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O Desdobramento dos Problemas

A História da Rã e uma Mudança de Perspectiva

Numa manhã ensolarada, uma grande rã decidiu engolir toda a água que havia na Terra.
Sentou-se orgulhosa, saciada. Parecia uma montanha de água, e a pele azul e verde ficara qua-
se que transparente sob a tensão. De tão pesada, nem conseguia se mexer. Por isso, ficou ape-
nas ali sentada, olhando para todos os animais e os seres humanos reunidos à sua frente. “O que
vamos fazer?!”, gritaram todos os seres vivos. “Vamos todos morrer se ela não devolver os rios,
os córregos e os oceanos.” Passaram três dias rezando e implorando para que a rã soltasse as
águas. Mas a rã nem se mexia. As crianças choravam, os idosos sofriam, e, no horizonte, a
areia do deserto avançava lentamente. Era preciso fazer alguma coisa.

Traduzido e adaptado de Gougaud, 2000

Questões para reflexão


• Qual seria sua atitude? O que você faria para que a rã abrisse a boca e libertasse as
águas? Escreva suas idéias.
• Você consegue imaginar mais de uma solução? Em caso afirmativo, anote-a.
• De onde vêm as soluções que você propõe? Que experiências de vida podem ter
inspirado essas soluções? Você já se submeteu a métodos semelhantes ao resolver
outros problemas? Explique.

UM NÚMERO LIMITADO DE possibilitar outras opções. Você simples-


OPÇÕES mente não consegue imaginar uma solução
que esteja fora dos discursos sociais que in-
Na maioria das vezes, as soluções que fluenciaram sua vida, a menos que essas so-
nos surgem são influenciadas pela nossa cul- luções estejam de certa forma expostas. Na
tura. As culturas podem influenciar as op- América do Norte, a reação comum a essa
ções que estão disponíveis, e também im- história envolve agressão e ação individual.
22 MARIE-NATHALIE BEAUDOIN • MAUREEN TAYLOR

A atitude da maioria das pessoas – até ginada com mais facilidade em certas cultu-
mesmo de profissionais da área da saúde ras, o que não quer dizer que nessa história
mental e de educadores participantes de o riso seja a solução ideal. As soluções não

um workshop para a prevenção do bullying têm necessariamente um valor em si mes-
– seria empurrar a rã, bater ou dar um tiro mas. Importam realmente o acesso a uma
nela. Isso simplesmente demonstra que, variedade de soluções e a possibilidade de
apesar de nossas melhores intenções e de escolher uma que corresponda aos valores e
nossa postura mais sincera contra a agres- às intenções pessoais. A agressão vem à
são, somos todos socializados a pensar na mente da maioria dos norte-americanos não
agressão como uma solução. Pessoas de di- apenas como uma solução, mas como a úni-
ferentes culturas sugerem reações diversas. ca solução, mesmo que essa agressão não se-
Por exemplo, indivíduos provenientes das ja condizente com seus valores. Esse exem-
Ilhas do Pacífico Sul, onde essa história é plo serve para ilustrar o poder limitador da
contada, propuseram um final notável: cultura e do contexto no processo de gerar
soluções. Esse tipo de restrição de possibili-
Em busca de uma solução, os animais dades afeta todas as pessoas, todos os luga-
e os seres humanos realizaram uma conven- res, em todas as esferas da vida, tornando-se
ção. Um deles finalmente propôs organizar especialmente evidente em contextos co-
uma festa, na qual cada um poderia tentar mo a escola, onde existe uma pressão social
fazer a rã dar risada. E foi assim que, um particularmente forte no sentido de se se-
por um, cada um deles experimentou apre- guir determinadas normas.
sentar sua careta mais idiota, sua dança Por exemplo, um professor leva seus alu-
mais engraçada e seus saltos mais criativos. nos para uma reunião. Um dos alunos movi-
A rã, ainda que obviamente interessada, menta-se e fala agitadamente. Diversos pen-
simplesmente não se mexia. Por fim, uma samentos passam pela mente desse professor:
cobrinha, que até o momento mantivera-se
bastante quieta nessa jornada, começou a se • “Ele está gostando tanto de desempenhar
revirar de um lado para o outro, como se esse papel. Fico feliz em ver isso.”
um ser imaginário estivesse fazendo-lhe có- • “Será que ele vai perder o controle; talvez
cegas. Primeiro a rã soluçou, tentou recupe- eu devesse acalmá-lo agora.”
rar a compostura, mas, incapaz de controlar • “O que é que os meus colegas e o diretor
sua risadinha, explodiu em uma gargalhada vão pensar se eu não fizer nada?”
que acabou expulsando todas as águas de • “E se todas as crianças começarem a
dentro de sua boca gigante, reabastecendo a achar que também podem agir dessa ma-
Terra e os seres vivos com seus oceanos, neira?”
córregos e rios.
Esses pensamentos só ocorrem em cultu-
Provocar o riso em um oponente é ape- ras e em modelos de educação nos quais se es-
nas uma das muitas opções possíveis para se pera que os professores mantenham o contro-
solucionar o problema. É uma solução ima- le sobre um grande número de alunos, e nos
quais esses profissionais são avaliados por seu
* N. de T. Tipo de intimidação direta ou indireta cujo leque de
desempenho. Esse professor não pensaria, por
possibilidades varia desde simples gozações em tom ofensivo até exemplo, no seguinte:
atitudes mais violentas que empreguem a força física. Dentre os
elementos desencadeadores desses ataques estão a incapacidade de • “Hoje ele está possuído por um espírito
se lidar com as diferenças em termos de raça, status, aparência, etc. maligno.”
BULLYING E DESRESPEITO 23

• “Ele está envergonhando toda a sua fa- tuação problemática, será que essa pessoa
mília em público.” pode simplesmente escolher sua opção fa-
• “Quando ele se der conta de que está vorita? Infelizmente, não. Mais uma vez, os
perturbando a comunidade, ele vai ficar pensamentos do indivíduo geralmente esta-
muito constrangido.” rão sujeitos a um filtro cultural daquilo que
é aceitável em um contexto específico,
• “Espero que o mais velho da turma logo diante de protagonistas específicos. Se vi-
lhe peça para se aquietar.” sualizarmos as soluções como chaves para
Esses pensamentos não caberiam à cultu- resolver problemas, então o impacto da cul-
ra norte-americana dominante, mas se ajus- tura é limitar o número de chaves ao qual o
tariam a outros países que tenham estruturas indivíduo tem acesso em uma determinada
sociais diferentes. O contexto cultural da vi- situação (ver Figura 1.1).
da do indivíduo influencia as opções que Consideremos o exemplo de um aluno
vêm à mente em uma situação de desafio. envolvido com o bullying. Antônio, aluno
a
da 4 série, era fisicamente maior e mais for-
te do que a maior parte dos outros estudan-
ELIMINAM-SE TAMBÉM AS tes da sua idade. Ele não hesitava em dar
OPÇÕES ÚTEIS socos ou empurrões nos outros alunos quan-
do um jogo não estivesse evoluindo como
Uma vez que um indivíduo considere desejava. Antônio intimidava a maioria dos
a
uma série de opções para lidar com uma si- alunos, incluindo os da 5 série, por ter um

Filtro proveniente
de discursos
culturais mais
amplos

Filtro proveniente
de especificações
subculturais

Figura 1.1 A cultura limita o acesso a uma ampla variedade de soluções.


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porte físico mais desenvolvido do que os tou-se a sua experiência de vida e ao que ele
outros e por ser faixa marrom no caratê. Na aprendeu a acreditar. Assim como muitos
época em que foi encaminhado ao aconse- alunos envolvidos com o bullying, devido ao
lhamento, vinha sendo mandado à secreta- treinamento cultural que recebera, Antô-
ria quase que diariamente, e levava suspen- nio eliminava essas opções sem ao menos
sões escolares regulares. Todo mundo ha- pensar a respeito delas. Como mostra a Fi-
via conversado com ele, criado planos dis- gura 1.2, seu treinamento cultural criou po-
ciplinares especiais, pedido para que refle- derosos bloqueios, que fizeram com que ca-
tisse sobre as conseqüências dos seus atos, da uma dessas opções apresentadas fosse
consultado os pais dele e tentado uma va- considerada muito desagradável.
riedade de programas de modificação com-
portamental – tudo isso em vão. A maioria
das pessoas conseguiu imaginar um grande TODOS TÊM OS MESMOS
número de opções que não envolvessem BLOQUEIOS CONTEXTUAIS?
agressão, compartilhando-as com ele. A
seguir estão algumas das opções sugeridas a Os bloqueios contextuais originam-se
Antônio: nas experiências das pessoas com um con-
junto mais amplo de especificações culturais.
• Prefira simplesmente afastar-se dos pe- Entendemos por especificações os “deveres”
quenos aborrecimentos e não reagir a específicos geralmente atribuídos aos mem-
tudo. bros de uma cultura. Por exemplo, nos países
• Expresse sua frustração de outras ma- ocidentais, acredita-se que as crianças de-
neiras. vam aprender a pensar por si mesmas ou a ser
• Explique sua frustração e fale sobre independentes. Esses deveres são especifica-
ela em vez de dar socos. ções resultantes de um discurso cultural mais
amplo, de individualismo, no qual espera-se
• Dê aos outros uma chance – você não
que os indivíduos operem com autonomia.
pode vencer o tempo inteiro.
Esses deveres (ou seja, essas especifica-
• Peça ajuda ao professor quando esti- ções) não são inerentemente ruins, mas po-
ver em conflito com outros alunos, dem produzir efeitos negativos em certos
em vez de tentar resolvê-lo sozinho. contextos, e certamente limitam opções.
• Compreenda que às vezes não é culpa Um conjunto específico de deveres de uma
de ninguém, e é só a situação que é cultura tem um impacto significativo sobre
frustrante; a frustração é uma parte os tipos de problemas que surgem. Por exem-
normal da vida. plo, a anorexia só pode se desenvolver em
uma cultura que valorize a magreza; o roubo
• Quando uma situação parece injusta,
só pode se desenvolver em um contexto de
tenha confiança de que seu professor,
distribuição desigual de recursos, ou de valo-
o diretor e o orientador educacional
rização das posses materiais, ou em ambos os
apoiarão você; é preciso que você
casos; a violência doméstica, na maioria das
lhes dê uma chance de ajudá-lo.
vezes, ocorre em culturas nas quais os ho-
Apesar de essas opções parecerem per- mens têm mais poder do que as mulheres; o
feitamente razoáveis para muitos, nenhuma bullying geralmente acontece nas culturas em
delas o foi para Antônio – nenhuma ajus- que os meninos precisam mostrar que são
Bloqueio à Opção 1: Você não po-
Bloqueio à Opção 7: Você não pode, por- de, porque foi criado para ser du-
que o professor provavelmente não acre- rão; se você deixar por isso, nin-
ditará em você, ou o acusará de estar guém vai respeitá-lo. Se você não
mentindo ou fazendo fofoca. Você perten- Opção 7: Se um aluno gosta de alguma coisa, tem o direi-
ce a um grupo que é geralmente margina- xingar você, pode con- to de mostrar isso e ficar frustra-
lizado, discriminado e visto com descon- tar ao professor, e espe- do/agressivo.
fiança pela cultura dominante. Opção 1: Você poderia optar por
rar que as pessoas acre- simplesmente deixar por isso,
ditem em você e o não reagir aos aborrecimentos.
apóiem.

Opção 6: Você poderia aceitar Opção 2: Você poderia Bloqueio à Opção 2: Você não
Bloqueio à Opção 6: Você não po- o fato de que, em certos con- expressar frustração de pode, pois não quer parecer
de, porque, se há um problema, textos, a frustração é inevitá- outras maneiras. um maricas ou um fracote.
então ou a culpa é sua ou é de ou- vel. Não é necessariamente Você conhece as conseqüên-
tra pessoa. culpa de alguém. cias.

Opção 3: Você poderia ex-


Opção 5: Você poderia
plicar e dividir sua frustra-
pedir ajuda.
ção com os adultos.
Opção 4: Você poderia re-
conhecer que não é tão
Bloqueio à Opção 5: É melhor você importante vencer.
defender-se sozinho, porque ninguém Bloqueio à Opção 3: Você não
vai tomar seu partido. As pessoas de- pode, porque os adultos não vão
veriam resolver seus problemas sem a ouvir sua opinião. Eles irão se
ajuda de ninguém para não serem um concentrar naquilo que você fez
fardo para os outros. Bloqueio à Opção 4: Você não pode, por-
de errado e o punirão. De qual-
que ou se é um perdedor, ou se é um ven-
quer forma, seu pai talvez queira
cedor. Você deseja estar no topo da hie-
que você lide com essa situação
rarquia. É melhor ser o melhor em algu-
como um garoto, então, mostre
ma coisa (ou seja, nas brigas) do que me-
quem você é.
diano em muitas. É só você se comparar a
outros padrões de sucesso (notas, aparên-
cia, popularidade) e verá como fica para
trás.
BULLYING E DESRESPEITO

Figura 1.2 O treinamento cultural cria poderosos bloqueios que tornam muitas opções impraticáveis.
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durões; os adolescentes somente rebelam-se de tal forma que as relações polari-


contra os adultos naquelas culturas que lhes zam-se entre o poder e a falta de po-
conferem pouco poder na juventude. der (Hall, 1997; Hooks, 1996; Kivel,
Dessa forma, Antônio, ou mesmo sua 2002; Robins, Lindsey, Lindsey, e
família, não inventaram os bloqueios con- Terrell, 2002).
textuais descritos anteriormente. Os blo- • As culturas que revelam crenças adul-
queios geralmente provêm da cultura em tistas geralmente minimizam involun-
um sentido mais amplo. As famílias e as co- tariamente os direitos e o conhecimen-
munidades têm seu papel de enfatizar – ou to das crianças ao assumirem a idéia de
de não enfatizar – certos discursos, bem co- que a idade determina a competência
mo o de acrescentar certas particularidades do indivíduo. Infelizmente, as práticas
às crenças existentes, porém não as criam adultistas geram uma situação na qual
sem interferências externas. No caso de os adultos têm o direito de gritar em
Antônio, assim como ocorre com muitos tom desrespeitoso com os jovens e re-
outros alunos que praticam o bullying, os cebem injustamente mais credibilidade
bloqueios originam-se no patriarcado, no e responsabilidades do que os jovens
capitalismo, no individualismo, no racismo em praticamente todas as esferas da vi-
e no adultismo. da (Zimmerman, 2001). O adultismo
A lista a seguir inclui alguns discursos diz respeito ao abuso de poder, e não se
culturais subjacentes aos bloqueios cultu- refere às responsabilidades normais dos
rais: adultos em relação às crianças.
• As culturas patriarcais geralmente O Quadro 1.1 resume os efeitos comuns
convidam os meninos a ser durões e a desses discursos.
demonstrar a força física (Ashton-Jo- É claro que nem todos são afetados por
nes, Olson e Perry, 2000; Katz, 1999; essas especificações, e a intensidade da ex-
Kimmel e Messner, 1998; Kivel, periência do indivíduo depende da raça, da
1999; Pollack, 1999). classe, do gênero, do status socioeconômi-
• As culturas capitalistas enfatizam a co, da identidade étnica, e assim por diante.
importância de ser um vencedor, de Todos esses discursos interagem de tal for-
ter a razão e de estar no topo da hie- ma a permitir que se crie uma gaiola em tor-
rarquia (Dewey, 1989; Huntemann, no da percepção de opções de uma pessoa
2000; Jhally, 1998; Katz, 1999). (ver Figura 1.3). Em termos específicos, ca-
da um desses discursos é capaz de estruturar
• As culturas individualistas promovem com rigidez as experiências das pessoas e de
um foco sobre as próprias necessidades reduzir o espaço para os indivíduos darem o
do indivíduo, seus desejos e seus direi- melhor de si.
tos, muitas vezes às custas da comuni- Conforme mencionamos anteriormente,
dade; e, o mais importante, a causali- a maior parte dos educadores procura auxi-
dade também passa a se situar nos indi- liar os alunos a pensar em outras opções. In-
víduos, em oposição ao contexto (De- felizmente, quanto mais sérias forem as lutas
wey, 1999; Gergen, 1991). dos alunos, menos eficiente será este méto-
• As culturas que enfrentam questões do. Nossa experiência nos diz que, para que
de racismo estão associadas a proble- ocorra uma mudança – para que os alunos
mas de desconfiança entre as raças, abandonem as práticas do desrespeito e do
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Quadro 1.1
Patriarcado Individualismo Capitalismo
Efeitos sobre as meninas/mulheres • Concentrar-se nos direitos e • Concentrar-se no sucesso, definido
• Concentrar-se nas necessidades e nas necessidades pessoais pela propriedade material ou financeira
dos outros • Alcançar o sucesso pessoal • Operar em um ambiente de comparação,
• Sacrifício • Enfatizar a privacidade de competição e de avaliação dos
• Fazer a gentileza de ser delicada • Lutar para ter o que precisa desempenhos
• Ter boa aparência, mesmo em (por exemplo: cortador de • Dicotomizar as pessoas
uma situação de desconforto grama, carro) • Dicotomizar as pessoas como vencedoras
ou de doença • Entender os problemas e os e perdedoras
• Ser uma boa cuidadora sucessos como se situassem • Criar hierarquias (padrões)
• Expressar emoções dentro dos indivíduos • Permitir a exploração dos recursos, pouco
• Ter um vínculo mínimo com considerando as implicações ao meio
Efeitos sobre os meninos/homens familiares, parentes e ambiente
• Ser durão/forte antepassados • Enfatizar os ganhos futuros em detrimento
• Ser independente ao atual momento.
• Não demonstrar sentimento/ • Dar mais valor ao fazer do que ao ser
emoção
• Sentir-se desconfortável com o Adultismo Racismo, Homofobia, Sexismo
afeto e a proximidade
• Concentrar-se na idéia de ser • Ter as seguintes crenças: • Gerar uma falsa idéia de posse e de
o melhor em algo os adultos têm o direito de superioridade de um grupo em relação
• Desligar-se dos sentimentos gritar, mas as crianças não; ao outro; desenvolver uma intolerância
de medo, de dor, de atenção as crianças raramente em relação às diferenças
aos outros, etc. ganham o poder de tomar • Tornar invisíveis os valores e a riqueza
• Ter interesse em esportes decisões; raramente dá-se da diversidade
• Agir como um protetor a chance de as crianças se • Gerar o ódio a si mesmo e a falta de
expressarem, ou pede-se suas autoconfiança nos grupos oprimidos
opiniões; os adolescentes • Lutar pelo poder, o que pode incluir a
rebelam-se e não sabem o violência
que pensar ou o que querer, • Sofrer medo, isolamento, desconfiança
já que a ordem é sempre • Ter crenças limitadas, estereotipadas
escutar.

bullying –, é preciso explorar tanto as opções cipais elementos que colaboram para os
quanto os bloqueios contextuais de um mo- problemas do desrespeito e do bullying. En-
do que seja relevante para a vida dos alunos. tretanto, dada a complexidade desses con-
Em primeiro lugar, investiguemos a fundo al- ceitos teóricos, preferimos descrevê-los me-
guns dos bloqueios contextuais encontrados lhor na seção destinada ao material de
na escola que podem contribuir especifica- apoio. Incentivamos os leitores a se fami-
mente para os problemas do desrespeito e do liarizar com a aplicação desse material, pa-
bullying. ra então se lançar a fundo nessas idéias crí-
ticas. Enfim, é necessário muita coragem
para realmente explorar a profunda in-
NOTA fluência que os discursos têm sobre nossas
vidas e sobre as vidas das crianças. É possí-
O leitor interessado no assunto poderá vel que nem sempre fiquemos satisfeitos
encontrar uma discussão mais abrangente com o que descobrimos e que nos sintamos
de certos discursos no Material de Apoio inseguros diante da súbita visibilidade e do
D. Acreditamos que os “ismos” são os prin- caráter insidioso desses discursos.
28 MARIE-NATHALIE BEAUDOIN • MAUREEN TAYLOR

Racismo
Homofobia
Outros “ismos” Desrespeito
Patriarcado

Rompimento
com a idéia
do cuidar Frustração

Individualismo Bullying Adultismo

Capitalismo

Figura 1.3 Todos esses discursos interagem de tal forma a limitar as opções do indivíduo.

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