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Esta obra foi escrita por professores especialistas da Universidade de São Paulo que através de
dois anos de Reuniões Anuais da Sociedade Brasileira de Psicologia de Ribeirão Preto, traz uma
discussão entre os três principais teólogos da psicologia que tentam entender a evolução do ser humano
tanto nos fatores biológicos e sócios, como também, nos aspectos afetivos e cognitivos.
O livro está dividido em três partes que subdividi em subcapítulos onde trata do tema em questão
na visão dos três teóricos: Piaget na visão de La Taille, Vygotsky na visão de Oliveira e Wallon é
comentado por Dantas. A primeira parte traz um debate entre os fatores biológicos e sociais do
desenvolvimento humano sobre a linha de Piaget, o qual faz um diálogo sobre o lugar de interação
social, na concepção de Vygotsky o debate é sobre o processo de formação de conceitos e na teoria de
Wallon, onde é discutido o ato motor ao ato mental do indivíduo.
Inicialmente faz-se uma introdução sobre o lugar das interações sóciais na obra de Jean Piaget,
evidenciando que o mesmo não desprezou a importância dos fatores sociais no desenvolvimento da
inteligência do indivíduo, pois, o homem é impossível de ser pensado fora da sociedade em que vive.
No entanto, o homem normal não é social da mesma maneira aos seis meses que aos vinte anos de idade
devido aos fatores biológicos e sociais que o sujeito avança qualitativamente e passa a interagir dentro
da sociedade a qual está inserido transformando o meio em que vive ou ajustando para favorecer o seu
bem estar social.
Nesse contexto, o sujeito evolui a partir das experiências pessoais transmitidas através das
interações vividas no meio, e um bebê não tem o grau de maturação que tem um adulto. Para tanto, a
socialização passa pela qualidade nas trocas intelectuais e vai evoluindo através das fases de
desenvolvimento da criança. O autor demonstra esse raciocínio na aplicabilidade de uma equação em
que para as trocas intelectuais Piaget pressupõe um perfeito equilíbrio e uma interação de pensamentos.
Tal equilíbrio das reações sociais só é possível entre indivíduos que tenham atingido o estágio operatório
de pensamento fazendo uma panorâmica sobre as etapas do desenvolvimento cognitivo relacionando o
desenvolvimento das operações lógicas aos estágios de desenvolvimento social.
Sobre concepção de Vygotsky, Oliveira (1992) traz uma discussão sobre o processo de formação
de conceitos a respeito dos fatores biológicos e sociais no desenvolvimento do psicológico. No entanto,
as funções psicológicas do indivíduo são formadas ao longo de sua trajetória no contexto social em que
vive. Nesse processo de formação de conceitos, a linguagem humana exerce um papel mediador entre o
sujeito e o objeto de conhecimento.
Segundo Oliveira (1992), isto é, além de servir ao propósito de comunicação entre indivíduos, a
linguagem simplifica e generaliza a experiência, ordenando as estâncias do mundo real em categorias
conceituais cujo significado é partilhado pelos usuários dessa linguagem. O estudo sobre Vygotsky na
formação de conceitos aponta para duas linhas de investigação que são: o conhecimento do cérebro que
opera sem a influência do meio, e do outro lado, a cultura contribuindo para o processo de formação do
fator biológico do sujeito.
Em relação à Wallon, Dantas faz uma síntese sobre a vida, ressaltando que sua principal obra
surgiu a partir de sua tese de doutorado que foi transformada no livro L’enfaut Turbulent (Infância e
Turbulência) concluído após observações e experiências minuciosas com 214 crianças de 2 a 15 anos de
idade, com profundas perturbações de comportamento. Nesta obra o autor descreve etapas do
desenvolvimento psicomotor como estágio impulsivo, emocional, sensório-motor e projetivo, e também
analisa as características e sintomas das morbidades psicomotoras, com um intuito não só de pesquisa,
também para que seja viabilizada a cura para estes pacientes.
Dessa forma, Wallon, ao estudar a psicopatologia, dedicou-se ao desenvolvimento da criança que
tinha como questão fundamental o estudo da consciência, considerando o melhor caminho para
compreendê-la e com isto, tendo como foco principal a sua gênese que através de sua pesquisa de campo
explorou as origens biológicas da consciência do indivíduo.
A partir dos apontamentos enfatizados na obra entende-se que para La Taille (1992), Piaget faz
uma clara distinção entre dois tipos de relação social: a coação e a cooperação. Na coação o individuo
recebe a afirmativa do adulto como verdadeira sem refletir sobre o que foi dito, ou seja, corresponde a
um nível baixo de socialização, enquanto que nas relações de cooperação são as que permitem esse
desenvolvimento efetivamente. Portanto, o autor evidencia que se tem em Piaget uma teoria que resgata
a dimensão ética e política dentro do desenvolvimento da inteligência do homem permitindo
transparecer na sua análise uma perspectiva interacionista como referencial e fundamento básico do seu
raciocínio.
Somando a isso, Ferreiro e Teberosky (1999) pontuam elementos que fazem associações
condizentes e amplia a discussão sobre desenvolvimento intelectual e socialização do indivíduo. Assim:
O sujeito que conhecemos na teoria de Piaget é aquele que procura ativamente compreender o mundo
que o rodeia e trata de resolver as interrogações que este mundo provoca. Neste contexto, o indivíduo é
um ser cognoscente que está o tempo todo buscando aprimorar seus conhecimentos (FERREIRO E
TEBEROSKY, 1999 p 29).
O sensório motor e projetivo inicia de 1 aos 3 anos de idade, nesse período a criança começa a
explorar o espaço físico agarrando, segurando, sentando, engatinhado, etc. Esta fase instrumenta
efetivamente e cognitivamente o indivíduo para o próximo estágio, o personalismo vai dos 3 a 6 anos de
idade, nesta etapa inicia o processo de discriminação entre o EU e o OUTRO, no categorial que vai de 6
a 11 anos acontece a melhor organização do mundo físico, e de 11 anos em diante acontece à puberdade
e adolescência determinada pela busca de explorar a si mesmo que tem como ponto de partida o
patológico. Ao fazer essas análise apresenta em seguida as síndromes psicomotoras.
Vale salientar que, haverá uma descontinuidade entre o ato motor e o ato mental na medida em
que for se fortalecendo com o domínio de signos culturais, enquanto que, o ato motor vai reduzindo os
seus movimentos a partir do segundo ano de vida que irá dá mais espaços de tempos cada vez mais
longos de imobilização.
Sobre o desenvolvimento do juízo moral e afetividade na teoria de Piaget, que fala em sua obra
“Le jugement moral chez I’ enfant”. O desenvolvimento do juízo moral da criança está enraizado entre a
afetividade e cognição, ou seja, impossível de ser pensado separadamente, pois o indivíduo descobre a
afetividade no meio em que vive, e através do contato com os outros o desenvolvimento da sua
personalidade é formado através de percepções, assimilação, experiências e informações vivenciadas
pelo sujeito. Nesse sentido, Munari (2010 p.102) expressa que, “a questão da influência do meio sobre o
desenvolvimento e o fato de que as reações características dos diferentes estágios sejam sempre relativas
a certo ambiente”.
Nesse sentido, para Piaget, as vivências impõem regras, as quais só poderão ser confirmadas a
partir do respeito que o sujeito tem por estas regras baseado em sua moralidade. Pois, toda moral
consiste num conjunto de normas a ser seguida, e toda sua essência está no respeito a estas normas. Para
facilita a compreensão, Piaget apud La Taille (1992) classifica em três etapas de evolução da prática e da
consciência da regra que são: anomia: de 5 a 6 anos quando a criança não seguir as regras coletivas
criando suas próprias normas à medida que se sentirem ameaçadas no transcorrer do processo em que
está participando; heteronomia: de 6 a 9 anos quando não compreende, mas seguir; e autonomia: de 9 a
10 anos quando seguem as regras e compreende o acordo firmado coletivamente visando favorecer o
bem comum.
No entanto, o dever moral acontece a partir das normas estabelecidas pelos pais e os adultos que
vivem no seu dia a dia, e também pelo respeito que elas tem sobre tais regras que podem ser traduzido
como realismo moral caracterizado por três etapas distintas como: é bom todo ato de obediência, culpem
ao pé da letra e o julgamento é feito pelo ato e não pela intencionalidade.
Todavia, a noção de justiça reúne todas as noções morais que regulam e determinam as normas
dentro da sociedade, incluído as ideias matemáticas e outras. Fato bastante curioso e equivocado é o
símbolo da justiça ser determinado pela imagem da balança como forma de estabelecer o direito e
igualdade para todos, mas não poderão esquecer-se dos seus deveres e o respeito ao próximo. No
entanto, cada cidadão que se sentir ameaçado ou prejudicado poderá recorrer às leis para que a justiça
seja conquistada e o seu direito prevalecido.
Entende-se que, para Vygotsky a consciência é formada através de sua participação no meio em
que vive, no qual o sujeito se relaciona e aprimora seus conhecimentos com base nas praticas sociais dos
mais experientes tendo a linguagem Intersubjetividade que é a questão simbólica como meio facilitador
dessa integração social que vai favorecer um processo de internalização deste contexto cultural para a
formação da sua própria consciência (subjetividade). Segundo Vygotsky (1984) é a ideia de que os
processos mentais superiores são processos mediados por sistemas simbólicos, sendo a linguagem o
sistema simbólico básico de todos os grupos humanos.
Para tanto, a emoção tem sua origem na vida orgânica do sujeito que ao nascer é mediado pelo
afeto que simultaneamente envolve o social e o biológico criando no indivíduo uma ligação forte com o
ambiente. A emoção pode ser classificada de natureza Hipotética (susto e depressão) e hiprotética
(ansiedade). O sujeito é puramente afeto. Enquanto, segundo Wallon apud Dantas (1992) quando a
inteligência e afetividade estão misturadas e ao longo da vida será marcado por momentos afetivos ou
cognitivos.
Afirma-se então que, o livro retrata uma discussão sobre a psicologia genética tão indispensável
para compreender como ocorre o desenvolvimento humano necessário para o estudo das diversas áreas
afins.
Identificação dos autores: Yves La Taille, professor doutor do Instituto de Psicologia da Universidade
de São Paulo, na cadeira de Psicologia do Desenvolvimento. Marta Kohl de Oliveira, Professora
doutorada Faculdade de educação da Universidade de São Paulo, na cadeira de Psicologia da Educação.
Heloysa Dantas, professora doutora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, na área de
Psicologia da Educação.
Nilda Tavares da Silva Santos: aluna do Curso de Mestrado em Ciências da Educação – Inovação
Pedagógica da Universidade da Madeira. (nildatavaressantos@gmail.com).