A Importância Do Jogo No Desenvolvimento Do Raciocínio Lógico Matemático PDF

A IMPORTÂNCIA DO JOGO NO
artigo de revisão
DESENVOLVIMENTO DO RACIOCÍNIO
LÓGICO-MATEMÁTICO
Antônio Aparecido Alves de Souza*
RESUMO
Devido às transformações do mundo contemporâneo, o
campo de educação, sobretudo no que tange à
formação de profissionais para esse campo, sofreu
profundas modificações. Toda essa transformação na
concepção de educação coloca novas questões e
desafios para o ensino da matemática, entendo o
matemático como um profissional que, através de sua
prática em sua sala de aula, poderá contribuir para o
desenvolvimento de habilidades e competências no
educando. Elaborar questões a respeito da prática que
levem o aluno a refletir sobre a aplicação da mesma,
analisando os resultados obtidos, prevendo resultados
em condições diferentes da experimentada, e
extrapolando para resoluções de situações problemas,
constitui um dos grandes desafios do Professor de
Matemática. Constatamos, a partir de levantamentos
teóricos, que as pesquisas no campo da Educação
Matemática no Brasil e em outros países, tem
contribuído de forma significativa para as mudanças no
processo ensino-aprendizagem da matemática.
Educadores matemáticos, psicólogos e pedagogos
propõem uma revisão e uma reflexão acerca dos
conteúdos a serem ensinados, assim como, discussões
sobre as abordagens didáticos- metodológicas a serem
aplicadas em sala de aula. Assim, o jogo tem sido
considerado com uma ferramenta importante para o Professor na Faculdade
ensino da matemática, pois desenvolve o raciocínio Independente do Nordeste, no
Colégio e Curso Pré-vestibular
lógico-matemático, leva o educando a adquirir Opção e também, e na Faculdade de
habilidades e conhecimentos, estimula a criatividade, o Tecnologia e Ciências. Mestrando
espírito de descoberta, deixando a aula mais em Matemática pela Univates.
Especialista em Metodologia do
interessante e prazerosa. Ensino da Matemática. Graduação
em Matemática pela Universidade
Católica do Salvador. E-mail:
Palavras-chave: Jogos. Matemática. Educação. pesquisafainor@gmail.com.
1 INTRODUÇÃO
Muitos educadores têm reconheci- rada em demasia, como uma matéria

do, através da observação em sala de detestada pela maioria dos alunos, ou
aula, que a matemática tem sido conside- como uma área que só pode ser bem
116 C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.7, n.1, p.116-143, jan./jun. 2014
Antônio Aparecido Alves de Souza
compreendida pela minoria. Diante de tal autonomia do indivíduo. O pensamento

situação, tem-se levados em lógico-matemático é fruto de construções
consideração a preocupação com os internas que se dão da mente de cada
problemas do ensino da matemática, um, e não tem como serem treinados ou
sobretudo aqueles que interferem na transmitidos.
prática de ensino do professor, isto é, Segundo Sérates (1998), o
atender para aspectos como “o que raciocínio lógico é cheio de desafios e
ensinar”, “como ensinar”, e que recursos prepara o ser humano para o próximo
podem ser postos a serviço do ensino. milênio. “Até agora tivemos o século das
Estas preocupações, as quais máquinas e da tecnologia. O primeiro
decorrem da importância atribuída à século do próximo milênio vai ser o do
formação matemática para o indivíduo, de pensar. Vai vencer aqueles que tiver
modo que este possa raciocinar e criar o instrumental, pensamento lógico, quem for
hábito de tomar consciência do raciocínio criativo e inovador”. Para Sérates, nunca
pessoal realizado, mostra também a se precisou tanto de raciocínio lógico
importância do professor e sua prática. como nos dias de hoje.
Falar sobre os problemas do Assim, privilegiamos para a
ensino da matemática já é comum para realização deste estudo os jogos, pois
muitos professores. Dizer que os alunos dentre os recursos utilizamos no ensino
se enfadam com as técnicas e métodos da matemática, este foi o que mais nos
de ensino servem apenas para perpetuar despertou interesse, visto que oportuniza
a situação, porem não contribui em nada ao indivíduo o uso dos próprios meios
para a melhoria desse ensino. Agora, para resolver problemas, estimula a
propor mudanças, tentar inovações, construção de procedimentos
discutir fórmulas alternativas de ensinar matemáticos gradativamente mais efica-
matemática são boas coisas para se zes, desenvolve a autonomia e o
fazer. raciocínio lógico-matemático.
Em nossa proposta de ensino de O artigo ora apresentado divide-se
matemática, temos presente que o mais em cinco capítulos. No primeiro teremos
importante é o desenvolvimento do algumas linhas sobre a história da
pensamento lógico-matemático e da matemática, mostrando as transforma-
C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.7, n.1, p.116-143, jan./jun. 2014 117
A Importância do jogo no desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático
ções pela qual passou. O capitulo dois maior parte dos programas consiste de
fundamenta-se a temática sobre o ensino coisas acabadas, mortas, absolutamente
de matemática, a formação do professor e fora do contexto moderno. Torna-se cada
o papel do lúcido no ensino da vez mais difícil motivar alunos para uma
matemática. O capítulo três sintetiza ciência cristalizada. Não é sem razão que
algumas das principais contribuições da a história vem aparecendo como um
Teoria Piagetiana na aprendizagem da elemento motivador de grande
matemática. Procedendo a estes, os importância.
capítulos quatro e cinco discutem a A matemática foi inventada e vem
importância do jogo na construção do sendo desenvolvida pelo homem em
conhecimento e no desenvolvimento do função de necessidade sociais, ou seja,
raciocínio- lógico-matemático. uma ciência como algo humano e com a
O artigo constitui-se de uma utilidade de mostrar o longo caminho
revisão de literatura acerca dos princípios percorrido pela humanidade durante três
teóricos que discutem a temática em milhões de anos podendo, assim, obser-
apreço. Para tanto, utilizou-se um vasto var as transformações que ocorreram e
número de documentos da internet e do sempre virão ocorrer alterando a
site da SBEM – Sociedade Brasileira de personalidade humana.
educação Matemática. A matemática teve sua origem e
desenvolvimento no Paleolítico Inferior
2 MATEMÁTICA: UM BREVE HISTÓRI- (idade da pedra lascada) período que
CO
durou cerca de três milhões de anos onde
o homem viveu da caça e da coleta,
Uma percepção da história da
competindo com os outros animais, sendo
matemática é essencial em qualquer
que o homem utilizava paus, pedras e
discussão sobre a matemática e o seu
fogo, mas não tinha noções de formas no
ensino da matemática à importância que
lascamento das pedras, nas confecções
tem hoje são elementos fundamentais
dos porretes e não tinha noção também
para se fazer qualquer proposta de
de mais- menos, de maior- menor.
inovação em educação matemática e
No Paleolítico Superior os
educação em geral. Isso é particularmente
instrumentos eram mais elaborados para
notado no que se refere a conteúdos. A
a caça e coleta: armadilhas, redes, objetos de uma coleção passou a ser

cestas, arcos e flechas, roupas de pele, representada por símbolos. Para construir
canoas. Nesse período os homens as pirâmides e os templos, os egípcios
utilizavam outros novos instrumentos além criaram símbolos. Em 3.600 a.c
de paus e pedras: ossos, peles, cipós, aproximadamente, o cientista Almes
fibras. Procuravam fazer as contagens, as escreveu o Papiro Almes, um manual que
noções intuitivas de figuras, paralelismo, abrangia 80 problemas, todos resolvidos.
perpendicularismo, desenhos geométricos Com esse manual, os egípcios
e a pictografia. compreenderam o sistema de numeração.
No período Neolítico (pedra polida), No Sistema numérico mesopotâmico, o
iniciam-se a agricultura e a pecuária símbolo que parecia uma cunha
tirando o homem da competição com os correspondia à unidade e sua numeração
outros animais através da caça e coleta. era de base 60. Com o desaparecimento
Com o passar do tempo surgem outros das antigas civilizações da Mesopotâmia,
conhecimentos sobre a terra e fertilidade, desapareceu também o sistema numérico.
sementes, técnicas de plantio e colheita, Porem, a contagem do tempo, ainda hoje,
datas para os plantios, contagem dos se faz com base 60(sessenta segundos
rebanhos e elaboração dos calendários equivale a um minuto, 60 minutos, a uma
agrícolas. A matemática se desenvolve. hora - vestígios dessa época).
Contando objetos com outros objetos De todas as civilizações da
(pedras, n's de cordas, dedos das mãos) Antiguidade, a dos romanos foi, sem
etc, a humanidade começou a formar o sombra de dúvida, a mais importante,
conceito de número. O Neolítico durou porque aperfeiçoou o número concreto
quase 6.000 anos, dando lugar para o utilizado desde o tempo das cavernas. Os
período Pré-histórico onde as tribos romanos usaram as próprias letras do
tinham lugares permanentes em campos, alfabeto para retratar os números, e esse
margens de grandes rios em choupanas, sistema foi adotado por muitos povos.
casas ou aldeias supondo-se projetos e Deafone de Alexandria, por volta do
medidas. ano 400 d.c., realizou estudos acerca do
Com os avanços que marcaram o uso dos símbolos para simplificar a escrita
fim da Pré-história, a quantidade de e os cálculos matemáticos. No ano 650
d.c, esse estudos matemáticos, que Quételet.

tinham sido paralisados, foram retomados. A matemática floresceu durante a
Os algarismo foram descobertos no Renascença e atingiu seu clímax nos
ano de 825 d.C. AL- Khawrizmi, o maior séculos XVII e XVIII, mas os seus
matemático de todos os tempos, traduziu fundamentos foram lançados no século
para o árabe os livros de matemática XVI.
vindos da Índia e se deparou com o O desenvolvimento da técnica do
sistema da numeração decimal. cálculo foi realizado por Leibniz Newton.
No século XVI, François Viéte Ainda que não muito importante, o cálculo
passou para a história como pai da não foi a única inovação matemática dos
álgebra, pois introduziu os símbolos no séculos VXII e XVI, de John Napier e
mundo da matemática, além dele, outros Henry Briggs. O aperfeiçoamento do
também contribuíram para o mesmo cálculo como instrumento de vasta
assunto: Record e Thomas Harsiot. aplicação a todos os tipos de problemas
Porém a passagem para a álgebra com o emprego de métodos algébricos,
completa de síbolos foi obra de René deve-se à geometria analítica (geometria
Descartes, que aperfeiçoou a álgebra de algébrica) de René Descartes e Pierre
Viéte. Foi no século XVI que a álgebra Fermont.
realmente se desenvolveu. A contribuição da matemática é
Blaise Pascal foi o responsável imensa: no campo da navegação,
pelo lançamento da base de uma uma indústria, comércio, economia,
matemática que era destinada a trabalhar engenharia, etc.
com o cálculo de probabilidade. Outra Conhecer, historicamente, pontos
original contribuição da matemática no altos da matemática de ontem, poderá, na
século XVII foi do arquiteto Gerard melhor das hipóteses, e de fato faz isso,
Deargues, que em 1639 lançou alicerces orientar no aprendizado e no
da geometria progressiva. A estatística desenvolvimento da matemática de hoje.
teve início no século XVII, com uma série (D’AMBRÓSIO, 1996, p. 30).
de relações de taxas de mortalidade Para D'Ambrósio (1996), é muito difícil
realizadas em Londres no ano de 1662, e motivar com fatos e situações do mundo
foi desenvolvida pelo belga Lambert atual ciência que foi criada e desenvolvida
em outros tempos em virtude dos mais imediatos. Assim como a matemática

problemas de então, de uma realidade, de utilitária não interessará ao aprendiz com
percepções, necessidades e urgências um desafio intelectual. Está claro que é
que nos são estranhas. Do ponto de vista fundamental um equilíbrio entre esses
de motivação contextualizada, a dois aspectos. Esse equilíbrio não
matemática que se ensina hoje nas significa metade de um e metade de outro
escolas é morta. Poderia ser tratada como para todos os alunos.
um fato histórico. Será, sim, a resposta ao tipo de
Muitos dirão: mas a matemática aluno – o indivíduo com que está se
está viva, está-se produzindo mais lidando. É possível individualizar a
matemática nestes últimos 20 anos do instrução e essa é uma das melhores
que em todas a história da humanidade. estrategias para recuperar a importância e
Sem dúvida. Más essa produção é o interesse na educação matemática.
produto de uma dinâmica interna e da Está claro que ao pensar a
tecnologia e da própria matemática. álgebra, AI - Kwarizmi estava motivada
Naturalmente muito intensa, mas não pela necessidade da sociedade islâmica
como fonte primária de motivação. de por em prática os preceitos do Corão
Interessa à criança, ao jovem e ao que se referem à distribuição de
aprendiz em geral aquilo que tem apelo heranças. Dificilmente se motivará um
ás suas percepções materiais e jovem de hoje da mesma maneira que AI -
intelectuais mais imediatas. Por isso é que Kwarizmi foi motivado para criar a sua
se propõe um enfoque ligado a situação álgebra.
mais imediatas, ou seja, ao desafio “Um bom exercício para o docente
intelectual. é preparar uma justificativa para cada um
Segundo D'Ambrósio (1996), para dos tópicos de programa – mas não vale
um aprendiz com vistas numa tarefa, um dar justificativas internalista, isto é, do tipo
enfoque imediatista é essencial. Mas “progressões são importantes para
obviamente a educação matemática não entender logaritmos”. Pede-se
se esgota aí. É quando se apela para o justificativas contextualizadas no mundo
histórico, Cultural, que provavelmente não de hoje e do futuro (D'AMBRÓSIO, 1996).
interessará ao aprendiz com objetivos Para Ubiratan (1996) o grande
desafio é desenvolver um programa em grandes estruturas que organizam o

dinâmico, apresentando a ciência de hoje conhecimento matemático contemporâneo
relacionada a problemas de hoje e ao e enfatizava a teoria dos conjuntos, as
interesse dos alunos. estruturas algébricas, topologia, etc. Esse
No Brasil, o ensino de matemática movimento provocou, em vários países,
ainda é marcado pelos altos índices de inclusive no Brasil, discussões e amplas
retenção, pela formalização precoce de reformas no currículo de matemática.
conceito, pela excessiva preocupação No entanto, essas reformas
com o treino de habilidades e deixaram de considerar um ponto básico
mecanização de processos sem que viria tornar-se seu mair problema: o
compreensão com o treino de habilidades que se propunha estava fora do alcance
e mecanização de processos sem dos alunos, em especial daqueles das
compreensão (PCN, 1998, p. 12). séries iniciais do ensino fundamental.
Nas décadas de 60/70, o ensino de O ensino passou a ter
matemática no Brasil, assim como em preocupações excessivas com
outros Países, foi influenciado por um formalizações, distanciando-se das
movimento de renovação que ficou questões práticas. A linguagem da teoria
conhecido como Matemática Moderna. dos conjuntos, por exemplo, enfatizava o
A Matemática Moderna nasceu ensino de símbolos e de uma
como um movimento educacional inscrito terminológica complexa comprometendo o
numa política de modernização aprendizado do cálculo aritmético, da
econômica e foi posta na linha de frente geometria e das medidas.
do ensino por se considerar que, No Brasil, o movimento Matemático
juntamente com a área de ciências, ela Moderna, veiculado principalmente pelos
constituía uma via de acesso privilegiada livros didáticos, teve grande influencia,
para o pensamento científico e durante longo período, só vindo a refletir a
tecnológico. Para tanto procurou-se partir da constatação de inadequação de
aproximar a matemática desenvolvida na alguns de seus princípios básicos e das
escola da matemática como é vista pelos distorções e dos exageros acorridos.
estudiosos e pesquisadores. No entanto, muitos esforços vêm
O ensino proposto fundamenta-se sendo empreendidos para minimizar
esses problemas. Alguns com bastante concepções pedagógicas também tem

sucesso, como os que acontecem em sido responsável por distorções na
escolas que tem elaborado projetos implementação das ideias renovadoras
educativos de modo a que contemple os que aparecem em diferentes propostas.
interesses e necessidades da Desse modo, percebe-se que o ensino de
comunidade. matemática há problemas antigos e novos
Também existem professores que, e serem enfrentados e resolvidos, tarefa
individualmente ou em pequenos grupos, que quer operacionalização efetiva das
tem iniciativas para buscar novos intenções anunciadas nas diretrizes
conhecimentos e assumem uma atitude curriculares dos anos 80 e inicio dos anos
de constante reflexão, o que os leva a 90, e a inclusão de novos elementos na
desenvolver práticas pedagógicas mais pauta de discussões e que este
eficientes para ensinar matemática (PCN, documento procura contemplar. (PCN,
1998, p. 21). No entanto, essas iniciativas 1998, p. 24).
ainda não atingiram o conjunto dos Hoje, a matemática vem passando
professores e por isto não chegam a por uma grande transformação. Isso é
alterar o quadro desfavorável que absolutamente naturalmente natural. Os
caracterizou o ensino de matemática no meios de observação, de coleção de
Brasil. A formação dos professores, por dados e de processamento desses dados,
exemplo, tanto a inicial quanto a que são essenciais na criação
continuada, pouco tem contribuído para matemática, mudaram profundamente.
qualificá-los para o exercício da decência. Não que tenha relaxado o rigor, mas, sem
Não tendo oportunidade e dúvida, o rigor cientifico hoje é de outra
condições para aprimorar suas formações natureza (D'AMBRÓSIO, 1996, p.58).
e não dispondo de outros recursos para Para D'Ambrósio (1996), pode-se
desenvolver as práticas da sala de aula, prever que na matemática do futuro serão
os professores apoiam – se quase importante o que hoje se chama
exclusivamente nos livros didáticos que, matemática discreta e igualmente o que
muitas vezes, são de qualidade se chamavam “casos patológicos”, desde
insatisfatória. a não linearidade até a teoria do caos,
A interpretação equivocada de fractais, teoria dos jogos, pesquisa
operacional, programação dinâmica. tem contribuído de forma significativa,

Lamentavelmente isso só é para as mudanças no processo de ensino
estudado em algumas especialidades de – aprendizagem da matemática. Essas
matemática aplicada, justamente por pesquisas realizadas por educadores
representar a matemática do futuro, é matemáticos, psicólogos ou pedagogos
muito mais interessante para o jovem. Os tem impulsionado uma revisão e uma
problemas tratados são mais reflexão acerca dos conteúdos a serem
interessantes, a visualização é no estilo ensinados, assim como, discussões sobre
moderno, aparecido com o que se vê em as abordagens
TV e nos computadores. didáticas - metodológicas aplicadas pelo
O mais importante é destacar que professor em sua sala de aula.
toda essa matemática é acessível até o Nas escolas, na maioria das vezes,
nível primário. Já é tempo de os cursos de o professor inicia o ensino de um
licenciatura perceberem que é possível conteúdo partindo diretamente de aulas
organizar um currículo baseado em coisas expositivas, pouco aproveitando as
modernas. Não é de estranhas que o experiências matemáticas adquiridas pelo
rendimento esteja cada vez baixo, em aluno no seu cotidiano. Os alunos como
todos níveis. Os alunos não podem seres ativos inseridos ao ambiente em
aguentar coisas obsoletas e inúteis, alem que vivem aprendem também matemática
de desinteressante para muitos. fora do ambiente da sala de aula, através
de vivências no meio social, e muitas
3 O ENSINO DA MATEMÁTICA vezes, da própria necessidade de
sobrevivência.
Ensinar matemática tem sido, Lidar com matemática, ter uma
frequentemente, uma tarefa difícil. As cultura mínima de conhecimentos
dificuldades intrínsecas somam-se as matemáticos é condição necessária para
decorrentes de uma visão distorcida da que as pessoas possam se integrar de
matéria, estabelecida, muitas vezes, forma adequada no contexto sociocultural,
desde os primeiros contatos. competitivo, complexo e seletivo que
Pesquisas no campo da Educação exige cada vez mais dos indivíduos um
matemática no brasil e em outros países maior nível de escolarização. A
matemática nesse panorama é uma das algo, repetir conhecimentos feitos

e congelados, e cobrar aquilo que
ferramentas necessárias para explicar, ensinou, está com os dias
contados. O novo professor é
comunicar, entender e manejar com a fundamentalmente de um
facilitador da aprendizagem do
realidade tanto na solução de problemas aluno e de um companheiro na
no presente, quanto no futuro. busca do novo (D'AMBRÓSIO,
1999, p 34).
Cada vez mais se procura vincular
matemática e cidadania, matemática e Essas mudanças passam pelas
sociedade. Cada vez mais busca superar concepções epistemológica, psicológicas
o paradigma da demarcação, da e pedagógicas das quais o professor está
exclusão, da seletividade que dominou o impregnado. A definição do novo perfil de
ensino da matemática durante algumas um professor de matemática tem sido
décadas. objeto de estudos em quase todo o
A escola, onde ocorre o verdadeiro mundo. As universidades, enquanto
processo de formação, deve preparar ad agências formadoras, estão se debruçan-
novas gerações para participar de uma do para a redefinição de seus currículos,
sociedade planetária de uma civilização atendendo as novas Leis de Diretrizes e
que emerge neste novo século, onde a Bases.
matemática é útil não apenas para todos O projeto Pró – Matemática,
que serão cidadão, numa sociedade com voltado para a formação de professores
os seus problemas e desafios. das séries iniciais, através da articulação
Precisamos de uma matemática Universidade, Escola Fundamental,
que propicie o desenvolvimento de Institutos de Educação, Secretaria de
capacidades intelectuais para a Educação e Ministério da Educação e do
estruturação do pensamento e do Desporto, destaca aspectos significativos
raciocínio lógico e para tanto a mudança na apropriação dos conhecimentos da
na postura do professor, e área, tais como:
consequentemente, do aluno para a) Vinculação da matemática ás
assumir novos papeis, serão de práticas sociais;
fundamental importância, D'Ambrósio b) Procedimento do professor em sala
explica com muita propriedade: de aula, visando a uma prática
Sem dúvida, aquele professor que social alterada qualitativamente
vai passar informação, ensinar
pela ação pedagógica, mediante a uma postura de humildade perante seus

apropriação com o mundo atual; alunos quando errar, ou seja, assumindo
c) Relacionamento entre a elaboração novas atitudes, auto - avaliação constante
histórica dos conceitos de sua prática e abertura de novos
matemáticos e o seu processo de caminhos. O compromisso se entende
construção no âmbito da com a inquietação e a insatisfação com o
aprendizagem; panorama geral do fracasso do ensino da
d) Utilização adequada de novas matemática em suas multiplicas
tecnologias, inclusive da dimensões. O compromisso se revela na
informática, na aprendizagem da ação de transformar; uma ação política
matemática; solidária com o aluno no sentido de
e) Avaliação continua da construir uma sociedade mais justa,
compreensão e do humana, ética e solidária.
desenvolvimento do aluno com a Nesse contexto, o professor deve
matemática, e, em especial, do que estabelecer um ambiente de sala de aula
faz ideias e conceitos no de integração, participação, de prazer,
enfrentamento de problemas. expressão legítima da criatividade. Deve
criar expectativa para a descoberta e o
Uma concepção de Licenciatura desvendar da matemática que representa
em matemática, a emergir dessas o gozo e alegria para o aluno. Quão
revisões de diretrizes, deve considerar significativo é hora ele um exercício
dos importantes aspectos na formação do correto, um raciocínio articulado, uma
professor: competência e compromisso. inclusão bem elaborada, o desvendar de
Competência no sentido colocado por um fato, da compreensão de um conceito,
Perez, liberdade para que o aluno possa da descoberta de caminho para resolver
aprender a questionar, a raciocinar, a determinado problema, de uma aplicação
duvidar do já sabido (PEREZ, 1995, p. adequada de relação matemática. São
29). Competência também para se colocar momentos de êxtase, de emoção e de
a disposição de seus alunos também para sucesso. A atitude do professor em ouvir,
aprender, para aceitar o erro como parte discutir, interpretar e em ser receptivo e
do processo de aprendizagem, assumindo deixa-se compartilhar com as situações
vividas pelo aluno, torna-o sensível, projeto pessoal (DOLLORS, 2001, p.16).
humano, aprendiz e um verdadeiro O educador competente também sabe
educador. É de fundamental importância cultivar a alegria e a esperança como
para o professor: ensina Freire (1996).
a) Identificar as principais A esperança de que educadores e
características dessa ciência, de seus educandos aprendam juntos e resistam
métodos, de suas ramificações e aplica- firmemente aos obstáculos á alegria de
ções; todos.
b) Conhecer a história de vida dos A matemática deve ter como base
alunos, seus conhecimentos informais uma prática pedagógica que estabeleça
sobre um dado assunto, suas condições competência significativas, articulando as
sociológicas, psicológicas e culturais; dimensões cognitivas, afetivas e sociais
c) Ter clareza de suas próprias na preparação de educando. Essas
concepções sobre a matemática uma vez competências devem contribuir para a
que a prática em sala de aula, as inserção e a integração dos cidadãos na
escolhas pedagógicas, a definição de sociedade.
objetivos e conteúdos de ensino e as Apesar dos avanços conseguidos
formas de avaliação estão intimamente na relação entre a matemática e a escola,
ligada a essas concepções (PNC, 2001, p. sobretudo a partir do movimento de
16). Educação Matemática que já vem
A educação não pode se omitir ocorrendo há algum tempo no mundo
frente ao problema do surgimento de uma inteiro, ainda persiste a ideia de que a
nova sociedade mundial, em razão de ser matemática apresenta mais dificuldades à
a maior responsável pelo crescimento aprendizagem, que as demais disciplinas
individual das pessoas bem como das do currículo. O desempenho da maioria
comunidades. A sua verdadeira missão é dos alunos permanece em níveis
fazer com que todos sem exceção façam insatisfatórios, e vários obstáculos são
frutificar os seus talentos e apontados para justificar os resultados: a
potencialidades criativas, o que implica, falta de base dos alunos, carga horária
por parte de cada um, a capacidade de reduzida, desinteresse e até falta de
responsabilizar-se pela realização do seu aptidão do aluno para a aprendizagem da
matemática. ensino da matemática, dentre os quais se

No entanto, o aluno permaneceu destacam os da ciência pronta e acabada,
bastante tempo na escola e, mesmo que perfeita, exata a linearidade, da aptidão e
ele tenha sido sempre promovido, ele das regras e definições como ponto de
apresenta no final do ensino fundamental partida.
pouco domínio de conhecimento Uma perspectiva concreta para
matemático, revelado em várias superar alguns obstáculos deve
pesquisas e em testes de rendimento considerar a importância da Educação
aplicados pelo Sistema de Avaliação Matemática como um corpo de
Escolar da Educação Básica (SAEB), conhecimento que se organiza e
sendo que as maiores dificuldades estão influencia trabalhos e pesquisas sobre o
em questão relacionadas à aplicação de ensino e a aprendizagem na área.
conceitos e à resolução de problemas. O A parte desse importante movimento
que o aluno consegue construir e a que está ocorrendo no brasil desde a
adquirir, em termos de habilidade, é muito década de 80, o professor tem mudado de
pouco. Aliás, quanto a esse aspecto, concepção em relação à matemática bem
Bertoni apud (PEREZ, 1995) nos remete a como o seu papel para o ensino,
uma reflexão: “para grande parte dos percebendo que, nesse processo, se
adultos, o que sobrou de longos anos de supõe considerar os variáveis envolvidas
aprendizagem da matemática foi um alunos, professor e o conhecimento
pequeno punhado de técnicas a que vez matemático assim como as relações entre
por outra eles recorrem, de modo elas.
desconfiado e inseguro”. No ensino da matemática, devemos
A relação entre a matemática e a considerar os conhecimentos prévios dos
escola precisa ser de qualidade alunos como ponto de partida para a
reduzindo-se a ineficiência do ensino que construção de conceitos matemáticos. Os
se manifesta de diversos modos, dentre conhecimentos evidenciados pelos
eles o da insatisfação generalizada da alunos, são diversificados face ás
sociedade com esses resultados. Daí diversas experiências de vida que eles
ocorre a necessidade de buscar novos passam, e ás vezes são desconsiderados,
caminhos, superando mitos arraigados no ou não são explorados ou mesmo são
tomadas como obstáculos para o nas escolas o modelo tradicional de

processo. ensinar que estimula uma prática que
No livro na vida dez, na escola privilegia fórmulas e regras, programas
zero, Nunes (1995) mostra que meninos externos, rígidos e lineares. Há pouco
de rua sabem muito bem fazer contas, espaço para contextualização, aplicações,
tanto que trabalham com dinheiro na feira, expansão da criatividade, atividades
más são constantemente reprovados na lúcidas, discussão da história da
escola. Por que então a maioria dos matemática, etc, Devemos acenar com a
alunos não consegue aprender os possibilidade de mudanças no ensino da
processos formais? E porque o ensino da matemática, fazendo uma reflexão sobre
matemática está tendo resultado tão novas atitudes, novos valores, novos
fraco? E por que os alunos desistem processos. D'Ambrósio, em relação a
rapidamente de aprender matemática? isso, destaca a necessidade de mudar a
Tentar responder a essas outras questões ênfase do conteúdo e da quantidade de
não é tão simples. Leva-nos a pensar conhecimentos para uma ênfase na
dentre outras causas, a formação do metodologia que desenvolva atitudes,
professor de matemática aqui no Brasil. capacidade de matematizar situações
Os estudos internacionais têm relevado reais que permita identificar o tipo de
que um dos fatores que mais ajudam na informação adequada e encontrar os
aprendizagem é a formação do professor conteúdos e métodos adequados (1996) é
em Educação Matemática. organizado tendo base as três seguintes
Enquanto a matemática, como área capacidade:
de formação, cuida do produto construído a) De processar informação
pelos matemáticos, a cultura matemática, escrita, o que inclui leitura,
a ciência, a Educação Matemática leva escrita cálculo, na vida
em consideração o processo e tem como quotidiana;
foco a construção do conhecimento pelo b) De interpretar e manejar sinais
sujeito, ou seja, como é que ele raciocina, e códigos, de propor e utilizar
elabora, sistematiza e organiza suas modelos na vida quotidiana;
ideias. c) De usar e combinar
De um modo geral, persiste ainda instrumentos simples ou
complexos, avaliando suas que as atividades requeiram.

possibilidades, suas limitações Por ser uma atividade livre e
e sua adequação a necessidade descontraída, que envolve ritos e regras
e situações diversas. próprias, que diverte e ao mesmo tempo
exige do jogador uma seriedade em
O sistema educacional deva ser busca do sentido do jogo, o lúcido é uma
mais dinâmico para mudar a perspectiva, vivência estimuladora e motivadora do
numa visão mais global de currículo, comportamento grupal: exige
adaptação a nova realidade aprendizagem de conhecimentos,
contemporânea, onde a matemática habilidades e normas que acabam se
possa revelar claramente o seu papel na incorporando ao cabedal do sujeito o
formação do aluno dentro e fora da utilizará inteligentemente em outras
escola. situações.
Quando o líder do grupo de ensino
4 O PAPEL DO LÚCIDO NO ENSINO DE / aprendizagem participa ludicamente das
MATEMÁTICA
atividades que seleciona ou cria, põe-se
em igualdade de condições e
As características do jogo (forma
relacionamentos com os conteúdos
mais pura do lúcido) favorecem tanto o
culturais, com as habilidades, atitudes e
gesto da criação como o da transmissão
normas do jogo, permitindo uma disciplina
cultural pelos elementos e traços que
autônoma e coparticipativo, que favorece
evoca. Os estudos e as pesquisas das
a abertura dos canais de comunicação e
ciências humanas e sociais apontam o
das mentes, gerando confiança, crença e
lúcido como um domínio a ser
autenticidade recíproca entre as pessoas
desenvolvido tanto quanto o cognitivo, o
(MARTNS, 2003).
afetivo, o psicomotor, o político, o
Diz Kishimoto (2003) que
religioso, etc. Como forma da expressões
brincadeira é a ação que a criança que a
o jogo contém em si componentes dos
criança desempenha ao concretizar as
demais domínios da natureza humana
regras do jogo, ao mergulhar na ação
favorecendo além de sua integração,
lúdica, é o lúdico em ação. Já o brinquedo
oportunidades de destacar expressões
supõe uma relação intima com a criança e
particulares neste ou naquele domínio
uma indeterminação quanto ao uso, têm sido constantes. Os congressos

portanto sem regras fixas; sendo suporte brasileiros sobre jogos realizados na
da brincadeira, pode ser entendido Universidade de São Paulo em 1989 e em
segundo a dimensão material, cultural ou 1990, já faziam referência ao jogo no
técnica. O jogador, por sua vez, inclui uma ensino de matemática .
intenção lúdica do jogador e caracteriza- O mesmo pode-se notar nos
se pela não - literalidade (por exemplo, o Encontros Nacionais de Educação
urso não é, literalmente,o filho, más é Matemática, ENEM -– promovido pela
“como se fosse”), efeito positivo (alegria, Sociedade Brasileira de Educação
prazer), flexibilidade ( ensaio de novas matemática, realizado desde 1987 e nos
ideias e combinações mais do que em encontros regionais de Educação
atividades não recreativas), prioridade do Matemática.
processo (mais importante do que os Nesses eventos, o tema do jogo
efeitos ou resultados do jogo é o fato de esteve presente através de
estar jogando); livre escolha (adesão livre comunicações, grupos de trabalho ou
e espontaneamente à proposta) e controle minicursos. A fundação para o
interno (são próprios jogadores que Desenvolvimento Escolar (FDE – São
determinam o desenvolvimento dos Paulo) também, tem propiciado a
acontecimentos). discussão do jogo como proposta
Para Kishimoto (2003), apesar de pedagógica através de Cursos e
não dizermos brincar de cartas ou xadrez publicações.
e sim jogar carta ou xadrez, esta As evidências parecem justificar a
característica, bem pode ser atribuída à importância que vem assumindo o jogo
brincadeira, pois percebe-se uma ação nas proposta de ensino de matemática.
livre, improdutiva, imprevisível, simbólica, Torna-se relevante à análise desta
regulamentada e bem definida em termos tendência para que se possa assumir
de espaço e tempo de realização, como conscientemente o papel de educador.
identificou Caillos (1957) a atividade Isto se justifica em virtude de estar-se
lúdica. incorrendo em determinados erros que,
As referências ao uso do jogo no muitas vezes, parecem irreparáveis.
ensino de matemática, nos últimos anos, A educação matemática esta
repleta de exemplos de ações em que se os erros cometidos em nome da melhoria

destacam aspectos isolados dos do ensino.
problemas do ensino da matemática. As O jogo aparece, deste modo,
discussões de D'Ambrósio (1996) sobre a dentro de um amplo cenário que procura
evolução do conceito de educação apresentar a educação, em particular a
matemático mostram que os problemas educação matemática, em bases cada
de ensino desta disciplina, até bem pouco vez mais cientificas. O jogo recebe de
tempo, eram abordados tomando-se teóricos como Piaget, Vygotsky, entre
apenas aspectos isolados dos elementos outros, as contribuições para o seu
constitutivos desse ensino. Até meados aparecimento em proposta de ensino de
da década de 70, as discussões matemática.
procuravam ora nos objetivos, ora nos Lembrando como importante
métodos, ora nos conteúdos a principal elemento para a educação infantil, no
causa do fracasso do ensino da processo de apreensão dos
matemática. conhecimentos em situações cotidianas, o
A visão de que o ensino de jogo passa a ser defendido como
matemática requer contribuição de outras importante aliado do ensino formal de
áreas de conhecimentos e de que o matemática.
fenômeno educativo é multifacetado é, O jogo, na educação matemática,
para o professor de matemático, algo passa a ter caráter de material de ensino
recente e ainda, infelizmente, pouco quando considerado promotor de
difundido e aceito. aprendizagem. A criança, colocada diante
A análise dessa tendência indica a de situações lúdicas, apreende a estrutura
necessidade de reflexões sobre novas lógica da brincadeira e, desde modo,
proposta de ensino, de medo que apreende também a estrutura matemática
venhamos a considerar os múltiplos e presente.
variados elementos presentes na ação Atividades com desafios e jogos
pedagógica do professor. Foi necessário numa aula de matemática propicia ao
que contribuições de outas áreas de aluno exercitar habilidades do raciocínio e
conhecimento viessem a se incorporar à organização do pensamento tais como
matemática para que pudéssemos avaliar atenção, memória, interpretação, análise,
concentração, além de estimular a aplicabilidade da matemática.

criatividade, o espírito de descoberta e, b) é desenvolvida de conceitos e
sobretudo, torna a aula mais interessante teoremas que vão constituir uma
e prazerosa. Muitas vezes, a lógica de um estrutura matemáticas. O objetivo é
jogo funciona dinamicamente no processo a descoberta de regularidade e de
de aquisição e desenvolvimento de invariantes, cuja evidência se
aprendizagens e atitudes. estabelece pela demonstração
baseada, no de raciocínio lógico e
5 A APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA mediado tão somente pelos
À LUZ DO CONSTRUTIVISMO DE
axiomas de fundamentação da
PIAGET
estrutura e teoremas já destes
A orientação que se dá para a deduzidos. É investigação no plano
Educação Matemática certamente puramente matemático.
depende de concepções sobre a natureza
do conhecimento matemático (tomado Em artigo no Mathematical
aqui num sentido bem amplo e de como Intelligencer, Chandler e Edwards fazem
acontece o desenvolvimento cognitivo do clara referência a estes dois aspectos:
ser humano. Na história do desenvolvimento da
A matemática, como uma área de Matemática estas características estão
conhecimento, apresenta duas em permanente relação. A partir de busca
características distintas: de solução de problemas em outras áreas
a) é ferramenta para o entendimento de conhecimento, surge o
de problemas nas mais variadas desenvolvimento de Matemática de
áreas do conhecimento. Fórmulas, caráter puramente abstrato.
teoremas e, mais geralmente, E desenvolvimento puramente
teorias matemáticas são usados na teóricos, acabam apresentando-se como
resolução de problemas práticos e ferramentas para tratabilidade de
na explicação de fenômenos nas problemas em outras áreas de
mais variadas áreas do conhecimento. A história da evolução da
conhecimento. Neste sentido, o Geometria nos mostra bem este duplo
aspecto importante é a aspecto da Matemática. Na antiguidade
surge como ciência prática na solução de ser considerada é no universo de

problemas de medidas: como os gregos trabalho: na Matemática os objetos são de
torna-se conhecimento de caráter caráter abstrato e são rigorosos critérios
abstrato , tomando como ponto de partida para o estabelecimento de verdades.
axiomas indiscutíveis sob o ponto de vista Os estudos de Piáget (1974)
intuitivo, inspirados que são pelo mundo evidenciam já nos primeiros anos de vida
físico; como as geometrias não - os primórdios destas habilidades. Sua
euclidianas, no século XIX, tem-se o teoria, procura explicar o complexo
caráter abstrato ou extremo, já que os processo através do qual se dá o
axiomas aceitos não se baseiam mais na desenvolvimento das funções cognitivas
intuição imediata: e finalmente tem-se a da inteligência. Através de suas
aplicação destas geometrias no cuidadosas observações e entrevistas
entendimento de problemas da física. clinicas , 'disseca' os diversos estágios
No processo educativo estes dois deste processo, mostrando a contínua
aspectos da matemática devem ser evolução das estruturas mentais, cujo
enfatizados igualmente. Um dos grandes estado mais avançado se caracteriza pelo
desafios para os educadores matemáticos pensamento formal abstrato.
é encontrar os caminhos que levem seus Para melhor entendimento do
alunos a apropriarem-se deste processo evolutivo das estruturas
conhecimento. E para isto, questões de cognitivas, Piaget (1974) destacada três
ordem cognitiva merecem uma análise. estágios básicos. Na construção na
A teoria de desenvolvimento construção dos primeiros esquemas de
cognitivo proposta por J. Piaget (1974), natureza lógico matemático as crianças se
ajuda a compreender que o pensamento apoiam em ações sensório-motoras sobre
matemático não é, em essência, diferente objetos materiais e através de exercícios
do pensamento humano mais geral, no de repetição espontânea chegam ao
sentido em que ambos requerem domínio e generalização da ação (estágio
habilidades com intuição, sendo comum, pré-operatório). O segundo estágio
apreciação de regularidade, sendo caracteriza-se pelo aparecimentos das
estético, representação, abstração e operações, as ações em pensamento,
generalização, etc...A diferença que pode mas nesta fase as crianças ainda
dependem dos objetos concretos para Todo o processo é permeado pelo

que as ações se constituam em conceitos desenvolvimento, concomitante, da
(estágio operatório ). E finalmente atingem função representativa: é a representação
o estágio das operações sobre objetos mental que permite a transição da ação
abstratos, já que não dependendo mais sensório – motora à ação abstrata. Os
de ações concretas ou de objetos esquemas evoluem para conceitos e as
concretos; é a constituição do ações para operações através da tomada
pensamento puramente abstrato. de consciência, definida por Piaget como
O que quer-se destacar é o quanto a reconstituição conceitual do que tem
o processo de aprendizagem se baseia na feito a ação (BECKER,1997).
ação do sujeito; inicialmente, as ações Os desequilíbrios entre experiência
concretas sobre os objetos concretos e estruturas mentais é que fazem o sujeito
respondem pela constituição dos avançar no seu desenvolvimento cognitivo
esquemas, e no último estágio, as ações e conhecimento, e Piaget procura mostrar
abstratas (operações) sobre objetos o quanto este processo é natural. O novo
abstratos respondem pela constituição objeto de conhecimento é assimilado pelo
dos conceitos. sujeito através das estruturas já
Já no primeiro estágio de constituídas, sendo o objeto percebido de
desenvolvimento, na construção e uma certa maneira; o 'novo' produz
coordenação de esquemas evidencia-se o conflitos internos internos, que são
uso de regras muito próximas a da lógica superados pela acomodação das
– associação (união), generalização estruturas cognitivas, e o objeto passa a
(inclusão), restrição (interseção). Percebe- ser percebido de outra forma. Neste
se uma construção espontânea de processo dialético é construído o
estruturas lógico-matemático, que se conhecimento. O meio social tem papel
aproximam das utilizadas no fundamental na aceleração ou retardação
desenvolvimento do conhecimento deste desenvolvimento: isto se evidencia
matemático. É a gênese do pensamento na decalagem de estruturas cognitivas
lógico-matemático, que se apresenta na que apresentam indivíduos que vivem em
forma de generalização de ações e meios culturalmente pobres.
coordenação de esquemas. Na formação matemática dos
alunos, além de pretender-se a Fala-se em processo de ensino e

construção de uma sólida base de aprendizagem construtivista, entendendo-
conhecimento na área, deve-se estar se uma metodologia de trabalho, ainda
atento para a riqueza intelectual que um tanto vaga e precisa, que procura
decorre do constante desenvolvimento colocar-se em sintonia, principalmente,
cognitivo do sujeito quando a ele propicia- com princípios da teoria de Piaget. Mas
se imersão no processo do 'fazer de fato, não tem-se ainda estabelecida,
matemática', que nada mais é que o dentro das teorias da Educação, uma
processo dinâmico 'assimilação versus sólida base teórica do que seria uma
acomodação' de construção simultânea pedagogia construtivista. Pesquisas na
de conhecimento matemático e de área de Educação Matemática tem se
estruturas mentais. preocupado com estas questões, mas
Se por um lado a teoria de Piaget ainda poucos são os reflexos na prática
mostra uma continuidade, em princípio educativa. Estas pesquisas apontam para
natural, na formação das estruturas princípios norteadores do que seria uma
cognitivas, desde os primeiros esquemas 'pedagogia construtivista':
até as estruturas que respondem pelo Para o estabelecimento de uma
pensamento formal abstrato, por outro 'pedagogia construtiva' duas das
lado o processo de ensino e principais questões, intimamente
aprendizagem que se tem relacionadas, a serem enfocadas são:
institucionalizado não leva em a) Quanto ao aspecto matemático:
consideração esta 'naturalidade'. A partir como projetar atividades que façam
do momento que as crianças ingressam com que os alunos se apropriem de
na escola, no geral, são privadas de suas ideias matemáticas profundas e
ações e experiências de caráter concreto, significativas (e que exigiram de
e mais adiante de caráter abstrato, matemáticos altamente qualificados
reforçando-se ao longo dos anos de vida alguns anos para serem
escolar o papel de receptores passivos de concebidas e estruturadas)?
informação. Esta ruptura pode explicar os b) Quanto ao aspecto cognitivo: como
baixos níveis de pensamento abstrato fazer para que estas atividades
com os chegam ao ensino superior. coloquem os alunos em atitudes
sintonizadas com os processos que na condução e os brinquedos limitados

são naturais ao desenvolvimento em sua exploração, inibindo a ação de
cognitivo do sujeito? brincar.
Esta divisão entre a brincadeira e
6 JOGO: peça importante na construção as atividades ditas “sérias” atravessa
do conhecimento
nossa cultura ocidental contemporânea,
mas não foi sempre assim: houve um
De um modo geral os educadores
tempo em que as crianças não eram
infantis reconhecem a importância do jogo
separadas dos adultos no convívio social
no desenvolvimento da criança,
no trabalho e mesmo na aprendizagem, e
percebendo seu papel na construção do
assim também no lazer. Após a revolução
eu e das relações interpessoais.
industrial, devido à divisão do trabalho e a
Convencê-los das importância para a
consequente necessidade de especializa-
aprendizagem, no entanto é mais difícil,
ção, estas cisões foram aprofundadas e
pois, por muito tempo, a definição de sua
vêm gerando diversas estratificação em
identidade profissional baseou-se na
nossa vida social e produtiva. A infância e
oposição brincar X estudar: a “escolinha”
a ludicidade não poderiam ficar fora disso:
e a creche são lugares de brincar,
experimentam de forma acentuada os
enquanto a escola (nas séries iniciais) é
efeitos dessa organização social, o que
lugar de estudar. Sem reconhecer suas
interfere até mesmo na concepção de
responsabilidade pedagógica, muitos
criança e de escola que temos.
educadores infantis simplesmente
É pela atividade a que nos
“deixam brincar”. Outros educadores,
referimos corriqueiramente como brinca-
preocupados em dar “serventia” ao tempo
deira, que a criança aprende a conhecer
passado na escola infantil e infundir
a si própria, as as pessoas que a cercam,
respeitabilidade ás suas funções, tomam
as relações entre as pessoas, os papéis
tão a sério a associação aprendizagem –
que elas assumem.
brincadeira que acabam por
É através do jogo que ela aprende
descaracterizar esta última, transforman-
sobre a natureza, os eventos sociais, a
do-a em ensino dirigido, onde tudo
estrutura e a dinâmica interna de seu
acontece, menos o brincar. As atividades
grupo. É através dele também que ela
propostas são restritivas nas instruções e
explora as características dos objetos utilizar e utilizar a sua personalidade

físicos que a rodeiam e chega a integral.
compreender seu funcionamento. Os A aproximação entre jogo e
jogos se configuram nas inúmeras educação já foi amplamente estudada e
brincadeiras infantis que fazem parte da posta em prática por autores consagrados
infância nas várias culturas. ao longo da história. O filósofo Suíço,
Os jogos no desenvolvimento Jean – Jacques Rousseau (1712 – 1778)
infantil são, ora desempenhados apud (ROCHA, 2003), defendia uma
individualmente, ora em duplas, ora em educação através do contato com a
grupos maiores. Não há regras rígidas. Há natureza e propunha o uso de jogos,
momentos em que é funcional para a brinquedos, esportes, instrumentos
criança realizar sozinha, em outros é a variados, linguagem, música e
presença do parceiro que constitui a matemática (geonetria) em substituição a
brincadeira. uma disciplina rígida, e ao uso excessivo
Piaget (1973) diz que “o jogo é da memória.
essencialmente assimilação, ou assimila- Johann Heinrich Pestalozzi (1746-
ção predominante sobre a acomodação”. 1827) apud (ROCHA, 2003), médico
Diz, ainda que é “assimilação quase pura, suíço, foi partidário das ideias de
quer dizer, pensamento orientado pela Rousseau, as quais procurou colocar em
preocupação dominante da satisfação prática, estudou as ações mentais da
individual”. criança e as instituições necessárias ao
O jogo é uma forma de adquirir estabelecimento de relações.
habilidades e conhecimentos, jogando e Foi seguido pelo alemão Friedrich
brincando o aluno aprende as qualidades Froebel (1782-1852) apud (ROCHA,
extrínsecas e intrínsecas dos diversos 2003), seu discípulo, que buscou a
objetos sobre os quais atua, tais como, criação de ambientes educacionais
sua forma, seu tamanho, sua textura, sua lúdicos envolvendo trabalhos práticos e
cor, sua semelhança e suas diferenças. É uso de materiais.
jogando e brincando que o aluno Para Froebel (1782-1852) apud
descobre e desenvolve sua criatividade e (ROCHA, 2003), o jogo representa uma
seu “eu”, podendo assim, estruturar e atividade de expressão da criatividade em
que as crianças tomam consciência de 2003), todos os povos em todos os

tempo e espaço. De acordo com tempos contaram com os jogos como
Kishimoto (2003) “Embora não tenha sido parte importante da educação de
o primeiro a analisar o valor educativo do crianças, especialmente de crianças
jogo, Foebel foi o primeiro a colocá-lo pequenas. O jogo é tão espontâneo e
como parte essencial do trabalho inevitável, que ao seu ver, poucos
pedagógico, ao criar o jardim de infância pensadores educacionais atribuíram a ele
com uso dos jogos e brinquedos”. em teoria o lugar de destaque que sempre
Segundo Miranda (2001) apud ocupou na prática na prática, ou mesmo,
(ROCHA, 2003), foi o médico belga Ovídio poucos tentaram descobrir, se as
Decroly (1871-1932) quem criou a atividades naturais de jogo das crianças
expressão “jogos educativos”, defendeu a oferecem sugestões que possam ser
permanente interação entre educação e adotadas na escola.
sociedade e criatividade que a escola Roger Cousinet (1881-1973) apud
deveria se um prolongamento da vida. (ROCHA, 2003), professor e pesquisador
Decroly (1871-1932) preparou, no inicio francês que substitui a pedagogia do
do século XX, um conjunto de materiais ensino pela pedagogia da aprendizagem,
para a educação de crianças portadoras foi um dos fundadores da Escola Nova,
de deficiência mental. também compartilhava as ideias de
Édouard Claparède (1873-1940), Claperède e defendia o jogo e a
psicólogo e educador suíço que brincadeira como atividades naturais da
acreditava no jogo como uma modelo criança considerando que a ação
educativo. John Dewey (1859-1952), educativa precisava fundamentar-se sobre
pedagogo e filósofo americano defendia a elas (o jogo é a base do seu método
aprendizagem como um processo ativo, e pedagógico de trabalho em grupo).
o ensino baseado em experiências Jean Piaget (1881-1973) apud
práticas na sala de aula referenciando o (ROCHA, 2003), biólogo suíço, foi notável
jogo neste processo; criticava a educação estudioso da importância do jogo como
tradicional, o intelectualismo e a auxiliar do processo de desenvolvimento
memorização (KISHIMOTO, 2003). cognitivo e social da criança. Na sua
Na opinião de Dewey (KISHIMOTO, visão, os jogos têm dupla função:
consolidar os esquemas formados e dar Compreendendo que as

prazer ou equilíbrio emocional à criança. dificuldades nem sempre se encontram
O brinca representa um modo de centradas unicamente nas crianças, a
aprender a respeitar os objetivos e intervenção por meio de jogos, no
eventos novos e complexos, de consolidar processo de construção do conhecimento
e ampliar conceitos e habilidades. de crianças que apresentam dificuldades
de aprendizagem pode ser um bom
7 A IMPORTÂNCIA DO JOGO NO caminho.
DESENVOLVIMENTO DO RACIOCÍ-
Brincamos/ jogamos porque estas
NIO LÓGICO MATEMÁTICO: uma
análise do contexto escolar atividades geram um “espaço para
pensar”, onde fazemos avanças o
O fracasso escolar, as dificuldades
raciocínio desenvolvendo o pensamento,
das crianças na aprendizagem, a
já que a atividade lúdica, justamente por
ineficácia do ensino e da escola e a
pressupor ação, provoca a cooperação e
formação precária dos professores
a articulação de pontos de vista,
constituem uma realidade desafiadora
estimulando a representação e
para os educadores e os pesquisadores
engendrando a operatividade.
constituem da área, os quais, de várias
O problema é que mesmo nas
maneiras, vêm procurando compreender
classes de educação infantil o brincar
tal realidade a fim de superá-la.
costuma estar ausente, ainda que quanto
Quando os resultados escolares se
maiores as crianças, menos brinquedos,
mostram insuficientes, quer individual-
espaço e horário para brincar exista nas
mente, quem em nível coletivo da classe,
escolas. Quando aparece, é no pátio ou
é porque existem carências no desenrolar
em sítios bem definidos da sala de aula,
do processo pedagógico. A reversão
não “se misturando” com as atividades
desse quadro poderá ser possível
denominadas escolares.
tomando-se por base uma intervenção, a
Na verdade, os adultos parecem
qual supõe tomada de posição, a intenção
sentir-se ameaçados pelo jogo devido a
de fazer com que o professor, o pedagogo
sua aleatoriedade e os possíveis que
o psicopedagogo, nela desempenhe um
constantemente abrem. Seu papel no
papel ativo.
brincar foge à habitual centralização
onipotente e o professor não sabe o que material dourado e outros passam a ser
fazer enquanto os alunos brincam. Alguns veiculado nas escolas.
bem intencionados entendem o brincar Segundo Moura (1992), são as
como atividade espontânea que cumpre contribuições da psicologia de cunho
seus fins por si mesma. Isto, mais a sócio-interacionista que vêm a
tensão decorrente da atividade lúdica, estabelecer novos paradigmas para a
talvez explique porque não se envolvem utilização do jogo na escola. Esta
com o brincar, deixando as crianças concepção considera o jogo como
sozinhas enquanto brincam. impregnado de conteúdos culturais que os
O raciocínio decorrente do fato de sujeitos, ao tomar contato com eles,
que os sujeitos aprendem através do jogo fazem-no através de conhecimentos
é que este possa ser utilizado pelo adquiridos socialmente.
professor em sala de aula. As ações de Neste sentido, as concepções
professores apoiados em teorias sócio-interacionistas partem do
construtivistas foram no sentido de tornar pressuposto de que a criança aprende e
os ambientes de ensino bastante ricos em desenvolve suas estruturas cognitivas ao
quantidades e variedade de jogos, para lidar com o jogo de regra. Nesta
que os alunos pudessem descobrir concepção, o jogo promove o
conceitos inerentes às estruturas dos desenvolvimento, porque está
jogos meio de sua manipulação (MOURA, impregnado de aprendizagem. E isto
1992). acorre porque os sujeitos, ao jogar,
O jogo, ainda segundo essa passam a lidar com regras que lhes
concepção, deve ser usado na educação permitem a compreensão do conjunto de
matemática obedecendo a certos níveis conhecimento veiculado socialmente,
de conhecimento dos alunos tidos como permitindo-lhes novos elementos para
mais ou menos fixo. O material a ser apreender os conhecimentos futuros
distribuído para os alunos deve ter uma (MOURA, 1992).
estruturação tal que lhe permita dar um
salto na compreensão dos conceitos 8 CONCLUSÃO
matemáticos. É assim que materiais
estruturados, como blocos lógicos, Neste artigo, a partir da importância
do uso de jogos em contextos escolares e conhecimento.

psicopedagógicos, procurou-se evidenciar Pode-se dizer que os jogos
o quanto os jogos são ferramentas de apresentam-se ainda como simples
grande potencial em projetos educativos ferramenta de suporte ao processo de
de perspectiva construtivista. O que ensino-aprendizagem. Está-se procurando
pretendeu-se destacar é o quão natural e mudanças nos métodos, a partir da
intensas se tornam as ações, reflexões e incorporação dos novos recursos. É
abstrações dos aprendizes, bem como dentro deste espírito que te trabalho se
favoreceu a construção ou reconstrução insere. O primeiro passo, ural em todo
de noções lógicas e aritméticas num momento de transição, é a adaptação do
contexto lúdico. O suporte oferecido pelos antigo ao novo, ainda que de forma um
jogos não só ajudam a superação dos tanto tímida, isto percebe-se na forma
obstáculos inerentes ao próprio processo como estão sendo incorporados ao
de construção do conhecimento processo educativo.
matemático, mas também podem acelerar
o processo de apropriação do
ABSTRACT
Due to change in the contemporary world, the field of education, especially
in relation to training professionals for that field, has undergone profound
changes. All this change in the conception of education poses new issues
and challenges for the teaching of mathematics, understand the math as a
professional who, through their practice in your classroom, you can
contribute to the development of skills and competencies in educating.
Prepare questions about the practice that lead the student to reflect on the
application of same, analyzing the results, forecasting results at different
conditions experienced, and extrapolating to resolutions of problem
situations, is one of the major challenges of Professor of Mathematics. We
note, from theoretical studies, as research in the field of mathematics
education in Brazil and other countries, has contributed significantly to the
changes in the teaching-learning process of mathematics.
Mathematicians, psychologists and pedagogues educators propose a
review and reflection on the content to be taught, as well as discussions
on the didactic and methodological approaches to be applied in the
classroom. So the game has been considered as an important tool for
teaching mathematics tool because it develops the logical - mathematical
reasoning, leads the student to acquire skills and knowledge, stimulates
creativity, the spirit of discovery, leaving the class more interesting and
enjoyable.
Keywords: Games. Mat. Education.
REFERÊNCIAS
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RIBIE, 4., 1998, Brasília. Anais... Brasília:
[S.l.], 1998.

A Importância Do Jogo No Desenvolvimento Do Raciocínio Lógico Matemático PDF

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A IMPORTÂNCIA DO JOGO NO

Antônio Aparecido Alves de Souza*

Muitos educadores têm reconheci- rada em demasia, como uma matéria

compreendida pela minoria. Diante de tal autonomia do indivíduo. O pensamento

a caça e coleta: armadilhas, redes, objetos de uma coleção passou a ser

d.c, esse estudos matemáticos, que Quételet.

em outros tempos em virtude dos mais imediatos. Assim como a matemática

desafio é desenvolver um programa em grandes estruturas que organizam o

esses problemas. Alguns com bastante concepções pedagógicas também tem

operacional, programação dinâmica. tem contribuído de forma significativa,

matemática nesse panorama é uma das algo, repetir conhecimentos feitos

pela ação pedagógica, mediante a uma postura de humildade perante seus

matemática. ensino da matemática, dentre os quais se

tomadas como obstáculos para o nas escolas o modelo tradicional de

complexos, avaliando suas que as atividades requeiram.

uma indeterminação quanto ao uso, têm sido constantes. Os congressos

repleta de exemplos de ações em que se os erros cometidos em nome da melhoria

concentração, além de estimular a aplicabilidade da matemática.

surge como ciência prática na solução de ser considerada é no universo de

dependem dos objetos concretos para Todo o processo é permeado pelo

alunos, além de pretender-se a Fala-se em processo de ensino e

sintonizadas com os processos que na condução e os brinquedos limitados

explora as características dos objetos utilizar e utilizar a sua personalidade

que as crianças tomam consciência de 2003), todos os povos em todos os

consolidar os esquemas formados e dar Compreendendo que as

do uso de jogos em contextos escolares e conhecimento.

Keywords: Games. Mat. Education.

BECKER, F. Da ação a Operação. [S.l.]: MOURA, M. O jogo e a Construção do

______. Educação Matemática da Teoria PIAGET, J. Aprendizagem e

______. Da Realidade à Ação: Reflexões ______. Epistemologia Genética, 2. ed.

GRAVINA, M. A.; SANTAROSA, L. M. A

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