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A MORTALIDADE
Objetivos
6.1. MORTALIDADE
A morte não ocorre da mesma forma para todas as pessoas; algumas morrem mais cedo
do que outras. O impacto da mortalidade varia significativamente de acordo com as
características sociais e demográficas dos indivíduos.
A principal característica da mortalidade durante o século XX foi o seu declínio. Mas esse
declínio não se fez observar em todos os países ao mesmo tempo, e nos países em que
isso aconteceu não declinou com a mesma velocidade nos diversos tipos de grupos que
integram as estruturas sociodemográficas.
Na realidade podemos afirmar que anteriormente à época contemporânea, a mortalidade
era bastante elevada por seis razões principais: fomes, subnutrição, guerras, epidemias,
pestes e ausência de condições sanitárias. (Nazareth, 2004, p. 188-189).
A identificação destes fatores permitiu uma imediata explicitação das principais causas
do declínio da mortalidade:
Estes fatores contribuíram para que a mortalidade declinasse de tal forma que a
esperança de vida mais do que duplicou. Mas esse declínio não foi igual em todo o
mundo. Daí a diversidade de situações que encontramos.
A razão dessa divergência deriva do facto de nos países desenvolvidos todos os fatores
enunciados anteriormente terem concorrido para o declínio da mortalidade, ao passo
que na maior parte dos países não desenvolvidos o declínio observado tem sido devido
a fatores médicos e sanitários (Nazareth, 2004, p. 189).
No contexto português, o estudo de Coelho e Catela Nunes (2015) mostra que desde
1950 assiste-se ao declínio global dos níveis de mortalidade em todas as idades, a uma
redução dramática da mortalidade infantil, ao aumento da sobrevivência até idades cada
vez mais avançadas, e a ganhos extraordinários na esperança de vida da população.
Portugal detém uma posição de relativa fragilidade comparativamente com os outros
países da Europa Ocidental, sobretudo na população masculina. A posição relativamente
desfavorável dos homens em algumas idades é um indicador de que ainda existe espaço
para melhorias na esperança de vida. A análise das taxas de declínio da mortalidade
sugere ainda que um grupo específico de indivíduos do sexo masculino não experienciou
melhorias na mortalidade e sofreu mesmo aumentos nos níveis de mortalidade ao longo
do tempo. Este comportamento específico pode ser devido a influências “específicas do
período” ou “específicas da geração” (Coelho e Catela Nunes, 2015).
Na prática consiste em dividir o total de óbitos num determinado período (um ano) pela
população existente nesse mesmo período.
Esta medida é conhecida como Taxa Bruta de Mortalidade e podemos representá-la por:
TBM.
Uma vez que a população total muda a cada instante no decorrer de um ano, surge a
dúvida sobre qual a população a considerar no denominador. Como a TBM é uma medida
de risco, teríamos que ter no denominador todas as pessoas submetidas a esse risco.
Se tomamos a população no início do ano, nela não estão incluídas as crianças que vão
nascer durante o ano. Por outro lado, aquelas pessoas que estão vivas no início do ano
e que vão falecer antes do fim do ano não poderão entrar com o mesmo peso do que
aquelas que vão sobreviver.
Se tomamos a população no final do ano, nela não estarão incluídas, por um lado,
aquelas pessoas que faleceram durante o ano e, por outro, estarão incluídas
integralmente as crianças que nasceram em diferentes momentos no decorrer do ano e
que não estiveram submetidas ao risco de morte durante todo o ano.
Ainda que o mais usual seja calcular a TBM referente ao ano calendário, ela também
pode ser obtida para qualquer conjunto de 12 meses consecutivos.
A Taxa Bruta de Mortalidade relaciona, assim, o número de óbitos durante um dado ano
com a população média desse ano.
Usualmente esta taxa é representada pelo número de óbitos por mil habitantes, para
maior facilidade de interpretação.
Exemplo:
Em Portugal tivemos em 1990, 103 115 óbitos e a população média registada era de
9 883 400 habitantes. A taxa bruta de mortalidade em 1990 obtém-se do seguinte modo:
9 883 400
Então dizemos que a Taxa Bruta de Mortalidade de Portugal em 1990 era de 10,43 óbitos
por mil habitantes.
Por tratar-se, então, de um instrumento grosseiro que não tem em conta a estrutura
etária da população, devemos ter em conta algumas precauções: fazer coincidir a
população média com a população de um recenseamento.
Os dois fatores intervenientes nas taxas brutas são o modelo e as estruturas. A taxa
bruta é a soma dos produtos das estruturas relativas de cada idade pelas taxas nessas
mesmas idades. Como ao conjunto das taxas por idade se chama o modelo do fenómeno,
a taxa bruta pode ser redefinida como uma resultante da interação entre o modelo e a
estrutura (Nazareth, 2004, 190-191).
O que diferencia estas taxas é o facto de que, enquanto as taxas brutas consideram
como população média de referência toda a população, as taxas específicas medem a
frequência dos fenómenos demográficos numa parte dessa população, definida pela
pertença ao mesmo grupo etário ou idade (Leston Bandeira, 2004).
Temos, deste modo, a Taxa Específica de Mortalidade (TEM), que se refere ao risco de
morte em cada idade ou em cada grupo etário. Corresponde ao quociente entre o total
de óbitos, num determinado ano, em cada idade ou grupo etário e a população
correspondente a esse grupo no meio do ano em análise (Pressat, 1980).
Do exposto, fica claro que duas populações com as mesmas Taxas Específicas de
Mortalidade podem gerar Taxas Brutas de Mortalidade distintas, por terem distribuições
etárias proporcionais diferentes.
O conceito de taxas específicas que usamos em relação à idade pode ser estendido para
outras variáveis que influenciam o risco de morrer. Assim, podemos definir taxas
específicas por sexo, por estado civil, causas de morte, por grupos socioeconómicos etc.
Do mesmo modo, calculam-se também as taxas por idade e por sexos separadamente.
A forma de cálculo deste tipo de taxas é a mesma que a da taxa bruta de mortalidade:
relacionam-se os óbitos de cada sexo ocorridos num dado ano na idade considerada,
com a população média desse mesmo sexo com essa idade durante esse ano (Leston
Bandeira, 2004).
Determina-se, geralmente, sem distinção de sexos pelo facto de que a diferença que
existe entre mortalidade masculina e feminina não é significativa, nessas idades.
A mortalidade infantil remete, assim, para o número de mortes de crianças com menos
de 1 ano, num dado ano X e numa dada população N, por cada 1.000 nascimentos nessa
população Y e nesse mesmo ano X.
Ela corresponde ao risco que um nado-vivo tem de vir a falecer antes de completar um
ano de idade. Está implícito neste conceito a ideia de probabilidade. Como as crianças
nascidas durante um ano, digamos A, só completarão um ano de idade no ano seguinte,
A + 1, a mortalidade infantil entre os nascidos num ano-calendário ocorrerá durante dois
anos consecutivos, A e A + 1.
Seria necessário esperar dois anos para se poder calcular a Taxa de Mortalidade Infantil
(TMI) dos nascidos vivos num determinado ano, dada a dificuldade prática de separar-
se, em cada ano do calendário, do total de óbitos infantis aqueles referentes a crianças
nascidas no próprio ano e a crianças nascidas no ano anterior.
Este erro será normalmente pequeno, a não ser que haja entre dois anos consecutivos
grande diferença no número de nascimentos e/ou grande mudança na mortalidade de
crianças abaixo de um ano. Pode-se considerar, então, como uma boa medida de
mortalidade infantil e tomá-la como uma probabilidade. Deste modo, a mortalidade
infantil é usualmente medida pela taxa de mortalidade infantil (clássica) calculada a
partir de uma observação de acontecimentos produzidos durante um ano civil (Leston
Bandeira, 2004, p. 195).
Os factores associados a esta redução são os factores sociais, tais como o nascimento
fora do casamento sem coabitação, o nível de instrução da mãe, o emprego materno, a
idade da mãe, os factores de saúde (assistência ao parto, peso á nascença, recursos em
saúde (médicos por 100 mil habitantes; centros de saúde e hospitais por 100 mil
habitantes), os factores económicos. Portugal obteve uma redução de 74,66 por cento
da taxa de mortalidade infantil, passando de 13,06 por mil, em 1988, para 3,31 por mil,
em 2008. É provavelmente o indicador em que o país mais progrediu nesses 20 anos
(Barreto e Correia, (Coord., 2014).
nados-vivos ano x
Taxa de Mortalidade Infantil Clássica: 7726/172 324 X 1000 = 44, 83 por mil
A Taxa de Mortalidade infantil Portugal em 1973 era de 44,84 óbitos de crianças com
menos de 1 ano por cada mil nascimentos.
“Na produção da vida humana intervém uma multiplicidade de fatores que antecedem e
acompanham o ato de nascer e condicionam as possibilidades de sobrevivência de um
novo ser. (...)
Por este facto, a mortalidade infantil deve ser abordada e analisada tomando por
referência duas fronteiras temporais muito precisas: no início, a formação do feto; no
fim, o primeiro aniversário. Entre estas duas fronteiras, o risco de mortalidade vai
mudando de natureza e de intensidade.
A mortinatalidade
Um nado-morto, geralmente designado aborto ou morte fetal, é um feto que não nasceu
vivo; assim, não é registado como morte porque não nasceu.
Um feto pode morrer antes do início do trabalho de parto, ou seja, no útero, devido a
complicações na gravidez ou por várias doenças maternas. Ou um feto pode estar vivo
no início do trabalho de parto, mas morrer durante o processo e, assim, nascer morto.
Para o cálculo da mortalidade neonatal precoce são considerados apenas os óbitos dos
7 primeiros dias de vida.
Mortalidade Perinatal
A mortalidade perinatal designa os efeitos do risco sofrido durante o período crucial que
vai do momento em que se perfaz a formação no útero ao nascimento e se conclui a
primeira semana de vida.
Taxa de Mortalidade Infantil Neonatal: 3647/172 324 X 1000 = 21,16 por mil
Taxa de Mortalidade Infantil Neonatal precoce: 2502/172 324 x 1000 = 14,52 por mil
Taxa de Mortalidade Infantil Pós Neonatal: 4079/172 324 X 1000 = 23, 67 por mil
Apesar do numerador da TMI corresponder aos óbitos de crianças com idade abaixo de
um ano, a distribuição dos óbitos dentro deste intervalo não é uniforme e ocorre de
maneira desigual.
Naquelas populações onde a TMI é alta, os óbitos são menos concentrados nas primeiras
semanas de vida, porque muitos dos óbitos infantis são devidos a fatores ligados ao
meio em que a criança vive, tais como as condições de saneamento, nutrição. A
mortalidade pós-neonatal mais sensível ao meio ambiente, aos comportamentos e às
doenças infeciosas, está intimamente associada às condições de vida (Rollet, 2007, p.
61).
As causas exógenas por sua vez, estão associadas a causas exteriores (doenças
infeciosas, subalimentação, cuidados hospitalares insuficientes e acidentes diversos).
São deste modo resultado de condições sanitárias ou contextos sociais desfavoráveis à
sobrevivência da criança.
“O interesse principal desta distinção entre mortalidade infantil endógena e mortalidade infantil
exógena decorre dos ensinamentos quanto à melhoria das políticas sociais e de proteção à
infância e à maternidade, sendo adquirido que essa melhoria produzirá efeitos principalmente
sobre a redução dos fatores responsáveis pela mortalidade exógena”. (Leston Bandeira, 2004,
p. 204)
Para podermos separar os óbitos infantis por causas endógenas ou exógenas teremos
de ter acesso a estatísticas de óbitos por causas de morte.
No entanto, existe um método que permite obter essa separação sem termos a
informação dos óbitos por dias e idades. Trata-se, pois, de aumentar em 25% os óbitos
registados no intervalo 31-365 dias, ou aumentar em 22,8% os do intervalo 28-365 dias
e obtemos o total de óbitos exógenos.
nados-vivos ano x
A Taxa de Mortalidade Infantil Exógena obtém-se dividindo o total de óbitos exógenos
pelos nascimentos.
nados-vivos ano x
Para obter os óbitos exógenos somamos aos óbitos com 28-365 dias (4079) os óbitos
exógenos com menos de 28 dias, isto é, 4079 x 0,228 (22,8%) = 930
Logo:
Taxa de Mortalidade Infantil Endógena: 2717/172 324 X 1000 = 15,77 por mil
Taxa de Mortalidade Infantil Exógena: 5009/172 324 x 1000 = 29,07 por mil
A OMS define uma morte materna como a morte de uma mulher durante a gravidez ou
no prazo de 42 dias após a interrupção da gravidez, independentemente da duração ou
local da gravidez, de qualquer causa relacionada ou agravada pela gravidez ou seu
tratamento, mas não de causas acidentais ou incidentais (Poston & Bouvier, 2017).
A taxa de mortalidade materna (TMMR) é o número de mortes num ano de mulheres
que morrem resultado de complicações na gravidez, parto e puerpério (ou seja, a
condição da mulher imediatamente após o parto, geralmente terminando quando a
ovulação começa novamente), por 100.000 nascimentos ocorridos nesse ano.
Os dois fatores mais importantes que levam à morte materna são a idade e a paridade
(o número de vezes que uma mulher deu à luz; também se refere à ordem de
nascimento, por exemplo, um segundo filho, que seria um filho de segunda paridade).
Os riscos de morte por maternidade (durante a gravidez) são maiores para mulheres
muito jovens e mulheres mais velhas do que para mulheres na casa dos vinte e trinta
anos.
Mulheres com alta paridade e mulheres com intervalos curtos entre partos também estão
em alto risco devido a doenças crónicas e desnutrição, pobreza, gravidez indesejada,
cuidados pré-natais e obstétricos inadequados e falta de acesso a um hospital (Poston
& Bouvier, 2017).
O método das proporções corresponde à divisão dos óbitos registados em cada mês pelo
total de óbitos anuais, multiplicando o resultado obtido por 100 de modo a termos o
resultado em percentagem.
Contudo, dado que cada mês tem uma diferente amplitude, este método acaba por
originar distorções na análise dos dados obtidos. Assim, recorre-se ao método das taxas
mensais.
Com o método das taxas mensais convertem-se as taxas aos efetivos anuais dado que
se multiplica o número médio de óbitos mensais pelo número de dias do ano divididos
pela população média. Isto é:
(óbitos mensais / dias do mês) x (365 ou 366 / população média) x 1000
Este método assenta na mesma lógica que o anterior, no qual dividem-se os óbitos
mensais pelo número de dias do mês. Porém, os resultados obtidos são depois
substituídos por números proporcionais de modo a que o seu total seja igual a 1200.
“…a morte é provocada por uma ou uma combinação de uma grande variedade de
causas, ou doenças, e a compreensão da mortalidade requer uma compreensão das
tendências em cada uma das principais causas de morte” (Bogue, 1969, conforme
citado em Poston & Bouvier, 2017).
Nem todas as pessoas morrem pelas mesmas causas principais, e isso se deve em
grande parte aos níveis socioeconómicos dos países.
A mortalidade varia com a idade, mas as causas de morte também variam com a idade.
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https://www.who.int/classifications/classification-of-diseases
https://icd.who.int/browse11/l-m/en
Fomes
A fome foi considerada uma causa de morte. As populações dos tempos pré-industriais
tinham muito menos controlo sobre o suprimento de alimentos do que hoje em dia.
Houve declínios graves na população em grande parte da Europa durante os anos de
fome de 1315–1317. Na década de 1690, um sexto da população em algumas províncias
suecas morreu após graves quebras de produção de cereais (trigo, milho). A fome da
batata irlandesa de 1846-1851, conhecida na Irlanda como a Grande Fome, matou cerca
de um milhão de pessoas, embora algumas estimativas apontem para um número tão
alto quanto 1,5 milhão.
A última grande fome na Europa foi a fome finlandesa de 1868. Além disso, cerca de 19
milhões de pessoas provavelmente morreram na Índia entre 1891 e 1910 como resultado
da fome.
Uma das fomes mais destrutivas no registo demográfico ocorreu na China entre 1958 e
1961. Estima-se que entre 30 e 40 milhões de chineses morreram como resultado direto
da fome, com 12 milhões das mortes de pessoas menores de dez anos.
Epidemias
Uma epidemia é um grande aumento ou aumento de uma doença infeciosa numa área
que resulta num grande número de mortes, seguido por um declínio. Muitas infeções e
doenças contagiosas se tornaram epidérmicas, incluindo escarlatina, sarampo, gripe e
cólera.
Uma epidemia recente foi a epidemia de gripe espanhola. Ela espalhou-se pela Europa
em 1918 e depois para o resto do mundo. Os epidemiologistas estimam que a epidemia
resultou na morte de cerca de 50 milhões de pessoas. A gripe espanhola pode muito
bem ter infetado quase mil milhões de pessoas, ou quase metade da população do
mundo naquela época (Poston & Bouvier, 2017).
O vírus da imunodeficiência humana (HIV), que causa a Sida, foi isolado em 1983 no
Instituto Pasteur em Paris.
No final da década de 1980 e início da década de 1990, o HIV Sida foi identificado em
todas as regiões do mundo.
Guerras
Assim, a Taxa Bruta de Mortalidade por Causa é o mais imediato instrumento de medida
de que dispomos.
Obtém-se por meio do quociente entre o número de óbitos pela causa C e a população
total média (Leston Bandeira, 2004, p. 229).
As taxas obtidas desta forma permitem efetuar comparações, pois sintetizam o peso
relativo de uma dada doença na estrutura de uma população. No entanto, os resultados
obtidos com as mesmas não permitem saber quais os tempos de maior ou menor
incidência do risco na vida dos indivíduos. Deste modo, será conveniente recorrer-se ao
cálculo de taxas de mortalidade segundo a causa e a idade. Podem calcular-se estas
taxas para todas as causas permitindo conhecer o peso relativo de cada grupo de causas
de mortalidade nas diferentes idades (Leston Bandeira, 2004, p. 233-234).
Como vimos anteriormente, a Taxa Bruta de Mortalidade não é uma boa medida para se
comparar duas populações com estruturas etárias diferentes. Uma alternativa seria
analisar o conjunto das Taxas Específicas de Mortalidade.
Entretanto, dado o elevado número de Taxas Específicas de Mortalidade e a diversidade
de estruturas de mortalidade, segundo a idade, em duas ou mais populações, a
comparação entre Taxas Específicas de Mortalidade pode dificultar a análise dos níveis
de mortalidade (Pressat, 1980).
Um dos indicadores que têm a característica de ser uma medida-resumo e que não sofre
a influência da estrutura etária da população é a esperança de vida.
A esperança de vida numa determinada idade pode ser interpretada como o número
médio de anos que um indivíduo viverá a partir daquela idade, considerando o nível e a
estrutura de mortalidade por idade observados naquela população.
Em suma, nessa população com uma esperança de vida ao nascer de 70 anos, uma
criança que nasce viverá em média 70 anos.
No início dos anos 1950, a esperança de vida no mundo era de apenas 46 anos, mas
chegou a 69 anos em 2010. A ONU projetou que em 2050, a esperança de vida para o
mundo chegará a 76 anos e a 82 anos em 2100.
“Devemos partir do princípio que as pessoas falecidas entre dois aniversários são
distribuídas linearmente no tempo: assim, entre 0 e 1 ano, o número de anos vividos em
média é de 0,5 ano, entre 1 e 2 anos, de 1,5 ano, etc.” (Rollet, 2007, p. 67).
A descrição dos fenómenos demográficos, numa tábua, incide sobre um grupo cuja
identidade é determinada por um mesmo acontecimento (acontecimento – origem).
Para medir a probabilidade de um dado acontecimento ocorrer numa geração entre duas
idades, utiliza-se o quociente. Este instrumento de medida constitui a medida chave na
construção de uma tábua.
O quociente de mortalidade, que ao contrário das taxas não tem uma dimensão anual,
mede o risco de alguém de idade X, pertencente à geração G, morrer antes de atingir o
aniversário X+a.
Toma-se como efetivo inicial da tábua um múltiplo de 10 (1 000, 10 000 ou 100 000),
denominado por Raiz da Tábua (S0). Conhecidos ou já calculados os quocientes,
multiplica-se esse efetivo inicial pelo quociente de mortalidade entre 0 e 1 ano (1q0),
obtendo-se deste modo o número de óbitos da tábua {O (0,1)}, ocorridos entre dois
aniversários. Subtraindo estes óbitos ao efetivo inicial, obtém-se o número de
sobreviventes no primeiro aniversário (S1).
Efetuam-se estas operações de forma sucessivas pelas várias classes de idades até à
extinção da série dos sobreviventes.
Por outro lado, podemos falar de uma tábua bruta quando a mesma mede o risco de
mortalidade na ausência de migrações, ou de uma tábua líquida se na mesma forem
tidos em consideração os efeitos das migrações (Leston Bandeira, 2004).
Na verdade, “na maioria dos casos, interessa-nos muito mais observar as condições de
mortalidade existentes num determinado momento do que seguir uma geração durante umas
largas dezenas de anos. Por outras palavras, mesmo que os dados estejam disponíveis, é sempre
aconselhável construir uma tábua de mortalidade do momento ou em transversal” (Nazareth,
2004, p. 204).
1. A primeira coluna é a das idades: as idades são apresentadas não sob a forma de
grupos etários, mas nos terminais das idades exatas (0, 1, 5, 10, 20, 25…);
2. Na segunda coluna temos a função nqx (ou aqx); são os quocientes de mortalidade,
isto é, a probabilidade de morte, entre a idade exata x e a idade exata x + n, onde n é
a amplitude dos grupos de idade.
3. Na terceira coluna temos Ix (ou Sx): os sobreviventes em cada idade exata x. Para
tornar possível as comparações temporais e espaciais, aplica-se a um mesmo efetivo
(normalmente a raíz da tábua l0 =100.000) a lei da mortalidade definida pelos nqx ou
de sobrevivência definida pelos npx. Sendo que npx = 1 – nqx.
4. Na quarta coluna temos ndx (ou O (x, x+a)): é a distribuição dos óbitos (tendo em
conta o efetivo inicial de 100.000) por idades ou grupos de idades, entre um grupo etário
e outro, por idades exatas: ndx = Ix-Ix+n
5. Na quinta coluna temos nLx: é o número de anos vividos pelos sobreviventes lx entre
as idades exatas x e x + n, ou seja, entre duas idades ou sobreviventes em anos
completos. Obtém-se multiplicando os efetivos médios entre idades exatas pelo número
de anos.
6. Na coluna seis temos Tx: é uma função anos de vida intermédia. Começa-se pelo fim
da tábua, soma-se de baixo para cima. É o total de anos vividos pela coorte (fictícia)
depois da idade x. Como nLx é o número de anos vividos entre as idades exatas x e x +
n, para obter o total de anos vividos basta somar os nLx.
Ex=Tx / Ix ou E0 = T0 / I0
É necessária a informação sobre óbitos por grupos etários, efetivos por sexos separados.
nqx=2n * nTx
2+n*nTx
Exemplos:
nascimentos 90/91
O 1q0 é a verdadeira Taxa de Mortalidade Infantil.
4q1= 2*4*0.00092
2+4*0.00092
2+5*0.00048 2.0024
No caso do último grupo de idades, nqx é igual à unidade, uma vez que todas as pessoas
terão necessariamente que desaparecer.
3º lx
lx+n=1x*nPx
l0=100000
4º ndx
É a distribuição dos óbitos (tendo em conta o efetivo inicial de 100000) por idades ou
grupos de idades, entre um grupo etário e outro, por idades exatas: ndx=lx-lx+n
5º nLx
Exemplo:
1L0=K’’ l0 + K’ l1
6º Tx
É uma função anos de vida intermédia. Começa-se pelo fim da tábua, soma-se de baixo
para cima.
É o total de anos vividos pela coorte (fictícia) depois da idade x. Como nLx é o número
de anos vividos entre as idades exatas x e x+n, para obter o total de anos vividos basta
somar os nLx.
Assim temos:
𝑇𝑥 = ∑ 𝑛𝐿𝑥 O último Tx (ou Tk), que é igual a Lk+, obtém-se através da seguinte
expressão:
expressão:
7º ex
É a esperança de vida na idade x, ou seja, o número médio de anos que resta viver às
pessoas que atingiram a idade x. Quando x=0, temos a esperança de vida à nascença,
ou seja, o número total de anos vividos desde o nascimento, dividido pelo efetivo inicial
l0 lx
TBM (1990) = 103 115/9 883 400 *1000 = 10,43 por mil (Fonte : Nazareth, 1988b, 2004,
2016)