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PSICOLOGIA DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Caracterização e conceito
 Histórico da conceituação
O início do estudo científico do desenvolvimento humano se deu devido a preocupação com
os cuidados e com a educação infantil, e com o próprio conceito de infância como um
período particular do desenvolvimento, por esse motivo muitos manuais de psicologia ainda
tratam apenas a infância e a adolescência. A psicologia do desenvolvimento teve seu objeto
de estudo delimitado pois notou-se que ela vinha fazendo interface com outros campos da
psicologia e outras atuações.
O tempo é apenas uma escala, não é uma variável psicológica. Portanto, é preciso entender
como as condições internas e externas ao indivíduo afetam e promovem essas mudanças
(Biaggio, 1978).
Variáveis internas: Estão ligadas à maturação orgânica do indivíduo, as bases genéticas do
desenvolvimento.
Variáveis externas: São aquelas ligadas à influência do ambiente no desenvolvimento.
Gerais: Que explique as semelhanças
Individuais: Que explique as diferenças
Fatores biológicos (como etnia, doenças ou síndromes genéticas)
Fatores socioculturais (por exemplo, educação, cultura, crenças e valores)
Fatores psicológicos (temperamento, caráter, habilidades e capacidades intelectuais, entre
outros).
“Através da identificação dos fatores e como afetam o desenvolvimento humano podemos
pensar sobre trabalhos de intervenção mais eficazes, que levem a um desenvolvimento
harmônico do indivíduo. Sendo assim, os conhecimentos gerados por essa área da psicologia
trazem grandes contribuições para os trabalhos de prevenção e promoção de saúde social.”
Biaggio e Monteiro (1998) estudando a evolução histórica da psicologia do
desenvolvimento humano sistematizam o estudo do desenvolvimento humano em fases:

O período formativo (1882-1912)


• 1882 - Preyers publicou o livro A mente da criança (The mind of the child): impulsionou as
pesquisas na área de desenvolvimento.
• Considera-se essa publicação como um marco no nascimento da psicologia do
desenvolvimento;
• 1891 - Stanley Hall funda o Instituto de Pesquisa Infantil de Clark (Child Research Institute
at Clark) e o periódico mensal Seminários de Ensinos Pedagógicos (Pedagogical Seminars);
• 1899 - Binet funda a “Sociedade para o Estudo Infantil” (Société Libre pour l`Étude de l
́Énfant) e o periódico anual “Ano Psicológico” (LÁnnée Psychologique);
• Os interesses de pesquisa nesta época envolviam principalmente a psicobiologia, psicologia
da personalidade e desenvolvimento cognitivo.

Primeira fase (1920-1939 aproximadamente)


• Período de grande investimento no estudo do desenvolvimento da criança;
• Publicado os primeiros estudos sobre envelhecimento e adolescência;
• 1933 – Fundada a “Sociedade de Pesquisa em Desenvolvimento Infantil” (Society for
Research in Child Development)
• Os principais interesses de estudo nesta época foram: o desenvolvimento intelectual,
maturação e crescimento;
• Começa-se a criticar os métodos existentes de pesquisa na área do desenvolvimento
humano.
Segunda fase (1940 – 1959 aproximadamente)
• Esta fase foi grandemente influenciada pela depressão de 30 e pelas Guerras que levam a
uma escassez de investimentos em pesquisa;
• O interesse nesta época ainda se concentra no estudo da criança, especialmente no
estabelecimento de relações entre variáveis que afetam o desenvolvimento;
Terceira fase (1960-1989 aproximadamente)
• Nesta fase verificou-se uma reemergência das pesquisas no campo do desenvolvimento.
• Até a década de 60 a psicologia do desenvolvimento sofre grande influência da Teoria
Behaviorista e dos conceitos de Aprendizagem Social;
• Observa-se também a reemergência da Teoria Piagetiana como arcabouço teórico das
pesquisas neste campo Desenvolvimento humano;
• A Revolução Cognitiva atinge a psicologia do desenvolvimento. Vários aspectos da
cognição são investigados dentro da Abordagem do processamento de informação.
• Há um crescente interesse pela psicobiologia e pelas bases biológicas do comportamento.
Quarta fase (1990- dias atuais)
• Novos paradigmas na psicologia do desenvolvimento emergem. O caráter interdisciplinar, a
importância de se discutir e incorporar nas pesquisas os diversos contextos em que os
indivíduos se desenvolvem;
• Cada vez mais o desenvolvimento é estudado ao longo do ciclo vital, ao invés da tradicional
ênfase na infância;
• Magnusson e Cairns (1996 citado por Aspesi, Dessen & Chagas, 2005) propõem que as
mudanças de perspectivas de estudo no desenvolvimento humano constituem uma Ciência do
Desenvolvimento Humano, uma disciplina independente que engloba conhecimentos não só
da psicologia, mas de outras áreas afins.
• 1998 – É fundada a “Sociedade Brasileira de Psicologia do Desenvolvimento”.

 Teorias do Desenvolvimento
 Gestalt
Defende que, para aprender, usamos uma série de estruturas. Estruturas que teriam uma base
física e impõem as suas qualidades no que diz respeito ao nosso desenvolvimento. Por outro
lado, poderíamos defini-las como totalidades complexas, produto da decomposição das
unidades complexas.
De acordo com a Gestalt, o desenvolvimento está baseado em estruturas de origem biológica
que aprendemos a usar à medida que crescemos.
Portanto, não haveria um “desenvolvimento” no aspecto da gênesis e estágios evolutivos,
apenas a descoberta progressiva das capacidades do cérebro.
Para a Gestalt, pequenos detalhes do comportamento humano poderiam revelar sentimentos
latentes. Essa corrente, então, acredita que a soma das partes significavam mais que o todo.

 Psicanálise
Freud, aponta que boa parte do comportamento humano é assumida pelo inconsciente,
propondo, ainda, que este é profundamente afetado pelas questões afetivas. Para Freud, a
psicologia da mente humana pode ser dividida em ego, id e superego. Enquanto o ego seria
a parte responsável pelas relações com o ambiente e com outros indivíduos e seres, o id
representa o inconsciente, que busca prazer de forma quase incondicional. Ego e Id estão
em oposição constante, sendo controlados e mediados pelo superego.
Para Freud, o desenvolvimento humano está em função de satisfação, que é direcionada
para a libido. Por isso, em cada fase, a pessoa se concentra em partes do corpo, procurando
inconscientemente formas de acessar sensações de prazer.

Fase oral
• O desenvolvimento da fase oral ocorre desde o nascimento até 2 anos de vida.
• A primeira relação que o bebê tem com a mãe, é a exploração de objetos que é feita através
da boca, denomina-se então uma fase primitiva do estádio oral.
• A fase oral é caracterizada pela urgência das necessidades, extrema dependência, nenhuma
consideração pelos outros e baixa tolerância à frustração e à ansiedade de separação.
• Sustentada pela atividade motora da sucção. O prazer oral obviamente excede a simples
satisfação da fome.

Fase anal
• A fase anal ocorre durante o segundo e o terceiro ano de vida, onde o prazer está no ânus.
• Nessa fase a criança tem o desejo de controlar os movimentos esfincterianos e começa
também a entrar em conflito com a exigência social de adquirir hábitos de higiene;
• A principal questão de conflito durante esta fase é o treinamento para o banheiro. Uma
fixação neste estágio pode resultar em uma personalidade muito rígida ou muito desordenada.
Fase fálica
• Ocorre dos três aos cinco anos, a área erógena fundamental do corpo é a zona genital
• Freud sustenta que nessa fase o pênis é o órgão mais importante para o desenvolvimento,
tanto dos homens quanto das mulheres, por isso Freud é fortemente criticado e acusado de ser
falocêntrico.
• O menino ou menina não reconhece, nesta fase, mais do que um único órgão genital, o
masculino, e a oposição dos sexos é equivalente à oposição fálico-castrada.
• O desejo de prazer sexual expressa-se por meio da masturbação, acompanhada de
importantes fantasias.

Fase de latência e complexo de édipo


• Fase de relativa estabilidade. Nenhuma nova organização da sexualidade se desenvolve.
• O complexo de Édipo da criança começa a se dissolver. A criança percebe que seus desejos
e anseios pelo “pai do sexo oposto” não podem ser cumpridos e se afastarão desses desejos.
• A criança adquire habilidades e valores culturais.

Fase genital
• O estágio final do desenvolvimento psicossexual humano.
• O indivíduo desenvolve um forte interesse social e sexual em pessoas fora da família.

 Behaviorismo
O behaviorismo nasceu em resposta à reduzida atitude científica da psicanálise. Acreditando
que comportamento humano é mediado pela relação estímulo-resposta.
Ele é extremamente positivista, tudo o que não pode ser medido diretamente está fora do
estudo da psicologia. Portanto, eles apenas estudavam a relação entre os estímulos percebidos
e os comportamentos observáveis que provocavam, ignorando qualquer variável
intermediária que não pudesse ser medida.
Dessa forma, o estímulo é uma ação que provoca algum distúrbio no ambiente, alterando
sua configuração normal. Por sua vez, a resposta é uma transformação realizada pela
pessoa em função do estímulo.
O Behaviorismo deu grande contribuição à ciência provando ser possível alterar o
comportamento, ainda que recebendo o mesmo estímulo. Para os behavioristas, o
desenvolvimento somente é entendido com os diferentes tipos de aprendizagem que são
considerados neste contexto.
A criança nasce com uma série de respostas incondicionais e inatas, que através da
experiência vão associando a outros estímulos. Através de processos muito simples, geram
uma multiplicidade de comportamentos complexos.
O problema desta teoria do desenvolvimento é que ela pode ser considerada demasiado
reducionista.

 Psicologia Cognitiva
Ela surgiu como uma reação ao behaviorismo, e se preocupa com o estudo dos processos
internos que podem acontecer entre um certo estímulo e um determinado comportamento;
Estuda os processos mentais que estão por trás do comportamento. É aí que nascem as
perspectivas computacionais e conexionistas do cérebro humano.
Hoje, a psicologia cognitiva é a perspectiva com maior apoio, especialmente na Europa.
Sugere que o indivíduo é um produtor de informação que constrói representações internas de
como é o mundo.
A sua postura se aproxima de Piaget e Vygotsky devido a esse princípio construtivista. No
entanto, ao definir os processos como associativos, se afasta deles para se aproximar mais
do behaviorismo.
Piaget
Ele é uma das grandes referências nas teorias sobre o desenvolvimento humano. É
considerado um dos pais do construtivismo.
Parte da ideia de que a criança constrói o seu mundo e a sua maneira de construí-lo é
baseada nos problemas que surgem.
A sua teoria sobre o desenvolvimento se concentra na formação dos conhecimentos.
Através da sua perspectiva construtivista, elaborou uma teoria que dividiu o desenvolvimento
em uma série de etapas. Essa etapas são universais e todos os indivíduos passariam por elas
em idades semelhantes.
Vygotski
Foi outra das grandes referências nas teorias sobre o desenvolvimento humano. Como Piaget,
ele propôs o desenvolvimento de uma perspectiva construtivista, representante do
cognitivismo;
No entanto, apesar de concordar com essa perspectiva, Vygotsky se concentrou nos efeitos
culturais e sociais que influenciavam o desenvolvimento, acreditava que os seres humanos
constroem a própria realidade externa e interna a que experimentam. Essa construção se dá a
partir da interação do indivíduo com o ambiente externo e com o seu contexto histórico.
Para Vygotsky, o desenvolvimento era inseparável do ambiente social, uma vez que a cultura
e a sociedade transmitem formas de comportamento e de organização do conhecimento.
Claro, não é um processo de copiar e colar, a criança constrói a sua realidade através do que
a sociedade lhe mostra. Este postulado teórico é conhecido como socioconstrutivismo.

 O que é Psicologia do desenvolvimento?


“O desenvolvimento humano envolve o estudo longitudinal de variáveis afetivas, cognitivas,
sociais e biológicas em todo ciclo da vida. Desta forma faz interface com diversas áreas do
conhecimento como: a biologia, antropologia, sociologia, educação, medicina entre outras.”
(Mota, 2005)
“O estudo científico de como as pessoas mudam ou como elas ficam iguais, desde a
concepção até a morte” (Papalia & Olds, 2000)

 Fatores do desenvolvimento

De acordo com as teorias propostas até agora e com as descobertas atuais, há ao menos
quatro fatores determinantes do desenvolvimento humano:
Fator genético: são os genes transmitidos pelos ascendentes, ou seja, os fatores hereditários
podem se manifestar ou não de acordo com o ambiente no qual o indivíduo está inserido;
Fator de crescimento orgânico: corresponde ao desenvolvimento físico da pessoa;
Fator da maturação neurofisiológica: aponta o desenvolvimento de capacidade de
interação diversa com o ambiente, seja através do falar ou do andar;
Fator ambiente: caracterizado por representar todos os fatores externos que impactam e
influenciam o comportamento do ser humano.

 Estágios do desenvolvimento

• Pré-Natal – Gravidez e Vida intrauterina


O desenvolvimento pré-natal é de interesse dos psicólogos que investigam o contexto do
desenvolvimento psicológico inicial. Todo o desenvolvimento pré-natal envolve três
estágios principais: estágio germinativo, estágio embrionário e estágio fetal.
• Infância
É onde são formados as bases de toda a personalidade e pauta os comportamentos futuros
do ser humano. Hoje dividimos em três estágios: Primeira, segunda e terceira infância.
• Adolescência
A adolescência é o período da vida entre o início da puberdade e o pleno comprometimento
com um papel social adulto.
• Início da vida adulta
É a idade adulta inicial, é um estágio em que o desenvolvimento se concentra
principalmente na manutenção de relacionamentos.
• Meia idade adulta
A meia-idade geralmente se refere ao período em que os adultos vivenciam um conflito
entre a geração e a estagnação.
• Velhice
A velhice é a fase em que os indivíduos avaliam a qualidade de suas vidas, ou que tem a
ideia de não contribuição social.

Gravidez e a vida intrauterina


Durante muito tempo acreditou-se que a vida intrauterina era uma etapa responsável apenas
pelo desenvolvimento físico da criança. O útero materno representava um lugar isolado, no
qual o bebê parecia estar inacessível aos estímulos externos, protegido pelas camadas
abdominais.
Pensava-se que a criança, neste lugar, permanecia em estado de plena satisfação e
felicidade, desconectada dos pensamentos e sentimentos da mãe.
Contudo, a sensação vivenciada pela gestante de que existe uma reciprocidade de
sentimentos entre ela e o bebê. A mulher grávida exerce sobre seu filho um papel
fundamental na constituição de sua personalidade antes do nascimento, influenciando-o com
seus pensamentos e sensações e, assim, tem a possibilidade de contribuir para o
desenvolvimento de um ser humano menos desprotegido e psiquicamente mais saudável.

“O feto pode ver, entender, tocar, degustar e mesmo, a um nível muito primitivo, aprender
in útero (quer dizer, dentro do útero, antes do nascimento). Mais importante, ele é capaz de
sentimentos menos elaborados que os adultos, é lógico, mas bem reais” (VERNY, 1989)

O desenvolvimento se dá por dois princípios fundamentais:


• De cima pra baixo: Cabeça para membros.
• Do centro para as extremidades: órgãos para pele etc.

O desenvolvimento pré-natal se divide em três períodos, onde ele se desenvolve de um zigoto


unicelular a feto;
Período Germinal
• Zigoto se divide, tornando-se complexo e se prenda a parede do útero;
Período embrionário
MÊS 01
• Crescimento mais acelerado do processo pré e pós-natal – 10 mil x maior que o zigoto;
• Cerca de 1 cm;
• Presença de sangue, artéria e veias;
• Esboço de órgãos – cérebro, rins, fígado e trato intestinal;
• Sem definição de olhos, ouvidos, boca e nariz;
• Sem definição de sexo;
• Calda ancestral;
• Abortos espontâneos.
Período Fetal
MÊS 02
• Possui 2 cm com 9g;
• Cabeça corresponde à metade do corpo;
• Face desenvolvida brotamento de língua;
• Mãos, pés, dedos, joelhos, tornozelos já existentes;
• Fina camada de pele – começo da construção das digitais e produz reação;
• Início das células ósseas;
• Impulsos cerebrais;
• Regularização de batimentos cardíacos;
• Estomago, fígado e rins começam a funcionar.

MÊS 03
• Feto – 7,5 cm com 28g;
• Cabeça corresponde a 1/3 do corpo – testa alta;
• Face desenvolvida brotamento de língua;
• Unhas, pálpebras, cordas vocais, lábios e nariz proeminente;
• Sexo pode ser identificado;
• Todos os órgãos devem estar funcionando;
• Feto respira, engole, ocasionalmente urina e defeca;
• Presença de cartilagem;
• Movimentação livre e articulada;
• Reações e reflexos ao toque.

“É a partir desse período de gestação que muitos autores consideram o início do período de
aprendizado emocional”

MÊS 04
• Cabeça tem 1⁄4 do tamanho do corpo – proporção continua até o nascimento;
• 20 a 25 cm com cerca de 170 gramas;
• Cordão umbilical longo e continua crescendo;
• Placenta totalmente desenvolvida;
• Começa a sentir-se chutes e socos do feto;
• Reflexos mais enérgicos em forma de explosões.
* Grupos religiosos e sociedades consideram o início da vida.

MÊS 05
• Cerca de 30 cm e de 300 a 500 gramas;
• Início dos padrões individuais de personalidade intrauterina;
1.Sono e vigília
2.Posição preferida
3.Mais ativo ou preguiçoso
4.Se estica
• Feto nesse período produz suor e gordura na pele;
• Sistema respiratório desenvolvido, porém ainda ancestral (soluço);
• Crescimento de pelos e da lanugem;

“A vida da criança no útero é dotada de lembranças, sentimentos e consciência, por isso, tudo
o que lhe acontece nessa fase é vital para a estruturação de sua personalidade.”

MÊS 06
• Cerca de 35 a 40 cm e de 570 gramas;
• Retardo no crescimento avançado;
• Gorduras sob a pele;
• Olhos desenvolvidos e pálpebras se abrindo;
• Ouvidos desenvolvidos;
• Força muscular nas mãos;
• Sistema respiratório desenvolvido, não funcional;
• Baixa sobrevivência fora do útero.
• A medida em que o cérebro e o sistema nervoso do feto se desenvolvem, ele descobre
respostas tanto no plano físico, isto é, relacionadas aos sentimentos e emoções de sua mãe,
como no plano afetivo.
• Entre o sexto e sétimo mês ele pode discriminar atitudes e sentimentos da mãe e começa a
agir em função disso.
• O dano causado ao feto pelas situações de estresse vivenciadas pela mãe, dependerá em
grande parte da duração e intensidade desse estresse.
• A intensidade do afeto que a mãe nutre pelo seu bebê pode amenizar as consequências que
suas perturbações pessoais terão sobre a criança que carrega.

MÊS 07
• Cerca de 40 cm e de 1,5 a 2,5 kg;
• Desenvolvimento de reflexo completo
• Chora, respira e engole – chupa o dedinho;
• Lanugem desaparece – ou não.
• Cabelo pode crescer mais;
• Consegue sobreviver fora do útero com suporte adequado de ganho de peso.

MÊS 08
• Cerca de 50 cm e de 3 kg;
• Movimentos mais limitados;
• Crescimento de gordura sobre a pele.

MÊS 09
• Paralização do crescimento com 1 semana antes do parto;
• Média de 3,5 kg; meninos tendem a ser maiores;
• Sistemas e órgãos operam em quase totalidade;
• Ritmo cardíaco aumenta;
• Aumento de dejetos pelo cordão;
• Pele vai ganhando aspecto não avermelhada;
• Também o útero, como espaço físico, é de fundamental importância para o desenvolvimento
da personalidade da criança.
• A qualidade desse espaço físico é proporcional à qualidade da relação mãe/bebê construída
durante a gestação. – expresso depois do nascimento.
• Nos últimos meses de gestação, o tamanho de feto aumenta consideravelmente, fazendo-o
entrar em contato com as membranas que o envolvem. – primeiro abraço.

O DESENVOLVIMENTO BIO-PSICO-SOCIAL E COGNITIVO NA 1a INFÂNCIA

- O DESENVOLVIMENTO BIOLOGICO NA 1a INFÂNCIA

Período neonatal
 COMPORTAMENTOS REFLEXOS
Reflexos primitivos:
• Respostas automáticas e comportamentos ancestrais frente a estímulos
externos; Ex: Babinki e sucção.
Reflexos posturais:
• Respostas a mudanças de posição ou de equilíbrio; Ex: Paraquedas.
Reflexos locomotores:
• Estímulos iniciais a movimentos voluntários posteriores; Ex: reflexo de marcha.
Período neonatal:
• A maior parte dos reflexos iniciais desaparece durante os primeiros seis a doze meses.
• Reflexos que continuam servindo a funções protetoras permanecem, Ex: piscar, bocejar,
tossir, engasgar,
• O desaparecimento, em determinado momento de reflexos desnecessários, permitindo o
aparecimento do comportamento voluntário, é um método bastante eficaz de avaliar o
desenvolvimento neurológico de um bebê.
• Embora o desenvolvimento inicial do cérebro seja geneticamente orientado, ele é
continuamente modificado tanto de modo positivo quanto negativo pela experiência
ambiental;
• O termo técnico para essa maleabilidade ou modificabilidade do cérebro é plasticidade.
Essa plasticidade pode ser um mecanismo evolucionista para possibilitar a adaptação às
mudanças no ambiente, possibilitando a aprendizagem;
• As diferenças individuais de inteligência talvez reflitam diferenças na capacidade do
cérebro de desenvolver conexões neurais em resposta à experiência;

“As áreas de recompensa do cérebro em desenvolvimento, que controlam a informação


sensorial, crescem rapidamente durante os primeiros meses de vida, permitindo ao recém-
nascido ter um entendimento razoável daquilo que ele toca, vê, cheira, degusta e ouve.”
(Gilmore et al., 2007).

 CAPACIDADES SENSORIAIS INICIAIS


Tato e dor
É o primeiro sentido a se desenvolver, e nos primeiros meses é o sistema sensorial mais
maduro. Quando se toca a face de um recém-nascido próximo à boca, o bebê responde
tentando encontrar um mamilo - mecanismo evolutivo de sobrevivência;
No passado, os médicos que faziam cirurgia (como, por exemplo, a circuncisão) em recém-
nascidos geralmente não usavam anestesia, em virtude de uma crença equivocada de que o
neonato não sente dor, ou pode senti-la apenas por um breve momento. Na verdade, há
evidências de que a capacidade de percepção da dor pode surgir no terceiro trimestre da
gestação; Os recém-nascidos podem sentir e de fato sentem dor; e eles tornam-se mais
sensíveis com o passar dos dias.

Olfato e paladar
Os sentidos do olfato e do paladar começam a se desenvolver no útero. A preferência por
odores agradáveis parece ser aprendida no útero e durante os primeiros dias após o
nascimento, e os odores transmitidos pelo leite materno podem ainda contribuir para essa
aprendizagem;
Certas preferências olfativas parecem ser, em grande parte, inatas. Recém-nascidos preferem
sabores doces a sabores azedos ou amargos. Um desejo inato por doce pode ajudar o bebê a
se adaptar à vida fora do útero, já que o leite materno é bem doce;
A rejeição a sabores amargos provavelmente é mais um mecanismo de defesa, pois muitas
substâncias amargas são tóxicas;
As preferências de paladar desenvolvidas nos primeiros meses podem durar por toda a
segunda infância;
Em um estudo, crianças de 4 e de 5 anos que, quando bebês, haviam sido alimentadas com
diferentes tipos de fórmulas, tinham preferências alimentares diferentes e a exposição aos
sabores de alimentos saudáveis através da amamentação podem favorecer a aceitação de
alimentos saudáveis após o desmame e mais tarde na vida.
Audição
A audição é funcional antes do nascimento; fetos respondem a sons e parecem aprender a
reconhecê-los. De um ponto de vista evolucionista, o reconhecimento de vozes e da
linguagem ouvidas no útero pode ser a base do relacionamento com a mãe, que é fundamental
para a sobrevivência no começo da vida;
A discriminação auditiva se desenvolve rapidamente após o nascimento. Bebês de três dias
podem distinguir novos sons de fala daqueles que já ouviram antes.
“Com um mês de idade, o bebê pode distinguir sons tão parecidos quanto ba e pa.” (Eimas et
al., 1971)
*Como a audição é fundamental para o desenvolvimento da linguagem, deficiências
auditivas devem ser identificadas o mais cedo possível.

Visão
É o sentido menos desenvolvido quando o bebê nasce, talvez porque há tão pouco para ver no
útero. De uma perspectiva desenvolvimentista evolucionista, os outros sentidos, estão mais
diretamente relacionados à sobrevivência do recém-nascido.
A percepção visual e a capacidade de utilizar a informação visual – identificar cuidadores,
encontrar comida e evitar perigos – torna-se mais importante à medida que os bebês ficam
mais alertas e ativos.
Os olhos do recém-nascido são proporcionalmente menores do que os de um adulto, as
estruturas da retina estão incompletas e o nervo óptico ainda não se desenvolveu totalmente,
os neonatos focalizam melhor a uma distância de 30 centímetros – aproximadamente a
distância típica da face de uma pessoa que segura um recém-nascido.
• Recém-nascidos piscam em presença de luz intensa;
• Seu campo de visão periférico é muito estreito – 3o mês;
• A capacidade de seguir um alvo móvel também se desenvolve rapidamente nos primeiros
meses, assim como a percepção das cores.
• A visão binocular – o uso de ambos os olhos para focar, possibilitando a percepção de
profundidade e distância – 5o mês.

 DESENVOLVIMENTO MOTOR
O desenvolvimento motor é caracterizado por uma série de marcos sistêmicos, onde cada
habilidade recém-adquirida prepara o bebê para lidar com a próxima.
Os bebês primeiro aprendem habilidades simples ou gerais e depois as combinam em
sistemas de ação cada vez mais complexos, permitindo um espectro mais amplo ou mais
preciso de movimentos e um controle mais eficaz do ambiente. EX: preensão – pinça.;
Tronco – caminhar.
 Marcos do desenvolvimento motor
Controle da cabeça:
• Ao nascer, a maioria dos bebês consegue virar a cabeça de um lado para o outro enquanto
estão deitados de costas. Enquanto deitados de bruços, muitos podem erguer a cabeça o
suficiente para virá-la;
• Nos dois ou três primeiros meses, eles erguem a cabeça cada vez mais alto – às vezes a
ponto de perder o equilíbrio e virar de costas;
• Por volta dos quatro meses de idade, quase todos os bebês conseguem manter a cabeça ereta
quando alguém os segura ou os apoia em posição sentada.
Controle da mão:
• Os bebês nascem com um reflexo de preensão;
• Por volta de 3 meses, a maioria dos bebês consegue agarrar um objeto de tamanho
moderado, como um chocalho, mas tem dificuldade em segurar objetos pequenos;
• Entre 4 e 6 meses, eles começam a pegar objetos com uma das mãos e transferi-los para a
outra, e em seguida segurar (mas não apanhar) pequenos objetos;
• Entre 7 e 11 meses, as mãos tornam-se coordenadas para apanhar o uso da preensão em
pinça;
• Por volta dos 15 meses, um bebê mediano sabe montar uma torre com dois cubos;
• Alguns meses após o terceiro aniversário, uma criança mediana consegue copiar um círculo
razoavelmente.
Locomoção:
• Depois de 3 meses, um bebê mediano começa a rolar deliberadamente (e não
acidentalmente, como antes) primeiro de frente para trás, depois de trás para frente;
• Por volta de 6 meses o bebê consegue sentar-se sem apoio;
• Por volta dos 8 meses e meio ele consegue manter a posição sentada sem auxílio;
• Entre os 6 e os 10 meses, a maioria dos bebês começa a se deslocar por conta própria
arrastando-se ou engatinhando. (Realização com ramificações cognitivas e Psicossociais);
“Bebês que engatinham tornam-se mais sensíveis ao lugar onde os objetos estão, seu
tamanho, e se estes objetos podem ser deslocados e como se parecem. O ato de engatinhar
ajuda a avaliar distâncias e a perceber profundidade. (Referência social)”
• Segurando na mão de alguém ou apoiando-se em um móvel, o bebê mediano consegue ficar
de pé pouco depois dos 7 meses.
• O bebê médio pode largar o apoio e fica de pé sozinho por volta dos 11 meses e começar a
se locomover de forma bípede por volta de 12 ou 13 meses.
 DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
• O desenvolvimento cognitivo está relacionado à nossa capacidade de aprender, reter
informações e responder aos desafios cotidianos. Tal processo não é estático, mas
continuamente aprimorado, desenvolvido ao longo de todas as fases da vida, da infância à
velhice.
• E o início desse processo de aprendizagem se divide em 6 formas de abordagens:
1. Behaviorista;
2. Psicométrica;
3. Piagetiana;
4. Processamento de informação;
5. Neurociência cognitiva;
6. Socio contextual.

 Abordagem Behaviorista
• Bebês nascem com a capacidade de aprender com aquilo que veem, ouvem, cheiram,
degustam e tocam, além de terem certa capacidade de lembrar o que aprenderam.
• No Behaviorismo estuda-se os mecanismos básicos da aprendizagem.
• Os behavioristas querem saber como o comportamento muda em resposta à
experiência por meio de dois processos:
1.condicionamento clássico: Aprendizagem baseada na associação de um estímulo que
normalmente não elicita uma resposta com outro que a elicita.
2.condicionamento operante: Aprendizagem baseada na associação do comportamento com
suas consequências.
* Construção da memória.

 Abordagem Psicométrica
O comportamento inteligente é orientado para uma meta e é adaptativo, ou seja, direcionado
para se adaptar às circunstâncias e condições de vida;
A inteligência permite às pessoas adquirir, lembrar e utilizar conhecimento; entender
conceitos e relações; e resolver os problemas do dia a dia;
Então, essa abordagem procura medir as diferenças quantitativas nas habilidades que
compõem a inteligência, utilizando testes que indicam ou preveem essas habilidades.
*No início no começo do século XX, Alfred Binet e Theodore Simon criaram testes
psicométricos que avaliam a inteligência por números para crianças incapazes de
acompanhar o sistema educacional.

♦ Testes de desenvolvimento infantil

Os testes de desenvolvimento comparam o desempenho do bebê numa série de tarefas com


normas estabelecidas baseadas na observação do que um grande número de bebês e crianças
pequenas sabe fazer em determinadas idades.

 Escalas Bayley de Desenvolvimento Infantil (BAYLEY-III)


Constituem um teste de desenvolvimento amplamente utilizado e elaborado para avaliar
crianças entre 1 mês e 3 anos e meio. Indicam os pontos fortes e fracos e as competências de
uma criança em cada uma das cinco áreas do desenvolvimento: cognitivo, linguagem, motor,
socioemocional e comportamento adaptativo.

 Inventário Home de Avaliação Doméstica (HOME)


Entrevista direcionada ao cuidador principal e classificam com “sim” ou “não”
questionamentos sobre a estimulação intelectual e o suporte observado no lar da criança. As
pontuações do HOME estão significativamente relacionadas às medidas do desenvolvimento
cognitivo.

♦ Intervenção precoce

1. Nos primeiros meses, forneça estimulação sensorial;


2. Crie um ambiente que promova a aprendizagem;
3. Responda aos sinais do bebê, estabelecendo confiança;
4. Dê ao bebê poder de efetuar mudanças com objetos moveis e moldáveis;
5. Dê ao bebê liberdade para explorar;
6. Converse com o bebê. Ele precisa de interação com adultos para falar;
7. Ao falar ou brincar com o bebê, envolva-se naquilo que ele estiver interessado;
8. Arranje oportunidades para ele aprender as habilidades básicas, como nomear, comparar e
separar objetos;
9. Aplauda as novas habilidades e ajude o bebê a praticá-las e expandi-las;
10. Fique por perto, mas não sufoque;
11. Leia para o bebê num ambiente aconchegante e afetuoso - prontidão para a alfabetização;
12. Utilize a punição com moderação. Não puna nem ridicularize os resultados da exploração
normal de tentativa e erro.
 Abordagem Piagetiana
Concentra-se nas mudanças, ou estágios, na qualidade do funcionamento cognitivo. Ela quer
saber como a mente estrutura suas atividades e se adapta ao ambiente;
O primeiro dos quatro estágios de Piaget para o desenvolvimento cognitivo é o estágio
sensório-motor;
Durante esse estágio (Aprox. até os 2 anos), os bebês aprendem sobre si mesmos e sobre o
mundo mediante suas atividades sensoriais e motoras;
Os bebês passam de seres que respondem basicamente por meio de reflexos e comportamento
aleatório a crianças orientadas para uma meta;
O estágio sensório-motor consiste em subestágios que fluem de um para o outro à medida que
os padrões de pensamento e comportamento do bebê se tornam mais elaborados.
1. Uso de reflexos
• Nascimento até 1 mês;
• Os bebês exercitam seus reflexos inatos obtendo certo controle;.
• Não coordenam as informações dos sentidos;
• Não agarram um objeto para o qual estejam olhando;
EX: Denise começa a sugar quando o peito da mãe está em sua boca.

2. Reações circulares primárias


• 1 a 4 meses Os bebês repetem comportamentos agradáveis que primeiro ocorrem ao acaso
(como sugar o dedo);
• As atividades são focadas em seu corpo e não nos efeitos do comportamento sobre o
ambiente;
• Fazem as primeiras adaptações adquiridas; ou seja, sugam diferentes objetos de maneira
diferente;
• Começam a coordenar a informação sensorial e agarrar objetos.
EX: Quando lhe dão a mamadeira, Daniel, que geralmente mama no peito, consegue ajustar
a sucção ao bico de borracha.

3. Reações circulares secundárias


• 4 a 8 meses Os bebês tornam-se mais interessados no ambiente;
• Repetem ações que produzem resultados interessantes (como agitar um chocalho) e
prolongam experiências interessantes;
• As ações são intencionais, mas inicialmente não orientadas para uma meta.
EX: Alexandre empurra pedacinhos de cereal até a borda de sua cadeirinha e observa cada
pedaço caindo no chão.

4. Coordenação de esquemas secundários


• 8 a 12 meses O comportamento é mais deliberado e proposital (intencional)
• Podem antecipar eventos;
EX: Victor quer o chocalho que está do outro lado da sala, ele já aprendeu a engatinhar,
segurar e manter, ele atravessa o cômodo para brincar com o chocalho.

5. Reações circulares terciárias


• 12 a 18 meses, As crianças demonstram curiosidade e experimentação;
• Variam propositadamente suas ações para ver os resultados (agitando diferentes chocalhos
para ouvir os sons).
• Exploram ativamente seu mundo para determinar o que é novidade sobre um objeto, evento
ou situação.
• Experimentam novas atividades e fazem uso da tentativa e erro para resolver problemas.
EX: A irmã mais velha de Bruno segura o livro favorito do irmão e tenta passá-lo para ele
através das grades do berço. Ele estica os braços para pegá-lo, mas não consegue porque o
livro é muito largo. Logo, porém, Bruno vira o livro de lado e o abraça, encantado com o
sucesso.

6. Combinações mentais
• 18 a 24 meses, O pensamento simbólico já permite pensar sobre eventos e antecipar suas
consequências; sem precisar recorrer sempre à ação;
• Elas começam a demonstrar insights;
• Tem ideias, usam símbolos como gestos e palavras, e sabem fingir.
EX: Júlia brinca com sua caixa-encaixa procurando cuidadosamente o encaixe certo para
cada forma antes de encaixar.
♦ O DESENVOLVIMENTO DO CONHECIMENTO SOBRE OBJETOS E
SÍMBOLOS

A capacidade de perceber o tamanho e a forma de objetos e discernir seus movimentos pode


ser um mecanismo que evoluiu para evitar os predadores (Rakison, 2005).

O conceito de existência de um objeto – a ideia de que os objetos têm sua própria existência
independente, características e localizações próprias no espaço – é um desenvolvimento
cognitivo tardio fundamental para uma visão ordenada da realidade física.
O conceito de objeto é a base para a consciência que as crianças têm de que elas próprias
existem separadamente dos objetos e das outras pessoas.

 Permanência de um objeto

Um dos aspectos do conceito de objeto é a permanência do objeto, a percepção de que ele ou


uma pessoa continua existindo quando está fora do campo de visão.
A princípio, o bebê não tem essa noção. Por volta do terceiro subestágio, entre 4 e 8 meses,
ele vai procurar algo que tenha derrubado, mas se não conseguir encontrar, agirá como se o
objeto não mais existisse.
No quarto subestágio, entre 8 e 12 meses, ele procurará o objeto no lugar onde o encontrou
pela primeira vez após vê-lo escondido, mesmo se depois ele o viu ser removido para outro
lugar (Erro A-não-B).
No quinto subestágio, entre 12 e 18 meses, o bebê, segundo Piaget, não mais comete esse
erro; ele vai procurar o objeto no último lugar em que o viu escondido. Entretanto, não
procurará em um lugar onde não o viu escondido.
Por volta do sexto subestágio, entre 18 e 24 meses, a permanência do objeto é plenamente
conquistada; crianças pequenas procuram um objeto mesmo se não o virem escondido.

 Desenvolvimento simbólico: a competência imagética e compreensão de escala

Boa parte do conhecimento que as pessoas adquirem sobre seu mundo é obtida através de
símbolos, que são representações intencionais da realidade. Aprender a interpretar símbolos
é, portanto, uma tarefa essencial na infância.
As crianças devem tornar-se orientadas para o símbolo: atentas ao símbolo e às suas relações
com as coisas que eles representam.
Competência imagética é capacidade de entender a natureza das imagens.
• Bebês até cerca de 15 meses, vai acariciar a imagem de um ursinho como se ele fosse real;
Aos 19 meses, ele vai apontar e nomear a figura pelo nome do objeto; Por volta dos 2 anos de
idade, é que as crianças entendem que uma imagem é tanto um objeto quanto um símbolo.
Compreensão de escala é a capacidade de discernir sobre o espaço.
• Hipótese da dupla representação até os 3 anos de idade.

 Abordagem do processamento de informação


Foca na percepção, aprendizagem, memória e resolução de problemas;
• Seu objetivo é descobrir como as crianças processam as informações do momento em que
as recebem até utilizá-las;
• Os pesquisadores do processamento de informação analisam separadamente cada parte de
uma tarefa complexa, para tentar entender quais são as habilidades necessárias para cada
parte da tarefa e em que idade essas habilidades se desenvolvem;
• Medem também aquilo a que os bebês prestam atenção, e por quanto tempo, e fazem
inferências com base nesses dados;
• Evidencia de que várias das habilidades cognitivas que Piaget afirma se desenvolver por
volta do final do estágio sensório-motor parecem surgir bem antes;
Pesquisas atuais no processamento visual de bebês têm apresentado uma perspectiva sobre a
evolução cronológica de desenvolvimentos cognitivos como:
o Categorização – Capacidade de diferenciação de categorias (A partir do 03 mês X 18
meses de Piaget);
o Causalidade – Capacidade de entendimento de movimentação (A partir de 06 meses
X 1 ano de Piaget);
o Permanência do objeto - Capacidade de existência e permanência (A partir de 03 x
cerca de 06 de Piaget);
o Número – simbologia numérica e pequenas lógicas (A partir de 05 meses).

 Abordagem da neurociência cognitiva


• Examina o “hardware” do nosso sistema nervoso e o escaneamento que busca identificar
quais são as estruturas do cérebro envolvidas em aspectos específicos da cognição.
• Esses escaneamentos fornecem evidências físicas da localização de dois sistemas distintos
de memória de longo prazo que adquirem e armazenam diferentes tipos de informação:
1. A memória implícita: que se desenvolve no começo da primeira infância, refere-se à
recordação que ocorre sem esforço ou mesmo inconscientemente; diz respeito a hábitos e
habilidades.

2. A memória explícita: também chamada de memória declarativa, é a recordação consciente


ou intencional, geralmente de fatos, nomes, eventos ou outras coisas que podem ser
enunciadas ou declaradas.

O desenvolvimento do córtex pré-frontal (Essa parte do cérebro desenvolve-se mais


lentamente). Somente na segunda metade do primeiro ano de vida, desenvolvem a capacidade
para a memória de trabalho.
“Memoria de trabalho é o armazenamento de informações de curto prazo que o cérebro está
ativamente processando ou utilizando.”
*É na memória de trabalho que as representações mentais são preparadas para
armazenamento, ou recuperadas;
*Desenvolve-se junto com a memória explicita.

 Abordagem sociocontextual
• A abordagem sociocontextual de VYGOTSKY examina os efeitos dos aspectos ambientais
dos processos de aprendizagem, particularmente o papel dos pais e de outros cuidadores;
• A participação guiada refere-se a interações mútuas com adultos que ajudam a estruturar as
atividades da criança e preenchem a distância entre a compreensão da criança e a do adulto.
• Esse conceito foi inspirado pela visão que Vygotsky tinha da aprendizagem como um
processo colaborativo. A participação guiada geralmente ocorre em brincadeiras
compartilhadas e nas atividades normais do dia a dia, quando a criança aprende
informalmente as habilidades, o conhecimento e os valores importantes em sua cultura.

 A linguagem
• O desenvolvimento da linguagem seja ela oral ou não é um marco do desenvolvimento
cognitivo do ser humano;
“A linguagem é um sistema de comunicação baseado em símbolos, palavras e gramática.
Uma vez conhecidas as palavras, a criança pode usá-las para representar objetos e ações. Ela
pode refletir sobre pessoas, lugares e coisas; e pode comunicar suas necessidades,
sentimentos e ideias a fim de exercer mais controle sobre sua vida”
♦ Sequenciamento do desenvolvimento inicial da linguagem
• Antes de utilizar palavras, o bebê faz suas necessidades e sentimentos serem conhecidos por
meio de sons que evoluem do choro para o arrulho e o balbucio, depois para a imitação
acidental e então para a imitação deliberada;
• Esses sons são conhecidos como fala pré-linguística;
• Também evolui a capacidade do bebê de reconhecer e entender sons de fala e usar gestos
significativos;
• É comum o bebê pronunciar sua primeira palavra por volta do final do primeiro ano de vida
e começar a falar utilizando sentenças entre oito meses e um ano depois
 Vocalização inicial
• O choro é o primeiro meio de comunicação do recém-nascido em diferentes tons, padrões e
intensidades sinalizam fome, sono ou raiva (Valor adaptativo);
• Entre 6 semanas e 3 meses, o bebê começa a arrulhar quando está feliz – emitindo gritos
agudos, gorgolejando e pronunciando sons de vogal como “ahhh”;
• Entre 3 e 6 meses, o bebê começa a brincar com os sons da fala, imitando os sons que ouve
de pessoas ao seu redor;
• Entre 6 e 10 meses vem os balbucios – repetição de sequências de consoantes e vogais,
como “ma-ma-ma-ma” – (não é uma linguagem de verdade, pois não tem nenhum significado
para a criança);
A imitação é a chave para o início do desenvolvimento da linguagem. Primeiro, os bebês
acidentalmente imitam sons do idioma e depois imitam a si próprios produzindo esses sons.
• Entre 9 e 10 meses, o bebê imita sons deliberadamente sem entendê-los. Quando já possui
um repertório de sons, ele os encadeia em padrões que soam como uma linguagem;
• Finalmente, quando se familiarizam com os sons de palavras e frases, os bebês começam a
lhes atribuir significados, somente nesse estágio a vocalização se torna linguagem.
 Primeiras palavras
• O bebê mediano diz a primeira palavra entre 10 e 14 meses;
• A princípio, o repertório verbal se resume a “mamã”, “dada”, “má” ou “dá”, o significado
vai depender do contexto em que a criança a pronuncia. (holofrase);
• Bebês de 8 meses ou mais novos começam a aprender as formas das palavras discernindo
indicações perceptuais como sílabas que geralmente ocorrem juntas (como pa e pai) e
armazenam essas formas possíveis de palavras na memória;
• Eles também notam a pronúncia, a ênfase nas sílabas e mudanças de tom. Esse aprendizado
auditório inicial é a base para o crescimento do vocabulário.
• Os bebês entendem muitas palavras antes de conseguir poder usá-las;
• Crianças de 6 meses olham por mais tempo para um vídeo em que aparece a mãe quando
ouvem a palavra “mamãe”, o que sugere que estão começando a associar o som com;
• Aos 10 meses, bebês associam um nome que eles ouvem a um objeto que consideram
interessante (Correto ou não);
• Aos 12 meses, começam a prestar atenção a indicações dos adultos, tais como olhar ou
apontar para um objeto enquanto dizem seu nome. Entretanto, eles ainda aprendem nomes
somente para objetos interessantes e ignoram os não interessantes;
• Por volta dos 13 meses, a maioria das crianças entende que uma palavra representa uma
coisa ou evento específico, e pode aprender rapidamente o significado de uma palavra nova;
• Entre 18 e 24 meses, as crianças seguem indicações sociais na aprendizagem dos nomes,
não importando o interesse;
• Aos 24 meses, as crianças reconhecem rapidamente nomes de objetos familiares na
ausência de indicações;
 Primeiras sentenças
• Geralmente ela faz isso entre 18 e 24 meses;
• É comum as crianças utilizarem a fala telegráfica, que consiste em apenas algumas poucas
palavras essenciais.
EX: Quando Rita diz, “Bobóendo”, parece querer dizer “Vovó está varrendo”;
• Entre 20 e 30 meses, a criança demonstra uma competência cada vez maior na sintaxe e
também fica cada vez mais consciente do propósito comunicativo da fala e do fato de suas
palavras serem;
• Por volta dos 3 anos, a fala é fluente, mais longa e mais complexa. Embora a criança
geralmente omita partes do discurso, ela consegue comunicar com sucesso o que quer dizer.
♦ Influências: Fator genético e família.
 O DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL NA 1a INFÂNCIA
 Fundamentos do desenvolvimento Psicossocial
• Embora os bebês apresentem os mesmos padrões de desenvolvimento, cada um deles, exibe
uma personalidade distinta – Experiências desde a vida intrauterina;
• Personalidade – Conjunto de emoções, temperamentos, pensamentos e comportamentos que
tornam a pessoa única;
• Podemos definir a criação da personalidade em 3 elementos básicos;
1.Emoções: São reações subjetivas à experiências e estão diretamente associadas a mudanças
fisiológicas e comportamentais. Os bebes sentem raiva/desconforto (chora) e
alegria/socialização-resposta (sorriso) – como marco de desenvolvimento;
As emoções podem ser:
• Autoconscientes: quando dependem da formação da autoconsciência.
EX: empatia, inveja.
• Autoavaliadoras: quando dependem do conceito social.
EX: vergonha, culpa.
2.Temperamento: Disposição característica ou estilo de abordagem e reação às situações;
O NYLS – Estudo Longitudinal de Nova York definiu o temperamento infantil em três
padrões básicos:
 Criança fácil
EX: Humor brando, boa frustração, sociável, boa adaptabilidade.
 Criança difícil
EX: Baixa frustração, alta intenso, dificuldade de se adaptar.
 Criança de aquecimento lento
EX: Comportamento adaptativo com pressão.
3.Experiências sociais: Quando se fala de padrões de comportamento temos que entender
que muitos deles são culturais e de aprendizagem social;
• Círculos sociais;
• Primeiro círculo social;
• Mamãe X Papai

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