A FORMAÇÃO SOCIAL DA MENTE

(VYGOTSKY; L. S)

Vygotsky procurou uma abordagem abrangente que permitisse descrever e explicar

as funções psicológicas superiores que são resultado da atividade cerebral e
consequentemente tornou-se um dos primeiros defensores da união da psicologia
cognitiva experimental com a Neurologia e a Fisiologia.
Ele enfatizou as origens sociais da linguagem e do pensamento e foi o primeiro
psicólogo moderno a sugerir os mecanismos pelos quais a cultura torna-se parte da
natureza de cada pessoa.
Para este áutor, as crianças menores dão nome a seus desenhos após completá-
los, pois elas tem necessidade de vê-los antes de decidir o que eles são. À medida
em que vão ficando mais velhas adquirem a capacidade de decidir o que vão
desenhar. Esse processo significa uma mudança na função da fala. Inicialmente a
fala segue a ação, sendo provocada e dominada pela atividade. Com o decorrer do
desenvolvimento, a fala dirige, determina e domina o curso da ação.
A criança que fala pode perceber mudanças, e pode agir no presente com a
perspectiva do futuro. Ex: O macaco precisa necessariamente ver um objeto para
prestar atenção; a criança deve prestar atenção para poder ver o objeto.
O conceito de signo é percebido por Vygotsky como uma mediação simbólica
produzida culturalmente, que realiza a ligação entre as formas elementares e
superiores do desenvolvimento psicológico. Ex: desenho, escrita, leitura, o uso de
sistemas de números, etc.
A característica básica do comportamento humano em geral é que os próprios
homens influenciam sua relação com o ambiente e, através deste ambiente,
pessoalmente modificam seu comportamento, colocando-o sob seu controle.
Quanto ao processo de internalização das funções psicológicas superiores, o mesmo
consiste em uma série de 3 transformações, sendo que a internalização das
atividades socialmente enraizadas e historicamente desenvolvidas, constitui o
aspecto característico da psicologia humana.
O curso do desenvolvimento da criança caracteriza-se por uma alteração na própria
estrutura do comportamento; a cada novo estágio, a criança não só muda suas
respostas, como também as realiza de maneiras novas, gerando novos
“instrumentos” de comportamento e substituindo sua função psicológica por outra.
Três princípios formam a base da abordagem na análise das funções psicológicas
superiores. O primeiro é analisar processos e não objetos, pois os processos não
são objetos estáveis e fixos, eles sofrem mudanças. O segundo consiste na
explicação versus a descrição que compreende que na psicologia introspectiva e
associacionista, a análise consiste, essencialmente, numa descrição e não numa
explicação como nós a entendemos. A mera descrição não revela as relações
dinâmico- casuais reais subjacentes ao fenômeno. E o último princípio é o problema
do “comportamento fossilizado”, o qual consiste em processos que passaram
através de um estágio bastante longo do desenvolvimento histórico e tornaram-se
fossilizados.
Para Vygotsky, o aprendizado e o desenvolvimento estão inter-relacionados desde o
primeiro dia de vida da criança. O aprendizado começa antes mesmo dela iniciar o
período escolar.
Ele salienta que não é somente a sistematização o único fator importante na
aprendizagem, pois o aprendizado escolar produz algo fundamentalmente novo
para a criança. Para melhor compreender esta dimensão ele elaborou uma
constituição de homem, sendo que o desenvolvimento humano compreende 2
níveis: o desenvolvimento real e o potencial. O real compreende o conjunto de
atividade que a criança consegue resolver sozinha. Sendo indicativo de ciclos de
desenvolvimento já completos. O potencial compreende o conjunto de atividades
que a criança não consegue realizar sozinha, mas que, com a ajuda de alguém
(adulto ou criança mais experiente) ela consegue.
A distância entre o nível de desenvolvimento real e o potencial, caracteriza a “Zona
de Desenvolvimento Proximal”, sendo estas aquelas funções que ainda não
amadureceram, mas que estão em processo de maturação. Vygotsky também trás
a idéia do papel do brinquedo no desenvolvimento humano, sendo que é incorreto
definir o brinquedo como uma atividade que dá prazer à criança por duas razões:
primeiro, muitas atividades dão à criança experiências de prazer muito mais
intensas do que o brinquedo; segundo, existem jogos onde a atividade nem sempre
dá prazer, dependendo de um resultado favorável.
A imaturidade da criança em contraste com o adulto ou criança mais experiente faz
pensar que, por um lado ela depende totalmente destes e por outro ela se percebe
em um ambiente socialmente e plenamente desenvolvido para o seu aprendizado.
Vygotski criticou psicólogos e filósofos que acreditavam que “apenas a natureza
afeta o homem e apenas as condições naturais determinam o desenvolvimento
histórico do homem”. Sendo que para ele, ao longo de sua história o homem
“também afeta a natureza transformando-a, criando para si novas condições
naturais de existência”.
Este autor acreditava que o contexto social influencia o comportamento humano.
Ele percebeu que o que diferencia o homem do animal é a capacidade de
aprendizado do homem e o fato dele poder repassá-lo para as gerações futuras
através da linguagem, modificando assim o meio em que vive.