. É o divino que se humanizou
para que o humano se divinizasse, através das sucessivas experiências.

14. E Jesus Cristo?


Ele foi a manifestação de uma Força superior que veio para ensinar à humanidade uma
determinada atividade importante, sobretudo relacionada com aquilo que no seu tempo não
existia: o amor. Eram tempos de ódios, de vinganças, de conflitos, uma lei duríssima. E o homem,
no meio dos ódios, dizer amai-vos uns aos outros como a vós mesmos, trouxe a mensagem e, além
da mensagem, o sacrifício dele fez por onde a humanidade ter que pensar, refletir e reformular
suas vivências.
É aquilo que se chama o “avatar”. É uma manifestação divina encarnada, através de um ser
humano igual a nós, dando-nos uma lição de vivência, de conhecimento, de exemplo. Outros já
vieram e, na época atual, outro já chegou.

15. Quais foram os outros?


Muitos, muitos, muitos, mas um, antes de Jesus, foi no Egito de 5.000 anos atrás. No
presente momento, é no Brasil. É um casal, porque também no tempo de Jesus foram duas
personalidades humanas; sempre são dois. No momento, o homem e a mulher têm a incumbência
de trabalharem dentro daquilo que compete nesta época, que é a harmonia.
A harmonia está relacionada com o quê? Com a sabedoria. Por quê? Harmonia é equilíbrio.
O que nos conduz ao equilíbrio? É quando conhecemos aquilo que nos desequilibra e sabemos
como fazer a reparação para nos reequilibrarmos. No momento em que você conhece a dualidade
dos acontecimentos, das forças, da atuação, da vida e conhece bem, você estabelece o quê? Um
ponto de equilíbrio entre ambas. Por isso, a sabedoria hoje é fundamental e essencial.
É dentro deste sentido que eu, dialogando com você e tantos outros mais, aprendi o que
significa a minha meta: tentar passar o impulso a cada um, para que, por meio da sabedoria,
consiga estabelecer seu próprio equilíbrio.

16. Traçando uma ordem, Akron foi o primeiro?


Sim, perfeitamente. Naquela ocasião, ele representou, dentro de uma fase desta energia, o
início de uma etapa na qual não tinha consciência daquilo que seria. Por isso, houve o sacrifício
físico − foi queimado vivo.
No tempo de Jesus, foi crucificado no madeiro, representando o quê? A experiência
dolorosa física de uma época de ignorância, de brutalidade e da falta do sentimento, que ele, no
entanto, pregou com o seu sacrifício.

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E o atual? Qual seria? São os sentimentos. O sacrifício não é mais físico, mas dos
sentimentos. É a moral, é a falta do amor, é a incompreensão e a vaidade, que fazem com que as
criaturas se separem cada vez mais.

17. Necessariamente, ele vai se sacrificar? O casal vai se sacrificar?


Já está sendo sacrificado nestes aspectos: no relacionamento moral, nas atividades com os
seus próximos, seus semelhantes, na dificuldade que é esta vivência no meio em que vivemos,
onde poderes diferentes, corrupção, tantos valores estão invertidos, sobretudo a moral.
Por isso, o símbolo destes Seres em nosso meio é a flor de lótus. É aquela flor que nasce na
lama, mas cresce pura, intocável e maravilhosa e se abre no ar, depois que passa por aquela massa
terrível do charco, da água estagnada. Então teremos que ser como a flor de lótus.

18. Eles vão se abrir para o mundo?


Já estão abertos para o mundo, já são criaturas humanas feitas. Estão aí, estão neste Brasil,
estão em torno de Brasília.
Nós viemos − digo eu e meus irmãos, minha família espiritual, outras famílias espirituais −
para preparar o caminho daqueles que deveriam se defrontar com eles e receberem seus
ensinamentos correspondentes à nossa era, à nossa época, chamada “Era de Aquário”. É este o
meu papel, encarnado ainda − uma vez que os meus outros irmãos já partiram −, de esclarecer,
com as obras que criamos e publicamos, levando-as adiante por este mundo afora, para que a
conscientização de tudo isso faça com que ocorra a transformação em cada qual.
Por isso, agora é a hora de dialogar aquilo que cada um desejar, trocar ideias, esclarecer,
porém jamais impor ideias ou pensamento nenhum. Mostrar que por detrás de tudo isso existe
um grande programa, um grande programador e uma grande missão, finalidade. O mundo tem
que se transformar para poder viver em paz.
Todas as flores de lótus que estão ainda surgindo, e vão surgir, precisam se transformar em
verdadeiras flores maravilhosas e não serem sufocadas ou sequer crescerem no lodo onde elas
surgem. Esta é a minha finalidade. É a primeira vez que eu falo desta maneira a alguém sozinho,
viu? Está lá registrado. Mas pode continuar o que você quiser, meu querido. Cada um que vem é
uma forma de perguntar e de esclarecer.

19. Que esclarecimento tem que ser feito agora? Qual é a mensagem que tem que ser passada
para que este casal consiga atingir o objetivo deles?
Este casal não precisa passar mensagem, pois tem a sua razão de ser e a sua finalidade já
dentro de si. Eles vêm para vivenciarem isto. Mesmo que lentamente, progressivamente, eles se
despertam para a sua razão de ser. Mas para isso, eles estão sendo preparados.
Você pensa que Jesus também não foi preparado? Quando Herodes andou perseguindo as
criancinhas, quando aquele mundo ameaçou tirar aquela criatura que necessitava dar a sua
missão, ele não foi para o Egito? E lá não foi recebido por uma comunidade, a Fraternidade dos
Essênios, que o acolheram? E um deles não foi encarregado de ser o preceptor e orientador dele?
Foi! É evidente que em nosso meio também as orientações de alguém estão sendo passadas para
esses que têm que cumprir sua tarefa, alguma coisa.

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20. Menhenúfis?
Uma parte, eu ajudo. Eu tenho consciência do que devo fazer. Mas tudo que está em torno
de alguma coisa, quantas e quantas experiências estão sendo feitas? Eu poderei esclarecer
determinadas finalidades mais profundas, mas é preciso que essas criaturas convivam com o meio
em que vivem da maneira como eles são.
Jesus, depois de preparado dos seus 14 aos 21 anos − e tanto se diz que ele desapareceu −,
ele voltou, sabendo o que o aguardava. E ele voltou o quê? De cabelos loiros, olhos azuis,
compleição atlética? Nada disso! Ele era simples, magrinho, pequenininho, cabelos pretos. Ele se
misturou com o povo daquele tempo como ele era, como o povo era. Por isso mesmo, misturado
com o povo, quase que viveu no anonimato certo tempo. Ele era igual aos simplórios, aos
pecadores, pescadores de almas, como ele dizia de Pedro e todos mais.
Mas o que ele dizia, numa época difícil − e trazia alento, trazia esperança, confiança, amor
para aquelas criaturas sofridas −, é que atraía, em torno deles, aquelas almas que procuravam,
dentro do ódio existente, do olho por olho, dente por dente, alguma coisa que as fizessem se
sentir mais aliviadas, alimentadas por outra esperança. E começaram a se aglutinar em torno deles
por aquilo que ele falava. E começaram a prestar atenção naquele homem igual a eles, simples,
que se misturava às prostitutas, bêbados, cobradores de impostos. Não importava para ele a
origem social. Importava para ele é aquele meio em que ele veio, para que, se misturando,
passasse aquilo que ele tinha que passar, aquela mensagem do amor que não se tinha.
E logicamente preparado pelos essênios, com condições metafísicas e metapsíquicas que
deram a ele, como Iniciado que o foi, ele podia fazer determinadas coisas que causavam uma forte
impressão. Ele não transformou a água em vinho? E tantas coisas mais, aquele pedido de alguém
que precisava de uma coisa.
Primeiro, ele não procurava ninguém. Ele aguardava aqueles que o procuravam, aqueles
que vinham ao seu encontro. Então, isso é muito diferente daquilo que se conta até hoje. Mas
aqueles que vinham ao seu encontro, ele os ouvia pacientemente, via o que cada um queria e
fazia, com os meios e instrumentos que possuía, alguma coisa. Isso começou a marcar, atrair mais
pessoas, até que chegou ao conhecimento dos sacerdotes, das autoridades que tinha um homem
que fazia isso, fazia aquilo, aquilo outro. E essa criatura que, até então, era desconhecida começou
a se tornar conhecida e isso incomodou as autoridades, não os romanos inicialmente, mas os
próprios sacerdotes que dominavam, naquele tempo, tudo e todos.
E começaram a chamá-lo de “rei dos judeus” e isso incomodou Herodes.
Automaticamente, Roma começou a tomar conhecimento que tinha alguém diferente e mandou
investigar, não encontrando nada que pudesse incomodar de pronto. Mas os sacerdotes se
sentiram incomodados, pois era um risco muito alto ter uma personalidade muito forte, simplória,
no meio daquele povo, que cada vez se juntava mais em torno dele para ouvir o que ele dizia.
No momento em que ele passou a incomodar verdadeiramente os poderes religioso e
militar que ali estavam, disseram: Vamos anular a possibilidade de alguém se tornar um líder
perigoso. No entanto, era um homem simples, um homem que quando chegou à porta do templo
sagrado e encontrou aqueles vendilhões, mercadores vendendo mercadorias, ficou tão revoltado
com a falta de respeito, que jogou aquilo tudo para fora, mostrando que era um homem comum
como outro qualquer.

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21. Este é o segredo da transformação, confundir-se com a massa?


Não é só se confundir com a massa. Ele tinha dentro de si um valor que era distinto em
relação àqueles que o cercavam, pela evolução que ele alcançou e a missão que teria que fazer.
Mas ele se tornou igual a qualquer outro.
Nem todos têm discernimento para ver mais além do que apenas a criatura à sua frente;
não são capazes de perceber quem está ali dentro – a manifestação da força divina que um avatar,
seja homem ou mulher, possui e transmite aos outros. Isso só aquele que está verdadeiramente
despertado e preparado pode perceber.
Por isso, no momento, como encontrar Flor de Lótus (o avatar)? Tornando-se igual a ele. Se
ele é harmonia, se ele é paz, se ele é amor, a criatura que estiver dentro dessa triplicidade, pronta,
sintoniza-se automaticamente com ele e acabará se defrontando com ele. Se haverá o
reconhecimento ou não, talvez o coração sinta que é. Muitas vezes pode estar diante e não saber
quem é. Por isso, naquele tempo, ninguém conseguia identificar verdadeiramente quem era
aquele homem.
Mas tinha que cumprir sua tarefa, seu sacrifício. E aqueles que vieram depois dele
transformaram e modificaram tantas coisas que ele fez, tantas coisas que ele falou, que hoje o que
nós recebemos é uma fração modificada da realidade. Porém, o que ele fez, o que ele
verdadeiramente deixou, algumas coisas foram transmitidas para nós porque, naquele tempo,
convivemos lá.
O nosso Mestre era um participante da ocasião. Eu era uma mulher numa determinada
maneira. Por isso, quando fomos a Israel, 1980, antes de irmos para o Egito, percorremos os
mesmos caminhos, os mesmos lugares, mas sabendo, de certa forma, a realidade daquele tempo
que fomos lá reviver, ou melhor, recordar, sabendo agora daquilo que fizemos no passado.

22. O Mestre [Akron] se manifestou na figura de quem naquela época?


José de Arimateia. Portanto, um participante muito importante e muito ativo. Ao relatar
para nós, como José de Arimateia, o que aconteceu naquele tempo, os esclarecimentos tornam-se
fidedignos, dignos de toda consideração, cuidado e respeito. Eles dizem mesmo da própria
filosofia que Jesus pregou, que nem as Escrituras falam disso. Muita coisa foi modificada,
fantasiada, alterada, adaptada.

23. Existiram os milagres? Por quê?


Sim, lógico. Porque ele, como Iniciado, tinha condições de fazer as transmutações
metafísicas e metapsíquicas que ele dispunha, como possibilidade, em si.

24. Será necessário realizar milagres neste tempo?


Se ele achar que possa fazê-los. Tudo depende do momento, depende da situação,
depende da programação que ele tem que fazer.
Será que é necessário fazer hoje um efeito físico ou uma transformação moral? Ou um
despertar de consciência? Muitas vezes, um efeito físico se torna muito importante. E uma
transformação interior? Um despertar de outra maneira? Acredito que o tempo de Aquário seja a
compreensão ampliada.

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25. Não apenas a manifestação.


Não há necessidade de manifestação física, transformar isso naquilo. Para quê? Mas talvez,
naquele tempo, com a forma intelectual ainda muito reduzida, um efeito físico era muito forte.
Eu e Maria Lúcia − chamamos de Zornay, seu nome místico –, quando fomos ver
materialização, fomos para quê? Para ver como era, o que se apresentava. Falava-se tanto, dizia-
se que era animismo, que eram coisas falsas e tem coisas falsas em tudo. Chegamos lá e vimos
realidades que são incríveis.
Materialização é uma maneira, muitas vezes, para aquele que é cético, aquele que não
acredita em nada. Então, diante de uma manifestação mediúnica física, que você não pode
modificar, você tem que aceitar e ir procurar estudar, porque é possível. Aliás, se diz que, dentro
das características da mediunidade, o efeito físico é o mais simples. Tem tantos outros.

26. Quais são os outros?


A visão metafísica, a audição...
Eu já ouvi, dentro de mim, uma mensagem que recebi, de uma força gigantesca. Fui
preparado, tive todo o cuidado de não interferir. Eu teria que ouvir a mensagem e transmiti-la, e
não sabia qual era.
Nós fizemos um circuito de sete cidades; visitamos sem saber disso. Apenas sabia que
conviria estar em determinado lugar, no mês de maio8. E, subitamente, naquele lugar, eu fui
sacudido dentro de um fusquinha, às 6h da tarde. Disse para Zornay:
— Mãe, vamos fazer uma vibração de paz, amor e harmonia para a humanidade antes que
chegue o momento?
E vibramos dentro do fusquinha, perto do hotel onde estávamos. De repente, eu fui
sacudido. Meu corpo sacudia e eu não conseguia controlá-lo. Escutava uns barulhos dentro do
meu ouvido, alguma coisa falando. E ela calada. Eu disse para ela:
— Estou sentindo isso. O que você acha?
— Eu acho que você está sendo testado.
— Você acha?
— Acho. Estão vendo se você tem possibilidade de alguma coisa.
Muito bem, no dia seguinte eu sabia o lugar, sabia o que tinha que fazer, tudo direitinho.
Fui e escutei a voz falar a mensagem dentro da minha cabeça.

27. Qual foi a mensagem? Você lembra?


Ah, foi linda, foi linda! Eu corri para debaixo de um poste de luz, numa descida, peguei a
esferográfica e escrevi direitinho aquilo que eu ouvi. E aquela voz pausada, serena, tranquila
dentro de mim.
Lembrar ipsis litteris tudo? Está dentro de mim. Mas eu tomei nota daquilo, gravei e passei
a muitas pessoas. Sabia que eu teria que fazer uma coisa, mas não sabia como teria que ser feita e
8
Wesak.

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a preparação que teria que ser feita. Então isso são experiências metafísicas que se tem. Eu tive
essa experiência.

28. Foi uma revelação?


Foi a oportunidade de servir a um propósito. Também foi uma oportunidade fabulosa ir ao
Egito, em 1980, onde visitamos sete lugares com sete acontecimentos diferentes e inesperados.
Levei coisas de 1963; Zornay tinha sonhado com elas. E encontrei os lugares que nunca tinha visto.
Fui num determinado lugar com ela e mais um casal. Incrível, difícil! Podíamos ter sido
assassinados e não fomos. Nesse lugar, a Entidade compareceu e fez a minha consagração. Isto é,
eu fui ungido no Brasil e fui consagrado no mesmo lugar em que, no passado, os hierofantes
também eram consagrados. Poucos turistas vão nesse lugar.

29. Por que foi nesse local?


Aquilo que foi feito no passado e repetido nesta vida me dá todas as oportunidades de
usufruir tudo aquilo que eu tenho já despertado dentro de mim – uma complementação. E o
nosso Mestre, a Entidade, compareceu três vezes lá.

30. Akron?
Exato. Compareceu uma vez dentro de um lago salgado, compareceu nesse templo e
compareceu em Mênfis, no final. Porque o meu nome místico – Menhenúfis – é o nome
verdadeiro de Mênfis. Mênfis é uma corruptela do nome antigo, chamado Menhenúfis.
E ela (Entidade) compareceu e disse: Tudo está terminado aqui, tudo está feito. Vocês
vieram buscar as forças que estavam aqui e vão levar para o Brasil, porque tudo tem que ir para lá,
porque lá vai começar outra coisa. E realmente, depois de 1980, viemos para Brasília e trouxemos
todas as coisas para cá, porque todo o movimento da Era de Aquário está aqui no Brasil, em
Brasília.
Então começamos todo este trabalho, aqui, de esclarecer. Tivemos uma escola
sincromática de conhecimentos durante vinte e tantos anos. Publicamos livros de sabedoria,
daquela vida do passado. Toda aquela vida do passado se repetiu nesta vida: o mesmo general, os
mesmos companheiros — só que, naquele tempo, o general era da espada; nesta época, foi
general da intendência, da pena. Eu sou o mesmo daquele passado. Maria Lúcia era a mesma
daquele passado. E quem sabe, você também que está diante de mim seja daquele passado.

31. Por que não?


Não é incrível? É!
Então esta é a razão porque ainda continuo, para poder esclarecer aqueles que querem
alguma coisa, trocar ideias, aprender, porque também a gente aprende. Estas perguntas que você
faz não fazem refluir de dentro para fora tanta coisa? E a gente, ao relembrar, tem outra visão,
como hoje de manhã tive uma visão incrível com uma irmã-aluna que veio, porque ela abordou
aspectos que até então não tinham sido abordados.

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32. Que aspectos?


Ah, de conhecimentos de uma família espiritual, de outras coisas superiores etc. Cada um
tem uma maneira, tem uma agenda. A sua agenda está ampla, da maneira como você está
conduzindo. Suas perguntas é que me conduzem a acompanhá-lo. O que mais?

33. Por hoje está bom. Só uma última mensagem.


Viva e irradie paz, amor e harmonia para a humanidade. Ame seus pais e procure fazer da
sua vida um exemplo. Seu pai e mãe espirituais, que te criaram e estão juntos de você, estão te
alimentando para que você seja algo que, no presente, vá representar coisas fantásticas esperadas
de você.
Seja simples, não seja vaidoso. A pior coisa é a vaidade. Preste atenção a tudo o que vier ao
seu encontro, porque está sendo encaminhado aquilo que convém e que é importante que você
participe e faça.
E o resto? Vire-se para dentro e converse com você, pois alguém te contempla − um pai e
uma mãe sábios, maravilhosamente amorosos. Você tem um casal de fora e um casal de dentro.
Tudo é duplo! Os de fora fizeram, fazem e continuarão preparando você, mas não poderão fazer
aquilo que, como força, vem de dentro, através de você, para complementá-lo.
Mas viva, sobretudo, uma vida normal, da idade que você tem, das coisas que precisa
fazer. Não altere para lá nem para cá, porque aí vem o perigo, que é o misticismo, o fanatismo, o
desequilíbrio, por querermos ser além daquilo que devemos ser ou antecipar as coisas que tem o
seu tempo de ser. Deixa tudo fluir naturalmente.
Você não vai agora para a OAB fazer naturalmente o que tem que ser feito? E toda vez que
você quiser conversar, trocar ideias, faça. Só que eu sei que agora você vai gravar. É a primeira vez
que se grava. Depois você me diz se ficou tudo direitinho, arrumado. Você é muito inteligente e
esperto.

Muito obrigado pela tarde.


Esta palavra eu não conheço.

Agradeço.
Ah, meu querido! Jet9 irmão!

9
Jet: termo egípcio que significa “salve”, “graças”.

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