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Conceitos introdutórios Fatores do Desenvolvimento

Psicologia do Desenvolvimento  Herediteriedade;


Controvérsia
 Meio.
 É a parte do conhecimento científico que procura compreender como e porquê as
pessoas mudam ou permanecem as mesmas quando envelhecem (Maluf, 2015); O desenvolvimento psicológico é um processo que ocorre num indivíduo humano
 Expressa uma complexa rede de significação a respeito das mudanças pelas quais portador de uma herança genética, situado num meio social e cultural.
passam os indivíduos humanos, do nascimento à morte;
 A Psicologia do Desenvolvimento recebeu também a designação de Psicologia As 4 fases da Psicologia do Desenvolvimento
Genética quando esteve mais voltada para o aspeto evolutivo dos comportamentos,
ou seja, para sua génese. Esta designação é hoje pouco utilizada, pois pode ser 1ª fase - Concreta (décadas de 20 e 30 do século XX)
confundida com o estudo dos genes, ou seja, com a Genética.
 Debruça-se, por exemplo, sobre descrições de desenhos de crianças, brincadeiras,
Objeto de estudo da Psicologia do Desenvolvimento jogos (estudavam-se as mudanças concretas com a idade);
o Nesta fase concreta, a Psicologia do Desenvolvimento utiliza sobretudo a
No início, a Psicologia do Desenvolvimento era definida como o estudo das descrição e não a explicação, optimizando a observação naturalista
mudanças de comportamento que ocorrem em devido ao tempo, mas o tempo em si não (observação que se faz e regista-se tudo);
é uma variável psicológica, logo, as mudanças de comportamento não ocorrem em função  A Psicologia estudava a criança para compreender como se aprende, como se
do tempo, mas em função de processos intra-individuais, ou seja, que está contido desenvolve o pensamento lógico, como se desenvolve a motricidade e não para
dentro do indivíduo e de eventos ambientais que ocorrem dentro de determinada faixa compreender a criança em si mesmo.
de tempo (geralmente a longo prazo).
2ª fase – Intermediária (décadas de 40 e 50 do século XX)
Os Fundadores da Psicologia do Desenvolvimento
 Recorre-se a métodos estatísticos como as correlações;
Foram diversos os fundadores da Psicologia do Desenvolvimento, sendo que cada  Já se estabelecem estudos quantitativos;
um contribuiu para a evolução da mesma de diversas formas:  Estabelecem-se relações entre duas ou mais variáveis, por exemplo, o estudo da
inteligência e a idade;
 James Mark Baldwin: exerceu grande influência nos trabalhos de Piaget e de Wallon;  Utiliza a descrição e a explicação.
 Arnold Gesell: deu origem à orientação maturacionista, que estuda o
desenvolvimento a partir da maturação orgânica/fisiológica; 3ª fase – Abstrata (a partir dos anos 60)
 Wolfgang Köhler: deu origem à teoria da segregação figura-fundo e afirmou que o
todo é sempre mais do que a soma das partes, vai estudar a forma e a relação entre  A Psicologia de Desenvolvimento interessa-se pelas causas das mudanças de
as partes. Vai estudar as ligações entre os diferentes elementos; comportamento;
 Charlotte Bühler: estudou o desenvolvimento mental da criança e do adulto, dando  Recurso ao método experimental utilizando estudos em laboratórios;
origem à abordagem do ciclo vital;  Estuda-se o pensamento, a dependência, a agressão, etc.
 Lev Vygotsky: construiu as bases do enfoque sociocultural do desenvolvimento e da
construção mental; 4ª fase – Abordagem life span (a partir dos anos 70)
 Henri Wallon: contribuições sobre a relação natural, necessária e vital entre a criança
e a sociedade, ou seja, o contexto com o meio.  O desenvolvimento é coextensivo à duração da vida (Baltes);
 O desenvolvimento processa-se de acordo com várias dimensões: física, afetiva,
cognitiva, social, moral…;
 Há dimensões que podem parar no tempo.
Vídeo “O Comboio da Vida”

No vídeo “O Comboio da vida” é mencionado um livro, no qual a vida é


comparada com uma viagem de comboio, composta por embarques e desembarques, que
são acompanhados por acidentes, surpresas e tristezas.
A primeira vez em que subimos ao comboio é quando nascemos e temos o
primeiro contacto com os nossos pais porém, eventualmente eles vão sair em alguma
estação sem estarmos à espera, tal como é referido no vídeo, o que será um
desembarque triste e até mesmo assustador, já que vamos estar sozinhos neste comboio,
sem apoio, sem carinho e sem a nossa primeira companhia. No entanto, o nosso comboio
não é só marcado por despedidas, mas sim por “olás”, já que vamos poder conhecer
pessoas novas, desde outros familiares, a amigos, a pessoas que só vem dar um passeio e
saem logo na estação seguinte, a pessoas que vão se instalar na carruagem de outros
após deixaram a nossa, até mesmo aquele ex-namorado que não gostamos nada, ao amor
da nossa vida e aos nossos filhos. Todos estes vão contribuir para a construção do nosso
“eu”, um “eu” que é feliz, triste, que sente amor, saudade, nostalgia, um dos mais
poderosos sentimentos que nós, humanos, podemos experienciar e dúvida, uma vez que
nunca saberemos qual a próxima estação na qual vamos sair ou se qualquer pessoa que
nos acompanhou até agora irá ficar por ali, seguindo uma viagem diferente.
Para mim, esta analogia é ótima, uma vez que, com a idade que tenho, sou uma
adulta emergente e já percebo que realmente a nossa vida é mesmo como uma viagem
de comboio, na qual acontecem diversas coisas que tanto podem estar ao nosso controlo
como não. Então, não devemos de nos castigar por isso, temos que ter sempre em conta
que o mais importante é aproveitarmos a viagem e enquanto temos essas pessoas na
nossa vida, temos que tirar disto as melhores experiências, aventuras e momentos, sem
nos preocuparmos com o facto de um dia podermos perder essas pessoas, temos sim que
nos preocupar em sermos felizes com as mesmas, compartilhar-mos e dar-mos tudo de
nós para que, caso a vida decida tirar alguém da nossa carruagem, tenhamos imensas
memórias e recordações do quão bom foi o tempo que passamos juntos, porque por mais
que tenhamos constantemente passageiros a sair da nossa carruagem, os mesmos nunca
deixarão de fazer parte do nosso comboio, da nossa vida e daquilo em que nos tornamos.
De facto, a vida é passageira, tal como muitas pessoas que por ela passam, mas
como dito no vídeo a viagem é mesmo assim, cheia de desafios, sonhos, fantasia, esperas
e despedidas, logo, temos que aproveitar ao máximo esta viagem, estabelecendo a
melhor relação possível com os outros, compreendendo-os e ouvindo-os, para que o
mesmo seja feito connosco. Esta viagem é repleta de dúvidas e mistérios, de quem vai sair
e entrar na nossa carruagem e se nós também iremos sair do nosso próprio comboio e em
que estação, esta realmente é uma grande dúvida, há qual sinceramente não sei
responder mas, para mim, isso não interessa, quero aproveitar os momentos que tenho
nesta viagem de comboio, com as pessoas que mais gosto e sem ressentimentos por
quem já não está na mesma viagem do que eu, afinal, avida realmente são só dois dias, e
faze-la valer a pena, é o meu principal objetivo.
Teorias do Desenvolvimento Humano Outras teorias

Três principais teorias Mais recentemente: Enfoque Sociocultural do Desenvolvimento

Teorias Maturacionistas Apoia-se em pesquisas provenientes da Educação, da Sociologia, da História e da


Antropologia e dá origem às perspetivas ecológicas do desenvolvimento humano, de
Nesta perspetiva, o desenvolvimento é um processo sequencial contínuo, onde Bronfenbrenner, que estuda mudanças do indivíduo em relação a mudanças meio social,
cada etapa representa um degrau ou nível de maturidade denominado estádio, que se físico, psicológico.
baseiam na maturação do indivíduo, assim, o desenvolvimento é associado aos fatores Este enfoque afirma que o desenvolvimento humano é o resultado da interação
biológicos e à maturação das estruturas nervosas de cada um de nós, que ocorrem num dinâmica entre pessoas em desenvolvimento e a cultura que as envolve, desta forma, as
quadro temporal biologicamente determinado. pessoas são afetadas pela sociedade, mas por sua vez as pessoas também mudam a
sociedade, por exemplo, as crianças aprendem através dos pais, professores, pares,
Estádios Maturacionais de Gesell escola, vizinhança, mas a sua aprendizagem é modelada pela comunidade, ou seja, pela
cultura (Maluf, 2015).
Gesell defende que o desenvolvimento segue uma ordem de sucessão no tempo
programada pela maturação física, ou seja, os estádios relacionam-se com a idade Teoria dos Sistemas Epigenéticos de Maluf
cronológica e níveis de maturidade e de organização do comportamento total da criança.
Esta é a explicação do desenvolvimento humano mais recente, e afirma que as
teorias do desenvolvimento humano são fortemente influenciadas por uma versão mais
recente das teorias maturacionistas que vem falar do genoma, das Neurociências, da
Críticas Biologia, da Genética e da Etologia e Neurociências, ou seja, enfatiza as forças biológicas
que afetam cada pessoa e toda a humanidade, logo, há uma interação dinâmica e
Segundo esta perspetiva, o desenvolvimento termina no final da adolescência e recíproca entre os genes e o meio.
não no final da vida, assim, confunde o crescimento com o desenvolvimento, tal como
não contempla a importância do meio no desenvolvimento do indivíduo. Interpretação contemporânea para a compreensão do desenvolvimento humano

Teorias que acentuam o papel da aprendizagem Vídeo “A influência ambiental e genética na definição do comportamento humano” –
Maria Maluf
O comportamento é moldado pelas forças ambientais, ou seja, pelas
experiências e pela aprendizagem, sendo os indivíduos considerados passivos, desta No vídeo “A influência ambiental e genética na definição do comportamento
forma, não postula a existência de estádios do desenvolvimento, ou seja, sequências humano”, a pesquisadora em Psicologia da Educação, Maria Maluf, é entrevistada e são
invariáveis, para explicar as mudanças. colocadas diversas questões sobre o comportamento humano e sobre quais os fatores
que influenciam o mesmo.
Crítica Maluf afirma que, no início do século XX, psicológicos como Freud, Piaget,
Vygotsky, Watson e Skinner tinham interesse nas diversas teorias do desenvolvimento,
Não se explicam os processos inerentes às mudanças, sejam eles mas cada um tinha uma ideia diferente, alguns defendiam que o comportamento é
comportamentais, emocionais ou cognitivas. inapto, ou seja, nascemos com certas características, enquanto outros defendiam que o
comportamento é adquirido, ou seja, influenciado pelo meio ambiente. Apesar das suas
Teorias Interacionistas opiniões serem diferentes, todos eles lançaram raízes teóricas, das quais nós nos
beneficiamos nos dias de hoje, mas todas foram criticadas e alteradas, para se poderem
Procuram explicar o desenvolvimento em termos de interação entre a adaptar aos dias de hoje.
hereditariedade e o meio ambiente e afirmam que o papel do indivíduo, ao longo do Assim, mais recentemente, como Maluf menciona, surgiu a Teoria dos Sistemas
desenvolvimento, é ativo, já que o mesmo retira significado das experiências. Epigenéticos, que aborda o conceito de epigénese, que vem a explicar que os genes se
modificam sobre influencia do meio ambiente e que é um processo que demora já que os No vídeo “Pensadores na Educação: Vygotsky”, a coordenadora de pedagodia
genes com variações são transmitidos para outros seres. Edna Martins explica-nos o importante papel do psicólogo Lev Vygotsky que afirmava que
De acordo com esta teoria, o estereótipo “Nasceu assim, vai continuar assim, a cultura tinha um papel extremamente importante no processo de cognição e que,
não há o que fazer” está errado, é necessário investir na educação, buscando os melhores desde muito cedo, na sua escrita, trazia todos os escritores da sua época, mas que
resultados mesmo em crianças em que há uma suposição de um problema genético. O afirmava tentar trazer uma nova psicologia, para uma nova sociedade em mudança.
exemplo que Maluf apresenta realmente explica esta teoria muito bem, imaginemos que Vygotsky colocou uma pergunta “Como ocorre o desenvolvimento das funções
uma pessoa nasce com um talento específico, por exemplo, sabe tocar piano, ou sabe psicológicas superiores”, ou seja, este queria perceber como ocorre o desenvolvimento do
dançar ou então é muito boa em matemática, este talento pode ser reforçado ou punido pensamento, da linguagem, da memória e da atenção no ser humano. Para explicar isto,
em função das oportunidades que o meio ambiente oferece para essa criança e, mencionou três conceitos que, para ele, são muito importantes. Temos a internalização
eventualmente, crianças com apoio tem melhor desempenho na escola, quando que ocorre quando internalizamos cultura, ferramentas e conhecimentos que o homem
chegarem ao período da adolescência, vão saber lidar melhor com as dificuldades e na traz e fazemos uma transformação dentro de nós.
vida adulta, vão ter uma maior possibilidade de ter uma vida saudável, seja esta física, Por sua vez, a mediação ocorre quando uma pessoa transmite conhecimentos a
psicológica ou social. outra, ou seja, esta pessoa é o mediador, podendo ser um professor, os pais, os restantes
Maria Maluf também destaca que, uma vez que o cérebro se desenvolve, familiares, os amigos, ou até mesmo, elementos presentes na cultura como revistas,
principalmente, nos 2 primeiros anos de vida, é muito importante não deixarmos de livros, obras de arte, mapas, entre outros. Por exemplo, o professor é visto como o
investir na criança porque se acha que já passou o tempo de esta evoluir, deve ser um mediador do conhecimento, aquele que traz o conhecimento cultural e, com a ajuda do
apoio constante, que está sempre presente na vida da mesma. Esse apoio pode ser estudante, vai tentar fazer com que o mesmo se interesse para desenvolver este
encontrado na família, no entanto, este apoio é limitado, porque algumas crianças tem conhecimento transmitido.
pouca ou até mesmo nenhuma família e, muitas vezes, os membros da mesma tem uma E, por fim, Vygotsky deu especial atenção à zona de desenvolvimento proximal,
mentalidade muito retrograda, sendo assim, é muito importante o apoio da escola segundo a mesma, para se iniciar o desenvolvimento da criança é preciso conhecer onde a
formal, já que aqui as crianças vão estar a conviver com outras crianças da mesma idade, criança chegou em termos de aprendizagem e onde ela poderá chegar eventualmente.
tal como vão estar em contacto com outros adultos, recebendo a oportunidade de Desta forma, o desenvolvimento da criança tem dois níveis, o nível de desenvolvimento
aprender e de proceder ao desenvolvimento dos processos básicos, isto é, a atenção, a real, que é tudo o que a criança consegue fazer sozinha, sem ajuda, e o nível de
memória, o raciocínio e, principalmente, a linguagem. desenvolvimento potencial, que são as aprendizagens que a criança faz com ajuda de
Maria Maluf dá principal destaque à linguagem, já que a educação infantil deve outros, por exemplo, com ajuda do mediador. Sendo assim, a distância entre estes dois
levar ao desenvolvimento da mesma, seja através de conversas com a criança, criando níveis é onde se encontra a zona de desenvolvimento proximal, que é um lugar onde a
situações, ampliando o vocabulário, formulando frases complexas, etc, para que a criança criança tem potencial para se desenvolver e o lugar onde o professor precisa trabalhar.
ouça (linguagem recetiva), leia (linguagem escrita, ou seja, linguagem verbal que está Por fim, para Vygotsky, o Homem não nasce humano, humaniza-se e, isto
grafada) para que, consequentemente, possa aumentar a linguagem expressiva, de modo acontece quando há contacto com a cultura e com o grupo social onde está inserido
a comunicar o que pensa, sente e quer. desenvolve as funções cognitivas, ou seja, a criança não nasce pronta, assim, são as duas
Concluindo, é extremamente importante termos em conta que, de facto, os coisas juntas que fazem a humanização do indivíduo.
diversos psicólogos do século XX tinham ótimas teorias quanto ao comportamento e aos
fatores que influenciam o mesmo, não podemos negar isso, e foram estas teorias que
contribuíram para o desenvolvimento de outras que permitiram uma melhor
compreensão dos indivíduos, como é o caso da Teoria dos Sistemas Epigenéticos. Assim,
devemos sempre ter em conta que o comportamento é algo que está em constante
desenvolvimento, devemos investir no mesmo na infância, na adolescência, na adultez
emergente, na idade adulta e na velhice, somos seres humanos, podemos mudar,
aprender coisas novas e evoluir ao nível do nosso comportamento.

Vídeo “Pensadores na Educação: Vygotsky”: Coordenadora de pedagogia Edna Martins Conceito de estádio
O conceito de estádio foi definido por Jean Piaget e, segundo o mesmo, o Em vez de estádio, atualmente utiliza-se o conceito de mudança
desenvolvimento dá-se conforme uma escada e que cada degrau seria um padrão de desenvolvimentista (mais flexível).
equilíbrio.
Características das mudanças desenvolvimentistas
Características dos estádios
 Grande magnitude;
 Uma ordem sequencial (embora possam existir diferenças cronológicas) e por uma  Uniformes, universais, direcionais e inevitáveis;
determinada direção;  As mudanças desenvolvimentistas expressam-se como crescimento, transformações
 Uma evolução integrativa, isto é, as novas aquisições são integradas nas estruturas radicais, aperfeiçoamento e declínio;
anteriores organizando-se numa nova estrutura hierarquicamente superior;  O estudo das mudanças inclui a análise de diferentes fatores, como os códigos
 Um estado inicial e um de acabamento; genéticos que constituem o fundamento último do desenvolvimento humano, as
 Universais; influências da família, da escola, dos pares e as experiências culturalmente situadas
 Diferenças qualitativas e não quantitativas (diferenças de conteúdo). que o indivíduo vive num mundo que se mostra cada vez mais polifónico e volátil.

Fase/Estádio Estratégias de seleção, otimização e compensação (Teoria SOC) – Baltes e Baltes

 Fase: o desenvolvimento está associado à idade, ou seja, a idade é o critério de Os ganhos e as perdas evolutivas são resultantes da interação entre os recursos
desenvolvimento (exemplo: pré-adolescência é uma fase da adolescência); da pessoa com os recursos do ambiente, em um regime de interdependência.
 Estádio: a idade é tomada como um indicador de desenvolvimento, os estádios são
sequências de transformação. O que quer dizer

 Seleção: reorganização da hierarquia e ao número de metas e ao desenvolvimento de


 Logo, indivíduos com a mesma idade, podem estar em estádios diferentes; novas metas que sejam compatíveis com os recursos disponíveis;
 Por estádio entende-se um período de desenvolvimento de uma pessoa caracterizado  Otimização: manutenção de recursos internos e externos envolvidos no alcance de
por um nível de processamento de conhecimento em relação a si e ao mundo. níveis mais altos de funcionamento, podendo ser realizada mediante a educação, a
prática e o suporte social;
Sistemas de estádios  Compensação: envolve a adoção de alternativas para manter o funcionamento. São
alguns exemplos de compensação o uso de aparelhos auditivos e de cadeira de rodas.
 Piaget (desenvolvimento cognitivo): estádios sensório-motor, pré-operatório,
operações concretas e operações formais; Objetivos
 Freud (desenvolvimento psicossexual): fases oral, anal, fálica e genital
 Erikson (desenvolvimento psicossocial)  Descrever o desenvolvimento em geral e estabelecer como os indivíduos podem,
o Confiança vs. desconfiança; autonomia vs. vergonha; iniciativa vs. culpa; efetivamente, manejar as mudanças nas condições biológicas, psicológicas e sociais
mestria vs. Inferioridade (infância); que se constituem em oportunidades e em restrições para seus níveis e trajetórias de
o Identidade vs. confusão de identidade (adolescência); desenvolvimento;
o Intimidade vs. isolamento; generatividade vs. estagnação e integridade vs.  Plasticidade comportamental é sua inspiração central, pois interessa saber como
desespero (adultez). indivíduos de todas as idades alocam seus recursos internos e externos a essas três
funções no sentido de maximizar ganhos e minimizar perdas.

Abordagens ao desenvolvimento coextensivo à duração da vida


Abordagem life span
O legado de Paul B. Baltes à Psicologia do Desenvolvimento e do Envelhecimento –  Não atingem todos os indivíduos de um grupo etário ao mesmo tempo;
Escrito por Neri, A. (2006)  Interrompem a sequência e o ritmo do curso de vida esperado, geram condições de
incerteza e desafio e impõem sobrecarga aos recursos pessoais e sociai;
O desenvolvimento concebido como fenômeno que ocorre ao longo de toda a  Os seus efeitos de longo prazo variam de acordo com o significado do evento para o
vida sensibilizava os estudiosos desde os séculos XVIII e XIX. Predominava a noção do indivíduo, sua condição de enfrentamento e seus os efeitos;
declínio intelectual na vida adulta e na velhice incompatível com qualquer idéia de  Podem ser:
desenvolvimento em idade mais avançada, corroborada pelos dados de pesquisa e pelas o Perda de emprego;
crenças sociais. Isto veio a mudar com o paradigma life span. o Acidentes;
o Doenças;
Princípios do paradigma de desenvolvimento ao longo de toda a vida (life span) o Morte de um filho.

Compreende o desenvolvimento como processo contínuo, multidimensional e Assim, os três tipos de influência atuam de forma concorrente na construção de
multidirecional de mudanças orquestrados por influências genético-biológicas e regularidades e de diferenças individuais nas trajetórias de vida.
socioculturais, de natureza normativa e não normativa, marcado por ganhos e perdas
concorrentes e por interatividade entre o indivíduo e a cultura. Três princípios da dinâmica biologia-cultural no desenvolvimento ao longo da vida

Influências de natureza normativa e não-normativa sobre o desenvolvimento 1. A plasticidade biológica e a fidelidade genética declinam com a idade;
2. Para que o desenvolvimento se estenda até as idades avançadas, são necessários
1. Influências normativas graduadas por idade avanços cada vez expressivos. A expansão da duração da vida só foi possível graças a
investimentos em:
 Eventos que tendem a ocorrer na mesma época e com a mesma duração para a o Habitação;
maioria dos indivíduos, estes eventos não são causados pela passagem do tempo, o Técnicas e equipamentos de trabalho;
mas pelas interações entre o organismo e o ambiente; o Higiene;
 Inclui a diminuição da: o Imunização;
o Plasticidade comportamental (mudar para adaptar ao meio);
o Antibióticos
o Resiliência biológica (enfrentar e de recuperar de doenças, acidentes e
3. Os mais velhos são menos responsivos aos recursos culturais, uma vez que sua
incapacidades). plasticidade comportamental e sua resiliência biológica são menores.
 Podem ser:
o Maturação neurológica dos cinco primeiros anos; Berlin Aging Study como teste do paradigma de desenvolvimento ao longo da vida
o Puberdade;
o Climatério. Berlin Aging Study (BASE), Baltes & Mayer, é um estudo realizado com idosos de
70 a 105 anos, residentes em Berlim. Era uma população única, que viveu todas as
2. Influências normativas graduadas por história grandes mudanças históricas que o mundo experienciou no século XX, as quais afetaram
profundamente a vida dessas coortes.
 Eventos experimentados ao mesmo tempo por todos de uma dada coorte;
 Elas co-variam sistematicamente com classe social, gênero e etnia; Objetivos
 Podem ser:
o Ingresso na escola;  Identificar a estrutura do funcionamento intelectual;
o Casamento;  Diferenças etárias em relação ao desempenho;
o Aposentadoria.  Correlatos das diferenças individuais e associadas à idade.
3. Influências não-normativas
Como foi feito
Uma bateria de 14 testes computadorizados avaliou, memória, raciocínio, A Psicologia do Envelhecimento deixou de ser uma psicologia de declínio devido
fluência e conhecimento. ao life span que desenvolveu sólidos programas de pesquisa que incluíram sua verificação
empírica e que geraram considerável corpo de conhecimentos.
Resultados

 A idade é, de facto, um fator de risco para o declínio intelectual;


 Os efeitos negativos da idade podem ser acentuados por doença, depressão, estilo de
vida, oportunidades sociais e educacionais;
 As mulheres são mais afetadas pelo declínio intelectual do que os homens, porque
vivem mais, são menos saudáveis, menos educadas e mais pobres;
 Os idosos declinaram mais em termos intelectuais do que em termos do self e da
personalidade, o que é indicativo da preservação da resiliência psicológica na velhice.

Princípios do desenvolvimento intelectuais na vida adulta e na velhice por Bates

1. Declínio das capacidades intelectuais dependentes do funcionamento neurológico,


sensorial e psicomotor;
2. Experiências podem ser ativas e otimizadas pelos mais velhos, de modo a compensar
o declínio nas capacidades de processamento da informação;
3. O envelhecimento intelectual é uma experiência heterogênea, isto é, pode ocorrer de
modo diferente para indivíduos que vivem em contextos históricos e sociais distintos;
4. Há diferentes padrões de envelhecimento intelectual, do patológico ao ótimo,
passando pelo normativo;
5. O envelhecimento intelectual é um processo multidimensional e multidirecional:
diferentes capacidades começam a mudar em diferentes momentos, com diferentes
resultados sobre diferentes indivíduos submetidos a diferentes experiências;
6. É possível alterar o desempenho intelectual de idosos por meio de intervenções
clínicas, educacionais e experimentais;
7. A inteligência muda ao longo da vida adulta e da velhice, conforme as oportunidades
oferecidas pela cultura;
8. O funcionamento intelectual dos adultos e dos idosos é largamente influenciado pelo
conhecimento de si, pelas crenças sobre a origem do próprio comportamento, pelas
metas pessoais e pelas emoções;
9. As principais diferenças no funcionamento cognitivo dos jovens e dos idosos são por
fatores culturais que se expressam na educação oferecida nas fases iniciais do
desenvolvimento, quando as competências básicas são desenvolvidas;
10. Graças ao SOC os mais velhos não mostram declínio no desempenho de certas tarefas
desempenhadas pelos jovens.

Conclusão deste capítulo


Métodos utilizados na Psicologia do Desenvolvimento
Método Clínico Estudo de vários indivíduos com idades diferentes no mesmo momento.

 É sobretudo um método de recolha de dados e não um método de pesquisa; Vantagens


 Aprofunda as questões (como e porquê) - importante desenvolver a entrevista
 É um método duro (dá-se à criança e ao adolescente argumentos diferentes e  Rápido;
opostos ao seu);  Evita expetativas por parte dos participantes e de se viciarem nos resultados;
 É flexível nos materiais e na linguagem;  Compara coortes (indivíduos que nasceram na mesma época e contexto histórico,
 Há, no entanto, direccionalidade, ou seja, nenhuma pergunta é feita ao acaso; com a mesma idade);
 Há a intenção de compreensão dos processos mais do que as respostas.  Menos moroso e oneroso.

Método Longitudinal Desvantagens

Método de pesquisa que visa analisar as variações nas caraterísticas dos mesmos  Inferências sobre os dados limitados às médias grupais;
elementos amostrais ao longo de um longo período de tempo.  A única variável controlada é o ano de observação, então não sabemos a causa;
 Fornece informações diretas sobre as mudanças interindividuais (compara pessoas e
Vantagens grupos) mas não individuais.

 É o único que fornece informações diretas sobre as mudanças intra-individuais; Método Time Lag
 Recolhe informações sobre antecedentes que supostamente promovem certo tipo de
desenvolvimento; Estuda que se debruça sobre a mesma faixa etária ao longo dos anos.
 Dá acesso à maior ou menor estabilidade das mudanças.
Vantagens
Desvantagens
 Permite distinguir o que pertence a cada um dos efeitos idade, geração ou tempo de
 Caráter pragmático (difícil de operacionalizar); medida;
 É moroso e dispendioso;  Compara coortes diferentes (compara indivíduos que nasceram em períodos
 A perspetiva histórica em que o estudo assenta pode perder atualidade; diferentes).
 Perda significativa de participantes da amostra (mortalidade da amostra);
 Efeito de treino por parte dos participantes; Desvantagens
 Efeito de desejabilidade social (entrevistado pode decorar as respostas ou responder
o que acha que o investigador deseja);  Confunde o contexto histórico com a geração;
 Efeito histórico-cultural (não é possível saber se o fator causal é a idade ou o contexto  Se os sujeitos apresentarem diferenças não é possível saber qual é a variável que
histórico-cultural); causa o efeito.

Método Transversal Adolescência


Conceito de Adolescência  Segundo a historiadora francesa Perrot, a noção de adolescência deve-se a:
o Uma reflexão demográfica e social sobre a partição das idades, escalões e
 A palavra ‘adolescência’ vem do latim adolescere, que significa "crescer", apontando fases da vida;
para um período de mudanças, enquanto fase de desenvolvimento com caraterísticas o Reestruturação da família.
específicas;  Ariés explica a adolescência a partir da industrialização e da frequência da escola. Faz
 A adolescência corresponde ao período desenvolvimental de transição entre a nascer a adolescência por volta de 1900 e com maior consistência a partir da I Guerra;
infância e a adultez emergente, que ocorre entre os 10 e os 19 anos;  Segundo Sisson et al., nos EUA, o período da adolescência só foi reconhecido a partir
 Nos últimos tempos, a adolescência tem despertado a atenção de vários domínios do de 1880;
saber: a sociologia, a história, a literatura, a psicologia, a psicoterapia, a medicina, a  Condições socioeconómicas permitiram a emergência da adolescência (Sprinthall &
psiquiatria, a enfermagem, a criminologia, o direito, desporto, entre outros; Collins, 1999):
 Caraterizada por transformações anátomo-fisiológicas da puberdade, às quais se o aos avanços da tecnologia e da mecanização;
aliam as alterações no pensamento, na construção da identidade, na relação com os o à legislação proibindo o emprego infantil;
outros e na construção de um sistema ético de valores; o à educação obrigatória;
 Hoje é cientificamente inquestionável afirmar-se e reconhecer-se que a adolescência o à criação de organizações religiosas que acompanham os jovens no seu
é um período do desenvolvimento humano com características específicas; tempo livre.
 A adolescência é um período bastante complexo do ciclo vital, pela quantidade e Isto permitiu uma reforça na Educação.
qualidade de transformações biológicas, psicológicas e sociais.
O estudo científico da Adolescência
Conceito de Adolescência: História
 O primeiro artigo científico, nos EUA, sobre a adolescência: “The Study of
 A história da adolescência tem raízes na antiguidade clássica, já em Platão e Adolescence” (Burnham, 1891);
Aristóteles, Aristóteles achava os jovens “irascíveis, sexualmente emotivos, certos da  Mais tarde, também nos EUA, surge a obra “Adolescence: its Psychology, and its
vitória e autoconfiantes, mas com um sentido de solidariedade e entreajuda”; Relations to Physiology, Anthropology, Sociology, Sex, Crime, Religion and Education”
 Devido à inexistência de uma aprovação social deste período de desenvolvimento, os da autoria de Hall (1904): segundo este autor, a adolescência é entendida como um
jovens, nos anos iniciais da adolescência, eram quase empurrados para a vida adulta; estádio especial do desenvolvimento humano, caracterizado por um período crítico
 A Europa pré-industrial não distinguia a infância da adolescência, porque os jovens de mudança, tenso e agitado (storm and stress).
aprendiam o ofício com os seus familiares. Tinham uma jornada de trabalho próxima
ou igual das pessoas mais velhas; Dados da OMS (Organização Mundial de Saúde)
 Condições socioeconómicas permitiram a emergência da adolescência:
o Progressiva sofisticação tecnológica;  Segundo dados da OMS existe mais de um bilhão de adolescentes entre 10 e 19 anos,
o Emigração; um quinto da população mundial, e o número continua a crescer;
o Tomada de consciência de ideais democráticos.  Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS): A adolescência compreende o
 Chega-se à conclusão que os jovens têm que ser protegidos da exploração infantil e período entre os 10-19 anos e a pessoa jovem (young people) entre os 10 e os 24;
têm que aprender para lidar com os desafios industriais até então recentes. Aí criam  A adolescência é um período em que o indivíduo se transforma, com o aparecimento
o tempo de escola, afastando assim, os adolescentes deste trabalho pesado do de características sexuais secundárias (puberdade), até atingir a maturidade sexual e
adulto. Por outro lado, trabalhos ficam ao cargo dos adultos e mais bem remunerado. reprodutiva; em que ocorre o desenvolvimento de processos mentais adultos e a
identidade adulta; e em que se realiza a transição de uma situação de total
dependência económica para uma certa independência;
 Esta definição de adolescência encerra a limitação da idade (10-19 anos).

Conceito de Adolescência: Problemáticas


Adolescência na Sociedade Ocidental
 O conceito de adolescência como problemático ou como um período de  Aceitação do físico (corpo e rosto) e utilização adequada do corpo;
desenvolvimento problemático é falso;  Construção da identidade sexual;
 Uma das grandes questões é definir o início e o fim (términus) da adolescência, mas o  Construção da identidade psicológica (afirmação do quem sou eu);
início é mais fácil porque temos os aspetos biológicos e bio fisiológicos (puberdade);  Construção de um sentimento de controlo sobre a sua vida;
 O início da adolescência é diferente entre países. Nos países quentes, a puberdade  Estabelecimento de novas relações com "pares" de ambos os sexos;
acontece mais cedo, nos países com mais dinheiro para a alimentação a puberdade  Construção da independência emocional em relação aos pais e a outros adultos;
acontece mais cedo. Em relação aos fatores genéticos, as filhas das mães que tiveram  Desenvolvimento de novas competências cognitivas;
a menstruação cedo têm tendência a ter a menstruação igualmente cedo;  Construção de um sistema de valores e sistema ético que guie o comportamento;
 A grande dificuldade coloca-se no terminus (final da adolescência) porque não há um  Construção de um projeto de vida que inclua a dimensão vocacional e a capacidade
marcador físico, psicológico ou psicossociológico universal e observável que de se realizar numa produção;
possibilite avaliar com precisão o final de um período do desenvolvimento (a  Aquisição de conhecimentos, atitudes e capacidades necessários à cidadania;
adolescência) e o início de outro (adultez) (Medeiros, 2000);  Preparação para uma vida afetiva estável.
 Dificuldade de precisão do conceito de adolescência leva a definições pouco precisas:
o É uma fase em que não se é criança e não se é adulto; Tarefas de Desenvolvimento da Adolescência – Havighurst (1973)
o Período de crise ou um período de transição da infância para a maturidade;
o Período de transição para a vida adulta Para Havinghurst, a adolescência ocorre entre os 12 e os 18 anos e, para ele, em
cada fase do desenvolvimento, o indivíduo deve fazer um conjunto de aprendizagens
Adolescência: Período de Crise específicas e adquirir competências, sem as quais não pode passar à fase seguinte.

O conceito de adolescência enquanto crise foi influenciada pelas próprias Fases da Adolescência
publicações sobre adolescência na sociedade contemporânea ocidental, as mesmas
transparecem crenças e estereótipos negativos do período do desenvolvimento da É usual, na Psicologia do Desenvolvimento, referir a adolescência como um
adolescência, dando ênfase a generalizações abusivas sobre comportamentos patológicos período composto por três fases.
e de risco.
Ladame, 1978
A definição deve ser apoiada nas mudanças desenvolvimentistas
1. Pré-adolescência: centrada no desenvolvimento físico, ou seja, nas questões das
São as mudanças desenvolvimentistas do período que começa com as transformações do corpo;
transformações biológicas e anátomo-fisiológicas universais (com vivências culturalmente 2. Adolescência propriamente dita: centrada no pensamento formal e na procura de
diversas e individualmente específicas), e que se operam em várias dimensões: intimidade. O grupo funciona como suporte de segurança emocional, como treino de
competências sociais e de valores. A moda tem um papel importante. A moral é uma
 Pensamento: com a passagem do pensamento concreto (aqui e agora) para o formal moral convencional;
(baseado em hipóteses, silogismos, pensamento reflexivo e hipotético- dedutivo) 3. Final da adolescência: afirmação da identidade psicossocial e das escolhas relativas
 Construção da Identidade: construção de uma autonomia progressiva e afirmação de ao curso ou ao emprego.
si (eu sou, eu quero, eu desejo);
 Construção de um sistema ético de valores: com a passagem para um nível
convencional que globalidade, integração e síntese individual, norteiam o
desenvolvimento progressivo ao longo da adolescência.

…na sua globalidade, norteiam o desenvolvimento progressivo ao longo da adolescência.

Tarefas de Desenvolvimento da Adolescência Malpique, 1998


Retoma as três fases do período da adolescência de Ladame, embora utilizando Definição de Adolescência pelos Próprios Adolescentes de Ponta Delgada
outra terminologia, mas mantendo as características destas fases, a saber:
N = 183 adolescentes das escolas Secundárias de Ponta Delgada sobre o que
 Adolescência inicial (10-13 anos): marcada essencialmente pelas transformações pensam do período de vida em que se encontram:
corporais e pelo aparecimento dos caracteres sexuais secundários, que corresponde à
pré-adolescência de Ladame;  26% - é estar constantemente a aprender, a experimentar coisas novas e a entender
 Adolescência média, que corresponde à adolescência propriamente dita (13-16 o mundo (atitude positiva relativamente ao mundo que os rodeia e ao seu próprio
anos): caracterizada pela progressiva consolidação da identidade sexual, pela processo de desenvolvimento);
separação das figuras parentais, autonomia e aproximação do grupo de pares.;  15% - é ter ideias novas e muita responsabilidade;
 Fim da adolescência (17-20 anos): fase em que se consolida o sentimento de  15% - é um período da vida chato, de sofrimento, com muitas dúvidas e incertezas;
identidade, aumenta a autoconfiança, opera-se a escolha dos companheiros sexuais e  12% - é uma fase importante em que não se é criança nem adulto (estão na difusão
iniciam-se os projetos de vida independente. de identidade)
 9% - é experimentar coisas novas mas tomar decisões com cautela;
Modelo de Zonas do Desenvolvimento (Coleman)  4% - é um período em que se é feliz e crítico social.

Trata-se de mudanças que ocorrem num agrupamento de quatro A voz de Adolescentes


zonas/dimensões do desenvolvimento:
Nome não sei, 13 anos
1) Desenvolvimento pubertário (desenvolvimento físico):
o Desenvolvimento do corpo;  Sentes que és um adolescente? “Nem por isso… sinto que estou na fase de
o Afirmação da identidade sexual. aproveitar antes que venham os exames. No entanto, sinto que já não sou uma
2) Desenvolvimento cognitivo: criança e que já tenho as minhas responsabilidades.”
o Passam a ser capazes de combinar ideias, de equacionar várias possibilidades  Quais são os teus interesses de momento? “Assegurar o meu futuro (ser culto e
para resolver problemas; estudar muito) e viajar, pelo menos, por todos os continentes. Assim, como estou de
o Tornam-se argumentativos, questionam a coerência e a veracidade do férias gosto de aproveitar o sol mas, também, fazer atividades que me venham a
comportamento dos adultos. beneficiar, tanto como pessoa, mas também como aluno. Gosto de sair com amigos”
3) Modificações da socialização  Qual a profissão que gostavas de ter? Porquê? “Medicina, porque gosto de agir em
o O grupo de pares passa a ter uma importância até aí não existente; situações de ação,gosto muito do corpo humano e quero poder salvar vidas.”
o Torna-se crucial agradar ao grupo, estar, sair e vestir como o grupo…;
o Importância que uma relação de qualidade com os pares que promove a José, 17 anos
partilha de emoções, aprendizagens e desafios próprios da idade, pode ter
na vida dos adolescentes e na vulnerabilidade ao bullying.  O que é para ti a adolescência? “Período que se passa ali dos 12 aos 18 anos passam-
4) Construção da identidade se muitas experiências, muitas transformações no corpo humano e também a nível
o Inicia-se quando o indivíduo começa a tomar decisões sobre: quem deve ser; psicológico, é uma fase muito importante a nível psicológico a gente compara-se”.
a que grupo deve pertencer; que crenças adotar; quais os seus valores  O que achas que os adultos poderiam fazer para ajudar os adolescentes? “Acho que
interpessoais; que direção profissional deve seguir, logo, é um processo os pais têm um papel muito importante na transmissão de valores, na educação que
autoconstruído. lhe dão em casa. Conheço pessoas que dizem: não mintas! Mas depois atendem o
telefone e dizem: ó filho, eu não estou em casa! E o filho pensa: quer dizer, dizes para
eu não mentir, mas estás a mentir tu e os filhos reparam nisso rapidamente e então
também mentem. É pela educação, não muito rígida, mas com valores estruturais”.
O que pensam os Adolescentes sobre a Adolescência?
Adultez Emergente
Ao longo do ciclo vital A transição da frequência do ensino superior para o mercado de trabalho
enquadra-se num período de desenvolvimento próprio.
 Existem mudanças desenvolvimentistas (infância, adolescência, adultez);
 No século XXI consideram-se também a adultez emergente e a velhice como períodos Transição para a Universidade
do desenvolvimento, com características próprias;
 Existem várias transições (exemplo: entrada na escola, na universidade, no mercado A entrada para a Universidade implica uma transição na trajetória de vida.
de trabalho, no casamento, na reforma). Estrutura-se uma mudança interior e externa marcada por:

Conceito de transição (Schlossberg, Waters e Goodman, 1995)  Necessidade de adaptação a um meio diferente e mais exigente;
 Afirmação da identidade;
Uma transição ocorre quando um acontecimento (ou a sua ausência) produz  Perda da influência da família e aumento da autonomia;
mudanças a nível dos relacionamentos, das rotinas, dos papéis do indivíduo, afeta a idade  Necessidade de criar um grupo de colegas diferentes.
ou o conceito acerca de si e/ou do mundo que o rodeia.
Esta mudança acarreta, por vezes, sentimentos diversos, como por exemplo:
Modelo de transição esperança, impotência, entusiasmo, insegurança, medo, etc.

Período da adultez emergente

Período transitório entre a adolescência e a adultez (jovens dos 18 aos 25 anos),


demarcado por enfatizar a exploração e/ou consolidação da identidade, do amor, do
trabalho e dos ideais/valores.
Este período transitório é marcado pela exploração de possibilidades, pela
consolidação da identidade (afirmação do quem sou eu, do que quero em termos
afetivos, termos profissionais, do projeto da minha própria vida).

Ocorre um período de transição entre adolescência e a adultez

A terminologia não tem sido precisa, muitos investigadores afirmam coisas


O processo de diferentes quando a este período:
transição compreende quatro elementos/fatores: situation, self, support e strategies –
originando a teoria dos 4S’s:  Pós-adolescência (Blos, 1962/1985): concebe 5 fases após a adolescência;
 Fase de transição entre a adolescência e o adulto (Kroger, 1988);
 Situação: identificação da situação/o contexto que conduziu à mudança;  Final da adolescência (Ladame, 1978);
 Self: características do indivíduo (espaço intrapsíquico);  Jovem adulto (Keniston, 1970);
 Estratégias: que eu desenvolvo perante a mudança (ex: vou dar o meu currículo mas  Entrada no mundo adulto (Levinson, 1986);
continuo a ter o meu Plano B);  Adolescência prolongada; juventude e adultez emergente (Arnett, 2000, 2013).
 Suportes: apoios que a pessoa tem, que tem de ser sempre superiores aos desafios,
caso contrário a pessoa pode descompensar (suportes instituicionais).

Transições na entrada para o ensino superior e saída Keniston (1971)


Foi um dos primeiros teóricos a questionar sobre a necessidade de identificar um As explorações da adultez emergente fazem com que este seja um período muito
período transitório entre a adolescência e a idade adulta - “youth”. Período de “tension intenso mas também excecionalmente instável. Todavia, os jovens deste período sabem
between self and society”: que devem ter um projeto de vida, uma ideia sobre o caminho que pretendem seguir no
futuro. O problema está em defini-lo de forma a merecer aceitação ou possuir viabilidade.
 Período de experimentação de papéis;
 Período de grande tensão e instabilidade, ocorrendo uma resistência por parte dos Idade da auto-centração
jovens às normas sociais e às tarefas caracterizadas da adultez.
A adultez emergente é um período em que as pessoas se encontram mais
Levinson (1986) centradas em si mesmas, sendo este facto normal, saudável e temporário.
O objetivo principal desta auto-centração é a auto-suficiência, passo necessário
São necessários vários anos entre os 17 e os 33 anos (cerca de 15), para que um para fortalecer as relações com os outros.
jovem adulto encontre o seu lugar na sociedade adulta (implica a entrada no mundo de
trabalho e a construção de uma vida estável). Idade de se sentirem “in-between”
A entrada no mundo adulto é marcada por uma série de mudanças,
caracterizadas por um sentimento de instabilidade, tanto nível profissional como afetivo. “Senti-me num estado limiar porque sais do conforto da tua “casa” e vais passar
por uma fase em que não pertences nem à tua “casa” de sempre, nem à nova “casa” que
Transição para a Idade Adulta Jovem/Early Adulthood Transition vais encontrar. O que sentes nesta fase é muito intenso, as emoções e as expectativas são
muito fortes. A palavra- chave nesta fase é a ansiedade”.
Caracterizada por tarefas de exploração de escolhas profissionais, amorosas,
vivenciais e morais. Idade das possibilidades

Arnett (2000) Esta é, definitivamente, a idade das possibilidades, em que poucas certezas
existem.
Introduz o termo de “adultez emergente”, situando este período em jovens Tende a ser uma idade de grandes esperanças e expectativas, já que poucos dos
universitários dos 18 aos 25 anos, implicando tarefas e características específicas como seus sonhos foram ainda confrontados e testados com a realidade.
qualquer período de desenvolvimento humano (Medeiros, 2005).
Os adultos emergentes têm de tomar decisões relacionadas com o amor, “Emerging Adulthood”
trabalho ou carreira, enquanto necessitam de se sentir como pessoas em crescimento
(Arnett, 2013). É um período em que o indivíduo já se considera velho para ser adolescente e
As decisões são caracterizadas por mudanças (físicas, cognitivas, emocionais e ainda novo para ser considerado um adulto.
psicossociais), contextualizadas por influências externas da sociedade, família e pares. Não é um período universal do desenvolvimento humano, dependente de
Com a emergência do adulto acontecem mudanças, por exemplo, sair de casa condições e do contexto sociocultural, no entanto existe na maioria dos países industriais
dos pais, ir viver sozinho para a cidade, distanciar-se dos problemas dos pais e mudar o e pós-industriais.
rumo da sua vida (Arnett, 2004).
A adultez emergente não é o final da adolescência, é o processo de terminar os
estudos, estagiar, explorar várias possibilidades na vida, no que se refere à identidade, ao
amor, ao trabalho e às visões do mundo (Arnett).

Segundo Arnett a adultez emergente pode caracterizar-se por ser a: Características da Adultez emergente

Idade da instabilidade  Lidar com a transição da saída da casa dos pais;


 Desenvolvimento da intimidade com amigos e namorados (as); Para o autor, as diferenças estruturais não constituem necessariamente um
 Desenvolver um sentido de eficácia e individuação (pensar por si). entrave na transição dos jovens, formulando quatro critérios no processo de transição
para a adultícia:
Estas tarefas iniciam-se no fim da adolescência, porém apresentam uma
continuidade e o seu ponto alto na adultez emergente (Medeiros, 2005). 1. Aceitação da responsabilidade dos seus atos;
2. Tomada de decisões de forma independente;
As tarefas desenvolvimentistas de um adulto emergente 3. Consideração pelos demais (descentrar de si, por exemplo, voluntariado);
4. Tornar-se economicamente independente.
 Lidar eficazmente com a fase de transição da saída de casa dos pais;
 Avançar no desenvolvimento da capacidade de uma intimidade madura com amigos e 3 critérios (que se vão alcançando gradualmente) de entrada na vida adulta
namorados (as) enquanto se mantém uma relação autónoma e próxima com os pais;
 Desenvolver um sentido de eficácia e individuação. 1. Assumir a responsabilidade por si próprio;
2. Tomar decisões de forma independente;
Contexto sociocultural da adultez emergente 3. Tornar-se economicamente.

 Típico dos países industrializados; Comparação: Adolescência vs. Adultez Emergente


 Continuidade dos estudos superiores, geralmente fora da casa dos pais;
 Com a experimentação de papéis a diversos níveis da vida do sujeito;
 Contexto que possibilita o adiamento das responsabilidades de adulto.

Emergência da adultez

Em geral, adquire-se o estatuto de adulto aos 18 anos. O que é que isso significa?
Talvez faça mais sentido pensar a passagem à adultez como um processo.
Portanto, a adultez emergente implica adiar projetos importantes de vida, como
o casamento, a entrada no mundo do trabalho, o ter filhos.

Críticas

O conceito de adultez emergente desperta diversas críticas, que se prendem com


o caráter heterogéneo e impossibilidade de generalização.
Estudos foram feitos em estudantes do ensino superior, de classe média branca,
impossibilitando a generalização destas características a jovens provenientes de outros
meios socioeconómicos e educacionais.

Da Adultez à Adultez em Idade Avançada


Respostas às críticas
Conceito de adulto

 Implica:
o Assumir a responsabilidade por si próprio;
o Tomar decisões de forma independente;  Confúcio (551-470 aC);
o Tornar-se economicamente independente.  Platão (427-347 aC);
 Estes autores dividem o adulto em três fases distintas:  Aristóteles (384-322 aC);
o Jovem adulto (young adulthood);  Cícero (103-43 aC).
o Adulto de meia-idade (the middle years);
o Idoso (late life/aging). Início da gerontologia
 A transição para o jovem adulto é marcada pelo fim da escolaridade, a obtenção de
emprego, o viver fora da família, o casamento, e o assumir a parentalidade; Metchnikpff (1903), fala pela primeira vez numa ciência para o estudo do
 Levinson concebe o desenvolvimento do adulto ao longo de 4 eras/estações, a saber: envelhecimento:
o A estação da vida que precede a vida adulta (preadulthood);
o O início da vida adulta (early adulthood);  A gerontologia;
o A meia-idade ou vida adulta intermédia (middle adulthood);  Termo grego: Géron (velho, ancião) com logia (estudo).
o A vida adulta tardia (late adulthood).
 Estas estações da vida ocorrem entre períodos de transição que permitem a Na contemporaneidade
passagem de uma estação para a seguinte.
 Aumentou a consciência coletiva de que o envelhecimento é um fenómeno em
Tarefas do adulto de meia-idade (Havighurst, 1973) crescimento (implicações macro e micro);
 Existe uma maior visibilidade da população idosa nas últimas décadas;
 Aceitar e ajustar-se às mudanças fisiológicas da meia-idade;  Há todo um mercado crescente em torno desta população (saúde- medicina,
 Alcançar e manter um desempenho satisfatório no emprego de cada um; enfermagem, psicologia, farmácia; mundo empresarial- arquitetura; social- serviços
 Ajustar-se ao envelhecimento dos próprios pais; de apoio);
 Apoiar os filhos adolescentes a tornarem-se adultos responsáveis e felizes;  Descobre-se um “novo público” que é preciso dar muita atenção;
 Relacionar-se afetivamente com o cônjuge;  Idade biológica: idade do bilhete de identidade, do corpo. Idade física, que conta
 Assumir uma responsabilidade social e cívica; desde o nascimento até à morte.
 Desenvolver atividades de tempos livres.  Idade psicológica: idade que a pessoa tem dentro de si, do seu espaço mental;
 Idade social: idade que a sociedade atribui à pessoa.
Envelhecimento é um fenómeno mundial
Os novos idosos (século XXI)
Mais acentuado nas regiões mais desenvolvidas como:
 Vivem mais;
 Europa (região mais envelhecida);  São mais ativos;
 América do Norte;  São mais produtivos;
 Austrália;  Viajam mais (turismo sénior);
 Nova Zelândia;  São mais cultos;
 Japão.  São diferentes do que refletem os estereótipos sobre a velhice.

Aspetos históricos e filosóficos do envelhecimento Medos de perder algo da maioria das pessoas idosas para 2030 (Osório, 2007)

A preocupação com o envelhecimento acompanha a história da Humanidade,  A saúde;


vem dos filósofos da Antiguidade (preocupações com a longevidade, com a felicidade,  As pessoas significativas;
com o corpo e o espírito e com a arte de envelhecer):  A memória;
 O património pessoal;
 Depender dos outros. Como consequência dos progressos económicos, sociais e médicos, ocorre a
oportunidade de aumentar a longevidade humana com níveis de conforto e de segurança
Esperança de vida sem precedentes na história, alcançando valores na Europa que atingem 81,8 anos para as
mulheres e 75,6 anos para os homens (Sousa, 2011).
 Pessoa mais velha (1875-1997) viveu até 122 anos e 164 dias (Jeanne Calment); Existem várias conceções erróneas sobre o envelhecimento quando se classifica
 Grécia, cinco séculos aC - 18 anos; este período de desenvolvimento de adultez em idade avançada – a Velhice.
 Roma do século I dC - 25 anos; O envelhecimento é um processo que ocorre ao longo do tempo, com mudanças,
 Inglaterra do século XIII - 35 anos; com transições e adaptações.
 EUA - 1900 - 46.6 anos. Em 1950 já era de 66.5 anos;
 Portugal - 78 anos para os homens e 83 anos para as mulheres (2016). Falácia/estereótipos
 No século XVII não ia além dos 50 anos. Atualmente, a esperança de vida:
o Mundial: 71.4 anos; O envelhecimento é, muitas vezes, confundido com um estado, que começa aos
o Portugal: 80.62 anos; 65 anos e em que já não há desenvolvimento pessoal.
o EUA: 79 anos. Por vezes diz-se que as pessoas idosas são:

Esperança de vida (INE/Pordata)  Tristes;


 Frágeis;
 1920:  Isolados;
o 36 anos - Homem  Sem projetos de vida;
o 40 anos - Mulher  Não aprendem;
 2016:  Doentes.
o Total de 80.6 anos
o 78 anos - H Estas conceções estão todas erradas, concebendo as pessoas idosas como
descartáveis, dando pouca importância às mesmas.
o 83 anos - M
 Açores:
Conceito de envelhecimento humano
o Total de 77.3 anos (Pordata)
 2080:
 O envelhecimento humano é um processo de mudanças e transformações do
o 87 anos - H
organismo que se refletem:
o 92 anos – M o Nas estruturas físicas;
o Nas manifestações da cognição (do pensamento).
Dados demográficos
 O envelhecimento é multidimensional e não linear, ou seja, o envelhecimento dá-se
na dimensão física e fisiológica, na dimensão afetiva, na dimensão social, moral e
Em 2025 existirão 1 bilião e 200 milhões de pessoas com mais de 60 anos (OMS).
cognitiva. Pode acontecer como pode não acontecer, depende também do processo
E o grupo mais envelhecido é o grupo dos 80 ou mais anos.
de estimulação, componente genética e do meio;
Na União Europeia estima-se que em 2020 haja 100 milhões de cidadãos idosos e
 O envelhecimento tem uma dimensão subjetiva (avaliação que a pessoa faz sobre o
que, destes, entre 17 e 22 milhões tenham 80 ou mais anos.
seu próprio processo de envelhecimento);
O que é o envelhecimento?
 Cada pessoa idosa é única com história de vida particular, uma personalidade própria,
etc. As pessoas idosas não constituem um grupo homogéneo, mas sim heterogéneo;
O envelhecimento populacional tem vindo a crescer consideravelmente a nível
 Na senda da perspetiva desenvolvimental do ciclo de vida afirmamos que a história
mundial ao longo dos anos (Medeiros, 2016) e Portugal, não sendo exceção à regra é
de vida, a educação, a saúde e os atributos individuais, bem como os contextos
considerado o 4º país da União Europeia com maior número de pessoas idosas.
familiares, sociais, culturais e políticos influenciam o modo como cada um elabora a Com os avanços na Psicologia (life span, psicologia positiva, etc) distinguem-se 3
transição para a reforma e vive a sua adultez em idade avançada; tipos de envelhecimento:
 Tal como Medeiros (2013; 2016) explicita, as mudanças nas novas formas de estar e
viver dos reformados (pessoas adultas e idosas), distinguem-se, na atualidade, por  Bem-sucedido (ótimo): com preservação da saúde objetiva e da saúde auto-referida;
uma postura de maior participação em atividades cívicas, culturais, educacionais e é um estado de bem-estar pessoal e social;
recreativas, há que há uma maior necessidade de inserção na vida social.  “Usual” ou “normal”: as limitações funcionais são de intensidade leve ou moderada
(pessoas com dificuldades motoras, mas que continuam a sair. Sentem uma quebra
Tarefas do idoso (Medeiros, 2013) funcional e física, mas que não é impeditiva da sua vida normal);
 Patológico: degenerescência associada a doenças crónicas.
 Há pessoas que nunca conseguem adaptar-se às suas mudanças físicas que se
refletem na capacidade de andar, nas rugas, na agilidade, nas questões sexuais. Dimensões da velhice
Concebe à pessoa com boa saúde mental fazer adaptação às mudanças fisiológica;
 Adaptação à reforma, vendo a reforma como um espaço de desafio para fazer outras O envelhecimento humano é um processo dinâmico e bio sociocultural que
atividades, para desenvolver outras atividades, experimentar outras capacidades, ocorre de forma progressiva, sendo transversal a todos os indivíduos. Como explícito no
outros dons. Há pessoas que não são capazes de se adaptar à reforma; livro “Envelhecer e Conviver” (Medeiros, 2013), o período de velhice tende a ser
 Desenvolver atividades sociais (se a pessoa estiver ligada a causas sociais, está associado a três dimensões:
provado que a pessoa encontra melhor bem-estar no seu envelhecimento)
 Continuar o seu autodesenvolvimento e a sua aprendizagem;  Idade biológica (ex: envelhecimento do organismo e declínio na funcionalidade dos
 Lidar com os lutos e as perdas. Na idade avançada temos que saber lidar com as indivíduos);
mortes das pessoas que são significativas;  Idade social (i.e. envelhecimento influenciado pelas relações interpessoais e meio
 Otimizar a sua sabedoria e colocá-la ao serviço das gerações mais jovens; ambiente);
 Elaborar com serenidade a síntese da sua vida.  Idade psicológica (ex: envelhecimento influenciado pela forma como os indivíduos
reagem às mudanças do meio (e.g. memória, inteligência).
As estratégias que otimizam o envelhecimento
Envelhecimento ativo
Segundo Fonseca (2006) são:
É um conceito que foi definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em
 manter e enriquecer os interesses específicos anteriores; 2002 e não quer dizer que a pessoa seja apenas ativa fisicamente. Tem 3 componentes:
 investir na aprendizagem;
 investir em novas atividades;  Saúde física e auto-referida;
 aprofundar a vida conjugal;  Participação cívica: ativa na sociedade;
 reforçar a vida familiar;  Segurança, a sociedade também tem responsabilidades para com as pessoas idosas,
 cuidar da saúde física e mental; possibilitando-lhes segurança física e psicológico, de modo que as pessoas tenham
 prevenir a segurança económica; qualidade de vida.
 combater o risco de isolamento e o sentimento de solidão;
 utilizar os recursos comunitários;
 exercer o máximo controlo sobre a sua vida pessoal;
 manter e aprofundar o sentimento de utilidade para si mesmo e que o rodeiam.

Tipos de envelhecimento
Envelhecimento patológico/Alzheimer
O cérebro com Alzheimer tem grandes sulcos, ou seja, espaços sem nada onde a  7,3 milhões de pessoas com Alzheimer;
atividade neuronal não é feita e há perdas neuronais, aqui, as sinapses não se dão com a  Um novo diagnóstico a cada 24 segundos.
mesma frequência e, portanto, não se dá a transmissão da comunicação, daí a perda de
memória, sobretudo a curto prazo ou a médio prazo. Presos ao passado

Cuidadores Algumas pessoas idosas são prisioneiras das memórias do passado, sentadas num
banco de jardim.
 Cuidadores formais: técnicos (enfermeiros, médicos, técnicos de serviço social), ou
seja, os que estão empregados e que cuidam das pessoas idosas no seu trabalho, têm “Armadinha Psicológica”
um papel fundamental na satisfação das necessidades básicas de vida destes:
o Problema: tem ausência de formação, inexistência de programas de Muitas pessoas idosas acham que se devem comportar de acordo com a sua
orientação e tutoria no trabalho, fraca supervisão, nula participação no idade “Armadilha Psicológica”. As pessoas vestirem-se da forma que acham que é
planeamento os cuidados, a ausência de feedback e comunicação sobre adequado para a sua idade, por exemplo, roupas escuras.
as tarefas e fracas oportunidades de desenvolvimento profissional,
elevados níveis de absentismo e ainda grande instabilidade, saídas e Idosos e a sua relação com os netos (“A razão dos avós” de Sampaio, 2008)
substituições frequentes.
 Cuidadores informais: são a família  Cuidar dos netos torna o quotidiano mais ativo, então é como se os avós estivessem a
o Problema: ficam com grande desgaste porque deixam de ter vida combater o envelhecimento;
própria, alguns familiares não querem saber, deixam de parte os mais  Boa parte daquelas que cuidam de netos adota a postura que se espera dos pais das
idosos, abandonam e negligenciam os mesmos. crianças; outras, no entanto, só querem desempenhar o papel de avós;
 Os pais cada vez recorrem mais aos avós, quer como suporte afetivo, quer como
No entanto, há um grave problema, estamos perante uma crise da indústria dos  ajuda financeira em muitas situações do quotidiano familiar;
cuidados, uma vez que, existe cada vez mais procura de cuidados e serviços especializados  Atualmente ser avô pode ser um choque, na medida em que o nascimento do
pelo aumento crescente do número de idosos e de situações de dependência, e ao primeiro neto suscita euforia, mas também desconforto e sentimentos
mesmo tempo, menos população disponível e preparada para integrar este grupo contraditórios. Pois se alguns avós vibram com a notícia da gravidez, muito aguardada
profissional (Sousa, 2011). e desejada, outros precisam de tempo para se adaptarem à nova realidade. Mas por
outro lado, pode conferir aos avós uma sensação de perda, uma sensação de visão de
Esperança de vida fim de linha, isto é como se o nascimento da criança pudesse significar uma
delegação final de responsabilidades;
Entre o diagnóstico e a morte de doentes de Alzheimer são 10 anos.  Os avós enquanto garantes dos valores familiares, permitem a continuidade da
família e a transmissão, aos netos, das tradições e expectativas familiares;
Dados  O papel dos avós deve envolver um contributo específico para a definição de um Eu
em cada um dos netos;
EUA  Os avós educaram com os filhos ao lado, companheiros cúmplices dos grandes
momentos da sua vida, enquanto os pais de hoje educam o melhor que podem, mas
 Existem 5,2 milhões de pessoas com Alzheimer; necessitam de suporte permanente dos avós.
 Um novo diagnóstico a cada 71 segundos.

Europa
Percentagem de “Satisfeitos” ou “Muito satisfeitos” com a Vida (estudo em 45 países)
As pessoas mais velhas estão mais ou menos equiparadas com as pessoas dos  Abordagens que salientam o declínio/trajetória descendente: as perdas ocorrem
15/20 anos relativamente ao nível da felicidade. desde o nascimento (vigoraram até aos anos 70);
Para os mais velhos, a felicidade não tem haver com o “ter”, mas sim com a  Abordagens que valorizam o ganho/trajetória ascendente: oque é que se ganha com
experiência profunda de vida. As pessoas mais novas querem ter uma casa, um carro, a velhice? Ganha-se algumas características e dimensões (surgem há cerca de 30
querem comprar coisas para ter o seu conforto de vida. As pessoas a partir dos 65 anos já anos).
não precisam de tanta coisa, reduzem a sua expectativa e aumentam o sentido de
qualidade, ou seja, querem ter experiências profundas com os seus amigos, com a sua Em qualquer período da vida existe um balanço entre perdas e ganhos. Estas
família e passam a fazer uma avaliação objetiva do que é que é importante na vida. teorias não negam as perdas, mas são mais otimistas em relação ao equilíbrio entre
perdas e ganhos. Algumas aptidões mentais atingem o auge do desenvolvimento no
“Se eu fosse Presidente”: Exercício feito pelas pessoas idosas da UAç jovem adulto, enquanto outras só na meia-idade. Outras, só começam a declinar
suavemente na década etária do final dos sessenta e há aquelas que só declinam
No âmbito do curso de Psicologia Positiva para estudantes seniores, foi feito um tardiamente na década dos 80, ou mesmo noventa anos.
desafio às pessoas para escreverem uma política de envelhecimento a partir da questão
“Se eu fosse Presidente…”. Teorias que valorizam o declínio
A conclusão foi de que as pessoas conseguiam delinear uma política de
envelhecimento para uma sociedade mais justa e mais equilibrada. Foi dito: “…governar é Os estudos de Schaie (estudo longitudinal ao longo de 42 anos) mostram as
construir para todos; para o bem comum, independentemente da cor política, do estatuto trajetórias de desenvolvimento nas seguintes aptidões mentais:
social, da religião, da riqueza, da cultura e da idade. Construir uma sociedade sempre com
vista a uma meta superior- de uma sociedade mais justa, mais inclusiva e mais humana,  Vocabulário;
onde todos se sintam parte integrante. As áreas da Saúde e da Assistência Social  Memória verbal (recordação de unidades linguísticas, por exemplo listas de 3
requerem pessoas competentes e muito sensíveis, capazes de estudar a aplicação de palavras);
medidas apropriadas à 3ª idade, inspiradas em países mais evoluídos e adaptadas à nossa  Aptidão numérica (efetuar rápida e corretamente operações matemáticas);
Região. Conciliar a investigação com a tomada de decisão, espelhadas nas políticas da 3ª  Orientação espacial (visualizar mentalmente objetos no espaço);
idade. Há, ainda, que implicar as pessoas idosas nas medidas para o seu grupo.”  Raciocínio indutivo (reconhecer relações num problema e utilizá-las para resolver
outros problemas);
Estudo de Berlim (Baltes e Mayer, 1999)  Velocidade percetiva (discriminar rápida e corretamente entre estímulos visuais).

Baltes deu abertura para a criação de um período de velhice, mas de velhice com Destas aptidões, apenas a velocidade percetiva e a aptidão numérica apresentam
qualidade de vida, com desenvolvimento, etc. Idosos entre 70 e 105 anos revelaram que: picos de desenvolvimento situados no jovem adulto.
 Independentemente da idade, os idosos que tiveram experiências educacionais e A velocidade percetiva é a aptidão mental que primeiro é afetada (já a partir do
profissionais mais ricas mostraram melhor desempenho intelectual. Com isto têm jovem adulto), mas só por volta dos 50 anos atinge declínios fidedignos.
também um envelhecimento mais ativo porque têm mais recursos; Na aptidão numérica passa-se pela mesma trajetória embora mais tarde.
 No entanto, os mais novos estão mais protegidos contra o declínio intelectual, pois
no grupo dos 90 e mais anos 43% apresentavam demência e depois dos 95 anos a
prevalência foi de 60%. A incidência nas mulheres foi mais elevada (provavelmente
devido a maior longevidade e a menor escolaridade);
 As pessoas que tiveram ambientes enriquecidos socioculturalmente mantinham
níveis mais altos de competência em idade avançada, maior capacidade de resolver
problemas e de autocuidado.

Teorias explicativas do envelhecimento


Teorias que valorizam o ganho
Com a idade aumenta:

 Pensamento pós-formal (segundo Sinnot revela-se na capacidade de a pessoa falar a


linguagem do outro; a adaptação às crenças do outro; a melhor comunicação e a
capacidade de argumentação);
 A sabedoria;
 Criatividade;
 A memória social;
 Raciocínio mais ponderado;
 O espírito crítico;
 Expertise (conhecimento avançado ou maior experiência de um tema específico;
novas formas de realizar tarefas).

Inteligência

Segundo Simões (2006) distingue a inteligência em dois tipos:

 Inteligência prática: capacidade de resolver problemas do dia-a-dia, ou seja, mais


dependente dos aspetos fisiológicos;
 Inteligência académica: está mais voltada para a perceção teórica:
 Inteligência fluída: aquela que é necessária para encontrar novas soluções
em que é preciso o uso de novas estratégias, é a capacidade de pensar
abstratamente, raciocinar rapidamente e resolver problemas
independentemente de qualquer conhecimento previamente adquirido
 Inteligência cristalizada: revela-se através de grande número de atividades
associadas à profundidade do saber e da experiência, do julgamento, da
compreensão das relações sociais e das regras e convenções, ou seja, de
experiências passadas.

Memória

A memória não é um sistema unitário, portanto há vários tipos de memória. A


neuropsicologia cognitiva compreende a existência de múltiplos sistemas de memória,
uns mais sensíveis de que outros no processo de envelhecimento.
As alterações de memória estão presentes no envelhecimento, por exemplo, a
memória semântica (memória das palavras, dos significados) é a última memória a
desaparecer. Mas a memória a curto prazo ou a médio prazo é uma memória que é
muitíssimo afetada.

Imagem Corporal: Realidade ou Ficção? – José Mendes


Um pouco de história O crescimento do corpo e do cérebro, as capacidades sensoriais, as habilidades
motoras e a saúde fazem parte do desenvolvimento físico.
Apesar de as primeiras e principais investigações sobre a Imagem Corporal terem Muitas mudanças típicas da primeira e da segunda infância, como a capacidade
surgido entre os anos 1958 e 1968 realizadas por Seymour Fisher (reflete uma visão mais de andar e falar estão vinculadas à maturação do corpo e do cérebro- o desenvolvimento
psicodinâmica da Imagem Corporal), o interesse pela aparência facial remonta desde o de uma sequência natural de mudanças físicas e padrões de comportamento.
século XVIII (por exemplo Galton 1883, interessou-se pela imagem facial de criminosos). Os psicólogos evolucionistas argumentam que assim como partes do nosso corpo
Em 1990, Kevin Thompson inicia a sua investigação de elevada relevância na físico são especializadas em certas funções, partes da nossa mente são da mesma forma
evolução da investigação centrada nos Distúrbios da Imagem Corporal, focando o seu produto da seleção natural e também têm funções específicas.
trabalho em contexto clínico (exemplo: perturbações alimentares e obesidade), tendo o Como o ambiente pré-natal é o corpo da mãe, praticamente tudo o que
seu trabalho contribuído para uma alteração do conhecimento na avaliação e tratamento influencia seu bem-estar, da dieta ao humor, pode alterar o ambiente do feto e afetar o
da Imagem Corporal. seu crescimento. A síndrome alcoólica fetal (SAF) é caracterizada por retardo no
Durante décadas, os estudos da imagem corporal se concentraram na crescimento, malformações da face e do corpo e transtornos do sistema nervoso central.
negatividade com que cada pessoa vive os seus corpos (exemplo: perturbações
alimentares, intervenções cirúrgicas). Desenvolvimento do corpo
A última década do século XX os investigadores dão maior importância a:
Há muito que Piaget e outros pesquisadores sustentavam que alcançar as coisas
 Imagem corporal tem um papel importante na compreensão da experiência humana; dependia da orientação visual: o uso dos olhos para guiar o movimento das mãos (ou de
 Reconhecem a complexidade do constructo de imagem corporal; outras partes do corpo). Agora, pesquisas revelam que crianças dessa faixa etária podem
 A escassez de integração empírica e teórica dentro e entre as disciplinas. fazer uso de outros indicadores sensoriais para pegar um objeto.
Elas podem localizar, pelo som, um chocalho que está fora do alcance da visão e
Estória (conto tradicional) podem esticar as mãos e pegar num objeto luminoso no escuro, mesmo que não possam
ver as suas mãos.
“Uma menina e um menino comum”, a Barbie e o “Ken” estão muito distantes da O aspeto do espelho é muito importante, no entanto, os pré-adolescentes não se
média. As suas proporções corporais são “irreais, irrealizáveis e doentias”. Têm sido várias vem muito ao espelho, mas sim veem-se em espelho, ou seja, veem-se através dos
as pessoas que recorrem a cirurgias para obterem a aparência do seu ídolo. outros, ao olhar os outros vão ver a si próprios. Daí a roupa ser como uma segunda pele,
Vídeo da Dove vestindo-se todos da mesma forma. Com a evolução, os adolescentes já conseguem se ver
ao espelho, porque o corpo é mais harmónico, mais equilibrado em termos de formas,
Mulher é maquilhada e é feito photoshop. tem menos acne, muitas crianças sofrem por parte dos pais, família, professores e amigos,
assim, psicólogos devem ser intrometidos, tem de ser feita aceitação do corpo nas salas
Mas como de desenvolve a imagem corporal? de aulas, enquanto as pessoas não forem aceitas das diferenças, vai continuar a haver
estes problemas. Caso seja um risco para a saúde, deve de se fazer intervenção com uma
A Imagem Corporal refere-se à perceção, pensamentos e sentimentos que o equipa competente, sem chamar à atenção do estado da criança.
indivíduo tem sobre o seu próprio corpo.

 A forma como o indivíduo vê o seu corpo (percetual);


 A forma como o indivíduo sente o seu corpo (afetivo);
 Os pensamentos e crenças que o indivíduo tem sobre o seu corpo (cognitivo);
 Coisas que indivíduo faz quando sente insatisfeito com seu corpo (comportamental).

Desenvolvimento físico Então os cegos preocupavam-se com a sua aparência?


Participantes passavam o rato do computador pela questão, ouvindo a mesma.
Capacidade para reconhecermos as partes do nosso corpo
Amostra
 Perspetiva neurológica: estudo das multirrelações dessas mesmas sensações e das
 Cegueira congénita n=43 emoções e as perceções com enfoque nas disfunções (exemplo: alucinações
 Baixa visão congénita n=19 corporais, membro fantasma)
 Cegueira adquirida n=23  Perspetiva fenomenológica: corporalidade e da sua relação espácio-temporal.
 Baixa visão adquirida n=19 Posicionamento quer subjetivo do espaço do indivíduo no mundo ou então da sua
autorreferência da consciência e da sua presença existencial;
Resultados  Perspetiva psicanalítica: centrada em Freud, focada no eu corporal, na singularidade
das introjeções – projeções do indivíduo, símbolo do corpo (o que o corpo significa),
Os participantes com baixa visão congénita e baixa visão adquirida, apresentaram influência da personalidade
maior desconforto com a sua aparência, em comparação com os participantes com  Perspetiva psicológica: estudos pré-lúdicos do pensamento e aquisição de uma
cegueira congénita e cegueira adquirida. Revelam estar atentos ou valorizam a gestão da inteligência pré- operacional/operacional
aparência (saliência motivacional) e consideram que a sua aparência integra a sua
identidade (saliência auto-avaliativa). Como é que se constrói a questão da Imagem Corporal?

Construção da Imagem Corporal Positiva

Imagem Corporal Positiva, permite aos indivíduos:

 Apreciar a beleza única do seu corpo e as funções que estes desempenham;


 Aceitam e até admiram o seu corpo, incluindo aspetos que são inconsistentes com
imagens idealizadas;
 Interpreta as informações recebidas de forma a proteger o corpo, a maioria das
informações positivas é internalizada e as informações negativas são rejeitadas ou
reformuladas;
 Sentir-se bonito(a) confortável, confiante e feliz com o corpo, que geralmente é Imagem Corporal
refletido como um brilho externo; Positiva
 Enfatiza o positivo ao invés de insistir nas suas imperfeições. Personificação Positiva

Tanto a imagem positiva quanto a personificação, examinam as experiências dos


indivíduos em relação ao corpo, à medida que se envolvem com o mundo à sua volta.

A imagem corporal positiva e a personificação apesar de relacionadas,


distinguem-se em três aspetos:

 A personificação considera simultaneamente cinco dimensões da experiência de


habitar o corpo à medida que se envolve com o mundo;
 A personificação abrange dimensões negativas da experiência vivida do corpo;
Somatognosia como sinónimo do Esquema Corporal  A incorporação vincula a qualidade da experiência incorporada à formação do
ambiente social pelas estruturas socioculturais de poder.
Ter em consideração Presumivelmente, a imagem corporal negativa fica enraizada na infância.
O desenvolvimento da imagem corporal é influenciado desde a idade pré-escolar
 Função (para que é que os braços servem?, para que serve a face?); reconhecendo a aparência desejável da indesejável, onde a criança desenvolve a
 Família; consciência do significado das palavras “bonito” e “feio”.
 Pares;
 Suporte social; Uma criança aos cinco anos de idade, desenvolve um esquema cognitivo sobre o
 Personalidade; estereótipo de “o bonito é bom”, resultando numa imagem negativa quando a
 Coping. criança/adolescente se sente menos atrativa.

Triangulação facial Uma imagem corporal positiva está fortemente conectada com o bem-estar
psicológico. Um dos fatores importantes na aceitação corporal percebida por pessoas
Parte do corpo que não conseguimos tapar, que está mais exposta a todos. importantes na vida da pessoa.

Imagem Corporal em Crianças A construção de uma imagem corporal positiva é influenciada pela
funcionalidade corporal:
A criança incorpora na sua autoimagem o quadro que os outros refletem de volta  Capacidade física (exemplo: flexibilidade, agilidade);
para ela.  Processos internos (exemplo: digestão da comida);
À medida que se desenvolvem fisicamente, elas são mais capazes de fazer o que  Comunicação com os outros (exemplo: linguagem corporal).
querem com os seus corpos. O desenvolvimento dos grandes músculos lhes permite
andar de triciclo ou chutar uma bola; o aumento da coordenação olhos-mãos as ajuda no A construção de uma imagem corporal positiva é influenciada pela
manuseio de tesouras ou de palitos orientais (hashis). concetualização de beleza, ou seja, para ser bonita, um corpo de uma mulher deve:
Quando as meninas e os meninos não se encaixam nas medidas podem  Fino;
experimentar insatisfação corporal, ou seja, pensamentos negativos sobre os seus corpos,  Tonificado;
levam à baixa autoestima. Estudos referem que aos 6 anos de idade, muitas meninas  Jovem;
desejam ser mais magras do que são.  Peitudo;
Uma criança obesa pode ter dificuldade para acompanhar seus pares-  Depilada:
fisicamente e socialmente. A obesidade entre crianças pequenas tem aumentado.  Pele clara e brilhante;
O senso de identidade também tem um aspeto social: a criança incorpora na sua  Entre outros.
autoimagem a crescente compreensão de como os outros a vêm.
As crianças que tentam perder peso nem sempre são aqueles que necessitam. A Estratégias que ajudam ao desenvolvimento de imagem corporal positiva nas crianças
preocupação com a imagem corporal- como a pessoa acredita que parece- torna-se
importante na terceira infância, especialmente para as meninas, e pode evoluir para Estimular a autoimagem das crianças, se elas demonstram curiosidade sobre
transtornos de alimentação na adolescência. estilo e aparência ao longo do seu desenvolvimento, deve-se estimular a vontade de
experimentação, ao invés de as temer.
Inteligência Corporal-Cinestésica: capacidade de se movimentar com precisão. O campo As crianças devem descobrir a sua própria imagem corporal, quanto mais
ou ocupações onde esta inteligência é mais usada são a dança, os desportos, a cirurgia descobrirem a sua autoimagem, menos necessidade sentirá em procurar influências
(precisão de movimentos). externas.
Cultivar a criatividade por meio da autoexpressão, permite que as crianças mudem várias
No final do século XIX, Linda Smolak defende que uma imagem corporal positiva vezes a sua aparência, sem que estas se tornem escravas de um modelo atual de
está globalmente relacionada com a autoestima, existindo evidências de que uma perfeição.
imagem negativa no início da adolescência é preditor do desenvolvimento de
depressões e perturbações alimentares.
Imagem Corporal nos Adolescentes Estratérias que ajudam ao desenvolvimento de uma imagem corporal positiva nos
adolescentes
Um aumento rápido na altura, peso, musculatura, estrutura óssea que ocorre
durante a puberdade:  Ajude os adolescentes a conhecer e a compreender os meios de comunicação social
de forma a proteger a sua confiança corporal, procura vários excertos de filmes,
 Meninos entre os 10 anos e meio e os 16 anos e meio (geralmente 12 ou 13 anos); videoclips, que representem positivamente a imagem corporal;
 Meninas entre os 9 anos e meio e os 14 anos e meio (geralmente 10 anos).  Explorar os benefícios da prática de exercício físico (exemplo: melhora a condição
física, e são ótimos para a saúde mental, autoconfiança e imagem corporal de
A imagem corporal é uma questão significativa para a maioria dos adolescentes. adolescentes);
Desempenha um papel muito importante no desenvolvimento psicológico e interpessoal  Informar que existem padrões de beleza inatingíveis (exemplo: ser parecido com o
da adolescência, particularmente no sexo feminino. boneco Ken).
O sexo feminino, apresenta maior alteração da imagem corporal. Não avaliam o
corpo como um todo e apresentam muitas vezes sentimentos menos positivos sobre Imagem Corporal Positiva nos Adultos
algumas partes do corpo (por exemplo: ancas, face)
A maioria das pessoas adultas observa-se como se o desenvolvimento físico
Quanto aos homens, a “ditadura” do corpo socialmente aceite gera, muito tivesse finalizado na adolescência, no entanto, o corpo sofre mudanças até à morte.
frequentemente, a insatisfação pessoal com a aparência. A insatisfação corporal nos
homens associa-se ao desejo de ganhar massa muscular e perder gordura corporal, Modelo Integrativo do Desenvolvimento da Imagem Corporal
idealizando um corpo musculoso, forte e robusto.
A exposição de imagens ideais de corpo nos media, pode contribuir para o De acordo com o modelo integrativo do desenvolvimento da imagem corporal, a
aumento da insatisfação corporal no sexo masculino, predispondo-os a possíveis insatisfação com a imagem corporal é mediada pela perceção da discrepância percebida
perturbações relacionadas com a imagem corporal (exemplo: perturbações alimentares, entre o corpo ideal e o corpo real. Quanto menor for a discrepância, maior a satisfação
uso de esteroides) ou dismorfofobias (transtorno que causa preocupação excessiva com com a imagem corporal.
partes do corpo, exemplo: dismorfia corporal e muscular).
Componentes da imagem corporal positiva requerem uma avaliação na idade adulta
Influências Interpessoais
 Aparência: aparência física providencia muitas sugestões importantes externas ao
 Fatores familiares: provocação de comentários verbais negativos por membros da self e aos outros, incluindo informação relativa à idade e atratividade. Com o passar
família têm um impacto a curto e longo tempo sobre a Imagem Corporal; dos anos, a pele tende a perder fluidez, perda de peso e redistribui a gordura corporal
 Pares: a aparência e a atratividade são tópicas especialmente importantes para o pelas extremidades do tronco;
sexo feminino por marcarem a transição da infância para a adolescência. Muitas das  Competência: sentimentos internos da competência corporal são baseados em parte
conversas entre os adolescentes é sobre o encorajamento da realização de dietas, nas sensações físicas associadas com a idade, incluindo sentimentos de agilidade,
controlo de peso, comentários sobre a beleza, etc. resistência e força/poder. A competência física tem a tendência a perder-se devido à
perda muscular;
A aceitação da imagem pelo outro é uma variável importante no  Saúde física: experiência da saúde física ou doença tem implicações profundas na
desenvolvimento de uma imagem corporal positiva. qualidade de vida e influencia dramaticamente pensamentos e sentimentos sobre o
fim de vida.
Vídeo da dove 2

Aqui pessoas descreveram-se a si próprias enquanto outras pessoas também as


descreveram, e viu-se uma grande diferença entre as duas descrições, quando nos
descrevemos a nós mesmos, tendemos a ser muito negativos.
Intervir na promoção do ajustamento psicossocial nas preocupações com a aparência Modelo para compressão da experiência de ver o self no espelho

Nível 1: permissão

Explorar de forma sensível as preocupações com a aparência. Exemplos:

 De que forma sentes que a tua autoimagem está comprometida?;


 De que forma estás a lidar com as alterações da aparência?;
 Já alguém viu a tua cicatriz? Qual foi a reação do outro?;
 Fizeram-te muitas questões sobre a tua aparência?.

Nível 2: informação limitada

Escrever informação, recomendar websites e grupos de suporte. Responder a


questões básicas sobre as Preocupações da Aparência. Exemplos:

 Associações Reflexão final sobre o capítulo

Nível 3: sugestões específicas/intervenções Por vezes as pessoas perdem a noção de si mesmas e do ambiente que as ceram,
isto é, estão inconscientes de como e de quem são.
Treinar habilidades sociais, lidar com o olhar fico, comentários e questões. Gerir Imagem corporal engloba a consciência individual, todas as formas pelas quais
situações sociais proactivamente. Exemplos: uma pessoa experiência e conceitua seu próprio corpo, juízo de valores e a sua relação
com o mundo, consciente e inconscientemente. É uma projeção mental que fazemos de
 Eliciar o problema (explorar pensamentos, sentimentos, comportamentos e sintomas nós próprios, ou seja, da estrutura do corpo por meio da análise das medidas, dos
fisiológicos); contornos e da forma corporal, agregada aos sentimentos de autoestima.
 Sumarização (exemplo: compreender verdadeiramente as preocupações); A personificação da imagem corporal positiva reflete dimensões positivas na
 Promover a motivação e a autoeficácia. experiência individual de cada pessoa e como essas experiências envolvem o corpo no
mundo.
Nível 4: intervenção intensiva

Terapia cognitiva-comportamental com objetivo de modificar esquemas da


aparência (des)adaptativos. Exemplos:

 Diálogo socrático;
 Eliciar pensamentos automáticos negativos;
 Manipulação de comportamentos seguros, entre outros.
Da puberdade à maturidade psicossexual do adulto. O corpo na relação interpessoal. Uma breve resenha histórica

Desenvolvimento sexual do adolescente e do adulto e a vivência corporal  Aberração;


 Degeneração;
 Os primeiros estudos sobre a sexualidade;  Problema mental;
 Desenvolvimento psicossexual do adolescente;  Anormalidade;
o As perceções e as atitudes/comportamentos na sexualidade do adolescente;  Doença.
o Informação versus educação sexual na adolescência;
o Homossexualidade vs. heterossexualidade. Freud e a Psicossexualidade
 Investigações transculturais sobre a sexualidade (investigações que se fazem em
vários contextos culturais);  Os três ensaios sobre a teoria da sexualidade (Freud, 1905);
 Estudos sobre a sexualidade em Portugal;  Obra apresentada sob a forma de 3 ensaios (representam 3 períodos de
 A vivência da sexualidade no adulto (exemplo: Modelo Triangular do Amor; desenvolvimento) Teoria explicativa da sexualidade ligada à líbido e à pulsão sexual;
Sternberg, 1986);  Perspetiva evolutiva do desenvolvimento (da criança recém-nascida ao adulto);
 “O Sexo e os Jovens” – Entrevista com Júlio Machado Vaz.  Freud chamou a atenção para algo ignorado na época – a Sexualidade Infantil.

Perspetiva histórica Desenvolvimento psicossexual concebidas (Freud, 1905)

Uma retrospetiva dos estudos sobre a sexualidade humana evidencia a evolução Zonas erógenas – são regiões da epiderme ou da mucosa que excitada de certa maneira,
ocorrida na conceptualização e investigação sobre a dimensão sexual do procura uma sensação de prazer de uma qualidade particular:
desenvolvimento.
Os primeiros estudos sobre a sexualidade surgem na 2ª metade do século XIX e  Zona buco-labial;
início do século XX.  Zona anal (prazer da retenção e da expulsão);
A dimensão da sexualidade ainda hoje no século XXI é uma dimensão tabu. É uma  Zonas genitais (que o ocorrem de forma ocasional com a lavagem do corpo e
dimensão que não se fala e quando se fala põe-se uma atitude menos correta (exemplo: excitações ocasionais e masturbação).
julgamento).
Fases do desenvolvimento psicossexual concebidas por Freud
Os primeiros estudos sobre a sexualidade
 Fase oral: imediatamente a seguir ao nascimento, associada à exploração da
 Krafft-Ebing (1886/1965)- Psychopatia Sexualis; componente oral (exemplo: da boca);
 Freud (1905)- Os três ensaios sobre a teoria da sexualidade;  Fase anal: ligada à retenção das fezes, por volta dos 2 anos;
 Ellis (1936)- Studies in psuchology of sex.  Fase fálica: por volta dos 5 anos. As crianças ocasionalmente na exploração do seu
corpo, começam por explorar a boca, a mão/dedo que metem na boca. Uma
A primeira obra vai-se situar nos aspetos patológicos da sexualidade. exploração natural;
Surgem no âmbito da psiquiatria e têm uma explicação marcadamente biológica  Fase genital: “marca” do início da puberdade e a maturidade sexual fisiológica
e médica. (descoberta dos órgãos genitais e pela exploração dos mesmos, conhecimento e
Centram-se, essencialmente, sobre casos anómalos, ou seja, os desvios sexuais, prazer dos órgãos).
como por exemplo, as perversões, as quais eram explicadas como uma degeneração do
sistema nervoso. (Almeida, 1996)
Kinsey (1948) disfunções sexuais), ou os estudos de antropologia que se debruçam sobre os padrões
culturais das sociedades.
 Estudos empíricos de relatos de experiências pessoais, com amostras de várias
centenas de participantes, a partir de guiões de entrevista;  Antropologia - contexto antropológico, onde a pessoa se insere, as crenças da
 Avançam com a classificação e terapia de comportamentos sexuais; pessoa;
 Referem diferenças de comportamento em função do género, do nível social, da  Medicina - questões da sexualidade do ponto de vista médico;
vivência religiosa;  Biologia - questões da fisiologia, do corpo;
 Estas investigações tiveram um grande impacto social e político no meio conservador  Psicologia;
americano da época e provocaram uma autêntica revolução cultural.  Psiquiatria - desempenho, dificuldade;
 Sexologia.
Kinsey (1948) e Master & Johnson (1966)
Abordagem psiquiátrica e psicológica
Vantagens
 Inicialmente: modelos psicodinâmicos e comportamentai;
 Recorrem a uma população considerada normal, ao invés de casos clínicos, como  Recentemente: perspetivas construtivistas da sexualidade:
acontecia até à data; o Valorização do processo de construção social e pessoal da sexualidade;
 Integram amostras de diversas idades ao longo do ciclo vital; o Importância da imagem corporal no sujeito (autoestima, relação com
 Verificam o ciclo de resposta sexual com a identificação de fases (excitação, planalto, outros).
orgasmo e resolução.
Sexologia
Desvantagem
Os estudos da sexologia atual são ainda escassos e centram-se sobre:
 Empolamento da resposta fisiológica e comportamental, com ausência das
componentes cognitiva e afetiva-relacional.  As perceções e as atitudes/comportamentos perante a sexualidade;
 As fontes de informação sexual;
As investigações  As idades em que ocorre a vivência da sexualidade e as diferenças de género;
 As orientações sexuais.
 São estudos empíricos de relatos de experiências pessoais, com amostras de várias
centenas de participantes, a partir de guiões de entrevista; Psicologia clínica
 Referem diferenças de comportamento em função do género, do nível social, da
vivência religiosa. Terapias sexuais.

Revolução Cultural

Grande impacto social e político no meio conservador americano da época.

Estudos sobre a sexualidade

Apesar dos estudos sobre a sexualidade do adolescente e do adulto terem vindo


a aumentar nas últimas décadas, eles são ainda muito espartilhados em termos
disciplinares, proliferando os estudos biológicos e médicos (anatomia e fisiologia sexual e
Experiências As orientações sexuais

As perceções e as atitudes/comportamentos perante a sexualidade (Alferes, 1994) Homossexualidade

N=563 estudantes do ensino superior (Coimbra), com idades entre os 18 e os 34  Interesse sexual, romântico e afetivo por pessoas do mesmo sexo;
anos, solteiros:  Homossexualidade não pode ser confundida com contactos sexuais, como a
exploração de sensações sexuais nos adolescentes de carácter transitório;
 Os homens manifestam atitudes mais favoráveis ao sexo sem compromissos e ao  Muitos jovens têm contactos ou experiências homossexuais, ao longo do seu
sexo ocasional; desenvolvimento (antes dos 15 anos);
 Os homens referem terem tido mais parceiros sexuais, pensam mais sobre sexo,  Uma única experiência, e até atrações homossexuais ou fantasias, desta espécie, não
apresentam mais comportamentos de masturbação, têm maior experiência de significam que se é homossexual, ou seja, não determinam a homossexualidade de
orgasmo, revelam-se mais permissivos, valorizam o sexo ocasional e o sexo sem uma pessoa.
compromisso;
 As mulheres revelam maior conhecimento dos métodos contracetivos e expressam Preconceito: gays, lésbicas e trans
maior sensibilidade para a educação sexual e para o planeamento familiar.
Os adolescentes têm receio de se identificar ou assumir como gays e lésbicas,
As perceções e as atitudes/comportamentos perante a sexualidade (Almeida, 1996) porque os que o fazem sofrem frequentemente de isolamento social, incompreensão e
hostilidade de colegas, amigos e até familiares, chegando mesmo à violência.
N=225 adolescentes que frequentavam o 12º ano de escolaridade e com idades Devido ao preconceito, muitos sentem que têm de esconder as suas preferências
entre os 16 e os 19 anos de idade: e atividades sexuais, e não falar delas.

 Os rapazes revelaram ser mais permissivos nas suas atitudes sexuais excetuando as Gay
atitudes face ao casamento;
 Para a maioria dos adolescentes, as relações sexuais pré-matrimoniais não são Indivíduo que sente atração sexual por pessoas pertencentes ao mesmo género.
condenáveis desde que ocorram em clima de compromisso afetivo entre as pessoas;
 As raparigas revelam menor permissividade; Lésbica/Lesbianismo
 O sexo com afeto é considerado importante pelos rapazes enquanto as raparigas
valorizam o sexo com afeto e compromisso. Relação intensa ou comprometimento primário entre mulheres que elas
experienciem como ‘amor’ e sexualidade genital entre pessoas com genitália feminina.
As perceções e as atitudes/comportamentos perante a sexualidade (Matos et. Al, 2003)
Bissexual/Bissexualidade
Amostra n=3762 (alunos do 8º e 10º ano):
Atração por mais de um género.
 Tomada de decisão- raparigas e alunos mais velhos (rapazes e raparigas) referem
como motivo para a relação sexual acontecer, um deles insistir; Intersexo
 Utilização de preservativo- raparigas e alunos mais velhos referem o preservativo
como método para evitar uma gravidez e Doenças Sexualmente Transmissíveis; Indivíduo que apresenta características biológicas femininas e masculinas ao
 Relação com o álcool e outras substâncias psicoativas- os rapazes referem, em maior mesmo tempo, podendo isto manifestar-se em deformações genitais ou hormonais.
número, já terem tido relações sexuais, iniciar relações sexuais mais cedo e ter tido
relações por terem consumido álcool ou e outras substâncias psicoativas. Assexual

Ausência de atração sexual, ou seja, arromantismo.


As fontes de informação sexual Estudos sobre a sexualidade em Portugal

 A grande maioria dos adolescentes obtém informação sobre sexualidade através dos  Importância da satisfação conjugal para os estudantes universitários portugueses
pares e dos media, embora uma boa percentagem declare que preferia que os pais (Neto, 1998);
abordassem mais abertamente estas questões;  Até aos anos 80 houve uma crescente permissividade nos comportamentos sexuais;
 Apesar da deficiente informação que os pares estão prontos a partilhar, o grupo de  A partir dos anos 80 diminui a permissividade e aumentou o conservadorismo;
pares funciona, a um nível mais tácito, como um contexto importante na  Uma grande percentagem de adolescentes e jovens adultos já tinha tido relações,
aprendizagem dos modos de relacionamento. sendo esta maior no sexo masculino (76,4%);
 75% dos adolescentes da amostra que tiveram relações sexuais usara um método
Os programas de Educação Sexual devem ser programados em função do nível do contracetivo (Miguel & Vilar, 1987;
desenvolvimento  Procura-se valorizar o desenvolvimento sexual não só numa dimensão física estrita,
mas também na interligação da dimensão afetiva e da dimensão social dos
 Pré-adolescentes (centrados nas questões das transformações pubertárias e nas adolescentes e dos adultos no seu processo desenvolvimentista;
inquietações do crescimento e divididos por sexo);  A revisão de literatura científica sobre concetualizações do amor revela que a paixão,
 Adolescência propriamente dita (centrados na discussão de problemas e a intimidade e o compromisso são considerados como os principais componentes do
experiências não reais para discussão e esclarecimento, no sentido de ajudar a amor;
própria identidade de género. Período do pensamento formal);  A partir da combinação destas 3 componentes Sternberg (1986) caracteriza diversos
 Final da adolescência e adultez emergente (centrados na intimidade). tipos de amor que podem ocorrer.

Padrões sexuais Modelo Triangular do Amor (Sternberg, 1986)

Estudos Transculturais Tipos de amor:

Estudos sobre AMOR em estudantes universitários (Portugal e Cabo Verde) – Neto, 2000 o 1 = amor apaixonado;
o 2 = gostar;
 Diferenças nas atitudes, emoções e comportamentos perante o amor, em função do o 3 = amor vazio;
variável sexo: o 1+2 = amor romântico;
o Estudantes Universitários de Portugal: “Fazer amor” foi considerado ato o 2+3 = amor companheiro
romântico mais importante para os homens, aparecendo em 5º lugar para as (relacionamento com 30/40 anos, principalmete);
mulheres em Portugal, após “abraçar, olhar, cartas de amor e beijar”; o 1+3 = amor louco (compromisso em que as pessoas estão lá para tudo);
o Estudantes Universitários de Cabo Verde: “Fazer amor” foi ordenado em 3º o 1+2+3 = amor total.
lugar por ambos os sexos.  Somente a presença exclusiva da paixão dá origem a uma relação em que predomina
 Os comportamentos, atitudes e emoções perante o sexo e o amor não são universais; o alto grau de despertar psicofisiológico, podendo tanto surgir como se dissipar
 Os comportamentos, atitudes e emoções dependem de variáveis, tais como o género, instantemente;
as vivências culturais e as vivências pessoais dos afetos.  A presença apenas da intimidade condicionará a um amor caracterizado pelo
carinho, sem paixão ou comprometimento, situando-se muito próximo à amizade;
 O amor baseado somente no elemento decisão/compromisso é o dominado vazio,
que pode ser visto naquelas relações em que a intimidade e a atração física já
deixaram de existir.
Uma viagem, em tom de conversa, ao mundo dos jovens e do sexo… - Entrevista a Júlio tanto com pessoas de sexos diferentes (heterossexualidade) ou do mesmo género
Machado Vaz (homossexualidade) e outras preferem estar abertas a novas experiências. Assim, o
melhor a fazer é investir na educação e no conhecimento que é partilhado, tanto em casa,
Nesta entrevista, Júlio Machado Vaz, psiquiatra, sexólogo e professor, é como na escola, na internet, entre amigos e até mesmo com profissionais (frequentar um
questionado sobre sexualidade, sobre a relação dos jovens com a mesma e sobre alguns sexólogo é uma boa solução para isto) e, consequentemente, investir em métodos de
temas que são abordados quando o tema “sexo”, que ainda é um tabu para muitas precaução, já que é a coisa mais normal entre todos os seres vivos, assim, para além das
pessoas, é mencionado. pessoas se sentirem mais à vontade quanto às suas decisões, também vão ter menos
Quando questionado sobre a forma como os jovens olham para o sexo, Júlio Vaz comportamentos de risco, assim, temos mesmo que deixar de abordar este tema como
afirma que a resposta a isto nunca pode ser homogénea, isto porque, por um lado, os um tabu.
jovens tem uma visão mais desinibida, tanto em atitudes como em comportamentos, no
entanto, algumas das suas ideias continuam a ser conservadoras.
Por outro lado, como há pouca informação e formação, muitos jovens tem
comportamentos sexuais de risco, uma vez que, alguns destes não tem em conta que
doenças sexualmente transmissíveis e gravidezes indesejadas são uma realidade, e isto
acontece porque alguns pais não abordam questões relacionadas com este tema e a
sexualidade deixa de ser abordada no secundário, algo que devia de se prolongar até
mesmo no ensino superior, Júlio Machado Vaz menciona uma ótima forma para isto não
acontecer, para ele, já que existem imensas unidades curriculares sobre diversas
temáticas, também deviam de haver aulas apenas de sexualidade, com respetivas
avaliações. Tendo isto em conta, a maior fonte de conhecimento sobre sexualidade são os
pares e os media.
É importante mencionar que, para Júlio Vaz, esta geração é desinteressante em
termos sexuais, uma vez que alguns jovens são muito seletivos quanto aos seus parceiros,
e só querem ter uma relação sexual caso exista compromisso, no entanto, outros jovens
não pensam assim, preferem algo momentâneo, sem responsabilidade e sem pensar num
futuro, ou seja, no casamento ou na construção de uma família, algo que antes era
fundamental. Para além disso, antes os jovens iam a consultas de sexologia por causa do
desempenho e comportamento sexual, atualmente fazem questões relacionadas com
aspetos mais emocionais, como, por exemplos, formas de manter um relacionamento. Ou
seja, os jovens já não se preocupam tanto com dar e receber prazer, preocupam-se mais
em ter alguém consigo, um companheiro.
No entanto, apesar de muitas pessoas quererem um companheiro, também
começaram a casar mais tarde, muitas pessoas vivem em casas separadas e passam
alguns dias juntas, mas continuam a manter o relacionamento, apenas querem continuar
a ter a sua liberdade. Como muitas pessoas frequentam a Universidade e/ou saem de casa
dos pais mais tarde, preferem, antes de iniciar uma vida a dois, descobrirem-se e
construírem a sua identidade, o seu “eu”, o que mostra que, cada vez mais, construir uma
família é algo da idade adulta e não da adultez emergente.
Desta forma, é muito importante termos em conta que a sexualidade é algo que
vai estar sempre a evoluir, assim, devemos de ter sempre a mente aberta quanto a este
assunto. Devemos respeitar que cada pessoa quer abordar a sua sexualidade de formas
diferentes, algumas pessoas querem manter um compromisso, algo que pode ser feito

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