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1.

A população: evolução e diferenças regionais

1.1. A evolução da população portuguesa

Recenseamentos e variáveis demográficas – como se estuda a população

Os recenseamentos, ou Censos, são inquéritos obrigatórios de cariz estatística fornecidos de 10 em 10


anos que permitem conhecer e caracterizar a população de um país.

Este tipo de inquérito permite que os governos locais e centrais conheçam a sua população de modo a
diagnosticar, planear e executar políticas públicas de modo a beneficiar a sua população.

As variáveis demográficas são indicadores estatísticos que permitem estudar a população.

Para estudar a evolução da população recorre-se a três componentes:

Crescimento Natural (CN) que resulta da diferença entre o valor absoluto da natalidade (N) e o valor
absoluto da mortalidade (M), ou seja, CN = N – M.

Saldo Migratório (SM) que resulta da diferença entre o valor absoluto da imigração (I) e do valor
absoluto da emigração (E), ou seja, SM = I – M.

Crescimento Efetivo (CE) que corresponde à soma do crescimento natural e do saldo migratório, ou seja,
CE = CN + SM. Permite avaliar melhor a evolução da população em valores absolutos pois resulta da
soma das variáveis natural e migratória. Se for positivo significa que a população cresceu, se for negativo
significa que a população reduziu e se for nulo estagnou.

Contudo, para comparar dados demográficos é necessário recorrer a taxas ou índices cujo valor
expressa-se em permilagem (‰) ou percentagem (%) pois a população de cada região é diferente.

Taxas:

Taxa bruta de natalidade (TBN) é o quociente entre a natalidade (N) e a população total ou população
absoluta (PT ou PA), multiplicado por 1000 habitantes, isto é, TBN = N : PT x 1000

Taxa bruta de mortalidade (TBM) é o quociente entre a mortalidade (M) e a população total ou absoluta
(PT ou PA), multiplicado por 1000 habitantes, isto é, TBM = M : PT x 1000.

Taxa de fecundidade (TF) resulta do quociente da natalidade (nados vivos até 1 ano) (N) e a população
de mulheres (M) em idade fértil (15-49 anos), multiplicado por 1000 habitantes, isto é, TF = N : M(15-49)
x 1000

Taxa de crescimento natural (TCN) é o resultado da diferença entre a taxa bruta de natalidade (TN) e a
taxa bruta de mortalidade (TM), ou seja, TCN = TBN – TBM

Taxa de crescimento migratório ou saldo migratório (TCM) é o resultado da diferença entre a imigração
(I) e emigração (E) sobre o quociente da população total e multiplicando por 1000 habitantes, ou seja,
TCM = [ (I – E) : PT ] x 1000

Taxa de crescimento efetivo (TCE) resulta da diferença entre a natalidade (N) e mortalidade (M) com a
soma da diferença entre a imigração (I) e emigração (E) sobre o quociente da população total (PT)
multiplicando por 1000 habitantes, ou seja, TCE = [ (N – M) + (I – E) ] : PT x 1000

Natalidade de Portugal

A evolução populacional de Portugal tem variado ao longo dos últimos anos. Desde 1960 que a
natalidade em Portugal tem decrescido.

Algumas principais causas associadas à baixa natalidade são:

Planeamento familiar

Uso de métodos contraceptivos

Inserção da mulher no mercado de trabalho

Aumento do custo de um filho

Maior preocupação pelo bem estar individual

Aumento do custo de vida

Período cada vez mais tardio de mulheres mães

Menor número de casamentos

Contudo para avaliar a natalidade, a taxa de fecundidade é mais precisa porque relaciona os
nascimentos com as únicas pessoas que conseguem gerar filhos, neste caso as mulheres dos 15 aos 49
anos. Para haver renovação de gerações é necessário atingir o valor de 2,1 filhos (nº médio) por mulher
em idade fértil.
Ao nível da distribuição da população, existe maior natalidade no litoral do país do que nas regiões
interiores, visto que estas últimas são menos povoadas e mais envelhecidas.

Mortalidade de Portugal

A mortalidade, à semelhança da natalidade, também tem decrescido em Portugal.

Fatores que explicam o decréscimo da mortalidade:

Melhor serviço de saúde

Avanço científico no campo da medicina

Mais informação sobre cuidados a ter com a alimentação e estilos de vida saudáveis

Melhor condições de trabalho

Melhores condições de higiene e segurança

Contudo, ao contrário da natalidade, a taxa de mortalidade é maior nas regiões menos populosas e mais

envelhecidas e com menos serviços de saúde, destacando-se o Alentejo, as Beiras e Trás-os-Montes.

No que toca à mortalidade infantil, esta também tem diminuído devido a:

Desenvolvimento de vacinas

Melhores condições sanitárias e hospitalares

Melhor assistência médica

Os indicadores relativos à natalidade e mortalidade em Portugal revelam características de um país


desenvolvido em condições socioeconómicas e políticas.

Movimentos migratórios – emigração e imigração de Portugal


Os movimentos migratórios afetam a evolução da população. Em Portugal, a emigração tem um peso
significativo a nível demográfico e económico no país.

As principais razões para a emigração são:

Procura de melhores salários

Procura de melhores condições de vida

Procura de melhores empregos

Fases da emigração portuguesa:

1ª Fase (1960-70) – aumento da emigração devido à Guerra Colonial e à oferta de emprego nos serviços
e industrias dos países da Europa Ocidental devastados pela Segunda Guerra Mundial.

2ª Fase (1974-79) – decréscimo da emigração devido ao fim da ditadura e abertura ao regime


democrático, bem como a crise petrolífera que fez com que os países europeus controlassem a
imigração.

3º Fase (1980-90) – diminuição da emigração devido à entrada de Portugal na CEE.

4ª Fase (1990-2000) – aumento da emigração possivelmente devido à liberdade de circulação dentro dos
países aderentes ao Espaço Schengen.

5º Fase (2000-09) – aumento da emigração devido à crise económico-financeira de 2008

6º Fase (2010-atualmente) – aumento da emigração devido ao elevado custo de vida, falta de


oportunidades e baixo investimento estrangeiro.

Por outro lado, também a imigração tem forte influência no crescimento efetivo da população e na
economia do país.

Fases da imigração portuguesa:

1ª Fase (1974-85) – regresso dos retornados da Guerra Colonial e fim da ditadura.

2ª Fase (1986-2000) – entrada de Portugal na CEE e aumento do investimento direto estrangeiro.


3ª Fase (2000-atualidade) – aumento da imigração para setores de atividade menos qualificados e que
carecem de mão de obra.

Assim, como a natalidade, o saldo migratório é negativo nas regiões do litoral e urbanas do que nas
regiões interiores.

1.2. Como se caracteriza a estrutura etária portuguesa

Estrutura etária

A estrutura etária é uma estrutura em forma de pirâmide dividida por idades que caracteriza uma
população. Esta pirâmide é constituída por barras separando a população em sexo e idades.

Cada grupo de idades corresponde a um grupo etário, sendo estes os seguintes:

Jovens: 0-14 anos

Adultos ou população ativa: 15-54 anos

Idosos: +65 anos

Uma classe oca é uma classe etária que é mais curta que a classe etária superior.

A estrutura etária é importante para se poder planear o que se deve ou não ser feito consoante as

necessidades de cada população com base na pirâmide etária.

A pirâmide etária portuguesa é descrita tendo uma base curta e um topo largo, marcado pelo duplo
envelhecimento associado à baixa natalidade, à diminuição da mortalidade e do aumento da esperança

média de vida.

Como se caracteriza a estrutura da população ativa portuguesa

O grupo ativo da população portuguesa varia consoante fatores demográficos e socioeconómicos, como
por exemplo:
Proporção de adultos

Comportamento do saldo migratório (se o saldo for positivo maior o grupo ativo)

Situação económica (ausência de crises e crescimento económico aumenta o grupo ativo)

Para sabermos como varia a evolução da população ativa, observamos como varia a taxa de atividade (TA
= População Ativa : População Total x 1000).

Em Portugal, o grupo ativo tem diminuído devido a três fatores essenciais:

Aumento do envelhecimento

Aumento da emigração e diminuição da imigração (esta última até 2017)

Baixa natalidade

Quando se estuda a estrutura da população ativa tem-se em conta três setores de atividade:

Primário (exploração direta de recuros naturais como agricultores, pastores, mineiros)

Secundário (transformação de recursos em produtos utilizáveis como a indústria)

Terciário (ligado à atividades comerciais e prestação de serviços como bancos, professores, etc)

Estes três setores têm variações:

O primeiro setor diminuiu devido ao aumento das qualificações dos portugueses, trabalho mal pago e
maior modernização do setor.

O segundo setor diminuiu devido à maior evolução tecnológica e deslocalização das empresas.

O terceiro setor é o único que regista aumentos devido ao aumento da terciarização (aumento e
diversidade de atividades ligado à industria, serviços, lazer, cultura, administração, educação, saúde e
comércio).

Problemas sociodemográficos e perante o emprego


Os problemas sociodemográficos como a baixa natalidade e o envelhecimento da população têm
consequências a nível económico, demográfico e social. A nível económico: diminuição da população
ativa, agravamento das contas públicas devido às pensões, gastos em saúde, apoios, equipamentos. A
nível demográfico: diminuição da fecundidade e da população residente. A nível social: diminuição do
espírito empreendedor e de inovação e maior recetividade às mudanças.

Relativamente ao emprego, o baixo nível educacional e a precariedade do emprego trazem vários


problemas como menos crescimento económico, menos empreendedorismo e salários mais baixos,
maior despesa pública que poderá tornar-se insustentável e dificuldade das empresas em contratar.

Medidas para rejuvenescer e valorizar a população

Medidas para aumentar a natalidade:

Alargamento da rede de cresces

Aumento do abono de familia

Aumento do tempo da licença parental

Livros escolares gratuitos

Aumento de salários

Flexibilização do horário de trabalho, etc

Medidas para aumentar a qualificação da população:

Valorizar o ensino profissional

Valorizar e flexibilizar o horário escolar e empresarial

Valorizar a relação entre empresas e instituições de ensino

Apostar na área de inovação e desenvolvimento

Programas que visam a educação de adultos

Índices de dependência:
Índice de dependência total = Pop .0-14 anos + Pop. > 65 anos : Pop. 15-64 anos x 100

Índice de dependência dos idosos = Pop. > 65 anos : Pop. 15-64 anos x 100

Índice de dependência dos jovens = Pop. 0-14 anos : Pop. 15-64 anos x 100

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