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Objetivos
1. Descrever a evolução dos volumes populacionais de uma população, com base no
cálculo de medidas de variação desses volumes: taxas de crescimento e tempo de
duplicação em anos;
2. Descrever a evolução da estrutura etária portuguesa;
3. Determinar a composição da população, segundo a idade e o sexo;
4. Perceber a metodologia de construção das pirâmides de idades e saber identificar
cada uma delas;
5. Saber calcular as Relações de Masculinidade e o seu contributo na análise
demográfica;
6. Saber determinar e interpretar grupos funcionais e índices resumo;
7. Saber definir e analisar o envelhecimento demográfico.
Este valor, porém, considerado em relação ao total da área estudada, pode não
traduzir a verdadeira distribuição da população, pois esta encontra-se mais aglomerada
em certas zonas e mais dispersa noutras. Para estudar a densidade populacional é
conveniente dividir o território em zonas mais pequenas - no caso de um país, podem
adotar-se as divisões administrativas, no caso de uma cidade, podem considerar-se os
bairros, etc.
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A população pode ainda distribuir-se por aglomerados rurais e urbanos. A primeira
reside isolada no campo ou em pequenos núcleos. A segunda vive nas cidades ou em
povoações de certa importância populacional. Sob o ponto de vista estatístico é
necessário distinguir os aglomerados urbanos e rurais. Um centro urbano designa uma
localidade, qualquer que seja a categoria legal (cidade, vila, aldeia) que, a sua área
urbana seja demarcada pela respetiva Câmara Municipal e que conte com um
determinado número mínimo de habitantes1.
Como principais variáveis demográficas temos então, no âmbito dos aspetos estáticos,
o tamanho da população; a distribuição por idade, sexo, estado civil; a distribuição
segundo a região geográfica de residência atual, anterior e de nascimento. E no
âmbito dos aspetos dinâmicos, a natalidade ou a fecundidade, a mortalidade e as
migrações.
Em suma, como vimos anteriormente, a Demografia trata, pois, dos aspetos estáticos
de uma população num determinado momento, assim como também dos aspetos
dinâmicos, ou seja, a sua evolução no tempo e da inter-relação dinâmica entre as
várias variáveis demográficas.
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Em Portugal considera-se, segundo a classificação indicada pelo INE, como área mediamente
urbana, a freguesia que integra a sede da Câmara Municipal e tem uma população residente
superior a 5.000 habitantes ou a freguesia que integra total ou parcialmente um lugar com
população residente igual ou superior a 2.000 habitantes e inferior a 5 000 habitantes, sendo
que o peso da população do lugar no total da população residente na freguesia ou no total da
população residente no lugar, é igual ou superior a 50%.
(https://smi.ine.pt/Conceito/Detalhes/5717) E como área predominantemente urbana
considera-se a freguesia que integra a sede da Câmara Municipal e tem uma população
residente superior a 5.000 habitantes ou a freguesia que integra total ou parcialmente um lugar
com população residente igual ou superior a 5 000 habitantes, sendo que o peso da população
do lugar no total da população residente na freguesia ou no total da população residente no
lugar, é igual ou superior a 50%. (https://smi.ine.pt/Conceito/Detalhes/6170)
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longínquo, não tenha havido entrada e saída de pessoas da área. Trata-se de uma
população fechada, isto é, sem movimentos migratórios. A trajetória entre aquela
população inicial e a população atual é totalmente explicada pelas mortes e
nascimentos ocorridos no período. Estamos, assim, perante uma população fechada
quando a sua estrutura é mantida ou alterada apenas pelos nascimentos e óbitos, isto
é, não afetada por migrações externas. Neste caso existem três tipos de modificações
anuais: aumento por meio da natalidade, diminuição através da mortalidade e
envelhecimento de um ano de todos os sobreviventes (Bandeira, 2004).
O número de pessoas que estão presentes num determinado espaço territorial define-
se como volume populacional. Ao longo do tempo o número de habitantes de um
determinado espaço modifica-se. O mesmo é dizer que uma população não tem
sempre o mesmo número de habitantes, evolui a um determinado ritmo (que pode ser
diferente consoante os períodos):
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•Se o crescimento for nulo (crescimento zero): a população mantém-se igual.
Como refere Bandeira (2004, 166), o “jogo de entradas e saídas na população constitui
o movimento de qualquer população e o seu crescimento.” A dinâmica da população
está dependente de três acontecimentos relevantes: nascimentos, óbitos e migrações.
O crescimento da população tem duas componentes: o crescimento natural que
envolve a diferença entre nascimentos (entradas) e óbitos (saídas) e o crescimento
migratório ou a balança migratória que envolve a diferença entre imigrantes (entradas)
e emigrantes (saídas).
2
Este também é conhecido por saldo fisiológico.
3
Recorre-se, com frequência, à equação de concordância para estimar os valores da emigração
ou da diferença entre imigração e emigração (cálculo indireto da balança migratória ou do saldo
migratório) quando todas as componentes da equação são conhecidas menos as referidas à
migração: (I E)=(P1 P0) (N O). (Bandeira, 2004; Grupo Foz 2021).
4
A aplicação da equação de concordância permite testar a qualidade dos dados, num
determinado período, fornecidos pelos diversos sistemas de informação disponíveis.
Tendencialmente, não existe concordância exata entre os termos da equação o que remete
para a má qualidade dos dados. Esta, no âmbito dos países mais desenvolvidos, prende-se
sobretudo com o mau registo dos dados relativos às migrações (Nazareth,2004).
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(por exemplo quando se trata de um município cujos limites foram alterados durante o
período em causa).
A TCN obtém-se através da divisão entre o crescimento natural (saldo natural) pela
população média do período considerado e exprime-se em percentagem7:
5
A fórmula apresentada pelo INE é a seguinte:
(https://smi.ine.pt/Conceito/Detalhes/3129).
Tal como observámos no capítulo 4, a população média é a calculada para o meio do período
6
em análise.
A fórmula apresentada pelo INE é a seguinte:
7
(https://smi.ine.pt/Conceito/Detalhes/3130).
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De 1991 a 2001, Portugal teve um crescimento efetivo positivo de 4,84% (aumentou
4,84 indivíduos por cada 100).
Nados-vivos 1991-2000=1134963
Óbitos 1991-2000=1048537
(https://smi.ine.pt/Conceito/Detalhes/1712).
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Se atendermos à equação de concordância, referida anteriormente, pode afirmar-se
que a taxa de crescimento efetivo é igual à soma das taxas de crescimento natural e
migratório:
A Balança Migratória é uma medida que, de forma indireta e com recurso a dados
sobre população em dois momentos censitários sucessivos e sobre o movimento
natural (nados-vivos e óbitos) ocorrido no período entre dois censos, permite estimar o
saldo do movimento migratório aí ocorrido e ultrapassar a limitação de informação
habitualmente existente sobre as migrações.
A balança migratória como medida de cálculo indireto só pode ser calculada para
períodos intercensitários através da diferença entre o crescimento absoluto da
população e o seu crescimento natural, expressa pela denominada equação de
concordância já referida anteriormente (P1 P0)=(N O) ( ):
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Exemplo: balança migratória e taxa da balança migratória de 1991 a 2001, Portugal.
Nados-vivos 1991-2000=1134963
Óbitos 1991-2000=1048537
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o mesmo valor da
A taxa de crescimento total também surge designada por (Bandeira & Pintassilgo, 2018).
9
114
Exemplo: taxa de crescimento total ou taxa de variação anual de 1991 a 2001,
Portugal.
mesma variação absoluta anual, sendo que também pode ser denominada de taxa de
crescimento aritmético (Nazareth, 2004).
O INE calcula taxas de variação de população residente. A taxa de variação de população
11
Pintassilgo, 2018).
A fórmula de cálculo desta taxa também pode surgir assim: .
13
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Exemplo: taxa de crescimento médio anual de 1991 a 2001, Portugal14.
= 10 (34/365)
= 9,907 anos
Relativamente ao cálculo da raiz: com recurso a uma calculadora científica que tenha a função
14
116
Se a taxa é uma taxa de crescimento constante, ao fim de quantos anos duplicará
a população? A taxa de crescimento médio anual permite o cálculo do tempo de
duplicação em anos através da aplicação da seguinte fórmula, onde o logaritmo (log)
pode ter qualquer base mas normalmente é 1015 (Grupo Foz, 2021) :
Exemplo: tendo por referência a taxa de crescimento médio anual de 1991 a 2001
quando anos levaria a população portuguesa a duplicar?
anos
Tendo por referência a taxa de crescimento médio anual de 1991 a 2001 a população
portuguesa duplicaria a cada 142 anos.
Com recurso a uma calculadora científica que apresente a função log. Esta uma vez acionada
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eventos com as nossas expectativas ou cronogramas sociais. Em quinto, ao nível
social, as mudanças na distribuição da população por idade e sexo têm implicações
importantes para o desenvolvimento socioeconómico e demográfico, bem como para a
participação na força de trabalho e nas relações de género.
As sociedades constroem papéis e atribuem status com base na idade e sexo mais do
que em quaisquer outras características. Consequentemente, as nações incluem
questões sobre a idade e sexo nos questionários dos Censos dos quais deriva a
informação de base sobre a composição da estrutura populacional por idade e
sexo.
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Contudo, a idade e o sexo não são as únicas variáveis importantes na Demografia,
existem outras variáveis também intimamente relacionadas com o processo
demográfico. O estado civil é importante quando se estuda a fecundidade. A educação
é uma variável especialmente importante a considerar. Regra geral, quanto maior a
educação, menor é a fecundidade e menor é a mortalidade. De facto, todas estas
variáveis são tanto a causa quanto o efeito da mudança populacional.
Na maioria dos Censos, pede-se ao entrevistado que forneça a sua idade atual, bem
como a data em que nasceu, permitindo assim que se corrija qualquer discrepância na
idade relatada do entrevistado. Este método ajuda a minimizar o efeito acumulado de
idade.
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população analfabeta, população urbana, etc. Mas as categorias primordiais de
qualquer população são, como vimos, rigorosamente duas: a idade e o sexo.
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Tal não significa que seja sempre esta forma triangular que se encontra nas diferentes
estruturas populacionais dos diferentes países do mundo. Todas as formas são
possíveis de encontrar, sobretudo quando se trabalha a uma escala muito reduzida.
Esta pirâmide tem uma base muito larga (traduzindo elevadas proporções de jovens),
que diminui rapidamente conforme se evolui para as idades mais avançadas, pelo que
apresenta um topo com efetivos reduzidos (traduzindo diminutas proporções de
pessoas idosas). Trata-se de uma pirâmide característica de países com elevados níveis
de natalidade e mortalidade. A pirâmide em acento circunflexo é típica de populações
de países em vias de desenvolvimento e de populações do Antigo Regime ou das
sociedades tradicionais.
121
2. Em Urna (ou constritiva) – característica das populações envelhecidas
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3. Em Ás de Espadas – característica de populações com acentuado envelhecimento;
Este gráfico assume a forma de um ás de espadas ou maçã, pois a parte mais larga da
pirâmide corresponde às idades intermédias. Face à diminuição da fecundidade, a
natalidade acaba por cair para valores muito baixos e a base da pirâmide surge
visivelmente mais reduzida do que o topo – a representatividade dos idosos na
população torna-se superior à dos jovens. Nestes casos, o nível de natalidade já está
muito baixo e, por isso, a base da pirâmide é alimentada com menos efetivos, o que
provoca o seu estreitamento a partir da base.
Por outro lado, a mortalidade também é baixa, o que provoca, paralelamente a uma
elevada esperança de vida, o aumento das classes correspondentes aos idosos,
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traduzindo um acentuado envelhecimento no topo da pirâmide. Esta configuração da
estrutura populacional é típica de sociedades muito envelhecidas (por exemplo o
Japão).
16
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda os seguintes agrupamentos para fins
gerais: menos de 1 ano; ano a ano até aos 4 anos inclusive; classes quinquenais, desde os 5
aos 84 anos; 85 e mais anos.
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proporcionalmente os efetivos até ao momento em que é significativa a sua
representação (dividem-se por exemplo esses valores por 2 até se obterem valores
dificilmente representáveis):
3.º - Verifica-se qual a percentagem (%) máxima obtida no âmbito das proporções
etárias (por hipótese 6%).
4.º - O eixo das abcissas (horizontal) é constituído por dois sub-eixos: à esquerda
(sexo masculino), à direita (sexo feminino) - (cada sub-eixo vai variar de 0% a 6%) - e
fixa-se uma medida a atribuir a cada variação de 1% (por exemplo 1 cm).
5.º - Traça-se a base, deixando um espaço para o corredor central (onde se poderão
colocar os grupos de idades) ou não (os grupos de idades tendem atualmente a surgir
do lado esquerdo da pirâmide).
6.º - A altura da pirâmide deve ser encontrada após a aplicação do seguinte princípio:
altura = 2/3 da base.
No caso em exemplo tem-se: a altura = 2/3 *12 cm, ou seja igual, a 8 cm.
7.º - Determina-se a escala a atribuir a cada grupo de idades dividindo-se a altura total
pelo número de grupos de idades (GI) considerados: 8 cm/19 GI = 0,4 cm.
Mesmo que se considere 0,5 cm para cada grupo de idades, a altura total da pirâmide
(9,5 cm) continuará menor que a largura da base.
8.º - Por fim, traça-se o eixo vertical e representa-se, para cada grupo de idades
(sexos separados), as percentagens ou proporções correspondentes, sendo o
comprimento de cada retângulo proporcional a essas percentagens.
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Figura 23 - Pirâmides de Portugal de 2011 e 2021
Fonte: https://www.populationpyramid.net/portugal/2021/
Como se pode observar através da largura da base e do topo das pirâmides, Portugal
apresenta, tanto em 2011 como em 2021, uma população visivelmente envelhecida,
aproximando-se da configuração em ás de espadas. Ambas as representações gráficas
traduzem a existência de um duplo envelhecimento (o estreitar base e a dilatação do
topo), que já era visível em 2011 e que se acentua claramente na passagem para
2021.
A existência de classes ocas numa pirâmide etária de uma população remete tendencialmente
17
126
5.2.2. Relações de masculinidade
De facto, as pirâmides de idades não são simétricas. Em primeiro lugar, nascem mais
rapazes que raparigas o que faz com que a base de uma pirâmide seja sempre maior
do lado masculino do que do lado feminino.
“ ste modelo natural, que é formado apenas pela evolução e pelos níveis de
mortalidade e de natalidade, pode, no entanto, ser perturbado por outros fatores, tais
como: as migrações, por serem movimentos que normalmente incidem mais em
determinados grupos etários” (Nazareth, 2004, p. 113). E de forma diferenciada
segundo o sexo.
Em cada população ou em cada classe etária, torna-se, por estes motivos, necessário
analisar a representação quantitativa dos efetivos masculinos e dos efetivos femininos.
Esta representação é medida relacionando os efetivos masculinos com os efetivos
femininos e designa-se, como já anteriormente foi referido18, por relação de
masculinidade.
A relação de masculinidade também pode ser medida nas diferentes classes etárias.
Por exemplo dos 20-24 anos:
Ver capítulo 3.
18
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Anteriormente19, foi referida a relação de masculinidade dos nascimentos que permite
a comparação entre efetivos masculinos e femininos no momento do nascimento.
Neste caso, a relação de masculinidade é medida a partir de dados do movimento da
população, os nascimentos: .
Significa que no conjunto da população portuguesa, em 1991, por cada 100 indivíduos
do sexo feminino havia 93,08 do sexo masculino e que por cada 100 raparigas, dos 10
aos 15 anos, havia 104 rapazes. E nesse ano, observou-se ainda 106,24 nascimentos
masculinos por cada 100 nascimentos femininos.
19
Ver capítulo 3.
128
dos três grandes grupos sociodemográficos (jovens, ativos e idosos) presentes em
qualquer população por referência à idade20, como se observou anteriormente. A
população total surge assim dividida em três grandes grupos de idades:
Uma vez decomposta a população por grupos funcionais, torna-se necessário proceder
à sua manipulação no sentido de os transformar em indicadores que resumam a
informação existente numa repartição por sexos e idades, dando lugar à construção
dos denominados índices-resumo (Nazareth, 2004). Nesta construção é
aconselhável, segundo Nazareth (2004), utilizar como critério de repartição etária o
que integra os grupos dos 0-14, 15-64 e 65 e +, dado que é o mais recorrente, no
âmbito dos grandes sistemas de informação demográfica a nível internacional.
5.2.4. Índices-resumo
20
Todavia, as definições destes grupos variam e não são consensuais. As Nações Unidas
definem as crianças como pessoas até aos 14 anos completos, os jovens como pessoas dos 15
aos 24 anos e os idosos como pessoas maiores de 60 anos (em países em desenvolvimento) ou
de 65 anos (em países menos desenvolvidos). Entretanto, já existem propostas para elevar a
idade oficial que marca a entrada na idade “idosa” para os 75 anos. Quanto ao grupo de
pessoas em idade ativa é comumente definido como dos 15 aos 64 anos, mas alguns autores
usam 20 anos como limite inferior (Grupo Foz, 2021).
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Na análise da estrutura etária das populações também se aplicam os conceitos de
proporção e de relação, dando lugar ao cálculo de proporções e de relações etárias
conhecidas como índices-resumo. Estes não só permitem observar a evolução das
alterações que vão ocorrendo ao longo dos anos, mas também para avaliar certas
implicações socioeconómicas.
Através de uma proporção etária pode-se medir o peso de um determino grupo etário
no conjunto da população de referência, num determinado momento do tempo
(Bandeira, 2004): .
• Proporção de jovens
Este indicador mede o potencial demográfico dos ativos (população que se situa entre
o fim da escolaridade obrigatória e o início da “reforma”).
• Proporção de idosos
O conjunto destes indicadores permite fazer a seguinte leitura: por cada 100 pessoas
temos um determinado número de jovens, de potencialmente ativos e de idosos.
• Índice de Juventude
• Índice de Envelhecimento
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Este indicador tem a lógica inversa do anterior, mede também o envelhecimento, mas
através da relação da população idosa com a população jovem.
• Índice de Longevidade
O conjunto destes indicadores permite fazer as seguintes leituras: por cada 100 idosos
existe um determinado número de jovens (índice de juventude), por cada 100 jovens
existe um determinado número de idosos (índice de envelhecimento) e por cada 100
idosos mais jovens existe um determinado número de idosos mais velhos.
131
peso das pessoas de idade mais avançada aumenta. Este último é sobretudo tributário
da melhoria das condições gerais de saúde que se traduz no aumento da esperança de
vida e, por aí, do alongamento da vida humana, determinando acréscimos de
população em idades cada vez mais avançadas.
Pensou-se durante muito tempo que o envelhecimento demográfico teve a sua origem
na baixa da natalidade e da mortalidade. Atualmente, pensa-se ainda que o aumento
da esperança de vida e a baixa da mortalidade determinaram o envelhecimento
demográfico. Não obstante, verificou-se que, nas populações onde esse fenómeno
predomina, foi provocado essencialmente pela quebra da natalidade e não pela baixa
da mortalidade. Constata-se, assim, que o envelhecimento ocorre nas populações onde
tendencialmente a natalidade se mantêm baixa (Bandeira, 2004). Uma população ou
cresce ou envelhece.
Em 2050, pela primeira vez na história da humanidade, haverá mais idosos do que
crianças no mundo. Isso deve-se principalmente às reduções de fecundidade, mas
também reflete o fato de que a expectativa de vida aumentou.
Em todo o mundo, a população com idades acima dos 60 anos está a crescer (a uma
taxa de cerca de 3% por ano) de forma mais acelerada do que todos os grupos etários
mais jovens. Em 2017, estimava-se que, em todo o mundo, 962 milhões de pessoas
tinham 60 anos ou mais – representando 13% da população global. Atualmente, a
Europa tem a maior percentagem da população com 60 anos ou mais (25%). O
132
envelhecimento rápido também ocorrerá noutras partes do mundo e até 2050 todas as
regiões do mundo, exceto África, terão quase um quarto ou mais das respetivas
populações com idades acima dos 60 anos.
Globalmente, o número de pessoas com 80 anos ou mais deverá triplicar até 2050
passando de 137 milhões, em 2017, para 425 milhões em 2050. As pessoas mais
velhas tendem a ser, atualmente, consideradas como contribuintes para o
desenvolvimento, cujas competências devem estar interligadas com políticas e
programas transversais. No entanto, nas próximas décadas, muitos países irão
enfrentar pressões fiscais e políticas na esfera dos sistemas públicos de saúde e
proteção social para a população com a faixa etária mais avançada (Organização das
Nações Unidas, 2021).
133
o início da revolução contracetiva e da queda da natalidade, que serão os fatores
decisivos da progressão do envelhecimento. No recenseamento de 2011, foi no grupo
dos idosos, dos maiores de 65 anos, que o acréscimo populacional foi mais intenso,
rondando os 241 %. Quanto aos mais idosos, indivíduos com idade superior aos 75
anos, o aumento foi de quase 40 %. Assim, de 1950 para 2011, a proporção de jovens
na população portuguesa diminui progressivamente dos quase 30 % para os 15 %
(Bandeira, Coord., 2014). Houve um duplo processo de envelhecimento, que resultou
num aumento significativo do índice de envelhecimento, que passa dos cerca de 24
idosos por cada 100 jovens, em 1950, para 128 em 2011. Progressivamente, o índice
de longevidade foi também apresentando ligeiros acréscimos, espelhando o aumento
das gerações mais idosas, isto é, o aumento crescente da população com mais de 75
anos relativamente aos maiores de 65 anos (Bandeira Coord., 2014).
Ana Alexandre Fernandes foi das autoras que mais se debruçou sobre esta temática do
envelhecimento demográfico. Analisou os problemas decorrentes do envelhecimento e
das soluções encartadas para lhe fazer face, as transformações respeitantes à velhice
integradas nas alterações observadas na sociedade portuguesa, especialmente, as
alterações na estrutura familiar bem como as transformações da política social do
Estado dirigida aos problemas da velhice. Segundo Fernandes (2001), o
envelhecimento demográfico das populações é um fenómeno irreversível das nossas
sociedades modernas. Os impactos que se têm vindo a fazer sentir, entre os quais
sobressai a sustentabilidade financeira dos sistemas de reformas, interferem nos
equilíbrios individuais e coletivos, relativos às idades da vida e ao ciclo de vida ternário.
« Velhos » e reformados » são agora duas categorias sociais, dois conceitos que
tendem a demarcar-se. A velhice surge então associada às dificuldades decorrentes da
aquisição gradual de incapacidades. A família, as solidariedades intergeracionais e as
políticas sociais debatem-se com este desafio, procurando encontrar as melhores
soluções e as respostas mais adequadas à diversidade dos problemas (Fernandes,
2001; 2007).
134
parte do nosso quotidiano. Porém, começámos recentemente a ser confrontados com
um outro envelhecimento, de tipo coletivo: o envelhecimento da população em geral. A
população envelhece porque a Humanidade cresceu em conhecimento técnico-
científico e as condições de vida das populações melhoraram. Mas, apesar de o
envelhecimento populacional poder ser percebido como uma história de sucesso, é
frequentemente entendido como uma verdadeira ameaça ao futuro da sociedade em
que vivemos (Valente Rosa, 2012). Pode-se, contudo, falar em longevidade em vez de
envelhecimento.
Conforme citado no livro coordenado pelo Grupo de Foz (2021), Valente Rosa (2001)
fez os cálculos para Portugal e concluiu que, para evitar o envelhecimento da
população, o número anual de imigrantes, entre 1995 e 2020, teria de ser 9 a 15 vezes
maior do que o observado nos melhores anos da década de 1990. Além dos grandes
volumes que seriam necessários, as projeções demográficas sugerem que, a menos
que a entrada de migrantes se torne um processo permanente, só pode adiar o
envelhecimento, mas não o impedir a longo prazo pois os migrantes também acabam
por envelhecer (Oliveira e Peixoto, 2012, conforme citado em Grupo de Foz, 2021).
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ATIVIDADE FORMATIVA
Grupo etário HM H M
0 - 4 anos 407594 208689 198905
5 - 9 anos 432694 221992 210702
10 - 14 anos 490900 251563 239337
15 - 19 anos 528190 270711 257479
20 - 24 anos 559897 285462 274435
25 - 29 anos 541861 273438 268423
30 - 34 anos 561085 278300 282785
35 - 39 anos 645232 313475 331757
40 - 44 anos 757622 364509 393113
45 - 49 anos 797793 382137 415656
50 - 54 anos 748929 356341 392588
55 - 59 anos 743288 348875 394413
60 - 64 anos 704342 327940 376402
65 - 69 anos 654094 302342 351752
70 - 74 anos 589932 267952 321980
75 - 79 anos 466636 202153 264483
80 - 84 anos 359991 146239 213752
85 - 89 anos 230690 83375 147315
90 ou m ais anos 122296 34727 87569
Total 10343066 4920220 5422846
Fonte: INE, Recenseamento da população - Censos 2021
c) Suponha que tinha que construir a pirâmide de idades de Portugal, ano de 2021.
Descreva como procederia, tendo por referência as regras fundamentais a ter em
conta na construção de uma pirâmide etária.
136
2. Observe o seguinte quadro:
137