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Fernanda Cristina de Paula

Doutoranda Instituto de Geociências/Unicamp


depaula.fernandac@yahoo.com.br

TERRITÓRIO: BUSCANDO ABORDAGENS FENOMENOLÓGICAS EM


GEOGRAFIA

INTRODUÇÃO

O trabalho apresentado aqui faz parte da proposta de avanço, ampliação e


aprofundamento da reflexão epistemológica da Geografia de orientação
fenomenológica; junto ao Grupo de Pesquisa de Geografia Humanista Cultural1. Em um
primeiro momento, a pesquisa atentou sobre como vem se tornado crescente a discussão
de geógrafos brasileiros que se voltaram para os estudos de territórios de pequena
escala, cuja origem e devir estão ancorados na vivência do espaço; e atentamos à
contribuição possível da abordagem fenomenológica para a reflexão desse tipo de
território (DE PAULA, 2011).
Desta primeira etapa da pesquisa, chamamos atenção para um ponto importante:
os autores mais utilizados, pelos brasileiros, nos estudos de territórios oriundos da
vivência são aqueles que trazem uma discussão relacional de território (em contraponto
àquela que enfatiza apenas territórios derivados de poder institucionalizado, como o
Estado-Nação). Em outras palavras, apesar do crescente estudo sobre estes territórios
entre os brasileiros, há uma flagrante ausência de pesquisadores que ofereçam uma
discussão sistemática e/ou uma base teórico-metodológica para a compreensão desses
fenômenos territoriais.
Além disso, é necessário destacar a importância da Geografia Humanista,
orientada pela Fenomenologia, para a abordagem desses territórios. Esses territórios,
oriundos de um poder não-formalizado, cujo espaço é apropriado a partir de ações
cotidianas (beligerantes ou não), cujas territorializações são eivadas pelo sentimento de

1
Para mais informações sobre o grupo ver: HTTP://geografiahumanista.wordpress.com
pertencimento e que são esteados sobre o lugar (este, que é a relação mais intima entre
homem e porção do espaço) surgem a partir da vivência do espaço. E é a Geografia
Humanista, de orientação fenomenológica, que vem lidando com essa temática,
desenvolvendo teoria, método e pesquisas empíricas referentes à vivência e experiência
espacial2. Dessa forma, esta perspectiva da Geografia pode contribuir fortemente para a
compreensão desses territórios que, nesse trabalho, serão chamados de territórios
vividos. No entanto, apesar da contribuição possível da Geografia com abordagem
fenomenológica, constatamos estar presente nas bibliografias dos trabalhos já realizados
acerca de territórios vividos apenas um autor que faça uma relação explícita entre esse
tipo de território e a abordagem fenomenológica: o professor Werther Holzer (um dos
expoentes da Geografia Humanista no país), no artigo “Uma discussão fenomenológica
sobre os conceitos de paisagem e lugar, território e meio ambiente” (HOLZER, 1997).
Assim, surge a questão: não existe, para além da geografia brasileira, geógrafos
que propuseram uma reflexão epistemológica mais sistemática acerca de territórios
vividos? Há geógrafos que já vem desenvolvendo de forma mais detalhada a abordagem
fenomenológica do território? Assim, buscando vencer essas questões, continuamos a
pesquisa, empreendendo um primeiro levantamento em bibliografia internacional
(principalmente livros e artigos em periódicos de destaque), referente a território do
ponto de vista humanista e fenomenológico, cujo resultado parcial, apresentamos aqui.
Este texto segue discutindo sobre a produção de dois coletivos de geógrafos que
apresentaram maior destaque nas buscas, o anglófono e o francófono; e se encerra
apontando os caminhos possíveis para ampliar e aprofundar a discussão epistemológica
da Geografia Humanista no Brasil, particularmente, em relação a uma das principais
categorias geográficas – o território.

TERRITÓRIOS VIVIDOS: BUSCAS EM BIBLIOGRAFIA INTERNACIONAL

2
Para uma discussão mais detalhada da contribuição da Fenomenologia para compreensão dos territórios
vividos, ver De Paula (2011).
Iniciamos o levantamento bibliográfico, em literatura estrangeira, buscando
trabalhos em que os territórios fossem pensados fenomenologicamente. Esse primeiro
levantamento cobriu três frentes: (1) precursores e expoentes da Geografia Humanista,
assim como, grupos de pesquisas associados a eles (Anne Buttimer, Edward Relph,
David Lowenthal e Yi-Fu Tuan); (2) coletâneas de livros associados à Geografia
Humanista Cultural (notadamente, os livros lançados pelo Núcleo de Estudos e Pesquisa
sobre Espaço e Cultura – NEPEC); (3) sítios de plataformas com periódicos de
Geografia em, inglês, espanhol e francês. Neste levantamento, não foram encontrados
trabalhos que abordassem fenomenologicamente o território.
Como uma outra estratégia, ampliamos o levantamento para abarcar outros
textos (além dos já difundidos no Brasil) que trabalhassem com territórios vividos3,
esperando que pudessem revelar a influencia ou não de uma reflexão fenomenológica,
mesmo que o autor do trabalho não se aliasse, necessariamente, a essa linha de pesquisa.
Embora esse levantamento também não tenha revelado, diretamente, trabalhos
específicos relacionando território e fenomenologia, foram encontrados artigos
discutindo territórios vividos em dois coletivos de geógrafos: os anglófonos e os
francófonos, sistematizando a produção referente ao território em dois coletivos. Nos
próximos dois subitens, apresentamos mais especificamente o que foi encontrado sobre
esses dois coletivos.

Coletivo anglófono: território e behaviourismo


No artigo “Territoriality and human space behaviour”, de 1982, John R. Gold
busca avançar na compreensão de como as pessoas estabelecem, mantêm e defendem
seus territórios (GOLD, 1982). A discussão é encaminhada de forma a esclarecer como
a reflexão acerca do comportamento (behaviour) espacial humano pode servir como
base para compreender o território.

3
Os critérios para selecionar o trabalho como referente à território vivido foram, principalmente: serem
territórios de indivíduos ou pequenos grupos e/ou de poder não institucionalizado.
Na discussão sobre territorialidade humana, Gold (1982) mostra que haveria
duas escolas: aquela que defende que a territorialidade humana é análoga à
territorialidade animal; e a segunda defendendo que as territorialidades animal e
humana se diferenciam na medida em que, na ultima, “[...] territoriality represents a
culturally derived and transmitted answer to particular human problems, not the blind
operation of instinct” (GOLD, 1982, p. 48). Dos poucos estudos, em língua inglesa,
encontrados no levantamento realizado, observa-se que a discussão acerca de territórios,
de sua vivência, dos mecanismos manutenção e defesa dos territórios, acompanham as
discussões sobre comportamento espacial humano (ainda que não as aprofunde) e sua
relação com a cultura.
Por exemplo: no artigo “Urban grafitti as territorial makers” de Ley e
Cybriwsky (1974); no artigo “Home: as territorial core” de Porteous (1976); e o
reasearch paper da Association of American Geografphers de Edward Soja (1971);
observa-se discussões relacionadas a territórios de indivíduos ou pequenos grupos,
levantando o papel da cultura nesses territórios e identificando agentes da
territorialização, configuração dos territórios e estratégias de territorilização, criação e
manutenção do poder e dos limites. O conceito-chave desses trabalhos é behaviorismo;
em outras palavras, os territórios oriundos da vivência são compreendidos enquanto
fruto do comportamento humano o qual é pensado a partir das teorias behavioristas
(levantando discussões sobre paralelos e divergências entre território humano e
território animal), como o artigo de Gold (1982) destaca.
No que diz respeito à abordagem e/ou reflexão fenomenológica, encontramos
nos artigos de Ley e Cybriwsky (1974), de Porteous (1976) e de Gold (1982),
referências a geógrafos precursores da abordagem fenomenológica (Yi-Fu Tuan e Anne
Buttimer) para embasar argumentos concernentes à vivência do lugar. Também
aparecem reflexões fenomenológicas do filósofo Gaston Bachelard, desenvolvidas no
livro “A poética do espaço”. Observamos que nestas discussões anglófonas sobre
territorialidade humana, a utilização de reflexões de cunho fenomenológico acontecem
por conta dessa corrente de pensamento apresentar pontos de interesse em comum com
a noção de comportamento humano espacial: a escala abordada (indivíduos e pequenos
grupos) e o tema abordado (a experiência dos indivíduos, a vivência e, dentro desta, a
constituição de territórios).
Embora haja pontos de contato entre as discussões do comportamento espacial
humano, território e fenomenologia, não foi encontrado ainda nenhum trabalho que
aprofunde essas relações. Mesmo, verificou-se (até o momento) que a discussão sobre
comportamento espacial humano não tem sido desenvolvida nas ultimas décadas.
No entanto, se na literatura anglófona, são poucas a possibilidade de encontrar
estudos mais aprofundados do território a partir da fenomenologia, acontece o contrário
na literatura francesa. Acreditamos que isso se deve, sobretudo, pelo fato do território
ter adquirido grande importância na Geografia francesa em geral – estando menos
restrito às discussões de Estado-Nação. Sobre territórios vividos, nesse coletivo de
geógrafos, já são bastante conhecidos os trabalhos de Joel Bonnemaison; no entanto, a
discussão sobre território com base na vivência do espaço não se restringe a esse
geógrafo. No próximo subitem, detalhamos melhor os autores que pensam território a
partir da fenomenologia.

Coletivo francófono: território e fenomenologia


Em um dossiê sobre território, “Construire les territoires” (2008), no periódico
Historiens & Géographes, o artigo de Frédéric Giraut apresenta um balanço sobre a
atual conceitualização de território na geografia francófona. Ao apresentar as discussões
sobre esses territórios, do ponto de vista do que ele chama de Geografia Cultural, atenta
tanto para geógrafos que transitam entre a Geografia Social e a Geografia Cultural,
como Bernard Debarbieux e Guy di Méo, quanto geógrafos que apresentam uma
filiação mais direta com a fenomenologia: Angelo Turco, André-Frédéric Hoyaux e
Philippe Gervais-Lambony. De um modo geral, embora os geógrafos citados venham
desenvolvendo pesquisas desde fim da década de 1990, eles ainda são desconhecidos
entre os geógrafos brasileiros. A seguir, apresentamos algumas informações sobre cada
um estes geógrafos e seus trabalhos.
Giraut (2008), alia Bernard Debarbieux à perspectiva cultural de pensamento
sobre território, sobretudo por Debarbieux, no “Dictionnaire de la géographie et de
l’espace des sociétés”, ao definir o vocábulo território colocar a dimensão simbólica
como um de seus fatores de constituição. Debarbieux possui trabalhos, principalmente,
referentes à representação do espaço, se utilizando de reflexões da Fenomenologia;
embora faça questão de que se atente que seus trabalhos apenas se apoiam na
Fenomenologia e que, dessa forma, ele não se alia necessariamente a uma Geografia
Humanista, mas sim, à Geografia Social4. É dentro do contexto da representação
espacial que encontramos suas discussões acerca de territórios, como por exemplo, em
sua tese de doutorado (“Territoires de Haute Montagne : Recherches sur les processus
de territorialisation et d’appropriation sociale de l’espace de haute montagne dans les
Alpes du Nord”), de 1988, ou em seus trabalhos mais recentes.
André-Fréderic Hoyaux foi orientado, em sua tese de doutoramento, por Bernard
Debarbieux. Embora, em linhas gerais, Hoyaux siga as discussões sobre representação
do espaço tal de seu orientador, seus trabalhos apresentam um resgate e uma discussão
fenomenológica muito mais profundos, chegando até a propor metodologias para o uso
da Fenomenologia em Geografia (HOYAUX, 2006). Boa parte de sua tese de
doutoramento é dedicada à discussão do território a partir da Fenomenologia
(HOYAUX, 2000).
Guy di Méo é outro geógrafo francófono ligado à Geografia Social, mas que
desenvolve uma aproximação estreita entre a crítica da sociedade e a Fenomenologia.
Essa aproximação está presente em livro “L’homme, la société, l’espace”, cuja segunda
parte é toda dedicada à discussão sobre território.
Angelo Turco, único não francófono citado por Giraut (2008), é um geógrafo
italiano, cuja discussão sobre território engloba as dimensões econômicas e políticas,
mas oferece especial atenção à dimensão sociocultural.
No que diz respeito à Philippe Gervais-Lambony, o que Giraut (2008) nos
apresenta dele já revela a forte influência do fenomenólogo Martin Heidegger no

4
Ver Debarbieux (1998).
trabalho deste geógrafo. Essa influência é observável na forma como o “habitar” e a
“quadratura” heideggerianos estão presentes na compreensão de território de Gervais-
Lambony (apud GIRAUT, 2008, p. 60) nessa passagem:
Le territoire paradigmatique est l’habiter par excellence, c’est à dire la
double inscription au monde, verticale (mise en relation avec la terre
et le ciel « être au monde ») et horizontale (relation avec les autres,
être à la société humaine).[...] La territorialité n’est pas ce discours qui
est d’ordre culturel, elle est inscription individuelle immédiate au
monde.»

A partir do levantamento e da aproximação junto aos quatro geógrafos que


discutem território em conjunto com a Fenomenologia, podemos já levantar algumas
hipóteses e, também, perguntas acerca das autores apresentados por Giraut (2008).
Primeiro, é preciso atentar Bernard Debarbieux (1998) e Guy di Méo (1991)
possuem uma filiação maior com a fenomenologia husserliana, trazendo-a para a
argumentação de como o mundo (enquanto fenômeno oriundo da relação sujeito-objeto)
se faz presente aos sujeitos, auxiliando, por exemplo, nas discussões sobre
representação do espaço. Dentro dessa discussão, fazem a ponte com a Geografia Social
ao colocar que o sujeito (que sua subjetividade) é resultado não só de seus gostos
pessoais, mas também das lógicas que regem a sociedade em que vive. Dentro desse
contexto entre Fenomenologia e Geografia Social, que fatores esse autores discutem
acerca de territórios? Quais aspectos enfatizam? Quais elementos condicionam a
construção, a manutenção, a configuração dos territórios? O que a Fenomenologia ajuda
a entender acerca dos territórios?
Já nos casos de André-Frédéric Hoyaux (2000) e Philippe Gervais-Lambony,
temos uma forte influencia heideggeriana, principalmente a partir da noção de habitar.
Martin Heidegger se destaca entre os fenomenólogos por dar corpo a uma reflexão de
cunho existencial (em contraponto às discussões husserlianas que, poderíamos dizer,
são mais aliadas à Teoria do Conhecimento). Trazer o habitar como orientador do
território significa, talvez, pressupor que o território seja, antes de tudo, um fenômeno
inalienável do ser-no-mundo, de forma que sua compreensão se encaminhe para a
reflexão da ontologia humana. Estando apoiados em Heidegger, o que esses geógrafos
podem revelar sobre a relação entre ontologia e território? Que significaria para a
concepção de território, lançar mais luz para a dimensão fenomenológica-existencial?
Como ficam a compreensão da construção, manutenção e configuração dos territórios
entendidos a partir do habitar heideggeriano?
Para além das questões levantadas, é preciso, ainda, reconhecer também que um
aprofundamento nas discussões empreendidas por esses geógrafos, podem nos auxiliar
na ampliação epistemológica não apenas do território, mas também dos elementos que o
constituem como: a identidade em relação ao espaço, a fronteira, o exercício de poder, a
apropriação. Oferecendo, dessa forma, caminhos para uma compreensão mais ampla
não só da categoria território, mas da própria geografia (enquanto ato e enquanto
ciência).

TERRITÓRIO E FENOMENOLOGIA: CAMINHOS

A partir dos resultados parciais, apresentados aqui, já podemos responder uma


das questões que motivaram a pesquisa: há geógrafos que discutem território a partir da
fenomenologia, sobretudo no coletivo francês. E, possivelmente, dentre estes geógrafos
há reflexões epistemológicas mais sistemáticas acerca de territórios vividos.
As tarefas que se abrem agora são: levantar e sistematizar os trabalhos desses
geógrafos (Bernard Debarbieux, Angelo Turco, André-Frédéric Hoyaux, Philippe
Gervais-Lambony, Guy di Méo), identificar seus pares, suas principais referências
bibliográficas, suas temáticas, difusões de suas discussões. E então, abrir caminhos,
ponderando no que as reflexões desses geógrafos coadunam, refutam e avançam em
relação ao que já temos discutido sobre território; no que elas avançam na compreensão
de identidade, fronteira, poder, apropriação e, em suma, de nossas relações com o
espaço. Traçando, dessa forma, contribuições tanto para a Geografia Humanista de
orientação fenomenológica quanto para as discussões acerca de territórios vividos, que
já vem se desenvolvendo entre os geógrafos brasileiros.
REFERÊNCIAS

DE PAULA, Fernanda Cristina. Sobre a dimensão vivida do território: tendências e a


contribuição da Fenomenologia. Geotextos, Salvador, vol. 7, n. 1, p. 105-126, jul./
2011.
DEBARBIEUX, Bernard. Les problematiques de l’image et de la représentation en
Géographie. In: BAILLY, Antoine (org.) Les concepts de la Géographie Humaine.
Paris : Armand Colin, 1998. p. 199-209.

DI MÉO, Guy. L’homme, la société, l’espace. Paris : Anthropos, 1991.

GIRAUT, Frédéric. Conceptualiser Le territoire. Historiens et Géographes, n. 403, pp.


57-68, 2008.

GOLD, John R. Territoriality and human spatial behavior. Progress in human


geography, vol. 6, pp. 44-66, jan. 1982.

HOLZER, Werther. Uma discussão fenomenológica sobre os conceitos de paisagem e


lugar, território e meio ambiente. Território, Rio de Janeiro, ano II, nº 3, p. 77-85,
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HOYAUX, André-Frédéric. Habiter la ville et la montagne : Essai de Géographie


Phénoménologique sur les relations des habitants au Lieu, à L’Espace et au Territoire.
(Exemple de Grenoble et Chambéry). 2000. Tese (Doutorado em Geografia) – UFR de
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__________. Pragmatique phénoménologique des construictions territoriales et


idéologiques dans les discours d’habitants. L’Espace Géographique, n.3, p. 271-285,
2006.

LEY, David; CYBRIWSKY,Roman. Urban grafitti as territorial makers. Annals of


Association American Geographers, vol. 64, n. 4, pp. 491-505, dez. 1974.

PORTEOUS, Douglas. Home: the territorial core. Geographical Review, vol. 66, n. 4,
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SOJA, Edward W. The political organization of space. Washington: American


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