Você está na página 1de 67

INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DO LIBOLO

MATERIAL DE APOIO DE PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

CURSO: ENSINO PRIMÁRIO

II - ANO

CALULO, 2022
UNIDADE I. ASPECTOS HISTÓRICOS DA PSICOLOGIA DO
DESENVOLVIMENTO

INTRODUÇÃO

Você tem fotografias de diversas fases de sua vida?


Coloque lado a lado fotografias correspondentes a diversas idades: um ano, três anos,
cinco anos, oito anos, doze e quinze anos, vinte anos, trinta anos em diante. Veja como
mudaste como cresceste como você esta diferente em cada uma das fotografias.
Nas fotografias aparecem apenas alguns aspectos das mudanças que ocorreram: a
estatura, a aparência física, etc. Entretanto, muitas outras mudanças aconteceram:
mudanças quanto a maneira de pensar, quanto ao comportamento, quanto ao
conhecimento das matérias escolares, quanto a convivência social, etc.
Enquanto as mudanças na estrutura e aparência resultam principalmente da maturação
física do organismo; as mudanças no comportamento resultam em sua maior parte da
aprendizagem.
Para o professor interessam mais as mudanças no comportamento, pois ele exerce papel
importante na estimulação e orientação dessas mudanças.
Das espécies que habitam na terra o Homo Sapiens é o que tem um crescimento e
desenvolvimento mais lento. O homem fica durante muito tempo num estado de
imaturidade física, dependendo de cuidados e proteção dos outros para sobreviver.
Num espaço de tempo o sujeito aprende andar e a correr, a comunicar as suas alegrias,
medos e necessidades; enquanto outras espécies atingem a maturidade plena.
Exemplo, um macaco rhesus de dois anos já atingiu a maturidade sexual, um rato de
dois anos de idade poderá já estar senil. O desenvolvimento dos músculos e aquisição
da mobilidade de uma criança de dois anos é comparável a de um chimpanzé de dois
meses, a de um coelho de duas semanas, e a de um poltro (cria de uma égua) de duas
horas.
Aparentemente dá-nos uma sensação de que o ser humano é lento no desenvolvimento,
esta lentidão serve de acumulação de experiências e aprendizagens fundamentais para a
sua adaptação e ajustamento ao meio para a sua sobrevivência.

Os estudos do desenvolvimento: Histórico e objectivos


A Psicologia tem se assumido como ciência a partir do céculo XIX, “a Psicologia tem um
longo passado e uma curta história, Hermann Ebbinghaus.

1
Desde a fundação da psicologia como ciência, muito psicólogos e pesquisadores,
distribuídos nos vários ramos do saber psicológico, todos imbuídos no interesse de
contribuir para o progresso desta ciência, onde a psicologia do desenvolvimento é um
dos seus ramos.
Vários estudos comparativos históricos e objectivos foram feitos neste ramo, com a
finalidade de compreender as mudanças que ocorrem no sujeito ao longo dos tempos.
“O desenvolvimento humano e muito rico e diversificado. Cada pessoa tem suas
características próprias, que a distinguem das outras pessoas, e seu próprio ritmo de
desenvolvimento.
Por mais que estudemos e nos esforcemos para compreender 0 comportamento humano
e seu desenvolvimento, ele sempre reserva surpresas e imprevistos.” Exemplos de
estudos que ilustram dramaticamente a diferença de ritmos de crescimento e
desenvolvimento das espécies.
Um casal de psicólogos criaram o seu filho Donald juntamente com um chimpanzé bebé
chamado Gua. Ambos eram tratados tanto quanto possível da mesma maneira; usavam
as mesmas roupas, a comida era a mesma, o carinho e o amor era o mesmo. Foram
ensinados da mesma forma e tinham o mesmo tempo de prática no que diz respeito a
estar de pé, andar, comer com colher e mesmo tempos do treino do controlo dos
esfíncteres.
Resultados: foi uma experiência muito pesada para o pobre Donald, pois Gua
ultrapassava-o em tudo. Quando Donald mal se levantava e ficar em pé, já Gua andava,
corria, fazia piruetas. Quando Donald tinha dificuldades em pegar numa colher, Gua
usava-a com facilidade para comer sem entornar. Só aos nove meses Donald começou
alcançar Gua, quando ele já tinha alcançado o seu potencial genético. Donald começou
a obedecer ordens verbais, a ultrapassar Gua no desenvolvimento da linguagem.
Um outro casal de psicólogo sem filhos criou um chimpanzé chamado Vicki, com a
intenção de fazer com que ele falasse, a pesar do esforço, três anos depois Vicki
pronunciava apenas ocasionalmente algumas palavras. Ao passo que uma criança de três
anos tem um vocabulário de mais de novecentas palavras. É muito antiga a preocupação
da humanidade para com a criança quanto ao seu desenvolvimento.

Recorda-se que o séc. XIX é considerado o da revolução Cientifica, pelo facto do


surgimento neste período de várias ciências, despoletando-se da ciência mãe – Filosofia.

Ex. Em 1879, o surgimento da Psicologia Experimental.

2
A Psicologia do desenvolvimento surgiu das ideias ou contribuições isoladas expelidas,
por Filósofos, biólogos, linguistas, criminalistas e outros pensadores. São estas
contribuições que se constituíram em acervo dos estudos que actualmente temos sobre a
criança e seu desenvolvimento. De entre outras se citam as de:

Filósofo e Pedagogo, Jean Jacques Rousseau (1712-1778). Considerado o descobridor


da criança, foi o verdadeiro iniciador dos estudos do desenvolvimento. Em 1762, foi
publicado seu célebre livro – Emílio. Neste livro em vários volumes, Rousseau,
descreve a infância e o desenvolvimento de uma criança imaginária, assinalando os
estágios ou fases pe4los quais as crianças passam do nascimento a puberdade.

No prefácio desse romance pedagógico, J.J.Rousseau, pela primeira vez, evoca a


necessidade de se estudar a criança antes de educa-la, dai a sua célebre frase: “Começai
por estudar vossos alunos pois e bem certo que não os conheceis”.

Pedagogo Suíço, Johan Heinrich Pestalozzi (1742-1827). Em 1770, começou a


escrever sob forma do diário as observações atinentes ao desenvolvimento, a partir de
seu próprio filhinho.

Dietrich Tiedemann, em 1787, na Alemanha publicou a primeira observação


Sistemática da evolução mental da criança, a partir de seu filho, isto e, do nascimento
aos três anos de idade.

Guilherme T. Preyer e considerado pai da Psicologia infantil. Em 188, foram


publicados os seus feitos sob forma de diário, com o titulo – Alma da Criança. E dos
diários mais conhecidos.

Charles Darwin (1809-1882). É conhecido pela sua teoria da evolução das espécies
evocada na obra – The origin of species, 1859. Herói do evolucionismo. Darwin postula
que apenas os mais fortes sobrevivem ao longo da luta pela existência e que são
somente eles que se reproduzem (teoria da selecção natural)

Seus estudos sobre a evolução das espécies deram maior impulso para o exame
científico do desenvolvimento infantil, pois motivaram outros pesquisadores a
observação das crianças para identificar nelas diferentes formas da adaptação ao meio
ambiente e a influência da herança no seu comportamento.

Lwis Terman. Em 1916, procurou estudar o desenvolvimento intelectual das crianças,


apegando-se aos testes de Stanford-Binet.

3
Arnol Gessel. Na década de 1920, analisou o comportamento infantil em diferentes
idades por meio de filmes, estabelecendo pela primeira vez um desenvolvimento
intelectual por etapas a semelhança do desenvolvimento físico.

Além destes registos gerais sobre as actividades das crianças, apareceram diários
parciais em que não se registam o desenvolvimento da criança em todos aspectos, por
exemplo, apenas no progresso quanto ao desenho, na linguagem, etc. A título de
referência, Georges Henri Luquet, publicou a coleção de desenhos de sua filha, ate aos
10 anos, acompanhada da explicação em termos da evolução.

Estes e outros estudos surgiram por um lado para revolucionar a ciência e por outro para
salvar a criança da condição de um adulto em miniatura, conceito que vinha vigorando
até séc. XVII.

Portanto, os limites ainda encontrados nesta área de conhecimento remetem muitas


vezes a seu recente surgimento, datado do século XIX, início do século XX, momento
em que começa a despontar uma preocupação mais ampla e sistemática em relação à
condição da criança na sociedade, a partir do estudo da criança e da necessidade de uma
educação formal (RAPPAPORT, 1981).

► Conceito da Psicologia do Desenvolvimento.

As fronteiras que delimitam o campo da Psicologia do desenvolvimento são bastante


vagas e fluidas, como se questionam Ausubel, 1958, Harruis,1957 e outros. Embora esta
ciência tem sido frequentemente equacionada com a Psicologia da criança ou infantil,
muitos especialistas em Desenvolvimento, como por exemplo Ziegler, 1963, afirma que
o desenvolvimento não restringe-se a determinadas faixas etárias mas que se deve
estudar o desenvolvimento de comportamentos no decorrer da vida do indivíduo.

Em primeira instância tem-se conceituado como o estudo de mudanças


comportamentais que ocorrem em função do tempo. O tempo em si, não é uma variável
é os eventos que ocorrem durante um determinado tempo. Outrossim, considerar que a
essência da Psicologia do desenvolvimento é o estudo de mudanças que ocorrem em
função da idade cronológica não é adequado, pois ter dois anos de idade significa
apenas que dois anos decorreram entre o nascimento e o momento actual.

4
Para o exercício de definição da Psicologia do Desenvolvimento, importa antes de mais
descodificar os termos Psicologia e Desenvolvimento.

● Psicologia – Ciência que estuda o comportamento observável dos seres animados e


no caso de homem, sua maneira de ser, de estar, de sentir, de raciocinar.

● Desenvolvimento.

- Genericamente, significa evolução, crescimento, mudança, progresso, aumento, etc.

Em Psicologia, o desenvolvimento é o conjunto de processos activos e contínuos que


ocorrem no Ser Humano desde que nasce até que morre, e que deriva da interacção
entre o sistema nervoso, o sistema neuromuscular, o sistema endócrino e o meio que
rodeia o individuo ao longo da sua vida. É conhecido também como a interacção entre a
hereditariedade e o meio ao longo do tempo.

Psicologia do Desenvolvimento o que é?

Não existe uma única definição, mas sim definições. Assim podemos precisar uma das
definições, sendo, uma ciência que estuda os processos de crescimento pré e pós-
natal do indivíduo, incluindo a maturação do comportamento, em função dos
eventos que sucedem nas diferentes etapas da vida.

Tarefas da psicologia do desenvolvimento.

A par dos objectivos que esta ciência prossegue, eis de entre outras as tarefas da
psicologia do desenvolvimento:

● Proporcionar aos utentes da Psicologia, conhecimentos teóricos e práticos, para


melhor perceber o desenvolvimento do indivíduo.

● Identificar os factores indispensáveis do desenvolvimento humano, para uma


compreensão pormenorizada da dinâmica do crescimento humano.

● Colocar a tona o manancial de conhecimentos quer técnicos como científicos não


dispensáveis, ligados aos métodos e procedimentos de estudos da evolução
psicossomática do individuo, para melhor entender o fenómeno do crescimento humano

5
Importância da psicologia do desenvolvimento.

Nos tempos de hoje, pais e professores sentem necessidade de conhecer a Psicologia


humana (criança) para poder compreender seu comportamento, prevê-lo e em alguns
casos, modificá-lo.

Para fazermos esta abordagem sobre a importância da psicologia do desenvolvimento


no processo educativo, importa antes de tudo compreendermos alguns conceitos como:
psicologia do desenvolvimento, métodos de pesquisa e sua aplicabilidade na educação.

A Psicologia do Desenvolvimento, tem uma importância multidimensional, ou seja, ela


é aplicada em varias esferas sociais ou científicas. Apresentamo-la neste momento para
área da educação. Pois, a sua importância reside no facto de descrever e explicar as
mudanças que ocorrem com o tempo na estrutura, pensamento ou comportamento de
uma pessoa devido tanto a influências biológicas como ambientais”. Procura também
estudar e compreender as mudanças comportamentais que ocorrem com o passar dos
anos, com o crescimento do indivíduo.

Educar uma criança ensina-la, evitando assim perturbações em seu comportamento,


exige do adulto, para além do amor e dedicação, o conhecimento das características
infantis em cada fase do desenvolvimento: Seus interesses, necessidades, motivações e
possibilidades. Para ensinar uma actividade a uma criança precisa-se saber como a
criança é, se esta madura para aquela actividade, como poderá ser motivada, quais os
melhores meios de ensina-la e de tornar duradoura a aprendizagem.

Em cada idade, a criança vai apresentando características diferentes, novas maneiras de


ser, tanto fisicamente como nos seus aspectos intelectuais, emocionais e sociais.

Perante este quadro de transformações psicossomáticas que ocorrem sobre a criança,


solicita cada vez mais aos indivíduos ligados ao processo de educação quer formal
como informal a necessidade de aprofundar os conhecimentos sobre a evolução do ser
humano em vários contextos sócio-culturais.

No que tange na educação formal, o professor em todos níveis deve dominar os


conhecimentos ligados a Psicologia, só assim é que estará pronto para reagir perante
uma alma e se possível direcioná-la para a vida. Diz o psicólogo Ushinsky – Educar
multifacéticamente o homem é preciso conhecê-lo multifacéticamente. Não é possível
conhecer assim o homem sem a psicologia evolutiva.

6
Utilidades da Psicologia do Desenvolvimento para Educadores

A psicologia do desenvolvimento é de extrema utilidade para educadores e professores,


na medida em que a mesma procura compreender o processo de desenvolvimento e
evolução das particularidades psicológicas do indivíduo em crescimento; facilitando
assim ao educador a dosear e regular o processo ensino aprendizagem. A natureza quer
que as crianças sejam crianças antes de serem homens. Se quisermos perverter essa
ordem, produziremos frutos temporões, que não estarão maduros e nem terão sabor, e
não tardarão em se corromper; teremos jovens doutores e velhas crianças. “A infância
tem maneiras de ver, de pensar e de sentir que lhe são próprias» ROUSSEAU. Para
fazermos esta abordagem sobre a utilidade da psicologia do desenvolvimento no
processo educativo, importa antes de tudo compreendermos alguns conceitos como:
psicologia do desenvolvimento, métodos de pesquisa e sua aplicabilidade na educação.
“Psicologia de desenvolvimento, como a disciplina que procura descrever e explicar as
mudanças ocorridas com o tempo na estrutura, pensamento ou comportamento de uma
pessoa devido tanto a influências biológicas como ambientais”. CRAIG, (1996) apud
Guedes (2015). A Psicologia do Desenvolvimento procura estudar e compreender as
mudanças comportamentais que ocorrem com o passar dos anos, com o crescimento do
individuo.

A compreensão da Psicologia do Desenvolvimento, leva o educador a entender a


maturidade em diferentes fase da vida do indivíduo. Portanto a maturidade pode ser
definida como: “o nível de desenvolvimento em que a pessoa se encontra, em
comparação com as outras pessoas da mesma idade”.

Exemplo: falar "fazi" aos três ou quatro anos e um comportamento maduro, pois a
maioria das crianças dessa idade fala dessa maneira, mas é imaturo aos oito ou nove
anos. PILETTI (2008, p. 181).

Portanto, a psicologia do desenvolvimento previne o professor para perceber as


mudanças importantes que ocorre no aluno, e isso facilita seu trabalho educativo. Para
cada idade, para cada fase de desenvolvimento, existem certos padrões de
comportamento apropriados, que devem ser respeitados. Os adultos conseguirão esse
respeito se forem capazes de se colocarem no lugar das crianças, ao fazerem suas
exigências.

7
Objecto de estudo Psicologia do Desenvolvimento

Todo e qualquer ciência, o que lhe confere a valida é de facto o seu objecto de estudo.
Portanto sendo a psicologia do desenvolvimento um ramo da psicologia é o campo de
atuação que define o que estuda. A final, o que a psicologia do desenvolvimento estuda?
Estuda as mudanças, as alterações no indivíduo ao longo do tempo. Esta área
mostra-nos que o desenvolvimento biológico intervém na evolução da criança, mas que
também a estimulação ambiental desempenha um importante papel. Entretanto, ela
trata de todos os processos de crescimento e maturação, que se dão no indivíduo, desde
período antes de nascer, nascimento até a idade senil. SILVA (1994, p. 12).

MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO NA PSICOLOGIA DO


DESENVOLVIMENTO

Os métodos no estudo de desenvolvimento são 3: Longitudinal; Transversal e


Normativo.
O método longitudinal é um método de pesquisa, que visa analisar as variações nas
características dos mesmos elementos amostrais. (Indivíduos, empresa, organizações,
etc) ao longo de um período de tempo, ou vários anos.
“Nos estudos longitudinais, estudam-se os mesmos sujeitos ao longo do tempo com o
objectivo de analisar de que forma evoluem as características que são alvo de estudo.
Este tipo de estudo é o único que permite analisar as modificações intra-individuais, isto
é, a forma que um determinado sujeito se modifica ao longo do tempo”.

Método Transversal:
Nos estudos transversais, estudam-se simultaneamente sujeitos de idades diferentes,
com o objectivo de analisar as diferenças relacionadas com a idade nas características
que interessam para o estudo. Contudo este tipo de estudos não permite realizar um
acompanhamento das modificações relacionadas com a idade.
Exemplo ensino regular e ensino de adultos.
Métodos Normativos: Já os normativos recorrem a testes e analisam estatisticamente
resultados com o objectivo de comparar os níveis de desenvolvimento.

8
Aspectos e fases ou períodos do desenvolvimento. Factores que interferem no
desenvolvimento humano.

O processo do desenvolvimento do homem é bastante complexo. Daí que o estudo do


desenvolvimento é feito a partir de vários aspectos: vamos ver então alguns aspectos na
perspectiva de alguns Teóricos.
►Aspecto do desenvolvimento afectivo da criança e do adolescente, na perspectiva de
Henri Wallon.
►Aspecto do desenvolvimento intelectual ou cognitivo da pessoa humana, na
perspectiva de Jean Piaget.
►Aspecto do desenvolvimento psicossexual da pessoa, na perspectiva de Sigmund
Freud.
►Aspecto do desenvolvimento psicossocial da pessoa, a perspectiva de Erick Erickson.
►Aspecto do desenvolvimento moral da pessoa humana na perspectiva de Lawrence
Kohlberg. SILVA (1994, p. 61)
Entretanto, estes são apenas alguns dos aspectos selecionados por nós, na verdade
existem muitas teorias sobre o desenvolvimento humano. Cada um destes aspectos nos
apresenta um conjunto de fases de desenvolvimento que iremos ver mais adiante.
Realçar que é o conjunto de aprendizagem que cada individuo possui numa determinada
fase que lhe permitirá passar para outra fase, caso contrario o individuo estagna ou fixa.
Esta estagnação fará que haja discrepância no desenvolvimento harmonioso e
equilibrado da pessoa humana.
Portanto, antes de desenvolvermos estas teorias, vamos falar das fases gerais do
desenvolvimento da vida humana.

Características do desenvolvimento Humano

1- O desenvolvimento e um processo continuo e ordenado. “A etapa que vem antes


influencia a que vem depois” Ex: Infância…
2- O desenvolvimento segue as sequências cefalo-caudal e próximo-distal. Ex: A
sequência cefalo-caudal indica que 0 desenvolvimento progride da cabeça para
as extremidades.

9
3- O desenvolvimento progride de respostas gerais para respostas especificas. Ex:
Quanto mais se desenvolve a cognição, mais 0 individuo se torna capaz de
respostas especificas.
4- Cada parte do organismo apresenta um ritmo próprio de desenvolvimento. Ex:
Enquanto o cérebro atinge 80% do peso do cérebro adulto aos quatro anos de
idade, os testículos e ovários só chegam aos 80% por volta dos 18 ou 19 anos
5- O ritmo de desenvolvimento de cada individuo tende a permanecer constante.
Ex: Há moças que tem a primeira menstruação aos doze anos, outras aos quinze,
outras aos dezassete.

6- O desenvolvimento é complexo e todos os seus aspectos são inter-relacionados.


Ex: Para que haja desenvolvimento intelectual e preciso que haja também
desenvolvimento físico, emocional e social. PILETTI (2008, p. 203)

CIÊNCIAS AUXILIARES E RAMOS DA PSICOLOGIA DO


DESENVOLVIMENTO.

O desmembramento de uma ciência da outra, não expressa a primazia de ser


considerada pura, isolada, dependente de si própria, no estudo do seu objecto. Implica
isto dizer que, na sua plena acção busca sempre algum auxilio cientifico em outras áreas
do saber. São estas áreas que neste sentido são tidas como Ciências auxiliares, que no
caso da Psicologia do Desenvolvimento são:

- Psicologia
- Biologia
- Sociologia
- História
- Filosofia
- Anatomia
- Matemática, etc.
Da Psicologia do Desenvolvimento, também nasceram outras ciências, por este facto,
são consideradas como seus ramos:
- Genética
- Psicologia da personalidade (Psicologia infantil, do adolescente, da 1ª juventude, do
adulto e Gerontopsicologia).
- Psicologia da aprendizagem
- Psicologia fisiológica

10
- Psicopatologia.

Vertentes do desenvolvimento humano. Métodos de pesquisa em psicologia do


desenvolvimento. Ética na pesquisa.

Conceito do desenvolvimento humano.


O desenvolvimento humano, como já é sabido, implica vários factores analisados ponto
a ponto. De entre tais factores destacam-se, o meio, as disposições pessoais, assim como
a hereditariedade.
Foram precisos séculos para que a humanidade chegasse de concluir, que a criança é um
ser em desenvolvimento e em muitos aspectos é diferente do adulto. Foi esta descoberta
que revoluciona os métodos da pedagogia infantil.
A medida que a criança se desenvolve modificam-se também seu organismo, suas
proporções físicas, suas capacidades mentis, seus interesses, um comportamento motor,
emocional e social.
Até século XVII, filósofos e educadores consideravam a pessoa, a criança, um sem igual
ao adulto ou adulto em miniatura, um homúnculo de quem se esperavam
comportamentos, interesses e capacidade semelhante aos adultos.
O desenvolvimento humano, é holísticos. Por uma questão pedagógica foi classificado
em três domínios (Biossocial, Cognitivo e Psicossocial).

Vertentes do desenvolvimento humano.


Em linhas gerais, esta ciência é voltada ao estudo do desenvolvimento humano em
todos os seus aspectos: psicomotor, cognitivo, afetivo-emocional e social.
A psicologia do desenvolvimento ou evolutiva estuda três campos no desenvolvimento
e mudanças de conduta que sofre o indivíduo ao longo de toda sua vida. Estes três
campos estão em constante interacção e estudam-se indissoluvelmente.
DOMINIO DE DENV.
OCORRENCIAS
HUMANO.

Domínio biossocial ou Campo - Desenvolvimento do cérebro e do corpo. Inclui-se factores genéticos, as


Biológico habilidades motoras; Factores culturais e sociais e a educação de crianças
com necessidades educativas especiais.

11
- Evolução dos processos mentais e capacidades para aprender e
solucionar problemas por parte do indivíduo;
- A motivação, a curiosidade e a maturação neurofisiológica. A cognição
Domínio cognitivo ou Campo envolve percepção, imaginação, julgamento, memória, linguagem e
Cognitivo capacidade de abstrair, como processos usados para pensar e tomar
decisões,
- Educação, incluindo o currículo formal, adoptado pelas Escolas, cuidado
informal, vindo dos pais ou famílias.

- Contempla o desenvolvimento das emoções, do temperamento e as


habilidades na prática social. Igualmente, neste domínio desenvolvem
Domínio psicossocial ou Campo
relações e interações do indivíduo com seus pais, família, amigos, entre
Psicossocial
outros, bem como o desenvolvimento de princípios morais e éticos ou
filosóficos culturais.

Todos estes aspectos se inter-relacionam mutuamente ao longo do desenvolvimento,


razão pela qual se afirma que o homem apresenta um desenvolvimento holístico, porque
não ocorre em separado. O homem é um ser bio-psico-social.

Os três campos do desenvolvimento humano ora focalizados, são importantes em todas


as idades. Os factores que caracterizam tais domínios nem sempre pertencem
exclusivamente a um só domínio. Portanto, cada aspecto do desenvolvimento está
relacionado a todos os domínios.

Correntes teóricas sobre o desenvolvimento humano.

Dentro das numerosas correntes que têm surgido ao longo da história e que se ocupam
no estudo do desenvolvimento humano se pode classificar em três classes, de maneira
aproximada:

Teorias mecanicistas: são aquelas que sustentam que as mudanças de conduta e o


desenvolvimento do indivíduo é quantitativo, multidireccional, aberto e flexível.

Teorias organicistas: sustentam que o desenvolvimento se produz pela superação de


diversos estádios ou etapas tendo em conta a idade e sendo uma mudança universal,
fechado, qualitativo e unidirecional. A psicoanálise de Freud e Erikson propunham
estádios evolutivos psicossexual e psicossocial respectivamente.

12
Teorias histórico-culturais ou socioculturais: tais como a teoria do Ciclo Vital de
Baltes, Smith e Lipsit, a teoria Ecológico de Bronfenbrenner ou a teoria Sociocultural
de Vygotsky sustentavam a importância da sociedade e dos factores normativos como a
geração, o momento histórico e factores ambiente, na influência do desenvolvimento de
um indivíduo ao longo de sua vida.

Métodos de pesquisa em psicologia do desenvolvimento.

Sendo a psicologia do Desenvolvimento uma área da Psicologia, esta sujeita aos


mesmos métodos que esta embora haja algumas técnicas específicas usadas
exclusivamente ou que mais prestem o trabalho da natureza da Psicologia do
Desenvolvimento.

Não existem nenhuma e qualquer actividade que seja que se realize sem o uso de
método.

Método – é um processo racional que se segue para chegar a um fim ou objectivo


preconizado.

Para a pesquisa ou o estudo do objecto, a Psicologia do desenvolvimento, conta com


dois grupos de métodos, bem definidos: Métodos gerais e Métodos Básicos.

►Métodos gerais

Trata-se de métodos também usados em ciências empíricas (Ciências que o seu estudo
baseia-se na observação e experimentação e não em opiniões ou crenças). Fazem parte
de grupo, os métodos tais como: Observação Cientifica, Experimental, Correlacional;
Estudo de caso; Pesquisa de levantamento e Descritivo.

Observação Cientifica.

É um método que serve para testar hipóteses. Consiste na orientação do pensamento e


dos sentidos para o fenómeno observável com objectivo da descoberta das suas
qualidades e características. Este método processa-se em ambienta natural e em
ambiente laboratorial.

a) Ambiente natural – Espaço espontâneo ou esporádico que por emergência é


concebido a observação de um fenómeno. Estamos em presença dos locais como, em

13
casa, estádios, praças, ruas, nos cinemas e em outros espaços de aglomeração de gente
(num festival, por exemplo).

Para que não haja influências no comportamento de quem é alvo de pesquisa, o


pesquisador deve ser neutro (estamos diante de uma observação participante).

b) Ambiente laboratorial – É um lugar previamente concebido, para se efectuar uma


observação ou um estudo. Ex. Nas salas de exames.

Para que a presença do investigador ou pesquisador não influencie os resultados, deve


afixar-se por detrás da janela com o vidro one-way (observação não participante).

Método Experimental.

É um método empregue a pesquisas idealizadas para se esclarecer a relação causa-


efeito, através da manipulação de variáveis: Dependente e independente (distinção
segundo Claude Bernard).

Variável independente, é a condição estabelecida pelo experimentador e que modifica o


comportamento real da variável dependente.

Variável dependente, é o dado que se modifica em função da variável independente ou


simplesmente o comportamento do individuo submetida aquela variável.

Este grande método, na sua aplicação, tem vantagens e desvantagens:

► Vantagens

- O experimentador varia ou manipula algum factor;


- O experimentador mantém as outras condições constantes e
- O experimentador verifica o efeito de variação sobre o fenómeno que esta observando:
- É mais seguro, com poucas probabilidades de erros para se chegar a relação causa
efeito.
► Desvantagem

- Limitação para generalização, sobretudo de experimentos laboratoriais para vida real.

Método correlacional

14
É um método confinado para verificação da co-variação de dois fenómenos, isto é se
variam junto. Ex: Estudos que relacionam a punição materna e agressividade infantil;
Inteligência e ansiedade.

A grande dificuldade deste método consubstancia-se em não permitir inferências de


relação causa efeito.

Pesquisas de levantamento (survey)

São também denominadas pesquisas Ex-pós Factum. Servem para estudar um fenómeno
em que as variáveis independentes e dependentes, já ocorreram.

O pesquisador limita-se na colecta de dados para obter informações sobre tais variáveis,
Os métodos de colecta de dados mais utilizados na pesquisa levantamento são as
entrevista e questionários.

As entrevistas podem ser estruturadas ou não estruturadas. Podendo ser conduzidas


face-a-face ou por telefone.

Os questionários podem ser administrados pessoalmente, por telefone, por correio ou


por e-mail para os respondentes. O pesquisador pode também utilizar o telefone para
melhorar a taxa de resposta dos levantamentos realizados por correio ou e-mail através
de ligações de notificação anteriores ao envio do instrumento.

Estudo de caso

O método é também chamado histórico de caso ou clínico. É empregue para recolher


informações sobre o fenómeno ou o indivíduo em estudo, incluindo seu passado, pelo
pesquisador, através de entrevistas, testes e observações Destas observações tomam-se
diagnósticos e conclusões.

Aplica-se estudo de Caso quando:

► O tipo de questão de pesquisa é da forma “como” e por quê?


► O controlo que o investigador tem sobre os eventos é muito reduzido;
► O foco temporal está em fenómenos contemporâneos dentro do contexto de vida real.
Portanto estudo de caso é usado para propósito exploratório e descritivo.

Descritivo

15
Trata-se de um método simples que consiste na observação e registo das ocorrências dos
fenómenos. O seu grau de precisão varia desde a observação causal a observação mais
controlada, feito tanto no meio natural, como no laboratório. Este método é auxiliado
pelas técnicas como: o uso do espelho de visão unilateral (para observar
comportamentos de crianças, sem que estas saibam que estão sendo observadas) e a
amostragem de comportamentos, que por sinal a observação deve ser feita por vários
intervalos de pouca duração, ao invés de uma observação maciça.

No tempo hodierno, o método é utilizado para estudos exploratórios, quando o


fenómeno é pouco conhecido e começa a despertar interesse.

► Métodos básicos.

São métodos reservados ou propícios para estudar assuntos estritamente ligados a


Psicologia Evolutiva. Fazem parte deste grupo os métodos tais como: Observações
longitudinais, transversais e pesquisa tempo sequencial.

Observação longitudinal

É uma observação diacrónica. Facilita o estudo do desenvolvimento do indivíduo do


mesmo grupo, nas diferentes etapas da vida. É de longa duração.

A observação longitudinal na sua operacionalidade apresenta vantagens e desvantagens,


tais como:

► Vantagens

● Apresenta fiabilidade de dados,


● Oferece ao pesquisador, tempo suficiente para observação e inferência de dados.
● Permite avaliar efeitos posteriores de experiências iniciais.
► Desvantagens
● Longa duração;
● Dispendioso, engloba somas avultadas;
● Maiores riscos, sobretudo quando os visados ou o pesquisador desapareça ou
pereça;
● Impossibilidade de controlo do ambiente da criança em longo tempo.
Observação transversal.

16
É uma observação sincrónica. Este método usa-se sempre que se pretender estudar o
desenvolvimento de diferentes grupos de indivíduos de diversas idades, com vista a
detectar semelhanças no seu desenvolvimento. Também tem suas vantagens e
desvantagens.

► Vantagens
● É rápido, fácil e económico
● Consome pouco tempo
► Desvantagem

● Apresenta maior risco de inviabilidade de dados.

Pesquisa tempo Sequencial

É um método simples, resultante da aplicação simultânea das observações longitudinal e


transversal, na tentativa de colmatar as insuficiências que os métodos, longitudinais e
transversais estão sujeitos. Foi introduzido por Shaie-1986.

Para sua aplicação, primeiro estuda-se vários grupos de indivíduos de diferentes idades
– abordagem transversal e depois o mesmo grupo de indivíduos em diferentes etapas
da vida – abordagem longitudinal.

A ética na pesquisa

Em Psicologia, a noção de que as crianças são vulneráveis do que os adultos, é


suficientemente conhecida, pois, as situações frustradoras e de tensão emocional podem
ter efeitos duradoiros indesejáveis, ao passo que no adulto o efeito seria temporário e
menos pronunciado. A ser assim, o pesquisador deve preocupar-se com os pontos
relacionados a ética ao conduzir e produzir relatórios de uma pesquisa. No entanto, deve
observar o seguinte:

► Não usar qualquer instrumento de pesquisa que possa prejudicar, física ou


psicologicamente, o pesquisado;
► Não deixar de informar aos pesquisados a característica da pesquisa, antes de serem
considerados como grupo alvo, salvo em caso de pesquisas altamente acentuadas;
► Permitir que a participação seja voluntária e confidencial, em caso de crianças deve
se contactar os pais, encarregados de educação ou outros responsáveis para sua devida
autorização.
► Informar algo sobre a natureza do resultado da pesquisa, em caso de se tratar de
crianças como alvos de pesquisa, usar uma linguagem acessível elas.
► Avaliar os riscos e benefícios dos resultados que a pesquisa coloca a tona.

17
A Society for Resech in child Development (1996) determina que a “prudência deve
ser exercida no relatório dos resultados e na confecção de laudos e que o
pesquisador deve ser cuidadoso quanto as implicações sociais, politicas e
humanas”, a pesquisa pode trazer.

Fases gerais do Desenvolvimento da vida Humana.

Como já foi dito, o desenvolvimento humano é um espectáculo, extremamente


complexo. O desenvolvimento do ser humano é uma corrida competitiva de campeões,
porque dos milhares de espermatozoide expelidos apenas um ou dois conseguem
fertilizar ou fecundar um óvulo, os restantes ficam pelo caminho. Por isso, basta viver
para ser um campeão.
Cada um de nós inicia a vida como uma partícula minúscula de liquido, esta partícula,
tecnicamente chamada Zigoto, contém a informação genética que irá moldar e orientar o
nosso desenvolvimento para o resto da nossa vida.

As fases do desenvolvimento são: Vida intra-uterina, Infância, Adolescência,


Maturidade e Senilidade.

Desenvolvimento humano.

O desenvolvimento humano é muito rico e diversificado. Cada pessoa tem suas


características próprias, que as distinguem das outras pessoas, e seu próprio ritmo de
desenvolvimento.

Entretanto, apesar das diferenças e da incerteza que marca o desenvolvimento humano,


alguns pesquisadores estabeleceram fases de desenvolvimento, como faremos alusão a
Unidade 4, as quais obedecem a uma certa sequência, válida para todos. Isto é, todas as
pessoas, ao se desenvolverem, passam por essas etapas embora varie a idade e as
características.

No seio materno, o desenvolvimento depende:

► Dos hábitos de saúde, tanto da mãe como da sociedade;


► Da actividade da futura mãe;
► Dos costumes culturais;

18
► Da comunidade, etc., etc. Assim, serão sucedidos os indivíduos que nascerem de
mães sadias e sociedades bem sucedidas.
Embora que o desenvolvimento seja considerado contínuo, para estudá-lo dividiu-se o
processo em duas grandes fases e que por seu turno subdividido, tais como:
Desenvolvimento Pré-natal e Pós-natal.

Desenvolvimento Pré-natal

O desenvolvimento pré-natal tem aproximadamente a duração de 9 meses. Tem início


no momento da concepção e termina no instante do nascimento do bebé. Nesta fase o
ser humano tem sido estudado essencialmente por médicos e fisiologistas.

Estágio da Fecundação/zigótico

O novo ser humano, começa com a fecundação, que ocorre no momento em que uma
célula espermática (espermatozoide) de um indivíduo do sexo masculino se une ao
óvulo (fértil) de um indivíduo do sexo feminino, formando uma única célula, chamada
de zigoto. O espermatozoide e o óvulo são chamados de gâmetas ou células sexuais.

A formação do zigoto, só é possível, durante um período muito limitado em que o óvulo


se encontra fértil, após este período pode ocorrer a perca vital do óvulo, antes de entrar
no útero, provocando assim menstruação.

Fertilização ocorre nas trompas uterinas. Os espermatozoides vêem de uma longa


viagem, impulsionados pelas caudas, recebendo ajuda dos movimentos uterinos para
atingir as trompas e fecundar o óvulo fértil. No acto da fecundação o óvulo e os
espermatozoides, se reconhecem e se atraem, por intermédio da libertação de
substâncias químicas.

A cabeça e o colo do espermatozoide são os elementos que penetram no óvulo. Bastará


um para este tornar-se impermeável.

Etapas do desenvolvimento pré-natal e suas caracterizações.

O desenvolvimento pré-natal é aquele que se desenrola antes do nascimento de um bebe


e é da inteira responsabilidade da futura mãe e dos serviços hospitalares,
essencialmente. Até ao nascimento, o desenvolvimento em foco, ocorre em três estágios
ou períodos, tais como: Estagio Germinal, Estagio embrionário e o Estagio fetal.

19
Estágio germinal.

É também denominado estágio vegetativo ou zigótico. Após a fecundação,


aproximadamente 36 horas, o zigoto entra em uma fase de rápida divisão celular. Esta
divisão continua até que se desenvolvam as mais de 800 biliões de células
especializadas que irão constituir o organismo humano. O estágio germinal compreende
o período que vai da fecundação até completar 2 semanas. No início deste período o
zigoto desce do local onde ocorreu a fecundação (trompas de Falópio) e implanta-se no
útero, provocando sobre a futura mãe as mudanças hormonais tais como:

► O ciclo menstrual pára;


► Temperatura do corpo da futura mãe eleva-se ligeiramente;
► Denota-se algum cansaço;
► Aumento do suprimento sanguíneo nos seios;
► Para algumas mulheres o fumo do cigarro torna-se enjoativo;
► Escolha de alimentos, etc.
Este manifesto da futura mãe pode servir como defesa do futuro ser, sobre alguns males,
antes da gestante aperceber-se da gravidez.

Neste estágio podem-se observar três camadas distintas: Ectoderma, mesoderma e


endoderma.

Segundo Gilbert e al …, 1987, 58% de concepções naturais não conseguem implantar-


se no útero, de modo que o novo ser termina sua vida antes do começo da formação do
embrião ou da mulher suspeitar-se que está grávida.

O zigoto que conseguir implantar-se no útero, vai viver durante a gestação num órgão
que se chama Placenta.

Placenta é um órgão mole e esponjoso que se forma no interior do útero durante a


gestação. O seu desenvolvimento acompanha o da vida do novo ser.

☻ Constituição: Vasos sanguíneos e rede de membranas a semelhança de uma malha


fina (resistente a agua e impermeável)

☻Funções:

► Permutação nutritiva entre o organismo materno e o feto – através do cordão


umbilical que liga o feto a placenta;

20
► Autonomizar o sistema circulatório e excretor em relação a mãe, por intermédio das
membranas.

► Difundir o oxigénio, os carbohidratos e as vitaminas nos vasos sanguíneos, através


das membranas, para o sistema circulatório do feto. Neste sistema ainda difundem-se o
dióxido de carbono e outros produtos residuais do organismo e que são removidos
através dos pulmões e rins da mãe.

► Manter presente o líquido amniótico, que amortece o feto e que reduz o impacto de
qualquer pancada súbita sobre a gestante e consequentemente ao feto.

Estágio embrionário

O estágio embrionário vai da terceira até a oitava semana após a fecundação e


caracteriza-se por um rápido crescimento e desenvolvimento dos sistemas (respiratório,
digestivo, nervoso, etc.).

Ainda durante este período sobre o futuro ser observam-se de entre outras as seguintes
ocorrências:

► A dobra da camada externa transforma-se em tubo neural (aos 22 dias), que se


designa por sistema nervoso central ou simplesmente SNC;
► Encara-se o desenvolvimento céfalo-caudal;
► Desenvolvimento da coluna vertebral (próximo-distal);
► A cabeça ganha forma;
► O coração começa a bater e no fim da oitava semana, outras partes do corpo se
definem, excepto os órgãos sexuais.
Até aqui, o embrião mede 2,5cm e pesa 1gr. Depois de 55 dias o organismo em
desenvolvimento toma outra nomenclatura – Feto.

Em consequência deste crescimento e desenvolvimento rápidos, este período é muito


vulnerável à influência de factores como doenças maternas, uso de medicamentos ou de
drogas.

Estágio fetal

O período fetal inicia-se com todos os órgãos do corpo formados na sua quase
totalidade, pois apenas falta o seu amadurecimento e o início do seu funcionamento.
Embora as alterações se processem de maneira ininterrupta, em cada mês ocorrem
transformações características.

Este estágio tem duração da nona semana ao nascimento.

21
Durante este período sobre o feto ocorrem transformações, no que tange ao seu
desenvolvimento.

No terceiro mês ou final do I trimestre, eis as transformações:

► Os órgãos sexuais adquirem discernimento, embora não haja distinção clara entre
macho e fêmea.
Se o embrião for masculino (xy), um gene sobre o cromossoma y, envia um sinal
bioquímico que inicia a formação dos órgãos sexuais masculinos. E para o sexo
feminino (xx), nenhum sinal é enviado e já se começa a formação dos órgãos sexuais
femininos, já que se trata da gônada indiferenciada. Nesta senda começa o
desenvolvimento dos órgãos internos como, Vagina e Útero e só depois a estrutura
externa, a vulva, grandes e pequenos lábios e o clitóris.
►O feto adquire um aspecto definitivamente humano;
►A cabeça, proporcionalmente muito maior do que o resto do corpo vai
progressivamente endireitando-se;
► O rosto acaba de se constituir: os olhos, anteriormente situados nos lados, passam a
estar à frente, embora muito separados, revestidos por uma pele que se transformará nas
pálpebras; os lábios vão ganhando a sua forma, enquanto que as orelhas, ainda não
totalmente moldadas, ocupam uma posição mais baixa;
► Começa a se distinguir os dedos das mãos e dos pés, já que os membros ficam mais
compridos, sobretudo os superiores;
► O fígado encontra-se muito desenvolvido, o tubo digestivo começa a funcionar e os
rins trabalham em perfeitas condições, pois o feto ingere líquido amniótico, que é
absorvido nos intestinos, acabando por verter urina no meio que o rodeia;
► O feto começa a movimentar-se. No final do terceiro mês, o feto mede cerca de 10
cm e pesa perto de 30 grs.

Segundo trimestre

Compreende ao quarto, quinto e sextos meses de gestação. No decorrer deste trimestre,


sobre o feto observam-se as transformações tais como:

▲ Quarto mês. Neste mês o crescimento do feto é significativo:


► A cabeça continua a ser grande, mas não é tão desproporcionada em relação ao resto
do corpo;
► Observam-se progressivas alterações no rosto, ou seja, as orelhas adquirem a sua
localização definitiva, os olhos, embora já sejam grandes, tal como a boca, continuam a
estar muito separados, enquanto o queixo é muito pequeno.
► Dado que os genitais já estão diferenciados, pode-se saber o sexo do feto através da
realização de uma ecografia.
► O coração já bate com tanta força que se pode detectar a sua actividade através de
um aparelho electrónico especial.

22
► Os membros encontram-se igualmente desenvolvidos e as mãos tão formadas que as
impressões digitais já se encontram definidas.
No final do quarto mês, o feto mede cerca de 16 cm e pesa perto de 150 g.
▲ Quinto mês.
É a etapa de amadurecimento do funcionamento dos órgãos:
► O coração bate com tanta força que pode ser facilmente auscultado com um
estetoscópio obstétrico.
► Os olhos ainda permanecem proeminentes e as pálpebras continuam fechadas.
► Os movimentos do feto são tão nítidos que são perceptíveis períodos de sono
intercalados com outros de plena actividade, em que agita as pernas e os braços,
sobretudo quando a mãe está deitada, existindo momentos em que chupa o polegar com
satisfação.
► Crescem as sobrancelhas e os cabelos vão crescendo. Nesta fase, o feto mede cerca
de 25 cm e pesa entre 250 a 300 g.

▲ Sexto mês.

Durante este período verifica-se sobre o feto as transformações tais como:


► O batimento cardíaco é mais forte, embora de forma desordenada;
► Desenvolvem-se plenamente os sistemas digestivos e excretores;
► Crescem as unhas e botões dentários;
► O sistema nervoso central responde aos estímulos quer internos como externos;
► A superfície cutânea vai-se revestindo de uma substância untuosa de cor
esbranquiçada, denominada vérnix caseosa, que a protege do contínuo contacto com o
líquido amniótico.
Até aqui, todos órgãos estão completamente formados, existem alguns por amadurecer,
no caso dos pulmões. O feto passa a medir 32 cm e pesar cerca de 600 g.

Terceiro trimestre

Neste período cada dia que passa melhora a probabilidade não só de sobrevivência
extra-uterina mas também os dos primeiros meses de vida serem saudáveis e felizes
para o bebe e seus pais. Este trimestre corresponde ao sétimo, oitavo e nono meses.
Durante este trimestre eis as transformações sobre o feto:

►Sétimo mês

Embora o crescimento, ao longo deste mês, seja mais lento, na medida em que o feto
movimenta as mãos com suavidade e precisão, abre e fecha os olhos, reage a estímulos
com precisão em relação ao trimestre anterior, pode-se notar que:

23
► O sistema nervoso amadurece significativamente;

► O feto movimenta-se menos porque já ocupa praticamente todo o espaço disponível


no interior do útero que o acolhe.

► O feto gira e coloca-se com a cabeça para baixo, apontando para a pélvis materna,
como se estivesse a preparar-se para nascer.

► O feto está praticamente preparado para enfrentar o mundo exterior. Embora


prematuramente, teria elevadas probabilidades de sobreviver, pelo facto de adquirir a
esta fase a chamada idade da viabilidade, como consequência do avanço do
funcionamento do cérebro, isto é por volta da 22 semanas após a gestação. Um outro
factor importante, na aquisição da idade da viabilidade é o ganho considerável do peso
pelo feto.

Ex. Um feto com 24 semanas e que pese cerca de 600 gramas, não tem hipóteses de
sobreviver, mesmo que tenha óptimos cuidados médicos.

No final do sétimo mês o feto mede cerca de 40 cm e pesa entre 1,2 a 1,4 kg.

▲ Oitavo mês.

Ao longo deste mês se pode verificar sobre o feto:

► Maturação do sistema cardiovascular

► Pleno e total amadurecimento dos pulmões, pois começam a se expandir e a se


contrair, utilizando o liquido amniótico em substituição do ar.

► Preparação intensa para o nascimento, colocando a cabeça para baixo e as nádegas


para cima. Agora, mede cerca de 47 cm e pesa entre 2 e 2,5 kg

► As válvulas do coração entram na fase final de maturação.

▲ Nono mês.

O organismo do feto já está preparado para o nascimento. Ao longo das últimas


semanas, o desenvolvimento dos ossos é acelerado, a pele torna-se mais espessa. Nisto
ainda verificam-se sobre o feto os últimos retoques para o adorno corporal,
consubstanciados no seguinte:

24
► Proporcionalidade da cabeça, pois mede 1/4 do comprimento total do corpo, as
orelhas estão separadas do crânio, o nariz bem formado e os olhos adoptam uma cor
azul acinzentada.

► Os órgãos genitais externos adquirem as características definitivas consoantes o


sexo, já que nos rapazes os testículos descem do abdómen e situam-se no interior do
escroto, enquanto nas raparigas a vulva ganha forma, encontrando-se praticamente
revestida pelos grandes lábios.

► Os reflexos estão muito apurados, sobretudo os de sucção, algo que será


indispensável para mamar correctamente.

► Aumento do peso de mais de 2000 gramas em média, para 3400 ou 3500 gramas,
com um comprimento de 50 cm (nas duas últimas semanas), sob forma de gorduras que
serão queimadas nos primeiros dias após o nascimento, antes do leite materno se
estabilizar concretamente, enquanto ocorre a adaptabilidade do novo ser no novo
ambiente;

► Inicio da relação mãe-filho e não só, pois o tamanho e os movimentos do feto são
mais conscientes, os sons, cheiro e comportamento da futura mãe tornam-se parte da
consciência fetal.

No fim do nono mês a cabeça encaixa-se na pélvis materna e no dia D ocorre o


nascimento ou parto do bebe (nasceu o nosso filho). Cai assim toda uma ansiedade que
se vinha tendo por parte da família e da sociedade em geral, ao longo desta grande
viagem tão complexa mas desejável e procurada, enquanto for um propósito para o casal
e não só.

No entanto, no que diz respeito a data provável do nascimento do bebe, anunciada de


antemão pelo médico, somente 5% destes nascem exactamente naquela data. Os bebes
que nascem entre três semanas antes até duas semanas depois da data prevista, são
considerados “a termo”; os que nascem mais cedo que este período são “prematuros” e
os que nascem depois, são designados “pós - termo”.

Infância “Hunt afirmou que, quanto mais vemos, ouvimos e tocamos no início da
infância, mais queremos ver, ouvir e tocar posteriormente”. Sprithall e Sprinthall (1993,
p. 437) Este período esta dividido em dois: Primeira Infância e Segunda Infância.

25
Primeira Infância: nesta altura a criança é marcada por uma impulsividade motora, que
consiste na exploração do novo meio nos primeiros meses de vida, mais tarde, a criança
desenvolve sentimentos emocionais, ela está profundamente ligada ao meio familiar , a
separação da criança da mãe e do meio familiar é traumatizante e gera reacções de
ansiedade e depressão. Na parte final da primeira infância, é marcada por um aumento
da actividade sensório motor e projetivo, caracterizado pela “lei do efeito”, o
surgimento da marcha permitirá a criança a descobrir o espaço. A linguagem permitirá
a criança a separar os objectos, a imitação elemento útil nesta fase.

Segunda Infância: nesta fase da infância, aos três anos, é conhecida como fase dos
porquês. É marcada pelas birras, isto é, o desejo e o querer toma conta da criança, o
educador é chamado para ajudar a criança a não se tornar egoísta e avara. É uma fase
muito importante e deve ser muito bem acompanhado pelos educadores e pais porque é
determinante na definição do EU na vida futura do indivíduo, devido os complexos de
Édipo e Electra. No final deste período, por volta dos 8 anos, a criança volta-se para o
que se passa à sua volta e quer aprender a conhecer a existências das coisas, para os
educadores é o momento apropriado para ensinar e instruir com exemplos e palavras.

Adolescência Fase do desenvolvimento humano marcado por varias mutações, tudo por
conta do amadurecimento do sistema endócrino, desde as fisiológicas, isto é, a nível das
funções orgânicas, ex: o aparecimento da menarca nas raparigas e semenarca nos
rapazes bem como excitações genitais em ambos sexos, morfológicas, isto é, a nível da
forma corporal, ex: crescimento de seios nas raparigas e nos rapazes o aumento do
tamanho do pénis, e Psicológicas, isto é, a nível das ideias e sentimentos. Por sinal as
mutações psicológicas são as mais importantes por afectarem ou provocarem
comportamentos ou acções. Vamos ver alguns pormenores de mutações psicológicas.
Mudanças na consciência: surge no adolescente um novo egocentrismo, vira-se para si
mesmo afim de se conhecer e se descobrir na procura da definição do EU. SILVA
(1994) Mutações ao pensamento: o pensamento torna-se mais objectivo e racional e
com capacidade abstracção, aumenta do poder crítico mas incapaz de fazer síntese
coerente. Mutações na imaginação: a imaginação é muito produtiva pela sua
sensibilidade fina e sempre desejosa de novas experiências. Como o mundo real não lhe
oferece tudo que o forte desejo de possuir e de sentir o que existe no seu psiquismo,
refugia-se num mudo de ilusões e de fantasias ode se move a vontade. Mutações na
inteligência: os processos lógicos e abstractos assente na validade e verdade objectiva e

26
semelhante ao adulto. Mutações na memória: o adolescente já é capaz de reter ideias e
não apenas palavras, aumento da capacidade de recordar.

Maturidade e Senilidade- Os estudos clássicos sobre o desenvolvimento do ser


humano não caracterizam de forma minuciosa as fases subsequente a adolescência,
como a maturidade e a senilidade. Os mesmos estudos alegam que até ao final da
adolescência, isto é por volta dos 24 anos de idade para o ocidente e 18 anos para África
o ser humano atinge o funcionamento pleno de todos órgãos, como morfológicas,
fisiológicas e psicológicas. No entanto, “Maturidade, em termos psicológicos, é 0 nível
de desenvolvimento em que a pessoa se encontra, em comparação com as outras pessoas
da mesma idade”. PILETTI (2008, p. 182). Maturidade é um estado psicofísico no qual
a pessoa da segunda idade adquiriu uma certa estabilidade dinâmica. É capaz de decidir
por si mesma. Permite-lhe também empregar seu potencial e seus recursos para orientar
sua própria vida na busca de realização mais plena e coerente com sua natureza racional
e sua opção de vida. FINKLER (S/d, p. 18) apud FERREIRA (2015) Aqui a maturidade
indica uma fase de vida em que um indivíduo passa, é nela onde a pessoa revela e
mostra ao mundo plenitude da vida em todos os níveis. Portanto, maturidade é uma fase
que vai desde os 25 anos até aos 65 anos idade, conhecido como, segundo ERICKSON,
período da intimidade e produtividade. SENILIDADE, é o período de declínio gradual
no funcionamento de todos os sistemas ou órgãos do corpo humano desde os
psicológicos, fisiológicas e morfológicas. Este período de vida, vai de 65 anos até a
morte.

Baixo peso no nascimento e suas causas.

O peso ao nascer é, provavelmente, o factor isolado mais importante que afecta a morbi-
mortalidade neonatal e tem impacto sobre a morbi-mortalidade infantil. Como já
referimos na caracterização do desenvolvimento fetal, isto é, no sétimo mês, o peso
influencia bastante para que o feto adquira a idade da viabilidade.

A organização mundial da saúde (OMS) aponta três categorias de Baixo Peso no


Nascimento (BPN):

► Baixo peso - aquele, inferior ou igual a 2500g

27
► Peso muito baixo – calculado para menos de 1500g
► Peso extremamente baixo – aquele calculado para menos de 1000g
O peso baixo ao nascimento possui génese multifatorial, sendo que a duração da
gestação e as características do crescimento intra-uterino são factores
preponderantes por um lado e por outro está directamente relacionada à saúde da
população em que eles nascem (nutrição, saneamento, habitação, hábitos higiénicos e
sexuais, condições de trabalho, assistência perinatal, etc.).

Etiologia ou causas do baixo peso ao nascer

Os factores que levam ao nascimento pré-termo são similares aos que também

Predispõem ao retardo do crescimento intra-uterino (RCIU).

Didaticamente pode-se classificar tais causas em ambientais, maternas,

Útero-placentárias e fetais.

► Ambientais

Desnutrição materna crónica.


Multiparidade e gestações sucessivas.
Elevadas altitudes
► Maternas

Idade <16 e> 35 anos


Tabagismo, alcoolismo, usa de drogas (hidantoína, cocaína, heroína, warfarin.etc)
Anemia severa
Baixo ganho ponderal materno na gestação.
Pouca gordura corporal
► Útero-placentárias

Útero bicorno.
Miomatose uterina

Nascimento prematuro e suas causas

O bebe é de nascimento prematuro quando nasce três ou mais semanas antes das 38
habituais.

A prematuridade no nascimento encontra varias explicações, de entre outras se citam


quatro:

28
► Rompimento do equilíbrio fisiológico da mãe, resultante:

● Uso das altas drogas psicoativas;


● Pressão arterial extrema;
● Exaustão extrema.

► Factores físicos específicos a gravidez


● Placenta deslocada da parede uterina
● O útero que não pode mais alojar o feto em crescimento.

► Factores infecciosos, por estimular o organismo da mãe na produção de substancias


químicas que interferem no desenvolvimento do feto.
Ex. A vaginose bacteriana.

► Outros factores

● Estado psíquico da futura mãe (angústia, rejeição da paternidade e ou da maternidade,


depressão espiritual)
● Escassez no intervalo entre nascimentos.

Aborto. Causas e Consequências.

No tempo hodierno, o aborto é um assunto polémico e actual. Provoca muita


divergência de opiniões com maior incidência do ponto de vista médica, jurídica, moral,
ética, religiosa e social.

O ponto de partida é a gravidez, resultante de sucessivos eventos do coito e fecundação


ou formação do zigoto. Por agora vamos abordar este assunto do ponto de vista Médico.

O aborto o que é?

A palavra aborto tem sua origem etimológica no latim abortus, derivado de aboriri
("perecer"), composto de ab ("distanciamento", "a partir de") e oriri ("nascer").

- É a interrupção do desenvolvimento (morte) do zigoto, embrião ou feto. É a remoção


ou expulsão prematura de um embrião ou feto do útero, resultando na sua morte.

Como se classifica o aborto?

O aborto pode ser classificado em Espontâneo e Provocado.

29
● Aborto Espontâneo – Quando ocorre sem qualquer interferência do exterior. É
determinado por causas intrínsecas, tais como – Materna (defeitos uterinos, moléstias,
problemas psicológicos) e Paternal e fetal (má formação congénitas).

● Aborto Provocado – Quando desencadeado por interferências externas, ligadas a


médicos parteiros ou pela própria gestante.

Para esta segunda classificação eis os motivos:

Motivo terapêutico – Considerado como necessário para salvar a vida da gestante,


quando esta corre perigo de vida;

Motivo eugenico – Quando se suspeita sobre probabilidade de que o futuro ser possa
herdar doenças físicas ou mentais dos progenitores. Outrossim, quando o feto apresenta
defeitos graves, provocados por determinadas enfermidades ou uso de drogas, como a
talidomida, raio x e deficiências cuja etiologia é o factor Rh.

Motivo económico – Quando a gestante ou o casal vive serias dificuldades económicas


que de um ou de outro modo tornam impossível suster a vida futura do bebe dentro de
padrões desejados.

Motivo moral – Quando a gravidez decorre de estupro (relação sexual forçada).

Motivo social – Geralmente ocorre entre casais de namorado ou com amantes. Relações
sexuais não controladas e extraconjugais. Por vergonha ou para não provocar
escândalos, o aborto é provocado.

Motivo demográfico – Está ligada a densidade ou concentração de população, tornando


restrito o espaço e escassa alimentação, de forma a provocar problemas de difícil
solução.

Consequências do Aborto

O aborto é um fenómeno que indubitavelmente pode provocar consequências nefastas


tais como:

1. A nível social
► Banalização de sua prática,
► Disseminação da eugenia,
►Submissão a interesses mercadológicos de grupos médicos e empresas
farmacológicas,
► Diminuição da população,

30
► Desvalorização generalizada da vida,
► Aumento de casos de síndromes pós-aborto, e, indirectamente, o aumento do número
de casos de DSTs (doenças sexualmente transmissíveis)

2. A nível de saúde da mulher que aborta

► Perfurações, hemorragias externas;


► Infecções, anemias;
► Peritonites, Inflamações do útero;
► Irregularidades na regra menstrual, acompanhado de cólicas durante e após o período
menstrual;
► Frigidez sexual e a esterilidade definitiva da mulher;
► Envelhecimento precoce e histerectomia total (extracção total do útero), entre outras.

Influencias ambientais no desenvolvimento pré-natal.


Geralmente, o ambiente é tido como esfera social em que se vive. É neste ambiente
onde tudo tem lugar.

Ex. Vivo no Waku- kungo ; vivo no Sumbe; vivo no Lubango ou vivo em Lisboa, etc.

Neste ambiente ou espaço social, encontram-se todos os elementos concorrentes para


qualquer tipo de crescimento ou não do indivíduo. Assim como o homem autónomo tem
um ambiente, também o teve na vida uterina.

O desenvolvimento do feto depende do meio uterino (como ambiente).

Como o ambiente pode influenciar no desenvolvimento pré-natal?

Sabe-se que o desenvolvimento pré-natal tem duração de 9meses e passa por três
estágios. Ao longo destes o ambiente pode interferir de forma benéfica ou maléfica.
Desta forma o ambiente pré-natal saudável pode proporcionar um início de vida
saudável, ou mesmo todo o restante do desenvolvimento. De entre vários elementos
influentes do meio ambiente pré-natal citam-se:

1º Corpo ou Organismo da mãe: Autentico ambiente. Precisa atentar para possíveis


influências ambientais sobre o seu corpo. Se sobre ela recair mau ambiente, logo o feto
sofre tais consequências.

Ex. A nutrição, Ingestão de drogas, doenças maternas; idade da mãe; incompatibilidade


do tipo sanguíneo; exposição a radiação ou a substâncias químicas.

31
2º Hábitos paternos (de pai): Podem provocar desequilíbrios desenvolvimentais do
embrião ou da vida uterina.

Ex. Exposição de um homem á chumbo, a maconha, a fumaças de cigarros, ingestão de


grandes quantidades de álcool, pode provocar sem sombra de dúvidas a produção
anormal de espermatozoides. O uso de cocaína por homens pode causar defeitos
congénitos nos filhos.

Nascimento e consequências.

O milagre da vida tem dois grandes períodos essenciais: Fecundação e Nascimento. Na


mitologia e nos sonhos, o nascimento é representado pela imagem de alguém que sai da
água. Assim podemos recordar o passado de nove meses de imersão no líquido
amniótico.

Parto – é a via do nascimento, é um processo que se inicia com contracções uterinas,


graduais e progressivas, que ajudam o feto a descer quando completamente formado e
pronto.

Nascimento – é o momento em que o feto é expulso ou extraído do útero.

O processo do parto é influenciado positiva ou negativamente pelos factores,


anatómicos, fisiológicos e psicológicos.

Ex. Constituição física da mãe e do filho, a posição do feto no canal do parto, a


elasticidade dos músculos uterinos da mãe.

Em 1924, o psicanalista Otto Rank, apresentou um conceito para a compreensão do


processo de nascimento. Analisou o carácter traumático desse momento e sua influência
sobre o desenvolvimento posterior da personalidade. O trauma do nascimento, segundo
este autor, consiste em uma passagem abrupta da vida intra uterina para extra uterina,
onde o ambienta exige nova adaptação.

Assim, Otto Rank, o choque representado pela mudança do seio materno para o mundo
exterior, tanto no plano fisiológico quanto no psicológico é uma experiência primária de
angustia enquanto as vivências posteriores têm suas raízes no que foi sentido na hora do
nascimento.

32
Desenvolvimento pós-natal.

Este desenvolvimento circunscreve-se nas transformações graduais e contínuas, quer no


domínio Biossocial, Cognitivo, como no domínio Psicossocial sobre o indivíduo
humano após seu parto.

Período do recém-nascido

É um período que tem inicio, no instante do nascimento e termina com a queda do couto
umbilical. Em média duram sete dias.

Os médicos e Psicólogos afirmam o nascimento, ser um verdadeiro traumatismo, quer


para a mãe como para o bebe. Este traumatismo segundo o psicólogo Otto Rank
consubstancia-se no temor da morte e de adquirir doenças.

Estes eruditos admitem provas ou testes de vida e desenvolvimento posterior, pouco


depois do nascimento, de entre estes citamos os de:

Do ponto de vista médico.

Os bebes são avaliados na escala de Apegar, isto é, um minuto após o parto e cinco
minutos mais tarde. Esta escala, é o recurso de avaliação rápida do funcionamento do
corpo de um recém-nascido.

A Dr.ª Virgínia Apegar, criou para o efeito cinco sub testes que avaliam o bebe nos
aspectos como: Aparência, Pulso, Reflexos, Actividades e Respiração. Esta avaliação
no máximo dá dez pontos.

Do ponto de vista Psicológico.

Nas maternidades os psicólogos interessam-se em observar reacções emocionais dos


recém-nascidos:
1. Jhon Broads Watson, nos EUA, em 1917 no hospital Jhon Hopkins, observou e
apontou que os recém-nascidos apresentam três tipos de reacções emocionais: Medo,
Cólera e Amor.
2. Jean Piaget, detectou em recém-nascidos reacções não aprendidas como: Espirro,
Tosse, Sucção, movimentos de cabeça, olhos, mãos e pés, etc.
3. Outros psicólogos, na sequência de Watson, determinaram dois tipos de reacções:
a) A de bem-estar físico, manifestada pelos bebes enquanto satisfeitos e confortáveis,
traduzido em relaxamento muscular arrulhos e sono prolongado.
b) A de mal-estar físico, quando o bebe está com fome, molhado, com frio ou muito
agasalhado, com sono ou com alguma dor.
O recém-nascido e os 1ºs 14 dias de vida

33
Os primeiros 14 dias de vida são chamados críticos para o recém-nascido. É neste
período que se comprova a sua adaptação e inadaptação no novo ambiente, isto é
ambiente extra-uterino. A respeito disto o zoólogo Portman, diz: O bebé humano,
nasce com prematuridade”, mesmo que o desenvolvimento pré-natal tenha sido
completo (nove meses). Por esta razão, o recém-nascido necessita de muitos e vários
cuidados ante seus progenitores, da sociedade em geral e dos serviços médicos.

O choro e o sono em recém-nascidos.

Geralmente logo que o bebe acaba de nascer, solta um choro. Este choro tem significado
de vida.

Cientificamente o choro encontra explicações ou significados, ante os eruditos, tais


como:

► Shakespeare – O choro para este sábio significa, susto de vir ao mundo de miséria e
pavor, isto é, angústia.

► Kant – O choro significa antagonismo entre querer ou não vir num novo mundo ou
querer ou não querer movimentar-se por si.

► Hegel – Para este sábio, o choro tem o significado de protesto da natureza.

► Alfred Adler – Tem o significado de expressão de sentimento inato que traduz,


sentimento de inferioridade.

► Parteiras, dizem ter o significado de função fisiológica para satisfazer as suas


necessidades vitais: Fome, sede, etc., também faz parte da 1ª actividade pulmonar.

O choro pela sua natureza o choro classifica-se em dois tipos:

1º. Choro expressivo – é o mecanismo que o bebé ou recém-nascido toma, para


expressar uma situação que lhe preocupe.

2º. Choro instrumental – Quando a partir deste, a criança satisfaz suas necessidades
(comer, mamar) fazendo desaparecer a carência, isto é, aprendizagem por sucesso.

Duração do choro ao dia.

- Crianças normais, 117 minutos;

- Crianças calmas, 5º a 60 minutos e

34
- Crianças choronas, 240 minutos. Estas na idade adulta queixam-se por tudo e por
nada.

Sono

É denominado por repouso psíquico e fisiológico, caracterizado por inactividade


relativa da consciência e escassa reacção dos estímulos.

Nos 1ºs meses, o bebé dorme 20 horas, repartidas por 7 a 10 fases durante o dia.

Existem dois tipos de sono:

► Sono leve – Aquele em que uma parte da psique está desperta. Este sono dá-se com
movimentação ocular e ocorre nele sonhos.

► Sono profundo – Aquele em que a actividade cerebral ou da psique é diminuta. O


sujeito fica calmo, a sua tensão arterial desce e a sua frequência cardíaca, diminui.
Quando o acordam durante esta fase, tem necessidade de um certo tempo de latência
para reencontrar a realidade, e, interrogado sobre os pensamentos que precederam o
despertar, apenas elementos vagos, pouco carregados de afecto.

Características do desenvolvimento Humano

1. O desenvolvimento e um processo continuo e ordenado. “A etapa que vem antes


influencia a que vem depois” Ex: Infância
2. O desenvolvimento segue as sequências cefalo-caudal e próximo-distal. Ex: A
sequência cefalo-caudal indica que 0 desenvolvimento progride da cabeça para as
extremidades.
3. O desenvolvimento progride de respostas gerais para respostas especificas. Ex:
Quanto mais se desenvolve a cognição, mais 0 individuo se torna capaz de respostas
especificas.
4. Cada parte do organismo apresenta um ritmo próprio de desenvolvimento. Ex:
Enquanto 0 cérebro atinge 80% do peso do cérebro adulto aos quatro anos de idade, os
testículos e ovários só chegam aos 80% por volta dos 18 ou 19 anos
5. O ritmo de desenvolvimento de cada individuo tende a permanecer constante. Ex: Há
moças que tem a primeira menstruação aos doze anos, outras aos quinze, outras aos
dezassete.
6. O desenvolvimento é complexo e todos os seus aspectos são inter-relacionados. Ex:

35
Para que haja desenvolvimento intelectual e preciso que haja também desenvolvimento
físico, emocional e social.

Factores que Interferem no Desenvolvimento Humano


Os factores que influenciam a formação e desenvolvimento da personalidade, são:
experiências pessoais, hereditariedade, e meio social.
1 - Experiências pessoais: cada indivíduo tem experiência única vive-as de forma
muito pessoal, embora muitas pessoas possam ter passado por uma mesmo situação e
tenham partilhado experiências de vida parecidas.
Um bom ambiente familiar ou um ambiente familiar débil com carga agressiva, uma
infância feliz ou infeliz, uma orfandade, condições económicas favorável ou difícil,
maus-tratos na infância, estado de saúde boa ou doente, o casamento, o divorcio ou
viáveis, o desemprego, guerras. Tudo isto afectam cada pessoa de forma diferente e
transformam a maneira de ser dos indivíduos. Por isso, é que somos todos diferentes.
2 - Hereditariedade: É o factor somático estabelecido pelo padrão genético no
momento da concepção. Para melhor compreender como transita a herança biológica
doe pais para filhos, temos dois factores, que são: Genótipo e Fenótipo.
O termo genótipo (do grego qeno = originar, e typos, característica).
Genótipo refere-se à constituição genética do indivíduo, ou seja, as características que
só ele tem e que o tornam único e diferente dos outros. Exemplo características
psicológicas.
O termo Fenótipo (do grego pheno = evidente, que se mostram, e typos = característica).
Fenótipo é empregado para designar as características morfológicas, fisiológicas e
comportamentais apresentadas por um indivíduo, tais como a cor dos olhos de uma
pessoa, sua cor da pele e a textura do cabelo, sexo, cor da pele, a forma do corpo, o
funcionamento dos órgão de sentido, as deficiências no funcionamento dos rins, ou de
outros órgãos interno e doenças hereditárias recebidos dos progenitores. Estes factores
podem afectar o desenvolvimento do individuo.
3 - Meio Social
Desempenha o papel muito importante e subdivide-se em: cultura material, cultura
espiritual e relação social.
Cultura material: fazem parte dela os instrumentos de trabalho e os meios de vida.
Exemplo: utensílios, transportes, objectos de comunicação, etc.

36
Cultura Espiritual: aqui encontramos a literatura, a arte, a música, a religião, a moral a
ciência, a poesia, feitiço, etc.
Relações Sociais: esta tem que ver com as interacções que o sujeito efectua no processo
de socialização. Podem ser feitas de forma directa ou indirecta.
Exemplo: relações sociais directa. A relação pai e filho, marido e mulher, professor e
aluno, amigo e amiga, etc.
Relações sociais indirecta: amizade virtual.

UNIDADE III – principais correntes da Psicologia do Desenvolvimento

Foi durante o século XIX que o desenvolvimento humano passou a ser objecto de
estudo da ciência. Grandes questionamentos foram iluminando a mente de
pesquisadores atrás de respostas em como os seres humanos se transformavam e
construíam as suas características. Surgem então três concepções: o inatismo, o
ambientalismo e o interacionismo.

Inatismo ou Hereditariedade

Inatismo é uma palavra que vem do latim quer dizer nascido. A concepção inatista
coloca o desenvolvimento humano como algo que já é de natureza do Homem, pois já
foi predestinado desde o nascimento, mas pode ter alguma alteração (que será muito
pequena). O inatismo considera importante somente os factores biológicos e genéticos,
ou seja, àquilo que é hereditário, inato. Características e dons que a criança traz quando
nasce. Para os inatistas, cada ser humano traz consigo características básicas, definidas
desde o nascimento.

37
É uma corrente filosófica que é da Psicologia do Desenvolvimento que defende a ideia
de que o conhecimento de um indivíduo é uma característica inata, isto é, o indivíduo
nasce com certas capacidades e conhecimentos.

Os defensores do inatismo proclamavam que todos os traços psicológicos eram


transmitidos directamente pelos genes, de geração em geração, isto incluía:
personalidade, hábitos, crenças, pensamentos, valores, emoções e conduta social eram
herdados. A corrente inatista passou a ser aplicada à educação quando um pedagogo e
psicólogo Alfredo Binet afirmou nos seus estudos de avaliação de inteligência, que a
herança genética de cada criança poderia interferir no seu desempenho. Segundo o
inatismo, cada criança irá ter sucesso ou fracasso em seu desempenho escolar por conta
da sua herança genética.

Ambientalismo ou empirismo

Nesta concepção destaca o imenso poder que o ambiente possui em relação o


desenvolvimento humano. O instito atribui um poder ao ambiente no desenvolvimento
humano. O ambientalismo é uma vertente filosófica que procurou abordadr o processo
de aprendizagem do ser humano. No entanto, o ambientalismo é totalmente oposto ao
iantismo.

Essa perspectiva enfatiza que o ser humano é produto do meio em vive, ou seja, é
moldado pelos estímulos ambientais e pelos condicionamentos. Segundo os
ambientalistas, a criança não é mais do que um pedaço de barro que pode ser moldado e
trabalhado pelas mãos de um mestre de modo a ficar na forma que se pretenda, Jhon
Watson acreditava que as pessoas eram feitas, não nasciam; um bebé pode ser moldado
de modo a vir ater qualquer forma adulta; um artista, um músico, um criminoso.

A criança nasce como uma folha em branco e, gradualmente, passa a ser modelada,
estimulada e corrigida pelo meio em que vive. Os estímulos e asa condições presentes
no meio são entendidos como fontes de aprendizagem. Nessa concepção, a
aprendizagem e o desenvolvimento ocorrem simultaneamente e podem ser tratados
como sinônimos. Isto significa que o desenvolvimento é encarado como um acúmulo de
respostas aprendidas.

Em suma, o ambientalismo propõe que o nosso comportamento pode ser influenciado


pelo ambiente em que estamos inseridos. Não existem dúvidas que os nossos aspectos

38
biológicos, genéticos e hereditários ajudam a explicar o nosso comportamento, mas não
o determinam.

Da mesma forma, nossas experiências derivadas do meio, da cultura e de outros


ambientes externos, nos quais estamos inseridos, são significativos no nosso
comportamento, mas não únicos. Então, se uma única abordagem, seja o inatismo ou o
ambientalismo, não consegue dar conta das explicações do comportamento, é preciso
repensar essa questão. Por esse motivo, uma nova corrente teórica surge com o intuito
de ampliar o escopo de explicação. Vamos conhecer agora o interacionismo.

Interacionismo
As propostas do inatismo e do ambientalismo iniciaram grandes discussões psicológicas
e pedagógicas e impulsionaram novas possibilidades teóricas, especialmente, o
interacionismo. No entanto, ainda hoje, o debate inatoadquirido continua presente na
Psicologia contemporânea.

Das duas correntes opostas que lutavam para se impor, ainda existia o Interacionismo.
Este é uma teoria que pregava que tanto o meio como a hereditariedade desenvolviam
acções recíprocas, isto é, ambos tinham influências sobre o outro e provocam mudanças
no indivíduo.
Nas ultimas décadas do século XX, a oposição e as lutas que caracterizaram o inatismo
e o ambientalismo já não faz sentido. Porque o comportamento não é resultado de causa
única, mas sim de causas múltiplas. É resultado da hereditariedade a interagir com o
meio a interagir com o tempo.
O nosso potencia hereditário pode ser enriquecido ou empobrecido dependendo do tipo,
quantidade e qualidade dos encontros ou misturas com o meio e dependendo do
momento em que estas misturas ou encontros ocorrem.
No entanto, não podem ocorrer demasiado cedo nem demasiado tarde para serem
optimamente benéfica. O Interacionismo defende a ideias de que o indivíduo deve
interagir com o meio para desenvolver o potencial genético. (Ibidem)

Influência da hereditariedade e do meio

Configuração única da personalidade de um indivíduo desenvolve-se a partir de fatores


genéticos e ambientais. No mesmo instante em que o óvulo é fecundado, isto é, no

39
momento da fecundação, o ser humano recebe a totalidade de sua herança genética. Mas
a partir do momento da fecundação, este projeto de indivíduo se encontra
necessariamente sob e a influência de um ambiente, o útero materno, habitat primário
dos mamíferos.
Muito dos atributos da nossa personalidade resultam dos efeitos combinados entre a
Hereditariedade e Meio; sendo impossível atribuir a percentagem de importância às
influências hereditárias e o meio ou que um é mais que o outro.
O ambiente emocional da família, a forma como os pais preparam e ensinam filhos, as
oportunidades e as dificuldades que a vida familiar coloca ao desenvolvimento da
pessoa são factores que estão presente desde o nascimento, e que exercem uma
influência decisiva na forma como se moldam as características do individuo. A
independência e a responsabilidade social do jovem adulto são moldado pelo ambiente
familiar. Portanto, o meio e a hereditariedade repartem a sua influência em 50 50 na
determinação do comportamento do indivíduo.

Desenvolvimento, Maturação e Aprendizagem

Uma das tendências do desenvolvimento humano foi associá-lo à idade. Assim,


associou-se a cada idade um conjunto de características. O critério idade, simplesmente,
permite estabelecer faixas etárias a que correspondem estádios de desenvolvimento com
características específicas. Muitos autores encaravam o desenvolvimento como o
crescimento, pois não se interessavam pelo desenvolvimento quando terminava o
crescimento. Hoje o desenvolvimento humano é visto de uma outra forma.

A compreensão do desenvolvimento e aprendizagem e sua interseção é considerada de


uma relevância incontornável na formação de professores e educadores.

Desenvolvimento, maturação e aprendizagem são questões muito discutidas entre os


teóricos do desenvolvimento. No entanto, importa distinguir estes conceitos:

O desenvolvimento humano é um processo de crescimento e mudança a nível físico, do


comportamento cognitivo e emocional ao longo da vida. Em cada fase surgem
características específicas. As linhas orientadoras de desenvolvimento aplicam-se a
grande parte das crianças em cada fase de desenvolvimento. No entanto, cada criança é

40
um indivíduo e pode atingir estas fases de desenvolvimento mais cedo ou mais tarde do
que outras crianças da mesma idade.

O que é maturação?

A maturação pode ser definida como acto de amadurecimento. Isso não se refere apenas
ao crescimento físico que um indivíduo percebe com a idade, mas também a capacidade
de se comportar, agir e reagir de maneira adequada. Nesse sentido, o conceito de
maturação vai além do crescimento físico para abarcar outros aspectos como
crescimento emocional e mental. Os psicólogos acreditam que a maturidade vem com o
crescimento e desenvolvimento individual. Esse é um processo que ocorre ao longo de
nossa vida adulta, preparando o indivíduo para novas situações. Cada situação prepara o
indivíduo para uma situação.

Ao contrário do caso de aprendizagem que depende da experiência e da prática para


criar uma mudança no comportamento individual, a maturação não requer tais fatores. É
adquirido por meio das mudanças pelas quais o indivíduo passa, ou seja, do crescimento
individual.

A maturação inclui crescimento físico, mental e emocional. A maturação influencia o


processo de aprendizagem. Se um indivíduo não atingiu o nível necessário de
maturidade, um comportamento de aprendizagem particular não pode ser esperado.

Aprendizagem

Pode ser definida como uma modificação sistemática do comportamento, por efeito da
prática ou experiência, com sentido de progressiva adaptação ou ajustamento.
CAMPOS (2003, p. 30). Na vida humana a aprendizagem se inicia com 0 ano, ou antes
do nascimento e se prolonga até a morte. No entanto, aprendizagem é a mudança de
comportamento. Por sua vez, resulta da mistura do meio, hereditariedade e experiência;
esta mistura deve acontecer em tempos próprios, se acontece demasiado cedo não
ocorre aprendizagem ou ocorre aprendizagem mínima, verificando-se o mesmo quando
este encontro se dá demasiado tarde, SPRITHALL e SPRINTHALL (1993, p. 74).
Enfim, a aprendizagem leva o indivíduo a viver melhor ou pior , mais, indubitavelmente

41
a viver de acordo com o que aprende.
Os psicólogos definem a aprendizagem de uma maneira diferente. Segundo eles, a
aprendizagem resulta em uma mudança no comportamento individual por meio da
experiência. Ao longo de nossas vidas, aprendemos coisas novas. Como crianças
pequenas, aprendemos a andar, falar, comer e então passamos a ter uma compreensão
mais elaborada do mundo ao nosso redor. No contexto psicológico, foram os
Behavioristas que se concentraram principalmente na aprendizagem humana, pois
acreditavam que o comportamento humano é um produto da aprendizagem.

Diferença entre maturação e aprendizagem

A principal diferença entre maturação e aprendizagem, é que a aprendizagem vem por


meio da experiência, conhecimento e prática, enquanto a maturação vem de dentro do
indivíduo à medida que ele cresce e se desenvolve. Maturação e aprendizagem são
conceitos inter-relacionados, que são diferentes um do outro. Os psicólogos têm se
interessado profundamente em estudar o processo de maturação e aprendizagem dos
seres humanos. Segundo os psicólogos, a aprendizagem é um processo que resulta em
uma mudança de comportamento do indivíduo. Já a maturação é um processo em que o
indivíduo aprende a reagir às situações de maneira adequada.

A maturação influencia o processo de aprendizagem. Se um indivíduo não atingiu o


nível necessário de maturidade, um comportamento de aprendizagem particular não
pode ser esperado.

Factores sociais no desenvolvimento da personalidade

O termo origina-se da palavra latina “persona”, nome dado à máscara que os atores do
teatro antigo usavam para representar seus papéis. É a referência a um atributo ou
característica da pessoa, que causa alguma impressão nos outros.

A personalidade é conceituada como um conjunto de características que nos tornam


únicos e unos, diferenciando-nos de todos os outros. Permite que nos conheçamos
melhor e que sejamos reconhecidos pelos outros.

42
Nossa personalidade resulta de fatores fisiológicos e sociais. A hereditariedade lança os
fundamentos físicos. O ambiente também nos afeta profundamente. E os fatores sociais
mais influentes são: o lar e a escola.

Os psicólogos concordam sobre a importância da família na determinação de nossos


traços de personalidade. Os pais e as condições do lar moldam a criança, em seus
primeiros anos de vida. A criança está emocionalmente ligada a cada um de seus pais,
razão por que as desavenças entre eles causam sérios conflitos na personalidade.

O modo como os pais tratam os filhos tem efeitos sobre as personalidades deles. Os
psicólogos consideram como fatores importantes a superproteção e a rejeição pelos pais.

Da mesma forma que as características físicas e psíquicas, os factores de ordem social


também são importante e significativo na formação da personalidade do indivíduo.

Pode-se considerar como fatores de ordem social, formadores da personalidade, todas as


experiências vividas socialmente e incorporadas no substrato psicossomático.
Compreende-se que o psiquismo humano recebe e incorpora tudo o que acontece com
cada indivíduo, trabalha sobre este material, transformando-o em conteúdo, integrando-
o ao repertório psíquico da pessoa.

É como se houvesse um registro de tudo o que se passa ao redor de cada indivíduo. A


influência do meio social pode se dar de duas maneiras principais, que seriam:

• Por aculturação, ou seja, aquela que é transmitida a criança sistematicamente,


por meio dos conselhos dos mais velhos, dos professores e dos livros. Trata-se da
educação formal caracterizada pela influência do adulto sobre a criança.

• Por socialização, ou seja, aquela feita assistematicamente, por meio da


incorporação de padrões dos grupos aonde a pessoa vai passando ao longo dos anos,
como, por exemplo, os de recreação, esporte, religião, dentre outros. Trata-se, portanto,
neste caso, da educação informal.

Supõe-se uma superioridade da educação informal sobre a educação formal na


estruturação da personalidade.

43
Relacionando sobre o comportamento das pessoas no trabalho em organizações, o
entendimento dessas influências também se coloca, ainda que a maioria dos indivíduos
quando ingressa numa empresa para trabalhar, já esteja com sua personalidade
estruturada ou em fase final de estruturação, uma vez que, cronologicamente se encontra
em final da adolescência ou então na idade adulta.

A importância do ambiente sobre o indivíduo que trabalha em organizações tem sido


salientada no campo da Psicologia Empresarial, por meio de inúmeros estudos, como
por exemplo, as pesquisas de moral de grupo, que evidenciam o maior ou menor
ajustamento do indivíduo ao trabalho a partir de elementos contidos no contexto
empresarial.

UNIDADE III - A Psicologia do Desenvolvimento sob diferentes enfoques teóricos,


centrados na infância, adolescência e vida adulta.

Introdução

Falar da Psicologia do Desenvolvimento sob diferentes enfoques teóricos, centrados na


infância, adolescência e vida adulta é procurar compreender o homem de forma
holística. Os psicólogos acreditam que 0 desenvolvimento humano se faz através de
estágios, de fases, que se sucedem na mesma ordem em todos os indivíduos. E todas as
pessoas, desde que tenham um desenvolvimento normal, passam por essas fases, na
mesma ordem, embora possam variar as idades. Como disse Piaget, e 0 desequilíbrio
que gera o desenvolvimento, pois este "e uma equilibração progressiva, uma passagem
continua de um estado de menor equilíbrio para um estado de equilíbrio superior.”
PILETTI (2008, p. 200 e 206)

44
Terioria do desenvolvimento psicossocial.

Sigmund Freud (1856-1939), fundador da Psicanálise e da teoria do desenvolvimento


psicossexual, segundo qual, todas as pessoas nascem com uma certa quantidade de
energia biológica, chamada libido.
Para Freud a vida Psíquica está composta de três estruturas, que é comparada a um
iceberg em que apenas uma pequena parte está permanentemente acima da superfície
das águas, que são Id (inconsciente), Super-Ego (préconsciente) e Ego(consciência).

Este autor concluiu que, o carácter psíquico da existência humana não pode ser
controlado ou previsto. Para Freude, este carácter é orientado por dois princípios:

• Princípio do prazer: tem como objectivo concretizar os desejos e é responsável por


governar o inconsciente e o id.

45
• Principio da realidade: rege o lado consciente e diz respeito a adaptação do
indivíduo a realidade social. Tem como objectivo controlar o comportamento do
indivíduo e enquadrá-lo nos princípios dessa mesma sociedade.

Freud explica o seu esquema da seguinte forma:

O Id: é a base de toda vida psíquica, é o sistema original da personalidade, a verdadeira


realidade psíquica que representa o mundo interno das experiências subjectivas e não
tem conhecimento algum da realidade objectiva, a instância que funciona como tal é o
inconsciente.

O Id é constituído pelo conjunto de impulsos primário e é considerada parte mais


primitiva ou instintiva e original da personalidade. Ele opera de acordo com o princípio
do prazer, isto é, busca o prazer e evita a dor, não se importando com as crenças e
restrições socias.

O Ego: é a parte solucionadora dos problemas da personalidade, a sua função é de


resolver os conflitos existentes entre os impulsos primários e o meio exterior e entre os
impulsos primário e as motivações. A qualidade e a natureza das resoluções dependem
em grande parte da força individual básica resultante de factores congénitas e
adquiridos. O Ego opera consoante o princípio da realidade, isto é, busca o prazer e
evita a dor, mas de maneira racional, que a sociedade aprova.
O Ego se encarrega das demandas do Id e determina como satisfaze-la de maneira
aceitável. O Ego é o executivo da personalidade por encontrar as vias de acção, serve de
mediador entre os requisitos instintivos do organismo, as exigências da sociedade.

O Superego: representa um complexo de motivações ligadas a interiorização das


proibições morais. O Superego lembra a personalidade qual deve ser o comportamento
ideal, e quais são os comportamentos totalmente inaceitáveis. É o representante interno
dos valores tradicionais e dos ideais da sociedade ( representa as normas éticas e
convencionais da sociedade ou do grupo social a qual o individuo pertence). A
consciência encontra-se no Superego.

46
Existem dois subsistemas do Superego: A consciência moral e a Ego ideal. As funções
do Superego: Inibir os impulsos sexuais e agressivos do Id, persuadir o Ego a escolher,
lutar pela perfeição.

Para Freud a maior parte dos problemas psicológicos que hoje o adulto enfrenta tem
origem nas repressões que sofreram na infância.
Freud determinou, de uma vez por todas, que os aspectos pessoais e emocionais do
nosso desenvolvimento são determinados durante os seis primeiros anos de vida.
Durante os seis primeiro anos, determinarão se o adulto será ou não capaz de funcionar
eficazmente. Praticas educativas inadequados ou negativas darão lugar a uma
personalidade perturbada, pode ate funcionar adequadamente mas terá deficiências
relevantes.
De seguida as principais fases do desenvolvimento humano, as características e
significações de cada uma, de acordo com a teoria psicanalítica e psicossexual de Freud.

Estádio oral (0-12/18 meses), a sua zona erógena são: a boca, os lábios e a língua.
Neste período surge uma experiência ou conflito decisivo (o desmame).

Durante o primeiro ano de vida do bebé forma-se o ego, a partir de uma parte do id, qe
começa a evidenciar caracteristícas próprias. Essencialmente, o desenvolvimento
psicológico do primeiro ano de vida do bebé, esta relacionado com o prazer que este
sente ao sugar o leite (fase oral). O facto de o bebé mamar o seio da mãe constitui, para
este autor, a primeira actividade de carácter sexual.
Existem algumas características adultas associadas a problemas e a fixação neste
estádio: Tendência exageradas para atividades de satisfação oral, tais como: (comer,
beber, fumar e beijar). Credulidade, agressividade verbal, gosto pela discussão,
passividade e dependência.

Estádio anal (dos 12/18 meses aos 3 anos), a sua zona erógena é o ânus. Geralmente,
após o primeiro ano de vida, o ànus passa a constituir a principal fonte de prazer,
continuando, no entanto, a boca a ser considerada uma zona erógena. O prazer resulta
agora da retenção e da expulsão das fezes. Esta evolução é devida a maturação e ao
desenvolvimento psicomotor. Nesta fase, surge uma experiência de conflito decisivo,

47
aprender a controlar as funções orgânicas de evacuação, as características adultas
associadas a problemas e a fixações neste estádio são: Preocupação com a ordem e a
limpeza; (caráter retentivo e anal); tendência para a crueldade; destrutividade; rebeldia e
desorganização.

Estádio fálico (dos 3 aos 6 anos), neste período, a zona erógena são os órgãos genitais.
Nesta fase, a criança descobre o prazer que os orgãos genitais lhe podem dar, através da
auto-estimulação. Os orgão genitais passam a constituir, assim, uma zona erógena. Esta
fase dura alguns anos e a experiência ou o conflito decisivo nesta fase, são os
complexos de Édipo e de Electra. Apresenta algumas características associadas a
problemas e a fixações neste estádio que são: Falta de maturidade no plano afectivo,
dificuldades no plano do relacionamento sexual, personalidade bipolar: promiscuidade,
castidade e sedução de recusa.

Estádio de latência (dos 6 aos 11 anos), também designado como fase latente (vida
tranquila), surge quando os complexos anteriormente referidos são ultrapassados e a
criança entra na escola, acabando por centrar nesta as suas energias e ampliar as suas
redes sociais (é um acontecimento significativo). As conturbadas experiências
emocionais dos períodos passados já recalcados no inconsciente, parecem não a
perturbar. Deste modo, a criança liberta-se dos impulsos sexuais e conduz as suas
relações noutros sentidos. É como não tivessem acontecido (amnésia infantil).
A energia libinal é sublimada e é canalizada para as novas aprendizagens, jogos e
brincadeiras. O grupo de pares reforça a identidade sexual das crianças. O período da
latência é mais um período de pausa, cujo objectivo é promover alguma independência
afectiva da criança face à sua família e prepará-la para o afecto e atracção sexual adulta.

Estádio genital (após a puberdade) ocorre após a puberdade, acontece no princípio da


adolescência, a fase seguinte a puberdade. A sua zona erógena são os órgãos genitais.

Nesta faase da adolescência, através do desenvolvimento dos orgãos genitais e da


produção das hormonas sexuais, voltam a ser activados os impulsos sexuais, que no
estádio de latência se encontravam adormecidos.

48
A característica da personalidade associadas a este período são: Ultrapassagem da
sexualidade auto erótica, capacidade de sublimação dos impulsos do id, satisfação do
desejo sexual de forma socialmente aceitável e a capacidade de amar e de cuidar.

Principais mecanismos de defesa do Ego.

Os mecanismos de defesa do Ego São estratégia inconsciente que a pessoa usa para
tentar reduzir a tensão e a ansiedade, fruto dos conflitos entre o id, o ego e o superego.
São mecanismos que visam evitar a angustia resultante dos conflitos intrapsíquicos
Recalcamento:

Corresponde a uma forma de defesa que consiste em transferir pra os inconscientes


acontecimentos traumáticos, lembranças que afligem, que causam uma sensação de
desconforto ao indivíduo.

Ex: quando uma pessoa foi vítima de um assalto, pode vir a manifestar esse medo
através dos sonhos.

Regressão:

Este mecanismo decorre de uma frustração sentida pelo indivíduo e, através dele, o
indivíduo retorna a forma de comportamento e pensamento próprias de uma idade
inferior à sua.

Ex: quando nasce mais um bebé na família, os irmãos mais velhos, ainda crianças,
tendem a regredir para chamar a atenção dos pais.

Intelectualização (racionalização):

Esta estratégia corresponde a utilização de justificação ilusórias para um


comportamento inaceitável. Assim, o indivíduo, tenta justificar de forma racional o seu
comportamento, escondendo a si mesmo e aos que o rodeiam as verdadeiras razões de
foro emocional que estão na sua base.

Ex: um adolescente tenta dar uma justificação lógica aos pais por ter faltado a uma aula.

Projecção: Neste mecanismo, os desejos do próprio indivíduo são atribuídos a outras


pessoas. O indivíduo atribui aos outros, quer sejam pessoas quer objectos do meio,
desejos que são seus e que não é capaz de assumir.

49
Ex: a minha colega não é capaz de ouvir uma crítica - é um exemplo de uma expressão
de alguém que atribui aos outros uma característica que não admite que é sua.

Deslocamento:

Através desta técnica, o indivíduo transferir as emoções e as pulsões da sua natureza


para algo que a substitua.

Ex: um indivíduo está com imenso stress decorrente do excesso de trabalho e descarrega
essa angústia na família de uma forma agressiva.

Formação reactiva:

Resolução do conflito entre os princípios morais e as tendências pouco aceites é


conseguida pelo indivíduo através de comportamentos contrários às pulsões.

Ex: uma pessoa pode querer passar a imagem de que é extremamente carinhoso e, na
verdade omite uma natureza agressiva.

Sublimação:

Este mecanismo evidencia a canalização de pulsões primitivas para esforços de natureza


positiva e construtiva. Na realidade, verifica-se a substituição do objectivo da pulsão por
outro socialmente aceite. Desta forma o desejo é satisfeito de forma indirecta.

Ex: uma pessoa que esconde o vício de atear incêndios propositadamente, pode
apresentar-se numa corporação de bombeiros como voluntário.

50
TEORIA DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL

Erik Erikson, aluno de Freud, fez mais do que qualquer ouro teórico pela
modernização da teoria freudiana, tornando-a uma teoria do desenvolvimento da criança
e do adolescente mais completa.
De certa forma, uma das dificuldades da teoria de Freud na visão de Erikson, foi a de
ser demasiada determinista. Para Freud, por volta dos seis ou sete anos o
desenvolvimento pessoal praticamente acabou. As nossas estruturas básicas de
personalidade já estão estabelecidas.
Erik Erikson prolongou a ideia de estádios de desenvolvimento para um quadro de
referencia mais lato, isto é um ciclo de vida, e delineou pólos positivos e negativos para
cada um dos estádios. Ajudando sim a clarificar e equilibrar a teoria de Freud como
meio de compreensão do desenvolvimento pessoal.

Enquanto Freud havia sublinhado os aspectos negativos e patológicos do


desenvolvimento emocional, Erikson dirigiu a teoria para um contexto mais abrangente.
Para Erik Erikson, o desenvolvimento continuava por toda a vida, embora desse um
significado especial a infância e a adolescência.
Entretanto, Erikson, Freud e outros teóricos do desenvolvimento pessoal, acreditam que,
se a interacção da criança com o meio for saudável e a crise básica de cada estádio de
desenvolvimento for resolvida, então a criança estará preparada para o estádio seguinte.

51
Crise é a manifestação temporária de uma ruptura no processo evolutivo. A forma
como cada crise é ultrapassada ao longo de todos os estágios irá influenciar a
capacidade para se resolverem conflitos inerentes a vida.
Para Erikson, a crise é necessária, quando o desenvolvimento tem de optar por uma ou
outra direcção.

Confiança básica x Desconfiança básica (0-18 meses)

Esta fase é análoga à fase oral da Teoria de Freud. Nela o bebé mantém seu primeiro
contacto social com seus provedores que, geralmente é a mãe. Para ele, a mãe é um ser
supremo, mágico, aquele que fornece tudo o que ele necessita para estar bem.
É nesta idade que a criança vai adquirir a capacidade de confiar ou não nas outras
pessoas. Contudo, este sentimento de confiança resulta essencialmente da interação
íntima que se estabelece entre a mãe e o bebé. Esta fase é análoga à fase oral da Teoria
de Freud. Nela o bebé mantém seu primeiro contacto social com seus provedores que,
geralmente é a mãe. Para ele, a mãe é um ser supremo, mágico, aquele que fornece tudo
o que ele necessita para estar bem.

52
Quando a mãe falta, o bebé experimenta o sentimento de esperança. Ele começa a
esperar que sua mãe volte e, quando isso ocorre com frequência, há o desfecho positivo
e a Confiança Básica é desenvolvida. Do contrário, se a mãe não retorna ou demora a
fazê-lo, o bebé perde a esperança. É o desfecho negativo e o que se desenvolve é
Desconfiança Básica.

É necessário, portanto, que os provedores tratem a criança com muita atenção, carinho e
paciência para que a confiança, a segurança e o optimismo se consolidem. Sem esses
sentimentos, a criança crescerá insegura e desconfiada. Kossi (2015, p. 13)

Autonomia x Vergonha e Dúvida (18 meses-3 anos)

Após ter conseguido conquistar a confiança naqueles que dela cuidam, as crianças
descobrem que possuem vontade própria, e, como tal, sentem necessidade de se
afirmarem como autónomas e controladores do meio em que estão inseridas.

Com o controle de seus músculos a criança inicia a actividade exploratória do seu meio.
É neste momento que os pais surgem para ajudar a limitar essa exploração. Há coisas
que a criança não deve fazer. Então os pais se utilizam de meios para ensinar a criança a
respeitar certas regras sociais. Esta crise culminará na estruturação da autonomia e pode
ser comparada à fase anal freudiana.

O sentimento que se desenvolve nesta etapa é a vontade. À medida que suas


capacidades físicas e intelectuais se desenvolvem ajudando-a na actividade exploratória,
a criança tende a ter vontade de conhecer e explorar ainda mais. Porém, como também
começa a assimilar as regras sociais, é necessário cuidado para que a vontade não seja
substituída pelo controle. (Ibidem)

Neste estágio, o principal cuidado que os pais têm que tomar é dar o grau certo de
autonomia à criança. Se é exigida demais, ela verá que não consegue dar conta e sua
auto-estima vai baixar. Se ela é pouco exigida, ela tem a sensação de abandono e de
dúvida sobre suas capacidades. Se a criança é amparada ou protegida demais, ela vai se
tornar frágil, insegura e envergonhada. Se ela for pouco amparada, ela se sentirá exigida
além de suas capacidades. “Vemos, portanto, que os pais têm que dar à criança a
sensação de autonomia e, ao mesmo tempo, estar sempre por perto, prontos a auxiliá-la
nos momentos em que a tarefa estiver além de suas capacidades.

53
Iniciativa x Culpa (3-6 anos)

Comparada à fase fálica freudiana, neste período é somada à confiança e à autonomia,


adquiridas nas etapas anteriores, a iniciativa. Esta se manifesta quando a criança deseja
alcançar uma meta e, planejando sua acção, utiliza-se de suas habilidades motoras e
intelectuais para tal.

A iniciativa surge para atingir metas que, muitas vezes, tornam-se fixação. Na Teoria de
Freud a principal fixação ocorre neste período. É o Complexo de Édipo, caracterizado
pela fixação genital pelo progenitor do sexo oposto. Assim, meninos nutrem verdadeira
paixão por suas mães enquanto as meninas identificam-se mais com seus pais. Rabello
(2007) esclarece que, para Erikson, assim como para Freud, as metas elaboradas são
impossíveis. Então toda a energia despendida em busca de algo socialmente
inalcançável é revertida para outras actividades. É nesse período que as crianças
ampliam seus contactos, fazem mais amigos, aprendem a ler e escrever... fruto da
energia proveniente da iniciativa. (Idem, p. 15)

Indústria X Inferioridade (6-12 anos)

Quando a criança se torna confiante, autónoma e desenvolve a iniciativa para objectivos


imediatos, passa à nova fase do desenvolvimento psicossocial, aquela que na Teoria
Freudiana (fase de latência) teve menos destaque onde a criança aprende mais sobre as
normas sociais e o que os adultos valorizam.

Aqui, tarefas realizadas de maneira satisfatória remetem à ideia de perseverança,


recompensa a longo prazo e competência no trabalho. O ego está sensível, uma vez que
se falhas ocorrerem ou se o grau de exigência for alto, ele voltar a níveis anteriores de
desenvolvimento, implantando o sentimento de inferioridade na criança.

Surge o interesse pelas profissões e a criança começa a imitar papéis numa perspectiva
imatura, mas em evolução, de futuro. Por isso, pais e professores devem estimular a
representação social da criança a fim de valorizar e enriquecer sua personalidade, além
de facilitar suas relações sociais. (Ibidem)

54
Identidade x Confusão de Identidade (12-18/20 anos)

Característica positiva deste estádio permitirá ao adolescente construir uma identidade


que o tornará único na sociedade, definindo a função que tem a desempenhar. Ainda que
o processo de construção de identidade se desenvolva ao longo de toda a vida do
indivíduo, é na adolescência que esse desenvolvimento é mais específico.

A adolescência é o período no qual surge a confusão de identidade. Questões como: O


que sou? O que serei? Sou igual a meus pais? São levantadas e, somente quando forem
respondidas, terá sido superada esta crise do ego.

Há uma recapitulação e redefinição dos elementos de identidade já adquiridos, esta é a


chamada crise da adolescência. O lado negativo deste estádio diz respeito à confusão
que o adolescente sente, por vezes, por ainda não se ter encontrado a si próprio, traz
muitas dúvidas em perceber aquilo que realmente quer.

Os actores que contribuem para a confusão da identidade são: Perda de laços familiares
e apoio no crescimento; expectativas parentais e sociais divergentes do grupo de pares;
dificuldades em lidar com a mudança; falta de laços sociais exteriores à família (que
permitem o reconhecimento de outras perspectivas) e o insucesso no processo de
separação emocional entre a criança e as figuras de ligação.

Intimidade x Isolamento (18/2-35 anos)

Nesta fase a pessoa investe na construção de relações significativas que envolvam os


sentimentos de amor e de amizade

A identidade está estabilizada, o ego fortalecido e o indivíduo agora aprenderá a


conviver com outro ego. As uniões, casamentos, surgem nesta fase. Se as crises
anteriores não tiveram desfechos positivos, a pessoa tende ao isolamento como forma de
preservar seu ego frágil.

O lado negativo deste estádio corresponde a situações de isolamento que, por vezes,
ocorrem quando o indivíduo tem dificuldade em partilhar afectos e emoções com
intimidade nas relações que estabelece. O isolamento pode ocorrer por períodos curtos
ou longos (moratória). No caso de uma moratória curto, não podemos considerar
negativo, já que o ego precisa desses momentos para evoluir. Mas quando o isolamento
ou moratória é longa e duradoura o desfecho dessa crise está sendo negativo.

55
Generatividade x Estagnação (30-60 anos)

Caracteriza-se pela necessidade que o indivíduo tem de gerar. Gerar qualquer coisa que
o faça sentir produtor e mantedor de algo. Pode ser filhos, negócios, pesquisas etc. O
sentimento oposto é o da estagnação.

Quando a pessoa olha para sua vida e vê tudo o que produziu, sente a necessidade de
ensinar tudo o que sabe e tudo o que viveu e aprendeu, com outras pessoas. Se existe a
oportunidade deste compartilhamento, o indivíduo sente que deixou algo de si nos
outros e o desfecho é positivo. Por outro lado, o não compartilhamento de suas
"gerações" com os outros gera o que Erikson chamou de estagnação, o que pode ser
considerado um desfecho negativo.

Integridade x Desespero (depois de 65 anos)

A Teoria de Eriksoniana define esta fase como a final do ciclo psicossocial. É nesta fase
que o indivíduo faz uma reflexão sobre o seu passado, um balanço das suas conquistas e
fracassos E dá duas possibilidades: 1) desfecho positivo o indivíduo procura estruturar
seu tempo e se utilizar das experiências vividas em prol de viver bem seus últimos anos
de vida; ou 2) desfecho negativo estagnar diante do terrível fim, quando as carícias
desaparecem e a pessoa entra em desespero.

Desespero sentimento nutrido por aqueles que considerem a sua vida mal sucedida,
pouco produtiva e realizadora, que lamentam as oportunidades perdidas e sentem ser já
demasiado tarde para se reconciliar consigo mesmo e corrigir os erros anteriores.

56
TEORIA COGNITIVA

Jean William Fritz Piaget, psicólogo, biólogo e filosofo, nasceu em Neuchâtel, Suíça,
em 9 de Agosto de 1896. É mundialmente conhecido por seu trabalho sobre a
inteligência e o desenvolvimento infantil. Fundador da Epistemologia Genética e a
Teoria do Conhecimento. Piaget foi prodígio aos 11 anos já tinha publicado o seu
primeiro artigo cientifico.

Sua carreira académica começou na Universidade de Neuchâtel, onde estudou Biologia


e Filosofia, doutorou-se em Biologia em 1918, quando ainda tinha 22 anos de idade.

Piaget morreu em Genebra, em 17 de Setembro de 1980.

Ao longo do período de 1930 a 1960, enquanto os esforços para abandonar a ideia de


uma inteligência fixa e quantitativa, se revelavam particularmente sem sucesso, Jean
Piaget trabalhava calma e quase imperceptivelmente no instituto J. J. Rosseau, para
estudos de crianças, em Genebra. Fazendo observações directas, cuidadosas e
sistemáticas de crianças incluindo os seus próprios filhos, Piaget começou a
desenvolver uma perspectiva que viria a revolucionar a compreensão do
desenvolvimento intelectual.
Neste período, as ideias de Piaget eram fortemente contra a principal corrente da
Psicologia Educacional na época. Entretanto, Piaget propunha que se começasse por
investigar a criança em vez de adoptar a perspectiva oficial de Thorndike, segundo a
qual se deveriam investigar as leis da aprendizagem em abstracto. Porque o que se
passava na mente da criança era considerado demasiado complexo para ser
compreendido ou, simplesmente, irrelevante. Sprinthall e Sprinthall (1993).

57
Piaget propôs, antes de mais, que o desenvolvimento cognitivo se processa em estágios
de desenvolvimento, o que significa que tanto a natureza como a forma da inteligência
muda profundamente ao longo do tempo, logo não é fixo.
As diferenças que se verificam não são quantitativas, mas sim qualitativas.
Piaget entende o desenvolvimento como a busca de um equilíbrio superior, como um
processo de equilibrarão constante.
Para Piaget, a transformação da mente humana à medida que se desenvolve pode ser
comparada com a metamorfose de um casulo numa lagarta e, seguidamente, numa
borboleta.
A cada estagio do desenvolvimento difere um do outro, e determina a forma como
compreendemos e damos sentido as experiencias em cada um. (ibidem).
Cada estágio do desenvolvimento representa umestágio de equilílibrio entre o
organismo e o meio, onde se verificam mecanismos de interacção, como a assimilação
e a acomodação.

Assimilação: é o intercâmbio entre o sujeito e o meio, processo pelo qual os elementos


do meio são alterados, a fim de poderem ser incorporados na estrutura do sujeito. Todo
conhecimento começa por uma assimlação pelas estruturas e esquemas do sujeito dos
dados que recebe do exterior. Se não existir no sujeito um esquema de acção pronto para
assimilar o excitante, não se desencadeará nenhuma modificação, portanto nenhuma
aprendizagem. Esta assimilação implica por sua vez a acomodação.
Acomodação: é processo pelo qual, o sujeito se modifica face aos elementos do meio. A
acomodação consiste na modificação destas estruturas ou esquemas aos novos dados.
Adaptação: é a satisfação de uma necessidade, a solução de um problema, etc. É a
função constante do desenvolvimento. É a expressão do equilíbro atingido entre a
assimilação e a adaptação. O ser humano se desenvolve para adaptar-se.

A adaptação compreende dois processos básicos: a assimilação e a acomodação como


vimos, pela assimilação incorporamos o mundo exterior, como: pessoas e coisas, as
estruturas que já temos; pela acomodarão reajustamos nossas estruturas, ou criamos
novas de acordo com as exigências do mundo exterior.
Por exemplo, quando nasce o primeiro filho, o pai põe um berço no quarto e as coisas se
ajeitam. Isto é, o filho foi assimilado na mesma estrutura. Mas, se nascem outros filhos,

58
o casal aumenta a casa ou faz uma nova e maior. Nesse caso vai haver uma acomodação
a nova situação.
Assim é a nossa mente, criam-se novas estruturas, mas mantém-se as funções. Piletti
(2008, p. 210)

Estádios de desenvolvimento de Piaget.

Para Piaget, a progressão no desenvolvimento faz-se por estádios - os estádios do


desenvolvimento devem ser entendidos como estruturas de conjuntos que possuem a
sua unidade funcional, tornando possível a definição das suas características. O
desenvolvimento intelectual (cognitivo) ocorre em quatros estádios sucessivos:

Os estágios propostos por Jean Piaget são:

1º - Estádio Sensório-motor do 0 a 2 anos de idade: A actividade cognitiva esta nesta


altura intimamente ligada a estímulos externos. É durante este período que as crianças
desenvolvem o conceito de objecto. Nos primeiros tempos, sempre que desaparece um
objecto dentro do seu campo visual, a criança perde todo interesse por ele, «longe das
vistas, longe da mente». A actividade cognitiva nesta altura é exclusivamente
comportamental, isto é pensar e agir.

Aos 5 meses a criança agarra os objectos, manipula-os e observa-os com muita atenção.
Nesta altura também já consegue prever o lugar que os objectos em movimento iram
ocupar. A partir dos 6 meses de idade a criança começa procurar activamente um
objecto escondido. A partir de 1 ano de idade as crianças vão procurar um objecto no
ultimo lugar em viram escondido. O pensamento e a linguagem, por volta de 1,5 anos a
criança começa a pensar, para Piaget o pensamento está ligado aos esquemas motores e

59
a conceitos de objectos e das suas características.

2º - Estádio Pré-operatório dos 2 aos 7 anos de idade: este período é marcado por
surgimento da inteligência representativa e simbólica. Este Estádio caracteriza-se pelo
rápido desenvolvimento da linguagem e da função simbólica. Quando a criança brinca
pode, por exemplo, utilizar duas «peças de jogo» para representar duas pessoas (pai e
mãe). É nesta altura que começa a classificar e ordenar os objectos bem como a contar.
Os conceitos podem também ser representados por palavras. As palavras são símbolos
que não têm qualquer semelhança física com o conceito.

3º - Estádio das Operações Concretas dos 7 a 12 anos de idade: Piaget chamou este
estádio de operações concretas, devido ao tipo de operações mentais que envolvem.
Chama operações porque correspondem a acções interiorizadas. O termo concreto deve-
se ao facto de se aplicarem a conteúdos concretos. No inicio deste período 7 a 8 anos, é
marcada pelo equilíbrio entre a Assimilação, Acomodação e Adaptação tornam-se, mas
estável. O fim deste estádio marca a transição da infância para a adolescência ou
Puberdade. As analises logicas surgem com mais frequência, a empatia e as relações
casuais, dão-se com aumento da empatia, com os sentimentos e atitudes dos outros,
ultrapassa-se o egocentrismo e começa a haver relações de causa-efeito mas complexa.

4º - Estádio das Operações Formais dos 12 aos 16 anos. É nesta fase que se atinge o
nível mais elevado de pensamento. Contudo, nem todos os indivíduos atingem este
nível, permanecendo em estádios anteriores. Nesta altura o adolescente já é capaz de
raciocinar sobre abstrações, aplicar a lógica e proceder a uma resolução avançada de
problemas. Este é o ultimo Estádio do desenvolvimento cognitivo da personalidade. É a
partir de agora que se desenvolve as capacidades lógica e de representação simbólica,
tal como são usados pelos adultos. A criança quando resolve problemas aprende a
considerar um conjunto de alternativas e confronta-os com a realidade. O adolescente
aprende por meio de uma lógica indutiva e dedutiva a considerar na resolução de um
problema varias alternativas possíveis decidindo então qual a mais apropriada.

60
As teorias do desenvolvimento cognitivo e seus reflexos na prática pedagógica

Isso implica que o professor não é o possuidor de todo o saber, mas o facilitador da
aprendizagem, pois o aluno é um agente activo que constrói o conhecimento, e não um
mero receptor.
Nesse sentido, o erro não deve ser visto como falha, defeito e/ou incapacidade, mas,
sim, como algo necessário à aprendizagem, sendo que a inexistência de erro Ao entrar
em contacto com a obra de Piaget fica claro que o conhecimento deve ser entendido
como uma ampla construção que vai se solidificando com o tempo e com a interacção
do sujeito com os objectos a serem conhecidos indica a possibilidade de ausência de
experimentação, e consequentemente ausência de aprendizagem. A própria prática
pedagógica deve se valer desse conceito e se prover de experimentações que possam
renovar o ato de ensinar. Ferrari (2014, p. 24).
O conhecimento é resultado do esforço do homem em compreender e dar significado ao
mundo, sendo que a “organização selectiva que a cognição realiza dá-se em um
processo permanente de interacção do homem com o meio ambiente, através da
apreensão do que é útil e necessário à adaptação do homem ao mundo.” Ferrari (2014,
p. 24) apud (Rodrigues et al, 2005, p.119)
Na perspectiva de Vygotsky, entende-se que o desenvolvimento não precede a
socialização, são as estruturas e relações sociais que levam ao desenvolvimento das
funções mentais, ou seja, a aprendizagem é a força propulsora do desenvolvimento
intelectual.
Para ele a aprendizagem provoca, precede força para que o desenvolvimento aconteça.
A interacção social está intimamente ligada na relação com o próximo, numa actividade
prática comum, que os sujeitos, por intermédio da linguagem, se constituem e se
desenvolvem. Ferrari (2014, p. 26)
O conhecimento é resultado do esforço do homem em compreender e dar significado ao
mundo, sendo que a “organização selectiva que a cognição realiza dá-se em um
processo permanente de interacção do homem com o meio ambiente, através da
apreensão do que é útil e necessário à adaptação do homem ao mundo.” Ferrari (2014,
p. 24) apud (Rodrigues et al, 2005, p.119)
Na perspectiva de Vygotsky, entende-se que o desenvolvimento não precede a
socialização, são as estruturas e relações sociais que levam ao desenvolvimento das

61
funções mentais, ou seja, a aprendizagem é a força propulsora do desenvolvimento
intelectual.
Para ele, a aprendizagem precede força para que o desenvolvimento aconteça. A
interacção social está intimamente ligada na relação com o próximo, numa actividade
prática comum, que os sujeitos, por intermédio da linguagem, se constituem e se
desenvolvem. Ferrari (2014, p. 26)
O conhecimento se dá nas relações sociais, produzido na intersubjectividades e marcado
por condições culturais, sociais e históricas.
Para Vygotsky a criança nasce apenas com as funções cognitivas elementares que se
ampliam para as funções complexas a partir do contacto com a cultura, o que não
acontece automaticamente, mas sim por meio de intermediações de outros sujeitos,
sendo essas intermediações responsáveis por formar significados e valores sociais e
históricos.
Para lidar com a aprendizagem das crianças, na concepção sócio histórica, na visão de
Vygotsky, é preciso se atentar não apenas para o que ela realiza sozinha, mas para o que
a criança faz com ajuda, pistas e orientação de alguém mais habilidoso na tarefa a ser
realizada.
Para isso, Vygotsky diferencia Desenvolvimento Potencial, Desenvolvimento Real e
Desenvolvimento Proximal. (ibidem)
Zona de desenvolvimento potencial: é toda actividade e/ou conhecimento que a
criança ainda não domina, mas que se espera que seja capaz de saber e/ou realizar,
independentemente da cultura em que está inserida.
Zona de desenvolvimento real: é tudo aquilo que a criança é capaz de realizar sozinha,
conquistas já consolidada, “processos mentais que já se estabeleceram; ciclos de
desenvolvimento que já se completaram”. Nessa zona, está pressuposto que a criança já
tenha conhecimentos prévios sobre as actividades que realiza.
Zona de desenvolvimento proximall: é a distância entre o que a criança já pode
realizar sozinha e aquilo que ela somente é capaz de desenvolver com auxílio de outra
pessoa. Na zona de desenvolvimento Proximal, o aspecto fundamental é a realização de
actividades com a ajuda de um mediador que possibilita a concretização do
desenvolvimento que está próximo, ajuda a transformar o desenvolvimento potencial
em desenvolvimento real; essa é a zona cooperativa do conhecimento.

62
No entanto, na intenção de explicar a importância do desenvolvimento cognitivo no
processo ensino aprendizagem como um processo activo e nunca passivo, assim como
defendem os cognitivistas, Nelson Piletti explica o seguinte:
A ideia que fazemos de escola quase sempre inclui 0 seguinte quadro: um professor
tentando ensinar alguma coisa a uma turma de alunos. Na verdade, 0 professor também
aprende enquanto ensina, e o aluno, enquanto aprende, também ensina. Se o professor
precisa conhecer a si mesmo para poder conhecer os alunos, a abertura ao que os alunos
podem ensinar-lhe é um dos passos para esse autoconhecimento. O professor não é 0
senhor absoluto, dono da verdade e dono dos alunos, que manipula a seu bel-prazer.
Piletti (2008, p. 21)

O DESENVOLVIMENTO DO ADULTO: TEORIAS QUE ACEITAM E


TEORIAS QUE NÃO ACEITAM ESTÁGIOS NO DESENVOLVIMENTO DO
ADULTO.

O Desenvolvimento do Adulto
As mudanças no sujeito são continuas. A realidade psicológica do desenvolvimento do
adulto, não pode ser visto e analisado apenas para projectar um resto de vida
caracterizado pelo declínio das funções psíquicas e físicos. Tendo em conta o que
Erikson enfatizou quanto ao desenvolvimento do adulto, se processa por estágios, e em
cada estágios ocorre uma mudança no ego que resulta da interacção dos valores
individuais e as forças sociais que combinados geram crise.
Crises essas que geram desenvolvimento psicossocial.

Teorias que aceitam Estágio no Desenvolvimento.

Dentre as teorias que aceitam estágios de desenvolvimento do adulto destacamos a


teoria psicossocial. Como vimos, é uma das teorias do desenvolvimento que faz uma
abordagem amplamente abrangente e profunda, quanto ao desenvolvimento do adulto,
tendo apresentado três estágios da vida adulta.

63
Estas teorias reconhecem que o processo de socialização e aprendizagem ocorre ao
longo da vida. Cada sociedade oferece ao indivíduo padrões de comportamento para
cada idade.
Estágio de desenvolvimento do adulto
Idade adulta jovem (Intimidade X Isolamento) dos 20 aos 35 anos.
Este é a idade de realização e estabilidade profissional. Do ponto de vista social, ocorre
na mulher um equilíbrio entre a carreira profissional e a realização pessoal (vida
afectiva e maternidade). No homem ocorre uma espécie de harmonia social com novos
papeis e com o padrão de liberdade.
Aos dezoito ou vinte anos abrem-se novas possibilidades de participação, pois e
participando que a pessoa aprende e assume características maduras.
Se não cumprirem as tarefas, ficarão isolados e não se doarão aos outros.

Maturidade ou vida adulta (Produtividade x Estagnação) dos 35 aos 65 anos.


Ocorre pouca flexibilidade cognitiva. O indivíduo fica preso à comportamento e a
valores do passado (quando vira para si mesmo e revive o passado, acha que está
perdendo algum potencial). O relacionamento com a juventude é difícil. Ocorre
sentimento de perda com o crescimento dos filhos.
Na mulher ocorre uma crise importante, a menopausa, que é bastante relacionado com a
velhice concomitantemente sentem-se menos atraentes. No homem, a crise importante
enfrentado, é o medo de perder o prazer sexual, daí a busca de novos elementos ou
acessórios para atrair e para sentir-se jovem. Há uma preocupação com aposentadoria e
perda de privilégios. É difícil envelhecer em um país jovem.
De acordo com Nelson Piletti, o indivíduo neste estágio desenvolve três tipos de
maturidade:

Maturidade emocional, não significa, apenas, capacidade de controlar as próprias


emoções, mais do que isso, quer dizer capacidade de expressar as emoções, parte
fundamental da vida humana. Não há vida sem sentimentos e emoções.

Maturidade social, vivemos em sociedade, junto com outras pessoas. Somos


socialmente maduros na medida em que nos relacionamos de forma eficiente com as
outras pessoas e com os grupos a que pertencemos; na medida em que integramos

64
nossas necessidades e intenções com as da sociedade, no que se refere ao bem comum;
na medida em que contribuímos para 0 bem-estar social.

Maturidade intelectual, para Piaget, a capacidade de realizar operações formais,


abstractas, constitui 0 ponto culminante do desenvolvimento cognitivo. Existe um
acordo geral, entre os psicólogos, no que diz respeito aos principais aspectos do
desenvolvimento mental.

A velhice (Integridade x desesperança) dos 65 para além. Marcado pelos declínios


Neste estágio, ocorre um desafio muito grande do Ego, “aceitação” da perda do
trabalho, a perda de amigos e companheiros, perda da posição social, perda de
autoridade, de família e a perda do potencial psicológico e físico na execução das
tarefas diárias. Nesta fase, o mais importante na vida é estar vivo, há flexibilidade para
aceitar e julgar conduta dos outros.
O Desenvolvimento psicológico ocorre através de estágios e fases, não ocorre ao acaso
e depende da interacção da pessoa com o meio que a rodeia.
Cada estágio é atravessado por uma crise psicossocial entre uma vertente positiva e uma
vertente negativa. As duas vertentes são necessárias, mas é essencial que se sobreponha
a positiva. A forma como cada crise é ultrapassada ao longo de todos os estágios
influenciará a capacidade para se resolverem conflitos inerentes à vida futura.

Teorias que não aceitam Estágios no Desenvolvimento do adulto.


Dos vários estudos sobre o desenvolvimento, todos eles concordam com os estágios
desenvolvimentos ao longo da vida humana, isso porque o desenvolvimento é feito de
fases.
O desenvolvimento cognitivo ocorre por toda a vida. Isto porque é possível aprender
qualquer coisa em quaisquer estágio de vida. Boa saúde faz com que a inteligência não
se deteriora (só em doenças degenerativas ou em ambientes pobres em estimulação).
Quanto mais idade e com saúde, maior será a capacidade de resolver problemas
complexos (nível mais alto de generalização e abstracção).
Maior exigência ambiental (contexto cultural), maior desenvolvimento do pensamento
formal (riqueza de conceitos, flexibilidade, complexidade conceitual diante de
problemas abstractos com alto grau de generalização).

65
Portanto, não há uma teoria, até agora confirmada que negou estágios de
desenvolvimento do adulto, no entanto, na maioria das teorias, advogam que até ao final
da adolescência o ser humano normal atingiu o desenvolvimento pleno das funções,
como: psíquica moral e fisiológica, ainda em desenvolvimento a função social do
individuo.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

● BIAGGIO, Ângela M. Brasil, 2007.Psicologia do Desenvolvimento.19ª edição.


Petropolis: Vozes. Porto Alegre.

● BRAGHIROLLI, Elaine Maria et al, 2003. Psicologia Geral. 23ª Edição. Petrópolis:
Vozes. Porto Alegre.

● DICIONARIO ENCICLOPEDICO, 2008. 1ª Edição. Lisboa.

● GRIFA, Maria Cristina e MORENO, José Eduardo, 2008. Chaves para a Psicologia
do Desenvolvimento: Vida pré – natal. 4ª Edição. São Paulo. Paulinas.

● TELES, António Xavier, 2001. Psicologia Moderna. 35ª Edição, ática. São Paulo.

● EVARISTO, Amílcar Inácio, 2007. Apontamentos de Psicologia do desenvolvimento,


para estudantes do 2º ano (Isced- Sumbe).

● BARROS, Célia Silva Guimarães, 2004. 12ª Edição, Afiliada, São Paulo.

Paquay, L., Perrenoud, P., Altet, M. e Charlier, É., (2001). Formando Professores
Profissionais. 2ªedição revista, São Paulo: Editora artmed
PILRTTI, N. (2008) Psicologia Educacional, 17ª edição, São Paulo: editora Ética.
PINHEIRO, Márcia da Silva, (s/d) Aspectos bio-psico-sociais da criança e do
Adolescente, pdf
SILVA, A. L. M. (1994) Quem Somos Nós? Psicologia evolutiva, Lisboa: editora
Paulinas,.
Sprinthall, N. A. e Sprinthall, R. C. (1993). Psicologia Educacional. Portugal: Editora
McGraw-Hill.
www.significadosbr.com.br consultado no dia 20 Abril 2020.
www.siteantigo.portaleducacao.com.br consultado no dia 25 de Abril de 2020.

66

Você também pode gostar