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Universidade Técnica de Lisboa
Seminário de Investigação
2007/08
CORDENADORA
3º ano Comunicação Social
___________________
______________________________
NISSEN 2006
SERVIÇO PÚBLICO DE RADIODIFUSÃO
O CASO DA ANTENA 3
Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas
Universidade Técnica de Lisboa
Seminário de Investigação
2007/08
Problemática
Estará a Antena 3 a cumprir a sua missão de Serviço Público no seu sentido amplo?
ORIENTADOR
Professora Doutora Paula Cordeiro
RESPONSABILIDADE
David José Monteiro
23 de Julho de 2008
_____________________________________________
(David José Monteiro)
Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas – UTL
SEMINÁRIOdeINVESTIGAÇÃO
Comunicação Social | 3º ano 2007/08
Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas
Universidade Técnica de Lisboa
pela orientação, apoio e espírito de confiança que me transmitiu. Pela generosidade com que
também partilhou os seus conhecimentos, experiência e profissionalismo. Pelas discussões e pela
troca de ideias que me permitiram obter pistas, sentidos e conquistar o resultado final deste
trabalho.
pela atenção e disponibilidade com que me receberam nos estúdios da Antena 3 e pelas entrevistas
que me concederam, pois assumiram-se como uma mais-valia neste trabalho.
pelos esclarecimentos e pela amabilidade com que me recebeu na Entidade Reguladora para a
Comunicação Social e pelo material indispensável que me disponibilizou.
Obrigado.
SERVIÇO PÚBLICO DE RADIODIFUSÃO
O CASO DA ANTENA 3
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 1
NOTA METODOLÓGICA ...................................................................................................................... 5
CAPÍTULO I ......................................................................................................................................... 8
A RÁDIO, A COMUNICAÇÃO E A SOCIEDADE
1. A RÁDIO E O DESENVOLVIMENTO SOCIAL ........................................................... 8
1.1 A RADIODIFUSÃO EM PORTUGAL: EMISSORA NACIONAL, RDP e RTP
Uma história da Rádio ............................................................................................. 11
1.1.2 CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL DA ANTENA 3 ........................................................ 14
CAPÍTULO II ...................................................................................................................................... 19
SOCIEDADE e MEDIA de SERVIÇO PÚBLICO
2. FACTORES DE MUDANÇA NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
2.1 Justificação do Serviço Público na Sociedade .......................................................... 19
2.2 O SIGNIFICADO DOS MEDIA DE SERVIÇO PÚBLICO NA SOCIEDADE ................... 22
SERVIÇO PÚBLICO DE RADIODIFUSÃO ‐ ESQUEMA ...................................................... 24
2.3 SERVIÇO PUBLICO DE RADIODIFUSÃO .............................................................. 25
2.3.1 Aproximação à Definição .................................................................................... 25
2.3.1.1 Independência, Pluralismo e acessibilidade ................................................ 27
2.3.1.2 Identidade Cultural e Nacional .................................................................... 28
2.3.1.3 Música .......................................................................................................... 28
2.3.1.4 Protecção dos Interesses Vulneráveis e Satisfação das Minorias ............... 29
2.3.1.5 Investigação e Conhecimento ...................................................................... 29
2.3.1.6 Distinção dos Media Privados ...................................................................... 30
2.3.1.7 Expansão para a Internet ............................................................................. 30
CAPÍTULO III ..................................................................................................................................... 33
ANTENA 3: PROGRAMAÇÃO e CONTEÚDOS
3.1 ESTRATÉGIAS DE PROGRAMAÇÃO E AUDIÊNCIA .................................................. 32
3.1.1 EMISSÃO, PROGRAMAÇÃO E ANÁLISE .............................................................. 33
3.1.2 ANÁLISE DO PROGRAMA «MANHÃS DA 3» E «PROVA ORAL» ............................ 46
3.2 INTERNET NO CONTEXTO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO TRADICIONAIS
Características, implicações e transformações no sector dos media ...................... 54
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O CASO DA ANTENA 3
3.2.1 A RÁDIO NA INTERNET
Um Futuro Presente ......................................................................................... 54
3.2.1.1 A INTERACTIVIDADE
A Relação entre o Ouvinte e a Emissão ............................................... 62
3.3 A ‘VANGUARDA TECNOLÓGICA’ ............................................................................ 66
CAPÍTULO IV ..................................................................................................................................... 68
4.1 O SERVIÇO PÚBLICO, A ANTENA 3 E A COMUNICAÇÃO MODERNA .......................... 68
4.2 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 76
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................................. 78
GLOSSÁRIO ...................................................................................................................................
ANEXOS ........................................................................................................................................
ANEXO 1 ‐ Contrato de concessão do serviço público de radiodifusão sonora
ANEXO 2 – Artigo de Opinião de José Manuel Nunes
ANEXO 3 ‐ Caracterização sociográfica das audiências da Antena 1, Antena 2 e Antena 3 (em %), 2007
ANEXO 4 ‐ Análise da grelha de programação da Antena 3
ANEXO 5 ‐ Lei n.º 33/2003, de 22 de Agosto Reestruturação do sector empresarial do Estado na área do audiovisual
ANEXO 6 – Entrevista ao director‐adjunto da Antena 3, José Mariño
ANEXO 7 – Entrevista ao director de programas da RTP – Rádio, Rui Pêgo
ANEXO 8 ‐ Grelha de programas da Antena 3 por dia da semana
ANEXO 9 – Entrevista a Stella Lino, ERC
ANEXO 10 ‐ A música nos operadores de serviço público, Artigo 44º da Lei da Rádio
ANEXO 11 ‐ Obrigações de serviço público, Artigo 47º da Lei da Rádio
ANEXO 12 ‐ Análise ao programa «Manhãs da 3» e «Prova Oral»
ANEXO 13 ‐ Entrevista a Jorge Alexandre Lopes, 19 de Maio 2001
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O CASO DA ANTENA 3
Índice de tabelas
Tabela 1 – Tema e problemática ............................................................................................................... 4
Tabela 2 – Forças de mudança nos meios de comunicação social ......................................................... 19
Tabela 3 – Digitalização dos processos de comunicação ........................................................................ 21
Tabela 4 – Objectivos e obrigações do serviço público de radiodifusão ................................................ 23
Tabela 5 – Artigos 44º ‐ C e 44º ‐ G da lei da rádio ................................................................................. 39
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O CASO DA ANTENA 3
Índice de gráficos
Gráfico 1 – Programas da Antena 3 por categoria, em percentagem .................................................... 35
Gráfico 2 – Música, por género, em percentagem .................................................................................. 36
Gráfico 3 – Total de música portuguesa emitida, Novembro/Dezembro .............................................. 38
Gráfico 4 – Percentagem de música portuguesa e estrangeira emitida no programa «Manhãs da 3» 48
Gráfico 5 – Percentagem de música portuguesa composta e interpretada em língua portuguesa por
cidadãos dos Estados membros da EU emitida no programa «Manhãs da 3» ...................................... 49
Gráfico 6 – Percentagem de música recente emitida no programa «Manhãs da 3» ............................. 49
Gráfico 7 – Percentagem de notícias por tema e/ou assunto nos espaços informativos do programa
«Manhãs da 3» ......................................................................................................................................... 50
Gráfico 8 – Percentagem de conteúdos promovidos por tema e/ou assunto no programa «Manhãs da
3» ............................................................................................................................................................... 51
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O CASO DA ANTENA 3
INTRODUÇÃO
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O CASO DA ANTENA 3
Ao mesmo tempo, impulsionada pelo advento dos meios de comunicação, com a
globalização fomentaram-se as ligações em rede dos mercados. Esta tendência rapidamente
se fez sentir no domínio dos meios de comunicação social, o que culminou com a criação de
grupos económicos de media com uma dimensão e influência mundial. Assistimos ainda ao
declínio dos “monopólios” dos meios de comunicação de serviço público devido ao
desenvolvimento da iniciativa privada.
Desde o seu aparecimento que os meios de comunicação têm marcado as gerações que
com eles têm vivido. Hoje, a Internet complementa-os e/ou aperfeiçoa-os desafiando-os a
repensarem a sua organização, a sua estrutura, a sua produção e mesmo os conteúdos que
difundem. Não obstante, da mesma maneira, auxiliam os indivíduos a associarem-se a essa
inegável tendência que cresce e que se consolida com o advento da Internet, a globalização.
As características e potencialidades da Internet impuseram ainda uma redefinição na
formação de grupos sociais, impulsionaram uma revolução no acesso à informação e uma
maior e mais livre circulação de conteúdos, sejam eles informativos ou de entretenimento.
No entanto, acima de tudo, todas estas transformações são apenas alguns dos imperativos
que obrigaram a uma redefinição dos princípios que pautaram durante anos a conduta dos
meios de comunicação tradicionais e em particular a rádio.
Não obstante, todo o carácter mercantilista e mediático que hoje contorna grande parte
das produções e dos conteúdos informativos, culturais e comunicacionais, leva-me a reflectir
acerca da importância da necessidade de se cultivar e conhecer a importância que um meio
de serviço público assume na sociedade.
O tema deste trabalho, O Serviço Público de Radiodifusão: o caso da Antena 3, revela
essa preocupação e essa vontade em compreender o papel dos pressupostos do serviço
público na sociedade em geral e nos jovens em particular. Após a definição do conceito de
serviço público, característico pela sua complexidade, procura-se perceber se a “Antena 3
está a cumprir a sua missão de serviço público no seu sentido amplo”. Para além desta
vontade em querer conhecer um pouco mais da complexidade que a definição de «serviço
público» acarreta, procuro ainda compreender de que modo esse conceito está a ser aplicado
e sob que forma se manifesta no mais jovem operador público de radiodifusão, a Antena 3.
Revela-se importante o conhecimento desta realidade, uma vez que são poucas as
abordagens teóricas e científicas que existem relativamente ao tema que apresento.
Possivelmente pela diminuição do mediatismo e, consequentemente, menor relevância da
rádio entre os jovens e entre a população em geral e depois, em parte, pelo desconhecimento
de que a Antena 3 é efectivamente um operador de radiodifusão sujeito aos postulados do
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O CASO DA ANTENA 3
serviço público definidos e estabelecidos pela lei e particularmente pelo contrato de
concessão de serviço público de radiodifusão.
A avaliação efectuada pelo provedor do ouvinte, José Nuno Martins, no relatório de
actividades da RTP de 20061, dava conta que a Antena 3 não cumpria a sua missão. O
provedor chega mesmo a afirmar que “a breve trecho, dificilmente será defensável, na
esfera pública, a sustentação do estipêndio dos fundos necessários para a manutenção de
uma rádio que não tenha – como actualmente não tem – qualquer significado em termos de
serviço público.”2
Também as reacções de muitos utilizadores, que escrevem e se pronunciam acerca desta
temática na Internet, não são positivas, tecendo várias críticas ao serviço prestado pela
Antena 3. Na maioria dos blogues e de outras fontes disponíveis que se encontram na Web
fica clara e expressa a opinião negativa que a maioria dos ouvintes tem em relação aos
conteúdos que têm vindo a preencher a grelha da programação da rádio.
Porém, nestes últimos anos temos vindo a assistir a uma revitalização dos meios de
serviço público na sociedade. Segundo o relatório sobre o serviço público de radiodifusão na
sociedade da informação, elaborado por Christian Nissen, “actualmente, na maior parte dos
países europeus, verificamos uma revitalização do sector dos media públicos. Graças a uma
concorrência sã entre os media privados e as empresas públicas, estas últimas definiram a
sua missão…”3. Neste sentido, procuram modernizar a sua imagem, expandir a qualidade
dos seus conteúdos online e cativar o público com a definição de uma grelha de programas
mais atractivos, informativos e, simultaneamente, pedagógicos e ao mesmo tempo
começaram a ser capazes de “competir” com os conteúdos de serviço privado, ainda que este
não deva ser o seu objectivo.
A Antena 3 conheceu no final do ano de 2007 – em Setembro - uma reestruturação da sua
grelha de programação. Apresenta agora uma maior diversidade de programas e uma
composição de conteúdos mais ampla. Aborda um leque mais vasto de temáticas e
proporciona mais espaços informativos, que dispõem por sua vez mais oportunidades de
participação. Na música continua a divulgar produtos portugueses e a aposta na produção
nacional foi incrementada. Todavia, online e em directo a música estrangeira ocupa um
espaço considerável de tempo no total da emissão diária. Os espaços de divulgação
cinematográfica são ocupados na sua maioria por produções de origem estrangeira. Estes são
1
MARTINS, José Nunes, Relatório de Actividades de 2006, consultado a 16 de Novembro de 2007
in, http://www.rtp.pt/wportal/grupo/provedor_ouvinte/images/Provedor_do_Ouvinte_Rel_Actividade_2006.pdf
2
Idem, Ibidem
3
Consultado a 10 de Junho de 2008 in, http://www.obercom.pt/content/105.np3
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O CASO DA ANTENA 3
apenas alguns dos pressupostos com que inicio a minha abordagem ao tema e à problemática
que defini.
Procura-se, desta forma, uma aproximação aos princípios e aos trâmites legais que
encerra o conceito de ‘serviço público’ e verificar de que forma estão a ser cumpridos ou
não no mais jovem operador da RTP que é a Antena 3.
Tema:
O SERVIÇOPÚBLICO DE RADIODIFUSÃO: O CASO DA ANTENA 3
Problemática:
Estará a Antena 3 a cumprir a sua missão de serviço público no seu sentido amplo?
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NOTA METODOLÓGICA
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O CASO DA ANTENA 3
9
MOREIRA, Carlos Diogo, 1994, Planeamento e Estratégias da Investigação Social, ISCSP, Lisboa, pág. 75
10
Idem, Ibidem, pág. 82
11
Idem, Ibidem
12
Conceito apresentado por Carlos Diogo Moreira significando: “Quando não surjam mais perspectivas analíticas a partir
de uma determinada situação.” (MOREIRA, 1994: 82)
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O CASO DA ANTENA 3
Capítulo I
A RÁDIO, A COMUNICAÇÃO E A SOCIEDADE
«Com a massificação dos meios audiovisuais, a multiplicação dos meios de expressão nas
novas redes digitais e a convergência de tecnologias, mercados, serviços e equipamentos, a
comunicação social constitui hoje um sistema de produção e difusão de informação e de
conhecimentos de enorme influência social.»
13
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O CASO DA ANTENA 3
auxiliando e coordenando a vida social dos indivíduos. Os meios de comunicação são hoje
entendidos como “instituições que exercem uma actividade-chave que consiste na
produção, reprodução e distribuição de conhecimentos (…), conhecimentos que podem dar
um sentido ao mundo, moldam a nossa percepção e contribuem para o conhecimento do
passado e para dar continuidade à nossa compreensão do presente.”15
A rádio será dos meios de comunicação tradicionais que mais tem lutado para o
cumprimento destas funções. Impulsionada pelos sucessivos desenvolvimentos da
tecnologia e dos novos meios de comunicação social, a rádio traçou um percurso notável ao
longo da nossa história. Ultrapassando as limitações políticas, que a usavam como
instrumento de propaganda por excelência, resistindo ao aparecimento da televisão em
meados do século XX e à quebra de receitas publicitárias que sustentavam as emissões, a
rádio vai surpreendendo, vai-se transformando e moldando em virtude das contrariedades
que o desenvolvimento da sociedade vai inscrevendo no tempo.
Mais recentemente é desafiada pelo aparecimento e progresso do digital. A rádio
reconhece nesta nova plataforma uma oportunidade de ouro para se reformatar, redefinir e
entrar de novo no circuito de concorrência no sector dos media, permitindo-lhe ainda uma
maior aproximação aos seus ouvintes e a conquista de novos tipos de público.
Todo o desenvolvimento operado na sociedade contribui para o aperfeiçoamento da rádio
e para o fortalecimento das suas potencialidades que contribuíram, de alguma forma, para
reduzir o mundo a uma «Aldeia Global». “Aldeia” essa onde há uma enorme facilidade de
intercomunicar com qualquer pessoa que nela vive, à semelhança do que profetizou o
sociólogo Marshall MacLuhan.
A rádio deu assim lugar à formação de novos valores, expressou a sua capacidade de
contribuir para o debate de ideias e de conhecimentos, bem como foi capaz de fomentar uma
aproximação cada vez mais intrínseca entre os acontecimentos locais e a população mundial.
Tudo isto proporcionado pelas características que desde cedo a rádio manifestou. Por poder
oferecer informação em primeira mão e sem custos adicionais; por permitir efectuar
actividades paralelas enquanto ouvimos a sua emissão; por não implicar um esforço
redobrado por parte do indivíduo em descodificar e interpretar a mensagem veiculada, entre
muitas outras. Apesar do seu carácter inicial pouco educacional, a rádio, quando aplicada à
informação e a comunicação social, revelou-se de imediato pelo seu «efeito surpresa» e pela
magia da voz que materializa, através do som, longas histórias, conversas, música e
momentos de lazer.
15
WOLF, Mauro, 2006, Teorias da Comunicação, 9.ª edição, Lisboa, Editorial Presença, pág. 51
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16
Art. 9º da Lei da Rádio, Lei n.º 4/2001 de 23 de Fevereiro, consultado a 5 de Junho de 2008
in, http://www.erc.pt/index.php?op=conteudo&lang=pt&id=73&mainLevel=folhaSolta
17
WOLF, Mauro, Teorias da Comunicação, 9.ª edição, Lisboa, Junho, 2006, Editorial Presença
18
JEANNENEY, Jean-Nöel, Abril de 2003, 2ª Ed., Uma História da Comunicação Social, Lisboa, Terramar, pág. 5
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O CASO DA ANTENA 3
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«A Emissora Nacional, à semelhança das suas congéneres europeias, foi criada no decurso de
um quadro político em que as rádios nacionais serviam os interesses do Governo. […] A
problematização do serviço público de radiodifusão em Portugal está intimamente associado à
história política e económica da RDP e à compreensão do passado e do momento da sua
implementação.»19
Paula Cordeiro
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22
CORDEIRO, Paula, Abril, 2003, A Rádio em Portugal - Consensos, Dialogismos e Interactividade: da palavra
analógica ao ouvido digital, Lisboa, FCSH – UNL, pág. 69
23
Idem, ibidem
24
Idem, ibidem
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25
CORDEIRO, Paula, 2007, Estratégias de programação na rádio em Portugal: O caso da RFM na transição para o
digital, UNL – FCSH, Lisboa
26
Idem, ibidem
27
Idem, ibidem
28
Idem, ibidem
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«As estações pertenciam a profissionais de outras actividades, mas amadores da rádio ou
senfilistas que, simultaneamente, instalavam os emissores e as pesadas antenas, eram os técnicos
de serviço, programavam e animavam esses programas. Havia comerciantes, gestores de hotelaria
e militares na primeira geração de radiófilos.»30
Rogério Santos
___________________________________
29
Lei n.º 33/2003, de 22 de Agosto, aprova a reestruturação do sector empresarial do Estado na área do audiovisual,
consultada a 13 de Julho de 2008
in,http://www.portugal.gov.pt/Portal/PT/Governos/Governos_Constitucionais/GC15/Ministerios/PCM/MP/Comunicacao/O
utros_Documentos/20030822_MP_Doc_SEE_Audiovisual.htm
30
SANTOS, Rogério, 2005, Comunicação e Sociedade, vol. 7, pág. 138, consultado a 10 de Junho de 2008
in, http://revcom2.portcom.intercom.org.br/index.php/cs_um/article/viewFile/4711/4425
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O CASO DA ANTENA 3
estações de serviço público. Passa a existir um serviço prestado pela rádio no sentido de
satisfazer os interesses dos seus ouvintes – teoricamente alheio à conquista de publicidade e
de lucro – e agradar, corresponder e colmatar as necessidades diversas do seu público.
O tempo e as entidades responsáveis aperfeiçoaram a regulamentação e neste sentido é
com base na Lei n.º 4/2001 de 23 de Fevereiro que aprova a Lei da Rádio que encontramos
definido na alínea a) do seu artigo 2º radiodifusão como “a transmissão unilateral de
comunicações sonoras, por meio de ondas radioeléctricas ou de qualquer outra forma
apropriada, destinada à recepção pelo público em geral.”
Da mesma maneira, a lei estabelece que a Rádio e Televisão de Portugal, SGPS, S. A.
(RTP), que incorpora a RDP, deve “produzir três emissões de âmbito nacional (sendo uma
de carácter pluritemático, outra de índole cultural e uma terceira vocacionada para o
público mais jovem); produzir emissões para as comunidades portuguesas residentes no
estrangeiro e para países de língua portuguesa; assegurar o direito de antena e de
resposta; manter arquivos sonoros e o Museu da Rádio; desenvolver relações de
cooperação e de intercâmbio com a União Europeia de Radiodifusão (UER) e outras
organizações internacionais.”31 A RDP congrega em si oito canais distintos, com o
objectivo de prosseguir com a sua missão e prestar um serviço de qualidade ao seu público.
São eles32:
31
Lei da Rádio, Lei n.º 4/2001 de 23 de Fevereiro, consultada a 8 de Abril de 2008
in, http://www.erc.pt/index.php?op=conteudo&lang=pt&id=73&mainLevel=folhaSolta
32
Consultado a 25 de Outubro de 2007 in, www.rtp.pt
33
CONCESSÃO: Licença, autorização ou alvará atribuídos pelo Estado mediante concurso público para funcionamento de
estações de rádio e de televisão. O Serviço Público de rádio de Televisão é também atribuído por concessão, em termos
específicos. (CASCAIS, 2001: 55)
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Consultado a 10 de Junho de 2008 in, http://tv1.rtp.pt/canais-radio/antena1/perfil.php?canal=1
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O CASO DA ANTENA 3
ao debate, da música mais proibida e apetecível aos momentos mais ritmados e deslizantes,
tudo isto é Antena 3. A música é o denominador comum mas serve também de trampolim
para outras descobertas: novas oportunidades, ambiente, sexo, dependências e outros
35
assuntos que tocam este Portugal a crescer, estão sempre sintonizados.” É assim que a
própria estação define e caracteriza o seu perfil na sua página on-line.
Numa entrevista de Jorge Alexandre Lopes, em 19 de Maio de 200136 ficamos a perceber
que “inicialmente, (antena 3) apresentou-se a nível promocional, através do “boca-a-
boca”, como uma estação local”. […] E durante um ano, um ano e meio, a estratégia do
“passa a palavra” conduziu a Antena 3 de 0 a 3º lugar na tabela nacional”.
As suas estratégias iniciais eram aproximar-se do público através de um diálogo mais
simples e indo de encontro aquilo que eram os gostos, as práticas e os problemas dos
ouvintes a que se dirigiam, aos jovens. Desta forma procuravam enveredar por uma oferta
distinta de conteúdos e de músicas que as suas principais concorrentes na época: “a TV, o
cinema, os vídeo game e a internet. Procurámos ser contemporâneos e trazer para a antena
todas essas coisas com as quais os ouvintes passam o seu tempo.”37
Uma das suas bandeiras sempre foi a promoção e divulgação da música portuguesa o que
se assumiu numa luta constante por se considerar que era difícil manter uma estação que não
passasse música comercial e já conhecida. O ideal foi juntar as duas coisas ainda que, como
refere Jorge Alexandre Lopes, essa não fosse uma vontade das rádios comerciais já que viam
a concorrência mais frágil sem música conhecida.
Recentemente, em Setembro de 2007, a Antena 3 promove uma reestruturação da sua
grelha de programação, os objectivos essenciais foram chegar a novos públicos e levar a
rádio para novos domínios promovendo a diferença em relação às rádios privadas. “O que
tentámos fazer foi chegar a outros universos e ir um pouco para além da música. […]
Promover novos valores e ajudar a descobrir novas potencialidades neste campo. Para
além do humor, apostámos em pequenos formatos que estão ligados ao nosso público e que
se calhar não tem o destaque que deveriam ter noutras estações de rádio que trabalham
para os mesmos escalões etários.”38 Uma das missões essenciais desta reprogramação da
estação foi ao mesmo tempo reforçar a identidade da Antena 3 aproximando a rádio ao
público não apenas através da música.
Também Rui Pêgo, director de programas da RDP, manifesta a mesma opinião,
considerando que o facto de a Antena 3 ser uma rádio musical só por si não é suficiente.
35
Consultado a 10 de Junho de 2008 in, http://ww1.rtp.pt/antena3/?article=4482&visual=15
36
Entrevista a Jorge Alexandre Lopes, 19 de Maio de 2001, in, http://www.terravista.pt/meiapraia/1082/r_ante3.htm
37
Idem, Ibidem
38
Entrevista realizada ao director-adjunto da Antena 3, José Mariño, a 10 de Abril de 2008
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“Durante muito tempo a rádio ficou presa à divulgação musical - com mérito e provas
dadas daquilo que era divulgação musical, daquilo que era divulgação das várias
tendências musicais universais – e um investimento claro naquilo que era um património
indiscutível daquilo que era música portuguesa e no apoio aos músicos portugueses às
novas gerações. Este conceito com a reformatação que fez não foi abandonado, antes
aprofundado. Isto é, a Antena 3 continua a investir nos músicos portugueses e
decididamente nas novas gerações, mas abriu de alguma maneira o leque, reservando uma
atenção especial, aos criadores portugueses independentemente de serem da música, do
cinema, literatura…”39
O público-alvo para o qual e sobre o qual é pensada a programação da estação é
essencialmente jovem – adulto, situando-se, de acordo com Rui Pêgo, entre os 21 e os 34
anos. O que não significa que não abranja outras franjas de público, podendo mesmo
alargar-se o público-alvo da Antena 3 dos 18 aos 44 anos.
A sua programação é hoje mais variada, continua a apostar na música, na divulgação e na
criação nacional e estrangeira. Proporciona debates, informação, novos programas de
inspiração humorística, reportagens, peças informativas sobre o ambiente, entre muitos
outros aspectos que serão abordados posteriormente. Também desenvolveu os esforços
necessários para marcar presença na Internet. Online, disponibiliza a sua emissão, um vasto
leque de ferramentas interactivas que proporcionam a participação dos ouvintes quer na
própria emissão, quer em passatempos e/ou fóruns de discussão e debate, curiosidades, links
para outras páginas online, entre muitas outras potencialidades. Em suma, na Internet, a
Antena 3, acrescenta à sua habitual emissão mais instrumentos para a participação do
público e aprofunda informações e outros conteúdos que veicula. Alguns dos seus lemas são
o reflexo da missão e dos objectivos a que se propõem: “Mais música nova!”; “A primeira
vez é sempre na 3”.
Neste sentido, por ser uma rádio que se destina a um público específico e que se deve
pautar pelos pressupostos definidos pelo conceito de serviço público, será importante dar a
conhecer que é do interesse de todos os cidadãos e dos jovens em particular o envolvimento
nesta problemática e fazer compreender que devemos tomar “parte activa no debate sobre
os media de serviço público na sociedade da informação.”40
39
Entrevista realizada ao director de programas da RTP - rádio, Rui Pêgo, a 15 de Abril de 2008
40
Consultado a 10 de Junho de 2008 in, http://www.obercom.pt/content/105.np3
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O CASO DA ANTENA 3
Capítulo II
SOCIEDADE e MEDIA de SERVIÇO PÚBLICO
___________________________________
Forças de mudança
- Revolução Digital: a Internet
- Globalização da Economia: Internacionalização e Concentração
- Comportamentos dos ouvintes: de audiência passiva a uma maior intervenção
- Monopólio e liberalização: os operadores privados
Desde o seu aparecimento que os meios de comunicação têm marcado as gerações que
com eles têm vivido. Hoje, a Internet complementa-os e/ou aperfeiçoa-os desafiando-os a
repensarem a sua organização, a sua estrutura, a sua produção e mesmo os conteúdos que
difundem. Todavia, não substitui os meios de comunicação social tradicionais como alguns
autores preconizavam. Apenas tem vindo a apresentar novas potencialidades e novas
características que obrigam os clássicos media a adaptarem-se aos novos contextos que a
mesma sugere.
41
MARTINS, José Nunes, Relatório de Actividades de 2006, consultado a 16 de Novembro de 2007
in, http://www.rtp.pt/wportal/grupo/provedor_ouvinte/images/Provedor_do_Ouvinte_Rel_Actividade_2006.pdf
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SERVIÇO PÚBLICO DE RADIODIFUSÃO
O CASO DA ANTENA 3
Manuel Castells (2004)42 disserta sobre as novas relações sociais e as novas formas de
sociabilidade; sobre as transformações nas relações laborais e na criação de novos empregos;
sobre a expansão da difusão da informação e do entretenimento.
Para Castells (2004), com a expansão da Internet nos EUA, após a década de 90,
verificou-se um crescimento da produtividade; fomentou-se a globalização dos mercados;
expandiu-se a técnica e a inovação, que conduziram a um maior crescimento económico.
Crescimento este que incutiu uma maior dinâmica em todos os sectores económicos
mundiais e que levou Castells a apresentar o conceito de «e_economia», para se referir a esta
“nova economia”. Uma economia que “emerge do interior da velha, como resultado da
utilização da Internet pelas empresas para os seus próprios fins e em contextos
específicos.”43 Fomentou-se então a criação de aglomerados económicos de media que
monopolizam a maioria das actividades de comunicação, informação e entretenimento. Tal
facto leva a que “La concentración limita la autonomia, en el caso de los médios de
comunicación, tiende a uniformar gostos y costumbres. Sin embargo, no podemos hablar de
democracia mediática sin que existan possibilidades efectivas de participación en las
decisiones y sin unos contenidos creados teniendo en cuenta el bien común.”44 Neste
sentido adianta o mesmo autor que “la rádio pública es necessária porque, sea del tipo que
sea, está obligada por su própria essência a procurar el bien común, puesto que dice estar
al servicio de todos.”
O “tempo da Internet” e da globalização do mercado dos meios de comunicação deram
lugar à criação de media pessoais e cada vez mais participativos, o que alterou
profundamente a relação dos meios de comunicação e a sociedade em geral.
Uma das alterações que preconizou foi precisamente a democratização no processo de
escolha dos conteúdos informativos e ainda consolidou a crescente segmentação do público.
Inicialmente, o acto de comunicar era descrito, na sua forma mais simples, num esquema
em que se colocava um agente emissor enviando uma mensagem para um público passivo.
Hoje, as potencialidades da Internet transformam toda a filosofia da comunicação. O
receptor da «mensagem» é simultaneamente o emissor. E a tradicional audiência passiva e
acrítica começou também a desenvolver um papel activo e construtivo no processo global de
comunicação. Este processo culminará assim numa maior liberdade, não apenas de
participação, mas igualmente de acesso, consulta e pesquisa. Esta liberdade está ainda
42
CASTELLS, Manuel, 2004, A Galáxia Internet: Reflexões sobre Internet, Negócios e Sociedade. Lisboa,
Fundação Calouste Gulbenkian
43
Idem, Ibidem, pág. 20
44
MERAYO, Arturo, 2005, La Radio Pública en Iberoamérica, Universidade Católica de Murcia, consultado a 10 de
Junho de 2008 in, http://bocc.ubi.pt/pag/merayo-arturo-radio-publica-iberoamerica%20.pdf
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SERVIÇO PÚBLICO DE RADIODIFUSÃO
O CASO DA ANTENA 3
associada à queda dos monopólios dos meios de serviço público na sociedade com o
aparecimento dos operadores privados. Estes tiraram proveito do princípio do pluralismo e
da liberdade individual para se implementarem e concorrerem com os media de serviço
público já instituídos.
45
MARTINS, José Nunes, Relatório de Actividades de 2006, consultado a 16 de Novembro de 2007
in, http://www.rtp.pt/wportal/grupo/provedor_ouvinte/images/Provedor_do_Ouvinte_Rel_Actividade_2006.pdf
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O CASO DA ANTENA 3
2.2- O SIGNIFICADO DOS MEDIA DE SERVIÇO PÚBLICO NA SOCIEDADE
________________
«Da imprensa à televisão e aos blogues, a comunicação social percorreu um longo percurso –
da raridade à abundância, do monopólio à concorrência. Hoje, perante novos desafios, a
comunicação social enfrenta no nosso país dificuldades decorrentes, nomeadamente, das
limitações do mercado publicitário, da ausência de hábitos de leitura, da insuficiência da indústria
audiovisual, da fragilidade da regulação, da governamentalização e da insuficiente afirmação do
papel dos serviços públicos de rádio e televisão.»46
___________________________________
Como ficou evidente anteriormente, ao longo das últimas décadas, podemos identificar
um conjunto amplo de mudanças que influenciaram diversas componentes estruturais da
sociedade, operando mudanças ao nível da economia, da cultura, da sociedade.
Repercutiram-se ao nível da “globalização, no declínio da esfera pública, no advento do
comercialismo e na fragmentação da ordem social.”47 Estas variáveis transmitiram ainda as
suas influências para o domínio dos media e preconizaram transformações ao nível do
serviço público em particular.
Não obstante, apesar do anunciado fim da rádio por parte de alguns críticos, a verdade é
que hoje se mantém como um meio de comunicação activo e capaz de marcar e surpreender
quem apressadamente pressagiou a sua «morte». Recorrendo à expressão de Arturo Merayo
“y sin embargo, más allá de los lamentos, en hogares, en el trabajo, en los automóviles, la
rádio siempre há dado muestras de una vitalidad indiscutible.”48 A rádio reuniu ao longo
dos tempos esforços necessários para admitir com naturalidade as transformações que os
imperativos sociais, económicos, culturais e tecnológicos lhe impuseram. Neste sentido,
Merayo acrescenta ainda que “si la rádio há demonstrado historicamente una gran
capacidad de adaptarse a las circunstancias para conectar permanentemente com las
necessidades de los ciudadanos, quizá haya sido precisamente por esse gusto en no
abandonar la autocrítica, en revisar una e outra vez sus próprios postulados.”49
Todavia são várias as questões que se impõem acerca do significado de uma rádio de
serviço público na sociedade actual. Efectivamente, tempos houve em que as grelhas de
programação das rádios de serviço público em muito pouco se distinguiam das grelhas
apresentadas pelos operadores privados. A lógica de programação era então baseada nos
46
Consultado a 16 de Outubro de 2007
in, http://www.portugal.gov.pt/Portal/PT/Governos/Governos_Constitucionais/GC17/Programa/programa_p022.htm
47
CRUZ, João Cardoso, 2002, Introdução ao estudo da Comunicação – Imprensa; Cinema; Rádio; Televisão; Redes
Multimédia, Lisboa, ISCSP, pág. 287
48
MERAYO, Arturo, 2005, La Radio Pública en Iberoamérica, Universidade Católica de Murcia, consultado a 10 de
Junho de 2008 in, http://bocc.ubi.pt/pag/merayo-arturo-radio-publica-iberoamerica%20.pdf
49
Idem, Ibidem
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SERVIÇO PÚBLICO DE RADIODIFUSÃO
O CASO DA ANTENA 3
resultados dos estudos de mercado, sem apresentar um rigor efectivo pelo cumprimento dos
pressupostos a que o serviço público estabelece. Neste sentido, passou a questionar-se “para
que serviria uma estação pública financiada quase exclusivamente pelo orçamento do
Estado ao prestar um serviço concorrencial com organismos privados, por ventura mais
vocacionados para o fazerem, quando o próprio serviço público parece preferir os canais
privados?”50 Qual a relevância do serviço público de radiodifusão?
Talvez depois da exposição dos vários indicadores que constituem o conceito de serviço
público fique mais clara a resposta a esta pergunta retórica. Mesmo assim apresento
resumidamente algumas das justificações presentes num relatório elaborado por Nissen
(2006)51, revelando algumas das obrigações do serviço público de radiodifusão na sociedade
que justificam, por sua vez, a manutenção deste conceito aplicado à rádio.
Estes princípios apresentam-se então como objectivos que se assumem, da mesma forma,
como obrigações do serviço público. Neste sentido, por assumirem um carácter obrigatório
dão resposta à questão prévia colocada. Se a sua missão for cumprida assegurará um serviço
de qualidade, plural, dinâmico, descomprometido, pedagógico, lúdico e interventivo sem
equivalente no mercado privado. Pelo menos assim se espera.
Não obstante, o objectivo de uma rádio pública deverá ser sempre o de servir as
audiências e não de se servir das audiências. Assim sendo, “el mejor sistema posible para la
rádio es aquele en el que una fuerte rádio pública convive com una vigorosa rádio
50
CRUZ, João Cardoso, 2002, Introdução ao estudo da Comunicação – Imprensa; Cinema; Rádio; Televisão; Redes
Multimédia, Lisboa, ISCSP, pág. 287
51
NISSEN, Christian S., Public Service Media in the Information Society, Fevereiro de 2006, consultado a 28 de Janeiro de
2008 in, http://www.coe.int/t/e/human_rights/media/1_Intergovernmental_Co-operation/MC-S-PSB/hinf(2006)003_en.pdf
52
Idem, Ibidem
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SERVIÇO PÚBLICO DE RADIODIFUSÃO
O CASO DA ANTENA 3
privada”53, de forma a perceber o que está em falta e o que deve ser oferecido a um público
que espera ter uma rádio ao seu serviço.
SERVIÇO PÚBLICO DE RADIODIFUSÃO, NISSEN (2006)54
SOCIEDADE:
‐ Coesão social e cultural;
‐ Diversidade cultural;
‐ Acesso Igual e universal;
MERCADO PRIVADO
Pode oferecer uma vasta
gama de conteúdos e
serviços. . OBRIGAÇÕES;
Mas não (ou pelo menos . CONTEÚDOS E
não é obrigado) difunde SERVIÇOS;
conteúdos com SERVIÇO PÚBLICO
“diversidade nacional e DE . QUEM PRODUZ
cultural”. RADIODIFUSÃO OS CONTEÚDOS;
Fundamenta o seu negócio .FISCALIZAÇÃO E
com base em receitas GARANTIA;
provenientes:
. MEIOS DE
‐ Publicidade; FINANCIAMENTO
‐ Subscrições;
‐ Pay‐per‐view
INDIVÍDUO:
‐ Quebra da audiência de Massa;
‐ Maior individualização;
‐ Maior orientação para o consumo;
53
MERAYO, Arturo, 2005, La Radio Pública en Iberoamérica, Universidade Católica de Murcia, consultado a 10 de
Junho de 2008 in, http://bocc.ubi.pt/pag/merayo-arturo-radio-publica-iberoamerica%20.pdf
54
Esquema traduzido do relatório elaborado por: NISSEN, Christian S., Public Service Media in the Information Society,
Fevereiro de 2006, consultado a 28 de Janeiro de 2008
in, http://www.coe.int/t/e/human_rights/media/1_Intergovernmental_Co-operation/MC-S-PSB/hinf(2006)003_en.pdf
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O CASO DA ANTENA 3
2.3. SERVIÇO PÚBLICO DE RADIODIFUSÃO
2.3.1 Aproximação à definição
__________________________
«Initially there was no significant doubt and discussion about the definition of public service
and the justification of its existence. The raison d’être was not in dispute. […]All changed due
largely to the emergence of competition from private, commercial media and the appearance of a
genuine market in Europe. »
Christian Nissen
___________________________________
55
CORDEIRO, Paula, 2007, Estratégias de programação na rádio em Portugal: O caso da RFM na transição para o
digital, UNL – FCSH, Lisboa
56
Lei n.º 4/2001 de 23 de Fevereiro, aprova a Lei da Rádio, consultada a 18 de Abril de 2008
in, http://www.erc.pt/index.php?op=conteudo&lang=pt&id=73&mainLevel=folhaSolta
57
Idem, Ibidem
58
Artigo 47º da Lei da Rádio, ibidem
59
NUNES, José Manuel, “Serviço Público de Radiodifusão”, 4 de Julho de 1997
in, http://www.telefonia-virtual.com/jmnspr.shtml
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SERVIÇO PÚBLICO DE RADIODIFUSÃO
O CASO DA ANTENA 3
condição suficiente para estabelecermos o conjunto de actividades a que estes radiodifusores
estão obrigados. “Pero desde luego la propriedad de la emisora no parece critério ni seguro
ni suficiente para extraer conclusiones acerca de la función que esta desempeña.”60
Não obstante, esta complexidade a par da impossibilidade de se reduzir o conceito de
«serviço público» a uma fórmula universal não impede que se sistematize um conjunto de
princípios capazes de transmitir a essência e a finalidade dos seus objectivos.
Neste sentido, pode entender-se como um radiodifusor de serviço público, um meio de
radiodifusão que depende jurídica e financeiramente do Estado e que, através de
mecanismos legais estabelecidos pela lei, deverá corresponder a um conjunto de missões de
âmbito cultural, pedagógico, tecnológico, informacional e recreativo que primem pela
qualidade, inovação, pluralismo, independência e se regrem pela satisfação do interesse
público e não se subjugue às exigências de um mercado concorrencial. Tudo isto, de forma a
assegurar, através de um conjunto positivo de obrigações, um serviço distinto e de qualidade
ao ouvinte. Deve ser uma rádio educativa, esclarecedora, formativa e pluritemática sem, no
entanto, descuidar no entretenimento e na programação cultural; livre e independente; de
ampla difusão e acesso público; equitativa na transmissão dos conteúdos; descodificadora da
realidade e do fluxo nacional e internacional de notícias; promotora de desenvolvimento
intelectual e humano; que incentive a investigação e o conhecimento e se assuma como um
agente de manutenção e divulgação dos elementos constitutivos da nossa identidade cultural.
Deverá ser uma rádio atenta, crítica, moderna e inovadora no que respeita às novas
tecnologias. Não deve ter como objectivo servir-se a si própria ou servir interesses de
terceiros, bem como, instituições de âmbito cultural, político, económico, religioso, entre
outros. Terá ainda como objectivos principais auxiliar o indivíduo a formar uma consciência
própria em prol de uma cidadania mais informada. Deve fundar-se na distinção dos
princípios dos meios de comunicação de serviço privado, tendo como objectivo último servir
o seu público/audiência e não servir-se do seu público/audiência e assim assumir a sua
missão social, por oposição a uma missão lucrativa e comercial.
Desta forma, poderemos sistematizar alguns dos princípios que encerram em si o conceito
de serviço público. À semelhança do que Nunes (1997) considerou, poderemos definir como
objectivos principais da missão de serviço público: a independência, a acessibilidade, o
pluralismo, a identidade e cultura nacionais, protecção dos interesses vulneráveis, a defesa das
minorias, a variedade, a investigação e o conhecimento. Acrescentaria a estes princípios a
distinção dos media privados e ainda a expansão para a internet.
60
MERAYO, Arturo, 2005, La Radio Pública en Iberoamérica, Universidade Católica de Murcia, consultado a 11 de
Junho de 2008 in, http://bocc.ubi.pt/pag/merayo-arturo-radio-publica-iberoamerica%20.pdf
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O CASO DA ANTENA 3
De facto, “tal como se encontra preconizada no nosso quadro constitucional, a missão
de serviço público só será inteiramente cumprida se, à partida, se mostrarem perfeitamente
delineados determinados objectivos e, consequentemente, se impuserem outras tantas
obrigações que, no seu conjunto, hão-de concretizar essa missão.”61
61
Contrato de Concessão do Serviço Público de Radiodifusão, 1999, consultado a 9 de Junho de 2008,
in, http://ww1.rtp.pt/wportal/grupo/pdf/contratoconcessaoradio.pdf
62
Ponto 2 do Contrato de Concessão do Serviço Público de Radiodifusão, 1999, consultado a 9 de Junho de 2008,
in, http://ww1.rtp.pt/wportal/grupo/pdf/contratoconcessaoradio.pdf,
63
MERAYO, Arturo, 2005, La Radio Pública en Iberoamérica, Universidade Católica de Murcia, pág.9, consultado a 11
de Junho de 2008 in, http://bocc.ubi.pt/pag/merayo-arturo-radio-publica-iberoamerica%20.pdf
64
NUNES, José Manuel, “Serviço Público de Radiodifusão”, 4 de Julho de 1997
in, http://www.telefonia-virtual.com/jmnspr.shtml
65
Ponto 7 do Contrato de Concessão do Serviço Público de Radiodifusão, 1999, consultado a 9 de Junho de 2008,
in, http://ww1.rtp.pt/wportal/grupo/pdf/contratoconcessaoradio.pdf
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O CASO DA ANTENA 3
Paralelamente a estes dois conceitos desenvolve-se a obrigação do operador de serviço
público garantir a universalidade de acesso às emissões que difunde. Pois apenas assim se as
anteriores características farão sentido. Assim sendo, “a cobertura do território nacional
deve ser integral, permitindo o acesso à totalidade da população, incluindo a das regiões
pouco povoadas, isoladas ou periféricas.”66
Uma rádio comprometida com o serviço público fica obrigada à promoção da identidade
e da cultura nacional. Com efeito, “isto significa não só que o radiodifusor se obriga a dar
cobertura a todo o tipo de eventos culturais nacionais, como a promover iniciativas que
reforcem a cultura do país. O mesmo se pode dizer em relação à educação de crianças e
adolescentes. O radiodifusor tem um papel importante no apoio educativo, no sentido lato,
às camadas jovens do seu público.”67 Como estabelece ainda o já referido contrato é
necessário que seja uma rádio “que promova e divulgue a criação artística nacional e o
conhecimento do património histórico e cultural do País, de expressão internacional,
vocacionada para a difusão da língua e cultura portuguesas.”68
Nesta área de promoção e divulgação da nossa identidade cultural, têm ainda lugar de
destaque o desporto, a saúde, a educação, a defesa do consumidor e ainda o ambiente, entre
outros.
2.3.1.3 Música
66
NUNES, José Manuel, “Serviço Público de Radiodifusão”, 4 de Julho de 1997
in, http://www.telefonia-virtual.com/jmnspr.shtml
67
Idem, ibidem
68
Cláusula 4ª do Contrato de Concessão do Serviço Público de Radiodifusão, 1999, consultado a 9 de Junho de 2008,
in, http://ww1.rtp.pt/wportal/grupo/pdf/contratoconcessaoradio.pdf
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O CASO DA ANTENA 3
2.3.1.4 Protecção dos interesses vulneráveis e satisfação das minorias
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O CASO DA ANTENA 3
posteriormente em informação de qualidade e consequentemente em conhecimento útil para
o ouvinte.
Este talvez seja uma característica que suscite maior controvérsia entre os críticos e os
autores que estudam o «serviço público» dos meios de comunicação. De facto, alguns
autores consideram que os media de serviço público não deverão implementar-se na Internet
por ser um meio que apresenta um custo adicional para que se possa aceder, logo não sendo
universal no acesso e consulta pública.
Não obstante, apesar da controvérsia, a expansão dos meios de serviço público para a
internet deverá assumir-se numa obrigação positiva, em virtude dos novos imperativos
sociais. O artigo 47º da Lei da Rádio estabelece que “constitui ainda obrigação da
Radiodifusão Portuguesa, S. A., incorporar as inovações tecnológicas que contribuam para
melhorar a eficiência e a qualidade do serviço de que está incumbida e da actividade de
radiodifusão em geral.”
A não aposta no digital faria com que os operadores públicos estariam a negligenciar
aqueles que já reconhecem na Internet um potencial determinante e vêem-na como um
instrumento privilegiado para aceder a qualquer conteúdo, nomeadamente de rádio. E,
assim, “o multimédia e a adopção da Internet enquanto plataforma alternativa de difusão
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O CASO DA ANTENA 3
deverão assumir-se objectivamente como missão de serviço público, numa lógica de
satisfação dos interesses do público, ainda que este possa ser minoritário.”72
Ficam assim traçados alguns dos objectivos e das obrigações que assistem o serviço
público de radiodifusão sonora. A par desta descrição fica igualmente demonstrada a
necessidade da existência, da manutenção e do debate em torno da missão a que está sujeito
um operador de serviço público. Pois, “sin embargo, no podemos hablar de democracia
mediática sin que existan posibilidades efectivas de participación en las decisiones y sin
unos contenidos creados teniendo en cuenta el bian común. Pues bien, la radio pública es
necesaria porque, sea del tipo que sea, está obligada por su própria esencia el bien común,
puesto que dice estar al servicio de todos. No dogo que la radio comercial y privada no
pueda hacerlo; digo que no está obligada a hacerlo.”73
72
CORDEIRO, Paula, 2007, Estratégias de programação na rádio em Portugal: O caso da RFM na transição para o
digital, UNL – FCSH, Lisboa
73
MERAYO, Arturo, 2005, La Radio Pública en Iberoamérica, Universidade Católica de Murcia, consultado a 11 de
Junho de 2008 in, http://bocc.ubi.pt/pag/merayo-arturo-radio-publica-iberoamerica%20.pdf
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O CASO DA ANTENA 3
Capítulo III
ANTENA 3: PROGRAMAÇÃO e CONTEÚDOS
Uma das alterações mais significativas no sector da rádio terá sido eventualmente o facto
de a emissão abandonar o seu carácter unívoco para passar a fomentar uma comunicação
cada vez mais bilateral. A rádio percebeu que ganhava em levar para «dentro» quem a ouvia
de «fora». O ouvinte ganha assim um papel de destaque na programação sendo muitas vezes
determinante para que alguns formatos/tipos de programa resultem “on air” e, em última
instância que todos os programas tenham sucesso ou não. A rádio estimula assim o seu
público a ser parte activa na sua existência, desenvolvendo o conceito de «medium
participativo» e permitindo que o ouvinte abdique da sua qualidade de ‘sujeito passivo’ para
ser parte integrante da emissão e da programação da estação.
Atenta e insatisfeita a rádio tem vindo a lutar por se manter na corrida com os novos
meios de comunicação e entretenimento, procurando contrariar a tendência de «ruído de
fundo»
74
que durante algum tempo assumiu.
Actualmente, o que parecia vir anunciar o fim da rádio assumiu-se no seu maior aliado, a
internet. A integração na Web permitiu à rádio ganhar uma imagem, passando a competir em
territórios que até então lhe estavam vedados. Essencialmente permitiu-lhe expandir os seus
conteúdos, aproximá-la de novos públicos e dar voz a novas estratégias comunicacionais que
a colocam de novo em jogo com os demais meios de comunicação.
Como anteriormente referido a Antena 3 é uma estação assumidamente musical com um
público com idades compreendidas entre os 18 e os 44 anos, sendo que apresenta um target
(grow target) principal situado entre os 21 e os 34 anos. O público que escuta a Antena 3 é
maioritariamente do sexo masculino (68,2%), sendo grande parte estudante ou pertencendo
aos quadros médios e superiores, de acordo com a caracterização sociográfica das audiências
levada a cabo pela Marktest (ver ANEXO 3). Geograficamente, a maior parte dos ouvintes da
estação é do Interior e do Litoral Norte do país, ao contrário do que se verifica nas demais
estações, cuja maioria da audiência reside na área da grande Lisboa.
74
CORDEIRO, Paula, Abril, 2003, A Rádio em Portugal - Consensos, Dialogismos e Interactividade: da palavra
analógica ao ouvido digital, Lisboa, FCSH – UNL, pág. 11
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O CASO DA ANTENA 3
Traçar e conhecer o perfil da audiência da estação assume-se como um passo determinante
para uma boa definição das estratégias de programação e para a satisfação dos ouvintes.
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O CASO DA ANTENA 3
ainda assim corresponder às expectativas de «todos» que a escutam. Deverá, no caso a
Antena 3, satisfazer um conjunto vasto de cidadãos e, da mesma forma, as minorias,
apresentar uma programação diferente, com conteúdos e serviços específicos e ao mesmo
tempo ser capaz de agregar, educar, entreter, difundir, dar a conhecer. Apesar da
multiplicidade de critérios a que uma estação desta natureza tem que responder, a sua missão
seria facilitada caso os documentos legais – entenda-se a lei da rádio e o contrato de
concessão de serviço público de radiodifusão – fossem revistos, repensados, actualizados e
mais pragmáticos nas funções que definem e a que submetem as rádios de serviço público.
Uma das conclusões deste trabalho, desenvolvidas posteriormente, é precisamente a
ambiguidade e relatividade do que está definido nos documentos citados, por serem pouco
precisos e possibilitarem múltiplas interpretações individuais.
Verificamos assim que a programação é pois uma actividade condicionada por um
conjunto de determinismos que obrigam, quem desenvolve essa tarefa, a um esforço e
atenção constantes para não se afastar daquilo que deverá ser “uma programação de
referência, inovadora e com elevados padrões de qualidade, que satisfaça as necessidades
culturais, educativas, formativas, informativas e recreativas dos diversos públicos.”76
É necessário, neste sentido, perceber qual o caminho que a rádio quer seguir. E nesta
análise não poderemos omitir que a Antena 3 é uma rádio de musical. Este é um facto, que
só por si, condicionará toda a estrutura e toda a estratégia da programação da estação. A
“Antena 3 é uma rádio musical. Ao longo do tempo a Antena 3, ao longo destes 14 anos,
afirmou-se no mercado e através daquilo que era a prestação do serviço como rádio de
música. Ponto.”77 No entanto é o próprio director de programas, Rui Pêgo, que reconhece
que o facto de a Antena 3 ser uma rádio musical não dará resposta a outras dimensões que
deverão ser contempladas na sua programação, para satisfazer outros objectivos. “Do ponto
de vista do serviço público ser uma rádio de música apenas, é curto. De acordo com a
minha interpretação da lei deve ser uma rádio de música, mas simultaneamente uma rádio
de música que conte. Isto é, que interage com a sociedade, que participe naquilo que são os
grandes temas da nossa sociedade, que deixe participar, que promova a interactividade e a
diversidade.”78 E é neste sentido que se procede então à reestruturação da grelha de
programas da Antena 3 em Setembro de 2007. Reforçar a aposta na música portuguesa e
simultaneamente levar para antena espaços com maior abertura para outros temas e outras
76
Lei n.º 4/2001 de 23 de Fevereiro, aprova a Lei da Rádio, consultada a 10 de Junho de 2008
in, http://www.erc.pt/index.php?op=conteudo&lang=pt&id=73&mainLevel=folhaSolta
77
Entrevista realizada ao director de programas da RTP - rádio, Rui Pêgo, a 15 de Abril de 2008
78
Idem, ibidem
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SERVIÇO PÚB
BLICO DE RADIO
ODIFUSÃO
O CASO DA ANTENA 3
áreas dee interesse. “Nesta muddança, nestte pequeno lifting de programaçã
p ão, o que ten
ntámos
fazer foi chegar a outros
o m pouco para além da música.”79
univeersos e ir um
Para alcançar allguns dos objectivos
o d
deste trabalh
ho é determ
minante a annálise da greelha de
program
mação da Anntena 3. Esta análise teeve como referência
r a programaçção apresenttada na
página da Internett. Consistiuu acima dee tudo no levantamen
l nto dos proogramas e no
n seu
agrupam
mento de accordo com a temáticaa que abord
da. A categoorização doos programas, por
género, teve como referência a definição presente naa página da estação. Ass percentageens que
de seguida serão exxpostas dizeem respeito ao número de program
mas (incluinndo rubricass) e não
ao temppo de emissãão dedicadoo a cada um
m deles.
G
Gráfico 1 – Prrogramas da Antena
A m (%)80
3 porr categoria, em
P
Programaçã o da Antena 3, por cattegoria / gé
énero de pro
ograma
Entrettenimento
6%
%
14%
Prograamas e pequeenos
6% formaatos de Magazzine e
52% 6% Inform
mação
Prograamas e pequeenos
12% formaatos "Especiaiss"
2%
2%
% Prograamas e pequeenos
formaatos de Debatee &
Opiniãão
F
Fonte: RTP on line in, http://w
ww1.rtp.pt/anteena3/?headline=
=15&visual=11&tm=epg
Música
Com
mo referido, a Antena 3 assume-sse, nas palaavras dos seeus responssáveis, com
mo uma
rádio marcadament
m te musical (identidadee que não é impedida legalmente)
l ). Neste sen
ntido, a
maioriaa da program
mação, cercaa de 52%, seja preench
hida com proogramas dedicados à música.
m
79
Entrevissta realizada ao director-adjuntto da Antena 3,, José Mariño, a 10 de Abril dee 2008
80
Para meelhor compreenssão da presentee análise à progrramação da Anttena 3 ver ANE EXO 8
Instituto Su
uperior de Ciências Sociais e Polítticas – UTL NÁRIO | 35
SEMIN
Comunicaçãão Social | 3º ano
o 2007/08
SERVIÇO PÚB
BLICO DE RADIO
ODIFUSÃO
O CASO DA ANTENA 3
Efecttivamente a Antena 3 teve desde sempre um
m forte ligaçção à músicca, em partiicular à
música portuguesaa. Nos seuss 14 anos de existênccia é inegávvel o seu aapoio à pro
odução
nacionaal e aos arttistas portuugueses. A sua prograamação proocurou sem
mpre reflecttir esta
vontadee, inscrevenndo na históória da ráddio portugueesa program
mas que maarcaram gerações,
como por exemploo, a «Quintaa dos Portuggueses». To
odas as quinntas-feiras era reservad
do este
espaço para a divvulgação, promoção e apoio ao que se ia produzindoo em Portu
ugal. O
program
ma é no entanto extintoo aquando da
d reestrutu
uração da programaçãoo em Setem
mbro de
2007. O objectivo, segundo Joosé Mariño,, não passa por desinveestir na mússica nacionaal, mas
antes “tter maior offerta em toddo o espaço de emissão
o (…) e mosstrar às pesssoas que a música
m
portuguuesa não toca na Anteena 3 só à quinta-feira
q a. Prestamoos muito meelhor serviçço se a
toda a hora
h e a quualquer moomento fizerr com que a música poortuguesa cchegue à an
ntena e
misturada com outrras músicass consiga.”81
8
No conjunto
c d 33 progrramas dediicados à música
de m são vários tam
mbém os espaços
e
reservaddos à ‘músiica nova’. Música
M com
m a qual o pú
úblico não está ainda ffamiliarizad
do, mas
que a estação divuulga e, por vezes,
v apoiaa. O ‘lema’’ poderá serr de algumaa forma ‘arriscar’,
“nós arrriscamos coom músicass que não são conhecidas e que podem
p ou nnão a vir a ser um
êxito.”822 Marca-se assim a differença do papel
p de um
ma estação privada,
p com
m comprom
missos e
objectivvos comerciais, que appenas toca aquilo ‘qu
ue as pessooas já conhhecem’ e definem
d
playlistss de forma científica.
c
m (%) 83
Gráfico 2 – Música, por Género em
Mú
úsica, po
or Géne
ero
15% Rock
/alternativvo/Metal
27% Música Portuguesa
15%
31% Hip‐hop/
Soul/R&B//Reggae
12% Dança/Elecctrónica
81
Entrevissta realizada ao director-adjuntto da Antena 3,, José Mariño, a 10 de Abril dee 2008
82
Idem, Ibbidem
83
A tabelaa foi definida dee acordo com a classificação dosd géneros mussicais apresentaada pela Antenaa 3. Consultado
o a 10 de
Junho de 2008
2 in, http://w &visual=11&tm=eepg (ANEXO 8)
ww1.rtp.pt/antena33/?headline=15&
Instituto Su
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SEMIN
Comunicaçãão Social | 3º ano
o 2007/08
SERVIÇO PÚBLICO DE RADIODIFUSÃO
O CASO DA ANTENA 3
No que respeita às rubricas, que integram outros programas musicais ou de
entretenimento mais gerais, são essencialmente pequenos apontamentos nos quais se
revelam ‘músicas do momento’; factos sobre canções da história; sugestões de
‘personalidades da rádio’ e ainda a ‘nova música nacional’.
Os programas de música na Antena 3 vivem entre a novidade e a revelação e também
entre as redescobertas e o revivalismo. Os ritmos e os géneros são vários e cruzam-se nas 24
horas de emissão da estação. Da análise efectuada à programação foram identificados
diversos géneros musicais, ainda assim, com principal incidência na música de dança e
electrónica e também música variada que congrega vários géneros musicais.
Quanto à música portuguesa surge organizada e alternada com a música estrangeira,
marcando presença ao longo dos vários programas de música da rádio. Ainda assim destaca-
se o programa «Portugália» preenchido apenas por música portuguesa. O mesmo destaque
merece o programa «Clique» já que encontra a sua originalidade na abordagem à música
portuguesa e às ‘bandas de garagem’. Estas, de acordo com a filosofia do programa, já não
emergem da ‘garagem’ propriamente dita, mas antes das redes sociais criadas com o
desenvolvimento da internet. O MySpace e o YouTube poderão ser apenas dois exemplos de
espaços onde poderão ser encontradas algumas bandas que habitualmente são descobertas
pela Antena 3 e animam este espaço musical.
Das estratégias de programação da antena vislumbra ainda o ‘top’, designado «Índice A 3
– 30», definido pela votação do público cujo resultado é apresentado ao fim-de-semana com
alguns apontamentos durante a semana.
Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas – UTL SEMINÁRIO | 37
Comunicação Social | 3º ano 2007/08
SERVIÇO PÚBLICO DE RADIODIFUSÃO
O CASO DA ANTENA 3
obrigações acrescidas. O legislador exige, igualmente, que, para além do cumprimento
previsto no art.º 44-A (fixado para 2007 em 25% da música emitida), o planeamento das
emissões tenha em consideração o previsto nos artigos 44-C e 44-G. Como já antes se
referiu, o primeiro determina que, da percentagem fixada em cada ano, 60% sejam
preenchidos com música composta ou interpretada em língua portuguesa por cidadãos dos
Estados membros da União Europeia. O segundo especifica que as percentagens devem ser
igualmente respeitadas na programação emitida entre as 07 e as 20 horas.
Assim, no mês de Novembro, dos 43,06% de música portuguesa emitida ao longo das 24
horas de emissão pela Antena 3 (n.º 1 do art.º 44-A), 44,81% foi emitida entre as 7 e as 20h
(n.º 2 do art.º 44º - G) e, dessa percentagem, 57,97% foi de música em língua portuguesa,
conforme o art.º 44-C da Lei da Rádio.”84
Fonte: ERC85
84
ERC, Relatório de Regulação de 2007, pág. 421, consultado a 10 de Junho de 2008 in,
http://www.erc.pt/index.php?op=conteudo&lang=pt&id=188&mainLevel=folhaSolta
85
Idem, Ibidem
86
Idem, Ibidem
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SERVIÇO PÚBLICO DE RADIODIFUSÃO
O CASO DA ANTENA 3
Contudo, as estratégias de programação levadas a cabo pela Antena 3 não passam apenas
pela aposta na música. Após a reestruturação da grelha de programas em Setembro de 2007
os objectivos passaram por abrir novos espaços dedicados a diferentes áreas da realidade
permitindo igualmente descobri e revelar novos talentos em domínios distintos dos da
música. E assim, “a Antena 3 continua a investir nos músicos portugueses e decididamente
nas novas gerações, mas abriu de alguma maneira o leque, reservando uma atenção
especial, aos criadores portugueses independentemente de serem da música, do cinema,
literatura…”87
Humor
O humor, bem como os espaços que lhes estão reservados, marcam presença ao longo da
emissão da estação, durante a semana, como ao fim-de-semana e dispersos pelas 24 horas
por dia.
O humor tem sido adaptado como uma estratégia de programação viável, não apenas na
rádio, como nos meios de comunicação em geral. É pois uma forma de expressão crítica e
irreverente capaz de suscitar o debate e a reflexão sobre grandes temas da actualidade, que
de outra forma pouco poderiam interessar a quem ouve a Antena 3. Para além de entenderem
o humor como uma forma eficaz de intervenção crítica na sociedade, José Mariño, entende-o
87
Entrevista realizada ao director de programas da RTP - rádio, Rui Pêgo, a 15 de Abril de 2008
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Comunicação Social | 3º ano 2007/08
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O CASO DA ANTENA 3
igualmente como uma oportunidade para abrir a grelha de programas a novos talentos nesta
área cada vez mais em voga. Desta forma, entende o director-adjunto que “faz todo o sentido
que a Antena 3, que é uma rádio em que o humor tem destaque, possa também fazer alguma
coisa por aqueles que estão agora a começar nesta área da mesma forma que tem feito com
a música. Promover novos valores e ajudar a descobrir novas potencialidades neste
campo.”88
Estes espaços humorísticos estão a cargo de nomes conceituados nesta área e com provas
dadas do seu talento na construção, elaboração e mesmo representação de textos com
elevado nível de sarcasmo, ironia ou simplesmente boa disposição. São eles, por exemplo,
Nuno Markl, Fernando Alvim, Rui Unas, Herman José, Bubu, António Machado, Manuel
Marques, Patrícia Castanheira, Susana Romana e Ana Bola.
«Cómicos de Garagem» é um dos espaços mais interactivos reservados para o humor. A
cargo de Rui Unas, o principal objectivo será mesmo a revelação de novos valores nacionais
na área da comédia que procuram um lugar para expor a sua criatividade e capacidade de
intervenção. O programa não limita qualquer tema para a participação, ficando ao critério
dos participantes desenvolver o seu texto e interpretação de acordo com as suas preferências.
É de salientar, no entanto, que temas como política, desporto, entre outros que marcam a
actualidade são frequentemente objecto das crónicas criadas pelos ouvintes.
Numa outra perspectiva, «Nuno & Nando» conseguem aliar o humor à entrevista
descomprometida, ao debate irónico e à conversa simples. Ingredientes capazes de motivar
quem os escuta, pois no meio de todos esses elementos são trazidos à antena temas com
grande importância e actualidade, com convidados pertinentes e preenchidos com a
participação do público.
Todos os outros espaços, «O tal País», «Condutoras de Domingo», «Há vida em Markl»,
«Portugalex» ou «O livro dos Porquês», por exemplo, pretendem essencialmente
complementar a emissão, procurando dar espaço a uma diversidade de temas, com
linguagem própria, capaz de entreter, informar e promover uma atitude crítica a quem ouve a
irreverência, ironia ou contestação dos seus animadores.
Entretenimento
88
Entrevista realizada ao director-adjunto da Antena 3, José Mariño, a 10 de Abril de 2008
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SERVIÇO PÚBLICO DE RADIODIFUSÃO
O CASO DA ANTENA 3
preenchidos por playlist, passatempos e pequenos formatos de música/palavra de autor ou
não.
Um exemplo prático será o programa da manhã, «Manhãs da 3», com José Mariño,
Cláudia Semedo e Nuno Markl, que é definido como um programa de entretenimento, cujas
três horas de emissão são preenchidas com pequenos formatos de humor, entrevistas,
trânsito e meteorologia, passatempos, rubricas de desporto, ciência e Internet, e também
informação sobre música e actualidade.
Informação
É na informação que parece estar presente a principal lacuna do serviço prestado pela
Antena 3. Pelas entrevistas realizadas, percebemos que os espaços informativos e noticiosos
na emissão são definidos após se perceberem qual a vontade dos responsáveis pela direcção
de programação e a direcção de informação.
A verdade é que até bem antes da reestruturação da grelha de programação os espaços
informativos estavam praticamente ausentes da emissão e eram dirigidos maioritariamente
para notícias sobre música. A partir da reestruturação a informação foi valorizada. A antena
3 conta agora com cerca de 13 espaços noticiosos de actualidade, nacional e internacional,
de hora a hora e com notícias de música (‘Curtas’), durante as 07:00 e as 19:00 horas. Cada
espaço dedicado à informação (notícias) não ultrapassa, em média, os três minutos.
Este incremento dos espaços noticiosos surge após se ter reconhecido que a informação
estava subaproveitada e desvalorizada na Antena 3 e que não seria uma forma correcta de
agir para com o público que a escuta, dado que este para se informar teria que optar por
escolher outra estação de rádio e abandonar a emissão da ‘3’. Assim, a vontade de Rui Pêgo
fica clara quando refere que “não quero uma informação dirigida como era até há pouco
tempo, dirigida aos jovens, apenas de música ou uma coisa assim “meia-light” (…). Quero
que quem ouve a Antena 3 tenha uma ligação com o mundo e com aquilo que está a
acontecer no país e no mundo. Ou seja, por ter como opção ouvir a Antena 3, não me
desliga da realidade. Portanto, no topo de cada hora – entre as 7h da manhã e as 7h da
tarde - tenho informação, uma síntese do que esta a acontecer.”89
Ainda assim, não poderemos omitir que outros espaços na emissão, como «Prova Oral»,
«Manhãs da 3», entre outros direccionados para o debate e/ou opinião, se esforçam por
89
Entrevista realizada ao director de programas da RTP - rádio, Rui Pêgo, a 15 de Abril de 2008
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O CASO DA ANTENA 3
abarcar uma diversidade temática e contemplar a informação, seja por meio de entrevista,
pequenas reportagens ou debates.
Já relativamente à reportagem a situação é diferente. Este género jornalístico que estava
presente frequentemente, por exemplo, no programa da manhã foi extinto. Era um elemento
significativo que diferenciava o programa da manhã dos homólogos das estações privadas
direccionadas para os mesmos públicos-alvo e que se assumia como uma mais-valia na
emissão da estação. Mas na verdade são questões de recursos humanos e financeiros que
impossibilitam essa vontade de trazer novamente a reportagem à emissão da Antena 3. “A
reportagem é no fundo a disciplina mais nobre da nossa actividade. A reportagem é
justamente isso: falar, perceber e ir ao encontro das pessoas e, portanto, sempre que for
possível nós teremos reportagem na Antena 3. A ideia de ter reportagem de manhã e ter o
repórter que de manha vá “picando” várias realidades e vários fenómenos é uma ideia à
qual nos queremos voltar, mas neste momento com o quadro que tem Antena 3 não é
possível.”90
“Para além do humor, apostámos em pequenos formatos que estão ligados ao nosso
público e que se calhar não tem o destaque que deveriam ter noutras estações de rádio que
trabalham para os mesmos escalões etários.”92 É desta forma que as estratégias de
programação da Antena 3 procuram abranger uma maior diversidade de conteúdos e temas,
dando espaço a programas definidos com temas particulares, como é o caso do «Borda
d’água», ou simplesmente criando pequeno formatos de palavra ou música para integrarem
outros espaços mais gerais. Estes pequenos formatos estão orientados para temas como o
cinema, as novidades musicais da semana, artes e espectáculos, desporto, ciência, Internet,
saúde, entre muitos outros temas. Visam essencialmente informar, entreter e divulgar
acontecimentos, feitos ou mesmo sugerir e orientar os ouvintes da Antena 3. Ao mesmo
tempo, complementam a emissão, oferecendo variedade nos conteúdos da programação já
que vão para além da música e da playlist.
Os espaços dedicados à divulgação e apoio às iniciativas de carácter cultural foram
alargados. São várias as dimensões culturais abordadas e os eventos que contam com a
parceria da estação. As produções culturais, as artes e os espectáculos, encenadores, actores,
90
Entrevista realizada ao director de programas da RTP - rádio, Rui Pêgo, a 15 de Abril de 2008
91
Contém programas e pequenos formatos de informação e magazine, debate e opinião, talk-show e música
92
Entrevista realizada ao director-adjunto da Antena 3, José Mariño, a 10 de Abril de 2008
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O CASO DA ANTENA 3
realizadores, bailarinos, pintores, escultores e outros agentes culturais ganham espaço no
programa de sábado «Borda d’água» com Raquel Bulha. A cultura, nas suas mais diversas
formas é sugerida e trazida para a antena sob forma de entrevista, reportagem, ou
simplesmente por sugestão. Particularizando o tema da cultura existem dois espaços
dedicados ao cinema, «Cinemax» e «Sala 3», nos quais são apresentadas as estreias de
filmes nacionais e/ou internacionais e todos os géneros de produções. Neste âmbito a Antena
3, assim como o grupo RTP, acompanhou aquele que é considerado como o maior festival
de cinema, o festival de Cannes. Este teve frequentes referências em antena. «A Antena 3
apresenta…» é igualmente um espaço onde as funções essenciais do programa se situam
entre o entretenimento, a informação e a divulgação. Mais comprometido com a música,
neste espaço são apresentadas entrevistas, concertos, DJ, grupos, realizadores, festivais,
entre outras actividades.
Por ser um tema actual e de interesse e preocupação públicos, o ambiente ganha um
espaço próprio na emissão da Antena 3. «Terra à Vista» conta precisamente aquilo que de
bom e mau vai acontecendo neste domínio e sugere acções, atitudes e comportamentos
(dicas) sobre o ambiente. Os conteúdos deste espaço podem passar por apresentar
actividades que estão a ser desenvolvidas na área da reciclagem e das energias alternativas,
em eventos que contemplam o contacto com o ambiente ou simplesmente sites capazes de
esclarecer e satisfazer dúvidas acerca deste tema que cada vez mais gera debate e discussão
no domínio público, e ganha expressão na agenda dos meios de comunicação social. A par
do ambiente são retratados outras áreas relacionadas com a ciência.
Ao nível da saúde destaca-se o programa destinado ao esclarecimento de dúvidas sobre
sexo e comportamentos sexuais. Abarcando um conjunto mais vasto de questões que
poderão estar mais ou menos relacionadas com esta área. Este espaço de esclarecimento e de
informação conta com a presença de um médico para garantir o rigor nas análises e nas
respostas que são dadas às dúvidas que podem chegar por meio dos ouvintes.
Os programas «Faz-te à Vida» e «Dependências» fazem justiça a um dos pressupostos a
que a Antena 3 está submetida em função da sua natureza de estação de serviço público.
Deverá consagrar na sua programação formatos que se dediquem à valorização, educação e
formação individuais e profissionais. «Faz-te à Vida» revela diariamente, concursos,
acções de sensibilização, eventos culturais e educativos, iniciativas de formação
profissional. Têm em conta as necessidades e as preferências do público que a escuta. Todos
os dias são várias as propostas apresentadas e, por vezes, repetidas durante as 24 horas de
emissão. Por seu lado, «Dependências» procura alertar e educar para os perigos,
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O CASO DA ANTENA 3
comportamentos ou atitudes em relação a alguns procedimentos que poderão ser nocivos
para os indivíduos. Os comportamentos de risco são frequentes, não apenas entre os jovens,
como na população em geral e é essencial alertar e esclarecer os ouvintes sobre os perigos
que estão ou poderão estar associados a determinado comportamento. Este formato fala de
todo o tipo de dependências, sejam elas drogas, ou outras, como distúrbios alimentares ou
mesmo as dependências que temos uns dos outros. Estes programas revelam uma
componente de acompanhamento permanente àquilo que é a realidade envolvente dos
jovens, levando-os, eventualmente, a despertarem uma atitude crítica em relação aos seus
comportamentos ou dos comportamentos de terceiros.
Neste sentido de informar e esclarecer o público para aquilo que vai preenchendo a
actualidade nas suas mais diversas dimensões, existe também o espaço «WWW». Está
reservado para sugerir páginas on-line com informações úteis ou assuntos de interesse geral
ou particular e que passa por sugerir sites sobre música, bandas e concertos, saúde,
tecnologia, informação, entretenimento e lazer, ambiente, ciência, economia, religião, entre
muitos outros assuntos.
Quanto ao desporto os espaços exclusivos para esta temática são curtos e orientados
maioritariamente para o ‘desporto rei’ que é o futebol. «Linha Avançada» é um espaço onde
o comentário de José Nunes se funde com a informação desportiva, mas que tem como
‘epicentro’ os acontecimentos desportivos na área do futebol, quer nacional quer
internacional. O espaço é preenchido igualmente com referências à imprensa desportiva e
aos jogos que vão sendo realizados durante a semana. Contudo, apesar do espaço ser
dominado pelo futebol, tal não invalida que outros assuntos sejam tratados neste formato.
Como é o caso de outras competições de carácter nacional e internacional que envolvam ou
não atletas portugueses.
Todavia, o desporto é um dos assuntos que vai marcando presença noutros programas
que não em «Linha Avançada», o único exclusivo para abordar este assunto. Os espaços
informativos fazem-no frequentemente e «Manhãs da 3» ou mesmo «Prova Oral» abordam,
por vezes, o tema sem se limitarem à análise do futebol. Durante o período de análise da
programação da estação foram sendo feitas entrevistas, análises e comentários a outras
modalidades. Relembro o triatlo, prova na qual Vanessa Fernandes já ganhou diversas vezes,
o campeonato de judo que decorreu em Abril no Pavilhão Atlântico, o campeonato de Ténis
que é presença habitual no Estoril, o Rally de Portugal, para o qual até foi criado um Blogue
e a Fórmula 1. São apenas alguns exemplos de que apesar de «Linha Avançada» poder,
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O CASO DA ANTENA 3
muitas vezes, não contemplar outras modalidades, estas não são abandonadas na emissão,
ainda que não ganhem um espaço próprio na grelha de programas.
Variedade regional
Um dos principais objectivos a que deverá a Antena 3 dar resposta será não se limitar
apenas àquilo que se passa apenas em Lisboa. É verdade que descentralizar terá custos
acrescentados e limitações de ordem técnica e humana para que a emissão seja feita com
qualidade. No entanto é necessário que os programas, os eventos, e as iniciativas apoiadas
pela estação não se limitem à Grande Lisboa como, por vezes, parece acontecer. Os
objectivos nesse sentido estão a ser desenvolvidos e parecem estar a ser concretizadas
medidas e critérios para darem resposta a esta necessidade e trazer o país para a rádio e levar
a rádio pelo país. Como reconhece Rui Pêgo, “é preciso definir critérios claros do que é que
são acontecimentos e iniciativas que valem a pena projectar em termos nacionais. Nós
temos vindo a trabalhar muito sobre esses critérios e já chegámos a algumas conclusões
que apontam justamente para aí, isto é, descentralizar, diversificar, construir uma rede
geográfica que abarque “todo o nacional”. Agora, faltam definir um conjunto de outros
critérios, que é: que iniciativas que acções, que eventos é que merecem e devem ter direito
essa projecção nacional.”93
No entanto, quer José Mariño, quer Rui Pêgo reconhecem que na programação não está
reflectida, para já, essa tendência. O único programa que descentraliza a emissão é
precisamente o ‘talk-show’ que se trava entre Lisboa e o Porto com Álvaro Costa e Miguel
Quintão, «Bons Rapazes». Ainda assim, para dar resposta a esta necessidade a estratégia da
Antena 3 passa por dar apoio, divulgando ou tornando-se a ‘rádio oficial’, a iniciativas e
eventos que tenham lugar noutras regiões que não Lisboa. Para citar alguns exemplos, e para
ir mais além do apoio que é e será dado a festivais de música como o Rock in Rio ou
Paredes de Coura, ‘Fantasporto’, concerto d’A Naifa na Guarda, The kills na Casa da Música
(Porto), ‘Kick Off the Rock Fest (Odemira), ‘Rock of Cantanhede’, Festival Musa
(Carcavelos), entre muitos outros.
Descentralizar a emissão é, no entanto, “uma dificuldade que a rádio tem no seu todo e
não só as rádios de Serviço Público.”94 Ainda que a vontade de descentralizar não seja
reflectida na programação, José Mariño apresenta uma sugestão alternativa para contornar a
situação ou pelo menos para atenuar essa realidade, considerando que a diversidade regional
93
Entrevista realizada ao director de programas da RTP - rádio, Rui Pêgo, a 15 de Abril de 2008
94
Entrevista realizada ao director-adjunto da Antena 3, José Mariño, a 10 de Abril de 2008
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SERVIÇO PÚBLICO DE RADIODIFUSÃO
O CASO DA ANTENA 3
existe todavia na estrutura humana da Antena 3 e que isso se transmite na emissão. “Temos
aos quadros e aos microfones pessoas que não são só de Lisboa. Temos pessoas de outras
zonas do país e isso também traz alguma diversidade àquilo que é a Antena 3. Agora
programas marcadamente regionais não temos, temos às vezes quando a rádio também sai
do estúdio e vai a outros pontos do país. Mas temos noção e temos essa preocupação de
tentar descentralizar. Fazemos coisas marcadamente lisboetas, mas tentamos lutar contra
isso.”95
Será certamente uma política a rever e a aperfeiçoar uma vez que até como percebemos
no quadro da caracterização sociográfica da audiência da Antena 3 (ver ANEXO 3), uma
grande parte é do Interior (26,0%) e Litoral Norte do país.
Passatempos
Os passatempos são mais um elemento que permite ‘abrir’ a rádio ao ouvinte e fazer com
que este se torne parte activa da emissão. Para além do número gratuito possibilitar a
participação de todos os cidadãos nos passatempos, permite-lhes ainda interagir com os
animadores de uma forma instantânea e imediata.
Para além da possibilidade de participação, os prémios são frequentemente culturais,
como livros, CD, DVD e bilhetes para espectáculos.
95
Entrevista realizada ao director-adjunto da Antena 3, José Mariño, a 10 de Abril de 2008
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SERVIÇO PÚBLICO DE RADIODIFUSÃO
O CASO DA ANTENA 3
frequentemente. Pelo que a estrutura da programação se mantém semelhante durante muito
tempo.
E, neste sentido, procedeu-se à selecção da semana para a escuta dos programas. Para o
efeito recorreu-se ao tipo de amostragem probabilística96. Construindo-se, posteriormente,
uma amostra casual simples, com um método de selecção de números aleatórios a partir de
uma base de amostragem.
A amostra casual simples é considerada a forma mais directa de se obter uma amostra
probabilística, porque “não só dá a cada elemento da população uma oportunidade igual de
ser incluído na amostra, mas também toma igualmente provável a escolha de todas as
combinações possíveis de um número desejado de casos.”97 Por seu lado, através dos
números aleatórios “é atribuído um número de identificação exclusivo a cada membro da
população.”98
Desta forma, procedeu-se à numeração das 52 semanas do ano, excluindo, no entanto, as
semanas que continham feriados ou outras datas comemorativas, uma vez que poderiam
apresentar uma programação alternativa ao que é habitual. E, assim sendo, foram excluídas
as semanas números: 1; 6; 12; 17; 18; 21; 24; 33; 40; 44; 49; 50 e 52. Realizado o sorteio, a
semana estabelecida foi a semana 25 que corresponde aos dias 16 a 20 de Junho de 2008.
A escuta dos programas foi acompanhada de anotações para obtermos algumas
conclusões importantes para este estudo.
96
“Estas podem incluir um primeiro tipo de segurança contra resultados enviesados – a capacidade para especificar as
probabilidades de que os resultados da amostra não se afastem, em mais do que determinada medida, dos valores reais da
população. Podem, também, incluir um segundo tipo de segurança, ou seja, uma garantia de que seja seleccionado um
número suficiente de casos de cada estrato significativo da população a fim de dar uma estimativa desse estrato.”
(MOREIRA, 1994: 85)
97
MOREIRA, Carlos Diogo, 1994, Planeamento e Estratégias da Investigação Social, ISCSP, Lisboa, pág. 85
98
Idem, Ibidem, pág. 86
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BLICO DE RADIO
ODIFUSÃO
O CASO DA ANTENA 3
«Manhãs da 3»99
O prrograma é emitido
e de segunda a sexta-feira,
s entre as 077:00h e as 10:00h, maarcando
presença no horárioo onde a maaioria das peessoas escu
uta rádio, o ‘drive
‘ time’.
A annálise efecttuada permitiu concluir, acima de
d tudo, quue o prograama é um espaço
mático e coomposto por um vastoo conjunto de pequenoos formatoss de músicca e de
pluritem
palavra.. Engloba uma
u diversiddade de assuuntos que são
s abordaddos de formaas distintas,, sejam
por entrrevista, repoortagem, em
m directo, por
p correspo
ondentes. Exxistem freqquentes referrências
a assunttos abordaddos pela im
mprensa. A informação,
i , o trânsito,, a meteoroologia, o hu
umor, o
desportoo e a músicaa, são os coonteúdos maais significaativos do proograma.
Ao nível
n da mú
úsica, «Mannhãs da 3» espelha aq
quilo que é a Antena 3 no seu todo. Ou
seja, o próprio
p proggrama cumppre os requiisitos exigid
dos de acorddo com o arrtigo 44º daa Lei da
Rádio que
q estabeleece as quotas e a definee música porrtuguesa.
Cerca de 70% da
d emissão do program
ma é preencchido com música
m estraangeira. A música
m
portuguuesa correspponde a apennas cerca de
d 30% da música
m tocadda nas «Maanhãs da 3»
». Estes
valores reflectem, de alguma forma, a preocupação
p o em o proggrama cum
mprir, por sii só, as
quotas de
d música portuguesa estabeleciddas pela leii, fixadas entre os 25%
% e os 40%
%. Não
mente, a aposta na músiica portuguuesa, para allém do
obstantee, como ficou evidentee anteriorm
cumprim
mento de um imperativo legal esstabelecido na lei, apreesenta-se taambém com
mo uma
opção editorial
e da Antena
A 3.
99
A análisse efectuada ao programa encoontra-se em ANE
EXO (12) ao presente trabalho.
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O CASO DA ANTENA 3
Fon
nte: Antena 3
Notta: A classificaçãoo da música obeddeceu às definiçõees consagradas naa Lei da Rádio.
Tenddo como refferência a percentagem
p m de músicaa portuguesaa referida nno gráfico an
nterior,
é de saalientar ainnda que cerrca de 80%
% é músicaa compostaa ou interppretada em língua
portuguuesa por cidadãos doss Estados membros da
d União Europeia.
E O artigo 44
4º - C
estabeleece uma perrcentagem de
d 60%, valoor francameente superaddo no progrrama analisaado.
Fon
nte: Antena 3
Notta: A classificaçãoo da música obeddeceu às definiçõees consagradas naa Lei da Rádio.
Dos cerca de 300% de músiica portuguuesa que toccou nas emiissões do prrograma, ceerca de
56% é música
m recente. Músicaa cuja 1ª ediição fonográfica ou com
municação ppública tenh
ha sido
efectuadda nos últim
mos 12 mesees, de acorddo com o arttigo 44º - D da Lei da R
Rádio.
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Gráfico 6 – Percentageem de música
a recente emittida no progrrama «Manhã
ãs da 3»
Fon
nte: Antena 3
Notta: A classificaçãoo da música obeddeceu às definiçõees consagradas naa Lei da Rádio.
Na informação
i o, o prograama conta com três espaços,
e noo topo da hhora, dedicados a
notíciass de inform
mação geral. São notíccias que aco
ompanham o país e o mundo e dizem
respeitoo aos mais diversos
d assuuntos e tem
mas, de acord
do com as dinâmicas
d da actualidad
de.
Se analisarmos as notíciass por granddes temas e/ou
e assuntoos, verificam
mos que ceerca de
30% daas notícias são
s sobre ‘sociedade’. Seguidamen
nte os temaas que mais marcam prresença
nos espaaços inform
mativos são relacionado
r os com a política e o deesporto. Reffira-se, no entanto,
e
que apeesar de o deesporto ser um tema frequenteme
f ente presennte nas notíccias do pro
ograma,
este esteeve em maiior destaquee durante a semana de análise porr coincidir ccom o camp
peonato
europeuu de futeboll de 2008 (Euro
( 2008, Áustria – Suíça), no qual a seleecção nacio
onal de
futebol marcou preesença.
Educcação, ambiiente, saúde, economiia, são iguaalmente exeemplos de temas aborrdados,
ainda quue com mennor frequênccia.
Gráfico 7 – Percentagem
P d notícias po
de or tema e/ou assunto nos eespaços inforrmativos
do progrrama «Manhã
ãs da 3»
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Fon
nte: Antena 3
Fon
nte: Antena 3
«Prova Oral»
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A versatilidade do programa permite que nele seja abordada uma diversidade substancial
de temas, dando resposta a inúmeras dimensões da realidade. Política e eleições, saúde e
Interrupção Voluntária da Gravidez, cancro, eventos culturais, exposições, escritores e
literatura, cinema, artes e espectáculos, viagens e lazer, comportamentos de risco,
perturbações e dependências, música, arquitectura, finanças, entre muitos outros. O
programa marca presença, em directo, de 2ª a 5ª-feira e está na grelha de programação há
muitos anos.
Uma das preocupações essenciais dos seus responsáveis é fazer com que os ouvintes
sejam parte activa do debate e que complementem aquilo que vai sendo dito em estúdio.
Mais recentemente uma das preocupações essenciais é levar as mulheres a participar no
debate e na rádio em geral. Isto porque como ficou anteriormente explícito, a participação
feminina na rádio, seja ouvindo ou participando, é significativamente menor que a
participação masculina.
Os trunfos deste programa são essencialmente a potencialidade da interactividade que
oferece, assim como, a diversidade temática que aborda evitando o cansaço e a formatação
rígida do programa. Alia a estes elementos a boa disposição e a conversa simples dos
animadores que conduzem a emissão.
Na análise ao programa foram quatro os temas debatidos e explorados ao longo das
emissões. (ver ANEXO 12) ‘Como vencer nos exames?’, ‘Socorro, estou grávida!’, ‘O
regresso das feministas’, ‘No data’, são alguns dos exemplos da versatilidade temática que
apresenta este programa. Assuntos diversos e interessantes que são debatidos com a
presença de convidados que estão intimamente ligados ao tema central da emissão. A
conversa vai sendo gerida de uma forma leve e natural, sem preconceitos e esclarecedora.
Pelo meio vai contando com a participação e intervenção dos ouvintes. A boa disposição e a
abertura com que se debatem, desde temas mais complexos a temas mais comuns, fazem
com que a mensagem passe e chegue aos ouvintes da estação de uma forma clara.
A emissão em FM é complementada no blogue presente na página Web da Antena 3,
dispondo de um arquivo dos programas já realizados em podcast e com um complemento de
texto a cada assunto debatido na emissão. O e_mail, a par do telefone, possibilita a
interacção e participação imediatas com a emissão em FM.
Por outro lado, «Prova Oral» é um exemplo de que na programação da Antena 3 poderão
estar em falta alguns formatos que se direccionem para temas particulares. Mas a verdade é
que a grelha de programação não poderá ser construída com base nas percentagens dos
temas que deverão ser abordados. Retiraria identidade à estação e a grelha de programação
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O CASO DA ANTENA 3
ficaria saturada com a diversidade de programas orientados para cada tema em particular,
como por exemplo, política, economia ou religião. “Não estamos a fazer o programa a
calcular as percentagens temáticas, mas esses assuntos são abordados. Quando houve o
referendo para a interrupção voluntária da gravidez isso foi abordado em emissões
especiais da “Prova Oral”. Era um assunto que fazia sentido ser abordado de forma
diferente daquilo que teve eco na televisão ou na Antena 1. Tentamos adaptar a realidade à
rádio e à nossa maneira. O Serviço Público é eficiente quando consegue que assuntos que
no seu todo não interessam - deveriam interessar - interessem ao público que nos ouve.”100
100
Entrevista realizada ao director-adjunto da Antena 3, José Mariño, a 10 de Abril de 2008
101
Entrevista realizada ao director de programas da RTP - rádio, Rui Pêgo, a 15 de Abril de 2008
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O CASO DA ANTENA 3
Sem existirem programas marcadamente temáticos e/ou direccionados para assuntos
particulares e que são de interesse público, esses mesmos assuntos são frequentemente
integrados noutros formatos, de debate, opinião ou informação e não são excluídos da
programação da Antena 3. O essencial é perceber que é “preciso adequar a mensagem
àquilo que é um público-alvo da estação.”102
3.2 - INTERNET NO CONTEXTO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO TRADICIONAIS:
Características, implicações e transformações no sector dos media.
___________________
«Os motores de busca da Rede são cada vez mais poderosos e fáceis de utilizar, e ameaçam
mesmo tornar-se os sistemas básicos operativos dos computadores pessoais. As ligações entre os
computadores e o sistema telefónico são cada vez mais rápidas, à medida que a velocidade dos
modems e a largura de banda disponível aumentam. O sistema telefónico está a ser
progressivamente digitalizado, e a fibra óptica está cada vez mais difundida. De um modo
crescente, o acesso processa-se através de ligações sem fio (por exemplo, telemóveis). Em breve, a
ligação poderá ser feita directamente para satélites em órbita baixa, como o Teledesic de Bill
Gates ou o Iridium da Motorola. E o acesso à internet está cada vez mais difundido por todo o
planeta, quebrando barreiras e fronteiras, mesmo em países com sistemas sociais ou políticos mais
ou menos fechados, tal como profetizava McLuhan com a sua teoria da Aldeia Global.»103
____________________________________________
102
Entrevista realizada ao director de programas da RTP - rádio, Rui Pêgo, a 15 de Abril de 2008
103
SOUSA, Cristiana, “O Futuro da Comunidade Virtual”, consultado a 2 de Junho de 2008
in, http://www.citi.pt/homepages/espaco/html/futuro.html
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O CASO DA ANTENA 3
reduzir o mundo a uma «Cidade Virtual», onde há uma enorme facilidade de interagir com
qualquer pessoa que nela vive.
Desde o seu aparecimento que os meios de comunicação têm marcado as gerações que
com eles têm vivido. Hoje, a Internet complementa-os e/ou aperfeiçoa-os desafiando-os a
repensarem a sua organização, a sua estrutura, a sua produção e mesmo os conteúdos que
difundem. Não obstante, da mesma maneira, auxiliam os indivíduos a associarem-se a essa
inegável tendência que cresce e que se consolida, em parte, com o advento da Internet, a
globalização.
A Internet é, neste sentido, uma ferramenta que possibilitou a criação de uma Sociedade
em Rede,104 que deverá fundar-se na possibilidade de participação e interacção democrática,
entre o indivíduo e as instituições sociais, para a construção de uma sociedade mais
esclarecida e um mundo melhor.
A Internet é, hoje, dos mais versáteis meios de comunicação por reunir, de uma forma
única, a palavra, a imagem e o som, permitindo utilizar essas ferramentas num vasto leque
de aplicações que nos proporcionam informação, lazer, divertimento, conhecimento e
interacção.
As particularidades que diferenciam a Internet produzem, inevitavelmente, consequências
directas ou indirectas nos meios de comunicação tradicionais. A Internet vem assim criar
novas plataformas interactivas; novos espaços de debate; novos processos de produção e
difusão de informação e entretenimento e desenvolve ainda características atractivas capazes
de despertar a atenção dos publicitários, desviando muitos investimentos financeiros que, até
então, eram exclusivos dos meios de comunicação tradicionais.
Assim sendo, passamos a assistir a uma progressiva integração dos meios de
comunicação tradicionais na plataforma digital, como forma de captar potenciais
investidores e atingir um novo sector de público.
A verdade é que estes progressos sucessivos e cumulativos da técnica e dos meios de
comunicação em geral impulsionaram novas relações sociais de carácter instantâneo e
virtual, alterando, em muito, toda a filosofia da sociedade e mesmo a visão que temos de nós
próprios. A Internet permitiu a construção de uma “realidade” que convida os utilizadores a
pertencerem e a partilharem as suas experiências em “comunidades virtuais”. Estas
comunidades são versáteis e implicam novas formas de comunicação que terão repercussões
nos modos de produzir e difundir a informação.
104
CASTELLS, Manuel, 2004, A Galáxia Internet: Reflexões sobre Internet, Negócios e Sociedade. Lisboa,
Fundação Calouste Gulbenkian.
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O CASO DA ANTENA 3
Os media tradicionais não poderiam ficar eternamente a reclamar a posição que
antigamente alcançaram sem se adaptarem às novas circunstancias oferecidas pela Internet.
Desta forma, esses mesmos meios de comunicação tradicionais viram-se obrigados a
reestruturar as suas concepções no que respeita ao processo de recolha, processamento e
difusão de informação.
A Internet criou assim profundas e significativas transformações nos sectores dos meios
de comunicação. “Graças à integração digital do som e da imagem, assistiu-se também à
crescente interligação entre as ligações telefónicas, os bancos de imagens, os
videogravadores e as mensagens multimédia…”105. Existe assim uma integração de
actividades que anteriormente eram desenvolvidas individualmente. Todas estas mudanças
criam a necessidade dos meios de comunicação darem resposta aos novos imperativos
sociais, ou seja, é necessário que se integrem na “rede” para poderem fazer parte da
realidade virtual, ao mesmo tempo que aperfeiçoam as suas técnicas para satisfazer o
público que continua a consumir o produto tradicional.
A era da digitalização deu oportunidade a uma significativa revolução no domínio da
leitura, potenciou o progresso nos mecanismos inerentes à difusão e à circulação da
informação, desenvolveu novas e amplas formas de concretizar a interactividade e,
consequentemente, conduziu-nos a um processo de maior liberdade intelectual e ao mesmo
tempo garantiu uma maior democratização.
Desta forma, a indústria dos media tradicionais – e em particular o mercado da rádio –
necessita de se adaptar ao seu público/consumidor de modo a cativar a atenção das pessoas.
Isto tem sido conseguido através da criação e da ampliação de blogs, disponibilização de
conteúdos em formato mp3 ou em podcast106, através da expansão de redes sociais online,
do e_mail, entre outras ferramentas.
A Internet fomentou assim a liberdade de participação dos indivíduos nas emissões
clássicas de rádio, televisão e mesmo na imprensa, graças ao desenvolvimento do conceito
de “participatory media”, sem, no entanto, afastar o seu público habitual. Pelo contrário, no
caso da rádio, a Internet revelou-se uma vantagem e uma aliada na aproximação entre o
ouvinte e a estação disponibilizando a emissão online ao mesmo tempo que lhe associa
novos conteúdos, novas formas de promoção e de participação e imagens.
105
Compose Yourself, 20 de Abril de 2006, from the economist print edition. Consultado a 11 de Junho de 2008
in, http://www.economist.com/surveys/displaystory.cfm?story_id=6794240
106
Por podcast podemos entender uma nova forma de expressão e uma oportunidade para a rádio uma vez que permite
levar a rádio mais longe e a mais gente. Funciona como uma nova forma de disponibilizar outros conteúdos que não se
enquadram nas formatações de rádio (…) às vezes com bastante sucesso e lucro. BONIXE, Luís, Um olhar sobre o
Podcasting Português, consultado em 6 de Maio,
in, http://radioejornalismo.blogspot.com/2006/05/un-olhar-sobre-o-podcasting-portugues.htlm
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O CASO DA ANTENA 3
Assim, desta ligação mais próxima da rádio com a Internet resultaram as Web rádios.
Trata-se de uma reformulação do conceito de rádio tradicional, pois passa a despoletar
múltiplos estímulos sensoriais. A comunicação processa-se de forma global e os ouvintes
passam a ser utilizadores, beneficiando da interactividade, ferramenta essencial para a
construção de uma comunicação processada nos dois sentidos. É neste contexto de Web
rádio que se afirma que os receptores da mensagem radiofónica passam a “produtores da
comunicação”.107
As potencialidades da Internet deram lugar à criação de media pessoais e cada vez mais
participativos, o que alterou profundamente a relação dos meios de comunicação e a
sociedade em geral.
Neste contexto, a página web da Antena 3 evidencia algumas características particulares,
não apenas ao nível da sua concepção gráfica e programática, mas também na sua dimensão
organizacional e legal sob a qual é desenvolvida. A página on-line da estação está integrada
na página do grupo RTP, S.A., ficando sujeita a alguns pressupostos que regem o grupo no
seu todo e não apenas a estação Antena 3. Assim sendo, em entrevista ao director de
programas da RDP, Rui Pêgo, percebemos qual a organização existente, justificando ainda a
razão pela qual a página da Antena 3 tem publicidade quando a emissão em FM não tem por
limitações legais adstritas ao contrato de concessão de serviço público de radiodifusão:
“digamos que com a fusão entre a rádio e a televisão, fundiram-se dois mundos que têm
posições diferentes. Tínhamos a RTP-SA e a RDP-SA. Quando estas duas empresas se
fundiram na Rádio e Televisão de Portugal, RTP-SA, e que tem como áreas operacionais a
rádio, a televisão e a multimédia. Estas duas últimas têm uma componente comercial que a
rádio não tem. Quando a rádio faz mutimédia entra neste ambiente. Não é a página da
Antena 3 que tem publicidade, mas o portal onde a página da Antena 3 se encaixa que tem
publicidade: que é o portal da RTP.”108
Um dos objectivos essenciais do grupo RTP é aproximar os ouvintes à rádio e revêem na
Internet uma oportunidade de ouro para materializar essa vontade. “Temos que ter atenção
aos conteúdos on-line porque ao contrário do que se possa pensar a internet surge como
uma concorrente à rádio - se olharmos para os meios isoladamente. No entanto a internet
também é rádio. Nós temos é que saber usar a Internet para poder promover a rádio e fazer
com que mais pessoas se liguem a rádio em FM ou mesmo apenas on-line.”109 A Internet -
ao contrário das previsões que a reconheciam como mais um instrumento que a par da
107
CORDEIRO, Paula, “Rádio e Internet: novas perspectivas para um velho meio”, pág.4, consultado a 15 de Abril de
2008 in, http://www.bocc.ubi.pt/pag/cordeiro-paula-radio-internet-novas-perspectivas.pdf
108
Entrevista realizada ao director de programas da RDP, Rui Pêgo, a 15 de Abril de 2008
109
Entrevista realizada ao director-adjunto da Antena 3, José Mariño, a 10 de Abril de 2008
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O CASO DA ANTENA 3
televisão viria a derrubar e a desvanecer a importância da rádio - assumiu-se como uma
mais-valia para este meio de comunicação social tradicional devido às características que a
Web apresenta. Para José Mariño “com a internet a rádio ganha uma imagem e permite-nos
entrar em campeonatos que não são muito habituais.”110
Quanto aos programas e conteúdos, o director de programas da RDP, Rui Pêgo, é
peremptório em afirmar que a programação de uma rádio – e de qualquer outro media -
deverá ser hoje uma programação que obedeça a uma lógica de “produção” e não apenas a
uma lógica de “difusão”. Quer com isto dizer que o objectivo essencial será pensar em
programas que possam ser definidos quer para a emissão em FM quer para emissão online.
O objectivo é que a internet seja “montra” da estação, mas que seja capaz de complementar
a oferta da emissão hertziana. “A internet é, do meu ponto de vista, uma grande aliada da
rádio. E nós temos um pensamento estratégico na rádio pública que tem a ver justamente
com as novas plataformas. Associa a ideia da transversalidade com uma lógica que, até
aqui era uma lógica de difusão, mas que se transformou numa lógica de produção. Sendo
que a relação entre a plataforma hertziana e a plataforma digital na internet é uma relação
de compromisso permanente. Ou seja, o hertziano deve reflectir aquilo que está acontecer
na internet e a internet deve reflectir aquilo que está acontecer em FM. É esse caminho que
estamos agora a traçar neste momento.”111
A Internet ganha assim maior importância para uma estação - e num sentido mais amplo
para um grupo multimédia RTP - por permitir estender a emissão da rádio tradicional ao país
e ao mundo, auxiliando a estação ao cumprimento da sua missão de serviço público. Neste
sentido, questionado sobre quais os objectivos que tem para a Internet Rui Pêgo realça que o
objectivo essencial será aproveitar a versatilidade da internet para criar emissões on-line por
razão de acontecimentos nacionais ou internacionais e extingui-las após o evento. Da mesma
maneira procurar-se-ão desenvolver outras emissões temáticas e permanentes para
complementar a oferta que as três emissões nacionais dispõem e assim fazer justiça à sua
missão de serviço público. “Digamos que neste momento o projecto é este: construir na
internet alguns canais estratégicos que têm a ver com lacunas do serviço neste momento em
Portugal. E portanto a rádio Lusitânia é um canal estratégico que remete para a nossa
memória, para o que é o nosso património musical português mais essencial. Está prevista
até ao final do ano uma outra rádio que é uma rádio de comunidade que no fundo tratara
de questões de cidadania como sejam: justiça, sexo, cidadão… com áreas que me parecem
importantes e que dizem respeito directamente às pessoas e à vida das pessoas. Depois
110
Idem, ibidem
111
Entrevista realizada ao director de programas da RDP, Rui Pêgo, a 15 de Abril de 2008
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O CASO DA ANTENA 3
canais de oportunidade: que é a desfrutar das oportunidades da plataforma com a
capacidade que tem a internet para construirmos rádios que são limitadas e duram algum
tempo apenas.”112 São exemplos a rádio Mozart, a rádio Euro e a rádio dedicada ao rali de
Portugal.
Prova da importância que a Antena 3 reconheceu na Internet foi a recente reestruturação
da sua página on-line durante o mês de Maio. Essencialmente, procurou apresentar um
aspecto gráfico mais moderno e dinâmico, da mesma forma que desenvolveu a oferta dos
conteúdos na sua página da Web procurando inverter a tendência clássica de “montra”
daquilo que era produzido para FM.
Para além da preocupação em fomentar a diversidade dos conteúdos informativos, dos
quais se destacam as notícias sobre música quer nacional quer internacional, cinema, artes e
espectáculos, eventos e festivais, revelam agora maior cuidado para as possibilidades de
participação do ouvinte/utilizador nos conteúdos que a página disponibiliza e em última
instância na emissão da estação. Verificamos um reforço das ferramentas de interactividade
que potenciam uma maior aproximação do ouvinte à Antena 3, desafiando-o a participar e a
ser parte activa no processo de produção, avaliação e difusão dos conteúdos.
De facto, o site da estação abandona a sua função de «expositor» dos conteúdos que
preenchiam a emissão hertziana para passar a ganhar uma identidade mais individual capaz
de atrair, per si, eventuais utilizadores da Internet que habitualmente não ouvem rádio no seu
formato mais tradicional.
O salto do analógico para o digital permitiu à estação desenvolver um conjunto amplo de
ferramentas capazes de enriquecer a oferta que a página da Antena 3 apresentava antes desta
reestruturação na Web. Essencialmente, como José Mariño refere, a entrada no domínio
digital favorecida pelas potencialidades da internet permitiu à rádio ganhar uma imagem que
lhe permitiu de novo disputar o seu lugar entre os meios de comunicação social que parecia
estar quase anulado.
Concretamente, a página da Antena 3 apresenta um conjunto significativo de conteúdos
comuns à emissão hertziana que são necessários e indispensáveis para que a página não
perca a sua relação com a estação que a sustenta. São eles: notícias sobre música (nacional e
internacional), cinema e artes, o ‘Índice A 3 – 30’, o ‘www’, o desporto, a meteorologia e o
trânsito. A emissão online reflecte o trabalho que está a ser desenvolvido em FM.
Para além destes conteúdos o que o site apresenta são só mais-valias capazes de
complementar a emissão da estação. Tem disponível a programação semanal; ao nível de
112
Entrevista realizada ao director de programas da RDP, Rui Pêgo, a 15 de Abril de 2008
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O CASO DA ANTENA 3
áudio oferece programas ‘on-demand’ e podcasts, informações pormenorizadas sobre o
programa ‘Clube dos Portugueses’; quanto ao entretenimento cria passatempos específicos
para Internet; dispõe a tabela para a votação do ‘Índice A 3 – 30’; recomendações de sites
sobre temáticas diversas (‘www’); o perfil da rádio; as frequências.
Salienta-se ainda o facto de o site passar a integrar os blogues113 que até então estavam
desenvolvidos em páginas e domínios independentes do site da Antena 3. Agora contam
com maior promoção e destaque na página principal, uma actualização mais frequente, com
chamadas frequentes para a participação dos utilizadores. De momento estão destacados o
blogue das “Manhãs da 3” com os mais recentes acontecimentos do programa da manhã da
rádio, as novidades, o perfil dos animadores e as rubricas ‘on-demand’ e podcast; “Antena3
Backstage”, o blogue oficial da Antena 3 onde são destacados os principais eventos e
actividades da estação; “Bons Rapazes”, o blogue do programa com o mesmo nome,
diferente por disponibilizar as playlist definidas para cada emissão; “Prova Oral” é também
o blogue do programa com o mesmo nome no qual são expostos os temas abordados no
programa, oferecendo diversas ferramentas de participação na organização do fórum,
disponibilizando um link para os podcasts e ainda sugerindo outros blogues escolhidos por
Fernando Alvim; por último o “Super Blogue Limão”, da responsabilidade de Catarina
Limão, que apela uma vez mais à imagem e à fotografia. Periodicamente os temas são
votados pelos utilizadores e o blogue vai crescendo em virtude da participação dos
ouvintes/utilizadores que enviam os seus trabalhos e que são expostos no blogue.
Ocasionalmente são criados blogues de duração limitada em função do período no qual
decorre o evento a que é destinado. É ainda provável que novos blogues venham a ser
desenvolvidos para complementar o programa que é transmitido em FM. O blogue permite
assim uma extensão do programa para a internet, possibilitando a continuação da relação que
se estabelece entre o ouvinte e o comunicador, da mesma forma que permite ter um feedback
e uma colaboração de quem ouve a emissão da rádio.
113
“Surgido em 1997, o weblog nasceu como uma aplicação da Internet para produção de conteúdos pelos próprios
utilizadores (user-generated content web application) cujos conteúdos inseridos são essencialmente comentários e links,
organizados e arquivados por ordem cronológica do mais antigo para o mais recente, e rapidamente se afirmou como um
espaço de formação e partilha de opinião acessível a todos os internautas que desejem produzir e partilhar conteúdos,
fomentando a criação de uma corrente de comentários, opiniões e contributos que podem potenciar o surgimento de
comunidades de opinião. No conjunto dos self media que têm vindo a impulsionar novas dinâmicas comunicacionais
através da Internet, o weblog tornou-se um dos mais populares e afirmativos, ao propor um espaço de acesso à construção
da opinião pública para todos os indivíduos sem as limitações organizacionais e profissionais que estruturam o sistema
dos mass media.” Tem um acesso livre e gratuito sem qualquer limitação por razão da profissão, escolaridade, sexo, ou
qualquer outra característica.
Obercom, “Blogues e Blogosfera.pt”, Flash Report, Março de 2008,consultado a 5 de Junho de 2008
in, http://www.obercom.pt/client/?newsId=373&fileName=fr5.pdf
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O CASO DA ANTENA 3
As mais recentes novidades prendem-se com a criação da ‘Antena 3 – TV’ que consiste na
sua associação às plataformas do YouTube114, da Sapo e do MySpace para disponibilizar
vídeos que se reportam a actividades desenvolvidas em estúdio ou em exterior pela equipa
da Antena 3. Esta é sem dúvida a maior inovação do site após esta reestruturação prova de
que a estação está atenta àquilo que são as tendências dos jovens que cada vez mais utilizam
a Internet. É necessário, por isso, que a estação saiba tirar proveito daquilo que a Internet
oferece e, ao mesmo tempo, saiba integrar essas propriedades para ir de encontro às
necessidades dos seus utilizadores e ouvintes. A procura de vídeos na Internet, assim como a
sua produção e partilha tem aumentado significativamente nos últimos anos. A mediatização
da sociedade exige, portanto, à rádio este acompanhamento da importância que hoje é dada à
imagem de forma a poder competir com os demais meios de comunicação e entretenimento,
reforçando desta forma a voz da estação no domínio da Internet. Este aspecto reforça a
identidade e a imagem da estação dado que a permite marcar presença em espaços e suportes
que até há pouco tempo não participava. A par da introdução da imagem e do vídeo como
inovações na página da Antena 3, assistimos igualmente a uma integração de meios aquando
da comemoração do 14º aniversário da estação pública a 26 de Abril. Este aniversário marca
o arranque de uma nova estratégia da estação que procurou inovar e expandir-se pelas
plataformas comunicativas de que hoje dispomos e assim chegar a um maior número
possível de ouvistes. Assim, a Antena 3 procurou a transmissão dos 14 concertos que
comemoraram os seus 14 anos de existência em directo na Internet, no “mobile TV da Zone
e no site musica.optimus.pt”115, disponibilizando posteriormente os vídeos no site do
YouTube. Assistimos à convergência de meios na transmissão de eventos promovidos pela
rádio, aos quais conferiu imagem, vídeo, som e palavra, revelando que está longe de ser um
meio ultrapassado e obsoleto incapaz de surpreender e inovar e renovar.
Ainda que não seja original, a próxima ideia para dar imagem à estação, será a instalação
de uma webcam que transmitirá em directo algumas das iniciativas desenvolvidas pelos
animadores da rádio e que poderão ser assistidas online. Esta iniciativa desvirtua por
114
O YouTube: “Founded in February 2005 is the leader in online video, and the premier destination to watch and share
original videos worldwide through a Web experience. YouTube allows people to easily upload and share video clips on
www.YouTube.com and across the Internet through websites, mobile devices, blogs, and email. Everyone can watch videos
on YouTube. People can see first-hand accounts of current events, find videos about their hobbies and interests, and
discover the quirky and unusual. As more people capture special moments on video, YouTube is empowering them to
become the broadcasters of tomorrow. YouTube has struck numerous partnership deals with content providers such as
CBS, BBC, Universal Music Group, Sony Music Group, Warner Music Group, NBA, The Sundance Channel and many
more.” Consultado no site oficial da empresa, a 15 de Março de 2008 in, http://www.youtube.com/t/about
115
MARCELA, Ana, “Concertos da Antena 3 transmitidos em directo na Optimus”, 23 de Abril de 2008,
consultado a 11 de Junho de 2008,
in, http://www.meiosepublicidade.pt/2008/04/23/concertos-da-antena-3-transmitidos-em-directo-na-optimus/
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O CASO DA ANTENA 3
completo o segredo e o mistério que a rádio sempre criou em quem a escutava e através do
som e da voz criava as suas próprias imagens e imaginava os contornos, as cores e as formas
daquilo que nos era contado. Todavia, serão transmitidos para já iniciativas pontuais e não a
emissão na sua totalidade.
Outro aspecto importante que merecerá destaque nesta análise será o facto da página web
da Antena 3 estar integrada no domínio da RTP, por permitir um acesso privilegiado e
facilitado a qualquer outro tipo de informação que não esteja directamente exposto ou
publicado no site da Antena 3. Este facto permite-nos o acesso à informação sobre a
actualidade geral, aos destaques da televisão, da rádio e multimédia do grupo RTP,
conhecimento das novidades do desporto nas suas diversas modalidades, a áreas destacadas
para um público mais infantil, a novas oportunidades de entretenimento e a passatempos
diversos, bem como o acesso a vários espaços do grupo RTP, o conhecimento da sua história
e das suas actividades. Esta integração das páginas é, na minha opinião, uma mais-valia no
complemento de conteúdos, permitindo uma maior oferta e diversidade nas temáticas
abordadas e nos conteúdos disponíveis. Assim, quem consultar a Antena 3 poderá ter acesso
a outro tipo de informação e conteúdo que, por razão da natureza da estação, não encontra na
página principal.
No entanto, as principais vantagens oferecidas pela Internet residem no forte potencial de
interactividade que as mais diversas ferramentas possibilitam. São muitas - e cada vez mais -
as oportunidades que a Antena 3 tem criado na sua página a fim de aproximar e também
satisfazer o seu público.
3.3.1.1 - A INTERACTIVIDADE
A relação entre o ouvinte e a emissão
Inicialmente, o acto de comunicar era descrito, na sua forma mais simples, num esquema
em que se colocava um agente emissor enviando uma mensagem para um público passivo.
Hoje, as potencialidades da Internet transformam toda a filosofia da comunicação.
O receptor da «mensagem» é simultaneamente o emissor. E a tradicional audiência
passiva e acrítica começou também a desenvolver um papel activo e construtivo no processo
global de comunicação.
A máxima que hoje sustenta a comunicação é que “todos podem colaborar nesta era de
media participativos”116, forjando, por conseguinte, o conceito de «particiatory media».
116
“Among the audience”, 20 de Abril de 2006, from The Economist print edition. Consultado a 11 de Junho de 2008
in, http://www.economist.com/surveys/displaystory.cfm?story_id=6794156
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O CASO DA ANTENA 3
Alguns exemplos claros desta regrada participação são os Blogues; as Wikis; o MySpace; o
Google; o Podcasting, entre muitos outros.
Esta importância que é conferida ao cidadão leva a que os formatos e os programas
tradicionais sejam repensados e passem a integrar, cada vez mais, um espaço de grande
interactividade e participação públicas. Verificamos que todos os meios de comunicação
criaram ferramentas que permitem ao seu público uma participação em simultâneo com as
emissões em directo através do telefone ou do e_mail, ou fornecendo os endereços
electrónicos dos profissionais para que o público possa comentar, criticar e intervir sobre as
matérias que são produzidas. É ainda frequente que cada meio de comunicação tradicional
ofereça endereços electrónicos para o público aprofundar determinado assunto que, devido à
ditadura do tempo ou do espaço, não puderam ser desenvolvidos na emissão ou na
publicação respectiva.
Nestes «novos media» as pessoas já não consomem apenas os conteúdos passivamente,
como também participam neles de uma forma activa, o que significa, muitas vezes, criar
conteúdos em qualquer forma e tamanho. Neste sentido, a «participação» é hoje uma
palavra-chave para a organização dos meios de comunicação, quer na forma, quer nos
conteúdos. Este processo culminará assim numa maior liberdade, não apenas de
participação, mas igualmente de acesso, consulta e pesquisa.
Esta participação tem implícito o conceito de interactividade. Assim podemos definir a
interactividade como a possibilidade tecnológica de inverter o tradicional e dominante
sentido da comunicação, passando o receptor a comunicar com o emissor. Podemos
considerar como exemplos a televisão digital, que permite ao telespectador seleccionar/
comprar o programa que quer e quando o deseja; contudo a Internet é o domínio onde a
interactividade é parte da sua natureza. Para os media online podemos afirmar que a
interactividade funciona como um feedback imediato.
Tem sido notória a preocupação da Antena 3 em disponibilizar ao seu público um maior
número de ferramentas interactivas capazes de o aproximar da rádio, dos seus conteúdos e
das suas iniciativas. A participação individual na programação da estação tem sido
incrementada graças ao desenvolvimento de estratégias que conseguem estimular o
utilizador a interagir, a partilhar ou simplesmente a comentar o que regularmente vai sendo
produzido. Na emissão hertziana continua a ser privilegiada a utilização do telefone para a
participação nos fóruns e também nos passatempos promovidos. A sua utilização é gratuita,
o que confere e auxilia ao cumprimento da exigência de universalidade de participação de
todos os ouvintes. A carta, por sua vez, tem vindo a ser substituída pela utilização do e_mail,
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O CASO DA ANTENA 3
por ser uma forma de comunicação mais imediata, pessoal e prática. Neste sentido, são
disponibilizados no site todos os contactos dos animadores, DJ’s, programas, produção,
informação e marketing, assim como a morada, o número de telefone e fax e o número da
linha verde para os passatempos.
Procurando outra forma de conservar na Internet o contacto que se estabelece em FM
entre o animador e o ouvinte é desenvolvido o blogue. O seu carácter informal e a
possibilidade de participar neles sem que para tal seja exigido qualquer estatuto permite o
desenvolvimento das temáticas que são abordadas nos programas da estação e apela ao
contributo do ouvinte/utilizador de forma a procurar receber o feedback do trabalho que vai
sendo desenvolvido ou simplesmente sugestões e opiniões individuais. Geralmente, todos os
blogues indicam links com acesso aos programas ‘on-demand’, os e-mails dos responsáveis
dos blogues e ainda pequenos questionários ou sondagens para conhecer as opiniões de
quem visita estes espaços sobre temáticas diversas. No que respeita aos blogues vale a pena
ainda referir a particularidade do blogue da ‘Prova Oral’ que tem um espaço dedicado à
participação feminina no programa por esta se encontrar em minoria. O serviço é exclusivo a
pessoas do sexo feminino e funciona como uma política de “discriminação positiva” de
forma a incentivar este segmento do público a participar na discussão e no debate. Também
ainda neste blogue é criado uma espécie de “clube da Prova Oral” (Clubbing Prova Oral)
que se apresenta como uma ‘rede social’ ou ‘comunidade’ de amantes do programa que,
mediante a inscrição por e_mail, terão acesso privilegiado e personalizado a informações,
temas, participantes, eventos, fotografias, entre outros.
Também os artigos e as notícias que são publicadas no site sofreram alterações. Agora
são acompanhadas por ferramentas que favorecem a acessibilidade aos conteúdos, bem
como a sua partilha, consumo pessoal ou divulgação noutros domínios digitais.
Nomeadamente para quem sofra de problemas visuais tem a possibilidade de aumentar o
tamanho da letra ou seleccionar a opção ‘Leia-me’ (áudio). Temos ainda a oportunidade de
imprimir o artigo, partilhá-lo com algum amigo ou guardá-lo simplesmente no computador
para ler posteriormente. Cada notícia é ainda acompanhada de um suporte que estimula a
que o leitor efectue um comentário ao que acabou de ler e que ficará acessível para consulta
pública.
Para quem quer ser o primeiro a saber o site da Antena 3 destaca agora a possibilidade de
subscrevermos actualizações de ficheiros áudio, imagens ou notícias através do
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O CASO DA ANTENA 3
sistema«Really Simple Syndication» (RSS)117 que após uma actualização nos oferece as
entradas mais recentes dos serviços que subscrevemos. Este serviço está disponível para
todas as notícias sobre música, cinema e artes da Antena 3, passatempos e para o ‘Clube dos
Portugueses’. Está ainda disponível nos blogues e nos programas ‘on-demand’ e nos
podcasts.
Estes últimos são igualmente duas das maiores possibilidades que a Internet oferece.
Todos os programas da estação estão disponíveis ‘on-demand’, o que significa que estão
armazenados na página da Antena 3 e que poderão ser ouvidos programas que já passaram
em FM, no entanto, apenas poderão ser ouvidos no computador. Já o Podcast118 tem a
vantagem de permitir que o ficheiro que nos interessa possa ser descarregado para o
computador e daí para qualquer outro suporte. Assim, estes dois formatos, ainda que com
características diferentes, permitem os utilizadores da página on-line ouvir os programas em
qualquer altura e em qualquer lugar.
Outra das formas do site estimular a participação é a apresentação frequente de pequenos
questionários / sondagens sobre eventos, temas da actualidade, sobre a própria página on-
line, entre outros, aos quais o utilizador responde e tem acesso aos resultados da votação.
Esta é uma estratégia frequente de qualquer empresa ou meio de comunicação, por ser uma
forma subtil de perceber quais as preferências do público e assim ir de encontro com os
anseios e gostos que este revela nos resultados da votação.
Esta votação é ainda necessária para a concretização de um dos programas da estação, o
‘Índice A 3-30’. É um espaço que dispõe de uma tabela de músicas, artistas e respectivos
álbuns e que solicita a votação dos utilizadores para estabelecer um ‘top musical’, cujo
resultado que será apresentado na edição de sábado entre as 16h e as 19h. Este é um dos
programas para o qual a participação do ouvinte é indispensável para garantir a sua
concretização.
Uma outra forma que a rádio descobriu para se fazer comunicar foi ainda a criação da
oportunidade que cada ouvinte /utilizador passa a ter em ‘sugerir a rádio a um amigo’. Para
além destas estratégias, a Antena 3 procura marcar a sua presença no YouTube e também no
117
“Pelo RSS ("Really Simple Syndication") pode manter-se a par das notícias novas que cada site ou secção do site
disponibilizam, sem ter que carregar o site todo. Sempre que fizer um “refresh” ou “reload” ao link RSS, vai
automaticamente saber se há, ou não, notícias novas. Poderá depois, se desejar, clicar nas notícias e aceder ao site.”
Consultado a 8 de Maio de 2008, in, http://ww1.rtp.pt/multimedia/index.php?ajuda=1
118
“Como PODCAST deve em primeiro lugar subentender-se uma forma automática de descarregar alguns tipos de
conteúdos/ficheiros para o seu computador. Baseando-se na mesma tecnologia e no mesmo princípio dos RSS, os Podcasts
não são mais do que links, que ao serem colocados em programas específicos farão com que os ficheiros novos sejam
imediatamente descarregados. Novamente: com isto evita ter que clicar em várias páginas até chegar ao seu programa
RTP favorito e só depois poder verificar se há algo novo e, então, fazer o download do mesmo.” Consultado a 8 de Maio de
2008 in, http://ww1.rtp.pt/multimedia/index.php?ajuda=1
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O CASO DA ANTENA 3
MySpace119. Estas são comunidades amplamente conhecidas a nível mundial que contam
com a visita de milhões de utilizadores por dia. Esta parece ser a principal estratégia da
Antena 3 na Internet uma vez que permite-lhe marcar presença em diferentes domínios,
sendo capaz de atrair e de conquistar novos ouvintes/utilizadores para a sua página web e,
consequentemente, para a sua emissão. Assim verificamos um esforço por se promover na
Web por si, sem recorrer exclusivamente à promoção que é feita na emissão hertziana. E
assim conseguirá atrair e conquistar novos utilizadores da sua página online que
posteriormente se poderão tornar ouvintes da estação. Esta presença nestas duas
comunidades possibilitar-lhe-á comunicar-se àqueles que apenas se interessam por rádio na
Internet e que de outra forma dificilmente conheceriam ou escutariam a rádio no seu formato
clássico.
O site assume cada vez mais um destaque na extensão da Antena 3, atingindo novos
públicos e permitindo que mais indivíduos tenham acesso aos seus conteúdos. Ao mesmo
tempo oferece uma programação mais inovadora e variada, assegurando desta forma a
diversidade e revelando especial atenção ao público jovem ao demonstrar um esforço
contínuo em incorporar as inovações tecnológicas e acompanhar as preferências do seu
público.
___________________________
119
O MySpace é uma comunidade on-line à qual todos poderemos pertencer mediante inscrição e criação de um ‘perfil’. A
partir daí os fins podem ser múltiplos. Tem vários canais e permite a partilha de ficheiros em vários formatos sejam de
áudio, palavra ou vídeo. Tem sido uma plataforma privilegiada para a promoção de empresas, eventos, organizações,
músicos, entre outros. Consultado a 8 de Maio de 2008 in, www.myspace.com
120
SANTOS, Rogério, 2005, Comunicação e Sociedade, vol. 7, pag. 144, consultado a 10 de Junho de 2008
in, http://revcom2.portcom.intercom.org.br/index.php/cs_um/article/viewFile/4711/4425
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O CASO DA ANTENA 3
É hoje uma ambição de qualquer empresa de comunicação proceder à transição do
analógico para o digital de forma mais rápida possível, de modo a garantir maior qualidade e
eficiência nos processos de produção, difusão e recepção dos seus produtos. “It cannot be
stressed enough that «going digital» is much more than just replacing analogue production
and distribution and distribution technology with digital equivalents. Going digital will alter
the workflows of programme production and require new competencies of staff. It will open
up a whole range of new media services to the public.”121 Como o autor refere é necessário
um período de adaptação que envolve procedimentos legais e burocráticos e,
simultaneamente, uma (re)qualificação dos recursos humanos e know-how necessários.
A análise efectuada à emissão da Antena 3 foi elaborada sob a perspectiva de um
inexperiente ouvinte sem qualquer especialização/apetência para as questões técnicas
inerentes à emissão da rádio. Neste sentido, face a esta incapacidade/limitação foi um dos
aspectos consagrados no contrato de concessão de serviço público de radiodifusão que me
foi impossível de concretizar com alguma justificação factual. Ainda assim revelo as
considerações que os profissionais da estação traçaram a propósito deste objectivo da missão
de serviço público. Procuro ainda um desenvolvimento teórico deste tema baseado na
bibliografia encontrada sobre o assunto.
Assim ficamos a perceber assim que neste domínio ainda “há um caminho a fazer. É uma
das partes do contrato de concessão e daquilo que é uma das obrigações do serviço público
que não está concretizada.”122 Pelo menos para já.
Percebe-se todavia que “o novo desafio tecnológico da rádio passa pelo conceito de
digitalização. Esta veio substituir a tecnologia analógica, paradigma da rádio desde o seu
começo. De modo simples, pode dizer-se que, no sistema analógico, um sinal sonoro se
regista de acordo com a frequência ou intensidade do sinal. […] No sistema digital, todos
os sons e intensidade são registados na forma de combinação de zeros e de uns, garantindo
mais homogeneidade. As vantagens são numerosas: melhor qualidade de registo de
programa, perfeita fiabilidade na transmissão e recepção, articulação com vários suportes
(imagem, por exemplo), possibilidade de fazer cópias com facilidade e disponibilizá-las nos
vários suportes (caso da Internet, por oposição à transmissão por feixes hertzianos ou de
sinal aberto.) ”123
121
NISSEN, Christian S., Public Service Media in the Information Society, Fevereiro de 2006,
consultado a 28 de Janeiro de 2008
in, http://www.coe.int/t/e/human_rights/media/1_Intergovernmental_Co-operation/MC-S-PSB/hinf(2006)003_en.pdf
122
Entrevista realizada ao director de programas da RDP, Rui Pêgo, a 15 de Abril de 2008
123
SANTOS, Rogério, 2005, Comunicação e Sociedade, vol. 7, pág. 144, consultado a 9 de Junho de 2008,
in, http://revcom2.portcom.intercom.org.br/index.php/cs_um/article/viewFile/4711/4425
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O CASO DA ANTENA 3
Capítulo IV
______________
_______________________________
A mudança apresenta-se hoje como um elemento dominante capaz de integrar a maioria
das actividades da sociedade contemporânea. Esta manifesta-se através de transformações
permanentes e, muitas vezes, de carácter irreversível ao nível da economia, da tecnologia, do
conhecimento, da cultura e mesmo das relações sociais que impõem uma nova estrutura aos
meios de comunicação social e obrigam-nos a repensarem frequentemente a sua organização
e os seus conteúdos.
Caminhamos, dia-a-dia, por uma rede social cada vez mais complexa e exigente.
Encontramos uma massa cada vez mais ténue pela fragmentação e dissolução das redes
sociais. E, por impulso da concentração de grandes conglomerados empresariais na área dos
media, procura-se a satisfação integral dos anseios e das necessidades de todos os nichos de
mercado.
Assistimos, por consequência, durante as últimas décadas ao despoletar dos media de
serviço privado regidos pelas regras do mercado, que impulsionaram o debate acerca do
papel dos meios de serviço público na sociedade.
A verdade é que os princípios que regem os operadores de serviço público são
fundamentais para o equilíbrio do Homem no debate que diariamente trava acerca da
realidade. Importa é que sejam cumpridos.
Não obstante, a complexidade e a dificuldade que encontramos na luta pela elaboração de
uma definição matemática e impossível de ‘serviço público’ terá que ser transposta pela
assumpção de um conjunto de obrigações positivas que terão que ser satisfeitas e cumpridas
por mais dimensões que apresente ou por maior controvérsia que a definição do conceito
possa despertar.
124
Contrato de Concessão do Serviço Público de Radiodifusão, 1999, consultado a 9 de Junho de 2008,
in, http://ww1.rtp.pt/wportal/grupo/pdf/contratoconcessaoradio.pdf
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O CASO DA ANTENA 3
125
MARTINS, José Nuno, Relatório Final de Actividade do Provedor do Ouvinte do Serviço Público de Radiodifusão
Sonora, Abril de 2008, Lisboa, página 523, consultado a 9 de Junho de 2008,
in, http://img.rtp.pt/wportal/grupo/provedor_ouvinte/images/Provedor_ouvinte_relatoriofinal_abril2008.pdf
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O CASO DA ANTENA 3
pelo relatório das conclusões levado a cabo pela ERC. Estes valores apresentados não se
ficam a dever apenas ao cumprimento dos normativos legais, mas podem ser entendidos
como uma opção editorial da própria estação. E, neste sentido, a divulgação, promoção e
apoio à música nacional poderá ser um indicador claro da Antena 3 com o fim de “promover
a língua e os valores culturais portugueses, concretizando, apoiando e divulgando acções
que visem a sua defesa e incremento.”127
São ainda vários os festivais e os eventos que contam com a Antena 3 como ‘rádio
oficial’, o que faz com que sejam feitas frequentes referências e acções “que apoiem e
divulguem as actividades destinadas a defender e consolidar as tradições e os costumes que
consubstanciam a nossa identidade.”128 Tudo isto no sentido de “promover a produção e
transmissão de concertos musicais, bem como a transmissão de concertos realizados no
estrangeiro, nomeadamente nas emissões destinadas ao público jovem.”129 Este princípio é
concretizado na medida em que a estação procura transmitir e integrar na sua programação
concertos musicais e festivais como ficou explícito anteriormente (no capítulo III).
As minorias são ainda respeitadas uma vez que quer programas e/ou pequenos programas
de música (e também de palavra) contemplam uma diversidade de géneros musicais,
consagrando vários gostos e diferentes preferências. A diversidade musical é apenas uma
das formas que a Antena 3 desenvolveu para não descurar o seu compromisso para com as
minorias uma vez que está definido que na “sua missão é essencial [a] preservação, e
principalmente [a] promoção, de outras formas de cultura destinadas a um público mais
restrito, permitindo-lhe, assim, encontrar na programação de serviço público a satisfação
dos seus interesses.”130
A par da música é imperativo que se alie a palavra e a informação. Nos espaços de
informação, de debate e/ou opinião - independentemente de não existirem programas
determinados por temas, assuntos e marcadamente direccionados para uma área específica
da realidade (religião, política, economia, entre outros) - todos os temas acabam por serem
tratados nos diversos programas da estação.
Existem pequenos espaços dedicados à valorização e formação profissionais, ao
ambiente, à saúde, à ciência, ao desporto, ao cinema, à cultura, à arte, à literatura, entre
muitos outros, já que será obrigação da estação “promover a inclusão nas suas emissões de
programas que apoiem e divulguem actividades nas áreas da saúde, educação, defesa do
127
Contrato de Concessão do Serviço Público de Radiodifusão, 1999, consultado a 9 de Junho de 2008,
in, http://ww1.rtp.pt/wportal/grupo/pdf/contratoconcessaoradio.pdf
128
Idem, Ibidem
129
Idem, Ibidem
130
Idem, Ibidem
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O CASO DA ANTENA 3
131
Contrato de Concessão do Serviço Público de Radiodifusão, 1999, consultado a 9 de Junho de 2008,
in, http://ww1.rtp.pt/wportal/grupo/pdf/contratoconcessaoradio.pdf
132
Idem, Ibidem
133
Idem, Ibidem
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O CASO DA ANTENA 3
contribuem para potenciar a ‘atitude crítica das novas gerações face à realidade
envolvente’.134
É ainda na essência do conceito de interactividade que estão satisfeitas outras obrigações
a que está determinada a Antena 3. A rádio tem evoluído e tem vindo a inscrever mudanças
significativas na sua organização e na sua própria natureza. Efectivamente, numa sociedade
participada, na qual se multiplicam as possibilidades de intervenção individual, seja por que
forma for, a comunicação mediada ganha expressão na organização da estação e determina,
por vezes, as estratégias de programação. “A participação mediada, formato mais comum no
panorama da comunicação moderna, contribui para a reconfiguração das relações sociais
e de poder, seja pela extensão da intimidade ou pela emergência de novos modelos de
sociabilidade, paralelamente ao desenvolvimento de novas formas de isolamento que
permitem o estabelecimento de relações sociais com pessoas com quem nunca interagimos
de forma directa e não mediada.”135
Na Internet a Antena 3 ultrapassa significativamente a função de ‘montra’ da emissão
hertziana e procura acompanhar aquilo que são as tendências e as potencialidades da Web.
Da mesma forma procura associar e integrar várias das componentes da comunicação: a
imagem, o som e a palavra, marcando presença em domínios que até há pouco tempo não
pertencia. O seu esforço tem sido orientado também no sentido de cativar mais utilizadores
que de outra forma não procuram ouvir rádio nos seus moldes tradicionais. A sua oferta é
bastante variada e faz justiça à sua natureza, uma vez que é uma rádio musical. A integração
da página da RTP proporciona aos utilizadores da página da Antena 3 um acesso
privilegiado a todo um conjunto mais vasto de informações e conteúdos que ultrapassam a
oferta exclusiva da página da Antena 3. No entanto, é na Web que a participação do ouvinte
ganha cada vez mais expressão e como tal as ferramentas de interactividade têm-se
multiplicado para garantir um amplo acesso à produção que a estação desenvolve.
A interactividade que a rádio se tem esforçado por oferecer, desenvolver e aperfeiçoar
parece ser uma das ferramentas capazes de concretizar algumas das obrigações a que a
Antena 3 está submetida em virtude da sua condição de estação de serviço público. De facto,
a participação do ouvinte/utilizador que estabelece contacto com aquilo que é produzido e
difundido pela rádio, assume-se numa oportunidade sem precedentes em fazer cumprir a
universalidade, livre acesso e pluralismo que exige a lei da rádio e o contrato de concessão.
Desta forma, a comunicação que é feita na rádio apresenta-se como mais dinâmica,
134
Contrato de Concessão do Serviço Público de Radiodifusão, 1999, consultado a 9 de Junho de 2008,
in, http://ww1.rtp.pt/wportal/grupo/pdf/contratoconcessaoradio.pdf
135
CORDEIRO, Paula, “O ouvinte em linha e a interactividade na rádio de público jovem: o programa ‘Prova Oral’ na
Antena 3”, consultado a 11 de Junho de 2008 in, http://www.bocc.ubi.pt/pag/cordeiro-paula-ouvinte-interactividade.pdf
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O CASO DA ANTENA 3
136
CORDEIRO, Paula, “O ouvinte em linha e a interactividade na rádio de público jovem: o programa ‘Prova Oral’ na
Antena 3”, consultado a 11 de Junho de 2008 in, http://www.bocc.ubi.pt/pag/cordeiro-paula-ouvinte-interactividade.pdf
137
Contrato de Concessão do Serviço Público de Radiodifusão, 1999, consultado a 9 de Junho de 2008,
in, http://ww1.rtp.pt/wportal/grupo/pdf/contratoconcessaoradio.pdf
138
Idem, Ibidem
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O CASO DA ANTENA 3
A maior lacuna que poderá apontar-se será, efectivamente, o espaço reservado para a
informação e para a reportagem. Representando apenas 2% do total das 24 horas de emissão
da Antena 3, segundo o relatório de actividades de 2007 da ERC, os espaços informativos
foram expandidos após a reestruturação da programação em Setembro desse mesmo ano. No
entanto, não passam, em média, os três minutos por hora sobre informação de actualidade.
No mesmo sentido, um dos grandes vazios que a estação revela é a ausência da
reportagem, que foi extinta após essa mesma reestruturação referida. Ana Galvão que se
encarregava de trazer a reportagem, em directo, no programa da manhã, passou a marcar
presença apenas no estúdio sem que tenha sido substituída ou criado qualquer outro espaço
destinado a este género jornalístico. Apesar de ser uma questão interna que se prende
eventualmente com limitações orçamentais e, consequentemente opções editoriais, é uma
falta que deveria ser corrigida por se assumir como um contributo importante na
dinamização da própria emissão, bem como, no cumprimento da missão de serviço público.
Seguindo ainda linha da informação, apenas salientar que a informação sobre a
actualidade noticiosa está ausente durante o fim-de-semana. Durante o sábado e o domingo a
diversidade programática é maior, mas a lacuna ao nível da informação continua presente.
Acrescenta-se ainda que um dos requisitos essenciais para que a Antena 3 possa cumprir
a sua missão é a existência de público. Assim, é importante que a rádio se comunique. Para
tal tem contribuído o site na Internet e também os sucessivos acordos que a estação tem
travado com operadores de comunicações móveis e ainda com a própria televisão. Seria
importante ainda que a rádio ganhasse espaço na imprensa e que voltasse a ser considerada
pelos seus parceiros de comunicação social. E, neste âmbito, o esforço teria que ser mútuo.
Da mesma forma, para que as estratégias de programação possam ser avaliadas e
corrigidas ou, simplesmente, reforçadas, seria determinante um desenvolvimento dos
pressupostos e dos métodos de estudos de mercado/audiências na área da rádio. Pois, para
uma estação que se compromete com os ditames do serviço público é essencial saber qual
deverá ser a sua orientação e, consequentemente, procurar contrariar os resultados tão
afastados dos apresentados pelas rádios privadas.
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O CASO DA ANTENA 3
4.2 CONSIDERAÇÕES FINAIS
É tendo em consideração os estímulos da realidade e dos seus ouvintes que a Antena 3
poderá assumir um compromisso essencial de ser “uma terceira emissão, vocacionada para
o público mais jovem, que tenha em conta a atitude crítica das novas gerações face à
realidade envolvente e vá ao encontro das suas aspirações e interesses, reflectindo o seu
estilo de vida e promovendo ideias ou projectos que estimulem a sua participação na
sociedade.”139
A Antena 3 reflecte na sua programação a tentativa de dar a melhor resposta aos
pressupostos que o contrato de concessão e a lei definem, cumprindo a sua missão de serviço
público.
A aposta na música portuguesa, enquanto opção editorial, é uma forma privilegiada de
promover a nossa cultura e a nossa identidade, criando na sua grelha de programas espaços
de promoção e divulgação por excelência. O humor, os fóruns e a diversidade de programas
e pequenos formatos de autor, de música e palavra, concentram um vasto conjunto de temas
característicos pela sua actualidade e irreverência. A conversa simples e descomprometida
assume-se como estratégia fundamental para aproximar o público-alvo da estação a assuntos
do país e do mundo, promovendo uma atitude crítica e esclarecida sobre a realidade que nos
envolve.
As possibilidades de participação e interactividade são ainda outras das ferramentas que
garantem uma aproximação dos ouvintes à rádio e aos seus animadores, concretizando,
paralelamente, a universalidade e o acesso de todos os cidadãos. A transição para o digital
tem vindo a ganhar recentemente expressão com a introdução de um vasto conjunto de
conteúdos online, muito graças ao reconhecimento das potencialidades que a Internet
oferece.
Não obstante, é importante promover ainda a correcção na utilização da língua
portuguesa e introduzir na sua programação outros géneros informativos, complementando e
expandindo os espaços existentes. A reportagem, por exemplo, pela sua natureza, assumiria
uma importância significativa numa estação com as características como a Antena 3 e
também por se encontrar subvalorizada na rádio em geral.
139
Contrato de Concessão do Serviço Público de Radiodifusão, 1999, consultado a 9 de Junho de 2008,
in, http://ww1.rtp.pt/wportal/grupo/pdf/contratoconcessaoradio.pdf
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O CASO DA ANTENA 3
Da mesma forma, será importante a curto e médio prazos que os responsáveis políticos se
comprometam a definir prioridades e a tomar decisões em ralação aos documentos legais
que regem a actividade do operador público de radiodifusão e da rádio em geral.
É importante para a Antena 3 manter o diálogo com a sociedade e construir uma posição
de abertura permanente às inovações, gostos e tendências do mundo para que garanta e
justifique a sua razão de existir. Só assim fará sentido acreditar no valor acrescentado que
uma estação jovem de serviço público possa oferecer no espectro radiofónico português.
Este trabalho pretendeu ainda mostrar que apesar dos sucessivos desafios que se têm
imposto à rádio, esta continua o seu percurso travando sucessivas batalhas no plano social e
tecnológico no sentido de continuar a afirmar-se como um meio de acção continuada na
educação, entretenimento, informação, divulgação e comunicação.
O resultado deste trabalho é ainda um pequeno contributo para contrariar a negra
tendência profetizada pelo provedor do ouvinte, José Nuno Martins, considerando que
“desligada da Universidade, escassamente investigada e reflectida na esfera pública, pouco
ou nada teorizada e agora sujeita a uma enorme diversidade de dispositivos concorrenciais,
a Rádio parece estar a desistir de si mesma.”140
É importante que todos se disponibilizem a participar no debate que a rádio suscita e se
comprometam a contribuir para a ‘mais-valia’ que a rádio pode oferecer numa sociedade
orientada pela comunicação. E, hoje, mais importante que debater a importância de uma
estação jovem com missão de serviço público, será colaborar no processo de adaptação e
resposta da rádio de serviço público às inevitáveis mudanças que a sociedade da informação
suscita.
E desta forma, acima de tudo, qualquer meio de serviço público deverá reunir os esforços
necessários a fim de cumprir a sua missão, em prol de uma maior consciência de cidadania,
de maior incentivo à participação activa no debate sobre o país e o mundo, assim como, em
prol de uma maior integração dos indivíduos na vida social e política, promovendo ainda a
reflexão e a manutenção dos princípios da democracia e das suas instituições.
Neste sentido, deveremos todos, sem excepção, participar no debate sobre as necessidade
e importância do serviço público no domínio dos media, e em particular na rádio, que ganha
corpo cada vez mais na sociedade. E assim, garantirmos que não somos excluídos da sua
missão, consagrando, consequentemente, a independência e a imparcialidade, a
140
MARTINS, José Nuno, Relatório Final de Actividade do Provedor do Ouvinte do Serviço Público de Radiodifusão
Sonora, Abril de 2008, Lisboa, página 518, consultado a 9 de Junho de 2008,
in, http://img.rtp.pt/wportal/grupo/provedor_ouvinte/images/Provedor_ouvinte_relatoriofinal_abril2008.pdf
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O CASO DA ANTENA 3
BIBLIOGRAFIA
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Redacções, Coimbra, Minerva
- CAZENEUVE, Jean, Guia Alfabético das comunicações de massas, Col. Léxis, Edições 70
- JEANNENEY, Jean-Nöel, 2ª Ed, Uma História da Comunicação Social, Lisboa, Terramar, Abril
de 2003
- MACLUHAN, Marshall, 1964, Understanding Media: The Extensions of a Man, New York,
McGraw-Hill Books
- MENEZES, João Paulo, Tudo o que se passa na TSF, para um "livro de estilo", 1ª Edição, Porto,
Edição Jornal de Notícias, 2003
- WOLF, Mauro, Junho, Teorias da Comunicação, 9.ª edição, Lisboa, Editorial Presença, 2006
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DICIONÁRIOS
- CASCAIS, Fernando, Dicionário de Jornalismo – As Palavras dos Media, Lisboa, Editorial Verbo,
Outubro, 2001
- THINES, G, LEMPEREUR, Agnés (direcção), Dicionário Geral das Ciências Humanas, trad. Artur
Moron, Jorge Malder, Mª Barão, Mª Molder, Mª Ferreira, Lisboa, Edições 70
- Among the audience, 20 de Abril de 2006, from The Economist print edition.
in, http://www.economist.com/surveys/displaystory.cfm?story_id=6794156
- Antena 3
in, www.antena3.rtp.pt
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in,
http://www.marktest.pt/produtos_servicos/Bareme_Radio/default.asp?strUrl=/notas_tecnicas/info/conte
udos/documentos/radio.asp
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SERVIÇO PÚBLICO DE RADIODIFUSÃO
O CASO DA ANTENA 3
- Lei n.º 4/2001 de 23 de Fevereiro, aprova a Lei da Rádio (Alterada pelas Leis n.ºs 33/2003, de 22 de
Agosto, e 7/2006, de 3 de Março)
in, http://www.erc.pt/index.php?op=conteudo&lang=pt&id=73&mainLevel=folhaSolta
- NISSEN, Christian S., Public Service Media in the Information Society, Fevereiro de 2006
in,http://www.coe.int/t/e/human_rights/media/1_Intergovernmental_Co-operation/MC-S-
PSB/hinf(2006)003_en.pdf
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O CASO DA ANTENA 3
- Programação da Antena 3
in, http://ww1.rtp.pt/antena3/?headline=15&visual=11&tm=epg
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CONTRATO DE CONCESSÃO DO SERVIÇO PÚBLICO
DE RADIODIFUSÃO SONORA
ENTRE:
RADIODIFUSÃO PORTUGUESA, S.A., com sede social em Lisboa, na Avenida Engº Duarte
Pacheco, nº 26, matriculada na Conservatória do Registo Comercial de Lisboa sob o nº
04.867/940126, com o capital social de Esc: 6.310.910.000$00 e titular do Cartão de Pessoa
Colectiva nº 500095019, adiante designada por RDP, Concessionária ou 2ª Outorgante e aqui
representada pelos Exmos. Senhores José Manuel Ladeiras Nunes, Dr. Fernando José
Cipriano Correia e Dr. José Aníbal Gomes Ferro de Carvalho, na qualidade, respectivamente,
de Presidente, Vice-Presidente e Vogal do Conselho de Administração da Radiodifusão
Portuguesa, S.A.,
2
CONSIDERANDO QUE:
1.
A radiodifusão sonora e televisiva é o único ou principal factor de oferta cultural para muitos
que não têm acesso a outros meios sendo, por isso, um bem cultural de primeira
necessidade. É normal e legítimo, por isso, que os Estados, nas sociedades democráticas, se
preocupem com a resposta que nesta área é dada aos cidadãos.
Um serviço público tem por objecto proporcionar à comunidade bens ou serviços que se têm
por essenciais e que é suposto não poderem ser prestados através da iniciativa privada e dos
mecanismos do mercado.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
Por sua vez, as características enunciadas só farão sentido, numa sociedade democrática, se
àquelas acrescentarmos a característica da universalidade, tornando o serviço público
acessível à totalidade da sociedade a que se destina.
8.
9.
10.
Importa, por isso, fixar com precisão os objectivos da missão de serviço público e as
obrigações recíprocas das partes.
Cláusula 1ª
(Objecto)
1. O presente contrato de concessão tem por objecto regular os termos segundo os quais a
2ª Outorgante prestará o Serviço Público de Radiodifusão Sonora previsto no Nº 5 do Artº 38º
da Constituição da República Portuguesa, do qual é a única prestadora nos termos do Nº 2
do Artº 2º da Lei Nº 87/88, de 30 de Julho, na redacção que lhe foi dada pela Lei Nº 2/97, de
18 de Janeiro, e do Nº 2 do Artº 2º do Decreto-Lei 2/94, de 10 de Janeiro.
7
Cláusula 2ª
(Âmbito)
Cláusula 3ª
(Prazo)
Cláusula 4ª
A missão do Serviço Público de Radiodifusão Sonora cometida à RDP, nos termos da lei e do
presente contrato, determina que a 2ª Outorgante se afirme como:
c) Uma Rádio que seja factor de coesão social, com uma programação agregadora,
acessível a toda a população;
g) Uma Rádio tecnologicamente avançada, que incorpore as inovações que contribuam para
melhorar a eficiência e a qualidade do serviço público que presta e da radiodifusão em
geral.
9
Cláusula 5ª
Claúsula 6ª
A Concessionária obriga-se a:
a.3) Uma terceira emissão, vocacionada para o público mais jovem, que
tenha em conta a atitude crítica das novas gerações face à realidade
envolvente e vá ao encontro das suas aspirações e interesses,
reflectindo o seu estilo de vida e promovendo ideias ou projectos que
estimulem a sua participação na sociedade;
Cláusula 7ª
2.a) Promover a divulgação da música de autores portugueses, bem como dos seus
intérpretes e compositores, comprometendo-se a inserir na programação uma
percentagem mínima de 60% de música de autores portugueses e de expressão
portuguesa no seu primeiro programa;
Cláusula 8ª
Cláusula 9ª
Cláusula 10ª
Cláusula 11ª
(Inovação Tecnológica)
Cláusula 12ª
(Arquivos Sonoros)
Cláusula 13ª
(Cooperação)
Cláusula 14ª
Cláusula 15ª
Cláusula 16ª
(Investimentos)
RDP ÁFRICA, ao funcionamento dos centros regionais das Regiões Autónomas dos
Açores e da Madeira, bem como nos investimentos relacionados com projectos de
radiodifusão sonora avançada.
Cláusula 17ª
(Indemnizações a Terceiros)
Cláusula 18ª
Cláusula 19ª
(Fiscalização)
Cláusula 20ª
Cláusula 21ª
(Multas Contratuais)
Cláusula 22ª
(Sequestro)
Cláusula 23ª
(Resgate da Concessão)
Cláusula 24ª
(Rescisão do Contrato)
2. Não constituem causas de rescisão os factos ocorridos por motivos de caso fortuito
ou força maior e, bem assim, os que o Concedente aceite como justificados.
(Texto consolidado, de acordo com as alterações introduzidas pela Lei n.º 33/2003 de 22 de Agosto, e pela
Lei n.º 7/2006, de 3 de Março)
A Assembleia da República decreta, nos termos da alínea c) do artigo 161.º da Constituição, para valer como lei geral da
República, o seguinte:
CAPÍTULO I
Disposições gerais
Artigo 1.º
Objecto
A presente lei tem por objecto regular o acesso à actividade de radiodifusão sonora e o seu exercício no território
nacional.
Artigo 2.º
Definições
Artigo 3.º
Exercício da actividade de radiodifusão
1 - A actividade de radiodifusão apenas pode ser prosseguida por entidades que revistam a forma jurídica de pessoa
colectiva e tenham por objecto principal o seu exercício, nos termos da presente lei.
2 - O exercício da actividade de radiodifusão só é permitido mediante a atribuição de licença ou de autorização,
conferidas nos termos da presente lei, salvaguardados os direitos já adquiridos por operadores devidamente habilitados.
3 - As frequências a utilizar pela empresa concessionária do serviço público de radiodifusão são atribuídas por despacho
conjunto dos membros do Governo responsáveis pelas áreas da comunicação social e das comunicações.
4 - As autorizações para o fornecimento de novos serviços de programas pela concessionária do serviço público são
atribuídas por despacho do membro do Governo responsável pela área da comunicação social.
5 - Os operadores radiofónicos com serviços de programas de âmbito local devem produzir e difundir as respectivas
emissões a partir do estabelecimento a que corresponde a licença ou autorização.
Artigo 4.º
Tipologia dos serviços de programas de radiodifusão
1 - Quanto ao nível da cobertura, os serviços de programas podem ser de âmbito nacional, regional ou local, consoante
Artigo 5.º
Serviços de programas universitários
1 - As frequências disponíveis para o exercício da actividade de radiodifusão de âmbito local podem ser reservadas para a
prestação de serviços de programas vocacionados para as populações universitárias, através de despacho conjunto dos
membros do Governo responsáveis pelas áreas da comunicação social, das comunicações e da educação.
2 - O diploma referido no número anterior abrirá concurso público a que apenas podem candidatar-se entidades
participadas por instituições do ensino superior e associações de estudantes da área geográfica correspondente às
frequências a atribuir, devendo conter o respectivo regulamento.
3 - Havendo lugar a selecção de projectos apresentados ao mesmo concurso, a AACS terá em conta, para efeitos de
graduação das candidaturas, a diversidade e a criatividade do projecto, a promoção do experimentalismo e da formação
de novos valores, a capacidade de contribuir para o debate de ideias e de conhecimentos, bem como a de fomentar a
aproximação entre a vida académica e a população local, e ainda a cooperação institucional alcançada pelas entidades
signatárias do projecto.
4 - Os serviços de programas a que se refere o presente artigo não podem incluir qualquer forma de publicidade
comercial, incluindo patrocínios.
5 - Os serviços de programas licenciados ao abrigo deste artigo não são abrangidos pelo artigo 42.º e apenas podem
transmitir programação própria, sendo-lhes em tudo o mais aplicável o disposto na presente lei para os serviços de
programas temáticos de âmbito local.
Artigo 6.º
Restrições
A actividade de radiodifusão não pode ser exercida ou financiada por partidos ou associações políticas, autarquias locais,
organizações sindicais, patronais ou profissionais, directa ou indirectamente através de entidades em que detenham
capital ou por si subsidiadas.
Artigo 7.º
Concorrência e concentração
1 - É aplicável aos operadores radiofónicos o regime geral de defesa e promoção da concorrência, nomeadamente no que
respeita às práticas proibidas, em especial o abuso de posição dominante, e à concentração de empresas, com as
especialidades previstas na presente lei.
2 - As operações de concentração entre operadores radiofónicos, sejam horizontais ou verticais, seguem ainda o disposto
no artigo 18.º, devendo a AACS, sem prejuízo da aplicação dos critérios de ponderação aí definidos, recusar a sua
realização quando coloquem manifestamente em causa a livre expressão e confronto das diversas correntes de opinião.
3 - Cada pessoa singular ou colectiva só pode deter participação, no máximo, em cinco operadores de radiodifusão.
4 - Não são permitidas, no mesmo município, participações superiores a 25% no capital social de mais de um operador
radiofónico com serviços de programas de âmbito local.
Artigo 8.º
Transparência da propriedade
1 - As acções constitutivas do capital social dos operadores radiofónicos que revistam a forma de sociedade anónima têm
obrigatoriamente natureza nominativa.
2 - As alterações ao capital social dos operadores que revistam forma societária devem ser comunicadas à AACS, no
prazo de 30 dias, pelo notário que efectivou a correspondente escritura pública.
Artigo 9.º
Fins da actividade de radiodifusão
1 - Constituem fins dos serviços de programas generalistas de radiodifusão, no quadro dos princípios constitucionais
vigentes:
a) Promover o exercício do direito de informar e de ser informado, com rigor e independência, sem impedimentos nem
discriminações;
b) Contribuir para o pluralismo político, social e cultural;
c) Contribuir para a formação do público, favorecendo o reconhecimento da cidadania enquanto valor essencial à
democracia;
d) Promover a cultura e a língua portuguesa e os valores que exprimem a identidade nacional.
2 - Constitui ainda fim específico dos serviços de programas generalistas de âmbito local a produção e difusão de uma
programação destinada especificamente à audiência do espaço geográfico a que corresponde a licença ou autorização.
3 - Os serviços de programas temáticos têm como finalidade contribuir, através do modelo adoptado, para a diversidade
da oferta radiofónica na respectiva área de cobertura.
Artigo 10.º
Serviço público
O Estado assegura a existência e o funcionamento de um serviço público de radiodifusão, em regime de concessão, nos
termos do capítulo IV.
Artigo 11.º
Incentivos do Estado
Tendo em vista assegurar a possibilidade de expressão e confronto das diversas correntes de opinião, o Estado organiza
um sistema de incentivos não discriminatórios de apoio à radiodifusão sonora local, baseado em critérios gerais e
objectivos, determinados em lei específica.
Artigo 12.º
Registo
1 - Compete ao Instituto da Comunicação Social (ICS) organizar um registo dos operadores radiofónicos e dos
respectivos títulos de habilitação para o exercício da actividade de radiodifusão, bem como dos titulares do capital social,
quando os operadores revistam forma societária, nos termos fixados em decreto regulamentar.
2 - Os operadores radiofónicos estão obrigados a comunicar ao ICS os elementos necessários para efeitos de registo,
bem como a proceder à sua actualização, nos termos previstos no diploma referido no número anterior.
3 - O ICS pode, a qualquer momento, efectuar auditorias para fiscalização e controlo dos elementos fornecidos pelos
operadores radiofónicos.
Artigo 13.º
Normas técnicas
1 - A definição das condições técnicas do exercício da actividade de radiodifusão e dos equipamentos a utilizar, dos
termos e prazos da atribuição das necessárias licenças radioeléctricas e dos montantes das respectivas taxas constam de
diploma regulamentar.
2 - O diploma referido no número anterior fixa os termos em que, havendo necessidade de melhorar a qualidade técnica
de cobertura dos serviços de programas licenciados, é possível solicitar a utilização de estações retransmissoras e a
localização da respectiva estação emissora fora do município cuja área pretende cobrir.
CAPÍTULO II
Acesso à actividade
SECÇÃO I
Regras comuns
Artigo 14.º
Modalidades de acesso
Artigo 15.º
Emissão das licenças e autorizações
1 - Compete à AACS atribuir as licenças e as autorizações para o exercício da actividade de radiodifusão, de acordo com
o n.º 2 do artigo anterior, bem como proceder às correspondentes renovações.
2 - O título de habilitação para o exercício da actividade contém, designadamente, a denominação e o tipo do serviço de
programas a que respeita, a identificação e sede do titular, bem como a área de cobertura e, se for o caso, as
frequências e potência autorizadas.
3 - O modelo do título a que se refere o número anterior é aprovado por despacho conjunto dos membros do Governo
responsáveis pelas áreas da comunicação social e das comunicações.
Artigo 16.º
Instrução dos processos
1 - Os processos de licenciamento ou autorização são instruídos pelo ICS, que promoverá, para o efeito, a recolha dos
necessários pareceres do Instituto das Comunicações de Portugal (ICP), no que respeita às condições técnicas da
candidatura.
2 - Os processos que não preencham as condições legais e regulamentares de candidatura não são aceites, sendo a
respectiva recusa objecto de despacho do membro do Governo responsável pela área da comunicação social.
3 - O ICS submete os processos à apreciação da AACS no prazo de 45 dias após o termo do prazo de apresentação das
candidaturas ou após o saneamento dos processos, ou no prazo de 7 dias após a recepção e saneamento, consoante se
trate, respectivamente, de licenciamento ou de autorização de serviços de programas.
4 - A AACS delibera no prazo de 60 ou de 15 dias, consoante se trate, respectivamente, de licenciamento ou de
autorização de serviços de programas.
Artigo 17.º
Prazos
1 - As licenças e autorizações são emitidas pelo prazo de 10 anos, renováveis por iguais períodos, mediante solicitação,
com seis meses de antecedência, do respectivo titular, devendo a correspondente decisão ser proferida no prazo de três
meses a contar da data da apresentação do pedido.
2 - No caso de a AACS não se pronunciar no prazo de três meses, considera-se o pedido de renovação tacitamente
aprovado.
Artigo 18.º
Alterações subjectivas
1 - A realização de negócios jurídicos que envolvam a alteração do controlo de empresa detentora de habilitação legal
para o exercício da actividade de radiodifusão só pode ocorrer três anos depois da atribuição original da licença, ou um
ano após a última renovação, e deve ser sujeita à aprovação prévia da AACS.
2 - A AACS decide no prazo de 30 dias, após verificação e ponderação das condições iniciais que foram determinantes
para a atribuição do título e dos interesses do auditório potencial dos serviços de programas fornecidos, garantindo a
salvaguarda das condições que a habilitaram a decidir sobre o projecto original ou sobre as alterações subsequentes.
3 - Para efeitos do n.º 1, considera-se existir controlo da empresa quando se verifique a possibilidade do exercício,
isolado ou conjunto, e tendo em conta as circunstâncias de facto e de direito, de uma influência determinante sobre a
sua actividade, designadamente através da existência de direitos de disposição sobre qualquer parte dos respectivos
activos ou que confiram o poder de determinar a composição ou decisões dos órgãos da empresa.
4 - O regime estabelecido nos números anteriores é aplicável, com as necessárias adaptações, à fusão de cooperativas,
devendo a AACS, caso estejam reunidos os pressupostos para a realização da operação, promover as respectivas
alterações ao título de habilitação para o exercício da actividade.
Artigo 19.º
Observância do projecto aprovado
1 - O operador radiofónico está obrigado ao cumprimento das condições e termos do serviço de programas licenciado ou
autorizado.
2 - A modificação do serviço de programas só pode ocorrer um ano após a atribuição de licença ou autorização e está
sujeita a aprovação da AACS.
3 - O pedido de modificação deve ser fundamentado tendo em conta, nomeadamente, a evolução do mercado e as
implicações para a audiência potencial do serviço de programas em questão.
4 - No caso de a AACS não se pronunciar no prazo de 90 dias, considera-se a modificação tacitamente aprovada.
Artigo 20.º
Extinção e suspensão
1 - As licenças e as autorizações extinguem-se pelo decurso do prazo pelo qual foram atribuídas ou por revogação,
podendo ainda ser suspensas nos termos do artigo 69.º
2 - A revogação das licenças ou autorizações é da competência da AACS e ocorre nos casos previstos no artigo 70.º
Artigo 21.º
Regulamentação
SECÇÃO II
Radiodifusão digital terrestre
Artigo 22.º
Emissões digitais
As licenças detidas pelos operadores de radiodifusão analógica constituem habilitação bastante para o exercício da
respectiva actividade por via hertziana digital terrestre, nos termos a definir em legislação específica.
SECÇÃO III
Radiodifusão analógica
SUBSECÇÃO I
Ondas radioeléctricas
Artigo 23.º
Radiodifusão em ondas quilométricas e decamétricas
1 - A actividade de radiodifusão em ondas quilométricas (ondas longas) e decamétricas (ondas curtas) é assegurada pela
concessionária do serviço público de radiodifusão, sem prejuízo dos actuais operadores concessionários ou devidamente
licenciados.
2 - Excepcionalmente, e por razões de interesse público, a actividade a que se refere o número anterior pode ser
exercida por outras entidades, mediante contrato de concessão a autorizar por resolução do Conselho de Ministros.
Artigo 24.º
Radiodifusão em ondas hectométricas e métricas
A actividade de radiodifusão em ondas hectométricas (ondas médias - amplitude modulada) e métricas (ondas muito
curtas - frequência modulada) pode ser prosseguida por qualquer operador, nos termos do n.º 1 do artigo 3.º
SUBSECÇÃO II
Concurso público
Artigo 25.º
Abertura do concurso
1 - As licenças para o exercício da actividade de radiodifusão são atribuídas por concurso público.
2 - O concurso público é aberto, após audição da AACS, por despacho conjunto dos membros do Governo responsáveis
pelas áreas da comunicação social e das comunicações, o qual deve conter o respectivo objecto e regulamento.
Artigo 26.º
Apresentação de candidaturas
1 - Os requerimentos para atribuição de licenças para o exercício da actividade de radiodifusão são dirigidos à AACS e
entregues, para instrução, no ICS, no prazo fixado no despacho de abertura do concurso público.
2 - Para além de outros documentos exigidos no regulamento do concurso, os requerentes devem apresentar uma
descrição detalhada dos meios técnicos e humanos afectos ao projecto e da actividade que se propõem desenvolver.
Artigo 27.º
Limites à classificação
1 - Em cada um dos municípios que integram as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto existirá, pelo menos, uma
frequência afecta a um serviço de programas de âmbito local e de conteúdo generalista.
2 - Fora das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, os serviços de programas de âmbito local difundidos por via
hertziana terrestre apenas podem ser classificados como temáticos se, no respectivo município, pelo menos duas
frequências estiverem afectas a serviços de programas generalistas.
Artigo 28.º
Preferência na atribuição de licenças
Havendo lugar, para atribuição de licenças, à selecção de projectos apresentados ao mesmo concurso, a AACS terá em
conta, para efeitos de graduação de candidaturas:
a) A qualidade do projecto de exploração, aferida em função da ponderação global das linhas gerais de programação, da
sua correspondência com a realidade sócio-cultural a que se destina, do estatuto editorial e do número de horas
dedicadas à informação de âmbito equivalente ao da área de cobertura pretendida;
b) A criatividade e diversidade do projecto;
c) O menor número de licenças detidas pelo mesmo operador para o exercício da actividade;
d) O maior número de horas destinadas à emissão de música portuguesa.
Artigo 29.º
Início das emissões
1 - As emissões devem iniciar-se no prazo de seis meses após a data da publicação no Diário da República da deliberação
de atribuição da respectiva licença.
2 - Os operadores de radiodifusão com serviços de programas de cobertura nacional ficam obrigados a garantir, no prazo
de três anos sobre a data de atribuição das respectivas licenças, a cobertura de 75% do correspondente espaço
territorial, devendo o restante ser assegurado no prazo de cinco anos.
Artigo 30.º
Associação de serviços de programas temáticos
Os serviços de programas temáticos que obedeçam a um mesmo modelo específico podem associar-se entre si, até ao
limite máximo de quatro, para a difusão simultânea da respectiva programação, não podendo entre os emissores de cada
um deles mediar uma distância inferior a 100 km.
SUBSECÇÃO III
Conversão de serviços de programas
Artigo 31.º
Alteração da classificação
1 - Os operadores radiofónicos cujos serviços de programas tenham sido classificados como temáticos podem solicitar,
um ano após a respectiva classificação, a sua alteração para generalistas, mediante requerimento dirigido à AACS e
entregue no ICS.
2 - O ICS notifica os operadores cujos serviços de programas tenham idêntica cobertura na área geográfica servida pelo
requerente para que se pronunciem, no prazo de 30 dias, quanto à pretensão de igualmente alterar a classificação dos
respectivos serviços de programas, para o que poderão proceder à necessária candidatura no prazo de 60 dias a contar
da mesma data.
Artigo 32.º
Processo
1 - O requerimento a que se refere o n.º 1 do artigo anterior deve conter a fundamentação do projecto com a indicação
dos objectivos a atingir, a descrição detalhada das linhas gerais da programação a apresentar e a indicação dos recursos
humanos e dos equipamentos a utilizar.
2 - Os processos são remetidos, para decisão, à AACS, nos 15 dias seguintes ao termo do prazo na circunstância
aplicável, de entre os referidos no n.º 2 do artigo anterior.
3 - Caso as candidaturas excedam o número admissível de serviços de programas temáticos nos termos do artigo 27.º,
serão hierarquizadas de acordo com os seguintes critérios de preferência:
a) Maior percentagem de tempo destinada a programas de índole informativa;
b) Maior percentagem de programação própria, tal como definida na alínea g) do artigo 2.º;
c) Adequação do projecto às populações que visa servir;
d) Recursos humanos envolvidos.
4 - A AACS decide no prazo de 30 dias após a recepção dos processos.
SECÇÃO IV
Actividade de radiodifusão via satélite e por cabo
Artigo 33.º
Autorização
1 - A concessão de autorizações para o exercício da actividade de radiodifusão via satélite ou por cabo depende da
verificação da qualidade técnica do projecto.
2 - O pedido de autorização deve ser acompanhado, para além dos documentos indicados no diploma a que se refere o
artigo 21.º, dos elementos enunciados no n.º 2 do artigo 26.º
3 - O estabelecimento de redes próprias de transporte e distribuição do sinal de radiodifusão por cabo ou por satélite
obedece, respectivamente, ao disposto nos Decretos-Leis n.os 241/97, de 18 de Setembro, e 381-A/97, de 31 de
Dezembro.
CAPÍTULO III
Programação
SECÇÃO I
Liberdade de programação e de informação
Artigo 34.º
Autonomia dos operadores
1 - A liberdade de expressão do pensamento, através da actividade de radiodifusão, integra o direito fundamental dos
cidadãos a uma informação livre e pluralista, essencial à democracia e ao desenvolvimento social e económico do País.
2 - Salvo os casos previstos na presente lei, o exercício da actividade de radiodifusão assenta na liberdade de
programação, não podendo a Administração Pública ou qualquer órgão de soberania, com excepção dos tribunais,
impedir, condicionar ou impor a difusão de quaisquer programas.
Artigo 35.º
Limites à liberdade de programação
1 - Não é permitida qualquer emissão que atente contra a dignidade da pessoa humana, viole direitos, liberdades e
garantias fundamentais ou incite à prática de crimes.
2 - É vedada aos operadores radiofónicos a cedência, a qualquer título, de espaços de propaganda política, sem prejuízo
do disposto na presente lei em matéria de direito de antena.
Artigo 36.º
Direito à informação
1 - O acesso a locais abertos ao público para fins de cobertura jornalística rege-se pelo disposto no Estatuto do
Jornalista.
2 - A cobertura informativa de quaisquer eventos através da actividade de radiodifusão está sujeita às normas legais
aplicáveis em matéria de direitos de autor e conexos, incluindo as relativas à utilização livre das obras ou prestações
protegidas.
3 - Os titulares de direitos decorrentes da organização de espectáculos ou outros eventos públicos não podem opor-se à
transmissão radiofónica de breves extractos que se destinem a informar sobre o conteúdo essencial dos acontecimentos
em questão.
4 - O exercício do direito à informação sobre acontecimentos desportivos, nomeadamente através do seu relato ou
comentário radiofónico, não pode ser limitado ou condicionado pela exigência de quaisquer contrapartidas financeiras,
salvo as que se destinem a suportar os custos resultantes da disponibilização de meios técnicos ou humanos para o efeito
requeridos.
5 - O disposto no número anterior aplica-se aos operadores radiofónicos licenciados ou autorizados por direito
estrangeiro, desde que igual tratamento seja conferido aos operadores nacionais pela legislação ou autoridades a que
estejam sujeitos, em acontecimentos desportivos de natureza semelhante.
SECÇÃO II
Obrigações dos operadores
Artigo 37.º
Responsável pelo conteúdo das emissões
Cada serviço de programas deve ter um responsável pela orientação e supervisão do conteúdo das emissões.
Artigo 38.º
Estatuto editorial
1 - Cada serviço de programas deve adoptar um estatuto editorial que defina claramente a sua orientação e objectivos e
inclua o compromisso de respeitar os direitos dos ouvintes, bem como os princípios deontológicos dos jornalistas e a
ética profissional.
2 - O estatuto editorial é elaborado pelo responsável a que se refere o artigo anterior, ouvido o conselho de redacção e
sujeito a aceitação da entidade proprietária, devendo ser remetido, nos 60 dias subsequentes ao início das emissões, à
AACS.
3 - As alterações introduzidas no estatuto editorial seguem os termos do disposto no número anterior.
4 - No caso de serviços de programas que já tenham iniciado as suas emissões, o prazo referido no n.º 2 conta-se a
partir da data da entrada em vigor da presente lei.
Artigo 39.º
Serviços noticiosos
1 - Os operadores radiofónicos que forneçam serviços de programas generalistas ou temáticos informativos devem
produzir, e neles difundir, serviços noticiosos regulares.
2 - Os serviços de programas referidos no número anterior devem, recorrendo a produção própria, difundir um mínimo
de três serviços noticiosos respeitantes à sua área geográfica, obrigatoriamente transmitidos entre as 7 e as 24 horas,
mediando entre eles um período de tempo não inferior a três horas.
Artigo 40.º
Qualificação profissional
1 - Os serviços noticiosos, bem como as funções de redacção, são obrigatoriamente assegurados pelos jornalistas.
2 - Nos serviços de programas de âmbito local, os serviços noticiosos e as funções de redacção podem também ser
assegurados por equiparados a jornalistas.
Artigo 41.º
Programação própria
1 - Os serviços de programas de cobertura local devem transmitir um mínimo de oito horas de programação própria, a
emitir entre as 7 e as 24 horas, salvo o disposto no artigo 30.º
2 - Durante o tempo de programação própria, os serviços de programas devem indicar a sua denominação, a frequência
da emissão, quando exista, bem como a localidade de onde emitem, a intervalos não superiores a uma hora.
Artigo 42.º
Número de horas de emissão
Os serviços de programas emitidos por via hertziana terrestre devem funcionar vinte e quatro horas por dia.
Artigo 43.º
Registo das emissões
1 - As emissões devem ser gravadas e conservadas pelo período mínimo de 30 dias, se outro mais longo não for
determinado por lei ou por decisão judicial.
2 - Os serviços de programas devem organizar mensalmente um registo das obras difundidas, para efeitos dos
correspondentes direitos de autor e conexos, a enviar, durante o mês imediato, quando solicitado, às instituições
representativas dos autores.
3 - O registo a que se refere o número anterior compreende os seguintes elementos:
a) Título da obra;
b) Autoria e interpretação;
c) Editora ou procedência da obra;
d) Data da emissão.
Artigo 44.º
Publicidade
1 - A publicidade radiofónica rege-se pelo disposto no Código da Publicidade, com as especialidades previstas nos
números seguintes.
2 - Os espaços de programação patrocinados devem incluir, no seu início e termo, a menção expressa desse facto.
3 - Os programas de informação geral, designadamente os serviços noticiosos, não podem ser patrocinados.
4 - A inserção de publicidade não pode afectar a integridade dos programas, devendo ter em conta as suas pausas
próprias, duração e natureza.
5 - A difusão de materiais publicitários não deve ocupar, diariamente, mais de 20% do tempo total da emissão dos
serviços de programas licenciados.
SECÇÃO III
Música portuguesa
Artigo 44.º-A
Difusão de música portuguesa
1 - A programação musical dos serviços de programas de radiodifusão sonora é obrigatoriamente preenchida, em quota
mínima variável entre 25% e 40%, com música portuguesa.
2 - Para os efeitos do presente artigo, consideram-se música portuguesa as composições musicais:
a) Que veiculem a língua portuguesa ou reflictam o património cultural português, inspirando-se, nomeadamente, nas
suas tradições, ambientes ou sonoridades características, seja qual for a nacionalidade dos seus autores ou intérpretes;
ou
b) Que, não veiculando a língua portuguesa por razões associadas à natureza dos géneros musicais praticados,
representem uma contribuição para a cultura portuguesa.
Artigo 44.º-B
Serviço público
As quotas de música portuguesa no serviço público de radiodifusão sonora são fixadas no respectivo contrato de
concessão, não devendo a percentagem de difusão no seu primeiro serviço de programas ser inferior a 60% da totalidade
da música nele difundida.
Artigo 44.º-C
Música em língua portuguesa
A quota de música portuguesa fixada nos termos do n.º 1 do artigo 44.º-A deve ser preenchida, no mínimo, com 60% de
música composta ou interpretada em língua portuguesa por cidadãos dos Estados membros da União Europeia.
Artigo 44.º-D
Música recente
A quota de música portuguesa fixada nos termos do n.º 1 do artigo 44.º-A deve ser preenchida, no mínimo, com 35% de
música cuja 1.ª edição fonográfica ou comunicação pública tenha sido efectuada nos últimos 12 meses.
Artigo 44.º-E
Excepções
1 - O regime estabelecido na presente secção não é aplicável ao serviço de programas temáticos musicais cujo modelo
específico de programação se baseie na difusão de géneros musicais insuficientemente produzidos em Portugal.
2 - O disposto no artigo 44.º-D não se aplica aos serviços de programas dedicados exclusivamente à difusão de
fonogramas publicados há mais de um ano.
3 - A determinação dos serviços de programas abrangidos pelo n.º 1 compete à entidade reguladora para a comunicação
social, que torna públicos os critérios a seguir para efeitos da respectiva qualificação.
Artigo 44.º-F
Regulamentação
Compete ao Governo, ouvidas as associações representativas dos sectores envolvidos e tendo em conta os indicadores
disponíveis em matéria de consumo de música portuguesa no mercado discográfico nacional, estabelecer, através de
portaria, por períodos de um ano, as quotas de difusão previstas no n.º 1 do artigo 44.º-A.
Artigo 44.º-G
Cálculo das percentagens
1 - Para efeitos de fiscalização, o cálculo das percentagens previstas na presente secção é efectuado mensalmente e tem
como base o número das composições difundidas por cada serviço de programas no mês anterior.
2 - As percentagens referidas na presente secção devem igualmente ser respeitadas na programação emitida entre as 7
e as 20 horas.
CAPÍTULO IV
Serviço público
Artigo 45.º
Âmbito da concessão
1 - A concessão do serviço público de radiodifusão abrange emissões de cobertura nacional, regional e internacionais,
que poderão ser redifundidas localmente, analógicas ou digitais, por via hertziana terrestre, cabo, satélite ou por outro
meio apropriado, no quadro das autorizações que lhe sejam conferidas para a utilização do espectro radioeléctrico e para
o fornecimento de novos serviços de programas.
2 - Os termos da concessão são definidos por contrato celebrado entre a concessionária e o Estado.
3 - O contrato a que se refere o número anterior carece de parecer da AACS e do conselho de opinião da empresa
concessionária, previsto no artigo 51.º, no âmbito das respectivas atribuições.
Artigo 46.º
Concessionária do serviço público
1 - A concessão do serviço público de radiodifusão é atribuída à Rádio e Televisão de Portugal, SGPS, S. A., nos termos
do contrato de concessão celebrado entre o Estado e a Radiodifusão Portuguesa, S. A.
2 - Os serviços de programas que integram o serviço público de radiodifusão são explorados pela Radiodifusão
Portuguesa, S.A.
Artigo 47.º
Missão do serviço público de radiodifusão
1 - A Radiodifusão Portuguesa, S. A., deve assegurar uma programação de referência, inovadora e com elevados padrões
de qualidade, que satisfaça as necessidades culturais, educativas, formativas, informativas e recreativas dos diversos
públicos, obrigando-se, designadamente, a:
a) Assegurar o pluralismo, o rigor e a imparcialidade da informação, bem como a sua independência perante quaisquer
poderes, públicos ou privados;
b) Emitir uma programação inovadora e variada, que estimule a formação e a valorização cultural, tendo em especial
atenção o público jovem;
c) Difundir uma programação agregadora, acessível a toda a população, tendo em conta os seus estratos etários,
ocupações e interesses;
d) Difundir uma programação que exprima a diversidade social e cultural nacional, combatendo todas as formas de
exclusão ou discriminação, e que responda aos interesses minoritários das diferentes categorias do público;
e) Garantir a cobertura noticiosa dos principais acontecimentos nacionais e estrangeiros;
f) Promover e divulgar a criação artística nacional e o conhecimento do património histórico e cultural do País;
g) Emitir programas regulares vocacionados para a difusão internacional da língua e cultura portuguesas.
2 - Constitui ainda obrigação da Radiodifusão Portuguesa, S. A., incorporar as inovações tecnológicas que contribuam
para melhorar a eficiência e a qualidade do serviço de que está incumbida e da actividade de radiodifusão em geral.
Artigo 48.º
Serviços específicos
Além de outras obrigações constantes do contrato de concessão, a Radiodifusão Portuguesa, S. A., obriga-se a prestar os
seguintes serviços específicos:
a) Assegurar, com o devido relevo e a máxima urgência, a divulgação das mensagens cuja difusão seja solicitada pelo
Presidente da República, pelo Presidente da Assembleia da República e pelo Primeiro-Ministro;
b) Assegurar o exercício do direito de antena, bem como do direito de réplica política dos partidos da oposição, nos
termos dos artigos 52.º a 57.º;
c) Manter e actualizar os arquivos sonoros;
d) Assegurar o funcionamento do Museu da Rádio;
e) Desenvolver a cooperação com operadores radiofónicos dos países de língua portuguesa;
f) Manter relações de cooperação e intercâmbio com organizações internacionais e entidades estrangeiras ligadas à
actividade radiofónica.
Artigo 49.º
Financiamento
1 - O financiamento do serviço público de radiodifusão é garantido pelo produto da cobrança da taxa de radiodifusão
sonora, estabelecida pelo Decreto-Lei n.º 389/76, de 24 de Maio, além de outras formas de pagamento a fixar ao abrigo
de protocolos firmados entre a Administração Pública e a concessionária.
2 - A taxa de radiodifusão sonora fica abrangida na alínea a) do n.º 1 do artigo 148.º do Código de Procedimento e de
Processo Tributário, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 433/99, de 26 de Outubro.
Artigo 50.º
Fiscalização do cumprimento do serviço público
Artigo 51.º
Conselho de opinião
1 - O conselho de opinião do serviço público de radiodifusão é constituído maioritariamente por membros indicados por
associações e outras entidades representativas dos diferentes sectores da opinião pública e tem a composição prevista
nos estatutos da concessionária.
2 - Compete ao conselho de opinião:
a) Dar parecer sobre o cumprimento das obrigações de serviço público da concessionária e da sua correspondência com
as disposições constitucionais, legais e contratuais relevantes;
b) Propor ao accionista Estado os nomes do vice-presidente e de um ou dois vogais do conselho de administração da
concessionária, consoante esta tenha três ou cinco membros, nos termos previstos nos estatutos da mesma;
c) Dar parecer sobre o contrato de concessão do serviço público de radiodifusão;
d) Apreciar os planos de actividades e orçamento relativos ao ano seguinte, bem como o relatório e contas da
concessionária;
e) Apreciar as bases gerais da actividade da concessionária no que concerne à programação e aos planos de
investimento;
f) Apreciar a actividade da concessionária no âmbito da cooperação com os países de expressão portuguesa e do apoio às
comunidades portuguesas no estrangeiro;
g) Pronunciar-se sobre outras questões que os órgãos sociais entendam submeter-lhe.
CAPÍTULO V
Direitos de antena e de resposta ou réplica política
SECÇÃO I
Direito de antena
Artigo 52.º
Acesso ao direito de antena
1 - Aos partidos políticos, às organizações sindicais, profissionais e representativas das actividades económicas, bem
como às associações de defesa do ambiente e do consumidor, e, ainda, às organizações não governamentais que
promovam a igualdade de oportunidades e a não discriminação é garantido o direito a tempo de antena no serviço
público de rádio.
2 - Por tempo de antena entende-se o espaço de programação própria da responsabilidade do titular do direito, facto que
deve ser expressamente mencionado no início e no termo de cada programa.
3 - As entidades referidas no n.º 1 têm direito, gratuita e anualmente, aos seguintes tempos de antena:
a) Dez minutos por partido representado na Assembleia da República, acrescidos de quinze segundos por cada Deputado
eleito;
b) Cinco minutos por partido não representado na Assembleia da República com participação nas mais recentes eleições
legislativas, acrescidos de quinze segundos por cada 15000 votos nelas obtidos;
c) Sessenta minutos, por categoria, para as organizações sindicais, profissionais e representativas das actividades
económicas e sessenta minutos para as restantes entidades indicadas no n.º 1, a ratear de acordo com a sua
representatividade;
d) Dez minutos por outras entidades que tenham direito de antena atribuído por lei.
4 - Cada titular não pode utilizar o direito de antena mais de uma vez em cada 15 dias, nem em emissões com duração
superior a cinco ou inferior a dois minutos, salvo se o seu tempo de antena for globalmente inferior.
5 - Os responsáveis pela programação devem organizar, com a colaboração dos titulares do direito de antena e de acordo
com a presente lei, planos gerais da respectiva utilização.
6 - Na impossibilidade insanável de acordo sobre os planos referidos no número anterior e a requerimento dos
interessados, cabe a arbitragem à AACS.
Artigo 53.º
Limitação ao direito de antena
1 - O exercício do direito de antena não pode ocorrer aos sábados, domingos e feriados oficiais, devendo ainda ser
suspenso um mês antes da data fixada para o início do período de campanha em qualquer acto eleitoral ou referendário,
nos termos da legislação respectiva.
2 - O direito de antena é intransmissível.
Artigo 54.º
Emissão e reserva do direito de antena
1 - Os tempos de antena são emitidos no serviço de programas de cobertura nacional de maior audiência entre as 10 e
as 20 horas.
2 - Os titulares do direito de antena devem solicitar a reserva do tempo de antena a que tenham direito até cinco dias
úteis antes da transmissão, devendo a respectiva gravação ser efectuada ou os materiais pré-gravados entregues até
quarenta e oito horas antes da emissão do programa.
3 - Aos titulares do direito de antena são assegurados os indispensáveis meios técnicos para a realização dos respectivos
programas em condições de absoluta igualdade.
Artigo 55.º
Caducidade do direito de antena
O não cumprimento dos prazos previstos no artigo anterior determina a caducidade do direito, salvo se tiver ocorrido por
facto não imputável ao seu titular, caso em que o tempo não utilizado pode ser acumulado ao da utilização programada
posterior à cessação do impedimento.
Artigo 56.º
Direito de antena em período eleitoral
Nos períodos eleitorais, a utilização do direito de antena é regulada pela lei eleitoral.
SECÇÃO II
Direito de resposta ou réplica política
Artigo 57.º
Direito de réplica política dos partidos da oposição
1 - Os partidos representados na Assembleia da República que não façam parte do Governo têm direito de réplica, no
serviço público de radiodifusão e no mesmo serviço de programas, às declarações políticas proferidas pelo Governo que
directamente os atinjam.
2 - A duração e o relevo concedidos para o exercício do direito referido no número anterior serão iguais aos das
declarações que lhes tiverem dado origem.
3 - Quando mais de um partido tiver solicitado, através do respectivo representante, o exercício do direito, o tempo é
rateado em partes iguais pelos vários titulares, nunca podendo ser inferior a um minuto por cada interveniente.
4 - Ao direito de réplica política são aplicáveis, com as devidas adaptações, os procedimentos previstos na presente lei
para o exercício do direito de resposta.
5 - Para efeitos do presente artigo, só se consideram as declarações de política geral ou sectorial feitas pelo Governo em
seu nome e como tal identificáveis, não relevando, nomeadamente, as declarações de membros do Governo sobre
assuntos relativos à gestão dos respectivos departamentos.
CAPÍTULO VI
Direitos de resposta e de rectificação
Artigo 58.º
Pressupostos dos direitos de resposta e de rectificação
1 - Tem direito de resposta nos serviços de programas de radiodifusão qualquer pessoa singular ou colectiva,
organização, serviço ou organismo público que neles tiver sido objecto de referências, ainda que indirectas, que possam
afectar a sua reputação ou bom nome.
2 - As entidades referidas no número anterior têm direito de rectificação na rádio sempre que aí tenham sido feitas
referências inverídicas ou erróneas que lhes digam respeito.
3 - Caso o programa onde as referências aludidas nos números anteriores tenha sido difundido numa emissão em cadeia,
os direitos de resposta ou de rectificação podem ser exercidos junto da entidade responsável por essa emissão ou de
qualquer operador que a tenha difundido.
4 - O direito de resposta e o de rectificação ficam prejudicados se, com a concordância expressa do interessado, o
responsável pelo respectivo serviço de programas tiver corrigido ou esclarecido o texto em questão, ou lhe tiver facultado
outro meio de expor eficazmente a sua posição.
5 - O direito de resposta e o de rectificação são independentes de procedimento criminal pelo facto da emissão, bem
como do direito à indemnização pelos danos por ela causados.
Artigo 59.º
Direito à audição da emissão
1 - O titular do direito de resposta ou de rectificação, ou quem legitimamente o represente nos termos do n.º 1 do artigo
seguinte, pode exigir, para efeito do seu exercício, a audição do registo da emissão e sua cópia, mediante pagamento do
custo do suporte utilizado, que lhe devem ser facultados no prazo máximo de vinte e quatro horas.
2 - O pedido de audição suspende o prazo para o exercício do direito, que volta a correr vinte e quatro horas após o
momento em que lhe tiver sido facultada.
Artigo 60.º
Exercício dos direitos de resposta e de rectificação
1 - O exercício do direito de resposta ou de rectificação deve ser requerido pelo próprio titular, pelo seu representante
legal ou pelos herdeiros nos 20 dias seguintes à emissão.
2 - O prazo do número anterior suspende-se quando, por motivo de força maior, as pessoas nele referidas estiverem
impedidas de fazer valer o direito cujo exercício estiver em causa.
3 - O texto da resposta ou da rectificação deve ser entregue aos responsáveis pela emissão, com assinatura e
identificação do autor, através de procedimento que comprove a sua recepção, invocando expressamente o direito de
resposta ou de rectificação ou as competentes disposições legais.
4 - O conteúdo da resposta ou da rectificação é limitado pela relação directa e útil com as referências que as tiverem
provocado, não podendo exceder 300 palavras, ou o número de palavras da intervenção que lhe deu origem, se for
superior.
5 - A resposta ou a rectificação não podem conter expressões desproporcionadamente desprimorosas ou que envolvam
responsabilidade criminal ou civil, na qual só o autor da resposta ou da rectificação incorre.
Artigo 61.º
Decisão sobre a transmissão da resposta ou da rectificação
1 - Quando a resposta ou a rectificação forem intempestivas, provierem de pessoa sem legitimidade, carecerem
manifestamente de fundamento ou contrariarem o disposto nos n.os 4 e 5 do artigo anterior, o responsável pelo serviço
de programas em causa pode recusar a sua emissão, informando o interessado, por escrito, acerca da recusa e da sua
fundamentação, nas vinte e quatro horas seguintes à recepção da resposta ou da rectificação.
2 - Caso a resposta ou a rectificação violem o disposto nos n.os 4 ou 5 do artigo anterior, o responsável convidará o
interessado, no prazo previsto no número anterior, a proceder à eliminação, nas quarenta e oito horas seguintes, das
passagens ou expressões em questão, sem o que ficará habilitado a recusar a difusão da totalidade do texto.
3 - No caso de o direito de resposta ou de rectificação não terem sido satisfeitos ou terem sido infundadamente
recusados, o interessado pode recorrer ao tribunal judicial do seu domicílio no prazo de 10 dias a contar da recusa ou do
termo do prazo legal para a satisfação do direito, ou à AACS, nos termos da legislação especificamente aplicável.
4 - Requerida a notificação judicial do responsável pela programação que não tenha dado satisfação ao direito de
resposta ou de rectificação, é aquele imediatamente notificado por via postal para contestar no prazo de dois dias úteis,
após o que será proferida em igual prazo a decisão, da qual cabe recurso com efeito meramente devolutivo.
5 - Só é admitida prova documental, sendo todos os documentos juntos com o requerimento inicial e com a contestação.
6 - No caso de procedência do pedido, o serviço de programas emite a resposta ou a rectificação no prazo fixado no n.º 1
do artigo seguinte, acompanhada da menção de que é efectuada por decisão judicial ou da AACS.
Artigo 62.º
Transmissão da resposta ou da rectificação
1 - A transmissão da resposta ou da rectificação é feita até vinte e quatro horas após a recepção do respectivo texto pelo
responsável do serviço de programas em causa, salvo o disposto nos n.os 1 e 2 do artigo anterior.
2 - A resposta ou a rectificação são transmitidas gratuitamente no mesmo programa ou, caso não seja possível, em hora
de emissão equivalente.
3 - A resposta ou a rectificação devem ser transmitidas tantas vezes quantas as emissões da referência que as
motivaram.
4 - A resposta ou a rectificação são lidas por um locutor do serviço de programas em moldes que assegurem a sua fácil
percepção e pode incluir outras componentes áudio sempre que a referência que as motivar tiver utilizado técnica
semelhante.
5 - A transmissão da resposta ou da rectificação não pode ser precedida nem seguida de quaisquer comentários, à
excepção dos necessários para apontar qualquer inexactidão ou erro de facto, os quais podem originar nova resposta ou
rectificação, nos termos dos n.os 1 e 2 do artigo 58.º
CAPÍTULO VII
Normas sancionatórias
SECÇÃO I
Formas de responsabilidade
Artigo 63.º
Responsabilidade civil
1 - Na determinação das formas de efectivação da responsabilidade civil emergente de factos cometidos através da
actividade de radiodifusão observa-se o regime geral.
2 - Os operadores radiofónicos respondem solidariamente com os responsáveis pela transmissão de programas
previamente gravados, com excepção dos transmitidos ao abrigo dos direitos de antena, de réplica política ou de
resposta e de rectificação.
Artigo 64.º
Responsabilidade criminal
Artigo 65.º
Actividade ilegal de radiodifusão
1 - O exercício da actividade de radiodifusão sem a correspondente habilitação legal determina a punição dos
responsáveis com prisão até três anos ou com multa até 320 dias.
2 - São declarados perdidos a favor do Estado os bens utilizados no exercício ilegal da actividade de radiodifusão, sem
prejuízo dos direitos de terceiros de boa fé.
Artigo 66.º
Desobediência qualificada
O responsável pela programação, ou quem o substitua, incorre no crime de desobediência qualificada quando:
a) Não acatar a decisão do tribunal que ordene a transmissão da resposta ou da rectificação, ao abrigo do disposto no n.º
6 do artigo 61.º;
b) Não promover a difusão de decisões judiciais nos exactos termos a que refere o artigo 76.º;
c) Não cumprir as deliberações da AACS relativas ao exercício dos direitos de antena, de réplica política, de resposta ou
de rectificação.
Artigo 67.º
Atentado contra a liberdade de programação e informação
1 - Quem impedir ou perturbar a emissão de serviços de programas ou apreender ou danificar materiais necessários ao
exercício da actividade de radiodifusão, fora dos casos previstos na lei e com o intuito de atentar contra a liberdade de
programação ou de informação, é punido com prisão até dois anos ou com multa até 240 dias, se pena mais grave lhe
não couber nos termos da lei penal.
2 - A aplicação da sanção prevista no número anterior não prejudica a efectivação da responsabilidade civil pelos
prejuízos causados ao operador radiofónico.
3 - Se o infractor for agente ou funcionário do Estado ou de pessoa colectiva pública e, no exercício das suas funções,
praticar os factos descritos no n.º 1, é punido com prisão até três anos ou com multa até 320 dias, se pena mais grave
lhe não couber nos termos da lei penal.
Artigo 68.º
Contra-ordenações
Artigo 69.º
Sanções acessórias
1 - O desrespeito reiterado das condições e termos do projecto aprovado, as participações proibidas em mais de um
operador, a violação das regras sobre associação de serviços de programas temáticos e o incumprimento das obrigações
relativas à produção e difusão de serviços noticiosos, bem como a repetida inobservância da transmissão do número
obrigatório de horas de emissão ou de programação própria nos casos não cobertos pela previsão da alínea d) do artigo
70.º, poderão dar lugar, atenta a gravidade do ilícito, à sanção acessória de suspensão da licença ou autorização para o
exercício da actividade por período não superior a três meses.
2 - A inobservância do disposto no n.º 1 do artigo 35.º, punida nos termos da alínea c) do artigo anterior, pode ainda dar
lugar à sanção acessória de suspensão das emissões do serviço de programas onde se verificou a prática do ilícito por
período não superior a três meses, excepto quando se trate de emissões publicitárias, a que se aplicarão as sanções
acessórias e as medidas cautelares previstas no Código da Publicidade.
3 - A inobservância do disposto no n.º 1 do artigo 44.º-A e nos artigos 44.º-B, 44.º-C e 44.º-D e no n.º 2 do artigo 44.º-
G, punida nos termos da alínea c) do artigo anterior, pode ainda dar lugar à sanção acessória de suspensão, por período
não superior a três meses, do título de habilitação para a emissão do serviço de programas onde se verificou a prática do
ilícito.
4 - A inobservância do disposto no artigo 35.º, quando cometida no exercício do direito de antena, e no n.º 2 do artigo
53.º, prevista na alínea b) do artigo anterior, pode ainda, consoante a gravidade da infracção, ser punida com a sanção
acessória de suspensão do exercício do mesmo direito por períodos de 3 a 12 meses, com um mínimo de 6 meses em
caso de reincidência, sem prejuízo de outras sanções previstas na lei.
5 - A aplicação de coima pela violação do disposto nos n.os 1 e 2 do artigo 19.º, no artigo 30.º, nos n.os 1 e 2 do artigo
35.º, nos artigos 39.º e 40.º e no n.º 1 do artigo 41.º pode ainda dar lugar à sanção acessória de publicitação de decisão
condenatória, nos termos fixados pela entidade competente.
6 - O recurso contencioso da aplicação da sanção acessória prevista nos números anteriores tem efeito suspensivo até o
trânsito em julgado da respectiva decisão.
Artigo 70.º
Revogação das licenças ou autorizações
A revogação das licenças ou autorizações concedidas é determinada pela AACS quando se verifique:
a) O não início dos serviços de programas licenciados no prazo fixado no n.º 1 do artigo 29.º ou a ausência de emissões
por um período superior a dois meses, salvo autorização devidamente fundamentada, caso fortuito ou de força maior;
b) A exploração do serviço de programas por entidade diversa do titular da licença ou autorização;
c) A realização de negócios jurídicos que impliquem uma alteração do controlo da empresa detentora da correspondente
habilitação legal, sem observância das formalidades referidas no artigo 18.º ou antes de decorrido o prazo aí
estabelecido;
d) A realização de emissões em cadeia não autorizadas nos termos da presente lei;
e) A reincidência em comportamento que tenha determinado a aplicação de medida de suspensão da licença ou
autorização ou, independentemente do facto que lhe deu origem, a aplicação de duas medidas de suspensão no prazo de
três anos;
f) A falência do operador radiofónico.
Artigo 71.º
Fiscalização
1 - A fiscalização do cumprimento do disposto na presente lei incumbe ao ICS e, em matéria de publicidade, também ao
Instituto do Consumidor, sem prejuízo das competências de qualquer outra entidade legalmente habilitada para o efeito.
2 - A fiscalização das instalações das estações emissoras e retransmissoras, das condições técnicas das emissões e da
protecção à recepção radioeléctrica das mesmas compete ao ICP, no quadro da regulamentação aplicável.
3 - A fiscalização do cumprimento do disposto na secção III do capítulo III da presente lei incumbe à entidade reguladora
para a comunicação social.
4 - Os operadores radiofónicos devem facultar o acesso dos agentes fiscalizadores a todas as instalações, equipamentos,
documentos e outros elementos necessários ao exercício da sua actividade.
Artigo 72.º
Processamento das contra-ordenações e aplicação das coimas
1 - O processamento das contra-ordenações compete à entidade responsável pela aplicação das coimas correspondentes,
excepto o das relativas à violação dos artigos 35.º, quando cometida através de emissões publicitárias, e 44.º, o qual
incumbe ao Instituto do Consumidor.
2 - Compete ao presidente do ICS a aplicação das coimas e sanções acessórias previstas na presente lei, com excepção
das relativas à violação:
a) Dos artigos 18.º, 19.º, 35.º, 37.º, 38.º, 44.º-A a 44.º-G e 52.º a 62.º, que incumbe à entidade reguladora para a
comunicação social;;
b) Do artigo 35.º, quando cometida através de emissões publicitárias, e dos n.os 2, 3 e 5 do artigo 44.º, da
responsabilidade da comissão de aplicação de coimas prevista no Código da Publicidade.
3 - A receita das coimas reverte em 60% para o Estado e em 40% para o ICS, quando competente para a sua aplicação,
ou em 60% para o Estado, 20% para a entidade fiscalizadora e 20% para a entidade responsável pelo processamento
das contra-ordenações respeitantes à violação dos artigos 35.º, quando cometida através de emissões publicitárias, e
44.º
SECÇÃO II
Disposições especiais de processo
Artigo 73.º
Forma do processo
O procedimento pelas infracções criminais cometidas através da actividade de radiodifusão rege-se pelas disposições do
Código de Processo Penal e da legislação complementar, com as especialidades decorrentes da presente lei.
Artigo 74.º
Competência territorial
1 - Para conhecer dos crimes previstos na presente lei é competente o tribunal da comarca do local onde o operador
radiofónico tenha a sua sede ou representação permanente.
2 - Exceptuam-se do disposto no número anterior os crimes cometidos contra o bom nome e reputação, a reserva da
vida privada ou outros bens da personalidade, cuja apreciação é da competência do tribunal da comarca do domicílio do
ofendido.
3 - No caso de transmissões radiofónicas por entidade não habilitada nos termos da lei, e não sendo conhecido o
elemento definidor da competência nos termos do n.º 1, é competente o Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa.
Artigo 75.º
Regime de prova
1 - Para prova dos pressupostos do exercício dos direitos de resposta ou de rectificação, e sem prejuízo de outros meios
admitidos por lei, o interessado pode requerer, nos termos do artigo 528.º do Código de Processo Civil, que o operador
radiofónico seja notificado para apresentar, no prazo da contestação, as gravações da emissão em causa.
2 - Para além da referida no número anterior, só é admitida prova documental que se junte com o requerimento inicial
ou com a contestação.
Artigo 76.º
Difusão das decisões
A requerimento do Ministério Público ou do ofendido, e mediante decisão judicial que fixará os prazos e horário para o
efeito, a parte decisória das sentenças condenatórias transitadas em julgado por crimes cometidos através da actividade
de radiodifusão, assim como a identidade das partes, são difundidas no serviço de programas onde foi praticado o ilícito.
CAPÍTULO VIII
Conservação do património radiofónico
Artigo 77.º
Registos de interesse público
1 - Os operadores radiofónicos devem organizar arquivos sonoros e musicais com o objectivo de conservação dos
registos de interesse público.
2 - A cedência e utilização dos registos referidos no número anterior são definidas por portaria conjunta dos membros do
Governo responsáveis pela cultura e pela comunicação social, tendo em atenção o seu valor histórico, educacional e
cultural para a comunidade, cabendo a responsabilidade pelos direitos de autor à entidade requisitante.
CAPÍTULO IX
Disposições finais e transitórias
Artigo 78.º
Contagem dos tempos de emissão
Os responsáveis pelos serviços de programas de rádio asseguram a contagem dos tempos de antena, de réplica política e
de resposta ou de rectificação para efeitos da presente lei, dando conhecimento dos respectivos resultados aos
interessados.
Artigo 79.º
Norma transitória
1 - O regime decorrente do disposto no n.º 3 do artigo 14.º entra em vigor seis meses após a publicação da presente lei,
mantendo-se vigentes, até essa data, as regras relativas à transmissão dos alvarás, fixadas no artigo 15.º do Decreto-Lei
n.º 130/97, de 27 de Maio, no quadro da alteração da competência para a sua autorização introduzida pela Lei n.º 43/98,
de 6 de Agosto.
2 - O disposto no artigo 42.º entra em vigor seis meses após a publicação da presente lei, mantendo-se vigente, até essa
data, o regime estabelecido no artigo 4.º do Decreto-Lei n.º 130/97, de 27 de Maio.
3 - A Portaria n.º 931/97, de 12 de Setembro, mantém-se em vigor até à publicação da regulamentação a que se refere
o artigo 21.º
Artigo 80.º
Norma revogatória
1 - São revogados a Lei n.º 87/88, de 30 de Julho, e o Decreto-Lei n.º 130/97, de 27 de Maio, e respectivas alterações.
2 - A Portaria n.º 121/99, de 15 de Fevereiro, mantém-se em vigor, salvo quanto às disposições contrárias ao que se
Versão oficial publicada no Diário da República , I Série-A, n.º 46, de 23 de Fevereiro de 2001, págs. 1030-1042 (pdf) ,
alterada pela Lei n.º 33/2003 , de 22 de Agosto, publicada no Diário da República , I Série-A, n.º 193, de 22 de Agosto
de 2003, págs. 5344-5355 (pdf) e pela Lei n.º 7/2006, de 3 de Março , publicada no Diário da. República, I Série-A, n.º
45, de 3 de Março de 2006, págs 1662-1663 (pdf) .
10 de Abril de 2008
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Comunicação Social | 3º ano 2007/08 ANEXO pág. | 1
SERVIÇO PÚBLICO DE RADIODIFUSÃO
O CASO DA ANTENA 3
(David Monteiro) - Há relativamente pouco tempo que essas pessoas não a oiçam, mas temos que ter em
efectuaram alterações significativas na programação conta o próprio nível etário das pessoas que aqui
da A3. Porquê? O que faltava? trabalham, que não vão para novas…o que fazíamos com
as pessoas que cá estão? Obviamente que a equipa vai
José Mariño - Em falta há sempre qualquer coisa. Nesta sendo sempre renovada, mas é património que não
mudança, neste pequeno lifting de programação, o que precisamos de desperdiçar.
tentámos fazer foi chegar a outros universos e ir um pouco São essas pessoas que têm feito a Antena 3 ao longo deste
para além da música. 14 anos…e ter alguém já com uma idade que não se
A Antena 3 durante os últimos anos ou mesmo desde o seu adeqúe ao espírito teenager a tentar ser teenager é
nascimento (está quase a fazer 14 anos) que se distinguiu complicado. A rádio teve que acompanhar a evolução das
por ser uma rádio onde a música portuguesa tem um papel pessoas que aqui trabalham.
principal e bastante mais destacado que tem noutras No público-alvo não queremos esquecer ninguém, não
rádios. queremos agradar dos sete aos 77, mas em termos de
Com esta nova programação tentámos fazer o mesmo em principais escalões etários aos quais a Antena 3 se dirige
relação ao humor. Este foi um dos pontos que marcou o temos que pensar entre os 15 e os 34. É bem provável que
início da nova programação a partir de 14 de Setembro vá um pouco mais além, mas serão estes os escalões
com os “Cómicos de Garagem”. Um reforço da ideia de etários que na prática a Antena 3 atinge e que na realidade
que era necessário chegar a outros públicos e mostrar se quer dirigir.
novos valores na área da música, mas também da comédia.
(DM) - O público-alvo é tido em conta na vossa
(DM) - Porquê essa aposta dedicando, ao longo da programação de que forma?
emissão, vários espaços para o humor?
JM - Sim, para além dos conteúdos de humor colocados
JM - Para dar oportunidade a novos talentos nessa área. na nova programação, sexo, dependências, internet,
Nos últimos anos tem vindo a desenvolver-se e a crescer. ambiente, entre outros… Todos esses conteúdos que
Faz todo o sentido que a Antena 3, que é uma rádio em quisemos acrescentar à nossa emissão fazem parte dessa
que o humor tem destaque, possa também fazer alguma nova abordagem da Antena 3 que, sem perder o seu ADN,
coisa por aqueles que estão agora a começar nesta área da o reforça com outras características que também fazem
mesma forma que tem feito com a música. Promover todo o sentido numa rádio de serviço público que quer
novos valores e ajudar a descobrir novas potencialidades chegar às pessoas não só através da música.
neste campo.
Para além do humor, apostámos em pequenos formatos (DM) - Um dos objectivos da missão de SP é conseguir
que estão ligados ao nosso público e que se calhar não tem uma “programação de referência, inovadora e com
o destaque que deveriam ter noutras estações de rádio que elevados padrões de qualidade”.
trabalham para os mesmos escalões etários. De que forma se traduzem estas características na
programação da A3?
(DM) Qual é o “target” (público-alvo) da Antena 3?
JM - Logo à partida definir o que e Serviço Público é uma
JM - Há quem ache que a Antena 3 deveria manter-se com tarefa utópica.
um público muito jovem (15-24 anos). Não quero dizer
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Comunicação Social | 3º ano 2007/08
SERVIÇO PÚBLICO DE RADIODIFUSÃO
O CASO DA ANTENA 3
Se juntássemos muitas pessoas numa sala ficávamos ali Não foi por deixarmos a música portuguesa. Passa ainda
eternamente a discutir. Em vez de discutir o conceito é mais musica portuguesa do que na altura em que tínhamos
melhor mesmo passar à prática. Com todas as dificuldades apenas musica portuguesa.
que isso acarreta há coisas que é fundamental ter em conta.
Nomeadamente, para se fazer Serviço Público é preciso ter (DM) - A música portuguesa é a melhor forma, na sua
público! opinião, de fazer justiça aos pressupostos de serviço
Antena 3 é um pouco o espelho desta dificuldade que há público quando refere a necessidade da rádio “criar um
em definir Serviço Público. Na Antena 3 nos tentamos sentimento de coesão nacional e promover a preservação
fazer com que determinados aspectos fossem as nossas de valores nacionais”?
bandeiras do que é Serviço Público.
A aposta na música portuguesa é um deles. E neste caso é JM - É uma das formas que a Antena3 encontra para
Serviço Público e é serviço que prestamos ao próprio país, adequar essas frases que normalmente são escritas por
porque em Portugal as pessoas têm uma falta de amor políticos que não têm a noção prática das coisas.
próprio…e isso é gritante. Basta passarmos a fronteira É o mesmo que as leis determinarem que a rádio “x” ou no
para vermos como são diferentes as noções que os seu todo tenha que passar uma percentagem de música
Espanhóis têm acerca do patriotismo… nacional. Isso não é nada! Não podemos entender as rádios
como as únicas culpadas pelo facto da música portuguesa
(DM) - Porque acabou com a “Quinta dos estar em baixo. Não tem nada a ver com a rádio. Ao longo
Portugueses”? dos anos tem sido graças a rádio que a música tem dado
alguns passos, mesmo naquelas em que não tem tido o
JM – Para ter maior oferta em todo espaço de emissão. Há destaque que merece. Meus amigos. Não podem olhar
programas em que ter música portuguesa não será assim para a rádio - que também tem os seus podres –
positivo, pois são programas específicos em que o mote nomeadamente gente que ainda tem preconceitos
será divulgar outros estilos musicais. Mas há programas relativamente a música e ao que é feito em Portugal...
em que está em destaque que é o caso da “Portugália”. Na música portuguesa, se houve um défice de divulgação
Relativamente à “Quinta dos Portugueses”, não foi uma não foi na rádio, mas sim na televisão. A música não traz
decisão fácil, mas era uma decisão que estava há audiências e, portanto, contam-se os programas de
demasiado tempo a ser adiada. Porque foi uma bandeira e divulgação musical nos canais generalistas. A rádio é um
uma forma de Antena 3 mostrar que estava com a música oásis no meio de um deserto em relação à música. E
portuguesa. A aposta a partir de 14 de Setembro foi aponta-se o dedo a rádio injustamente.
mostrar às pessoas que a música portuguesa não toca na As leis que foram feitas são importantes como incentivos
Antena 3 só à 5ª-feira. Há um dia em que as pessoas só para gerar impulsos que criem mudanças, mas essa lei por
ouvem música portuguesa ou vêem apenas programas si, não vem fazer nada. Se calhar talvez sejam precisas
portugueses? Presta muito melhor serviço se a toda a hora outras no sentido de dar incentivos aos músicos, os artigos
e a qualquer momento fizer com que a música portuguesa musicais deixarem de ser artigos de luxo e os discos terem
chegue à antena e misturada com outras músicas consiga, que deixar de estar sujeitos ao IVA de 21%, à semelhança
até de uma forma mais eficaz, chegar a um maior número dos livros.
de pessoas. A “Quinta dos Portugueses” era limitadora por Não pode ser um acto isolado e tem que haver uma
se dedicar apenas um dia à música portuguesa… política de apoio à música no seu todo como aconteceu,
por exemplo, em França que revelaram bons resultados.
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Comunicação Social | 3º ano 2007/08
SERVIÇO PÚBLICO DE RADIODIFUSÃO
O CASO DA ANTENA 3
Era bom que se olhasse para o que se passa lá fora e mais até que apenas aquilo que entendemos que é Serviço
transpor para a cultura portuguesa porque esses exemplos Público. Se entendemos que está dentro dos nossos
que devem ser seguidos. horizontes aproveitamos as melhores formas de o
Actualmente se alguém quer massificar o que quer que fazermos e de levarmos às pessoas essa missão que temos.
seja…produto, ideia…não pode usar exclusivamente a Se calhar para um ministro - que esteja na Assembleia da
rádio. Terá que ser uma política feita através de todos os República ou num gabinete - o facto de a Antena 3
meios. Se querem que seja melhor e que traga números de transmitir um festival de música que acontece em Lisboa
vendas mais interessantes, terá que ser por uma política para o resto do país não é Serviço Público. Se calhar para
geral. as pessoas que estão no Norte, no Interior, em Gouveia,
A rádio continua a ser, ainda que possa ser ultrapassada, o Faro ou Caminha, por exemplo, que não podem vir a
principal veículo para divulgar música, seja ela de que Lisboa ou que nunca tiveram num festival é.
origem for. Está a fazer o que as outras rádios não fazem
habitualmente e está a prestar um serviço que não esta
(DM) - A rádio tem vindo a traçar um ciclo curioso. disponível no panorama radiofónico. De outra forma não
Iniciou-se como instrumento de propaganda política, poderia estar participar nesse festival.
libertou-se na época das rádios piratas e actualmente Do lado da política, há pessoas que não percebem o
são várias as queixas relativamente às ambiguidades Serviço Público. Da mesma forma que não percebo como
que persistem na Lei da Rádio por inércia do poder se gasta dinheiro em coisas inúteis, em propaganda e
político. cartazes que poluem, em vez de se apoiarem outras
Sentem, pela legislação em vigor, alguma limitação no iniciativas.
vosso trabalho?
(DM) Mas é verdade que é dado um destaque
JM - Em relação às quotas nós estamos perfeitamente à maioritário aos acontecimentos que se realizam nos
vontade porque as ultrapassamos e não temos que nos grandes centros urbanos, principalmente em Lisboa.
preocupar com isso. É apenas uma medida deslocada que JM - É um facto que isso acontece com mais frequência. E
não vai solucionar as questões que existem. a Antena 3 tenta fugir um pouco a esse ponto de vista um
Mas é obvio que sentimos isso, pelo menos eu sinto. pouco enviesado. Porque é um facto normalmente as
pessoas que estão nos centros de decisão se esquecem um
(DM) - Quando pensam a grelha de programação têm pouco do resto do país. Mas também essa é uma
em conta aquilo que a legislação e o contrato de dificuldade que a rádio tem no seu todo e não só as rádios
concessão dizem relativamente aos pressupostos do de Serviço Público.
Serviço Público? É mais fácil falarmos do que está a acontecer à nossa
frente do que em realidades distantes e espalhadas pelo
JM - Obviamente que nós temos que seguir a lei e fazer as país. A Antena 3 curiosamente, ao contrário das outras
coisas à luz da lei e os advogados são peritos nisso… As rádios nacionais, tem mais audiência fora de Lisboa, o que
leis tem que saber ser interpretadas. O problema é quando quer dizer alguma coisa.
as leis são tão ambíguas que depois dão margem para
grandes divagações. (DM) Mas na programação há esse reflexo?
Do 8 ao 80 poderei dizer que as leis são cumpridas. Temos
essa missão de Serviço Público, mas tentamos encontrar
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Comunicação Social | 3º ano 2007/08
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O CASO DA ANTENA 3
JM - Reflexo não. Mas o que é facto que a Antena 3 por JM - Temos que ter atenção aos conteúdos on-line porque
ser diferente das outras consegue agarrar mais públicos ao contrário do que se possa pensar a internet surge como
que não estão nas grandes cidades e por isso alguma coisa uma concorrente à rádio - se olharmos para os meios
acontece na Antena 3 que agrada mais a essas pessoas que isoladamente. No entanto a internet também é rádio. Nós
às de Lisboa e Porto. temos é que saber usar a internet para poder promover a
Se calhar tem a ver com a maior diversidade de conteúdos, rádio e fazer com que mais pessoas se liguem a rádio em
com esta ligação a outros pontos do país. Não é que na FM ou mesmo apenas on-line.
programação esteja presente a toda a hora. Mas há mais Se não é através do auto-rádio, em casa ou no trabalho…
preocupação em existirem. Temos um programa entre que seja através da internet. Importante é que ouçam os
Lisboa e Porto. Temos aos quadros e aos microfones podcasts ou em streaming a rádio quando estão a trabalhar
pessoas que não são só de Lisboa. no computador, através da internet.
Temos pessoas de outras zonas do país e isso também traz Tirando a imagem que a rádio possa ter em outdoors, em
alguma diversidade àquilo que é a Antena 3. Agora anúncios… a rádio não tem imagem. Com a internet a
programas marcadamente regionais não temos, temos às rádio ganha uma imagem e permite-nos entrar em
vezes quando a rádio também sai do estúdio e vai a outros campeonatos que não são muito habituais. Se pensarmos
pontos do país. Mas temos noção e temos essa nos vídeos que são feitos, em colocar os programas em
preocupação de tentar descentralizar. Fazemos coisas podcast ou mp3 e ouvir em qualquer lado…
marcadamente lisboetas, mas tentamos lutar contra isso. Os mais apetecidos em termos de podcast ou streaming
são na maioria dos casos ligados a humor, ao Nuno Markl,
(DM) - Quais são os programas de maior audiência? entre outros. Temos a liderar o campeonato o
“Laboratorilolela”, “Há Vida em Markl”, “Nuno &
JM - Durante o dia e de 2ª - feira a 6ª - feira os programas Nando”, “Linha Avançada” em quinto, “Prova Oral” em
de maior audiência são o programa da manha, “Manhãs da sexto, o programa do “Dj Vibe”, “Raggae”, “Caixa de
3” e à tarde “O Trio da Tarde”, das 16h as 19h. São esses Ritmos” em oitavo, “Ambientasons” em nono, “Cómicos
os programas que registam os maiores níveis durante a de Garagem” em décimo.
semana. Todos os meses há mais gente que quer ouvir a rádio na
Ao fim-de-semana não há uma perspectiva muito real. internet ou que apenas quer ir buscar os podcasts. Cada dia
Infelizmente os resultados apenas são realizados de 3 em 3 que passa aumenta o número de utilizadores na internet.
meses. O que da conta também do peso da rádio (A internet) Permite ainda uma expansão da rádio para os
actualmente. Enquanto na televisão temos audiências dos nossos emigrantes. Já cheguei a receber e_mails da China.
programas ao minuto… Permite isso mesmo, que em qualquer parte do mundo
A internet fornece dados mais exactos do número de possam ouvir a nossa rádio. E isso também acaba por
pessoas que vão ver «aquele» ou «outro» programa. mudar muita coisa, porque a realidade é outra actualmente.
Sabemos quais são mais requisitados ou menos. Embora continuem a existir limitações.
(DM) - Dão muita importância aos conteúdos (DM) - E porque é que na página da Internet têm
on-line? Preocupam-se em que haja harmonia entre o publicidade?
que fazem em FM e o que está disponível na Internet?
JM - É uma boa pergunta. A pagina da Antena 3, tendo
em conta que é uma rádio de Serviço Público e que não
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Comunicação Social | 3º ano 2007/08
SERVIÇO PÚBLICO DE RADIODIFUSÃO
O CASO DA ANTENA 3
tem publicidade, porque é que tem na página da internet daquilo que já conhecem. Se a rádio estivesse sempre a dar
publicidade... Isso é um vazio legal que permite que isso as pessoas músicas que não conhecem, muitas não iriam
aconteça. Estamos integrados num grupo, Rádio e gostar.
Televisão de Portugal – RTP, e quem gere o nosso site a É também a playlist que vai dizer qual é a personalidade
esse nível é a multimédia da RTP. Como ninguém pensou dessa estação.
nisso até agora tudo se mantém. Assim o nosso objectivo é chegar a outros públicos que
Mas também porque é que Antena 3 pode dizer “Super não tem rádio para ouvir. Ou se calhar têm em Lisboa, mas
Bock Super Rock”… porque está inscrito como sendo de não terão em mais lado nenhum! Mesmo fora de Lisboa…
interesse cultural. À partida terá benefícios… mas porque a Antena 3 tem também essa missão de funcionar como
é que pode ser anunciado a qualquer hora do dia em alternativa e se calhar como a única rádio que divulga
qualquer lugar, quando se proíbe a publicidade de bebidas música nova e alternativa de forma gratuita e
alcoólicas…a antes das 10h da noite? personalizada com que a Antena 3 trata esses assuntos ou
esses universos.
(DM) - Como é pensada/ elaborada a “Playlist”?
Sob que parâmetros é definida? (percentagens, tempos, (DM) - Como é definido o “Índice A3 – 30”?
géneros…)
JM - Vão sendo introduzidas à medida que vão entrando
JM – A Playlist… essa também é uma das diferenças da na nossa playlist.
Antena 3 que foi ligeiramente alterada com este novo Vão entrando e vão sendo votadas pelos ouvintes e depois
conceito de programação. A playlist é pensada como em é mediante essa votação que sobem, descem, permanecem
qualquer outra rádio. Agora, cada rádio tem o seu ou não nessa tabela.
caminho.
A da RFM é feita de uma forma científica para que a (DM) - Quais os critérios que estabelecem para a
música que «entre» seja a de maior nível de agradabilidade informação?
de preferência junto do público que pretende atingir.
Também queremos que isso aconteça. Que gostem da JM - Talvez não aconteça de forma tão marcada a noutras
música que tocamos, mas tentamos ir um pouco mais rádios, mas aqui na estação da Antena 3 e nas outras rádios
além. Ao contrário da RFM e da Comercial onde o risco é do grupo, que existe uma direcção de programas e uma de
muito curto ou nenhum, nós arriscamos com músicas que informação. Obviamente que a direcção de informação
não são conhecidas e que podem ou não a vir a ser um tem que se moldar ao que são as premissas da rádio
êxito. (Antena 3), da mesma forma que a direcção de programas
Por exemplo, a Antena 3 toca em Janeiro o que a RFM e tem que fazer com essas premissas sejam espelhadas na
outras rádios… vão tocar só em Julho ou Setembro. programação.
Pronto, a Antena 3 aposta mais cedo nas músicas porque Em relação ao lado da informação aquilo que se tem
acredita que possam ser ou vir a ser boas. tentado ao longo dos tempos é fazer algo que seja
Tentamos apostar em artistas novos mesmo que daqui a 6 direccionado aos nossos ouvintes: dar uma perspectiva
meses não toquem na RFM ou em lado nenhum! geral sobre a actualidade, sobre aquilo que interessa ou
A Antena 3 tem horas de emissão em que há playlists que potencialmente seria interessante para toda a gente.
definidas por serem programas de autor, pelo que não Depois ir a determinadas zonas e tocá-las de forma mais
convém mudar todos os dias. As pessoas só gostam particular e mais específica. E obviamente que tem a ver
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Comunicação Social | 3º ano 2007/08
SERVIÇO PÚBLICO DE RADIODIFUSÃO
O CASO DA ANTENA 3
com o «target» da Antena 3, com pessoal mais novo: O domínio da informação é um domínio complicado.
estudantes, acontecimentos, noticias, destaques que Porque quando já se fazem quotas para verificar a
possam mexer com o nosso público-alvo. cobertura dos partidos políticos na televisão…não faz
sentido!
(DM) - No entanto existem temas que ficam um pouco à
margem da programação. (DM) - Têm preocupações com a concorrência? No
Há a preocupação de tentar incorporar temas como sentido de tentar ser melhor ou simplesmente para
política, religião, economia, entre outros, na vossa perceber o que está em falta na Rádio?
programação?
JM - Claro que sim. Temos que ter. Embora não da
JM - Há. A “Prova Oral” vai a tudo. E esses assuntos mesma forma como a concorrência vê a concorrência que
também são abordados na “Prova Oral”. tem.
Em rádios que sejam equivalentes, (ok, a Antena 3 é que é A partir do momento em que pensamos que a Antena 3 é a
a de Serviço Público) … também não existem programas única rádio que existe e não tens em conta o que as outras
específicos em que esses temas sejam abordados. Na rádios fazem se calhar estás a fechar-te demasiado em ti
Antena 3 não é que sejam de forma explicita… não próprio e não vais perceber que há outras realidades e que
estamos a fazer o programa a calcular as percentagens há coisas a acontecer. E porque essas rádios comerciais
temáticas, mas esses assuntos são abordados. Quando por terem que olhar muito para concorrência lutam para
houve o referendo para a interrupção voluntária da fazer melhor e inovar, arranjar dinheiro para subsistir…
gravidez isso foi abordado em emissões especiais da porque vivem e são obrigadas e dominadas pelo marketing
“Prova Oral”. Era um assunto que fazia sentido ser e pelo mercado. É garças a isso que têm um ritmo mais
abordado de forma diferente daquilo que teve eco na acelerado e maior necessidade de estarem actualizadas e a
televisão x ou na Antena 1. Tentamos adaptar a realidade à par do que se passa. A nós só nos faz bem sabermos aquilo
rádio e à nossa maneira. que os outros fazem, não para fazermos igual mas para
O Serviço Público é eficiente quando consegue que aprendermos com o que está a ser feito e saber o que esta a
assuntos que na seu todo não interessam (deveriam acontecer à nossa volta.
interessar) interessem ao público que nos ouve.
Falta (e nós fazemo-lo) adequar o que vai ser dito, como (DM) - O que distingue essencialmente o programa
vai ser dito e como vai ser recebido. “Manhãs da 3!” e os homólogos que passam nas
É muito difícil dizer alguma coisa a alguém que não quer privadas? Não deveria ser mais alternativo à oferta?
habitualmente ouvir…e ter interesse nesse assunto. Esses Aceita a crítica?
temas são exemplo disso!
JM - Eu penso que é bem diferente dos programas da
(DM) - A prova oral é a melhor forma de abordar estes manhã da concorrência. Mas há pontos em comum. O
temas? Nuno Markl fazia um programa na rádio Comercial muito
marcante e esta hoje na Antena 3. Obviamente que o
JM - É. A “Prova Oral” e a informação. As coisas são Markl não deixou de ser o Markl… agora quem ouvir a
muito divididas. Há uma direcção de programas e uma de Comercial e Antena 3 ou outra qualquer vai perceber que
informação. há imensas diferenças.
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O CASO DA ANTENA 3
Há espaço para entrevistas que até duram mais tempo que JM - Eu acho que a Antena 3 ideal, cada um teria a sua, tal
a formatação da Antena 3 determina que tenha. como cada um teria a sua rádio ideal.
É muito menos formatado. A Antena 3 que idealizo não é a rádio que foge à
A grande maioria das pessoas de manhã tem um ritmo. É legislação, se calhar é a rádio que pode provar aos
necessário criar um programa com que as pessoas se legisladores que certas coisas não estão bem e que podem
possam identificar. E elas consomem este tipo de ser mudadas. O que é complicado, numa rádio pública, de
programa. Não considero que as “Manhãs da 3” sejam por em prática.
essencialmente diferentes. Mas porque é que tem que ser
diferente? (DM) - A privatização seria a solução ou tornar-se-ia
Uma rádio que queira ser líder de audiências, não é o caso uma estação com uma oferta muito semelhante ao que
da Antena 3 (se o fosse melhor) terá que fazer “coisas” já existe?
semelhantes às da RFM para agradar ao mesmo público e
surpreender ainda mais. JM - A questão não é fazer sentido ou não a privatização.
Mas acho que a Antena 3 marca bem a diferença, ainda A ser privatizada, quem ficaria a perder seriam certamente
que tenha alguns pontos em comum: humor, passatempos os ouvintes da Antena 3.
com ouvintes no ar… Passaria a ser uma oferta com mais do mesmo, mas
Temos mais tempo para entrevista e conversa. certamente sem aquilo que a Antena 3 representa como
rádio e veículo para divulgar talentos que noutras rádios
(DM) - Rui Pêgo, director de programas da RDP, não tem espaço, ideias que não tem tempo de antena.
quando assumiu o cargo referiu que era necessário a
rádio ter mais reportagem e entrevista. Porque acabou (DM) - Quais são os seus objectivos ao nível das
com a reportagem da Ana Galvão, nas “Manhãs da 3”? audiências?
JM - A reportagem da Ana Galvão… tem a ver com o JM - Chegar ao maior número possível de ouvintes sem
facto de estar a fazer a emissão a seguir (às Manhãs da 3) e perder as características que fazem da Antena 3 uma
é quase mais uma questão interna. Funcionava muito bem estação de Serviço Público. Ou seja, tentar fazer um bom
e ficámos a perder sem a reportagem. É uma coisa que não trabalho sem esquecer essas premissas de Serviço Público
existe noutras rádios. e ainda assim, chegar ao maior número possível de
Muitas vezes temos que lutar com as armas que temos à pessoas, tentando contemplar os nichos, as maiorias, as
nossa mão. minorias, as pessoas que não ouvem outras estações e
Se me perguntasses se a Antena 3 era a rádio que mesmo as que ouvem.
idealizava, eu dizia te que não! Eu gostava que Antena 3
fosse uma coisa diferente, mas tenho consciência do que é (DM) - Faz sentido a manutenção de uma rádio Jovem
possível e das pessoas que cá estão…e todas as exigências de Serviço Público?
que na prática limitam os teus desejos e vontades... Tens
que te conformar e tentar fazer o melhor com o que tens à JM – Sim. Para garantir a diversidade e a aposta em ideais
disposição. que não são aqueles que uma rádio privada tem. Estas
vivem do dinheiro dos anunciantes. A Antena 3 não
(DM) - Como idealizava a Antena 3? depende disso e tem mais liberdade para fazer outras
coisas e apostar em causas nacionais, como a música e
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O CASO DA ANTENA 3
mostrar outras “coisas” que as privadas não têm tempo JM - Acho que sim. E tenho pena que a RTP ao contrário
para mostrar. de outras estações de Serviço Público e de outras
organizações espalhadas pelo mundo não seja mais
(DM) - Fez parte do lançamento da Antena 3 em 1994. independente do poder político. E não estou a dizer que o
A identidade da Antena 3 é muito diferente do que era primeiro-ministro ligue para o director de informação para
no início? falar mais “disto” ou “daquilo”. Não é isso!
Não é por mudar o Governo que vai mudar a
JM - Muito. Muito diferente. E talvez tivesse sido nesse administração da RTP. Uma coisa não tem que ser cargos
período que Antena 3 teve os melhores resultados de políticos, mas cargos de mérito! O interesse nacional
sempre em termos de audiências, porque foi uma surpresa. deveria estar acima da política, mas não está! É posto em
Passou por momentos menos bons em termos de segundo plano para dar lugar ao partidarismo. O que é
audiências durante anos e nos últimos tempos tem pena!
estabilizado e mantido ao nível de audiências que se calhar Quanto mais ignorante for quem vai votar, mais fácil será
não será o mais satisfatório… Se pudermos ter a audiência governar.
que a RFM tem, porque não? A rádio tem que estar dependente do mérito das pessoas
Fazer Serviço Público prestando um bom serviço à Rádio, que nela trabalham e que a administram.
melhor ainda!
Os tempos são difíceis. Uma rádio que tem um programa (DM) - Quando sai da Rádio Comercial confessa-se
de palavra (Prova Oral) em alternativa a rádios que têm “cansado e desencantado com o panorama da rádio em
programas de música… se calhar não esta a pensar em Portugal”. Como se sente agora?
audiências. Também não será essa a nossa missão.
JM - Em relação à rádio em Portugal… Acho que estou no
(DM) - E vale a pena manter essa estratégia nesse sítio certo. É uma das poucas rádios onde é possível fazer
horário (19h)? as coisas de forma diferente, é possível arriscar, não estar
permanentemente agarrado a uma formatação que prende e
JM - Vale a pena, claro que vale. É bom para tentar remar que não deixa espaço para outras coisas.
contra a maré e mostrar que é possível fazer as “coisas” e Penso que isso seja necessário. Quando disse isso tinha
falar os assuntos de forma diferente. A pouco e pouco, acabado de sair da Comercial e estava realmente
mesmo que não sejam maiorias, fazemos com que algumas desiludido com a rádio, mas também antes aqui na Antena
minorias ganhem interesse por assuntos que ali são 3. Em 2000 quando sai da Antena 3, também estava
abordados. cansado, não da rádio, mas da forma como estava a sentir
Trazê-las para assuntos do mundo e trazer grandes as coisas.
mudanças ao país. Nessa altura a rádio renasceu e acho que estou no sítio
certo para fazer as coisas de forma diferente. É uma rádio
(DM) - Por terem que obedecer a uma diversidade onde é possível criar (não é que nas outras não hajam
temática, a um pluralismo discutível, a uma condições, se calhar ate há mais…). Para se fazer um bom
independência relativa (económicos), agradar a grupos disco não é preciso ter um bom estúdio e muitos que são
e satisfazer minorias…será fácil manter a identidade produzidos em bons estúdios não são bons discos…
da Antena 3 no futuro? Aqui se calhar a esse nível não estamos tão bem
apetrechados quanto a concorrência, que nesse aspecto a
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O CASO DA ANTENA 3
concorrência está claramente à nossa frente e só quem for Mesmo com a integração da RDP na RTP. Houve
surdo é que não percebe isso. É uma constatação triste que evolução e lados positivos, mas está a faltar investimento
sou obrigado a fazer… na rádio a esse nível. Espero que esse investimento
Aqui dentro há outro lado. Há mais anarquia entre aspas, aconteça.
mas também mais possibilidades de fazer coisas O que importa ter uma casa enorme e com muitas
diferentes, procurar outras fórmulas, outras músicas, assoalhadas se tiver brechas na parede?
outros caminhos e se calhar não sendo isso sinónimo de É determinante no nosso trabalho. Se fosse em televisão a
êxito e de audiências... São embriões de coisas que podem situação teria uma resolução mais rápida.
vir a nascer no futuro. O caso dos Silence4, por exemplo.
A Antena 3 conseguiu fazer alastrar o nome deles e de (DM) - Mesmo assim, apontando essa lacuna nos
muitos outros. pressupostos estabelecidos pela legislação e pelo
Obviamente que isso me enche de orgulho. Quando contrato de concessão, a Antena 3, na sua opinião
conseguimos fazer com que projectos que consideremos cumpre a missão de Serviço Público.
válidos passem do anonimato ao grande público - e nesse
processo tivemos um papel decisivo - isso só nos pode JM - Mesmo que não tenha todos os pressupostos, sim
deixar felizes e com vontade de faz mais no futuro. cumpre. O mais importante não será estar na crista da onda
em termos tecnológicos. Seria bom que o Estado pudesse
(DM) - Que apreciação faz das condições técnicas e dar esse exemplo nesta matéria e tenho esperança que isso
tecnológicas através das quais se produz e difunde a aconteça no futuro.
estação da Antena 3? Agora, poderemos ir num carro híbrido em que gastamos
menos energia, poluímos menos, e que não anda tão
JM - Em relação às condições técnicas, em que o contrato depressa como os outros ou então ir num carro
diz que teremos que estar na vanguarda das inovações melhor…mas chegamos lá.
tecnológicas, isso na Antena 3 não é verdade! A rádio não A Antena 3 chega lá. Pode vir a não cumprir todos os
esta a esse nível. pressupostos da missão de Serviço Público, pode ser
Nunca quis falar disso…se fosse para um jornal não o apanhada em velocidade excessiva, mas no fundo da
estaria a dizer. O dia em que fizer isso iria abrir uma questão, ou seja, se fazer Serviço Público for ir de Lisboa
brecha! ao Porto de carro…a Antena 3 chega lá.
Em termos técnicos a Antena 3, a rádio, está obsoleta. Em
sistemas de transmissão de gravação… Não faz o mínimo
sentido que isso aconteça.
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O CASO DA ANTENA 3
15 de Abril de 2008
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O CASO DA ANTENA 3
(David Monteiro) Na definição das grelhas de anos e os 44 anos, tendo obviamente como alvo
programas, têm um pensamento integrado de todos
principal ou ouvintes entre 21-34 anos. Jovens-
os canais?
Procuram complementar a oferta ou a grelha de adultos, no fundo é isso.
programação de cada canal é pensada
individualmente de forma a satisfazer as (DM) Como é pensada a grelha de programação?
necessidades de cada “target” determinadas pelo
contrato de concessão e pela lei? (RP) Para já é preciso definir que tipo de rádio é: é
uma rádio musical ou não é uma rádio musical… e
(Rui Pêgo) A lógica é uma lógica de programação antena 3 é uma rádio musical. Ao longo do tempo a
dirigira para cada um dos canais, até porque eles têm Antena 3, ao longo destes 14 anos, afirmou-se no
missões específicas, como é o caso da Antena 2. A mercado e através daquilo que era a prestação do
Antena 1 é claramente uma estação generalista e no serviço como rádio de música. Ponto. Eu acho que do
caso da Antena 3 é claramente uma estação para ponto de vista do serviço público, ser uma rádio de
jovens, ainda que não goste deste termo. música apenas, é curto. De acordo com a minha
Agora, o que é verdade, e o que faz sentido hoje em interpretação da lei deve ser uma rádio de música, mas
dia - já que a rádio pública tem um sistema de rádios simultaneamente uma rádio de música que conte. Isto
com três rádios nacionais - o que faz sentido é é, que interage com a sociedade, que participe naquilo
organizar as programações de acordo com uma lógica que são os grandes temas da nossa sociedade, que
transversal que nos permita de uma forma mais deixe participar, que promova a interactividade e a
eficiente responder, por um lado, àquilo que são os diversidade. Portanto a formatação que fizemos em
objectivos da missão do serviço público e por outro Setembro aponta precisamente nesse sentido.
lado cobrirmos o arco etário e as áreas de interesses Durante muito tempo a rádio ficou presa à divulgação
dos diversos públicos aos quais, através dos três musical - com mérito e provas dadas daquilo que era
canais, conseguimos chegar. divulgação musical, daquilo que era divulgação das
várias tendências musicais universais – e um
(DM) Qual é o público-alvo da Antena 3? investimento claro naquilo que era um património
indiscutível daquilo que era música portuguesa e no
(RP) No caso da Antena 3 não há, do ponto de vista apoio aos músicos portugueses às novas gerações. Este
legal e daquilo que é o contrato de serviço público de conceito com a reformatação que fez não foi
radiodifusão entre o Estado e a RDP na altura, agora abandonado, antes aprofundado. Isto é, a Antena 3
RTP, não há uma clara definição do alvo. Diz-se continua a investir nos músicos portugueses e
jovem! Mas o que significa na prática. Entendeu-se decididamente nas novas gerações, mas abriu de
historicamente que o “grow target”, o alvo amplo da alguma maneira o leque, reservando uma atenção
Antena 3 era 15 – 34 anos. Eu acho que dado o especial, aos criadores portugueses independentemente
envelhecimento da população, dado o aumento da de serem da música, do cinema, literatura… Há um
esperança média de vida, dado o facto de hoje quem abertura e um aprofundamento deste conceito.
hoje tem 50 anos não ser igual a quem tinha 50 anos
há uns 20 anos atrás… eu diria que a definição de (DM) A aposta passou então pela diversidade
temática.
jovem hoje é mais ampla. Ou melhor, o conceito, o
estilo de vida diz-nos que é-se jovem até mais tarde. E (RP) Justamente. O que fazia sentido fazer era depois
portanto o alvo amplo da Antena 3 será entre os 18 dessa abertura a várias disciplinas e várias áreas a
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O CASO DA ANTENA 3
outros criadores e a outras áreas musicais, fazia comerciais privadas. E, portanto, posso dizer que por
sentido construir um conjunto de conteúdos exemplo, lei obriga-nos a passar 25% de música
diversificados que tocassem assuntos essenciais para portuguesa e nós passamos 40% de música
aquilo que é a missão da própria rádio. Ou seja, portuguesa. Isto tem a tem a ver com a própria
intervir positivamente na sociedade, discutir o racismo afirmação da estação neste domínio e não apenas com
e a exclusão, discutir sociologia… o cumprimento da lei…digamos que é uma opção
editorial.
(DM) Mesmo que na grelha de programação não Depois é de qualidade porque se preocupa com um
hajam programas específicos e direccionados conjunto de outras coisas as outras rádios que estão no
exclusivamente para abordar essas temáticas? mesmo território em termos de mercado não se
ocupam… e por outro lado tem, sob o ponto de vista
(RP) Mesmo que não tenha isso. Permite uma daquilo que é diversidade, por exemplo, de universos
proximidade que a torna próxima de quem a ouve. E musicais, obviamente de que é não tem comparação
não “vou fazer aqui um debate sobre as próximas com qualquer outra rádio que existe no mercado.
eleições 2009 para Sócrates…”
É preciso adequar a mensagem àquilo que é um (DM) Admite que têm concorrentes. Quem são os
público-alvo da estação. principais?
(DM) Considera então que a Antena 3 promove a (RP) Claro que temos concorrência. Só que a
formação cívica dos jovens, o debate, a formação, a concorrência da Antena 3 é feita por todas as rádios
partilha de valores e o fortalecimento da identidade comerciais. Isto é a Antena 3 não dá um passo, nem
nacional…? mexe um dedo para concorrer directamente. Tem a sua
programação que está definida com base opções
(RP) Eu acho que promove a cidadania quando tem no editoriais claras, tem vocações claramente definidas,
ar pequenos formatos sobre ambiente, pequenos como sejam, o investimento nos músicos portugueses,
formatos em relação àquilo que tem a ver com abordar aspectos, já referidos há pouco, relativos à
inclusão e a rejeição da exclusão social, seja por exclusão, à violência nas escolas, a sexologia, a
razões de orientação sexual, razões raciais ou questão do bullying que é uma questão que me
religiosas. Desse ponto de vista há uma intervenção de preocupa particularmente, a questão dos distúrbios
cidadania da própria estação a partir, volto a dizer, alimentares, como o caso da bulimia e anorexia, que
desta reformatação na programação, desta são assuntos que cada vez mais a rádio tem obrigação
reprogramação que foi feita. de as discutir e de promover, pelo menos, esse debate.
E, portanto, desse ponto de vista não há uma
(DM) E é nesses moldes que fazem “justiça” ao que concorrência. Se nós quisermos encontrar no mercado,
a lei determina que seja uma rádio com uma assim de repente, rádios que tenham este registo de
“programação de referência, inovadora e com programação, não encontramos. As rádios
elevados padrões de qualidade”. consideradas como concorrentes directos da Antena 3
são eventualmente a Comercial, talvez a Mega FM…
(RP) Justamente. É de referência porque tem sua
própria matriz, não copia nem mimetiza aquilo que são (DM) Mas a “observação” que fazem da
as orientações programáticas daquilo que são as rádios concorrência é feita com que intenção. No sentido
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O CASO DA ANTENA 3
de seguir as mesmas estratégias ou de perceber o (DM) Aquando da sua transição da rádio privada
que está em falta na rádio? para a rádio pública, afirmou em entrevista ao
Diário de Notícias, que uma das lacunas na rádio
(RP) Não. Eu acho que há duas ou três coisas que me era a falta de entrevistas e reportagens. No entanto,
parecem essenciais. Uma que é ler aquilo que esta na acabaram com a reportagem, no programa da
lei, aquilo que está no contrato de concessão e ler à luz manhã (Manhãs da 3) com a Ana Galvão. Há
legal daquilo que o legislador lá escreveu, e ter uma possibilidade, a prazo, da reportagem voltar à
perspectiva profissional da forma de construir aqueles antena?
conteúdos.
Duas pessoas diferentes a ler a mesma coisa, (RP) A reportagem é no fundo a disciplina mais nobre
possivelmente chegam a conclusões diferentes. Para da nossa actividade. A reportagem é justamente isso:
transpor aquilo para uma estrutura narrativa que tem a falar, perceber e ir ao encontro das pessoas e, portanto,
ver com construção da técnica radiofónica. sempre que for possível nós teremos reportagem na
Antena 3 e na Antena 1 e na Antena 2.
(DM) A tarefa de programar na rádio pública seria Agora, o que é preciso perceber - quem ouve não tem
facilitada se fosse mesnos ambígua. Seria preferível essa preocupação clara sobre isso – que uma
que determinasse, mais precisamente, que tipo de programação é sempre o resultado entre o que é
programação deveria constar na grelha da rádio? possível entre o sonho e a realidade. Aquilo que se
pensa que pode ser uma coisa extraordinária, mas
(RP) Seria uma limitação clara daquilo que são um depois é preciso perceber que recursos é que existem
conjunto de atributos que são propriedade intelectual para concretizar “aquela” ideia ou “aquelas” linhas
nossa actividade. É o caso da capacidade de eu decidir programáticas. E muitas vezes o que acontece é que,
a formatação que entendo que é a mais eficaz para como os recursos não são infinitos, como os
atingir os objectivos; digamos que a liberdade de eu orçamentos têm limites, é preciso fazer opções e
imaginar como é que organizo uma programação… muitas vezes essas opções podem sacrificar coisas que
Senão, era simples. O Estado definiria em lei, não o são tidas como nobres. A ideia de ter reportagem de
que seriam as linhas de orientação do contrato de manhã e ter o repórter que de manha vá “picando”
concessão, mas uma grelha de programas. E seria, várias realidades e vários fenómenos é uma ideia à
provavelmente, um funcionário administrativo qual nos queremos voltar, mas neste momento com o
qualquer do Estado que executaria a lei publicada. quadro que tem Antena 3 não é possível disponibilizar
Portanto, não faz nenhum sentido. A interpretação a Ana Galvão.
deve ser respeitada no essencial daquilo que é serviço
público e qual foi a intenção do legislador e depois (DM) Esta lacuna, na sua opinião, faz com que o
deve deixar que a sociedade tome conta de maneira a programa da manhã se torne mais parecido e
que a programação reflicta aquilo que é, por um lado, menos diferenciador relativamente aos das rádios
a técnica radiofónica que não pode ser desprezada e, privadas?
por outro lado, o que a sociedade tem a dizer sobre o
assunto. A programação deve ser orientada, cada vez (RP) Acho que não. Há ali uma componente de humor
mais do meu ponto de vista, para aquelas que são as desenvolvida muito pela rádio pública e
necessidades identificadas pela sociedade. principalmente com a equipa do Nuno, do Alvim, do
Malato em tempos, do Rui Unas agora… digamos que
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O CASO DA ANTENA 3
há uma opção em termos de programação por conjunto de outros critérios, que é: que iniciativas que
construir uma linha de humor coerente, sustentada e acções, que eventos é que merecem e devem ter direito
consistente. Esse atributo mantém-se e é distintivo e essa projecção nacional. Identificámos ainda poucos,
diferenciador. que são por exemplo os maiores, estamos a programar
Depois há uma outra componente que tem a ver com os festivais de verão, e obviamente que Paredes de
música que se toca. Essa música é também distintiva e Coura vai entrar, em Sagres, penso que será o Soul
diferenciadora. Agora, há um conjunto de outras Summer Festival e outras actividades no Verão, e
coisas que podiam ser feitas certamente, digamos que há uma intenção – mais que isso – há um
nomeadamente a reportagem, um conjunto de desejo e uma vontade de descentralizar. O que não
entrevistas… Agora, a rádio não e só de manha. podemos fazer é responder a todos.
Acontecem muitas outras coisas ao longo do dia. Há
também muitos, ao fim-de-semana, “programas de (DM) Relativamente à informação: quais são os
autor” produzidos pela equipa da própria rádio que de critérios que definem e como é gerida a relação
alguma maneira reflectem essas debilidades que entre a direcção de programas e a direcção de
podem existir durante a semana que podem ocorrer informação?
durante a semana. Têm a ver com a possibilidade de
realizar entrevistas, programas onde há discussão de (RP) À direcção de programação compete programar,
assuntos, etc. O que não significa que a missão seja formatar e fazer a gestão de todos os conteúdos de
ferida. antena sejam eles de informação ou não. E, portanto,
compete à direcção de programação, no caso da
(DM) Diferenciação/diversidade regional: Porque Antena 3, dizer se quer ter notícias a toda a hora no
não dão maior destaque aos acontecimentos fora de “topo da hora”, de 3 minutos - e não mais que isso - e
Lisboa? Alguma estratégia em descentralizar ou compete-lhe dizer que nestes minutos quer ter uma
não faz sentido? “overview” sobre aquilo que é o país e o mundo. Isto
é, não quero uma informação dirigida como era até há
(RP) O problema que se coloca é que isso tem que ser pouco tempo, dirigida aos jovens, apenas de música ou
definido com muito rigor e com muita cautela. Há uma uma coisa assim “meia-light” (até porque eles não têm
ideia - que me parece errada - que é a ideia que a rádio cabeça…), quero informação. Quero que quem ouve a
pública existe para amplificar todas as iniciativas que Antena 3 tenha uma ligação com o mundo e com
são feitas no país. Se só fizéssemos isso não faríamos aquilo que está a acontecer no país e no mundo. Ou
mais nada! Toda a gente quando inventa uma “coisa” seja, por ter como opção ouvir a Antena 3, não me
pode ter a presunção de achar que aquela é a cosa mais desliga da realidade. Portanto, no topo de cada hora –
importante. O que é preciso fazer? É preciso definir entre as 7h da manhã e as 7h da tarde - tenho
critérios claros do que é que são acontecimentos e informação, uma síntese o que esta a acontecer. Essa é
iniciativas que valem a pena projectar em termos a posição que do meu ponto de vista é a mais correcta.
nacionais.
Nós temos vindo a trabalhar muito sobre esses (DM) Estava desvalorizada a Antena 3 neste
critérios e já chegámos a algumas conclusões que sentido?
apontam justamente para aí, isto é, descentralizar,
diversificar, construir uma rede geográfica que (RP) Digamos que a informação do ponto de vista
abarque “todo o nacional”. Agora, faltam definir um editorial estava muito focada em questões que
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O CASO DA ANTENA 3
interessam - ou que se pensa que interessam - RTP-SA e a RDP-SA. Quando estas duas empresas se
directamente “àquele” target. E isso não é uma fundiram na Rádio e Televisão de Portugal, RTP-SA,
vantagem, porque no resto da hora é preciso continuar e que tem como áreas operacionais a rádio, a televisão
a saber o que se passa. Nesta formatação temos e a multimédia. Estas duas últimas têm uma
actualidade a toda a hora (no topo da hora) e à “meia componente comercial e a rádio não tem. Quando a
hora” notícias de música. Digamos que separámos as rádio faz mutimedia entra neste ambiente. Não é a
águas entre uma coisa e outra e isso é mais eficaz. página da Antena 3 que tem publicidade, mas o portal
onde a página da Antena 3 se encaixa que tem
(DM) Quais os objectivos que têm para a Internet? publicidade: que é o portal da RTP.
(RP) É ser montra e complemento e tudo. Isto é, a (DM) Foi recentemente lançado na internet um
internet é do meu ponto de vista uma grande aliada da canal de música portuguesa na internet, Lusitânia,
rádio ao contrário do que grande parte da gente acha qual o objectivo?
que é. E nós temos um pensamento estratégico na
rádio pública que tem a ver justamente com as novas (RP) Nós temos um plano estratégico de
plataformas e que é muito simples. Associa a ideia da desenvolvimento da internet. Para lá destas “coisas”
transversalidade com uma lógica que, até aqui era uma de fazer um cruzamento sistemático e sistematizado
lógica de difusão, mas que se transformou numa lógica entre o hertziano e a Web… a plataforma Web tem um
de produção. O que é que isto quer dizer? Quer dizer desenvolvimento que está definido estrategicamente,
que eu hoje quando necessito de produzir decido já isto é, na criação de canais estratégicos, de canais de
tendo em atenção que vou formatar para o hertziano da oportunidade e de canais de marca. Isto quer dizer que
Antena 3, para o da Antena 1, para a internet e por ai a criação de canais estratégicos tem a ver com o
fora… Sendo que a relação entre a plataforma aumento da oferta do serviço. Eu acredito que neste
hertziana e a plataforma digital na internet é uma momento o serviço está bloqueado em três canais que
relação de compromisso permanente. Ou seja, o são claramente definidos: uma rádio generalista, uma
hertziano deve reflectir aquilo que está acontecer na rádio clássica e uma rádio mais jovem e a missão do
internet e a internet deve reflectir aquilo que está serviço projecta-se muito para lá disso. Portanto a
acontecer em FM. E a internet deve ter um conjunto de plataforma Web pode ser uma boa maneira de
conteúdos produzidos especificamente para a internet desenvolver essa oferta.
que me permitem depois no hertziano construir outros
conteúdos sobre esses que foram produzidos (DM) Mas existe a ambição de passarem a emissões
exclusivamente para a internet. É esse caminho que em FM?
estamos agora a traçar neste momento.
(RP) Não. Digamos que neste momento o projecto é
(DM) Ao contrário do que acontece na emissão em este: construir na internet alguns canais estratégicos
FM, porque é que a página da Antena 3 na internet que têm a ver com lacunas, entre aspas, do serviço
tem publicidade? neste momento em Portugal. E portanto a rádio
Lusitânia é um canal estratégico que remete para a
(RP) Digamos que com a fusão entre a rádio e a nossa memória, para o que é o nosso património
televisão, fundiram-se dois mundos que têm posições musical português mais essencial.
diferentes. O que é que nos tínhamos? Tínhamos a
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Comunicação Social | 3º ano 2007/08
SERVIÇO PÚBLICO DE RADIODIFUSÃO
O CASO DA ANTENA 3
Está prevista até ao final do ano uma outra rádio que é rádio ficou para trás, mais uma vez ficou para trás.
uma rádio de comunidade que no fundo tratara de Vamos começar a instalar este ano um sistema de
questões de cidadania como sejam: justiça, sexo, gestão de emissão já digital, que nos vai dar uma outra
cidadão… mais de palavra, com música obviamente capacidade de produção e, sobretudo uma capacidade
que tem a ver com estas áreas que me parecem de produção “multiplataforma” que nós não temos
importantes e que dizem respeito directamente às neste momento e desse ponto de vista digamos que
pessoas e à vida das pessoas. essa grande lacuna que existia, a partir de Setembro
Depois canais de oportunidade: que é a desfrutar das deste ano ficará resolvida e a partir daí certamente que
oportunidades da plataforma com a capacidade que o que falta resolver são “coisas” pequenas e de menor
tem a internet para construirmos rádios que são dimensão e que não são tão centrais e estruturantes e
limitadas e duram algum tempo apenas. Por exemplo, que não tão importantes que o sistema de emissão.
fizemos a “rádio Mozart” aquando da comemoração
do desaparecimento do compositor; uma rádio do (DM) E isso inviabiliza o cumprimento da missão?
mundial quando foi o mundial de futebol; vamos fazer
agora uma rádio do Euro, do Euro 2008; temos feito (RP) Não. Exige mais esforço das pessoas por um
uma rádio cá em Portugal, já no ano passado, para lado, sistemas de organização menos eficientes e
apoiar o rally Portugal a entrar para o circuito eficazes e exige esta situação de défice de choque
internacional e para o campeonato do mundo, que me tecnológico, que coexiste com outra coisa que são os
parece importante naquilo que é a projecção de níveis de produtividade. Nós poderíamos ter uma
Portugal em termos internacionais também. E canais produtividade muito maior se esse investimento
de marca, nos neste momento produzimos 12 canais de tecnológico já tivesse sido feito.
rádio, aquilo que se ouve nos aviões da TAP, nos
aviões intercontinentais e produzido pela RTP e, (DM) Tem futuro ou é viável a manutenção de uma
portanto, são 12 canais que desenhámos e estação com as características como a Antena 3 em
construímos, são 12 canais que produzimos e que termos de serviço público?
podem ser ouvidos na TAP, na Transtejo, na CP…
(RP) Tem cada vez mais, sobretudo se aprofundar este
(DM) Relativamente ao que o contrato de concessão caminho que começou a desenvolver em Setembro.
de serviço público de radiodifusão estabelece sobre Estamos a falar em seis meses - o que em rádio é coisa
a necessidade dos operadores públicos estarem “na nenhuma - e há aqui um percurso a fazer. Recordo que
vanguarda da tecnologia”… a rádio funcionou assim até Setembro e durante 14
anos traçou aquele caminho e agora há mais 14 anos
(RP) Há um caminho a fazer. É uma das partes do para fazer este caminho. Portanto, o que eu digo é que
contrato de concessão e daquilo que é uma das eu acho que faz sentido se aprofundar esta
obrigações do serviço público que não está programação, se começar a ser - para lá de uma rádio
concretizada. Isto é, a empresa no seu conjunto tem que transmita música que as pessoas “daquela
passado por uma reconversão tecnológica. Foi dada geração” gostem - também uma rádio que conte: que
prioridade à televisão e a gente entende porque tem tenha intervenção na sociedade, que promova o
um horizonte temporal muito mais próximo do choque debate, que se exponha.
tecnológico para o digital e, portanto, digamos que
havia aí uma urgência que se entende. Acho que a
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Comunicação Social | 3º ano 2007/08
SERVIÇO PÚBLICO DE RADIODIFUSÃO
O CASO DA ANTENA 3
(DM) Como é que a Antena 3 se faz comunicar? É (DM) Os fracos resultados da Antena 3 há uns anos
essencial que se alie aos novos e também aos atrás lançou a discussão em torno da privatização
tradicionais meios de comunicação? da estação. Tendo em conta o panorama
radiofónico português haveria alguma vantagem
(RP) É fundamental. A imprensa deixou-se encantar nessa privatização?
pela televisão e, portanto, tudo o que é televisão e o
que ela retrata fez com que a rádio deixasse de ter a (RP) Não há vantagem da privatização. Há mais
importância que tinha há uns anos atrás, do ponto de vantagem para o mercado e para os consumidores -
vista do “glamour”. Agora, a rádio tem que fazer um para quem ouve - que uma rádio com as características
esforço e não pode dizer que é o meio mais fraco dos como as da Antena 3 se mantenha no arco de uma
meios tradicionais ou com menos impacto. A rádio rádio pública. Basta vermos esse exemplo: quem é que
tem um caminho tremendo a percorrer e tem uma tocaria uma música nova portuguesa se nos últimos 15
capacidade de integração notável na sociedade. Deve anos; que rádio privada tocaria música desconhecida?
ela própria também tentar reorganizar-se e fazer pela Quem é que tocarias os Da Weasel, os Clã… hoje
vida. tocam sem nenhum problema, mas quem os tocaria?
Faz todo o sentido encontrar soluções para fazer duas Para serem conhecidas têm que ser dadas a conhecer e
coisas que me parecem essenciais. Uma será encontrar as rádios - não é nenhuma crítica - mas as rádios
uma “solução alternativa de medida” (neste momento privadas têm obviamente outras opções (e não são a
a rádio é medida pelo Bareme da Marktest de três em “santa casa da misericórdia”) e até é legítimo do ponto
três meses e que está desactualizado no que diz de vista da sua actividade que não o façam. Não
respeito à evolução da programação hoje em dia). investem naquilo que é divulgação. Sem essa
Ponto dois: faz sentido reflectir, em conjunto com os competência e essa missão que a rádio pública tem -
privados, o futuro da digitalização, o futuro do DAB, que eu acho bem - o mercado ficaria mais pobre.
do RM, outras tecnologias que permitam à rádio uma
multiplicidade de oferta que neste momento não tem. (DM) Quais são os objectivos quantitativos em
termos de audiências?
(DM) A nível pessoal, a sua passagem e experiência
foram fundamentais para desenvolver os seus (RP) Objectivos claros… Eu gostaria que num futuro
projectos na rádio pública? relativamente próximo, os três canais nacionais da
rádio pública tivessem 10% (AAV) no conjunto.
(RP) Julgo que sim. Eu nunca tinha trabalhado numa Parecia-me uma marca razoável, que faz sentido, que é
rádio pública, a minha vida foi toda feita no “privado”. atingível, que não é inalcançável - mesmo com todos
É possível perceber claramente quais são as diferenças esses constrangimentos ou dificuldades que existem -
de estratégia, as diferenças editoriais, de missão no parece-me um objectivo realista e desejável em termos
fundo. Portanto, para quem esta do lado público tem de equilíbrio de mercado.
vantagem em perceber como funciona o lado privado.
A experiencia que acumulei na privada é hoje todos os (DM) Que considerações lhe merece a lei das
dias muito útil daquilo que é a minha vida na rádio quotas de música portuguesa?
pública.
(RP) Eu prefiro sempre a auto-regulação à regulação.
Isto é, eu teria como profissional da comunicação e
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O CASO DA ANTENA 3
como jornalista teria preferido que tivesse havido um Acho que um dos equívocos tem a ver com isso. Mas
entendimento entre os programadores de rádio, a vamos ver o que nos reserva esta legislação desse
indústria e os músicos de onde emergisse uma coisa ponto de vista. Mas pensos que não vão vir daí muitas
que eu classifico como “bom senso”. Não tendo sido vantagens. Isto é, gostava daqui a dois ou três anos ter
isso possível acho que a questão das quotas é uma um estudo que nos dissesse e que explicasse que
questão artificial, ou melhor as quotas impostas impacto é que tiveram as quotas na música portuguesa.
legalmente têm um carácter artificial. Porque a
questão não se resolve dessa maneira. Hoje já não se (DM) Depreendo das suas considerações que, na
resolve. Poder-se-ia ter resolvido lá atrás, isto é, sua opinião a Antena 3 cumpre a missão de Serviço
quando o “dr. Salazar” decidiu que não traduzia e não Público.
dobrava os filmes - ao contrário do general Franco em
Espanha - ele hipotecou a língua. Sobretudo às novas (RP) Cumpre absolutamente.
gerações. Para não afrontar uma classe iluminada e
letrada que “tocava piano e falava francês” o “dr. (DM) Mas admite que a cumpre apenas a partir
Salazar” permitir que em Portugal não se criasse essa desta reformatação da programação em Setembro?
solução de dobragem de filmes, privilegiando-se a
versão original, que e óptimo mas que teve esse efeito. (RP) Não. Porque apesar de eventuais debilidades que
Hoje, particularmente as novas gerações, não cuidam pudesse ter a programação que existia até Setembro do
do português como cuidam do inglês ou de outra ano passado, (e essa foi sempre a minha leitura e o
língua. Não há nenhum chamamento patriótico, não há diagnostico da rádio que fiz quando aqui cheguei, quer
nenhum chamamento de matriz para eu optar ouvir só era necessário aprofundar um conjunto de coisas…),
em português. agora o que eu digo é que o serviço prestado pela rádio
às novas gerações de músicos; o património construído
(DM) Seria mais eficaz a reforma de outras pela rádio com os músicos e com uma comunidade
políticas de mercado relativamente à música e ao fidelíssima de ouvintes é um serviço inestimável ao
mercado da música portuguesa, por exemplo a país que nenhuma outra rádio fez – também não
redução do IVA nos CD? tinham essa obrigação – e isso é indiscutível. Isto é, a
Antena 3 fez a vida, deu a vida, deu modo de vida, a
(RP) Ainda por cima o processo foi muito… – assisti uma geração de músicos que tinham ficado na gaveta.
de fora, não participei na discussão - mas houve coisas Digamos que o saldo é tremendamente positivo, e isso
tremendas que se disseram. Isto é, quem fez a música, é Serviço Público.
quem divulgou os músicos portugueses ao longo dos
anos foi a rádio e não foi a televisão. Foi a rádio. Que
divulgou e que fez sucessos de grande parte dos
músicos que existem. E, portanto, foi razoavelmente
injusto ouvir algumas coisas ditas por músicos, por
editores, relativamente à rádio, entendendo a rádio
como uma parte do negócio deles. A verdade é que a
rádio não é uma parte do negócio deles. A rádio é um
negócio, no caso dos privados, e não uma parte do
negócio da produção de música.
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Comunicação Social | 3º ano 2007/08
SERVIÇO PÚBLICO DE RADIODIFUSÃO
O CASO DA ANTENA 3
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Comunicação Social | 3º ano 2007/08 ANEXO pág. | 1
Programas de música e de palavra (de autor ou não)
Programas de palavra e de Música (de autor ou não)
Total: 44
Programas de palavra
Total: 15
Programas de Música
Total: 29
_________________
Total de Programas e de pequenos formatos de música e de palavra (de autor ou não)
Total: 64
Pequenos formatos de música e de palavra (de autor ou não)
Pequenos formatos de música e de palavra (de autor ou não)
Total: 20
Pequenos formatos de palavra
Total: 16
Pequenos formatos de música
Total: 4
Excerto da Lei da Rádio
Artigo 47º da Lei da Rádio
Lei n.º 4/2001 de 23 de Fevereiro, consultada a 18 de Abril de 2008 in,
http://www.erc.pt/index.php?op=conteudo&lang=pt&id=73&mainLevel=folhaSolta
1
Artigo 47º da Lei da Rádio, Lei n.º 4/2001 de 23 de Fevereiro, consultada a 18 de Abril de 2008 in,
http://www.erc.pt/index.php?op=conteudo&lang=pt&id=73&mainLevel=folhaSolta
Excerto da Lei da Rádio
A música nos operadores de serviço público
Artigo 44º da Lei da Rádio
Lei n.º 4/2001 de 23 de Fevereiro, consultada a 18 de Abril de 2008 in,
http://www.erc.pt/index.php?op=conteudo&lang=pt&id=73&mainLevel=folhaSolta
Relativamente à música
Promover a divulgação da música de autores portugueses, bem como dos seus intérpretes e
compositores, comprometendo-se a inserir na programação uma percentagem mínima de 60% de
música de autores portugueses e de expressão portuguesa no seu primeiro programa;
Promover, por iniciativa própria ou em conjunto com outras entidades, a realização de espectáculos,
festivais ou iniciativas similares, visando a divulgação da música de autores portugueses e de
expressão portuguesa e a sua afirmação internacional;
Promover, através dos circuitos proporcionados pela União Europeia de Radiotelevisão ou por outras
instituições internacionais, a divulgação da música de autores portugueses, recorrendo a acções de
intercâmbio que proporcionem a sua audição em rádios estrangeiras;
Promover a produção e transmissão de concertos musicais, bem como a transmissão de concertos
realizados no estrangeiro, nomeadamente nas emissões destinadas ao público jovem;
Promover, nas emissões dirigidas às comunidades africanas, acontecimentos e iniciativas que, pela sua
importância e qualidade, reflictam a riqueza e diversidade cultural daquelas comunidades;
MÚSICA
Música Total de músicas: 106
Música Portuguesa (artº 44º a) da Lei da Rádio) Música Estrangeira*
32 73
Música em Língua Portuguesa (Artº 44º ‐ C)
25
Música Recente Edição Anterior a 2007
61 45
Música Portuguesa Recente (Artº 44º ‐ D)
18
Música de Intérpretes Europeus Outros
59 46
*Existe uma música cuja origem/nacionalidade da banda não foi identificada
Fonte: Antena 3
Nota Estes dados resultam da escuta do programa «Manhãs da 3», emitido de segunda a sexta – feira, entre as 07:00h e as 10:00h. Os
resultados dizem respeito aos dias durante os quais foi efectuada a escuta, entre 16 e 20 de Julho de 2008. A classificação da música
obedeceu às definições consagradas na Lei da Rádio.
NOTÍCIAS POR TEMAS/ASSUNTOS
Notícias Total de Notícias: 74
Desporto 18
Política 18
Economia 3
Saúde 2
Sociedade 22
Educação 6
Ambiente 3
Outras 2
Fonte: Antena 3
Nota Estes dados resultam da escuta do programa «Manhãs da 3», emitido de segunda a sexta – feira, entre as 07:00h e as 10:00h. Os
resultados dizem respeito aos dias durante os quais foi efectuada a escuta, entre 16 e 20 de Julho de 2008.
CONTEÚDOS PROMOVIDOS DURANTE AS EMISSÕES
Promoção
Programação 38
Festivais 11
Música/Concertos 11
Passatempos 18
Internet 26
Desporto 9
Ambiente 2
Cultura/Cinema 8
Institucional/Outros 7
Fonte: Antena 3
Nota Estes dados resultam da escuta do programa «Manhãs da 3», emitido de segunda a sexta – feira, entre as 07:00h e as 10:00h. Os
resultados dizem respeito aos dias durante os quais foi efectuada a escuta, entre 16 e 20 de Julho de 2008.
PROGRAMA «MANHÃS DA 3» DE DIA 16 DE JUNHO DE 2008
Início: 07:00h
Fim: 10:00h
PROGRAMA «MANHÃS DA 3» DE DIA 17 DE JUNHO DE 2008
Início: 07:00h
Início: 07:00h
Fim: 10:00h
PROGRAMA «MANHÃS DA 3» DE DIA 19 DE JUNHO DE 2008
Início: 07:00h
Início: 07:00h
Fim: 10:00h
Prova Oral: dia 16 de Junho de 2008
In, http://ww1.rtp.pt/icmblogs/rtp/prova‐oral/?m=06&y=2008&d=16
Prova Oral: dia 17 de Junho de 2008
In, http://ww1.rtp.pt/icmblogs/rtp/prova-oral/?m=06&y=2008&d=17
Prova Oral: dia 18 de Junho de 2008
In, http://ww1.rtp.pt/icmblogs/rtp/prova‐oral/?m=06&y=2008&d=18
Prova Oral: dia 19 de Junho de 2008
In, http://ww1.rtp.pt/icmblogs/rtp/prova‐oral/?m=06&y=2008&d=19
No Data
«No Data é um núcleo de produção composto por Carlos Maria Trindade e Luís
Beethoven que, ao longo dos últimos quatro anos, foram desenvolvendo uma sonoridade
electrónica de fusão, para a qual têm contribuído uma série de músicos, cantores e produtores das mais variadas
áreas.
Depois do seu primeiro CD "Música Naive", lançado na Primavera de 2006, os No Data lançaram "Carrocel do
Mundo". Ao contrário do caminho mais ambientalista que escolheram para o disco de estreia (com uma edição
numerada de 2000 ex e capa de Julião Sarmento) (...)
Sendo o projecto No Data caracterizado pelos convites que, para cada trabalho, são endereçados a outros
colaboradores, desta vez a escolha recaiu sobre Augusto Sanches (composição, programação, teclas, guitarras
eléctricas e voz), Lima (composição, programação, guitarra portuguesa e voz), Nicole Eitner (voz e teclas) e
Gustavo Roriz (baixo eléctrico e contrabaixo). Foi este o grupo que, ao longo de nove meses e muito
brainstorming, concebeu, produziu e finalizou "Carrossel do Mundo".»
Como já adivinharam, os convidados de hoje são Carlos Maria Trindade e Luís Beethoven. As electrónicas vão
estar sobre a mesa, mas não só. Iremos falar das particularidades deste tipo de projectos que não funcionam
como uma banda convencional, do público que há ou não há para eles no nosso país, da importância do myspace
e plataformas afins para a divulgação, e tudo o que quiserem saber ou comentar, via 800 25 33 33 e caixa de
mensagens do blogue (e aproveitem para divulgar o myspace do vosso projecto). A partir das 19, com Fernando
Alvim.
ANEXO 5
(EXCERTO)
Reestruturação do sector empresarial do Estado na área do áudio‐visual
Lei n.º 33/2003, de 22 de Agosto
Aprova a reestruturação do sector empresarial do Estado na área do áudio‐visual ‐ Primeira alteração
ao Decreto‐Lei n.º 2/94, de 10 de Janeiro, à Lei n.º 4/2001, de 23 de Fevereiro, e à Lei n.º 18‐A/2002,
de 18 de Julho.
A Assembleia da República decreta, nos termos da alínea c) do artigo 161.º da Constituição, para valer
como lei geral da República, o seguinte:
Capítulo I
Rádio e Televisão de Portugal, SGPS, S. A.
Artigo 1.º
Natureza, objecto e estatutos
1 ‐ A Radiotelevisão Portuguesa, S. A., sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos, que se
rege pelos estatutos aprovados pela Lei n.º 21/92, de 14 de Agosto, é transformada, pela presente lei,
em sociedade gestora de participações sociais, passando a denominar‐se Rádio e Televisão de
Portugal, SGPS, S. A.
2 ‐ A Rádio e Televisão de Portugal, SGPS, S. A., tem como objecto a gestão de participações sociais
noutras sociedades, de modo particular em sociedades com capital total ou parcialmente público que
desenvolvam actividade nos domínios da comunicação social, do multimedia, da comunicação online e
da produção de conteúdos.
3 ‐ Os estatutos da Rádio e Televisão de Portugal, SGPS, S. A., são publicados no anexo I à presente lei,
dela fazendo parte integrante.
Artigo 3.º
Concessão dos serviços públicos de televisão e radiodifusão
1 ‐ A Rádio e Televisão de Portugal, SGPS, S. A., mantém a titularidade da concessão do serviço público
de televisão, nos termos do contrato de concessão celebrado com o Estado em 31 de Dezembro de
1996 e dos contratos que vierem a ser celebrados nos termos dos artigos 48.º e 51.º da Lei da
Televisão.
2 ‐ É transferida para a Rádio e Televisão de Portugal, SGPS, S. A., a titularidade da concessão do
serviço público de radiodifusão, transferindo‐se, em consequência, para aquela sociedade a posição
contratual detida pela Radiodifusão Portuguesa, S. A., no contrato de concessão celebrado em 30 de
Junho de 1999.
3 ‐ Para a prossecução dos seus fins e como concessionária dos serviços públicos de televisão e de
radiodifusão, são conferidos à Rádio e Televisão de Portugal, SGPS, S. A., os direitos de, por si mesma,
ou através de sociedades em que detenha participação:
a) Ocupar terrenos do domínio público e privado do Estado, das autarquias ou de outras pessoas
colectivas de direito público, em conformidade com as leis e regulamentos em vigor;
b) Beneficiar de protecção de servidão para os seus centros radioeléctricos, nos termos estabelecidos
na legislação aplicável;
c) Beneficiar de protecção das suas instalações nos mesmos termos das dos serviços públicos;
d) Utilizar e administrar os bens do domínio público que se encontrem ou venham a ficar afectos ao
exercício da actividade dos serviços públicos de televisão e de radiodifusão.
http://www.portugal.gov.pt/Portal/PT/Governos/Governos_Constitucionais/GC15/Ministerios/PCM/MP/Comunicacao/Outros_Documentos/
20030822_MP_Doc_SEE_Audiovisual.htm
SERVIÇO PÚBLICO DE RADIODIFUSÃO
O CASO DA ANTENA 3
"O radiodifusor (de serviço público) presta um serviço ao público e não ao estado, ao governo, a
um partido político, a uma igreja, a qualquer outro poder ou grupo de interesse. Nem existe para se
servir a si ou os interesses dos accionistas. Para além do carácter de serviço, que implica um número
de obrigações positivas (em particular a cobertura técnica de toda a população, prestação de uma
programação variada e equilibrada e que interesse todos os estratos do público), independência
verdadeira é a principal característica do serviço público de radiodifusão. Independência num
sentido duplo. Primeiro, independência de qualquer grupo de pressão ou influência externa (em
particular do governo ou partidos políticos). Intimamente relacionada com esta liberdade
editorial/jornalística vem, em segundo lugar, a independência económica. Isto é um círculo vicioso.
Enquanto um radiodifusor depender da boa vontade do governo ou do parlamento para assegurar
as suas receitas, não é verdadeiramente independente no campo editorial/jornalístico e em vez de
reportar objectivamente e, sempre que necessário, criticar as actividades do governo, evitará - no
melhor dos casos - exprimir uma crítica real e - no pior dos casos - torna-se num instrumento de
propaganda do governo".
Werner Rumphorst - Depº Jurídico da UE
Definir o que é um radiodifusor de serviço público é não só difícil como impossível, se quisermos
reduzir este conceito a uma fórmula universal, sintética e exacta como o teorema de Pitágoras.
A tarefa seria fácil se pretendessemos reduzir a definição a um só modelo como o britânico, o
alemão, o francês, o japonês ou mesmo o norte-americano. Mas, quando se pretende estender o
conceito, por exemplo, aos membros da UER, cuja quase totalidade assume oficialmente a designação
de radiodifusores de serviço público, aí o problema complica-se. A própria UER não o define nem
inclui a expressão nos seus estatutos, embora tenha desde 1993 a sua Declaração sobre o serviço
público. O Conselho da Europa aprovou em 1994 uma resolução sobre o futuro do serviço público de
radiodifusão.
Todavia, e apesar das dificuldades de o reduzir a uma fórmula, o serviço público de radiodifusão tal
como é prestado na Europa, tem características e traços comuns que é possível sistematizar.
1. Independência
A primeira característica do serviço público de radiodifusão (SPR) é a independência dos poderes
estabelecidos, sejam eles políticos, económicos, de natureza privada ou institucional.
Esta independência deve ser compreendida no sentido de uma representação equitativa das opiniões
nos seus programas. Um serviço público de radiodifusão é independente na medida em que não é
dominado ou manipulado por terceiros ou interesses particulares de terceiros, mas é dependente pois
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Comunicação Social | 3º ano 2007/08 ANEXO pág. | 1
SERVIÇO PÚBLICO DE RADIODIFUSÃO
O CASO DA ANTENA 3
2. Acessibilidade
O serviço público de radiodifusão é universal. A cobertura do território nacional deve ser integral,
permitindo o acesso à totalidade da população, incluindo a das regiões pouco povoadas, isoladas ou
periféricas.
Um serviço público, enquanto satisfação individual de uma necessidade colectivamente sentida,
seja a da necessidade de energia, serviços sanitários, abastecimento de água, redes de transportes,
telecomunicações, ensino ou comunicações de massa, não está completo enquanto o conjunto da
população não tiver acesso a esses serviços. Como exemplo, no caso de uma rede de FM, sabe-se que,
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Comunicação Social | 3º ano 2007/08 ANEXO pág. | 2
SERVIÇO PÚBLICO DE RADIODIFUSÃO
O CASO DA ANTENA 3
regra geral, 80% do custo da criação de uma rede de cobertura geral destina-se a servir os últimos 20%
da população. Esta é uma das obrigações do serviço público de radiodifusão que é alheia a um
operador privado que pretende cobrir apenas um mercado, ignorando as zonas menos povoadas, com
poder de compra reduzido ou que não lhe interessem sob o ponto de vista grupal.
3. Pluralismo
O serviço público de radiodifusão é, por natureza, um serviço intrinsecamente pluralista. A sua
postura de equidistância entre os poderes político e económico e os interesses privados ou de terceiros,
não afasta o radiodifusor público do debate sócio-político, antes o obriga a reflecti-lo com
imparcialidade e objectividade, o que impõe a expressão da maior pluralidade possível de opiniões
relevantes. O pluralismo, deve, contudo, ser entendido num duplo sentido: interno e externo. A
pluralidade de opiniões expressas na sua programação global (pluralismo externo) tem de resultar,
operativamente, de um corpo profissional pluralista (pluralismo interno), sem o qual a pluralidade de
opiniões é artificial porque construída, falsa porque virtual e desvirtuadora da genuinidade da
independência.
4. Cultura nacional
O serviço público de radiodifusão valoriza a cultura nacional, preservando-a e fortalecendo-a. Isto
significa não só que o radiodifusor se obriga a dar cobertura a todo o tipo de eventos culturais
nacionais, como a promover iniciativas que reforcem a cultura do país. O mesmo se pode dizer em
relação à educação de crianças e adolescentes. O radiodifusor tem um papel importante no apoio
educativo, no sentido lato, às camadas jovens do seu público.
5. Interesses vulneráveis
A protecção dos interesses vulneráveis da sociedade, é igualmente um dos aspectos que o
radiodifusor não deve descurar. O ambiente de liberalização das comunicações de massa,
caracterizado pela proliferação dos operadores privados que orientam as suas actividades norteados
por valores imediatistas e directamente relacionados com a sua vocação comercial que conduz a uma
padronização e homegenização de conteúdos, pautados pelo máximo divisor comum dos gostos dos
grandes grupos sociais, culturalmente mais débeis, vem colocar ao radiodifusor público uma
responsabilidade acrescida que é a de existirem valores culturais, inclusive de natureza popular, que
são fortemente ameaçados pelo progresso técnico. Concomitantemente, os mass media comerciais, não
os consideram relevantes na sua actividade. O radiodifusor público, responsável pela promoção da
cultura e pela preservação de valores socio-culturais vulneráveis e de reforço da identidade nacional,
tem de contrariar as tendências de escapismo social, de irresponsabilidade cultural e de subordinação a
políticas comerciais, infelizmente protagonizadas por numerosos operadores comerciais.
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Comunicação Social | 3º ano 2007/08 ANEXO pág. | 3
SERVIÇO PÚBLICO DE RADIODIFUSÃO
O CASO DA ANTENA 3
7. Variedade
A obrigação de informar sobre os factos socio-politicamente relevantes de uma forma pluralista e
rigorosa, a obrigação de produzir programas que respeitem os valores vulneráveis, os interesses das
minorias, os valores culturais nacionais, assegurando a expressão de todas as forças sociais, tem como
consequência uma resultante variada e plurifacetada. Esta variedade é outra das componentes do
serviço público de radiodifusão.
8. Investigação e desenvolvimento
Os organismos públicos de radiodifusão são estruturas profissionais complexas. A exploração da
sua actividade obriga a utilização de equipamentos e tecnologias sofisticados e que apenas interessam
a poucos sectores de actividade profissional, dada a sua especialização técnica. Por este motivo, a
defesa do valor dos investimentos patrimoniais de natureza técnica e a insuficiência da Indústria
nacional no desenvolvimento de técnicas próprias ao radiodifusor profissional de grandes dimensões,
conduziu à concentração de know-how próprio, à investigação de novas técnicas e ao desenvolvimento
das existentes. A própria orgânica do desenvolvimento de normas nacionais e internacionais, a
necessidade de standartização e de regulamentação internacional de aspectos centrais da actividade
própria às radiocomunicações envolveu sempre e obrigatoriamente os operadores..
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Comunicação Social | 3º ano 2007/08 ANEXO pág. | 4