Você está na página 1de 183

Movimentos Sociais

Profa. Simone Cristina Schreiner

2017
Copyright © UNIASSELVI 2017

Elaboração:
Profa. Simone Cristina Schreiner

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

303.484095
S378m
Schreiner; Simone Cristina
Movimentos Sociais / Simone Cristina Schreiner: UNIASSELVI, 2017.

173 p. : il.

ISBN 978-85-515-0071-2

1.Movimentos Sociais.
I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.

Impresso por:
Apresentação
A disciplina de Movimentos Sociais nos norteará por um caminho
histórico, que apresentará a origem e evolução em cada década trazendo o
desenvolvimento e a importância dessa temática para o Serviço Social.

Vamos direcionar nossos estudos, para questões políticas desses


movimentos, que no decorrer dos anos os movimentos sociais foram
ganhando ênfase na história, mudanças efetivas e transformações em relação
à sociedade e ao poder público, para que um maior número de pessoas
tenha a vida digna. É necessário que as bases da política social e econômica
permaneçam motivadas, pelas leis, que regem um país, e seja modificada por
um bem maior.

Para facilitar nossa abordagem acerca deste conteúdo e melhorar a


compreensão de todos, dividimos o Caderno de estudos em três unidades.
Cada uma destas unidades apresenta os principais aspectos referentes às
questões da prática profissional relacionados aos movimentos sociais e
conselhos de direitos, correlacionados com diversas ações do dia a dia do
profissional do Serviço Social.

Na Unidade 1 estudaremos o que são movimentos sociais em torno


de conceitos juntamente com cada etapa da história dos movimentos sociais
com o intuito de compreender a importância da organização e mobilização
da sociedade.

Na segunda unidade, você terá oportunidade de relacionar os


movimentos sociais com a participação popular e a evolução e conquistas
brasileiras através da Constituição Federal.

Na Unidade 3 conheceremos a importância e a origem dos conselhos


de direito. Você compreenderá os conselhos de direitos já existentes, que
envolvem as principais políticas públicas.

Desejamos a todos os acadêmicos bons estudos e que esta disciplina


contribua para o conhecimento na vida profissional como assistente social.

Então vamos começar bons estudos!

Prof.ª Simone Cristina Schreiner

III
UNI

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano,
há novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 MOVIMENTOS SOCIAIS E SUA HISTÓRIA ......................................................... 1

TÓPICO 1 CONTEXTUALIZANDO OS MOVIMENTOS SOCIAIS .......................................... 3


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 CONTEXTUALIZANDO OS MOVIMENTOS SOCIAIS ............................................................ 3
3 MEADOS DA DÉCADA DE 1960 E INÍCIO DE 1980 ................................................................... 7
4 DÉCADA DE 1990 A 2000 .................................................................................................................... 9
5 MOBILIZAÇÃO SOCIAL E ORGANIZAÇÃO NÃO GOVERNAMENTAL ........................... 12
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 14
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 15

TÓPICO 2 A HISTÓRIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS NA AMÉRICA LATINA ............... 17


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 17
2 A HISTÓRIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS NA AMÉRICA LATINA ................................. 17
3 A IMPORTÂNCIA DA TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO NOS MOVIMENTOS SOCIAIS .. 20
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 26
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 27

TÓPICO 3 A IMPORTÂNCIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS BRASILEIROS ..................... 29


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 29
2 A HISTÓRIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL ...................................................... 29
2.1 REVOLTA DA ARMADA ......................................................................................................... 31
2.2 REVOLTA DA CHIBATA ......................................................................................................... 32
2.3 REVOLTA DA VACINA ........................................................................................................... 33
3 MOVIMENTOS SOCIAIS DE 1968 ATÉ OS DIAS ATUAIS ....................................................... 35
4 MOVIMENTO NACIONAL DOS PROFESSORES ...................................................................... 36
5 MOVIMENTO PASSE LIVRE – 2013 ................................................................................................ 37
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 39
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 41

TÓPICO 4 A DEMOCRACIA PARTICIPATIVA E O SERVIÇO SOCIAL .................................. 43


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 43
2 A DEMOCRACIA PARTICIPATIVA A PARTIR DOS MOVIMENTOS SOCIAIS ................ 43
3 BREVE HISTÓRICO DO SERVIÇO SOCIAL ................................................................................ 44
4 DIREITOS HUMANOS E O SERVIÇO SOCIAL ........................................................................... 47
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 48
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 61
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 62

UNIDADE 2 AS INTERFACES NA CONSOLIDAÇÃO DE DIREITOS NAS POLÍTICAS


PÚBLICAS ................................................................................................................................................. 63

TÓPICO 1 A LEGISLAÇÃO E AS POLÍTICAS SOCIAIS NO BRASIL ...................................... 65


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 65

VII
2 OS MARCOS HISTÓRICOS DOS MOVIMENTOS SOCIAIS RESPEITANDO A
CONSTITUIÇÃO ..................................................................................................................................... 65
2.1 LEGISLAÇÃO .................................................................................................................................. 66
2.2 DIREITO À PREVIDÊNCIA SOCIAL ........................................................................................... 68
2.3 DIREITO À ASSISTÊNCIA SOCIAL . ........................................................................................... 68
3 POLÍTICAS SOCIAIS E O SERVIÇO SOCIAL .............................................................................. 70
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 75
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 76

TÓPICO 2 A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E O SERVIÇO SOCIAL ............................................ 77


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 77
2 SERVIÇO SOCIAL E A CONSTITUIÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS SOCIAIS NO
BRASIL ...................................................................................................................................................... 77
2.1 LEGISLAÇÃO .................................................................................................................................... 77
3 POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E SISTEMA ÚNICO DE
ASSISTÊNCIA SOCIAL ......................................................................................................................... 81
4 SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) .............................................................. 84
4.1 TIPOS DE GESTÃO DO SUAS ...................................................................................................... 84
4.2 SUAS E A DECENTRALIZAÇÃO . ............................................................................................... 85
4.3 SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL . ......................................................................... 86
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 90
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 91

TÓPICO 3 OS CONSELHOS DE DIREITOS NO BRASIL ............................................................ 93


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 93
2 O SURGIMENTO DOS CONSELHOS DE DIREITOS ................................................................ 93
2.1 COMO SÃO DIVIDIDOS OS CONSELHOS DE DIREITOS ..................................................... 98
2.2 O FUNCIONAMENTO DOS CONSELHOS DE DIREITOS ..................................................... 98
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 101
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 103

TÓPICO 4 SERVIÇO SOCIAL E CONTROLE SOCIAL ................................................................. 105


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 105
2 DISCUTINDO O CONCEITO DE CONTROLE SOCIAL ........................................................... 105
2.1 O SERVIÇO SOCIAL E O CONTROLE SOCIAL ........................................................................ 109
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 110
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 115
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 116

UNIDADE 3 CONHECENDO ALGUNS CONSELHOS DE DIREITOS .................................... 117

TÓPICO 1 O CONSELHO DE SAÚDE .............................................................................................. 119


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 119
2 A TRAJETÓRIA HISTÓRICA E A EVOLUÇÃO DOS ESPAÇOS DOS CONSELHOS E
CONFERÊNCIAS DE SAÚDE NA CONSOLIDAÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE .. 119
2.1 POLÍTICAS DE SEGURIDADE SOCIAL ..................................................................................... 119
2.2 A SEGURIDADE SOCIAL COMO POLÍTICA PÚBLICA ......................................................... 120
2.3 POLÍTICAS DE SAÚDE .................................................................................................................. 121
2.4 O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS ....................................................................................... 122
3 CONSELHOS DE DIREITOS E O CONTROLE SOCIAL ............................................................ 127
3.1 OS CONSELHOS MUNICIPAIS .................................................................................................... 127
3.2 CONSELHOS DE SAÚDE ESTADUAIS, MUNICIPAIS E DO DISTRITO FEDERAL .......... 128
3.3 RESPONSABILIDADES . ................................................................................................................ 129

VIII
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 131
4 O SERVIÇO SOCIAL NO CONTROLE SOCIAL DA SAÚDE ................................................... 131
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 134
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 135

TÓPICO 2 O CONSELHO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL ................................................................ 137


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 137
2 POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL .......................................................................................... 137
3 POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E O CONSELHO .......................................................... 142
4 A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E O SERVIÇO SOCIAL .......................................... 144
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 146
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 147

TÓPICO 3 O CONSELHO DE EDUCAÇÃO ..................................................................................... 149


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 149
2 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO E OS CONSELHOS ......................................................................... 149
2.1 EDUCAÇÃO BRASILEIRA E OS SISTEMAS DE ENSINO ...................................................... 151
2.2 NÍVEIS, ETAPAS E MODALIDADES DO ENSINO .................................................................. 151
2.3 CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO .............................................................................. 152
2.4 CONSELHOS ESTADUAIS DE EDUCAÇÃO ............................................................................ 152
2.5 CONSELHOS MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO .......................................................................... 152
2.6 REFERÊNCIAS CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL .......... 153
2.6.1 Os Parâmetros Curriculares Nacionais . ................................................................................ 155
2.6.2 Objetivos do ensino médio ...................................................................................................... 155
3 SERVIÇO SOCIAL NA EDUCAÇÃO ............................................................................................... 156
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 158
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 159

TÓPICO 4 O CONSELHO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE .............................................. 161


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 161
2 POLÍTICA DE ATENDIMENTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ................................ 161
2.1 CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE . .......... 162
2.2 CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE-
CMDCA ............................................................................................................................................ 164
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 166
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 167
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 169

IX
X
UNIDADE 1

MOVIMENTOS SOCIAIS E SUA


HISTÓRIA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Esta unidade tem por objetivos:

• conhecer a parte histórica e teórica dos movimentos sociais;

• apresentar os principais aspectos teóricos e conceituais, bem como os


temas;

• colaterais de discussão sobre os movimentos sociais na América Latina;

• identificar as características dos movimentos sociais latino-americanos;

• relacionar os principais protagonistas da história dos movimentos sociais


no Brasil;

• relacionar a democracia participativa e o serviço social.

PLANO DE ESTUDOS
Esta Unidade 1 está dividida em quatro tópicos. No decorrer desta unidade
você terá oportunidade de conhecer os marcos históricos e fixar seus
conhecimentos realizando as atividades propostas.

TÓPICO 1 – CONTEXTUALIZANDO OS MOVIMENTOS SOCIAS

TÓPICO 2 – A HISTÓRIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS NA AMÉRICA


LATINA

TÓPICO 3 – A IMPORTÂNCIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS BRASILEIROS

TÓPICO 4 – A DEMOCRACIA PARTICIPATIVA E O SERVIÇO SOCIAL

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

CONTEXTUALIZANDO OS
MOVIMENTOS SOCIAIS

1 INTRODUÇÃO
Neste primeiro tópico estudaremos a história dos movimentos sociais e a
sua evolução em cada década.

No decorrer dos anos, os movimentos sociais foram ganhando ênfase na


história, mudanças efetivas e transformações em relação à sociedade e ao poder
público, para que um maior número de pessoas tenha vida digna. É necessário que
os alicerces da política social e econômica estejam determinados, pelas leis, que
regem um país, e sejam modificadas por um bem maior.

Identifica-se a importância dos movimentos sociais na América Latina e no
Brasil. Também o desenvolvimento das ONGs, que foram definidas como Terceiro
Setor.

2 CONTEXTUALIZANDO OS MOVIMENTOS SOCIAIS

Prezado acadêmico! Você sabe o que são movimentos sociais?



Movimentos sociais significam que um grupo de pessoas se reúne para
reivindicar algo de interesse da coletividade, é uma prática diferenciada, não há
uma identidade própria. São diferentes classes sociais reivindicando seus ideais
perante o modelo político-econômico e diante de uma sociedade capitalista.

A sociedade capitalista sofre com suas contraversões de valores, dando mais
importância ao dinheiro. O Brasil vive situações em que aqueles que comandam e
possuem mais posses regem e controlam o país. São deixados totalmente de lado
aqueles que precisam, esquecendo-se da necessidade da população em geral, sejam
eles ricos ou pobres. A única forma de demonstrar que há insatisfação é através
da união das pessoas, para lutar pela mudança da situação política, econômica e
social. Esta união é mais conhecida como movimentos sociais.

3
UNIDADE 1 | MOVIMENTOS SOCIAIS E SUA HISTÓRIA

FIGURA 1- MOVIMENTOS DE TRABALHADORES RURAIS

FONTE: Disponível em: <http://historiabruno.blogspot.com.br/2011/10/


movimentos-sociais.html>. Acesso em: 5 de jan. 2016.

Esse movimento pode ser definido como uma ação concreta que adota
diferentes formas e estratégias para reivindicar seus direitos, seguindo por meio de
mobilizações, marchas, passeatas etc. Gohn (2012, p. 14) descreve os movimentos
sociais da seguinte forma:

Os movimentos sociais propriamente ditos, criados e desenvolvidos


a partir de grupos da sociedade civil, têm nos direitos a fonte de
inspiração para a construção de sua identidade. Podem ser distintos
individuais ou coletivos. Os direitos individuais inserem-se no rol dos
direitos humanos fundamentais dos seres humanos, direitos vistos em
suas múltiplas dimensões social econômica, civil/política e cultural,
ética etc.

As lutas iniciaram no momento de crise estrutural da economia brasileira,


passam a ser repensadas e analisadas pelas camadas populacionais, que enfrentaram
altos preços nos produtos de exportação, assim ocasionando o desemprego e outras
dificuldades nos setores sociais.

Na época, as estruturas de poder estavam ameaçadas, havia


desentendimentos na sociedade brasileira, e não mais satisfaziam às reivindicações
do desenvolvimento social e capitalista.

O escritor do livro “Democracia e desenvolvimento”, Garnero (1985),


apresenta o capitalismo como o “Homem sem propriedade é como escritor
censurado”.
Capitalismo não é uma expressão feliz porque com o tempo adquiriu um
significado pejorativo que exprime a brutal acumulação de riqueza por
indivíduos gananciosos, conseguida à custa da população trabalhadora
e da sociedade em geral (GARNERO, 1985, p. 29).

Com a desigualdade de ganhos na sociedade que as forças dos movimentos

4
TÓPICO 1 | CONTEXTUALIZANDO OS MOVIMENTOS SOCIAIS

sociais refletiram através de manifestações contra as desigualdades sociais negros,


mulheres, crianças e, principalmente, a carência da população e o acesso aos
mínimos de direitos sociais. Não há capitalismo sem lutas de classes.

UNI

SINOPSE: Lulu é metalúrgico e perde um dedo em acidente de


trabalho. Por essa razão, ele é envolvido em movimento de protesto e assim
descobre a vida sindical. E Lulu se divide entre as tentações da sociedade de
consumo e as convocações da esquerda tradicional, num claro exemplo do
impasse e insegurança ideológica.

FONTE: Disponível em: <http://www.quimicosunificados.com.br/2309/


cine-unificados-apresenta-a-classe-operaria-vai-ao-paraiso/>. Acesso em: 1
fev. 2016.

Há muito tempo que a sociedade vem se organizando na luta de seus


direitos individual ou coletivamente. É o que explica Bravo e Meneses (2012, p.
43-44):
A conjuntura da luta de classes que viabilizou o fim da ditadura militar
permitiu que se criassem condições políticas para uma ampla revisão
do quadro institucional do país, incluindo-se aí implementação de
políticas sociais abrangentes, inclusive universais, como foi o caso da
legislação [...].

Assim, os movimentos sociais eram percebidos como problemas sociais,
um fator de disfunção da ordem, pois se absorviam em entender a conduta dos
grupos sociais. Também se pautavam nas perspectivas clássicas de abordagem do
coletivo, por meio do comportamento dos seres humanos.

Os movimentos sociais foram historicamente marcados, pela organização


da população representada pela força social e identificada pelas diferentes tensões
e diferentes grupos de interesses que expõem o desenvolvimento da sociedade e
revelam as diversas áreas de carência.

Ocorrem nos países, através dos movimentos sociais, as transformações


políticas devido à crise econômica e social. A luta da população teve mais força
com os movimentos, pois se acreditava nas mudanças para se obter o mínimo de
garantias dos direitos, ou seja, uma vida digna.

Agora, prezado acadêmico, veremos o que foram os movimentos sociais


nas décadas de 20 e 30.

A partir do século XIX, surgem os movimentos sociais como uma tática

5
UNIDADE 1 | MOVIMENTOS SOCIAIS E SUA HISTÓRIA

do desenvolvimento das atividades políticas, com o objetivo de obter mudanças


econômicas, políticas e sociais.

Início da década de 1920 os movimentos sociais enfrentavam a crise da


República Velha. Nesta época, a sociedade estava insatisfeita com o governo o que
resultou em rebeldia e várias rupturas no sistema capitalista.

Prestes (2001) nos diz: Que o tenentismo foi marcado na década de 1920,
por se pronunciar como militantes, o país iniciava uma nova era de denominação
militar, quem participava eram tenentes, e capitães do exército.

O tenentismo surgiu para contestar o sistema político, mesmo sem defender


algo em específico, também lutava contra mudanças na educação e no sistema
eleitoral.

Em 1929 quebra a bolsa de valores e começa a crise capitalista. Nesta época,


o Brasil exportava o café, quem sofreu com a desestruturação foram os estados do
Rio Grande do Sul com a criação de gado e Minas Gerais com a cana de açúcar.

Como presidente, em 1930, Getúlio Vargas beneficiou os brasileiros


com serviços sociais. Através disso, trouxe progresso ao país, expandindo o
capital estrangeiro e avançando com o meio rural. O país passa a se modernizar
estruturalmente formulando leis. O presidente Vargas passou a ser conhecido
como o controlador, e apaziguador das lutas pelas classes sociais.

O Manifesto dos Pioneiros ocorreu em 1932 e trouxe grandes inovações


ao país. Porquanto foi a primeira escola pública (laica), além de ser gratuita, este
feito foi uma conquista dos movimentos organizados. A Igreja Católica, sentindo-
se ameaçada cria a Confederação de Educação, com o intuito de permanecer na
sua posição diante dos princípios católicos. 

Indo além, prezado acadêmico, vejamos agora como se deu o avanço na


década de 40.

A população urbana cresce, modificações começam a ser feitas na estrutura


educacional em todos os níveis.

• 1945 – Término da 2º Guerra Mundial – consequentemente afetou a política


brasileira, acelerando o fim do regime ditatorial do Estado Novo (1937-1945).
• 1946 – A igreja católica constitui a primeira universidade privada no Rio de
Janeiro denominado – Pontifícia Universidade Católica (PUC).
• 1946 – Inspirado na ideologia liberal democrática foi promulgada a Constituição
da República. Foi quando a união encaminha propostas de Leis de Diretrizes e
Bases – LDB, ao congresso que teve treze anos de tramitação.
• 1947 – Cria-se o ITA – Instituto Tecnológico da Aeronáutica. O Brasil teve grandes
transformações, além de renovações e um sistema mais moderno na Educação,
principalmente, com a criação da Universidade de Brasília.

6
TÓPICO 1 | CONTEXTUALIZANDO OS MOVIMENTOS SOCIAIS

• 1950 – Aumentou a demanda de alunos devido à modernização, decorrente da


industrialização e da crescente urbanização.
• 1950 a 1954 – Getúlio Vargas, volta ao poder e passa a exercer uma política
nacionalista, investindo no Ensino Superior.
• 1958 – Cria-se a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, através da Lei
nº 2.307.

O Ensino Superior gratuito é ampliado, depois que a federalização foi


responsável pela criação das universidades federais, que hoje existem no país. Com
a criação das universidades, inicia-se o processo de modernização e ao mesmo
tempo abre caminhos para a ascensão social.

3 MEADOS DA DÉCADA DE 1960 E INÍCIO DE 1980

Na década de 60, o Brasil alcançou o desenvolvimento econômico que


defrontava com os problemas sociais. O desenvolvimento atingia uma parcela da
população, a riqueza continuava a concentrar-se em quem tinha o poder.

Prezado acadêmico, vejamos agora alguns movimentos revolucionários:

Partido Comunista do Brasil (1962)

Esse foi um grupo a realizar guerrilhas rurais no país. Aproximadamente


70 combatentes enfrentaram 20 mil soldados no Araguaia.

Em 1963, conseguia-se a aprovação do plebiscito, que daria força para o


atual presidente (João Goulart) que ofereceu ao país mudanças na Reforma de
Base, que eram medidas econômicas e sociais que previam uma maior intervenção
do Estado no setor econômico.

Movimento Nacionalista Revolucionário (1964-1967)

Esse movimento era o grupo que os militares mais temiam, por ser um grupo bem
estruturado. Possuía 100 mil soldados e era liderado por Leonel Brizola.

Ação Popular (1962-1973)

O grupo foi formado por militantes ligados à Juventude Católica. Eles


formavam o movimento estudantil e apoiavam a reforma trabalhista. Como eram
ligados à igreja cediam os mosteiros para as reuniões clandestinas dos grupos.
Quem liderava era José Serra e Herbert de Souza (Betinho).

Política Operária (1961-1967)

Esse grupo é o que deu maior importância ao debate teórico e doutrinário.


Liderança: Emir Sader, Nilmário Miranda e Carlos Tibúrcio. Cerca de 100 militantes.

7
UNIDADE 1 | MOVIMENTOS SOCIAIS E SUA HISTÓRIA

Movimento Revolucionário 8 de Outubro (1966)

É um grupo menor, formado pelos estudantes que tiveram a ideia de


sequestrar diplomatas estrangeiros. Uma das ações de mais sucesso foi o sequestro
do americano Charles Elbrick (embaixador). Liderança: Franklin Martins e
Fernando Gabeira. 

Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (1968-1970)

Um grupo que se inspirou nos ideais do líder chinês Mao Tsé-tung, que
acreditava na luta, na guerrilha rural. Essa organização praticou ações urbanas
voltadas aos ideais urbanos. Liderança: Mário Alves e Jacob Gorender. 
FIGURA 2: TROPICÁLIA

FONTE: Disponível em: <https://dialogoshistoricos.wordpress.


com/historia/brasil-anos-60-e-70/>. Acesso em: 2 jan. 2016.

Movimento Artístico dos anos 60, Tropicália teve início com o Festival de
Música Popular, que ocorreu em 1967 na TV Record. O movimento teve grande
influência cultural, tanto brasileira como internacional. Seus aspectos eram
tradicionais da própria cultura brasileira,  utilizaram também inovações como o
Pop Art, com diversos estilos musicais, como o rock, samba, bossa nova etc. 

O que se destacou em meados de 70, foram os movimentos reivindicatórios


e o andamento da política na sociedade. O fator determinante dos grupos
revolucionários foi o desenvolvimento e os impactos pela luta do estado de direitos.

Conforme Gohn (2011, p. 7), “os movimentos sociais constituíram-se numa


das grandes novidades brasileiras nos anos 70-80, tendo sido considerados, por
alguns analistas, como fonte de renovação nas ciências sociais e da forma de fazer
política”.

Os movimentos sociais nos anos 70/80 contribuíram para a decisão das


forças organizadas, para a conquista de vários direitos sociais inscritos por lei.
As práticas coletivas estavam fortemente condicionadas pela experiência de
resistência aos regimes autoritários e pela situação crítica das lutas pela cidadania.
8
TÓPICO 1 | CONTEXTUALIZANDO OS MOVIMENTOS SOCIAIS

O objetivo desta luta é de integrar uma análise dos efeitos políticos


institucionais, procurando os significados dos movimentos sociais e os efeitos do
processo de mudanças sociopolíticas e de transformações dos serviços básicos
como saúde e educação.

Esses movimentos aparecem em redes nacionais na década de 80 se


mostrando pela reforma política, ou seja, na época os movimentos sociais foram
ganhando mais credibilidade e visibilidade nas decisões e direção política.

No ano de 1986, os movimentos sociais, através das classes sociais, começam


a lutar pela democracia de direitos, quando nomeou o movimento Nacional pela
Constituinte que passa articular, reuniões a fim de iniciar o movimento popular,
contando com os sindicatos, entidades, entre outros.

4 DÉCADA DE 1990 A 2000

Na década de 1990, os movimentos sociais surgiram da organização


popular, a luta pela moradia, pela reforma urbana, Fórum Nacional e a participação
popular, entre outros fatos marcantes. De acordo com Gohn (2011, p. 53):

Embora o Fórum Social Mundial faça parte da agenda de protesto contra


o atual modelo de globalização econômica, decidimos apresentá-lo,
neste livro, separado do texto relativo ao movimento antiglobalização
por vários motivos. Dentre eles, destacamos: trata-se de um evento
organizado e realizado de forma distinta dos atos e ações coletivas
do movimento antiglobalização; o FSM, assim como o movimento
antiglobalização, também é composto por uma rede de ONGs de
natureza variada, sindicatos, movimentos sociais etc., mas nem todas
suas instituições membros participam simultaneamente dos dois tipos
de eventos; as coordenações do movimento antiglobalização e do FSM
são distintas. O FSM criou em 2002 um conselho internacional integrado
por 58 entidades. O comitê brasileiro é integrado por oito entidades.

Isso mostra que nesse novo milênio encontramos novos sujeitos sociais nos
movimentos sociais na antiglobalização. Gohn (2011) também faz referência ao
levantamento das subdivisões, esses movimentos se misturam e alguns assumem
mais de uma frente de ação.

Os movimentos populares foram tomando conta das diversas classes sociais,


essas manifestações atingiram a crise econômica e social. Segundo Gohn (2011), os
movimentos éticos e políticos iniciaram em 90, foram de grande importância na
história, por contribuírem com o processo democrático. Assim como o movimento
dos cara-pintadas, que foi contra o presidente da república por atos de corrupção.

Também surgiram outros movimentos sociais como contra as reformas


estatais e a ação da cidadania e do desemprego. Logo se organizou o movimento

9
UNIDADE 1 | MOVIMENTOS SOCIAIS E SUA HISTÓRIA

das mulheres que lutaram contra a descriminação.

Outro fato marcante nos anos 90 foi a luta pela moradia organizada por
diferentes tipos de classes sociais. Historicamente, o movimento social foi se
expandindo pelo mundo todo, cada um com sua forma de reivindicar.

Em função da política foram organizados os grupos de mulheres que


atuaram politicamente, manifestando-se contra a exploração e discriminação. Em
seguida tivemos o movimento dos homossexuais que organizaram passeatas e
atos de protestos.

FIGURA 3: MOVIMENTOS HOMOSSEXUAIS

FONTE: Disponível em: <http://www.pimenta.blog.br/wp-content/uploads/


Parada-Gay-de-Itabuna-foto-Pimenta-www.pimenta.blog-4.jpg>: 12 jan. 2016.

Diante de uma sociedade conservadora, a discriminação vive presente, a


sociedade ainda é muito machista. E só haverá evolução, quando não houver mais
discriminação.

A discriminação também ocorreu com os afrodescendentes, ou seja,


os afro-brasileiros. Esse movimento é uma construção desde a carta de alforria
determinada pela Princesa Isabel.

Após este fato, a sociedade vem caminhando a passos pequenos e o afro-


brasileiro vem construindo sua identidade, e lutando contra a discriminação racial.
Desde então a população vem sendo trabalhada para a aceitação das diversidades
de culturais, religiões e opções sexuais.

Prosseguindo com os movimentos dos anos noventa, os indígenas se


organizaram reivindicando suas terras e benefícios, os funcionários públicos
também se organizaram por salários melhores e jornadas de trabalho consideráveis.

Ressalta-se que as organizações sindicais e de associações surgiram para


reivindicar as reformas governamentais que vêm com o objetivo de reestruturar os
direitos das profissões, ou seja, dos trabalhadores pedindo o aumento dos salários

10
TÓPICO 1 | CONTEXTUALIZANDO OS MOVIMENTOS SOCIAIS

compatíveis com os ajustes ficais.

De acordo com Viola (2016), os ecologistas são considerados os herdeiros


da cultura socialista e também da sociedade e natureza. Os movimentos ecológicos
constituem-se num ponto de desvio na história da mobilização social e a ação
coletiva, que trata de movimentos portadores de valores e interesses universais e
ultrapassam as fronteiras de classe, sexo, raça e idade.

A humanidade faz parte da natureza e depende dela para sua sobrevivência,


e os movimentos sociais surgiram para defender e intervir nas decisões políticas
na depredação da natureza. Nestes anos a sociedade e os políticos somente
destruíram o solo através do uso e abuso, assim provocando erosão e inundações
alterando o clima.

Os políticos não se importam com as ameaças aos lagos e rios, à vida nos
oceanos, tudo isso devido à poluição das águas, aos vapores que prejudicam a
atmosfera e ao desmatamento. Empresas descumprem decretos sobre a poluição
do meio ambiente, jogando produtos químicos nos lagos e mares. Tudo isso por
causa do material de consumo que leva a sociedade e os políticos a cometerem essa
enfermidade.

Em 2000, houve os avanços sociais, distribuição de renda, crescimento


econômico e geração de emprego e renda. Como se observa na Quadro 1:

QUADRO 1 - AVANÇOS SOCIAIS

Políticas FHC Presidente (Lula)


1,3 milhão (15 milhões ao
Emprego (média anual) 100 mil
total)
Pobres 74 milhões 54 milhões
Pobreza absoluta (miséria) 35 milhões 20 milhões
Universidades e extensões 14 Universidades
ZERO
universitárias 124 extensões
Crédito para habitação 24 milhões (2002) 80 bilhões
Escolas técnicas ZERO 214
Programas sociais (número
5,1 milhões 12,4 milhões
de famílias atendimentos)
FONTE: Disponível em: <http://www.smabc.org.br/Interag/temp_img/%7B128D1C71-DBD8-
4D68-8748-C64AAE2BC34A%7D_An%C3%A1lise%20de%20Conjuntura%20Trabalho%20e%20
Cidadania%20anos%2080%20-%2090%20e%202000.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2016.

Ao observar os dados identifica-se que, mesmo com a criação do FHC,


a população continua almejando, salários compatíveis com as necessidades da
família, com políticas públicas estruturais, conforme a necessidade dos segmentos.

11
UNIDADE 1 | MOVIMENTOS SOCIAIS E SUA HISTÓRIA

5 MOBILIZAÇÃO SOCIAL E ORGANIZAÇÃO NÃO


GOVERNAMENTAL

UNI

A partir de agora, vamos conhecer os movimentos sociais e ONGs.

Prezado acadêmico! Vejamos agora o que são mobilização e movimentos


sociais.

A mobilização social possibilita ao cidadão aproximar-se de outros para


formar uma corrente de interesses e decisões para a conquista de direitos. Essa
se define em compartilhar sonhos e desafios, propor ações para a melhoria da
qualidade de vida daquele grupo de pessoas, daquela comunidade.

Por mais, que haja diferença entre os movimentos sociais e mobilização


social, o intuito de todos é se organizar e lutar por um ideal, que trará benefícios
para um determinado grupo de pessoas, muitas vezes, da coletividade.

Essas organizações se preparam através de passeatas, caminhadas, entre


outras, procuram o progresso e buscam direitos sociais que as auxiliem de uma
maneira ou de outra.

AUTOATIVIDADE

Vamos conhecer melhor a finalidade e as diferenças entre movimentos


sociais e ONGs. Pesquise em sua cidade se existem ONGs e como atuam em
prol da sociedade.

Prezado acadêmico! Você sabe o que são as Organizações Não


Governamentais, as ONGs?            

As ONGs são organizações sem fins lucrativos e se caracterizam por ações


solidárias de um determinado grupo de pessoas que são criadas para auxiliar

12
TÓPICO 1 | CONTEXTUALIZANDO OS MOVIMENTOS SOCIAIS

um público alvo, geralmente se mantêm com colaborações de pessoas físicas e


jurídicas.

Como define o Dicionário de Ciências Sociais (1986), as ONGs fazem parte


de movimentos sociais e têm como princípio o desenvolvimento humano e o
alargamento da participação na cidadania.

As ONGs são organizações não governamentais, associações civis e


autônomas, que não dependem do Estado ou de partidos políticos. Tais organizações
vivem em prol da população, para suprir as necessidades e problemas eventuais
que o poder público em si não consegue resolver devido ao descaso com o povo.
As ONGs se tornam de grande valia para uma sociedade com princípios. Quando
organizadas, promovem ações sociais na população.

Na década de 1960, as ONGs foram interrompidas pelo golpe militar, as
entidades faziam parte do governo e se consideravam não governamentais, mas o
objetivo era de suprir as necessidades da população através do assistencialismo e
das organizações comunitárias.

As ONGs tiveram um papel importante nos movimentos sociais por


lutar por democracia e pelas causas coletivas. Nos anos 90, as ONGs ganham
representatividade dentro da sociedade. As ONGs sempre estiveram na esfera da
sociedade civil, de onde emergem. Dessa forma é o que nos aponta Gohn (2003, p.
55):

O campo de atuação das ONGs tem sido o do assistencialismo (por


meio da filantropia), o desenvolvimento (por meio dos programas de
cooperação internacional, entre ONGs e agências de fomento, públicas e
privadas), e o campo da cidadania (por meio das ONGs criadas a partir
de movimentos sociais que lutam por direitos sociais).

As ONGs fazem parte do terceiro setor e são voltadas para se fazerem


presentes e parceiras da sociedade civil e do poder público. Os tipos de ONGs são:
caritativas, desenvolvimentistas e ambientalistas.

13
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você aprendeu que:

• Os movimentos sociais foram marcados historicamente pela organização da


população, representada pela força social e identificada pelas diferentes tensões
e diferentes grupos de interesses.

• No século XIX surgem os movimentos sociais como instrumento para obter


mudanças econômicas, políticas e sociais.

• Década de 20, os movimentos sociais sofriam com a crise da República Velha,


a população insatisfeita organizou rebeliões, ocorrendo uma ruptura entre o
sistema capitalista.

• O tenentismo surgiu para contestar o sistema político, lutavam por mudanças


na educação e no sistema eleitoral.

• 1929 – Início da crise capitalista com a quebra da bolsa de valores, exportadores


de café foram prejudicados. O Estado do Rio Grande do Sul foi prejudicado com
a criação de gado e Minas Gerais, com a cana de açúcar.

• 1930 – Getúlio Vargas ofereceu benefícios sociais, desta forma, o Brasil passou a
se expandir, através do capital estrangeiro e avançar no meio rural.

• Meados de 1970 – destaque para movimentos reivindicatórios e avanço da


política na sociedade. Principais fatores: desenvolvimento e impactos pela luta
do Estado de direitos.

• 1986 – Movimentos sociais pela democracia de direitos, mais conhecimento


como Movimento Nacional pelo Constituinte.

• Década de 1990 – Movimentos sociais surgiram da organização popular, a luta


pela moradia, pela reforma urbana, Fórum Nacional, e a participação popular,
entre outros fatos marcantes.

• A mobilização social faz com que a população se una para uma corrente de
interesses e decisões, para obter direitos por lei, compartilhar sonhos e desafios,
propor ações para a melhoria da qualidade de vida daquele grupo de pessoas,
daquela comunidade.

• As ONGs fazem parceria com a sociedade civil e o poder público. Os tipos de


ONGs são: caritativas, desenvolvimentistas, cidadãs e ambientalistas.

14
AUTOATIVIDADE

1 Partindo do princípio que no decorrer da história do povo brasileiro e


também mundial, tivemos inúmeros movimentos sociais, relativos a uma
diversidade de reinvindicações populares, em que alguns destes movimentos
foram gigantescos e outros nem tanto, mas sabemos da sua importância
para a melhoria de qualidade de vida de um povo. Neste sentido, assinale a
alternativa que define o que são movimentos sociais:

( ) Atos de um determinado grupo de pessoas, com objetivo de mudanças


radicais e reformistas.
( ) Organizações secretas que lutam por revolução mundial.
( ) Diferentes classes sociais reivindicando os seus ideais perante o modelo
político econômico que nos é imposto por uma sociedade capitalista. Assim,
esse grupo luta para que mudem a situação política, econômica e social.
( ) Mobilizações que se reúnem e lutam de todas as formas para adquirir
benefícios próprios. 
( ) Determinados grupos de pessoas que lutam de forma a coagir o poder
público quebrando patrimônio público, machucando outras pessoas para
melhorar a moradia, educação, saúde etc.

2 Na década de 1960, o Brasil alcançou o desenvolvimento econômico que


defrontava com os problemas sociais. O desenvolvimento atingia uma
parcela da população a riqueza continuava a concentrar-se em quem tinha o
poder. Cite três movimentos revolucionários da época.

3 A mobilização social possibilita ao cidadão aproximar-se de outros para


formar uma corrente de interesses e decisões para a conquista de direitos
por lei, como podemos descrever o que se compartilha com a mobilização
social?

4 As ONGs fazem parte do terceiro setor e são voltadas para se fazerem


presentes e parceiras da sociedade civil e do poder público. Cite os tipos de
ONGs.

15
16
UNIDADE 1
TÓPICO 2

A HISTÓRIA DOS MOVIMENTOS


SOCIAIS NA AMÉRICA LATINA

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Já estudamos o conceito de movimentos sociais e as
mudanças que eles nos refletem. Agora vamos conhecer como se manifestaram
na América Latina, como também os paradigmas que norteiam a sociedade no
mundo, cada uma com suas especificidades e organizações coletivas.

2 A HISTÓRIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS NA AMÉRICA


LATINA

Nas últimas décadas, o movimento social na América Latina implantou-se


pelo desenvolvimento e transformações ocorridas no mundo, as lutas foram por
política e religião.

Os movimentos sociais latino-americanos aparecem numa conjuntura de


esgotamento da soberania popular representativa, sujeita à demonstração do limite,
e da participação popular, isso decorrente de um sistema político de exclusão.

Com isso as instituições políticas tradicionais e os partidos e sindicatos,


foram marcados pela corrupção e por métodos autoritários demonstrando
a incapacidade da política tradicional, enfrentando a crise representativa,
abandonando a democracia punitiva e procurando novas formas de participação.

Os movimentos latino-americanos são fundamentados em visões neoliberais


que em contrapartida se ampliam em serviços públicos para atendimento dos
direitos econômicos, sociais, de maneira coletiva. O panorama destes países é de
altos índices de desigualdade social e, principalmente, econômico.

Os movimentos sociais da América Latina formam grupos de pessoas para


lutar por igualdade e dignidade, pois trata-se de uma sociedade que exclui e tenta
extinguir seus valores culturais.

17
UNIDADE 1 | MOVIMENTOS SOCIAIS E SUA HISTÓRIA

FIGURA 4: MOVIMENTOS LATINO-AMERICANOS

FONTE: Disponível em: <http://www.novamerica.org.br/revista_digital/L0108/


rev_emrede02.asp>. Acesso em: 13 jan. 2016.

Os movimentos sociais na América Latina estavam direcionados à


globalização. Além de um avanço significativo de movimentos sociais latino-
americanos, diante do processo político e dos problemas enfrentados, como
corrupção, além do grande contraste entre a realidade social e a economia. Este
período foi categorizado pelas lutas de classes sociais.

O principal marco foram as guerras que buscavam a independência da


América Latina, durante o século XIX, a coroa espanhola deu início à independência
dos inúmeros territórios latino-americanos. A doutrina Monroe e o apoio inglês
foram importantes para a independência, pois apoiou a guerra de libertação dos
negros.

Segundo Gohn (1998), a liberdade dos países latino-americanos teve como


líderes Simon Bolívar e José de San Martín, que percorreram quase toda a América
Latina, para obter a tão desejada revolução, dando início ao sistema capitalista.

A invasão europeia na América Latina (Espanha e Portugal), iniciada com


que conhecemos como “Descobrimento” e prosseguida mediante a conquista
e a colonização, impõe uma incorporação do continente ao desenvolvimento
capitalista na qualidade de colônia.

A queda dos impérios coloniais da Espanha e Portugal abre


caminho para a implantação do neocolonialismo, que emerge
como uma nova forma de domínio e exploração, que responde ao
desenvolvimento alcançado pelo sistema de produção capitalista
na etapa da Revolução Industrial e se consolida com a passagem
do capitalismo concorrencial ao monopólio e, por conseguinte, do

18
TÓPICO 2 | A HISTÓRIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS NA AMÉRICA LATINA

desenvolvimento do imperialismo. (MONTAÑO; DURIGUETO,


2010, p. 249).

E
IMPORTANT

O Neocolonialismo: caracteriza-se pela independência institucional formal dos


Estados, que esconde a subordinação política e a dependência econômica das metrópoles
imperialistas (Inglaterra). A relação neocolonial se baseia em uma divisão de trabalho em
que o continente exporta matérias-primas e alimentos e importa produtos industriais, como
resultado da monopolização financeira, mercantil e tecnológica das potências industriais.
O Imperialismo: a partir da segunda metade do século XX (após a II Guerra Mundial), os Estados
Unidos da América se tornam a primeira potência imperialista mundial, juntamente com a
expansão do socialismo na Europa Oriental e Ásia (União Soviética). A combinação desses
processos origina a Guerra Fria (1946-1989). A Guerra Fria constituiu o principal instrumento do
imperialismo norte-americano para ampliá-la a aprofundar sua dominação no continente, seja
pela ofensiva política e militar, através da destruição das organizações e partidos comunistas e
socialistas, seja pela expansão da penetração econômica monopolista no continente.

Prezado acadêmico, você sabe como foi a VIDA POLÍTICA E


ECONÔMICA da América Latina?

A América Latina utiliza o abastecimento de matérias-primas para fazer


os produtos primários para o mercado externo, como o estanho para a Bolívia. A
Argentina e a Colômbia ficam com o trigo juntamente com o Brasil, mas, logo, é
aberto o comércio livre para a entrada de indústrias britânicas.

A industrialização foi fracassada, com a falta de tarifas protetivas e do


domínio do exército pelos latifundiários na área governamental. No século XIX, se
presencia o desenvolvimento pela imigração nos países latino-americanos.

O capital estrangeiro entra na América na metade do século, com isso a


classe dominante traça uma ligação. Essa ligação acontecia entre os hispanos e a
burguesia agrícola. A ligação entre o centro capitalista e a Inglaterra trouxe várias
mudanças nos setores de transportes.

A novidade destas alianças imigratórias é a independência com relação


aos políticos e aos partidos, ou seja, a capacidade de proclamar os desejos que
alicerçam a sociedade.

As camadas populares são, com certeza, a expressão da manifestação


espontânea que caracteriza uma capacidade de construir sua própria identidade e
autonomia frente ao sistema de representatividade.

19
UNIDADE 1 | MOVIMENTOS SOCIAIS E SUA HISTÓRIA

DICAS

Para ler e entender melhor os movimentos sociais latino-americanos. REVISTA


LITTERIS nº 2 ISSN: 1982-7429/www.revistaliteris.com.br/maio, 2009. Disponível em: <http://
revistaliter.dominiotemporario.com/doc/MOVIMENTOS_SOCIAIS_LATINO-AMERICANOS.pdf>.

3 A IMPORTÂNCIA DA TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO NOS


MOVIMENTOS SOCIAIS


A teologia da libertação surge e se desenvolve com o fortalecimento dos
movimentos sociais latino-americanos, enfrentando os problemas da realidade
social. Procurava concretizar uma sociedade mais justa e igualitária, mais à frente
pensava-se em uma nova visão do papel da igreja, bem como, do pensar teológico.
Scherer Warren (1993, p. 33) faz uma reflexão sobre a história dos movimentos
latino-americanos.

A libertação histórica, através dos movimentos sociais, é a condição


necessária para que os povos oprimidos da América Latina caminhem
em direção de uma libertação integral. Ou seja, concebe-se a libertação
integral (ou libertação cristã) como resultante da superação das
servidões temporais e das injustiças sociais (libertação econômica,
social, política, cultural etc.) relacionada com a salvação (libertação do
pecado). Libertação é, pois, a salvação que se dá na história.

Esta teologia pautada na fé e nos valores cristãos fundamentava a


libertação dos povos oprimidos. Os acontecimentos e divulgações sobre a teologia
da libertação aconteciam através da aliança com a igreja católica, ou seja, o Estado
e as classes dominantes da América Latina.

Almejava-se uma nova teologia que tivesse uma maior abrangência textual
na América Latina. A teologia antiga já não respondia e nem explicava a realidade,
deixando a comunidade insatisfeita com a situação eclesiástica.

Estes grupos se uniram para lutar pela dignidade do ser humano, fazendo
com que as pessoas se unissem a ele, principalmente, aquelas que sofriam com
a opressão. Portanto foi recomendado que o trabalho pastoral fosse levado aos
grupos de mulheres, crianças, jovens, negros e índios organizados, com intuito de
ter noção da luta por uma vida digna.

Mais um fato importante na Teologia da Libertação foi a aumento e a


existência de organizações cristãs no Brasil, como os Movimentos de Educação de
Base (MEBs) e as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs).

20
TÓPICO 2 | A HISTÓRIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS NA AMÉRICA LATINA

AUTOATIVIDADE

Pesquise na internet as conferências relacionadas às CEBs desde a


década de 60 até os dias de hoje, o que é desenvolvido e defendido no que se
refere aos movimentos sociais na América Latina.

Com relação aos movimentos sociais latino-americanos, de forma geral,


influenciou também o pensamento feminista, inspirado pela teologia da libertação.
Os movimentos que tiveram mais influência foram os ecopacifistas e os pacifistas.

Na lógica, o homem deve ser protagonista de seu destino pessoal e histórico,


mas, no processo cristão, é através dos movimentos sociais que reconstrói sua
dignidade humana em sua vivência, e assim constrói o seu conhecimento.

Para Scherer-Warren (apud WIESE; SANTOS, 2011) a libertação histórica


através dos movimentos sociais seria a condição necessária para o ser humano
caminhar para uma direção de libertação integral, ou seja, a libertação integral
resultante de superação das injustiças sociais, econômicas, política e cultural.
Além disso, existem vários teóricos para o estudo e compreensão dos movimentos
sociais.

UNI

“Para nós um paradigma é um conjunto explicativo em que encontramos teorias,


conceitos e categorias, de forma que podemos dizer que o paradigma X constrói
uma interpretação Y sobre determinado fenômeno ou processo da realidade social. Esta
explicação deve deferir da de outros paradigmas. T. Kuhn (1962), físico responsável pela difusão
mundial do termo, afirmou que na ciência um paradigma surge toda vez que é difícil envolver
novos dados em velhas teorias” (GOHN, 1997, p. 13).

Em seguida, baseado nos estudos de Gohn (1997), vamos conhecer os


paradigmas sobre os movimentos sociais, norte-americanos, europeus e os latino-
americanos.

Prezado acadêmico! Você sabe o que é o paradigma norte-americano na


contextualização dos movimentos sociais?

Para entender o que é paradigma latino-americano nos estudos dos


movimentos sociais Gohn (2011, p. 211), contextualiza a seguir:

21
UNIDADE 1 | MOVIMENTOS SOCIAIS E SUA HISTÓRIA

Falar de um paradigma teórico americano sobre os movimentos sociais é


mais uma colocação estratégica do que real. O que existe é um paradigma
bem diferenciado de lutas e movimentos sociais, na realidade concreta,
quando comparado com os movimentos europeus, norte-americanos,
canadenses etc., e não paradigma teórico propriamente dito.

No campo norte-americano, os movimentos sociais partem do contexto


histórico centrados nas composições das organizações dos estudos dos movimentos
sociais libertários ou emancipatórios como explana Gohn (2011, p. 14), na sua obra
Paradigmas Clássicos Contemporâneos:

O paradigma latino-americano concentrou-se em sua quase totalidade,


nos estudos sobre os movimentos sociais libertários ou emancipatórios
(índios, negros, mulheres, minorias em geral); nas lutas populares
urbanas por bens e equipamentos coletivos, ou espaço para moradia
urbana (nas associações de moradores e nas comunidades de base da
igreja), nas lutas pela terra, na área rural.

Como podemos observar os paradigmas norte-americanos estavam


baseados em emancipação e libertação de uma sociedade. Nos anos 70 e 80
utilizavam a vertente marxista em que surge uma nova abordagem dos movimentos
sociais.

No livro da autora Gohn, “Teoria dos Movimentos sociais” ela explica o


que ocorreu com os movimentos sociais na América Latina.

Na América Latina a controvérsia se deu quanto à opção pragmática,


colocando de um lado estruturalista e de outro interacionista. Os
primeiros postulavam ser necessário antes mapear as condições
estruturais, causas, consequências e influências dos movimentos,
a partir de uma análise que enfocasse as desigualdades sociais,
discriminação, a repressão e a exploração, dando-se atenção também
às ideologias, frustrações, queixas, reclamações e demandas, assim
como às possibilidades de conscientização e organização dos grupos e
movimentos sociais (GOHN, 2011, p. 16).

Há polêmicas quanto à opção paradigmática, colocam-se de um


lado os estruturalistas e de outro os interacionistas.

Estruturalistas: destacavam que se faz necessário mapear as condições


estruturais, as consequências e as influências dos movimentos, diagnosticando as
desigualdades sociais, as discriminações, repressões e a exploração, assim como as
possibilidades de organização desses grupos.

Interacionistas: destacaram os conflitos políticos e as táticas de mobilização,


as afinidades de poder, o papel das governanças. Destacava-se a habilidade dos
movimentos de construir identidades políticas por meio de métodos e falas que
possibilitavam o entendimento das ações políticas como inferências diretas nas
estruturas econômicas.

22
TÓPICO 2 | A HISTÓRIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS NA AMÉRICA LATINA

Na época, os movimentos sociais eram bastante ativos, e nem sempre as


teorias acompanhavam de forma dinâmica. Com o avanço da globalização e a
informatização da sociedade, os movimentos sociais tendem diferenciar-se e a se
complicar com os avanços tecnológicos. Por isso, tenderam a apresentar muitos
comentários paradigmáticos e homogêneos.

Na metade do século XX, os movimentos latino-americanos carecem de


atualizações diante das emergências das situações sociais, enquanto aos cenários
políticos buscava-se uma nova compreensão acerca da nova configuração da
sociedade civil organizada. Com a configuração desenvolvimentista surgem duas
faces na realidade social da América Latina, conforme a abordagem de Gohn:

A maioria das teorias elaboradas pela CEPAL (Comissão Econômica


para desenvolvimento da América Latina) estava fundada naquele
paradigma dualista de interpretação da realidade social: uma face
moderna e outra atrasada. A contribuição daqueles estudos para a
compreensão da realidade latino-americana estava na ênfase que as
atribuía a participação social dos indivíduos (vistos isoladamente),
como parte do processo de integração social (GOHN, 2011, p. 212).

Com a modernização os países latinos americanos se desenvolveram, o


crescimento gerou problemas sociais, onde se divide em uma América moderna
e uma atrasada.

De acordo com Sader (2003), quando se analisa e se estuda a história latino-


americana ao longo do século XX, identificam-se três períodos diferenciados.
Através do quadro a seguir refletiremos sobre as suas características.

QUADRO 2: CARACTERÍSTICAS DOS PERÍODOS DA HISTÓRIA LATINO-AMERICANA

A característica do século XIX teve a predominância de um padrão de acumulação


primário-exportador ao qual correspondiam regimes políticos oligárquicos, em
1º Característica
que as distintas frações das elites econômicas disputavam entre si a apropriação
do Estado.
Desenvolve-se após a crise de 1929, em que vários países, como México, Chile,
2º Característica Argentina e o Brasil desenvolveram políticas voltadas à industrialização, ainda
que de forma atrasada e dependente.
É caracterizado pelo esgotamento do modelo econômico de substituição de
3º Característica importações em meados dos anos 1960 e 1970, com a consequente consolidação
das grandes corporações internacionais nos espaços nacionais.

FONTE: A autora

Com essas características, os movimentos sociais na América Latina, se


destacam com a luta histórica pela colonização europeia. A realidade de muitos
americanos está marcada pela vivência em áreas urbanas em situação de pobreza
e de exclusão social.

23
UNIDADE 1 | MOVIMENTOS SOCIAIS E SUA HISTÓRIA

Nessa situação também entram as questões culturais que se tornam


relevantes na trajetória das teorias da modernização da marginalidade e da
dependência na América Latina.

Contudo, os países latino-americanos passam por uma transformação


econômica. Assim fala Gohn (2011, p. 213):

A teoria sobre a modernização que proliferou nos anos 50 e 60 partia


de modelos comparativos entre os processos históricos ocorridos nos
países de industrialização avançada e a América Latina, para citar um
dos exemplos. Ela levou as abordagens evolucionistas e etapistas, e a
diagnósticos equivocados. “A questão da marginalidade social” foi
tratada como um problema cultural a ser resolvido por intermédio de
processo da educação formal ou o “bolo” econômico desenvolvimentista
crescesse.

Esta teoria da marginalidade estrutural abre caminhos para outros processos


da realidade latino-americana e surge o crescimento econômico e o arrocho salarial
dos trabalhadores, entre outros. Gohn (2011, p. 221) faz a reflexão:

A distribuição dos movimentos sociais em termos espaciais foi bastante


diferenciada na América Latina, embora tenham ocorrido na totalidade
de seus países. Nos países mais industrializados, os movimentos
surgiram em princípio nos grandes centros, articulados a redes
movimentalistas em que se destacam a Igreja, os sindicatos e alguns
partidos de oposição ao regime político na época.

No entanto, na década de 90, surgem diferentes movimentos sociais na


política latino-americana. Há alguns movimentos que se tornam expressivos e vão
além das fronteiras dos países americanos, como por exemplo:

a) Movimentos rurais; movimentos dos trabalhadores rurais sem-terra; no Brasil.


b) Piqueteiros na Argentina.
c) Movimentos indígenas na Bolívia, Peru, Equador e México.

Na década de 2000, as mobilizações se redefiniam, com as liberações


dos regimes políticos e da economia. As contestações promovidas pelas classes
populares continuam a marcar a vida política em vários países do continente
americano. Mas as ações coletivas e os grupos sociais impuseram a sua presença
na política. De acordo com Wiese e Santos (2011, p. 24):

A argentina talvez tenha sido o caso mais exemplar de uma política


neoliberal, cujo colapso teve um efeito devastador, tanto origem à
crise de 2001. A crise financeira provocada pela paridade peso/dólar
deu origem ao corralito (retenção de dinheiro nos bancos, mediante
o estabelecimento de um limite semanal de retirada) e provocou a
explosão do desemprego e um empobrecimento generalizado. Essa
conjuntura deu origem a movimentos distintos, cuja unidade pode ser
encontrada no questionamento do neoliberalismo.

24
TÓPICO 2 | A HISTÓRIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS NA AMÉRICA LATINA

A América Latina também sofre com a influência política neoliberal mesmo


que de formas distintas e com intensidades variadas.

E
IMPORTANT

O neoliberalismo significa uma doutrina político-econômica que corresponde


a uma experiência de adaptar aos princípios do liberalismo econômico as condições do
capitalismo moderno. Segundo a escola liberal clássica, os neoliberais acreditam que a
economia tem seu curso designado de uma forma natural e livre e o determinante desse
discurso é o preço, o neoliberalismo se difere do liberalismo a partir do pensamento de que o
mercado seja desenvolvido de forma espontânea, isso significa que para que o preço sirva para
ser um mecanismo de regulação da economia é necessário que haja condições favoráveis para
o bom funcionamento do mercado no qual é também de extrema importância a estabilidade
financeira e monetária. 
FONTE: Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/neoliberalismo-1.
htm>. Acesso em: 28 jan. 2016.

Os neoliberais possuem um sistema de ideias que defendem as pequenas


empresas, confrontando os grandes monopólios. No fator social, o neoliberalismo
resguarda a limitação da herança de grandes fortunas com a finalidade de oferecer
condições de igualdade permitindo a concorrência. 

Os movimentos sociais têm ajudado muitas pessoas a se organizarem


na defesa de interesses comuns, e com o passar do tempo, até os dias de hoje,
esse processo tem tido um avanço, pois, fez com que as pessoas acreditassem em
mudanças no seu próprio destino, e com isso ter um papel importante na história
da humanidade.

25
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você estudou que:

• Os movimentos sociais latino-americanos aparecem numa conjuntura de


colapso da soberania popular representativa, sujeitos à demonstração do limite,
e da participação popular, isso decorrente de um sistema político de exclusão.

• Instituições políticas tradicionais, partidos e sindicatos, são marcados pela


corrupção, e por métodos ultrapassados demonstrando sua incapacidade
política. Questões enfrentadas: crise representativa, abandono à democracia
punitiva e novas formas de participação.

• Os movimentos latino-americanos são fundamentados em visões neoliberais


que em contrapartida se ampliam em serviços públicos para atendimento dos
direitos econômicos, sociais, de maneira coletiva.

• Matérias-primas e produtos primários oferecidos pelos países da América ao


mercado externo: Bolívia – estanho, Argentina – trigo e Colômbia e Brasil – café.
O comércio livre é aberto pouco depois para entrada de indústrias britânicas.

• Nesta época acontece a decorrência do absolutismo e a permanência do


militarismo e o personalismo na política latino-americana. Mesmo com as
transformações e a modernização houve as massas populares que ainda estavam
em situação precária (miséria), pois o Estado estava sendo controlado pelo
capital estrangeiro.

• A teologia da libertação surge e se desenvolve com o fortalecimento dos


movimentos sociais latino-americanos, enfrentando os problemas da realidade
social. Procura concretizar uma sociedade mais justa e igualitária, mais à
frente pensava-se em uma nova visão do papel da igreja, bem como, do pensar
teológico.

• Divulgações sobre a teologia da libertação. Aliança entre Igreja Católica e o


Estado, classes dominantes enfrentadas não pela Igreja, mas pela comunidade
(freiras, padres e leigos) através de pregações bíblicas.

• Os movimentos sociais colaboraram para a organização de interesses comuns,


fazendo com que a sociedade tivesse esperança em mudanças no seu próprio
destino e com isso ter um papel importante na história da humanidade.

26
AUTOATIVIDADE

1 Complete as lacunas (palavras) e assinale a sequência CORRETA:

Os ________________ latino-americanos aparecem numa circunstância de


esgotamento da ______________ representativa, sujeita à demonstração do limite,
e da __________________, isso decorrente de um sistema _________________.

( ) movimentos sociais; política exclusão; soberania popular; participação


popular.
( ) participação popular; movimentos sociais; soberania popular; política de
exclusão.
( ) soberania popular; participação popular; movimentos sociais; política de
exclusão.
( ) movimentos sociais; soberania popular; participação popular; política de
exclusão.

2 De acordo com Sader (2003), quando se analisa e estuda a história latino-


americana ao longo do século XX, identificam-se três períodos diferenciados.
Descreva as três características.

3 Há polêmicas quanto à opção paradigmática, colocam-se de um lado os


estruturalistas e de outro os interacionistas. Explique os dois paradigmas.

27
28
UNIDADE 1
TÓPICO 3

A IMPORTÂNCIA DOS
MOVIMENTOS SOCIAIS BRASILEIROS

1 INTRODUÇÃO
Como apontamos no tópico anterior, os movimentos sociais vêm da
organização de grupos na luta de direitos comuns. E ressaltamos os movimentos
na América Latina. Agora vamos conhecer os movimentos sociais no Brasil, sua
história e sua importância no desenvolvimento político do país.

2 A HISTÓRIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL

Nas décadas 1970 e parte de 1980, os movimentos sociais no Brasil têm sua
história caracterizada pelas lutas contra os governos autoritários. Podemos salientar
que essas lutas foram inspiradas em ideologias que agitavam os pensamentos e
corações dessas organizações sociais.

O Brasil neoliberalista iniciou nos anos 90. Nesta época, a luta era contra o
desrespeito do governo com os trabalhadores. Não havia diálogo com o governo,
pois, estava ao lado da elite brasileira e almejava o capitalismo, sem levar em conta
o povo que vivia na opressão e na discriminação.

Para compreendermos os movimentos sociais no Brasil, o procedimento é


entender e conhecer os principais momentos históricos vividos no país. Iniciamos
com o ano de 1960 até os dias de hoje.

A maioria dos movimentos sociais abordam ações que demonstram a


insatisfação do povo. Desta maneira, o povo usa esse recurso para cobrar atitudes
dos órgãos competentes e das autoridades responsáveis pelas mudanças do
país. Os movimentos foram, de certa forma, de grande importância para uma
nova democracia política, foi um grande instrumento para lutar contra governos
autoritários.

Além de manifestos para reivindicar os direitos humanos, e a liberdade


de expressão, problemas que eram ignorados pelos políticos e tão aclamados pela
população descontente com as condições em que viviam. A maioria das lutas e
movimentos que ocorrem em prol da política, deixaram a história e se tornaram
um grande marco para o Brasil.

29
UNIDADE 1 | MOVIMENTOS SOCIAIS E SUA HISTÓRIA

DICAS

Não há como detalhar toda a história do Brasil, por isso sugerimos que pesquise:
Movimentos sociais no Brasil: do período colonial à república. Conheça as principais
revoltas econômicas e sociais ao longo de cinco séculos de história. Disponível em: <http://
educacao.uol.com.br/infograficos/2013/06/18/conheca-os-movimentos-sociais-que-
marcaram-a-historia-do-brasil.htm#7> Acesso em: 2 fev. 2016.

Prezado acadêmico! Vejamos agora alguns aspectos relativos à


Proclamação da República.

A monarquia sofria com a crise em seu governo, porque não apresentava


mais o progresso. Era necessária a mudança para um governo que progredisse, e
demonstrasse avanço no que se diz respeito à política, economia e sociedade.

Marechal Deodoro da Fonseca deu início a um novo sistema de governo,


no dia 15 de novembro de 1889, quando o Brasil passou por um dos movimentos
mais importantes da sua história, a Proclamação da República. Marechal Deodoro
liderou o golpe militar, dando fim à monarquia.

Apesar disso, após as mudanças surge um novo sistema de governo, sem


grandes transformações, o Brasil ainda vivenciava a miséria, a desigualdade
social, com isso, não demorou muito para começarem as revoltas populares e as
revoluções sociais.

Marechal Deodoro assumiu provisoriamente o cargo de Presidente da


República, pois, a partir daí a escolha para presidente do país, seria feita através da
escolha do povo, por meio das eleições. Para a democracia do Brasil foi um feito,
que lhe trouxe grande avanço.

Agora, prezado acadêmico, vejamos sobre Canudos, Contestado e


Cangaço.

A má distribuição de terras, que é um problema, enfrenta-se até os dias


hoje. Motivo que também levou a muitas rebeliões, que hoje estão marcadas na
História do Brasil.

Apesar de ocorridas em locais diferentes, a Revolta de Canudos (Bahia),


a Guerra do Contestado (entre Paraná e Santa Catarina), protestavam contra os
mesmos problemas, a exploração de mão de obra e a dificuldade de acesso a
propriedades rurais.

A Guerra do Contestado foi um conflito armado na região sul do Brasil,


cerca de 20 mil camponeses enfrentaram forças militares dos poderes federais e

30
TÓPICO 3 | A IMPORTÂNCIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS BRASILEIROS

estaduais. Teve esse nome porque disputavam as terras entre os Estados de Santa
Catarina e Paraná.

Os dois movimentos tiveram fins semelhantes, todos combatidos pelos


federais. Com os "cangaceiros" não foi diferente, vistos como heróis, em alguns
momentos, quando tiravam dos ricos para dar aos pobres, e como bandidos
quando provocavam desordem, utilizavam de meios ilegais para assim combater
a fome e miséria que se encontravam.

FIGURA 5: MORTE DO BANDO DE LAMPIÃO

FONTE: Disponível em: <http://educacao.globo.com/historia/assunto/primeira-


republica/movimentos-sociais-da-primeira-republica.html>. Acesso em: 28 jan. 2016.

O governo, porém, desejava sucesso nacional, e não admitia tais


movimentos, por isso eram barrados e combatidos pelas tropas federais.

Prezado acadêmico, você sabe o que foi a Revolta da Armada?

2.1 REVOLTA DA ARMADA

A revolta armada foi um dos movimentos de rebelião realizados para


demonstrar a insatisfações com a república, recém-proclamada, tal movimento foi
organizado por unidades da marinha brasileira contra o governo do presidente
Floriano Peixoto. Que foi barrada pelo governo imediatamente.

31
UNIDADE 1 | MOVIMENTOS SOCIAIS E SUA HISTÓRIA

FIGURA 6 - REVOLTA ARMADA

FONTE: Disponível em: <https://sites.google.com/site/7e5histfoto/revolta-


armada-de-juan-gutierrez>. Acesso em: 1 de mar. 2016.

Neste movimento o presidente da república em março de 1894, época que


ficou amparado pelo exército e pelo Partido Republicano Paulista contava com uma
frota de navios arranjada com extrema urgência no exterior, abafou o movimento.

2.2 REVOLTA DA CHIBATA

A revolta da chibata foi importante movimento social. Em 1910, começavam


a ocorrer novas rebeliões por parte da marinha, desta vez contra punições físicas
que sofriam dos superiores, as faltas eram punidas com 25 chibatadas. Muitos
dos marinheiros que sofriam com as punições, eram negros, com isso houve mais
revolta, muitos deles eram ex-escravos.

FIGURA 7 – REVOLTA DA CHIBATA

FONTE: Disponível em: <http://educacao.globo.com/historia/assunto/


primeira-republica/movimentos-sociais-da-primeira-republica.html>. Acesso
em: 23 jan. 2016.
32
TÓPICO 3 | A IMPORTÂNCIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS BRASILEIROS

Sobre os comandos do "Almirante Negro" conhecido como João


Cândico, líder dos movimentos, os marinheiros revoltados entraram em
confronto com militares sendo derrotados por eles, com um fim trágico e
sangrento.

2.3 REVOLTA DA VACINA

E, prezado acadêmico, você sabe o que foi a Revolta da Vacina?

Ocorrida na cidade do Rio de Janeiro durante o governo do prefeito Pereira


Passos, essa revolta foi pela imposição do poder público pela obrigatoriedade da
vacina contra varíola. O protesto, além de ser contra tal medida, também era contra
o real motivo do governo tomar a devida ação.

Pelo comando de Oswaldo Cruz, foi iniciada a campanha de obrigatoriedade


da vacina. Grande parte da população era formada por pessoas leigas e
desinformadas que desconheciam o verdadeiro benefício da vacina.

Outros problemas eram combatidos como a recente reforma urbana da


cidade do Rio de Janeiro, levando diversas famílias a ficarem desabrigadas.

A reação das pessoas ao receberem os agentes de saúde em suas casas, muitas


vezes eram recebidos de forma violenta. Assim, depois dos problemas enfrentados,
o governo decidiu suspender temporariamente a vacinação obrigatória.

O Estado de Bloqueio foi decretado na cidade, retirando assim direitos e


garantias constitucionais. Houve mortes e conflitos durante rebeliões populares.
Com a situação devidamente controlada, a vacinação foi iniciada novamente,
erradicando a varíola da cidade.

Agora, prezado acadêmico, vejamos o que foi o Tenentismo.

O movimento do Tenentismo foi formado por militares de patentes baixas,


que eram contra o voto do cabresto e a favor do direito ao voto da mulher. O voto
do cabresto foi um abuso de poder público, onde máquinas eram manipuladas a
favor de determinados políticos.

33
UNIDADE 1 | MOVIMENTOS SOCIAIS E SUA HISTÓRIA

FIGURA 8 - TENENTISMO

FONTE: Disponível em: <https://dialogoshistoricos.wordpress.com/historia/


brasil-anos-60-e-70/>. Acesso em: 2 jan. 2016.

O movimento não acarretou resultados imediatos, mas deixou marcas em


1920, mudando significativamente as estruturas políticas em 1930.

Prezado acadêmico, você sabe o que foram os movimentos sociais no


período da ditadura?

Vejamos:

João Goulart é deposto e a ditadura militar é iniciada. É contra a suposta


ameaça comunista, que era iniciado qualquer tipo de movimento social contra a
violência, tortura e violação dos direitos humanos e ausência de democracia.

FIGURA 9 - DITADURA MILITAR

FONTE: Disponível em: <http://www.mepr.org.br/noticias/nacional/336-1964-


um-golpe-a-servico-dos-ianques.html>. Acesso em: 7 jan. 2016.

34
TÓPICO 3 | A IMPORTÂNCIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS BRASILEIROS

Vários estudantes que lutavam por reformas foram impedidos de se


organizarem. Desta forma, como resposta foram feitas manifestações e passeatas.
Alguns estudantes foram vigiados, presos e torturados. Tendo que viver em
condições precárias, longe de familiares, e com nomes falsos. Sindicados fizeram
greves e manifestações, um dos sindicalistas era o ex-presidente Lula. Muitos
foram caçados.

O maior movimento foram as “Diretas Já”, grupos que lutavam pela


eleição direta para presidente. As “Diretas Já” foram um instrumento para o fim
da ditadura militar. Os movimentos sociais foram importantes para história do
país, realizaram mudanças e revoluções através deles. Transformando a realidade
do Brasil, todos lutavam contra a repressão e a falta de liberdade de expressão.

Um dos movimentos importantes foi o Movimento Estudantil Universitário,


que como já citado, trouxe grandes revoluções ao Brasil. Movimento este que foi
capaz de mobilizar diversos jovens para lutar pela política do país, entre outros
direitos. Almejavam-se melhorias no sistema universitário, porque a universidade
representava a evolução do país.

Em certo momento, a repressão contra os trabalhadores e estudantes foi


tão forte, que alguns deles ingressaram em organizações de luta armada para
tentar derrubar o governo. Após este período de grande repressão, as organizações
estudantis retomaram e foram se reconstituindo aos poucos, mas deixaram de ter
prestígio político e a força que possuíam no início da ditadura.

3 MOVIMENTOS SOCIAIS DE 1968 ATÉ OS DIAS ATUAIS


Prezado acadêmico! Você sabe o que é a Passeata dos cem mil – 1968?

No dia 26 de junho, ocorreu a passeata dos cem mil, onde mais de cem mil
pessoas se reuniram para protestar nas ruas do Rio de Janeiro, cobrando medidas
do governo referentes aos problemas estudantis, e também aos problemas gerais
que o Brasil enfrentava, foi o maior movimento contra a Ditadura Militar.

Este movimento, por vezes, foi reprimido através da violência entre o


governo e os estudantes manifestantes. Movimento Estudantil que era uma das
maiores formas contra o regime militar. As manifestações ficaram ainda mais fortes
após a morte do estudante, Édson Luís, após ser morto entre um conflito, com os
estudantes e a polícia militar. Várias faculdades após o ocorrido decretavam greve
em suas instituições.

As manifestações continuaram até ser criada a AI-5. Instituindo assim a


Ditadura Militar, retirando todos os direitos e liberdades, tanto institucionais como
democráticas. Permitindo que a polícia possuísse todos os direitos, perseguindo e
prendendo pessoas sem qualquer mandado judicial. Várias violações contra os
direitos humanos também foram feitas.
35
UNIDADE 1 | MOVIMENTOS SOCIAIS E SUA HISTÓRIA

E
IMPORTANT

O AI-5 foi uma represália ao discurso do deputado Márcio Moreira Alves, que pediu
ao povo brasileiro que boicotasse as festividades de 7 de setembro de 1968, protestando assim
contra o governo militar. A Câmara dos Deputados negou a licença para que o deputado fosse
processado por este ato. FONTE: Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/ditadura/ai-5.
htm>. Acesso em: 29 jan. 2016.

E, prezado acadêmico, você sabe o que foram as Diretas Já (1984)?


As Diretas Já deram início ao movimento que levou Tancredo Neves à
Presidência. Eleição feita indiretamente e apoiada pela UNE (União dos Estudantes
do Brasil).

Este movimento foi um dos maiores na história do Brasil, por todo o país,
foi através de manifestações, em prol das eleições diretas para presidente da
República.

Nas campanhas pelo voto direto – 1989:


Mais um dos movimentos estudantis, levando jovens a participar das
eleições após a ditadura militar. Com a Constituição de 1988, o povo passou a ter
participação nas eleições. A primeira eleição ocorreu em 1989 elegendo Fernando
Collor no segundo turno.

Na questão do Fora Collor – 1992:


Em 1992, após denúncias de corrupção, foram iniciadas várias manifestações
pelo Brasil, contra presidente Fernando Collor de Mello. Os manifestantes ficaram
conhecidos como caras pintadas, pelo fato de estarem vestidos de preto e o rosto
pintado de verde e amarelo.
 

4 MOVIMENTO NACIONAL DOS PROFESSORES


Instituições federais de ensino, ao menos 92 delas, participaram da greve
nacional dos professores. As principais reivindicações eram mudança de carreira
e salário. A greve durou em torno de quatro meses, com a presença de alunos e
professores.  

36
TÓPICO 3 | A IMPORTÂNCIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS BRASILEIROS

FIGURA 10 - DEMOCRACIA OU UM GOVERNO DITADOR

FONTE: Disponível em: <http://www.educacao.cc/cidada/a-historia-dos-


movimentos-sociais-no-brasil/>. Acesso em: 29 jan. 2016.

Esse movimento acontece até os dias de hoje, as reivindicações são pela


melhoria nos espaços de trabalho por segurança nas escolas, por melhores salários,
pois o descaso dos governantes é constante.

5 MOVIMENTO PASSE LIVRE – 2013

Este ano foi marcado por diversas manifestações, a principal mobilização


ocorreu em São Paulo, como Movimento Passe Livre, que reivindicavam a tarifa
de ônibus cobrada a R$ 3,20 assim como reivindicavam melhorias no transporte
coletivo.

Foram décadas de grandes revoltas dos movimentos sociais pela luta de


democracia. Pois se percebe que nascem as grandes mobilizações, através das
angústias por falta de condições humanas, digo, condições básicas de sobrevivência.

O Movimento Nacional de Direitos Humanos atua em organização na


defesa de diferentes partes da categoria de trabalhadores brasileiros. Os direitos
humanos seguem as quimeras de uma ideologia que se compõe em importantes
períodos históricos da sociedade e defendendo as demandas econômicas, sociais,
políticas e culturais.

Gohn (2003) descreve a globalização econômica dos movimentos sociais


no Brasil citando o marco mais importante que foi o FSM (Fórum Social Mundial).
Trata-se de um evento organizado em atos de ações coletivas do movimento
antiglobalização; o FSM criou em 2002 um conselho internacional, e o comitê
brasileiro composto por oito entidades.

37
UNIDADE 1 | MOVIMENTOS SOCIAIS E SUA HISTÓRIA

DICAS

Para você se aprofundar nos estudos assista ao Filme “Lula, o Filho do Brasil”.
E veja como se organizavam as classes trabalhadoras na luta de melhorias na
qualidade de vida.
FONTE: Disponível em: <http://www.adorocinema.com/filmes/
filme-183532/>. Acesso em: 4 jan. 2016.

38
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico pôde-se observar uma discussão acerca dos movimentos
sociais no Brasil, em que foram abordados os seguintes itens:

• Década de 1970 e 1980 – movimentos sociais no Brasil caracterizados pela luta


contra os governos autoritários.

• Anos 90 – Brasil Neoliberalista, início da luta contra o desrespeito do governo


com os trabalhadores.

• População frustrada e descontente com as condições em que viviam políticos


indiferentes com a situação do país. Surgindo assim os principais movimentos
que marcaram a história do Brasil.

• Proclamação da República: a monarquia sofria com a crise em seu governo,


porque não apresentava mais progresso. Era necessária a mudança para um
governo que progredisse, e demonstrasse avanço do que se diz respeito à
política, economia e sociedade.

• Canudos – má distribuição de terra, problema enfrentado até os dias de hoje.


Motivo que também resultou em rebeliões.

• Ocorridas em locais diferentes, a Revolta de Canudos (Bahia), a Guerra do


Contestado (fronteira entre Paraná e Santa Catarina), protestavam contra os
mesmos problemas, a exploração de mão de obra e a dificuldade de acesso a
propriedades rurais.

• Revolta da Armada: a revolta armada foi um dos movimentos realizados para


demonstrar a insatisfações com a república, recém-proclamada, tal movimento
foi organizado por setores da marinha.

• Revolta da vacina: ocorrida na cidade do Rio de Janeiro durante o governo do


prefeito Pereira Passos, essa revolta foi ocasionada pela imposição do poder
público em relação à obrigatoriedade da vacina contra varíola.

• Tenentismo: o movimento tenentismo foi formado por militares de patentes


baixas, que eram contra o voto do cabresto e a favor do direito ao voto da mulher.

• Movimentos Sociais no período da Ditadura: João Goulart é deposto e a ditadura


militar é iniciada, e é contra a suposta ameaça comunista.

• Passeata dos Cem Mil: no dia 26 de junho, ocorreu a Passeata dos Cem Mil,
quando mais de cem mil pessoas se reuniram para protestar nas ruas do Rio de
Janeiro, cobrando medidas do governo referente aos problemas estudantis.
39
• Diretas já: as Diretas Já deram início ao movimento que levou Tancredo Neves
à presidência. Eleição feita indiretamente e apoiada pela UNE (União dos
Estudantes do Brasil).

• Campanhas pelo voto direto: mais um dos movimentos estudantis, levando


jovens a participar das eleições após a ditadura militar. Com a Constituição de
1988, o povo passou a ter participação nas eleições.

• Fora Collor: Em 1992, após denúncias de corrupção foram iniciadas várias


manifestações pelo Brasil, contra o atual presidente Fernando Collor, os
manifestantes ficaram conhecidos como caras pintadas.

• Movimento Nacional dos professores: instituições federais de ensino, ao


menos 92 delas, participaram da greve nacional dos professores. As principais
reivindicações eram mudança de carreira e salário.

• Movimento passe livre: este ano foi marcado por diversas manifestações, a
principal mobilização ocorreu em São Paulo, como Movimento Passe Livre, que
reivindicavam a tarifa de ônibus cobrada a R$ 3,20 assim como reivindicavam
melhorias no transporte coletivo.

40
AUTOATIVIDADE

1 Os movimentos sociais na década de 90 iniciaram contra o desrespeito do


governo com os trabalhadores. Não havia diálogo com o governo, estava ao
lado da elite brasileira e almejava o capitalismo, sem levar em conta o povo
que vivia na opressão e na discriminação. Assinale a alternativa que define o
Brasil na época?
( ) Ativista.
( ) Desenvolvimentista.
( ) Neoliberalista.
( ) Sociativista.

2 A população descontente com as condições em que viviam, e os políticos


ignoravam a situação em que se encontrava o país.  Cite os principais
movimentos no Brasil que marcaram a história?

3 Complete a frase conforme seus estudos deste tópico: O ___________________


de ________________ atua em organização na defesa de diferentes partes da
categoria de _______________. Agora assinale sequência das palavras:
( ) movimentos sociais, direitos humanos, trabalhadores brasileiros;
( ) movimentos sociais, trabalhadores brasileiros, direitos humanos;
( ) trabalhadores brasileiros, direitos humanos, movimentos sociais;
( ) direitos humanos, trabalhadores brasileiros, movimentos sociais.

41
42
UNIDADE 1
TÓPICO 4

A DEMOCRACIA PARTICIPATIVA
E O SERVIÇO SOCIAL

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Neste tópico, refletiremos sobre a democracia social sobre
a participação nos movimentos sociais. Teremos um breve histórico do serviço
social e os direitos humanos e o serviço social.

2 A DEMOCRACIA PARTICIPATIVA A PARTIR DOS


MOVIMENTOS SOCIAIS

A partir do momento em que os grupos se organizam e criam os movimentos


sociais, passam a defender os direitos democráticos, principalmente a defesa de
direitos nas esferas públicas porque este é um espaço que é de todos os cidadãos:
mulheres, negros, trabalhadores, entre outros. Com isso passam a participar
politicamente de forma autônoma, podendo então discutir os problemas e suas
necessidades. Eles traçaram o caminho para tal reivindicação, isso é movimento
social.

Demo (2009, p. 18), em sua obra, trabalha com o conceito de que a


participação é conquista, portanto:

Dizemos que participação é conquista para significar que é um processo


no sentido legítimo do termo: infindável, em constante vir a ser, sempre
se fazendo. Assim, participação é em essência autopromoção e existe
enquanto conquista processual. Não existe participação suficiente, nem
acabada. Participação que se imagina completa, nisto mesmo começa a
regredir.

O sentido de participação é a garantia dos direitos, como pudemos observar


nos tópicos anteriores. Se não houvesse organização e participação popular nos
movimentos sociais, os direitos não tinham sido concretizados constitucionalmente
na forma de leis. Também não teria a liberdade de expressão e de democracia e não
teriam estabelecido o país na época da ditadura.

A evidência dos movimentos sociais na contemporaneidade demonstra


que pela primeira vez na história do Brasil, as classes exploradas e desprivilegiadas
buscam força para lutar. As classes dominadoras os tratavam como se tivessem
fazendo um favor, agora a classe desprovida de recursos se manifesta na

43
UNIDADE 1 | MOVIMENTOS SOCIAIS E SUA HISTÓRIA

participação democrática popular e expressa publicamente suas demandas no


âmbito público.

A população participativa mais que define os seus problemas, exige o


mínimo de reconhecimento, reivindica melhorias em suas condições de vida.
E através dos movimentos sociais estão marcados na história, a sua atuação na
política brasileira, com um passo na democracia participativa de direitos, essa
como alternativa para o desenvolvimento social, econômico e político do país.

3 BREVE HISTÓRICO DO SERVIÇO SOCIAL

No século XIX e no início do século XX, na Europa acontece o agravamento


intenso das questões sociais, pelo aumento gradativo da miséria em que se
encontrava a população e com isso os trabalhadores estavam sendo explorados
pela classe dominante.

Com essa exploração, cria-se a prática da assistência, essa sobre a visão da


solidariedade social para com os pobres, viajantes, pessoas em situação precária
e doentes, os quais eram alvos de ações que tomaram formas de atendimentos
variados nas diferentes classes na sociedade, estavam sempre motivados pela
compreensão e caridade para com os necessitados.

De outro lado havia a expansão do sistema capitalista que atingia o mundo,


a tal crise mundial, e notoriamente estava visível a intensificação das desigualdades
sociais. Com isso leva-se um enorme número populacional a viver em péssimas
condições.

Com a intensão de conter o avanço dos protestos dos operários, busca-se o


apoio da igreja e da burguesia com o objetivo de promover ações filantrópicas que
visavam dar respostas a questões sociais, sobrevindas da ordem social. A partir
dessa aliança entre Estado, igreja e burguesia averiguou-se a institucionalização
do Serviço Social.

Na década de 30, marcada por conflitos de classes operárias e urbanas,


surge no Brasil o serviço social em meio às lutas sociais contra a exploração dos
trabalhadores e em defesa dos direitos de cidadania.

O serviço social configurava uma prática de caridade e assistência.


Pautava-se somente no imediato, inspirava-se na doutrina católica e na tradição
do positivismo. Segundo Iamamoto explica que:

Na década de 40, aumenta a demanda da população por bens e serviços


assistenciais (educação, saúde, assistência etc.), provocando uma
atuação do Estado no sentido de criar instituições públicas com esta
finalidade. Algumas instituições privadas também atenderam esta
demanda. Ambos os setores, portanto, geraram demandas de trabalho
para o assistente social na implementação de políticas sociais (2004, p.
62).
44
TÓPICO 4 | A DEMOCRACIA PARTICIPATIVA E O SERVIÇO SOCIAL

Sendo que com o término da guerra mundial nas décadas de 1940 e


1950, as questões sociais e o serviço social passam por transformações, onde a
classe dominante se alia ao Estado e consolida-se a profissão. Rompe-se com o
tradicional e se constitui uma nova postura, integra a população pobre em projetos
de desenvolvimento.

Na década de 1970, um grupo de profissionais começa a pensar em uma


prática instrumental técnica e busca alcançar eficácia de suas ações perante a
comunidade.

De acordo com Netto (2010), o período é caracterizado pela Renovação


do Serviço Social, que teve sua consolidação através do encontro de Araxá, que
ocorreu em 1967, cujo nome mais conhecido é I Seminário de Teorização do Serviço
Social. Foram feitos sete encontros para demonstrar os assuntos abordados.

Na década de 80, a profissão aponta a “Perspectiva de Intenção de Ruptura”,


sob a influência crítica da vertente marxista através do pensamento dialético.

DICAS

“A construção dessa nova proposta supõe todo um processo de discussão e


revisão crítica, em nível teórico – metodológico, no sentido de fomentar uma ação articulada
com as lutas dos segmentos populares, tendo como perspectiva a transformação social”.
FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAABTOsAJ/movimento-
reconceituacao>. Acesso em: 10 fev. 2016.

É a partir da dialética que se oportunizou refletir sobre as contradições da


realidade vivenciada pela população que está em busca de transformações, o que
permitiu analisar a prática de trabalhar com as diferenças.

Assim, cabe refletir que:

A dialética fornece as bases para uma interpretação dinâmica e


totalizante da realidade, já que estabelece que os fatos sociais não
podem ser entendidos quando considerados isoladamente, abstraídos
de suas influências políticas, econômicas, culturais. O materialismo
dialético pode, pois, ser entendido como um método de interpretação
da realidade [...] (GIL, 1999, p. 31).

Ao se inspirar no pensamento marxista, o profissional apresenta um


trabalho coletivo e especializado na teoria ideológica, em busca de direitos e na
defesa de direitos até que entra em vigor a Lei nº 8662/93, o Código de Ética da
profissão.
45
UNIDADE 1 | MOVIMENTOS SOCIAIS E SUA HISTÓRIA


FIGURA 11: O SERVIÇO SOCIAL JUNTO AOS MOVIMENTOS SOCIAIS

FONTE: Disponível em: <http://www.cfess.org.br/visualizar/noticia/cod/1050>. Acesso em: 31 jan.


2016.

Com o Código de Ética/93, apresentam-se onze princípios do projeto político


do Serviço Social, responsáveis por direcionar o saber e o fazer da profissão.

Assim apresentavam as mudanças políticas e colocava-se igualdade na


justiça social, na universalização de direitos de acesso aos bens e serviços públicos,
e aos programas e políticas sociais.

Enfatiza-se a defesa do aumento e a concretização da cidadania para a


garantia dos direitos sociais, civis, políticos, econômicos e culturais das classes
trabalhadoras, apresentando um aspecto democrático de direitos humanos.
Caracteriza-se como um conjunto de expressões das desigualdades sociais,
resultantes de desemprego, pobreza, exploração do trabalho, entre outros que se
expressam pelas questões sociais segundo Iamamoto (2014, p. 27);

Questão social apreendida como o conjunto das expressões das


desigualdades da sociedade capitalista madura, que tem uma raiz
comum: a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-
se mais amplamente social, enquanto apropriação dos seus frutos
mantém-se privada, monopolizada por uma parte da sociedade.

Através de movimentos organizados da sociedade que o serviço social


reflete sobre as questões sociais e as políticas públicas necessárias, que são de
direito de todo o cidadão. O povo necessita e quer igualdade de direitos, e espera
uma política séria e democrática.
46
TÓPICO 4 | A DEMOCRACIA PARTICIPATIVA E O SERVIÇO SOCIAL

4 DIREITOS HUMANOS E O SERVIÇO SOCIAL


O serviço social no país, desde a sua constituição, está caracterizado como
a profissão histórica. Em decorrência de mudanças no campo político econômico,
social e cultural, passa por processos de estruturação e adaptação.

Ressalta-se que essas alterações impediram a consolidação dos direitos


humanos e cidadania perante a sociedade civil. Hoje se vivencia uma política
neoliberal, decorrente das lutas sociais e da participação popular. Na análise de
Silva (1994, p. 56), é por aí que se pode entender que insistentemente reiteram um
mosaico de crises.
Uma crise de ordem social estabelece parâmetros que formataram
cenários em que a miséria, o desemprego, a fome e o aumento
dos índices de violência se expressam nas formas de exclusão cuja
visibilidade se faz, de forma mais acentuada, via apartheid social no
espaço das cidades.

Com a crise, a população foi se organizando para sanar as dificuldades


existentes nas camadas populacionais desprovidas do mínimo necessário para
sobreviver. Muitos dos projetos sociais foram apresentados pelo envolvimento
direto com as lutas sociais. Na década de 1990, os direitos humanos no Brasil
ganharam maior visibilidade nos disparates da implementação da política
neoliberal.

Com tantas lutas e rupturas nos espaços profissionais, e de luta por


democracia pelo mínimo de direitos, começa-se a enfrentar desafios no meio
profissional. O serviço social se consolida por projetos de luta pela democracia de
direitos.

47
UNIDADE 1 | MOVIMENTOS SOCIAIS E SUA HISTÓRIA

LEITURA COMPLEMENTAR

MOVIMENTOS SOCIAIS E A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA

Maria da Glória Gohn e Marcondes Gohn

Movimentos sociais: manifestações na atualidade

No Brasil e em vários outros países da América Latina, no final da década


de 70 e parte dos anos 80, ficaram famosos os movimentos sociais populares
articulados por grupos de oposição ao então regime militar, especialmente pelos
movimentos de base cristãos, sob a inspiração da Teologia da Libertação. Ao
final dos anos 80, e ao longo dos anos 90, o cenário sociopolítico se transformou
radicalmente.

Inicialmente teve-se um declínio das manifestações nas ruas, que


conferiam visibilidade aos movimentos populares nas cidades. Alguns analistas
diagnosticaram que eles estavam em crise porque haviam perdido seu alvo e
inimigo principal – o regime militar. Na realidade, as causas da desmobilização são
várias. O fato inegável é que os movimentos sociais dos anos 70/80 contribuíram
decisivamente, via demandas e pressões organizadas, para a conquista de vários
direitos sociais novos, que foram inscritos em leis na nova Constituição Brasileira
de 1988.

A partir de 1990 ocorreu o surgimento de outras formas de organização


popular, mais institucionalizadas – como a constituição de  Fóruns Nacionais
de Luta pela Moradia,  pela Reforma Urbana;  Fórum Nacional de Participação
Popular etc.

Os fóruns estabeleceram a prática de encontros nacionais em larga escala


gerando grandes diagnósticos dos problemas sociais, assim como definindo metas
e objetivos estratégicos para combatê-los. Emergiram várias iniciativas de parceria
entre a sociedade civil organizada e o poder público, impulsionadas por políticas
estatais tais como a experiência do Orçamento Participativo, a política de Renda
Mínima, bolsa/escola etc.

A criação de uma  Central dos Movimentos Populares  foi outro fato


marcante nos anos 90, no plano organizativo; ela estruturou vários movimentos
populares em nível nacional, tais como a luta pela moradia, assim como buscou
fazer uma articulação e criou colaborações entre diferentes tipos de movimentos
sociais, populares e não populares.

Nos anos 90, os conflitos sociais envolvendo lutas diretas deslocaram-


se da cidade para o campo com os movimentos dos sem-terra. Dentre os vários
grupos organizados que surgiram destaca-se o Movimento dos Trabalhadores
Sem Terra (MST),  que ganhou atenção até internacional. “Ética na Política” foi
um movimento do início dos anos 90 com uma importância histórica porque
48
TÓPICO 4 | A DEMOCRACIA PARTICIPATIVA E O SERVIÇO SOCIAL

contribuiu decisivamente para a deposição de um Presidente da República por


atos de corrupção.

À medida que as políticas neoliberais avançaram, foram surgindo outros


movimentos sociais como: contra as reformas estatais, a Ação da Cidadania contra
a Fome, movimentos de desempregados, ações de aposentados ou pensionistas do
sistema previdenciário. As lutas de algumas categorias profissionais emergiram
no contexto de crescimento da economia informal.

Como exemplo, no setor de transportes apareceram os chamados transportes


alternativos (“perueiros”); no sistema de transportes de cargas pesadas nas
estradas, os  “caminhoneiros”. Algumas dessas ações coletivas surgiram como
respostas à crise socioeconômica, atuando mais como grupos de pressão do que
como movimentos sociais estruturados.

Os atos e manifestações pela paz, contra a violência urbana, também


são exemplos desta categoria. Se antes a paz era um contraponto à guerra, hoje
ela é almejada como necessidade a todo cidadão/cidadã, em seu cotidiano,
principalmente nas ruas, enquanto motoristas vítimas de assaltos relâmpagos,
sequestro e mortes.

Grupos de mulheres foram organizados nos anos 90 em função de sua


atuação na política, elas criaram redes de conscientização de seus direitos, e frentes
de lutas contra as discriminações. O movimento dos homossexuais também ganhou
impulso e as ruas, organizando passeatas e atos de protestos. Numa sociedade
marcada pelo machismo isso é também uma novidade histórica.

O mesmo ocorreu com o movimento negro, que deixou de ser quase que
predominantemente movimento de manifestações culturais para ser também
movimento de construção de identidade e luta contra a discriminação racial. Os
jovens também geraram inúmeros movimentos culturais, especialmente na área
da música, enfocando temas de protesto (vide Touraine, 1997, a respeito desses
movimentos na França).

As principais mobilizações foram organizadas pelo MST e ocorreram


nas cidades: passeatas, caminhadas, concentrações, acampamentos em praças
públicas, ocupações de prédios públicos etc. (vide Gohn, 2000). Aos poucos, este
movimento se tornou uma referência para lutas de outras categorias sociais, das
camadas populares às camadas médias, e até alguns empresários - que saíram às
ruas em passeatas com faixas e bonés brancos (uma das marcas emblemáticas do
MST é o boné vermelho).

Deve-se destacar ainda três outros movimentos sociais importantes no Brasil


nos anos 90: dos indígenas, dos funcionários públicos – especialmente das áreas da
educação e da saúde; e dos ecologistas. Os primeiros cresceram em número e em
organização nesta década; eles passaram a lutar pela demarcação de suas terras e
pela venda de seus produtos a preços justos e em mercados competitivos.

49
UNIDADE 1 | MOVIMENTOS SOCIAIS E SUA HISTÓRIA

Os segundos organizaram-se em associações e sindicatos contra as reformas


governamentais que progressivamente retiram direitos sociais, reestruturam as
profissões, e arrocham os salários em nome da necessidade dos ajustes fiscais. Os
terceiros, dos ecologistas, proliferaram após a conferência ECO 92, dando origem
a inúmeras ONGs- Organizações Não Governamentais. Aliás, as ONGs passaram
a ter muito mais importância nos anos 90 do que os próprios movimentos sociais.

Tratam-se de ONGs diferentes das que atuavam nos anos 80 junto com
os movimentos populares. Agora são ONGs inscritas no universo do Terceiro
Setor, voltadas para a execução de políticas de parceria entre o poder público e
a sociedade, atuando em áreas onde a prestação de serviços sociais é carente ou
até mesmo ausente, como na educação e saúde, para clientelas como meninos
e meninas que vivem nas ruas, mulheres com baixa renda, escolas de ensino
fundamental etc.

A atuação do Terceiro Setor tem gerado um universo contraditório de


ações coletivas: de um lado, elas reforçam as políticas sociais compensatórias ao
intermediarem as ações assistência.

No plano da Universidade, ocorreram duas novidades: a primeira foi


o afluxo de um grande número de militantes ou ex-militantes que atuavam na
assessoria aos movimentos sociais populares, aos programas de mestrado e de
doutorado. Isto contribui para a criação de acervos e registros, memórias e análises
dos movimentos sociais, especialmente dos que ocorreram nos anos 80. A segunda
foi a criação de centros de estudos e pesquisas concernentes aos movimentos
sociais e Terceiro Setor.

Trata-se de duas temáticas com enfoques distintos porque os núcleos sobre


os movimentos têm se dedicado mais à pesquisa acadêmica e os núcleos sobre o
terceiro setor adotam a via da pesquisa aplicada. Esses últimos se constituem, na
maioria dos casos, em tipos de laboratórios de experiências sobre a chamada nova
economia social.

Muitos deles estão articulados às faculdades de Administração e de


Economia e aplicam princípios da economia de mercado para criarem ou atenderem
a demandas de cooperativas e núcleos comunitários. A gestão dos novos processos
produtivos – no setor público não estatal – vai se constituindo progressivamente
em um novo campo de pesquisa e de conhecimento.

A CLACSO – Centro Latino Americano de Ciências Sociais realizou em 1999


um importante seminário onde redefiniu sua agenda de pesquisa. Os movimentos
sociais passaram a ser considerados como pesquisas prioritárias de investigação,
por serem reconhecidos como uma das fontes de inovações e de criatividade na
sociedade.

As ações de inúmeros movimentos sociais corroboram as diretrizes da


CLACSO: os movimentos nos anos 90 acrescentaram outra dimensão ao patamar
reivindicatório, a do diagnóstico propositivo, transformando as políticas públicas
50
TÓPICO 4 | A DEMOCRACIA PARTICIPATIVA E O SERVIÇO SOCIAL

num campo privilegiado de atuação e fazendo da cidadania um direito possível


para todos (vide SOUZA SANTOS, 2000).

Movimento pela moradia popular


 
Para que se entenda um pouco a trajetória dos movimentos populares nos
anos 90, é importante registrar que eles não desapareceram, eles alteraram práticas
e suas dinâmicas em função da mudança na conjuntura econômica e política e da
nova correlação de forças. Passaram a atuar mais no plano institucional.

Assim, na luta pela moradia deve-se registrar que ela tem sido a luta que
conta com o maior número de assessores e organizações qualificadas, ou seja, com
um corpo de especialistas e analistas e não apenas voluntários ou militantes.

Respaldado numa trajetória de mais de vinte anos de lutas, iniciada pelos


movimentos das favelas, dos cortiços, dos loteamentos clandestinos populares,
nos anos 70; acrescidas das lutas nas ocupações urbanas, pela construção de
moradias via mutirões; movimentos contra os aumentos nas prestações do antigo
BNH, por parte dos mutuários; lutas dos moradores de conjuntos precários
(PROMORAR, por exemplo); de inquilinos pertencentes às camadas médias nos
anos 80; até as lutas dos moradores que vivem nas ruas nos anos 90; a questão
da moradia popular acumulou o maior acervo de conhecimentos, em termos de
experiências concretas e em termos de conhecimento produzido, dentre todas as
áreas problemas demandadas pela população.

Em 1993, foi criada a União Nacional por Moradia Popular (UNMP), rede de
movimentos organizados a partir de entidades regionais existentes, na época, nos
estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás, Pernambuco, Sergipe e Alagoas;
que conta com o apoio de programas pastorais da Igreja Católica, a assessoria
de ONGs que trabalham sob a perspectiva da Ajuda Mútua e da Autogestão. A
UNMP tem como programa central o projeto auto gestionário de mutirões para
a construção da casa própria e tem participado das principais ações de luta pela
moradia popular, nos anos 90, tais como: as “Caravanas para Brasília”, O Estatuto
da Cidade, a reivindicação da criação de um Fundo Nacional de Moradia Popular
e do Conselho Nacional de Moradia Popular.

Para atingir estes objetivos a UNMP participou em 1991 da coleta de um


milhão de assinaturas para a criação de uma Lei de iniciativa popular, prevista na
Constituição, e se articulou com a Central dos Movimentos Populares.

Para o Estado de São Paulo, em 1999, a estratégia foi diferente: ocupação de


prédios públicos como Tribunal Regional do Trabalho – buscando dar visibilidade
às reivindicações do movimento, e protesto contra a paralisação dos mutirões feitos
por Covas. De uma forma geral, a posição estratégica da UNMP durante todo o
período tem sido a necessidade de interlocução com o poder público apresentando
projetos para a política habitacional federal.
 

51
UNIDADE 1 | MOVIMENTOS SOCIAIS E SUA HISTÓRIA

Fórum da Reforma Urbana


 
A maior expressão da organização pela moradia nos anos 90 é o Fórum
Nacional de Reforma Urbana – FNRU. Ele se fortaleceu após a Constituição de 1988
dado que aquela Carta contém um capítulo sobre a reforma urbana. A II Conferência
Internacional sobre Assentamentos Humanos (Habitat II), realizada em 1996, em
Estocolmo, projetou as atividades do Fórum para além das fronteiras nacionais
e deu respaldo à luta pela moradia à medida que a aprovou como um direito
humano e ser obrigação dos governos implementar este direito progressivamente.

O FNRU colocou as lutas pela moradia em um novo patamar. As bandeiras


localizadas e as reivindicações parciais foram substituídas “por um ideário onde
o que se pede é o direito à cidade como um todo; inclui-se não só os direitos
especificamente urbanos que visam acabar com a injustiça social no espaço das
cidades, mas também o direito de participação na gestão da coisa pública”. (SILVA,
1991).

Dentre os inúmeros instrumentos jurídicos elaborados nos anos 90 pelos


movimentos e ONGs articulados ao FNRU para garantir a moradia à população
destacam-se Estatuto da Cidade, o Fundo Nacional de Moradia Popular e o
Conselho Nacional de Moradia Popular.

O Estatuto da Cidade foi elaborado em 1990 e aprovado pela Câmara


Federal em dezembro de 1999. Vale a pena destacarmos alguns trechos do
documento aprovado, nos itens que aludem à questão da gestão urbana, pois eles
remetem aos temas da participação e dos conselhos.

Logo no seu início, nas diretrizes gerais, preconiza-se: “gestão democrática por


meio da participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da
comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos
de desenvolvimento urbano” (inciso II do capítulo I). Já o capítulo II, que trata dos
instrumentos da gestão urbana, menciona:  “Os instrumentos previstos neste artigo
que demandam dispêndio de recursos por parte do Poder Público municipal devem ser
objeto de controle social, garantida a participação de comunidades, movimentos e entidades
da sociedade civil”  (cap. II, § 3º). O capítulo é todo dedicado às formas de gestão
democrática da cidade.

No início de dezembro de 1999 realizou-se em Brasília, no espaço do


Parlamento Nacional, a 1ª Conferência Nacional das Cidades que elaborou um
documento denominado “Carta das Cidades”. Neste documento podemos
observar que as formas colegiadas e participativas da população são reivindicadas
como plataformas de uma ampla gama de movimentos e organizações de lutas
sobre as questões urbanas. Destacamos naquela Carta o Tópico X, que diz:

A democratização do planejamento e da gestão das cidades, com


ênfase nos mecanismos que garantam o interesse público, o acesso à
informação e o controle social sobre os processos decisórios das políticas
e dos recursos públicos, nos vários níveis, assegurando a participação

52
TÓPICO 4 | A DEMOCRACIA PARTICIPATIVA E O SERVIÇO SOCIAL

popular em geral, mediante a realização de orçamentos participativos,


entre outros instrumentos e, em âmbito nacional, a criação do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Urbano, com efetiva participação da
sociedade.

Além das lutas do Fórum Nacional de Reforma Urbana, das conquistas


jurídicas/legislativas expressas na Carta da Cidade e das conferências nacionais
e internacionais, cumpre registrar também a maior experiência de gestão urbana
com participação popular ocorrida no Brasil, na última década: os programas e as
políticas de Orçamento Participativo, em várias cidades brasileiras, destacando-se
a de Porto Alegre pela sua extensão. Naquela cidade, os Conselhos Municipais com
participação popular, atuando por setor da administração, existem desde 1970.

Entretanto, nos anos 90, a continuidade das diretrizes programáticas na


gestão da cidade possibilitou o avanço da proposta do Orçamento Participativo,
tornando-se o mesmo o “modelo” para o resto do país (a respeito da importância
do fortalecimento dos movimentos sociais vide Tarrow, 1994). 
 
Movimentos contra a globalização 

Na América Latina, entre 1987 e 1998, o número de indigentes saltou de 63,7


milhões para 78,2 milhões. Em contrapartida, houve um crescimento da riqueza
concentrada nas mãos de poucos. O aumento da pobreza não é um dado estatístico
de ordem meramente econômica. Ele é um dado político, e como tal, tem gerado
duas reações: protestos e ações inovadoras.

Os protestos têm se voltado contra a globalização e as políticas neoliberais de


forma inusitada: nas grandes conferências dos grupos e elites econômicas. Seattle,
nos Estados Unidos, em 1999, durante a Conferência Ministerial da Organização
Mundial do Comércio foi o início dessa nova forma de protesto onde o FMI e o
BIRD eram os grandes vilões.

Seguiram-se em Davos/Suíça, durante o Encontro Anual do Fórum


Econômico Mundial; em Washington na reunião da primavera de 1999 do FMI/
BIRD; em Bancoc, durante a reunião da Unctad; no Japão, Melbourne/Austrália
e Praga, em setembro de 2OOO, quando os protestos ganharam uma sigla: Ipeng
– Iniciativas contra a Globalização Econômica. Acrescente-se a estes o protesto
liderado por José Bové, na França, contra a rede McDonald’s.

No Brasil, a versão desses protestos foi O Plebiscito sobre a dívida externa,


realizado no início de setembro de 2000 e o Fórum Social Mundial, ocorrido em
2001, em Porto Alegre. Uma primeira vitória foi obtida em setembro de 2000,
quando foi anunciado um esquema para o perdão da dívida de 20 países pobres,
denominados em 1999 como HIPCs – Países Pobres Altamente Endividados.

As ONGs que lideravam os protestos afirmaram que os países pobres


gastam US$ 60 milhões por dia para o pagamento da dívida, em vez de investir em
saúde e educação.
53
UNIDADE 1 | MOVIMENTOS SOCIAIS E SUA HISTÓRIA

A reunião das cúpulas econômicas em Praga, no início de outubro de 2000,


gerou as maiores mobilizações deste gênero já ocorridas e os organizadores do
evento tiveram que antecipar o encerramento dos trabalhos. As reações na mídia
às manifestações em Praga foram de: espanto; comentários sobre a necessidade
de ações mais decisivas no combate à pobreza e à desigualdade; passando pela
desqualificação dos manifestantes como setores improdutivos das economias
ricas, fornecido por um bando de punks, ecologistas de carteirinha nos processos
internacionais, estudantes etc.

Entretanto, a mídia também registrou: mobilizou-se 11 mil policiais para


proteger a reunião dos burocratas. Este gesto, por si, dá indicações de que há algo
errado com esses organismos internacionais que dão as políticas de globalização.
Um dos slogans do protesto dizia:  “Pessoas, não lucros”. Ou seja, o que se estava
questionando e tentando colocar na agenda dos burocratas é a  “cultura do
lucro” existente, que deve ser substituída pela cultura do ser humano pleno, com
direito à vida, sociedade com ética e respeito aos direitos humanos fundamentais.

Para Faro (2000) na cultura do lucro o que se observa é:


1) as pessoas são induzidas a agir apenas em função do ganho monetário, ainda
que isso não faça sentido para a vida humana;
2) o valor de tudo é transformado em preço e depois em moeda;
3) as únicas coisas que afetam os arquitetos da cultura do lucro são as oscilações
dos mercados, bolsas, câmbio, os índices de inflação, as taxas de juros etc.;
4) a cultura do lucro busca sempre a quantificação e ela tende a destruir o que
não pode ser controlado e suprimir tudo o que não gera lucro. “Até o lazer e a
produção e o consumo de símbolos, palavras, sons e imagens passam a ter por
objetivo reforçar o sistema de geração de lucros. O resultado é que toda beleza
de coisas, pessoas e lugares se esvazia de sentido, virando alguma espécie de
‘beleza americana’”.

Ainda segundo Faro, os manifestantes de Praga querem uma cultura das


pessoas e identidades. O paradigma é outro,

o lucro só é bom quando conduz à obtenção do que não tem preço,


isto é, a um conjunto de ‘bens’ não econômicos que ligue as pessoas,
dispensando o uso de coação direta ou ameaça. E o que esses bens são
varia de sociedade para sociedade, e pode variar ao longo da biografia
dos indivíduos. Assim, uma roda de samba, uma licença poética, o
ambiente de um templo, uma paisagem, um sorriso, uma peregrinação,
o respeito a gerações passadas ou futuras podem não ter preço.

O que os manifestantes pedem: que a cada indivíduo da comunidade


humana seja garantida a  liberdade para escolher  o que dá sentido à vida. Essa
liberdade para escolher o que, para cada um não tem preço. O que os manifestantes
querem, portanto, é que se imponham, por meio dessas escolhas, limites não
econômicos à economia de mercado”.

54
TÓPICO 4 | A DEMOCRACIA PARTICIPATIVA E O SERVIÇO SOCIAL

Mas o que pedem os manifestantes só é possível por meio de políticas


diferentes das atuais. O que eles querem é algo mais que direito de escolha. É o
próprio direito de pensar, é a autonomia da decisão de escolha. Kant: “Não tenho
necessidade de pensar, quando posso simplesmente pagar”. Faro adverte que
pensar, refletir sobre o que dá sentido à existência são exercícios sem preço:
A globalização econômica é uma política tolerante dos desvarios
do capital financeiro no mundo e se tornou um meio pretenso
para a propagação selvagem da cultura do lucro, em detrimento à
liberdade de escolha, pelos indivíduos e comunidades, do que para
eles não tem preço. Não há na política econômica administrada pelo
FMI. Mecanismos institucionais de negociação plural. A lógica é
exclusivamente economicista.

Portanto, o discurso dos manifestantes de Praga, Seattle etc. tem sentido e


substância.

Movimentos e conselhos municipais na área da educação

O último item deste trabalho é uma análise dos conselhos da educação dada
a importância que essa área passou a ter na atualidade, no discurso e nas políticas
governamentais, conferindo-se às escolas atributos que ultrapassam sua dimensão
de ensino/aprendizagem para se transformarem em espaços de socialização e de
prestação de serviços públicos municipais; assim como o papel que a educação
passou a ter no novo paradigma do mundo do trabalho.

Desde 1995, o governo federal tem elaborado programas e diretrizes


nacionais que têm provocado transformações profundas, do ponto de vista
organizacional, nos diferentes níveis da educação brasileira. As diversas reformas
educacionais gestadas em nível federal fornecem as bases para a implementação
das políticas estaduais.

A rede de ensino pública dos níveis fundamental e médio, nos estados


brasileiros, em sua maioria é de responsabilidade estadual e municipal, havendo,
excepcionalmente, a oferta pela União Federal (alguns cursos técnicos vinculados
às universidades federais públicas). Usualmente a rede de atendimento à Educação
Infantil (de 0-6 anos de idade) é de responsabilidade do Município.

Na educação o princípio da democracia participativa tem orientado, nos


anos 90, a criação de uma série de estruturas participativas onde se destacam
diferentes tipos de conselhos (nacionais, estaduais e municipais). Esses órgãos
têm ganhado, crescentemente, grande importância porque a transferência e o
recebimento dos recursos financeiros, pelos municípios, estão vinculados, por
lei federal, à existência destes conselhos. A lei preconiza três conselhos de gestão
no nível do poder municipal, todos com caráter consultivo, ligados ao poder
executivo, a saber: o Conselho Municipal de Educação, o Conselho de Alimentação
Escolar e o Conselho de Acompanhamento e Controle Social (CACS), do Fundo
de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do
Magistério (Fundef). Temos ainda os Conselhos de Escola, de Classe e de Série, no
interior das unidades escolares, mas eles são de outra natureza.
55
UNIDADE 1 | MOVIMENTOS SOCIAIS E SUA HISTÓRIA

Os Conselhos Municipais são regulamentados por leis estaduais e federais,


mas eles devem ser criados por lei municipal, sendo definidos como “órgão
normativo, consultivo e deliberativo do sistema municipal de ensino”, criados e
instalados por iniciativa do Poder Executivo Municipal. Eles são compostos por
representantes do Poder Executivo e por representantes dos vários segmentos da
sociedade civil local destacando-se: entidades e organizações não-governamentais
prestadoras de serviços ou de defesa de direitos, organizações comunitárias,
sindicatos, associações de usuários, instituições de pesquisa etc. Parte dos membros
dos conselhos é eleita por seus pares e parte é escolhida pelos representantes da
administração pública.

Todos eles devem ser nomeados pelo prefeito municipal. Este fato confere
força e legitimidade ao conselho, mas é também um ponto de fragilidade, dados
os riscos que esta nomeação envolve. Por isso, a comunidade educativa que tem se
reunido para debater a questão dos conselhos de representantes da sociedade civil
junto ao poder público, a exemplo da iniciativa do Instituto de Estudos Avançados
da Universidade de São Paulo, enfatiza a necessidade de qualquer tipo de conselho
ser eleito por vários setores da sociedade civil e política.

O Conselho Municipal compõe, em conjunto com os outros dois conselhos,


a rede das escolas propriamente dita, e a Secretaria Municipal da Educação (órgão
executivo), o Sistema Municipal de Ensino. Segundo a legislação, o município deve
também elaborar um Plano Municipal de Ensino que estabeleça metas objetivando
obter, progressivamente, a autonomia das escolas, à medida que elas forem capazes
de elaborar e executar seu projeto pedagógico, garantindo a gestão democrática do
ensino público.

Na tradição brasileira a tendência dominante na área da educação é


restringir o universo de atores a serem envolvidos no processo educacional a
um só segmento da comunidade educativa: o da comunidade escolar, composta
pelos dirigentes, professores, alunos e funcionários das escolas. Quando se fala
em abertura das escolas para a comunidade, os pais são os atores por excelência a
serem lembrados.

Em raros casos lembram-se de outras instituições, organizações ou


associações, do próprio bairro ou da comunidade, que fazem articulações com a
escola, como os sindicatos e as associações de docentes, e outros mais. Parte desses
atores também desconhecem os espaços públicos de participação da sociedade
civil nas novas políticas destinadas às áreas sociais dando-se espaço para que as
próprias autoridades não cumpram as leis.

Um exemplo é o Conselho de Alimentação Escolar (CAE), encarregado


de fiscalizar as despesas com a merenda escolar e a qualidade dos alimentos. Ele
é composto por um representante do Poder Executivo, indicado pelo prefeito; um
do Poder Legislativo, apontado pela mesa diretora da Câmara dos Vereadores;
dois representantes dos professores, indicados pelo sindicato da categoria; dois
representantes de pais de alunos, escolhidos pelas Associações de Pais; e um
representante da sociedade local.
56
TÓPICO 4 | A DEMOCRACIA PARTICIPATIVA E O SERVIÇO SOCIAL

O que se destaca na criação do CAE é a forma como foi feita e o descaso


dos representantes do poder público no encaminhamento da questão. O governo
federal, por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE),
promulgou medida provisória dando o prazo até 02/09/00 para que todos os
municípios brasileiros criassem o CAE.

O Jornal Nacional, da Rede Globo, noticiou em 29/08/00 que, até aquela


data, dos 5.500 municípios brasileiros, 3.700 não haviam cumprido o prazo e
estavam ameaçados de não receberem os recursos e, na maioria dos 1.800 casos
onde existiam, eles foram criados antes da medida provisória. Com a pressão
governamental, divulgando por meio da mídia, ameaças de suspensão do envio de
verbas para a merenda escolar, houve uma corrida para a formação dos conselhos,
caracterizando um processo de participação outorgada e não fruto de um processo
de cidadania ativa.

Um exame sobre as propostas e programas dos sindicatos e entidades dos


professores a respeito das reformas educacionais em vigência na escola pública
indica-nos que eles têm conhecimento dos graves problemas que afligem o cotidiano
nas escolas, e eles têm, ao menos no nível discursivo, propostas de soluções.

Mas eles não são ouvidos pelos planejadores e não há canal de interlocução.
Na maioria das vezes são considerados,  a priori,  “do contra”; exceto quando se
trate de entidades “pelegas”, herdeiras do clássico clientelismo, ou super pós-
modernas, composta de líderes individualistas, sem trajetória de experiência
associativa anterior, e totalmente “formatados” segundo as palavras de ordem do
vocabulário pseudomoderno. São os novos adesistas.

Registre-se também que os sindicatos, de uma maneira geral, têm alterado


muito lentamente suas práticas. Ações para intervir efetivamente em fóruns que
têm decidido rumos à Educação, são poucas. Estamos referindo-nos, por exemplo,
a iniciativas para participação nos Conselhos Municipais de Educação, um direito
constitucional.

As atribuições dos conselhos têm sido vistas pelos sindicatos como


políticas para desonerar o Estado de sua obrigação com as áreas sociais; iniciativas
para privatizar a educação por meio da transferência de suas responsabilidades
– principalmente de ordem financeira – para a própria comunidade administrar
a ‘miséria’ ou criar/tomar iniciativas para resolver os problemas via parcerias,
doações, trabalho voluntário etc.

Os conselhos municipais na área da educação são ainda inovações


recentes que ainda não foram apropriados pela população como espaços reais
de participação. Os conselhos ligados ao FUNDEB (Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais de
Educação), por exemplo, deveriam fiscalizar a correta aplicação dos recursos desse
fundo e, entretanto, a mídia tem registrado denúncias de desvio dos recursos e das
finalidades desse fundo.

57
UNIDADE 1 | MOVIMENTOS SOCIAIS E SUA HISTÓRIA

Os sindicatos preferem seus próprios canais e entre os grupos e movimentos


sociais mais organizados há dúvidas quanto à eficácia de participar de tais canais
institucionalizados, assim como há dificuldades para assumirem outros papéis,
mais propositivos e não apenas reivindicativos.

As atribuições dos conselhos têm sido vistas por vários sindicatos e


movimentos sociais como parte das políticas que buscam desonerar o Estado de
sua obrigação com as áreas sociais; iniciativas para privatizar a educação por meio
da transferência de suas responsabilidades – principalmente de ordem financeira –
para a própria comunidade administrar a ‘miséria’ ou criar/tomar iniciativas para
resolver os problemas via parcerias, doações, trabalho voluntário etc.

Mas na política não se pode ignorar a necessidade da busca do consenso;


a participação nos conselhos gera uma convivência, estimula à manifestação do
conflito, fruto das diferenças entre os pontos de vistas de distintos grupos, camadas
e classes sociais, e que deve ser visto como algo natural e necessário num contexto
de participação democrática.

As possibilidades de os conselhos atuarem como mecanismos democráticos


de gestão social são vistas com descrédito e desconfiança pelos sindicatos dos
professores da educação básica, e eles têm suas razões: são atores fundamentais
para qualquer processo de reforma educacional, mas, de fato, eles não têm sido
ouvidos ou consultados nas ações cotidianas elaboradas pela maioria dos poderes
públicos que têm conduzido as reformas estaduais ou federal.

Entretanto, ocupar espaços nos conselhos pode ser uma maneira de estar
presente em arenas onde se decidem os destinos de verbas e prioridades na gestão
de bens públicos; é uma forma de ser ouvido e continuar lutando para transformar
o Estado pela via da democratização das políticas públicas. Eles, conselhos, devem
ser espaços e mecanismos operativos a favor da democracia e de exercício da
cidadania, em todo e qualquer contexto sociopolítico.

Eles podem se transformar em aliados potenciais, estratégicos, na


democratização da gestão das políticas sociais.

Conclusões
Claude Lefort nos adverte:
É um grave erro supor que não existem alternativas políticas. Acho
que a nossa época é de desafios. A maioria deles é encontrar meios de
adaptação às mudanças tecnológicas, com suas consequências sobre a
mão-de-obra, a mobilidade extrema no trabalho. Essa adaptação deveria
ser compatível com as exigências de integração de grandes camadas da
população; isso se faz criando laços sociais e reforçando as medidas de
proteção social. (1999, Caderno 2, Cultura, Estado de São Paulo, p. D5).

58
TÓPICO 4 | A DEMOCRACIA PARTICIPATIVA E O SERVIÇO SOCIAL

No Brasil, ao contrário do que preconiza Lefort, as medidas de proteção


social estão sendo flexibilizadas ou desregulamentadas; os laços sociais estão
enfraquecidos pela competição e todas as modalidades de violência.

Uma sociedade civil participativa, autônoma, com seus direitos de


cidadania conquistados, respeitados, e exercidos em várias dimensões, exige
também vontade política dos governantes, principalmente daqueles que foram
eleitos como representantes do povo, pois se trata de uma tarefa que não é apenas
dos cidadãos isolados. Há que se desenvolver uma nova cultura política a respeito
(vide FREIRE, 1995).

As dificuldades de representatividade presentes nos diversos tipos de


conselhos da área da educação, acrescidas da não transparência das gestões públicas
- dado o fato de não publicizarem as informações, corroboram nossas afirmações.
Na luta pela igualdade, a sociedade deve se organizar politicamente para acabar
com as distorções do mercado (e não apenas corrigir suas iniquidades), lutar para
coibir os desmandos dos políticos e administradores inescrupulosos.

A exigência de uma democracia participativa deve combinar lutas sociais


com lutas institucionais e a área da educação é um grande espaço para essas ações,
via a participação nos conselhos.

Concluindo, consideramos que os conselhos são parte de um novo modo


de gestão dos negócios públicos – que foi reivindicado pelos próprios movimentos
sociais nos anos 80, quando eles lutaram pela democratização dos órgãos e
aparelhos estatais. Eles fazem parte de um novo modelo de desenvolvimento
que está sendo implementado em todo o mundo – da gestão pública estatal via
parcerias com a sociedade civil organizada objetivando a formulação e o controle
de políticas sociais.

Eles representam a possibilidade da institucionalização da participação via


uma de suas formas de expressão - a cogestão; a possibilidade de desenvolvimento
de um espaço público que não se resume e não se confunde com o espaço
governamental/estatal; e, finalmente, a possibilidade da sociedade civil intervir na
gestão pública via parcerias com o Estado. Os conselhos ampliam o espaço público,
sendo ainda agentes de mediação dos conflitos (maiores detalhes a respeito, vide
GOHN, 2001).

Como tal, carregam contradições e contraditoriedades. Podem alavancar


o processo de participação de grupos organizados como podem estagnar o
sentimento de pertencimento de outros - se monopolizados por indivíduos que
não representem de fato as comunidades que os indicaram/elegeram. Eles não
substituem os movimentos de pressão organizada de massas, que ainda são
necessários para que as próprias políticas públicas ganhem agilidade.

59
UNIDADE 1 | MOVIMENTOS SOCIAIS E SUA HISTÓRIA

Referências bibliográficas
 
FREIRE, P. A Constituição de uma nova cultura política. In Villas-Boas, R. e
Telles, V. S. Poder local, participação popular, construção da cidadania. São
Paulo, Instituto Cajamar/Instituto Pólis/FASE e IBASE, 1995.

FARO, M. C. A mensagem de Praga. Jornal Brasil, p. 3, 10 out. 2000.

GOHN, M. G. Educação não formal e cultura política. São Paulo, Cortez, 1999.

_____ Mídia, terceiro setor e MST. Petrópolis, Vozes, 2000.

_____ Conselhos gestores e participação sociopolítica. São Paulo, Cortez, 2001.

LEFORT, C. Caderno 2, Cultura, Estado de São Paulo, 1999, p. D5.

SANTOS, B. S. A crítica da razão indolente. São Paulo, Cortez, 2000.

TARROW, S. The Power of movements. Cambridge, Cambridge Um. Press, 1994.

TOURAINE, A. ¿Podremos vivir juntos? Buenos Aires, Fondo de Cultura


Económica, 1997.

Palestra realizada em 22 de novembro, na Mesa redonda  Movimentos sociais e


educação,  no Seminário Educação 2000, promovido pelo Instituto de Educação
e o Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de
Mato Grosso. Fonte disponível em: <http://www.ufmt.br/revista/arquivo/rev19/
gohn_1.htm>. Acesso em: 1 fev. 2016.

60
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você estudou que:

• Grupos organizados, criadores dos movimentos sociais, passam a defender os


direitos democráticos, em especial os direitos nas esferas públicas, espaço de
todos os cidadãos, mulheres, negros, trabalhadores, entre outros.

• Classes dominadoras tratavam os menos favorecidos como se estivessem fazendo


um favor, a classe desprovida de recursos, manifestava-se na participação
democrática popular.

• Século XIX e início do século XX – Europa sofre com o agravamento das questões
sociais, população sofria com o aumento gradativo da miséria, trabalhadores
explorados pela classe dominadora.

• Década de 30 – período marcado por conflitos entre classes operárias e urbanas,


surgindo o Serviço Social no Brasil, em meio a lutas contra a exploração dos
trabalhadores e defesa dos direitos de cidadania.

• Década de 70 – grupo de profissionais do Serviço Social começa a pensar em


uma prática instrumental técnica e busca alcançar eficácia de suas ações perante
a comunidade.

• Década de 80 – a profissão aponta a “Perspectiva de Intenção de Ruptura”, sob


a influência crítica da vertente Marxista através do pensamento dialético.

• Ao se inspirar no pensamento marxista, o profissional apresenta um trabalho


coletivo e especializado na teoria ideológica, em busca de direitos e na defesa de
direitos até que entra em vigor a Lei 8662/93, o código de Ética da profissão.

• Através de movimentos organizados, o serviço social reflete sobre as questões


sociais e as políticas públicas necessárias, que é de direito de todo o cidadão.
O povo necessita, e quer igualdade de direitos, e espera uma política séria e
democrática.

• Com tantas lutas e rupturas nos espaços profissionais e de luta por democracia
pelo mínimo de direitos começa-se a enfrentar desafios no meio profissional. O
serviço social se consolida por projetos de luta pela democracia de direitos.

61
AUTOATIVIDADE

1 Ao estudar este tópico entramos nos movimentos socioparticipativos e


o escritor Demo, em sua obra, dá a sua contribuição sobre o conceito da
mobilização social democrática. Disserte sobre este assunto.

2 A evidência dos movimentos sociais na contemporaneidade demonstra


que pela primeira vez na história do Brasil, as classes exploradas e
desprivilegiadas buscam força para lutar. Como as classes dominadoras os
tratavam? Descreva.

3 No século XIX e no início do século XX, na Europa acontece o agravamento


intenso das questões sociais, pelo aumento gradativo da miséria que
encontrava a população e com isso os trabalhadores estavam sendo
explorados pela classe dominante. Com essa exploração, cria-se a prática.
Descreva.

4 Na década de 1980, a profissão aponta a “Perspectiva de Intenção de Ruptura”,


sob a influência crítica da vertente marxista, através do pensamento dialético.
É a partir da dialética que se oportunizou refletir sobre as contradições da
realidade vivenciada pela população que em busca de transformações, o que
permitiu analisar a prática de trabalhar com as diferenças. Agora descreva
como Gil (1999) aponta a dialética.

62
UNIDADE 2

AS INTERFACES NA CONSOLIDAÇÃO
DE DIREITOS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

A partir desta unidade você será capaz de:

• apresentar o marco histórico dos movimentos sociais respeitando a


constituição;

• relacionar os movimentos sociais com a evolução legislativa e suas


conquistas.

• conhecer a origem dos conselhos de direitos através dos movimentos


sociais;

• propiciar o conhecimento sobre conselhos de direitos e o controle social;

• identificar como o Serviço Social se insere no trabalho com o controle


social.

PLANO DE ESTUDOS
A Unidade 2 está dividida em quatro tópicos e, ao final de cada um deles,
você poderá fixar seus conhecimentos e completar as atividades propostas.

TÓPICO 1 – A LEGISLAÇÃO E AS POLÍTICAS SOCIAIS NO BRASIL

TÓPICO 2 – A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E O SERVIÇO SOCIAL

TÓPICO 3 – OS CONSELHOS DE DIREITOS NO BRASIL

TÓPICO 4 – SERVIÇO SOCIAL E CONTROLE SOCIAL

63
64
UNIDADE 2
TÓPICO 1

A LEGISLAÇÃO E AS POLÍTICAS
SOCIAIS NO BRASIL

1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico! Como já conhecemos a importância dos movimentos
sociais, agora, vamos estudar a legislação e discutir a história da Constituição
Federal e as políticas sociais no Brasil, e já mencionando a participação do Serviço
Social.

É de fundamental importância compreendermos um pouco mais os


marcos históricos dos movimentos sociais, que são demarcados notoriamente pela
Constituição da República Federativa do Brasil, que foi promulgada em 1988.

Vale salientar que na Constituição Federal de 1988, encontraremos alguns


dos princípios que norteiam o nosso agir pessoal e profissional, tais como a
dignidade da pessoa, solidariedade e igualdade, entre outros, que estudaremos ao
longo deste tópico.

Iremos estudar como se fundamentam os direitos sociais após a guerra e


como o Estado de forma legal promove as políticas públicas entre outros assuntos
relevantes para a nossa formação profissional.

2 OS MARCOS HISTÓRICOS DOS MOVIMENTOS SOCIAIS


RESPEITANDO A CONSTITUIÇÃO

Com a apresentação da Constituição Federal de 1988, que estabelece os


princípios de dignidade da pessoa, solidariedade e igualdade que visam atingir
a justiça social. Os direitos sociais se fundamentam pós-guerra, só assim surge a
ascensão das secretarias de Bem-Estar Social.

Constituição Federal de 1988 registrou a assistência social como uma


política pública no âmbito da seguridade social oferecendo proteção
para a população brasileira através de uma série de medidas públicas
contra as privações econômicas e sociais, mas voltadas à garantia de
direitos e de condições de vida (WEGRZYNOVSKI, 2015, p. 94).

Na Constituição de 1988, no título II (Dos direitos e Garantias Fundamentais),


e no título VIII (Da Ordem social) estabelecem os direitos sociais no seu art. 6º.

65
UNIDADE 2 | AS INTERFACES NA CONSOLIDAÇÃO DE DIREITOS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

2.1 LEGISLAÇÃO

O artigo 6º da Constituição Federal de 1988, que se encontra dentro do


título sobre os direitos e Garantias Fundamentais, trata sobre os direitos sociais
que devem ser respeitados, protegidos e garantidos a todos pelo Estado.

a) Direito à educação: direito de cada pessoa ao desenvolvimento pleno, ao


preparo para o exercício da cidadania e à qualificação para o trabalho.

b) Direito à saúde: direito ao acesso universal e igualitário às ações e aos serviços


para promoção, proteção e recuperação de risco de doença e de outros agravos.

c) Direito ao trabalho: direito a trabalhar, à livre escolha do trabalho, a condições


equitativas e satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego.

d) Direito à moradia: direito a uma habitação permanente que possua condições


dignas para se viver.

e) Direito ao lazer: direito ao repouso e aos lazeres que permitam a promoção


social e o desenvolvimento sadio e harmonioso de cada indivíduo.

f) Direito à segurança: direito ao afastamento de todo e qualquer perigo e garantia


de direitos individuais, sociais e coletivos.

g) Direito à previdência social: direito à segurança no desemprego, na doença,


na invalidez, na viuvez, na velhice ou outros casos de perda de meios de
subsistência por circunstâncias independentemente da sua vontade.

h) Direito à maternidade e à infância: direito da mulher, durante a gestação e


o pós-parto, e de todos os indivíduos, desde o momento de sua concepção e
durante sua infância, à proteção e à prevenção contra a concorrência de ameaça
ou violação de seus direitos.

i) Direito à assistência aos desamparados: direito de qualquer pessoa necessitada


à assistência social, dependentemente da contribuição à seguridade social.

FONTE: Disponível em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/1181861/direitos-sociais-e-


nacionalidade>. Acesso em: 18 mar. 2016.

Ressalta-se que os direitos sociais abrangem outros direitos que não estão
detalhados no artigo 6º da Constituição Federal de 1988, como o direito à moradia
e à segurança alimentar.

66
TÓPICO 1 | A LEGISLAÇÃO E AS POLÍTICAS SOCIAIS NO BRASIL

FIGURA 12 - DIREITOS SOCIAIS

FONTE: Disponível em: <http://direitosocialsaudeparatodos.blogspot.


com/2013_09_01_archive.html>. Acesso em: 18 fev. 2016.

Através do Estado foram criados parâmetros, estabelecidos para a política


social. Tal movimento foi organizado pela população como forma de reivindicar os
segmentos sociais, apresentando como exigência o mínimo necessário.

Prezado acadêmico! Estado promove legalmente as políticas públicas para


garantir o mínimo necessário para as pessoas, como forma de recompensar as
desigualdades sociais.

Compete ao executivo acolher as demandas da sociedade, com essa atuação


reduziria a desigualdade social, mas isso não acontece. Muitas vezes, a população
acaba se acostumando ao assistencialismo. A população encontra-se sem acesso à
moradia, à educação, ao acesso aos bens em geral, para a sobrevivência. O direito
social está implantado em garantias na seguridade social, que compreendem o
direito a previdência e assistência social.

FIGURA 13 - POLÍTICAS SOCIAIS

FONTE: Disponível em: <http://editoraboreal.com.br/livro/direitos-sociais-uma-


abordagem-quanto-a-in-efetividade-desses-direitos>. Acesso em: 18 fev. 2016.

67
UNIDADE 2 | AS INTERFACES NA CONSOLIDAÇÃO DE DIREITOS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

No período em que transcorreu a adesão da Constituição Federal até os


dias atuais, o que diz respeito à regulamentação de artigos, é caracterizado por
normativas que estabelecem as políticas públicas nos diversos segmentos que se
fazem saber:

• Aprovação do Sistema Único de Saúde.


• Aprovação da Lei Orgânica de Assistência Social.
• Aprovação da Lei de Diretrizes de Base.
• Aprovação do Sistema único de Assistência Social.
• Aprovação do Estatuto das Cidades.
• Aprovação do Estatuto do Idoso.
• Aprovação do Estatuto da Pessoa com Deficiência.

2.2 DIREITO À PREVIDÊNCIA SOCIAL

Nos artigos 201 e 202 da constituição, está prevista a garantia da seguridade


social, que garante ao assegurado e seus dependentes em caso de doença, velhice,
reclusão, invalidez, a concessão desses benefícios.

2.3 DIREITO À ASSISTÊNCIA SOCIAL

O direito à assistência social será prestado a quem dela precisar,


independente de contribuição à seguridade social. O artigo 204 da Constituição
Federal de 1988 diz que as ações assistenciais acontecem da seguinte forma:

Art. 204  As ações governamentais na área da assistência social serão


realizadas com recursos do orçamento da seguridade social, previstos
no art. 195, além de outras fontes, e organizadas com base nas seguintes
diretrizes:
I  - descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação
e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos
respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem como a
entidades beneficentes e de assistência social;
II - participação da população, por meio de organizações representativas,
na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis.
Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular
a programa de apoio à inclusão e promoção social até cinco décimos
por cento de sua receita tributária líquida, vedada a aplicação desses
recursos no pagamento de: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42,
de 19.12.2003);
I  - despesas com pessoal e encargos sociais; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003);
II - serviço da dívida; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003);

68
TÓPICO 1 | A LEGISLAÇÃO E AS POLÍTICAS SOCIAIS NO BRASIL

III  - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos


investimentos ou ações apoiadas. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 42, de 19.12.2003) (BRASIL, 1988).

A Constituição promulgada em 1988, acabou concentrando grande parte


das exigências do movimento da “Participação Popular”, em várias formas de
conhecimento da sociedade em relação ao Estado.

UNI

Vamos entender o que é um Estado, já que citamos mais de duas vezes em nosso
texto: a palavra Estado, grafada com inicial maiúscula, é uma forma organizacional
cujo significado é de natureza política. É uma entidade com poder soberano para governar um
povo dentro de uma área territorial delimitada. As funções tradicionais do Estado englobam
três domínios: Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário. Numa nação, o Estado
desempenha funções políticas, sociais e econômicas. Também é designada por Estado,
cada uma das divisões político-geográficas de uma república federativa. Estas divisões são
autônomas e possuem um governo próprio regido por uma estrutura administrativa local. O
Brasil é dividido em 26 Estados e um Distrito Federal.
Estado Novo: é o nome dado ao regime ditatorial liderado por Getúlio Vargas no Brasil, que
esteve em vigor entre 1937 e 1945.
Neste período, houve prosperidade em nível econômico, mas também se verificaram situações
negativas, como censura e perseguição de elementos da oposição política.
Estado laico: Um estado laico é a designação de um estado onde existe a separação entre
o estado e a igreja. O laicismo indica que as decisões políticas tomadas não devem ser
influenciadas pela religião.
FONTE: Disponível em: <http://www.significados.com.br/estado/>. Acesso em: 19 fev. 2016.

Com a participação da sociedade criam-se vários espaços constitucionais


para a mudança política e cultural do país. Apostou nas políticas sociais aos novos
valores democráticos e à maior transparência do controle social.

Gershon, Alto e Souza (2005) reforçam que através do olhar estratégico, sob
a visão dos direitos humanos, se é capaz de demonstrar as políticas locais com três
enfoques distintos:

• Política de Promoção: com o objetivo de concretizar os direitos ou de criar


categorias, ou seja, garantir a realização integral por meio das políticas sociais,
nas áreas de saúde, assistência social e educação.
• Política de proteção: com a finalidade de fazer valer os direitos, devem existir
políticas que levem em conta as diferenças entre os distintos grupos sociais,
no sentido de impedir violações e garantir a proteção aos grupos sociais,
no sentido de evitar violações e garantir a proteção aos grupos expostos a
situações de exclusão.
• Políticas de reparação: visam repor, de alguma maneira, a suspensão ou o
impedimento da garantia dos direitos de grupos ou pessoas em relação a
outros grupos ou pessoas.

69
UNIDADE 2 | AS INTERFACES NA CONSOLIDAÇÃO DE DIREITOS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

3 POLÍTICAS SOCIAIS E O SERVIÇO SOCIAL

Prezado acadêmico! Nas duas primeiras décadas do século XIX, a classe


operária no Brasil se organiza e reivindica por políticas sociais, que trabalhem com
as questões problemáticas da sociedade civil. Neste contexto, ocorre o processo do
trabalho livre chamado de trabalho capitalista. A característica deste trabalho é a
exploração da mão de obra onde só se visava ao lucro.

E
IMPORTANT

A política social é uma política, própria das formações econômico-sociais


capitalistas contemporâneas, de ação e controle sobre as necessidades sociais básicas das
pessoas não satisfeitas pelo modo capitalista de produção. É uma política de mediação entre
as necessidades de valorização e acumulação do capital e as necessidades de manutenção da
força de trabalho disponível. Nesta perspectiva, a política social é uma gestão estatal da força
de trabalho e do preço da força de trabalho de todos os indivíduos, que só têm a sua força de
trabalho para vender e garantir sua subsistência, independentemente de estarem inseridos no
mercado formal de trabalho.
FONTE: (MACHADO; KYOSEN apud WIESE; SANTOS (2011, p. 73).

O estilo de vida da população brasileira modificou-se com o processo de


industrialização e urbanização que agradou profundamente às condições de vida
da população. Começa a criação de novos parâmetros das políticas sociais.

A história das políticas sociais no Brasil, no seu contexto social e político,


conduz a certos desafios, ou seja, se faz uma reflexão com o serviço social.

Prezado acadêmico! Para entendermos o processo e seus fundamentos


do esforço investigado e analítico, temos como início o pressuposto teórico
metodológico da dialética da economia e política. Tal fato, permanente no espaço
da reprodução social e política tem como base as relações de produção social,
tendo interligações com as necessidades da sociedade.

Assim, torna-se necessário um processo teórico metodológico dialético


que se apresenta nas configurações históricas mais determinantes da política
econômica, para se ter mais propriedade às contradições e desafios da realidade
social.

70
TÓPICO 1 | A LEGISLAÇÃO E AS POLÍTICAS SOCIAIS NO BRASIL

UNI

Para aprofundar o estudo sobre as políticas sociais, consulte as produções dos


seguintes autores, entre muitos outros: Vicente de Paula Faleiros, Sônia Draibe e Wanderley
Guilherme dos Santos.

A política social é um espaço dialético constituído nas expressões da luta


de classes nos espaços sociais e nas esferas de governo, que por muitas vezes entra
em contradição e em zona de confronto.

Para explicarmos por que surgiram às políticas sociais, deu-se ênfase


à trajetória da crise capitalista e a luta de classes; estruturou-se, a partir do
planejamento econômico e social, para assim medir com cautela as catástrofes
devido à crise política e econômica, sendo esse, um jogo de forças do mercado de
trabalho, baseado nos princípios básicos do Taylorismo, Fordismo e Keynesianismo.

E
IMPORTANT

Taylorismo é uma concepção de produção, baseada em um método científico


de organização do trabalho, desenvolvida pelo engenheiro americano Frederick W. Taylor
(1856-1915). Em 1911, Taylor publicou “os princípios da administração”, obra na qual expôs
seu método. Disponível em: <www.infoescola.com/administracao_/taylorismo/>. Acesso
em: 17 fev. 2016.

E
IMPORTANT

Fordismo é um sistema de produção, criado pelo empresário norte-americano


Henry Ford, cuja principal característica é a fabricação em massa. Henry Ford criou este
sistema em 1914 para sua indústria de automóveis, projetando um sistema baseado numa
linha de montagem. Disponível em: <www.suapesquisa.com/economia/fordismo.htm>.
Acesso em: 17 fev. 2016.

71
UNIDADE 2 | AS INTERFACES NA CONSOLIDAÇÃO DE DIREITOS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

E
IMPORTANT

o Keynesianismo é uma teoria econômica do começo do século XX, baseada


nas ideias do economista inglês John Maynard Keines, que defendia a ação do estado na
economia com o objetivo de atingir o pleno emprego. Disponível em: <www.suapesquisa.
com/economia/keynesianismo.htm>. Acesso em: 17 fev. 2016.

Prezado acadêmico! As políticas sociais foram criadas a partir do


monopolismo do capitalismo com a finalidade de tirar a ideia de filantropia e de
caridade. No contexto neoliberalista, o aparelho estatal vem se reestruturando
pelas próprias políticas sociais.

Com a criação das políticas sociais, o serviço social na atual conjuntura da


formação profissional baseia-se na Constituição de 1988 e na Lei de Diretrizes de
base da Educação (Lei n. 9394 de 20/12/1996) que procurou se estruturar dentro de
um patamar não mais de ajuda ao próximo, mas sim um direito do cidadão.

Você sabe quais são os NOVOS DIREITOS E AS POLÍTICAS SOCIAIS?

Sim? Que bom!


Não? Então vejamos:

As políticas sociais por parte dos municípios devem levar em consideração


os direitos fundamentais da pessoa humana e a prevalência dos direitos humanos
consagrados internacionalmente e reconhecidos pela normativa brasileira. A
observância aos direitos garantidos é um aspecto de mediação da relação entre
governo e sociedade civil.

No que tange às políticas sociais, será que estas políticas são um desafio
para o serviço social?

Vejamos:

Com a atual conjuntura econômica diversas mudanças sociais, culturais e


políticas marcaram a sociedade que se obriga a lutar por melhorias nas políticas
sociais. Observam-se que as políticas sociais começam a ser vistas como um todo
e não de forma fragmentada. Desta forma, o serviço social é chamado a responder
além das demandas cotidianas, também por demandas emergenciais.

O serviço social começa a ser desafiado a pensar na transformação do perfil


profissional frente ao mercado de trabalho. No que se refere ao Serviço Social,
Soares (2012, p. 105) faz a sua reflexão:

72
TÓPICO 1 | A LEGISLAÇÃO E AS POLÍTICAS SOCIAIS NO BRASIL

As requisições que incidem sobre suas práticas sociais revelam-


se tanto na participação nas novas modalidades de gestão ou nos
atuais processos de aperfeiçoamento da gestão, no engajamento e
na organização de modelos eficientes e eficazes, nos planejamentos,
comissões, acompanhamento de convênios, contratos de gestão etc.,
quanto também nas ações emergenciais, na contenção da demanda,
nos plantões, reproduzindo a lógica individualista, curativa e
predominantemente assistencial.

A urgência e emergência social faz com que os profissionais repensem no


espaço de articulação e intervenção da racionalidade contra a hegemonia, que fica
cada vez mais limitada, dado o peso desses velhos e novos desafios. Para Iamamoto
(2006, p. 67) o Serviço Social conquistou:

O Serviço Social teve conquistas rompendo com o conservadorismo,


e tem sua atuação pautada para o fim da opressão de classe sobre
as questões que dizem respeito à sobrevivência social e material dos
setores majoritários da população trabalhadora.

De fato, a autora nos faz uma reflexão de que dialeticamente a crise do


capital, as estruturas sociais e o Estado brasileiro tornaram-se os limites para a
materialização da reforma, marcando historicamente a legalidade constitucional e
suas leis orgânicas através da assistência social.

Neste contexto, averiguou que a atuação do profissional da assistência


social tem suas práticas voltadas para a relação social, atua na realidade social do
território em questão expressando as questões através de diagnóstico sociais.

Prezado acadêmico! Você compreendeu um pouco da questão da Gestão


das Políticas sociais?

Assim, devemos verificar que o Brasil viveu anos de centralização político-


administrativa na sua contemporaneidade histórica de governos militares (1964-
1985). A Constituição Federal/88 trouxe uma rede de valores humanos, também
diretrizes de engenhocas político-administrativas que deveriam ser compostas
exatamente para garantir esses mesmos valores constitucionais.

Com o passar dos anos, a Constituição Brasileira reconhece o município


como uma federação, unida aos princípios da União, aos Estados e ao Distrito
Federal. Essa deliberação veio acompanhada da declaração da autonomia política,
legislativa, administrativa e financeira para os munícipios.

LEGISLAÇÃO

Art. 30 Compete aos Municípios:

I - Legislar sobre assuntos de interesse local.


II - Suplementar a legislação federal e a estadual no que couber.

73
UNIDADE 2 | AS INTERFACES NA CONSOLIDAÇÃO DE DIREITOS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

III - Instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar


suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar
balancetes nos prazos fixados em lei.
IV - Criar, organizar e suprimir Distritos, observada a legislação estadual.
V - Organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,
os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que
tem caráter essencial.
VI - Manter, com a cooperação técnica e financeira da união e do Estado,
programas de educação pré-escolar e de ensino fundamental.
VII - Prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços
de atendimento à saúde da população.
VIII - Promover, no que couber adequado, ordenamento territorial mediante
planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo
urbano.
IX - Promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a
legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. (BRASIL,1988).

Os processos de descentralização, reformas do Estado, de remanejamento


de papéis entre instâncias do governo e entre o Estado e a sociedade estão
espalhados no panorama institucional que vem sendo construído pelo Brasil,
desde o andamento da redemocratização.

74
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, podemos observar uma discussão acerca do significado da
participação popular. Também a formalização das políticas públicas e sociais.

• Com a apresentação da Constituição Federal de1988, que estabelece os princípios


de dignidade da pessoa, solidariedade e igualdade que visam a atingir a justiça
social.

• O Estado de forma legal promova as políticas públicas, garantindo o mínimo


necessário para a população, como forma de diminuir a desigualdade social.

• O direito social está implantado em garantias na seguridade social, que


compreende o direito à previdência e assistência social.

• Nos artigos 201 e 202 da Constituição está prevista a garantia da seguridade


social, que garante ao assegurado e seus dependentes em caso de doença,
velhice, reclusão e invalidez, a concessão desses benefícios.

• O direito à assistência social será prestado a quem dela precisar, independente


de contribuição à seguridade social.

• A participação da sociedade cria vários espaços constitucionais para a mudança


política e cultural do país. Apostou nas políticas sociais aos novos valores
democráticos e maior transparência do controle social.

• A Constituição que foi promulgada em 1988, acabou concentrando grande parte


das exigências do movimento da “Participação Popular”, em várias formas de
conhecimento da sociedade em relação ao Estado.

• Nas duas primeiras décadas do século XIX, a classe operária no Brasil se organiza
e reivindica por políticas sociais, que trabalhem com as questões problemáticas
da sociedade civil.

• As políticas sociais por parte dos municípios devem levar em consideração os


direitos fundamentais da pessoa humana e a prevalência dos direitos humanos
consagrados internacionalmente e reconhecidos pela normativa brasileira.

• Com atual conjuntura econômica diversas mudanças sociais, culturais e políticas,


marcaram de forma que a sociedade se obriga a lutar por melhorias nas políticas
sociais.

• O Brasil viveu anos de centralização político-administrativa na sua


contemporânea história de governos militares (1964-1985).

75
AUTOATIVIDADE

1 O artigo 6º da Constituição Federal/88 que se encontra dentro do título sobre


os direitos e Garantias Fundamentais, trata sobre os direitos sociais que
devem ser respeitados, protegidos e garantidos a todos pelo Estado. Cite cinco
direitos fundamentais que devem ser respeitados pelo Estado.

2 Gershon; Alto e Souza (2005) reforçam que através do olhar estratégico sob a
visão dos direitos humanos, se é capaz de demonstrar as políticas locais com
três enfoques distintos. Cite e descreva esses enfoques.

3 Com o passar dos anos, a Constituição Brasileira reconhece o município


como uma federação, unida aos princípios da União, aos Estados e ao Distrito
Federal. Assinale a alternativa que descreve a declaração administrativamente.

a) ( ) Essa deliberação veio acompanhada da declaração da autonomia política,


legislativa, administrativa e financeira para os munícipios.
b) ( ) Essa deliberação veio acompanhada da declaração da união política,
judiciária, administrativa e financeira para os munícipios.
c) ( ) O Brasil viveu anos de centralização político-administrativa na sua
contemporânea história de governos militares.
d) ( ) O Brasil viveu anos de descentralização político-administrativa na sua
história presidencialista.

76
UNIDADE 2 TÓPICO 2
A CONSTITUIÇÃO FEDERAL
E O SERVIÇO SOCIAL

1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico! Neste tópico vamos conhecer a modernização brasileira
que foi acompanhada pela expansão do setor público no que diz respeito à
afirmação de seu papel, como provedor e gestor de políticas sociais. Apresentando
a Constituição Federal de 1988 – CF/88, que cria condições necessárias para que
a população faça parte das decisões nas políticas sociais e assim exercendo sua
democracia.

Verificaremos também como a Constituição Federal de 1988 instituiu a


assistência social como política pública, direito do cidadão e dever do Estado, pois
deve-se observar que a Constituição Federal constitui a assistência social pautada
na descentralização política e administrativa, em que cabe à esfera federal e à
coordenação a execução de programas e projetos.

Iremos estudar, neste tópico, questões pertinentes à Lei Orgânica de


Assistência Social (LOAS), a Política Nacional de Assistência Social (PNAS) e o
Sistema Único da Assistência Social (SUAS).

Bons estudos!

2 SERVIÇO SOCIAL E A CONSTITUIÇÃO HISTÓRICA DAS


POLÍTICAS SOCIAIS NO BRASIL

A Constituição Federal de 1988 institui a assistência social como política


pública, direito do cidadão e dever do Estado. Os artigos 203 e 204 da Carta Magna
resolvem que esta política pública agrega a Seguridade Social, juntamente com
outras duas políticas, saúde e previdência social.

2.1 LEGISLAÇÃO

Art. 3º da Constituição Federal/88 – E seus objetivos Fundamentais da


república Federativa:

77
UNIDADE 2 | AS INTERFACES NA CONSOLIDAÇÃO DE DIREITOS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

I- Construir uma sociedade livre, justa e solidária.


II- Garantir o desenvolvimento nacional.
III- Erradicar a pobreza e a marginalização, reduzir as desigualdades sociais e
regionais.
IV- Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação.

A Constituição Federal constitui a assistência social que se pauta na


descentralização política e administrativa, que cabe à esfera federal e à coordenação
a execução de programas. E por meio das organizações representativas e às
entidades beneficentes e de assistência social, compete a formulação das políticas
de controle.

ATENCAO

A maior conquista a Constituição de 1988 foi o restabelecimento do Estado


de Direito no país, com a conquista das liberdades democráticas, a adoção das eleições
diretas em todos os níveis, a liberdade de organização partidária e sindical. Em relação aos
partidos políticos estabeleceu-se o Fundo Partidário e o acesso gratuito ao rádio e à TV,
em determinados períodos do ano e no período eleitoral. (Disponível em: <http://contee.
org.br/contee/index.php/2013/10/a-constituicao-de-1988-e-o-movimento-popular/#.
VsyRCvkrLow>. Acesso em: 23 fev. 2016.

Prezado acadêmico! Por intermédio dos artigos 203 e 204 da Constituição


foi regulamentada a Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 – Lei Orgânica de
Assistência Social (LOAS). Esta lei estabelece princípios, diretrizes da política de
Assistência Social, também institui a organização e gestão da política, bem como,
seus benefícios, serviços, programas e projetos e seus respectivos financiamentos.

78
TÓPICO 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E O SERVIÇO SOCIAL

E
IMPORTANT

Fonte: Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/documentos-e-pesquisa/publicacoes/


edicoes/arquivos-mobi/loas-2a-edicao>. Acesso em: 22 fev. 2016.

Prezado acadêmico! Esta lei define aspectos que a assistência social é


regulada de maneira compartilhada entre federados como a UNIÃO, esfera
FEDERAL, ESTADOS E MUNÍCIPIOS.

Também se definem na LOAS, três importantes instrumentos de gestão do


sistema descentralizado e participativo, a política de assistência social, os Conselhos
de Assistência Social, Plano de Assistência Social, Fundos de Assistência Social.

1- Conselhos de Assistência Social – de âmbito nacional, estadual e municipal,


composição paritária entre sociedade e governo, de caráter deliberativo,
cuja função é aprovar, acompanhar e fiscalizar a política de assistência social
implementada no seu âmbito de atuação.
2- Planos de Assistência Social – a serem elaborados pelos três entes federados e
que devem expressar o planejamento governamental na área para atendimento
das necessidades e demandas identificadas. Os planos devem conter metas dos
recursos a serem utilizados etc.
3- Os Fundos de Assistência Social – também constituídos na esfera federal,
estadual e municipal devem constituir-se em unidades orçamentárias com
a finalidade de reunirem os recursos financeiros da assistência social para o
cofinanciamento da política de assistência social.

FONTE: Disponível em: <http://www.ipcundp.org/doc_africa_brazil/Webpage/missao/


Artigos/ASSISTENCIA_SOCIAL.pdf>. Acesso em: 22 fev. 2016.
79
UNIDADE 2 | AS INTERFACES NA CONSOLIDAÇÃO DE DIREITOS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

Na LOAS estão estabelecidas as conferências de assistência nas esferas


de governo municipal, estadual e nacional com atribuições: avaliar a situação da
assistência social e propor aprimoramentos. As conferências reúnem a sociedade
representativa e o governo por indicação e isto se procede da seguinte forma:
começa pela conferência municipal, depois a estadual e, por fim, a nacional.

UNI

Para melhor entender como se organizam as conferências pesquise em:


<http://www.assistenciasocial.al.gov.br/conselhos-e-comissoes/ceas-conselho-estadual-de-
assistencia-social/2015/x-conferencia-estadual-de-assistencia-social/Informe%20002%20
-%202015%20passo%20a%20passo%2010%2004%202015.pdf%2013.pdf> e siga cada passo
para a elaboração de uma conferência>.

De acordo com a LOAS,

• Entendem-se por benefícios eventuais as provisões suplementares e provisórias


que integram organicamente as garantias do SUAS, prestadas aos cidadãos
e às famílias em virtude de nascimento, morte, situações de vulnerabilidade
temporária e de calamidade pública.

• O benefício de prestação continuada, previsto na CF/88, regulamentado


pela LOAS e reafirmado no Estatuto do Idoso, consiste no repasse direto ao
beneficiário pelo Governo Federal de um salário mínimo mensal ao idoso
(com 65 anos ou mais) ou à pessoa com deficiência que não tenha condições de
garantir a própria subsistência nem de tê-la garantida pela família.

• É um benefício sem condicionalidades, pois se refere ao público “excluído”


do sistema previdenciário. Sua gestão é realizada pelo órgão gestor federal,
responsável pela política de assistência social (MDS), e sua operacionalização,
pelo Instituto Nacional de Seguro Social – INSS.

80
TÓPICO 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E O SERVIÇO SOCIAL

QUADRO 3 – SERVIÇOS, PROGRAMAS, PROJETOS E BENEFÍCIOS ASSISTENCIAIS PARA O NÍVEL


DE PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA

• É o conjunto de serviços, programas, projetos e benefícios da


assistência social que visa prevenir situações de vulnerabilidade e risco
O que é
social por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições,
do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários.
• Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF).
• Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos.
Serviços
• Serviço de Proteção Social Básica em domicílio para pessoas com
deficiências e para idosos.
• Centros de Referência de Assistência Social – CRAS: unidade pública
municipal, com base territorial, localizada em áreas com maiores
índices de vulnerabilidade e risco social, destinada à articulação dos
serviços sociais em seu território de abrangência e à prestação de
Execução serviços.
• Programas e projetos de assistência social de proteção básica às
famílias.
• Rede de assistência social composta por organizações da sociedade
civil.
FONTE: SOUZA (2012)

3 POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E SISTEMA


ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Prezado acadêmico! A Política Nacional de Assistência Social (aprovada


em setembro de 2004) e a sua Norma Operacional Básica (em julho de 2005), que
têm o intuito de orientar uma nova gestão para o operacional do Sistema Único da
Assistência Social (SUAS), com a finalidade de solidificar as diretrizes apresentadas
na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), de acordo com a PNAS oficial:

A política nacional de assistência social na perspectiva do Sistema Único


de Assistência Social ressalta o campo da informação, monitoramento
e avaliação, salientando que as novas tecnologias da informação e a
ampliação das possibilidades de comunicação contemporânea têm
um significado, um sentido técnico e político, podendo e devendo ser
consideradas como meios estratégicos para uma melhor determinação
no tocante das políticas sociais e a nova concepção do uso da informação,
do monitoramento e da avaliação da política de assistência social.
(PNAS, 2004, p. 14).

81
UNIDADE 2 | AS INTERFACES NA CONSOLIDAÇÃO DE DIREITOS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

A PNAS expõe a proposta de gestão com perspectiva no SUAS, o que


chamamos de proteção garantida com base nas organizações. Frente à conjuntura
política da economia atual é importante salientar que alguns avanços foram
alcançados pela PNAS. Porém, este avanço reforça a problematização da política
de assistência com concepções da cultura política brasileira neoliberal.

E
IMPORTANT

A PNAS/2004 reorganiza projetos, programas, serviços e benefícios de assistência


social, consolidando no país, o Sistema Único de Assistência Social – SUAS, com estrutura
descentralizada, participativa e articulada com as políticas públicas setoriais. Nesse sentido,
demarca as particularidades e especificidades, campo de ação, objetivos, usuários e formas
de operacionalização da Assistência Social, como política pública de proteção social.
FONTE: Disponível em: <http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/mds/04_caderno_
creas.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2016.

A Assistência Social como política de proteção social dispõe uma nova


situação política do Brasil. Isto significa que a garantia é de todos que dela
necessitam, sem contribuição dessa proteção. A seleção que se levantou para
análise da política de assistência social na realidade brasileira parte da defesa de
um modo de olhar e quantificar a realidade, a partir de:

1- Uma visão social inovadora, dando continuidade ao inaugurado pela


Constituição Federal de 1988 e pela Lei Orgânica da Assistência Social de
1993, pautada na dimensão ética de incluir “os invisíveis”, os transformados
em casos individuais, enquanto de fato são parte de uma situação social
coletiva; as diferenças e os diferentes, as disparidades e as desigualdades.

2- Uma visão social de proteção, o que supõe conhecer os riscos, as


vulnerabilidades sociais a que estão sujeitos, bem como os recursos com
que contam para enfrentar tais situações com menor dano pessoal e social
possível. Isto supõe conhecer os riscos e as possibilidades de enfrentá-los.

3- Uma visão social capaz de captar as diferenças sociais, entendendo que as


circunstâncias e os requisitos sociais circundantes do indivíduo e dele em
sua família são determinantes para sua proteção e autonomia. Isto exige
confrontar a leitura macrossocial com a leitura microssocial.

4- Uma visão social capaz de entender que a população tem necessidades,


mas também possibilidades ou capacidades que devem e podem ser
desenvolvidas. Assim, uma análise de situação não pode ser só das ausências,

82
TÓPICO 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E O SERVIÇO SOCIAL

mas também das presenças até mesmo como desejos em superar a situação
atual.

5- Uma visão social capaz de identificar forças e não fragilidades nas diversas
situações de vida.

FONTE: Disponível em: <http://www.sesc.com.br/mesabrasil/doc/Pol%C3%ADtica-Nacional.


pdf>. Acesso em: 23 de fev. 2016.

Ressalta-se que a partir da CF/88, a assistência social foi impetrada à


condição de política pública e, de acordo com esse entendimento, as distintas ações
da população deixam o campo do voluntarismo e passam a agir sob a estrutura de
política pública.

UNI

Para entender melhor, faça uma pesquisa na fonte: <http://www.sesc.com.br/


mesabrasil/doc/Pol%C3%ADtica-Nacional.pdf>. As configurações do PNAS.

A seguir identificamos a função da Política Nacional de Assistência Social


– PNAS e a Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS.

QUADRO 4 - FUNÇÃO DA POLÍTICA DE PNAS E LOAS

Política de Assistência • Definida constitucionalmente (CF/1988).


Social Caracterização • Política pública: direito do cidadão, dever do Estado.
• Integrante da Seguridade Social junto com saúde e previdência social.
• Organizada em sistema descentralizado e participativo.

Lei Orgânica da • Define a política e seus objetivos.


Assistência Social – • Estabelece seus princípios e diretrizes.
LOAS • Universalização e igualdade de acesso, descentralização e participação.
• Trata da organização e gestão da assistência social e apresenta
elementos do sistema descentralizado e participativo da assistência
social: Conselhos, Planos, Fundos e Conferências de Assistência Social.

FONTE: A autora

83
UNIDADE 2 | AS INTERFACES NA CONSOLIDAÇÃO DE DIREITOS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

A concepção da assistência social na LOAS tem como objetivo oferecer


programas e apoio aos cidadãos para enfrentar situações de vulnerabilidade,
contribuindo para sua inserção no meio social. Visa, também, ajudar no
desenvolvimento sociocultural, para que se tornem cidadãos autônomos.

Cabe à assistência social oferecer serviços e benefícios por meio dos diretos
humanos. Desta forma, cabe ao Estado, vigiar e garantir que a sociedade usufrua
de todos os direitos oferecidos à ela, através das políticas sociais. É através de
serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais que se procurou a
cobertura universal para a garantia de acesso da população a esses direitos.

4 SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS)

Prezado acadêmico! A implantação do SUAS – SISTEMA ÚNICO DE


ASSISTÊNCIA SOCIAL – ocorreu em dezembro de 2003, na IV Conferência
Nacional de Assistência Social, o SUAS possui um modelo de gestão para todo o
território brasileiro, de forma a se estruturar com o passar dos anos e com criações
de Leis para garantir o sistema.

A Lei nº 12.435, de 6 de julho de 2011 (Lei do SUAS), garantiu no país


a institucionalidade do SUAS, aprovando progressos significativos no direito do
cidadão.

Entre estes, apontamos o cofinanciamento federal operacionalizado por


transferência da gestão de serviços, programas e projetos da assistência social.

4.1 TIPOS DE GESTÃO DO SUAS

Prezado(a) acadêmico(a)! O SUAS comporta quatro tipos de gestão:

• Gestão dos munícipios.


• Gestão do distrito Federal.
• Gestão dos Estados.
• Gestão da união.

Os munícipios são classificados em três níveis de gestão: inicial, básica e


plena, conforme a capacidade para executar os serviços da assistência social. Os
níveis de gestão correspondem à responsabilidade e benefícios que o município
recebe para cada prestação de serviço a ser executada.

Vejamos agora alguns Aspectos da estrutura do SUAS:

84
TÓPICO 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E O SERVIÇO SOCIAL

• Primazia do papel do Estado como principal agente: Reafirma-se a primazia


do papel do Estado como principal agente consumidor e implementador das
bases operacionais necessárias à realização dos serviços socioassistenciais. A
perspectiva é a de um Estado dotado de um sistema moderno de gestão, que
utilize as inovações tecnológicas de gestão social e informação em busca de
competência técnica e transparência pública.

• Agente público com função estratégica: Na condução do SUAS, o agente


público desempenha um papel estratégico, sendo o principal responsável pelas
funções de execução, articulação, planejamento, coordenação, negociação,
monitoramento e avaliação dos serviços desenvolvidos em consonância com o
sistema nacional unificado de gestão. A valorização do gestor público, com a
implantação do SUAS em todo o território nacional, está pautada no pressuposto
de que a assistência social é política pública de Estado e de direito de cidadania.

• Comando único nas três esferas: O comando único nas três esferas de governo
define a organização e a estruturação da Política Pública de Assistência Social
e é legitimado pelas instâncias de pactuação e de negociação (Comissão
Intergestores Tripartite/CIT e Comissão Intergestores Bipartite/CIBs). Também
se reconhece a importância de espaços como o Fórum Nacional de Secretários
Estaduais de Assistência Social (Fonseas) e o Colegiado Nacional de Gestores
Municipais de Assistência Social (Congemas) na implementação da política.

• Gestão compartilhada: Havendo o controle social dos conselhos nos três níveis
de governo, possibilita-se uma gestão compartilhada. Tal modelo de gestão
exige a definição clara de competências em cada uma das esferas de governo,
num processo integrado de cooperação e complementariedade garantindo a
unidade e continuidade na oferta dos serviços socioassistenciais.

FONTE: Planos de Assistência Social: Diretrizes para elaboração. Brasília: MDS, 2008.

4.2 SUAS E A DECENTRALIZAÇÃO

O SUAS delibera os dados elementares para ampliar ações da política de


assistência social, a normatização dos modelos de serviços, e os institui com base
em suas linhas, descritos a seguir:
- Matricialidade familiar
Os serviços da política de assistência social baseados na centralidade da
família e nos territórios.
A matricialidade sociofamiliar analisa a família como núcleo social principal
de acolhida, convívio, autonomia, sustentabilidade e protagonismo social.
O SUAS reorganiza os serviços dessa proteção conforme sua complexidade
(média ou alta):
• Serviços de proteção social especial de média complexidade.

85
UNIDADE 2 | AS INTERFACES NA CONSOLIDAÇÃO DE DIREITOS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

• Atendem às famílias, seus membros e indivíduos com direitos violados, mas cujos
vínculos familiares e comunitários não foram rompidos. Requerem estrutura que
permita atenção especializada e/ou acompanhamento sistemático e monitorado.
• Serviços de proteção social especial de alta complexidade.
• Garantem proteção integral: moradia, alimentação, higienização e trabalho
protegido.
• Dirigem-se às famílias, seus membros e indivíduos que se encontram sem
referência e/ou ameaçados e necessitam ser retirados de seu núcleo familiar e
comunitário.
FONTE: Disponível em: <http://www.ipc-undp.org/doc_africa_brazil/5.SNAS_%20AnaLigiaGomes.
pdf>. Acesso em: 23 fev. 2016.

Prezado acadêmico! O SUAS procura oferecer todos os serviços de forma


a atender às necessidades de todos aqueles que realmente necessitam do sistema,
podendo executar da melhor forma possível cada cidadão.

4.3 SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

• A principal deliberação da IV Conferência Nacional de Assistência Social –


dez/2003.

• Definido com a criação da Política Nacional de Assistência Social – PNAS.

• A criação do SUAS ocorreu para superar os seguintes problemas na


implementação da política: – Insuficiente regulação na área no campo
governamental e não governamental e imprecisão conceitual.

• Estruturação de serviços sem a devida integração em sistema, sem definição


de referências e contrarreferências, fluxos e procedimentos de recepção
e intervenção social, gerando superposição e/ou paralelismo de ações; –
segmentação, superposição e/ou paralelismo das ações.

• Enfoque na relação convenial entre gestores implicando burocracia demora


e atraso no repasse de recursos, falta de autonomia na gestão por parte dos
municípios e estados.

• Indefinição de atribuições/competências dos três níveis de governo quanto à


gestão da política e seu financiamento.

• Desenvolvimento de ações sem base de dados qualificada, dificultando


o diagnóstico dos problemas e das potencialidades sociais, assim como o
monitoramento e avaliação.

86
TÓPICO 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E O SERVIÇO SOCIAL

• Insuficiente ação intersetorial entre as políticas sociais.

• Ausência de processos continuados de capacitação e de política de RH.

FONTE: Disponível em: <http://www.ipc-undp.org/doc_africa_brazil/5.SNAS_%20AnaLigiaGomes.


pdf>. Acesso em: 23 fev. 2016.

A criação do SUAS veio para romper barreiras das quais as esferas do


governo os impedia de atuar e agir para auxiliar aos que necessitavam do sistema.

Prezado acadêmico! Vejamos agora aspectos de sua CARACTERIZAÇÃO:

Um novo modelo de gestão:

• Supõe um pacto federativo, com definição de competências dos entes das


esferas de governo.
• Nova lógica de organização das ações: por níveis de complexidade, por
território, considerando regiões e portes de municípios.
• Forma de operacionalização da LOAS, que viabiliza o sistema descentralizado
e participativo e a regulação, em todo o território nacional.
FONTE: Disponível em: <http://www.ipc-undp.org/doc_africa_brazil/5.SNAS_%20
AnaLigiaGomes.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2016.

O novo modelo de gestão facilitou os atendimentos, tendo uma maior


abrangência, e maior acesso aos que precisam do sistema, melhorando o
atendimento e o território atingido. Podendo definir o grau de necessidade de cada
caso.

Vejamos agora as DIRETRIZES DO SUAS!

• Descentralização político-administrativa para os Estados, o Distrito Federal e


os Municípios e comando único das ações em cada esfera de governo.

• Participação da população, por meio de organizações representativas, na


formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis.

• Primazia da responsabilidade do Estado na condução da política de assistência


social em cada esfera de governo.

87
UNIDADE 2 | AS INTERFACES NA CONSOLIDAÇÃO DE DIREITOS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

• Centralidade na família para concepção e implementação dos benefícios,


serviços, programas e projetos.

FONTE: Disponível em: <http://www.ipc-undp.org/doc_africa_brazil/5.SNAS_%20


AnaLigiaGomes.pdf>. Acesso em: 23 de fev. 2016.

Com a participação popular e as organizações, as políticas públicas


tiveram mais ênfase no controle das ações. E o governo deu preferência pela
responsabilidade da assistência social nas esferas governamentais.

Vejamos agora os CONCEITOS E BASES DE ORGANIZAÇÃO DO


SUAS!

• Matricialidade sociofamiliar
• Descentralização político-administrativa e Territorialização.
• Novas bases para relação entre Estado e Sociedade Civil
• Financiamento pelas três esferas de governo, com divisão de responsabilidades.
• Controle Social.
• Política de Recursos Humanos.
• Informação, Monitoramento e Avaliação.

FONTE: Disponível em: <http://www.ipc-undp.org/doc_africa_brazil/5.SNAS_%20AnaLigiaGomes.


pdf>. Acesso em: 23 fev. 2016.

E
IMPORTANT

A Lei do SUAS autoriza, ainda, que os recursos do cofinanciamento federal


destinados à execução das ações continuadas de assistência social podem ser aplicados
no pagamento dos profissionais que integrarem as equipes de referência, responsáveis pela
organização e oferta dos serviços sócio assistenciais.
FONTE: Disponível em: <http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/mds/04_caderno_
creas.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2016.

Com a implantação do SUAS efetivou-se um processo de respeito às


diferenças dos entes federativos em cada nível, definindo as competências do
dever do Estado no campo da Assistência Social de forma unitária e hierarquizada
para o cumprimento dos seus deveres e defesa dos direitos do cidadão usuário.

O novo sistema se baseia em práticas transparentes e, desta forma, altera

88
TÓPICO 2 | A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E O SERVIÇO SOCIAL

procedimentos fundamentais para a execução dos serviços, como por exemplo, o


repasse de recursos federais ao Estado, os municípios e Distrito Federal, a prestação
de contas fornece a maneira como os serviços estão sendo oferecidos na visão da
gestão de recursos, cabendo ao Estado, Distrito Federal e municípios controlar a
gestão técnica e financeira dos serviços sociais através dos conselhos de direitos.

Os munícipios devem possuir Conselho, Plano e Fundo Municipal de


Assistência Social para melhor atender e fazer com que a população participe da
destinação das verbas onde é melhor empregá-las. Conforme o disposto no Artigo
30 da LOAS, em seu parágrafo único incluindo a Lei nº 9720/1998.

UNI

Para melhor entender


Art. 15 – Compete aos Municípios no âmbito do SUAS
I – destinar recursos financeiros para custeio do pagamento dos benefícios eventuais de que
trata o art. 22, mediante critérios estabelecidos pelos Conselhos Municipais de Assistência
Social;
II – efetuar o pagamento dos auxílios natalidade e funeral;
III – executar os projetos de enfrentamento da pobreza, incluindo a parceria com organizações
da sociedade civil;
IV – atender às ações assistenciais de caráter de emergência;
V – prestar os serviços assistências de que trata o art. 23 desta lei.
VI – financiar o aprimoramento da gestão, os serviços, os programas e os projetos de assistência
social em âmbito local;
VII – realizar o monitoramento e a avaliação da política de assistência social em seu âmbito.
FONTE: BRASIL. Lei nº. 8742, de 7 de dezembro de 1993. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8742.htm>. Acesso em: 4 mar. 2016.

89
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, abordaram-se a legislação e as instâncias de governo, bem
como, o sistema das políticas públicas-sociais.

• A Constituição Federal de 1988 institui a assistência social como política pública,


direito do cidadão e dever do Estado. Os artigos 203 e 204 da Carta Magna
resolvem que esta política pública adiciona a Seguridade Social juntamente com
outras duas políticas, saúde e previdência social.

• Na Constituição Federal constitui a assistência social que se pauta na


descentralização política e administrativa, que cabe à esfera federal e à
coordenação a execução de programas.

• Através dos artigos 203 e 204 da constituição foi regulamentada a Lei 8.742,
de 7 de dezembro de 1993 – Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS). Esta
lei estabelece princípios, diretrizes da política de Assistência Social, também
institui a organização e gestão da política, bem como, seus benefícios, serviços,
programas e projetos e seus respectivos financiamentos.

• Esta lei define aspectos que a assistência social é regulada de maneira


compartilhada entre federados como a UNIÃO, esfera FEDERAL, ESTADOS E
MUNÍCIPIOS.

• Na LOAS estão estabelecidas as conferências de assistência nas esferas de


governo municipal, estadual e nacional com as atribuições: avaliar a situação da
assistência social e propor aprimoramentos.

• As conferências reúnem a sociedade representativa e o governo por indicação e


isto se procede da seguinte forma: começa pela conferência municipal, depois a
estadual e, por fim, a nacional.

• A Política Nacional de Assistência Social (aprovada em setembro de 2004)


e a sua Norma Operacional Básica (em julho de 2005), que tem o intuito de
orientar uma nova gestão para o operacional do Sistema Único da Assistência
Social (SUAS), com a finalidade de solidificar as diretrizes apresentadas na Lei
Orgânica da Assistência Social (LOAS) de acordo com o PNAS oficial.

• A Assistência Social como política de proteção social dispõe uma nova situação
política do Brasil. Isto significa que a garantia é a todos que dela necessitam, sem
contribuição dessa proteção.

• Cabe à assistência social, oferecer serviços e benefícios por meio dos direitos
humanos. Assim cabe ao Estado vigiar e garantir que a sociedade usufrua de
todos os direitos oferecidos a ele, através das políticas sociais.

90
AUTOATIVIDADE

1 A Constituição Federal de 1988 institui a assistência social como política


pública, direito do cidadão e dever do Estado. Os artigos 203 e 204 da Carta
Magna resolvem que esta política pública adiciona a Seguridade Social
juntamente com outras duas políticas: assinale a alternativa CORRETA.

a) ( ) Saúde e previdência social.


b) ( ) Moradia e bem-estar social.
c) ( ) As esferas federais e estaduais.
d) ( ) Habitacional e lazer.

2 Complete a frase:

Na Constituição Federal constitui-se a ............................. que se pauta na


.................... política e ....................., que cabe à esfera ...................... e à coordenação
a execução de .......................

a) ( ) assistência social, descentralização, administrativa, federal, programas.


b) ( ) assistência à saúde, centralização, serviços, municipal, projetos.
c) ( ) assistência social, centralização, administrativa, municipal, projetos.
d) ( ) assistência à saúde, descentralização, serviços, estadual, programas.

3 Descreva o que cabe à assistência e ao Estado fazer em prol da população.

91
92
UNIDADE 2
TÓPICO 3

OS CONSELHOS DE DIREITOS NO BRASIL

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Agora vamos conhecer os conselhos de direitos e discutir
sobre eles, como estão relacionados com os movimentos sociais e com as políticas
sociais brasileiras. Discutiremos em que contexto os conselhos surgem e seu
funcionamento.

Veremos também neste tópico o que nos traz a Constituição de 1988, em


relação aos avanços dos direitos sociais, que veio a introduzir instrumentos de
democracia e estabelecendo a democracia participativa e o controle social, como,
por exemplo, os conselhos de direitos, de políticas de gestão e políticas sociais
específicas.

Iremos estudar alguns caminhos de participação da sociedade civil e dos


movimentos sociais, portanto, estudaremos, neste tópico, os conselhos de direitos
no Brasil, além de conceituar o que é o controle social e as organizações dos
conselhos de direitos e quais são os desafios dos conselhos de direitos.

Prontos para compreender esta questão?

Bons estudos!

2 O SURGIMENTO DOS CONSELHOS DE DIREITOS

Na década de 1970, no Brasil teve início a participação de parcelas


da sociedade civil organizada na gerência de políticas sociais, em algumas
administrações públicas que se confrontavam ao governo militar, iniciando de
forma embrionária a democratização da esfera pública.

A Constituição de 1988 apresentou grandes avanços em relação aos


direitos sociais, introduziu instrumentos de democracia, estabeleceu a democracia
participativa e abriu a possibilidade de criação de mecanismos de controle social,
como, por exemplo, os conselhos de direitos, de políticas de gestão e políticas
sociais específicas.

Os conselhos como estruturas de participação e de legalidade social


iniciam-se no Brasil, segundo Gohn (1995), como fruto da organização e das lutas
93
UNIDADE 2 | AS INTERFACES NA CONSOLIDAÇÃO DE DIREITOS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

sociais. A autora salienta que os conselhos aparecem em um cenário de política


iniciada pela participação popular ainda em um contexto ditatorial, a exemplo dos
conselhos comunitários, e os conselhos de políticas públicas e os de direitos foram
criadas por exigências constitucionais.

É como resposta ao exercício dos direitos civis e políticos que os conselhos


como esferas públicas entram em consonância na institucionalidade democrática,
como estruturas institucionais de participação da sociedade civil organizada. Os
conselhos e as políticas públicas são formas concretas de espaços institucionais de
exercício da participação social.

Segundo Gohn (1995), no âmbito nacional, os conselhos de políticas públicas


como saúde, educação, assistência social, entre outros, foram criados como órgãos
de gestão e de monitoramento da gestão das políticas sociais, e na defesa dos
direitos humanos, só após a constituição cidadã de 1988 e a institucionalização do
Estado Democrático de Direito que os órgãos de defesa dos direitos humanos se
ampliam no cenário da política brasileira.

Antes dos direitos humanos, pelo menos dois conselhos merecem ser
referenciados por serem criados antes da Constituição de 1988. São eles: o Conselho
de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana e o Conselho Nacional dos Direitos da
Mulher.

As portas da interlocução entre Estado e sociedade centraliza e burocratiza


as políticas sociais na esfera federal, essas características permanecem desde os
governos ditatoriais. A luta pela descentralização dessas políticas teve por objetivo
dar maior autonomia aos Estados e municípios e abordar a gestão da população.

Também em 1988 criam-se as condições jurídicas e políticas para a criação e


funcionalidade de órgãos de natureza representativa com função de controle social
e de participação social na gestão da esfera pública.  Com base na Constituição
Federal, destacam-se algumas dessas disposições reguladoras:

Artigo 14: A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal


[...] e, nos termos da lei, mediante: I – plebiscito; II – referendo; III –
iniciativa popular.
Artigo 194: Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a
Seguridade Social, com base nos seguintes objetivos: caráter democrático
e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com
participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e
do Governo nos órgãos colegiados (inciso VIII).
Artigo 198: As ações e serviços públicos de saúde integram uma
rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único,
organizado de acordo com as seguintes diretrizes: participação da
comunidade. (Inciso II).
Artigo 204: As ações governamentais na área de assistência social serão
[...] organizadas com base nas seguintes diretrizes: participação da
população, por meio de organizações representativas, na formulação de
políticas e no controle das ações em todos os níveis (Inciso II). (BRASIL,
1988).

94
TÓPICO 3 | OS CONSELHOS DE DIREITOS NO BRASIL

No início, os princípios constitucionais acabaram por condicionar diversas


normas, especialmente a legislação ordinária das ações no âmbito social, tornando-
se uma divisão na história da participação da sociedade no Brasil.

E
IMPORTANT

Sociedade Civil e Estado

De acordo com o filósofo e político italiano Antônio Gramsci, o Estado não deveria ser visto
apenas como Governo. Gramsci faz a divisão de Estado em sociedade política e a sociedade
civil. Segundo Gramsci, a sociedade política é referente às instituições políticas e o controle
legal e constitucional que exercem. Já a sociedade civil é vista como um organismo não estatal
ou privado, que pode incluir a economia, por exemplo. A sociedade política é conotada com a
força e a sociedade civil com o consentimento.
Gramsci contribuiu grandemente para a análise do conceito de sociedade civil e também da
dicotomia Sociedade Civil / Estado.
FONTE: Disponível em: <http://www.significados.com.br/sociedade-civil/acesso>. Acesso em:
7 abr. 2016.

Na década de 1990 houve a possibilidade de constituir novos caminhos


para que a participação da sociedade civil e dos movimentos sociais pelo Estado
alterasse as relações com a sociedade.

Esse caminho possibilitou que os movimentos sociais passassem a ter uma


maneira mais apta e até contestadora da legalidade da gestão do Estado, e assim
expandindo a ciência do ambiente e da disputa dos direitos.

Definindo a essa exposição ressalta-se que a contestação sobre as políticas


sociais no aspecto de sua democratização também teve ênfase na década de 1980,
quando surgem esforços pela edificação democrática do Estado e da sociedade
civil perante o quadro político e econômico historicamente marcado pela ditadura
militar.

As políticas sociais brasileiras foram marcadas pelos movimentos sociais e


começam a se pensar em uma maneira que o próprio povo começasse a fazer parte
da fiscalização e emprego das verbas remessadas pelas esferas de governo.

A partir da Constituição Federal de 1988, constituíram-se os conselhos


gestores de políticas públicas, que compõem uma inovação democrática. Assim
estabelecidos os instrumentos de democracia direta, como plebiscito, referendo e
projetos de iniciativa popular, foram formados como mecanismos de ampliação da
participação popular nas decisões políticas.

95
UNIDADE 2 | AS INTERFACES NA CONSOLIDAÇÃO DE DIREITOS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

FIGURA 14 – DIREITOS SOCIAIS

FONTE: Disponível em: <https://i.ytimg.com/vi/8hH0xG9qzZM/maxresdefault.


jpg>. Acesso em: 10 abr. 2016.

No campo das políticas públicas, os conselhos se fazem estabelecidos,


especialmente na área da saúde, assistência social, criança e adolescente, idosos,
cidadania, meio ambiente, cultura e tantas outras que buscam concretizar novos
caminhos da participação da sociedade civil no espaço público, na concretização
da democracia.

Os setores organizados são responsáveis pelo controle social, que tem como
perspectiva a participação da população, que espera dos setores formulações como
planos, programas e projetos, todos voltados ao interesse do coletivo. Conforme
destaca a autora Gohn, é papel essencial no exercício do controle social, através
dos conselhos, a identificação de novos conceitos das estruturas modernas da
sociedade civil, pois:

Não só capitalizam os anseios político-culturais e as necessidades


econômico sociais/coletivas como também adquiriram identidade
democrática e passaram a ser vistas como os “fiscais da sociedade
civil” sobre a sociedade política em seu conjunto, denunciando e
pressionando-a. Uma nova institucionalidade se esboça a partir da nova
visão de mundo que se construiu onde se observa a reformulação da
concepção sobre o que é e o que pertence à esfera pública, a construção
de uma nova esfera ou subesfera, entre o público e o privado, que é o

96
TÓPICO 3 | OS CONSELHOS DE DIREITOS NO BRASIL

público não estatal; e o surgimento de uma ponte de articulação entre


estas esferas, dada pelas políticas de parceria (GOHN, 2007b, p. 105).

Com a ampliação dos canais da participação da sociedade, o Estado assume


formas de administrar a esfera pública como a descentralização das políticas
públicas.

A participação popular se torna mais concreta, no âmbito do governo local,


só assim estará participando dos resultados decorrentes das políticas sociais. A
exposição da realidade do município na sua concretude e objetividade estimulará
a participação da sociedade civil.

A descentralização das políticas sociais ocasionará desafios para os


gestores do governo central, que segura a maior parte dos recursos destinados a
essas políticas.

Contudo, mesmo com as melhorias da descentralização das políticas


públicas, a segurança legal da universalidade dos direitos sociais e a participação
da sociedade na gestão dessas políticas confrontam-se até hoje a situação crítica
e a consolidação do projeto neoliberal que traz uma nova direção, regulada na
supressão e diminuição de direitos e garantias sociais, atualizando a situação
difícil do enfrentamento das questões sociais, através de sua coerência de acertes
econômico dito pela globalização dos mercados e do capital.

No entanto, a lógica neoliberal da realidade brasileira dificulta-se a


edificação e consolidação da democracia, da cidadania e da universalização
dos direitos sociais. Como resultado negativo, tem-se o desenvolvimento das
desigualdades sociais, a redução dos direitos sociais e trabalhistas e o aumento da
pobreza e da exclusão social.

Portanto, é importante a consolidação dos conselhos de direitos, sendo


essencial na solidificação do controle social e o desempenho das políticas sociais
de direito, garantindo os direitos sociais e a cidadania.

A formalização dos conselhos de direitos reflete sobre a efetividade da


descentralização das ações das políticas públicas e sociais. Constitucionalmente,
a descentralização das ações e dos serviços a serem prestados de acordo com a
realidade social e local fazem parte das políticas sociais e públicas para que o
cidadão exerça sua cidadania. Continuando com o pensamento de Souza (2012 p.
49):

Os conselhos municipais podem ser divididos em três tipos:


• Conselhos de políticas: caracterizam-se pela descentralização
administrativa e pelo repasse dos recursos do Governo Federal, como
no caso dos Conselhos Municipais de Saúde, de Educação, de Defesa
dos Direitos da Criança e do Adolescente, de Assistência Social.
• Conselhos de programas: estão vinculados a programas
governamentais específicos e trabalham articulados a comissões
municipais. Por exemplo, Conselho Municipal de Trabalho e Emprego,

97
UNIDADE 2 | AS INTERFACES NA CONSOLIDAÇÃO DE DIREITOS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

de Desenvolvimento Rural, de Habitação etc.


• Conselhos temáticos: possuem um formato variado, surgiram através
da iniciativa do Governo local, criados com o objetivo de suprir as
demandas da sociedade, temos como exemplo, o Conselho Municipal
de Direitos Humanos, da Mulher, do Idoso, dos Povos Indígenas, entre
outros.

A formação dos conselhos de direito e sua legislação, de qualquer segmento,


cabe exclusivamente ao prefeito municipal, já que ele conhece a criação, composição
e atributos da administração Pública Municipal, e entende o funcionamento de
tais.

2.1 COMO SÃO DIVIDIDOS OS CONSELHOS DE DIREITOS

Os conselhos de direitos seguem uma divisão quanto ao nível de governo.


Por outro lado, os conselhos existentes e seguem uma dialética que se segue:

• CONSELHO NACIONAL
• CONSELHO ESTADUAL
• CONSELHO MUNICIPAL

As demandas e as discussões dos conselhos de direitos sucedem de maneira


contrária à lógica estabelecida anteriormente, isso porque as ações dos conselhos
de direitos priorizam a ação do Controle Social, o nível mais associado à população.

Os conselhos de direitos não dependem da instância governamental,


possuem uma composição organizacional, em que cada conselheiro, seja o da
sociedade civil, que é eleito pela população; ou o representante governamental,
que é indicado pelo poder executivo local; está designado a um cargo, tais como:

• PRESIDENTE
• VICE-PRESIDENTE
• SECRETÁRIO

Após a eleição dos conselheiros é escolhida a diretoria executiva dos


conselhos e os demais eleitos servem como porta voz da comunidade.

2.2 O FUNCIONAMENTO DOS CONSELHOS DE DIREITOS

Os conselhos funcionam com base na legislação vigente, e também através


dos regulamentos internos, definidos pelo grupo eleito.

98
TÓPICO 3 | OS CONSELHOS DE DIREITOS NO BRASIL

A composição dos conselhos de direitos é paritária, sendo 50% dos


representantes do poder público e 50% dos representantes da sociedade civil. No
entanto, os cargos destinados para os representantes do Estado, independentemente
ser de instância municipal, estadual ou federal, indicados pelo poder executivo,
serão pessoas envolvidas nos segmentos ou nas políticas distintas.

Os representantes governamentais, geralmente, são servidores públicos


concursados, podendo usufruir de recursos operacionais, tais como: transportes,
diária de custos, diárias em eventuais eventos fora dos municípios (como, por
exemplo, os fóruns e as conferências estaduais). Assim conclui-se que:

A participação da população, portanto, está condicionada à própria


desigualdade. Os governamentais, porque são nomeados, podem
ser substituídos unilateralmente. Os eleitos, somente no caso de
renúncia, falecimento, afastamento ou perda do mandato, segundo os
procedimentos regimentais. Mesmo na hipótese da alternatividade da
presidência, os não governamentais não dispõem do acesso direto às
informações imprescindíveis sobre o orçamento, planejamento, e os
meios de execução do Poder Público, para o bom exercício presidencial.
Por isso, na realidade, o poder dos conselhos tende a concentrar-se nas
mãos da autoridade titular da respectiva pasta, que elabora o plano e
gere o fundo, embora sob a fiscalização do conselho (SIMÕES, 2008, p.
118).

Para auxiliar e fortalecer as ações dos conselhos de direitos, são os fóruns, as


assembleias e as conferências, que são ambientes mais ampliados para discussões,
debates, que acordam e indicam as políticas públicas e direcionamentos para a
melhoria na situação dos segmentos.

As conferências ocorrem nos três níveis de governo (municipal, estadual


e federal). Inicialmente, incidem as conferências municipais, com os debates
regionalizados e o posicionamento do município em relação ao segmento em
pauta.

Além de sair da conferência municipal posicionamentos e propostas de


atuação e implementação de um determinado segmento ou política, são escolhidos
através de votos diretos delegados representativos para participarem e defenderem
a ideia aprovada em nível municipal, na conferência estadual.

99
UNIDADE 2 | AS INTERFACES NA CONSOLIDAÇÃO DE DIREITOS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

FIGURA 15 - DELEGADOS REPRESENTATIVOS DOS CONSELHOS DE


DIREITOS

FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/


search?q=FOTO+DE+UMA+REUNI%C3%83O+DOS+
CONSELHOS+DE+DIREITOS&espv=2&biw= 1400&bih=949&tbm
=isch&tbo=u&source =univ&sa=X&ved=0ahUKEwiQoefit5nMAhXC
iZAKHXbBD uwQsAQIGw&dpr=1#imgrc=LkXFw6gHuH76_M%3A>. Acesso em:
18 abr. 2016.

Na conferência estadual, os delegados municipais levam suas propostas


a serem discutidas e debatidas nos grupos, selecionando propostas em nível
estadual, coletivamente.

Através dos votos diretos são escolhidos os representantes ou delegados


estaduais para participarem da conferência nacional, de onde sairão documentos
ou propostas de projetos de lei que podem transformar as diretrizes de uma
política social.

Por fim, na conferência nacional são apresentadas as propostas discutidas


e nas conferências estaduais irão discutir e depois elaborar um documento
descrevendo a vontade da coletividade.

Concretizando, assim, o controle social e a participação da sociedade civil


com benefícios e serviços nas políticas que são dever e responsabilidade do Estado
executar.

100
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você aprendeu que:

• Na década de 1970, no Brasil, teve início a participação de parcelas da sociedade


civil organizada na gerência de políticas sociais, em algumas administrações
públicas que se confrontavam ao governo militar, iniciando de forma embrionária
a democratização da esfera pública.

• A Constituição de 1988 apresentou grandes avanços em relação aos direitos


sociais, introduziu instrumentos de democracia, estabeleceu a democracia
participativa e abriu a possibilidade de criação de mecanismos de controle
social, como, por exemplo, os conselhos de direitos, de políticas de gestão e
políticas sociais específicas.

• Na década de 1990 houve a possibilidade de constituir novos caminhos para


que a participação da sociedade civil e dos movimentos sociais pelo Estado
alterassem as relações com a sociedade.

• A participação social tem como perspectiva o controle social que é exercido pelos
setores organizados na sociedade desde as formulações (planos, programas e
projetos), para atender ao interesse da coletividade.

• A participação popular se torna mais concreta, no âmbito do governo local, só


assim estará participando dos resultados decorrentes das políticas sociais.

• A lógica neoliberal na realidade brasileira dificulta a edificação e consolidação


da democracia, da cidadania e da universalização dos direitos sociais.

• Os conselhos de direitos seguem uma divisão quanto ao nível de governo.

• Os conselhos de direitos não dependem da instância governamental, possuem


uma composição organizacional, em que cada conselheiro, seja o da sociedade
civil ou do governo, tenha poder de apresentar seus interesses.

• O funcionamento dos conselhos é através da legislação vigente e de regulamentos


internos que são definidos pelo próprio grupo eleito e empossado.

• A composição dos conselhos de direitos é paritária, sendo 50% dos representantes


do poder público e 50% dos representantes da sociedade civil.

• Auxiliar e fortalecer as ações dos conselhos de direitos compete aos fóruns, às


assembleias e às conferências.

101
• As conferências ocorrem nos três níveis de governo (municipal estadual e
federal). Inicialmente, incidem as conferências municipais, com os debates
regionalizados e o posicionamento do município em relação ao segmento em
pauta.

• Na conferência nacional são apresentadas as propostas discutidas e nas


conferências estaduais irão discutir e depois elaborar um documento descrevendo
a vontade da coletividade.

102
AUTOATIVIDADE

1 A Constituição de 1988 apresentou grandes avanços em relação aos direitos


sociais, introduziu instrumentos de democracia, estabeleceu a democracia
participativa e abriu a possibilidade de criação de mecanismos de controle
social, como, por exemplo: cite esses exemplos.

2 A participação social tem como perspectiva o controle social que é exercido


pelos setores organizados na sociedade desde as formulações de:

a) ( ) Gestão orçamentária, conferências, fóruns.


b) ( ) Fóruns, democracia, conferências.
c) ( ) Planos, programas e projetos.
d) ( ) Conselhos de direitos, conselhos de gestores, conferências.

3 A partir do levantamento dos conselhos municipais existentes na sua


cidade, descubra quais foram as conferências municipais ocorridas e quando
aconteceram.

103
104
UNIDADE 2
TÓPICO 4

SERVIÇO SOCIAL E CONTROLE SOCIAL

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Já trabalhamos sobre o surgimento dos conselhos de
direitos e a importância da participação popular. Agora, discutiremos a importância
do controle social e a relevância do tema para o Serviço Social.

Verificaremos que o controle social tem sido empregado por várias partes
da sociedade, desde estudiosos e pesquisadores até pelos movimentos sociais e
populares, partidos políticos, ONGs e gestores das três esferas de governo, entre
outros.

Então, se torna muito importante compreender estas questões para a


atuação profissional do Serviço Social.

Bons estudos!

2 DISCUTINDO O CONCEITO DE CONTROLE SOCIAL

E
IMPORTANT

Antes de começarmos o estudo deste item: para você, o que é controle social?
O que essa palavra faz refletir? Antes de ler o texto, faça uma reflexão ao conceito de controle
social.
Controle social é visto como instrumento e forma de expressão da democracia e cidadania,
compartilhando o poder de decisão entre o Estado e a sociedade sobre suas políticas, é a
forma como a sociedade se relacionada e interliga com as políticas públicas.
FONTE: Disponível em: <www.polis.org.br/uploads/1058/1058.pdf>. Acesso em: 17 abr. 2016.

105
UNIDADE 2 | AS INTERFACES NA CONSOLIDAÇÃO DE DIREITOS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

O controle social tem sido empregado por várias partes da sociedade, desde
estudiosos e pesquisadores até pelos movimentos sociais e populares, partidos
políticos, ONGs e gestores das três esferas de governo, entre outros.

Conforme Bravo e Menezes (2012, p. 278),

O controle social na saúde é um direito conquistado, que advém do


capítulo da saúde da Constituição Federal de 1988, mais precisamente
do princípio “participação popular”. Um dos mecanismos importantes
de controle social são os conselhos de saúde compostos por usuários,
gestores, prestadores públicos e privados e trabalhadores de saúde, de
caráter permanente, deliberativo e partidário. O objetivo principal do
conselho é discutir, elaborar e fiscalizar a política gestora em cada esfera
de governo.

Os conselhos foram idealizados como uma estrutura de democratização do


poder no aspecto de novas bases de relação entre Estado e Sociedade.

Segundo Souza (2012, p. 49), os conselhos são instrumentos de participação


da população, dos usuários dos serviços e mesmo das instituições que prestam
os serviços, destinados à discussão, à deliberação e à fiscalização de políticas em
determinadas áreas. Segundo Wiese e Santos (2011, p. 77-78),

No Brasil, o termo controle social ganha visibilidade a partir do


processo de democratização na década de 1980 e, como já destacado
anteriormente, com a institucionalização dos mecanismos de
participação nas políticas públicas na Constituição de 1988 e nas leis
orgânicas: os conselhos gestores e as conferências.
a) Conselhos Gestores: instâncias colegiadas de caráter permanente
e deliberativo com composição paritária, entre os representantes dos
segmentos dos usuários e os demais segmentos;
b) Conferências Setoriais: que têm como objetivo avaliar e propor
diretrizes para as políticas específicas nas três esferas de governo.

Através do conhecimento político e econômico, a expressão controle social


pode ser apreendida em diferentes sentidos: por um lado entendida como o
controle social que é exercido pelo Estado sobre a sociedade civil favorecendo os
interesses da camada dominante, instituindo as políticas sociais para amenizar os
conflitos, mas o conceito restrito de Estado, ou seja, o Estado como administrador
dos interesses da camada dominante; do outro, a sociedade civil exercendo o
controle social sobre o Estado.

O entendimento sobre o Estado é visto como a percepção de interesses de


classes, como um meio conflitante, mesmo que represente a maioria dos interesses
da classe dominante. Portanto, o campo das políticas sociais aparece incoerente,
pois através delas o Estado domina a sociedade, ao mesmo tempo em que aciona
suas demandas.

106
TÓPICO 4 | SERVIÇO SOCIAL E CONTROLE SOCIAL

E
IMPORTANT

Falamos tanto em Estado, mas o que vem a ser Estado? Segundo o Dicionário
Houaiss (HOUAISS; VILLAR, 2006), Estado designa o “conjunto das instituições (governo, forças
armadas, funcionalismo público etc.) que controlam e administram uma nação”; "país soberano,
com estrutura própria e politicamente organizado”. É organizado política, social e juridicamente,
ocupando um território definido, normalmente, onde a Lei máxima é a Constituição Escrita e
dirigida por um governo que possui soberania reconhecida, tanto interna como externamente.
O Estado é responsável pela organização e pelo controle social.

Através de conferências das esferas de governo que se discute o melhor


para sociedade. Esses espaços privilegiados ficam estabelecidos para debate sobre
as políticas públicas em determinados setores, reúnem-se diversos segmentos para
reivindicarem o interesse da coletividade.

Segundo Correia (2005), essa participação, seja nos conselhos gestores


e/ou nas conferências, tomou a direção de controle social balizar pelos setores
progressistas da sociedade civil, ou seja, de controle por parte dos segmentos
organizados sobre as ações do Estado, para que esse atenda aos interesses da
maioria da população.

O autor faz uma reflexão de que poderá ser realizado o controle dos
setores organizados pela sociedade civil com ações do Estado para que possam
responder aos interesses de classes inferiores, ou seja, a maioria da população.

Conselhos de direitos/gestores: é nesse espaço contraditório que eles


inserem a participação institucionalizada, havendo a possibilidade de os
segmentos defenderem os interesses subalternos, neles presentes e representados,
por influências e controles dos rumos da política social.

Observe o esquema:

107
UNIDADE 2 | AS INTERFACES NA CONSOLIDAÇÃO DE DIREITOS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

FIGURA 16 - ESQUEMA DE CONTROLE SOCIAL NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Anseios da Sociedade

Proposta
Candidato/Gestor Público

Eleição/Designação Retroalimentação
• Determinações
• Recomendações
• Julgamento
Planejamento • Ações Judiciárias
(Plano Plurianual, LDO, LOA)
Tribunais de Contas
Controles Internos
Execução Ministério Público
Atuação Corregedorias
Poder Judiciário

CONTROLE SOCIAL
E demais sistemas de controle

SOCIEDADE

FONTE: Disponível em: <http://files.conscienciapolitica.webnode.pt/200000173-313c23235c/


controle.PNG>. Acesso em: 14 abr. 2016.

O controle social e a formalização dos conselhos de direitos se definem


como instrumentos de adequação da realidade social, como também uma maneira
de fiscalizar, estabelecer uma maneira de vigilância sobre os investimentos dos
serviços prestados com verbas públicas.

Raichelis (2000 p. 119) considera controle social como um dos elementos


constitutivos da estratégia política da esfera pública.

Implica o acesso aos processos que informam decisões da sociedade


política, que devem viabilizar a participação da sociedade civil
organizada na formulação e na revisão das regras que conduzem as
negociações e arbitragens sobre interesses em jogo, além da fiscalização
daquelas decisões, segundo critérios pactuados.

Para que o controle social seja exercido, o caminho a ser percorrido é a


formalização dos conselhos de direitos que devem estar presentes em todas as
instâncias governamentais. Souza (2011, p. 49) nos faz entender os procedimentos
dos conselhos de direitos na esfera municipal.
Os conselhos atuam nos três níveis de governo e são instrumentos de
participação da população, dos usuários dos serviços e mesmo das

108
TÓPICO 4 | SERVIÇO SOCIAL E CONTROLE SOCIAL

instituições que prestam serviços. São formados pela ação do executivo.


Em algumas áreas, as resoluções definidas pelos conselhos são
vinculadas ao planejamento governamental. É o que ocorre na saúde, na
educação e na assistência social. A instituição de conselhos municipais
representa um dos principais aspectos da política de descentralização,
controle social e participação, implementada nas décadas de 1980 e
1990, ampliando os espaços de interlocução entre a sociedade civil e o
Governo, além de colocar em prática os mecanismos que fortalecem a
concepção da democracia no País.

O Serviço Social, desde sua origem, teve um desempenho fundamental no


auxílio no controle social do Estado sobre a sociedade, amenizando e mediando
nos conflitos e na expansão do capital, apresentando as demandas da classe
trabalhadora.

A profissão aparece vinculada aos mecanismos criados pelo Estado para o


enfrentamento da questão social, institucionalizando-se como profissão à medida
que o Estado implementa políticas de corte assistencial.

2.1 O SERVIÇO SOCIAL E O CONTROLE SOCIAL

Os conselhos podem ser entendidos como espaços nos quais os Assistentes


Sociais têm uma dupla participação: como representantes dos diversos segmentos,
a depender da entidade que representa, ou como assessores do conselho ou de
alguns segmentos, em particular, dos usuários.

Segundo Matos (2006), o profissional de Serviço Social está sendo solicitado


a operar nas gestões das políticas públicas para instituir, organizar e assessorar
os conselhos e conferências, os orçamentos públicos, os planos e projetos, seja no
domínio municipal ou no estadual, movimentando a participação dos usuários e
dos setores organizados da sociedade.

Os assistentes sociais expandem seu espaço ocupacional com atividades


relacionadas à implantação e direção dos conselhos de políticas públicas, à
capacitação de conselheiros, à elaboração de planos de assistência social, ao
acompanhamento e avaliação de programas e projetos.

109
UNIDADE 2 | AS INTERFACES NA CONSOLIDAÇÃO DE DIREITOS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

DICAS

Para um aprofundamento destes temas, sugerimos: Vídeo: O Olho do Cidadão


- Conselhos e Controle Social, A Controladoria-Geral da União (CGU) e a organização não
governamental Avante – Educação e Mobilização Social – informam aos cidadãos que todos
têm o direito de acompanhar o que é feito pelo governo com as contribuições pagas por meio
de impostos e ensinam como é possível exercer a cidadania e fiscalizar o que é feito com o
dinheiro público. (Tamanho: 36Mb Duração: 11m 01s. Formato: wmv). FONTE: Disponível em:
<http://www.cgu.gov.br/assuntos/controle-social/olho-vivo/produtos/arquivos/olho_cidadao.
wmv/view>. Acesso em: 30 jan. 2011. Livro: RAICHELIS, Raquel. Esfera pública e conselhos de
assistência social: caminhos da construção democrática. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2008.

LEITURA COMPLEMENTAR

CARTILHA ORIENTADORA PARA CRIAÇÃO E FUNCIONAMENTO DOS


CONSELHOS DE DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

I - CONSELHOS DE DIREITOS E CONTROLE SOCIAL – CRIAÇÃO

Os Conselhos de Direitos surgiram a partir da Constituição Federal de 1988,


fundamentados no âmbito da formulação, da deliberação, do monitoramento do
controle social e avaliação das políticas públicas.

A sua criação pode ocorrer pela manifestação da sociedade civil ou por


iniciativa do Poder Executivo, o qual deverá enviar ao Poder Legislativo uma
proposta para formulação de um Projeto de Lei (PL). Após aprovação do PL, este
deverá ser encaminhado ao Executivo para sanção e publicação da lei, que será
regulamentada por meio de decreto.

FINALIDADE

O órgão do poder executivo Estadual ou Municipal ao qual o Conselho


estiver vinculado, já regulamentado, deverá imediatamente constituir uma
comissão eleitoral, que iniciará o Processo Eleitoral com a finalidade de eleger as
representações que comporão o Conselho. Após a eleição, o Poder Executivo dará
posse aos membros eleitos e convocará a primeira reunião com a seguinte pauta:
elaboração do Regimento Interno e eleição de seu corpo diretivo.

COMPETÊNCIAS

As principais competências dos Conselhos são:


I - propor e deliberar sobre ações para os planos e programas dos Estados/Municípios
referentes à promoção e à defesa dos direitos das pessoas com deficiência;

110
TÓPICO 4 | SERVIÇO SOCIAL E CONTROLE SOCIAL

II - zelar pela efetiva implementação da política para inclusão da pessoa com


deficiência;
III - acompanhar o planejamento e avaliar a execução das políticas públicas relativas
à pessoa com deficiência;
IV - acompanhar a elaboração e a execução da proposta orçamentária pertinente à
consecução da política para inclusão da pessoa com deficiência;
V - propor a elaboração de estudos e pesquisas que objetivem a melhoria da
qualidade de vida da pessoa com deficiência;
VI - propor e incentivar aos órgãos competentes a realização de campanhas
visando à prevenção de deficiências e à promoção e defesa dos direitos da pessoa
com deficiência;
VII - deliberar sobre o plano de ação estadual/municipal anual;
VIII - acompanhar, mediante relatórios de gestão, o desempenho dos programas
e projetos da política estadual/municipal para inclusão da pessoa com deficiência;
IX - colaborar com o monitoramento e a implementação da Convenção sobre os
Direitos das Pessoas com Deficiência e do seu Protocolo Facultativo em seu âmbito
de atuação;
X - criar uma rede de articulação e comunicação entre os conselhos municipais,
cuja atribuição é exclusiva do Conselho Estadual;
XI - manter cadastro atualizado dos Conselhos de Direitos da Pessoa com
Deficiência, atribuição esta exclusiva do Conselho Estadual;
XII – Eleger seu corpo diretivo; XIII - Elaborar e aprovar o seu Regimento Interno; e
XIV – Convocar a Conferência dos Direitos da Pessoa com Deficiência.

ESTRUTURA BÁSICA DO CONSELHO

É no Regimento Interno que se define a estrutura do Conselho, havendo a


necessidade de garantir:

• Plenário;
• Corpo Diretivo;
• Comissões Permanentes;
• Comissões Provisórias;
• Secretaria/Coordenação Executiva.

ACESSIBILIDADE

Para garantir a plena participação da pessoa com deficiência e o direito


constitucional de ir e vir, o Conselho deverá atender às normas técnicas de
acessibilidade, sendo obrigatório que o Conselho esteja instalado em prédio
acessível, bem como seu entorno. Necessitará também que suas instalações sejam
dotadas de equipamentos e mobiliários adequados. A comunicação com as pessoas
com deficiência deve ser garantida dentro de suas especificidades, tais como:
Língua Brasileira de Sinais (Libras), escrita Braille e outros.

111
UNIDADE 2 | AS INTERFACES NA CONSOLIDAÇÃO DE DIREITOS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

COMPOSIÇÃO

O Conselho deverá ser constituído por representantes de Governo e de


Sociedade Civil. Deve ser garantido à Sociedade Civil o percentual mínimo de
50% (cinquenta por cento). Na composição do Conselho, não existe um número
definido de representação. Contudo, o número mínimo de 10 (dez) representantes
é recomendável.

REGIMENTO INTERNO DO CONSELHO

O Regimento Interno será um instrumento que regulará o funcionamento


do Conselho, estabelecendo regras para participação dos conselheiros nas
Comissões Permanentes, no Plenário e nas representações do Conselho quando
demandado. O Regimento Interno também tem a finalidade de estabelecer a
estrutura e competência de seu corpo diretivo e definir os períodos de alternância
entre Sociedade Civil e Governo na Presidência. A exemplo do Conade, sugerimos
a criação da Presidência Ampliada cujos membros são os coordenadores das
Comissões Permanentes.

II - FORTALECIMENTO DOS CONSELHOS DE DIREITOS

Primando pelo zelo e o bom funcionamento dos Conselhos, é necessário


que estes sejam precedidos por uma ampla discussão sobre sua atuação, finalidade,
competência, devendo inclusive ocorrer capacitações contínuas de seus membros
e fortalecimento da rede de comunicação e articulação entre seus pares.

MANDATO

Quanto ao período de mandato, cada Estado ou Município tem


independência para defini-lo. Contudo, a exemplo do Conade, sugerimos períodos
de 2 (dois) anos.

FUNÇÃO PÚBLICA DO CONSELHO

Para que o Conselho tenha uma atuação satisfatória, é necessário garantir


sua participação durante a elaboração das políticas do governo local, atuando no
planejamento da dotação orçamentária do ano subsequente de todas as Secretarias
de Governo para que implementem as políticas públicas relacionadas à promoção
e garantia de direitos da pessoa com deficiência.

FUNÇÃO PÚBLICA DOS CONSELHEIROS

Além da atuação política, os conselheiros deverão dar conhecimento


aos seus representados, relatando matérias e atuando diretamente na rede de
articulação entre seus pares. Cabe, ainda, atuar na sensibilização da sociedade em
geral acerca da defesa dos direitos das pessoas com deficiência.

112
TÓPICO 4 | SERVIÇO SOCIAL E CONTROLE SOCIAL

III – INSTRUMENTOS E MECANISMOS DE CONTROLE SOCIAL

Frequentemente, os Conselhos de Direitos da Pessoa com Deficiência são


confundidos com instâncias de atendimento ao cidadão que tenha o seu direito
violado. Dessa forma, devemos esclarecer que não compete aos Conselhos de
Direitos atuar como órgãos de investigação e que cabe ao Conselho repassar e
acompanhar os casos de violação de direitos coletivos. Consideramos instâncias
apropriadas para os casos de violação dos direitos os seguintes órgãos:

MINISTÉRIO PÚBLICO

Na Constituição Federal, define-se o Ministério Público como instituição


permanente, essencial à função jurisdicional da justiça e que tem, entre suas
atribuições, a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses
sociais e individuais indisponíveis. Suas funções institucionais são: zelar pelo
efetivo respeito pelos poderes públicos, pelos serviços de relevância pública e
também pelos direitos assegurados na Constituição, promovendo as medidas
necessárias para a sua garantia.

DEFENSORIA PÚBLICA

A Defensoria Pública presta assistência jurídica integral e gratuita ao


cidadão que não tenha condição de pagar pelos serviços de um advogado.

TRIBUNAL DE CONTAS

Os Tribunais de Contas funcionam como órgãos fiscalizadores auxiliares


do Poder Legislativo.

CONSELHOS DE ÓRGÃOS DE CLASSE

São órgãos responsáveis pela fiscalização e regulamentação do exercício


profissional de suas respectivas categorias, mas também atuam como instâncias de
controle social, a exemplo da OAB, CREA, CRM e outros.

IV - INSTRUMENTOS E MECANISMOS DE PARTICIPAÇÃO CONFERÊNCIAS

As conferências têm a finalidade de monitorar nos três níveis de governo


(federal, estadual e municipal) a implantação das políticas públicas e seus
resultados, tornando-se também um momento de amplo debate para deliberação
das políticas futuras.

As Conferências dos Direitos da Pessoa com Deficiência geralmente ocorrem


mediante convocação do Conade, mas não é vedado aos estados e municípios
realizá-las ou quando previsto na sua legislação.

113
UNIDADE 2 | AS INTERFACES NA CONSOLIDAÇÃO DE DIREITOS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

AUDIÊNCIA PÚBLICA

É um procedimento de consulta pública à sociedade sobre um tema


específico, que vislumbre a possibilidade de estabelecer o diálogo com a Sociedade
Civil, cujo objetivo seja a de buscar soluções para as demandas do segmento das
pessoas com deficiência.

CONSULTA PÚBLICA

A consulta pública é um sistema criado com o objetivo de auxiliar na


elaboração e coleta de opiniões da Sociedade Civil sobre temas de importância
para a área de atuação.

FONTE: Disponível em:<http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/


arquivos/%5Bfield_generico_imagens-filefield-description%5D_145.pdf>. Acesso em: 18 abr. 2016.

114
RESUMO DO TÓPICO 4
• O controle social tem sido empregado por várias partes da sociedade, desde
estudiosos e pesquisadores até pelos movimentos sociais e populares, partidos
políticos, ONGs e gestores das três esferas de governo, entre outros.

• Através do conhecimento político e econômico, a expressão controle social


pode ser apreendida em diferentes sentidos: por um lado entendida como o
controle social que é exercido pelo Estado sobre a sociedade civil favorecendo
os interesses da camada dominante, instituindo as políticas sociais para
amenizar os conflitos, mas o conceito restrito de Estado, ou seja, o Estado como
administrador dos interesses da camada dominante; do outro, a sociedade civil
exercendo o controle social sobre o Estado.

• Os conselhos foram idealizados como uma estrutura de democratização do


poder no aspecto de novas bases de relação entre Estado e Sociedade.

• Portanto, o campo das políticas sociais aparece incoerente, pois através delas o
Estado domina a sociedade, ao mesmo tempo em que aciona suas demandas.

• Os conselhos de direitos/gestores, é nesse espaço contraditório que eles inserem


a participação institucionalizada, havendo a possibilidade de os segmentos
defenderem os interesses subalternos, neles presentes e representados, por
influências e controles dos rumos da política social.

• O controle social e a formalização dos conselhos de direitos se definem como


instrumentos de adequação da realidade social, como também uma maneira
de fiscalizar, estabelece uma maneira de vigilância sobre os investimentos dos
serviços prestados com verbas públicas.

• Para que o controle social seja exercido o caminho a ser percorrido é a


formalização dos conselhos de direitos que devem estar presentes em todas as
instâncias governamentais.

• Os assistentes sociais expandem seu espaço ocupacional com atividades


relacionadas à implantação e direção dos conselhos de políticas públicas, à
capacitação de conselheiros, à elaboração de planos de assistência social, ao
acompanhamento e avaliação de programas e projetos.

115
AUTOATIVIDADE

1 Através do conhecimento político e econômico, a expressão controle social


pode ser apreendida em diferentes sentidos. COMO?

2 Como os assistentes sociais exercem o seu papel nos espaços ocupacionais?

116
UNIDADE 3

CONHECENDO ALGUNS
CONSELHOS DE DIREITOS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

A partir desta unidade, você será capaz de:

• identificar as formas de controle social na política de saúde, principalmen-


te através dos conselhos e das conferências;

• conhecer o funcionamento dos conselhos de direitos com a participação


democrática;

• identificar a importância dos movimentos sociais nos conselhos de direi-


tos e sua implementação;

• identificar as principais funções de cada conselho e atribuições dos conse-


lheiros;

• identificar o serviço social participativo no controle social.

PLANO DE ESTUDOS
A Unidade 3 está dividida em quatro tópicos e, ao final de cada um deles,
você terá a oportunidade de fixar seus conhecimentos realizando as ativida-
des propostas.

TÓPICO 1 – POLÍTICAS DE SAÚDE, CONFERÊNCIAS E CONSELHO DE


SAÚDE

TÓPICO 2 – A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA E REFORMA DO


ENSINO

TÓPICO 3 – O CONSELHO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

TÓPICO 4 – CONSELHO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

117
118
UNIDADE 3
TÓPICO 1

O CONSELHO DE SAÚDE

1 INTRODUÇÃO

Até o presente momento, conhecemos as formas de mobilização da


população através dos movimentos sociais brasileiros. Depois discutimos a
importância dos conselhos de direitos e como esse espaço se perpetua sobre o
profissional do serviço social.

Nesta unidade, finalizando essa jornada sobre os movimentos sociais,


conheceremos alguns dos conselhos de direitos existentes na esfera das políticas
brasileiras.

Comecemos discutindo sobre o conselho de saúde, o pioneiro na esfera do


controle social sobre uma determinada política pública. Vamos conhecer?

2 A TRAJETÓRIA HISTÓRICA E A EVOLUÇÃO DOS


ESPAÇOS DOS CONSELHOS E CONFERÊNCIAS DE SAÚDE
NA CONSOLIDAÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
O movimento histórico da saúde teve muitos marcos como também lutas
pelo mínimo de direitos, ou seja, os direitos universais. Compreendem-se os
fundamentos teóricos e conceituais e legais de proteção social através da legislação
da Constituição Federal que em seu artigo define a saúde como um direito. Esta
trajetória está dividida em quatro partes: a primeira, a luta pela conquista de direitos
dos movimentos sociais e da saúde; a segunda são as políticas de seguridade e
saúde que correspondem ao sistema de proteção e de direito à saúde; na terceira
parte descreve-se a seguridade social como política pública que reforça os direitos
fundamentais ao cidadão; e na última parte apresenta as origens e a evolução do
sistema de saúde brasileiro que caracteriza os marcos teóricos e conceituais que
fundamentaram a reforma sanitária e deram origem ao Sistema Único de Saúde
(SUS), como política de saúde.

2.1 POLÍTICAS DE SEGURIDADE SOCIAL

A seguridade social é uma forma de política voltada para a proteção do


cidadão/indivíduo. Tendo como princípio a dignidade da pessoa humana, lhe
conferindo proteção em situações de humilhação ou discriminação.

119
UNIDADE 3 | CONHECENDO ALGUNS CONSELHOS DE DIREITOS

Desta forma, foi criada a Seguridade Social, por meio de necessidades


apresentadas por pessoas que precisam da ajuda do Estado de alguma forma.

2.2 A SEGURIDADE SOCIAL COMO POLÍTICA PÚBLICA

A seguridade social como Política Pública procura atender às necessidades


dos indivíduos de forma individual, inibindo assim problemas que se não forem
combatidos logo de início podem trazer consequências para toda a sociedade.

De modo geral, quando se trata do indivíduo trabalhador, o Estado entendeu


que em defesa aos riscos oferecidos no trabalho, eram oferecidos auxílios, pois em
casos de perda da capacidade de trabalhar, era apenas oferecida assistência de
caridade individual, ou seja, a pessoa dependia da ajuda de outras pessoas, esse
cenário só se modificou a partir da Revolução Industrial.

Após a Declaração dos Direitos Humanos, passou a existir a proteção


do Estado, por meio da Seguridade Social. Na Europa, houve a criação de um
ordenamento jurídico que garantia direitos mais amplos, como uma renda no caso
de incapacidade laboral, idade avançada, doença, entre outros.

Além do seguro, surgiram direitos à proteção quando se diz respeito aos


contratos realizados entre trabalhadores e empregadores. Com tais mudanças
ocorridas na Europa, o Brasil passou a ter outra visão, criando bases para o
surgimento da Previdência Social no Brasil.

Antigamente, os serviços da Seguridade Social eram voltados somente


para previdências, as quais garantiam seguro social para a aposentadoria e alguns
estabelecimentos públicos relacionados com a saúde do indivíduo, ou seja, somente
para as pessoas que estavam empregadas formalmente.

Através da Constituição Federal/88, o País instituiu as bases de uma Política


de Proteção Social Não Contributiva.

Em 1988, o Brasil, através da sua Constituição, abrangeu as áreas de saúde


e assistência social. Desta forma, foram incluídos aqueles que não contribuíram
para a previdência, que estavam excluídos do sistema por não serem contribuintes.

A partir da Lei nº 8.080, podemos defender e entender o conceito de saúde.


Através dela podem ser estabelecidas diretrizes do sistema de saúde, que são:

I- universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de


assistência;
II- integralidade de assistência, entendida como um conjunto articulado
e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e
coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade
do sistema;
III- preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade

120
TÓPICO 1 | O CONSELHO DE SAÚDE

física e moral;
IV- igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de
qualquer espécie;
V- direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;
VI- divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de
saúde e sua utilização pelo usuário;
VII- utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades,
a alocação de recursos e a orientação programática;
VIII- participação da comunidade;
IX- descentralização político-administrativa, com direção única em cada
esfera de governo:
a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios;
b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde;
X- integração, em nível executivo, das ações de saúde, meio ambiente e
saneamento básico;
XI- conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e
humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
na prestação de serviços de assistência à saúde da população;
XII- capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de
assistência;
XIII- organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de
meios para fins idênticos (BRASIL, 1990b).

A participação da comunidade é vista como diretriz do novo Sistema Único


de Saúde (SUS), tornando-se lei no item III do artigo 198 da seção II da Constituição
Federal de 1988 (BRASIL, 2002). A Lei Orgânica de Saúde foi publicada em 1990, n.
8080/1990 (BRASIL, 1990b), lei que regulamenta o SUS e define suas atribuições e
competências à União, aos Estados e municípios, definindo também critérios para
financiamento no setor.

2.3 POLÍTICAS DE SAÚDE

As primeiras ações a serem descentralizadas foram a da área de saúde, antes


mesmo da criação do Sistema Único de Saúde – SUS. Antes disso, tais atividades
eram vinculadas à previdência.

Existia uma divisão da população em relação à previdência, que são


divididas em dois grupos: previdenciários (contribuintes) e não previdenciários
(não contribuintes). E existe também um terceiro grupo que paga os serviços de
saúde por conta própria, através de planos de saúde ou serviços privados.

• Os previdenciários contribuíam para a previdência e possuíam acesso à saúde


de forma mais ampla, em que era oferecida uma rede de serviços através do
Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social, tais como:
serviços ambulatórias e hospitalares, entre outros serviços ofertados.
• Os não previdenciários, aqueles que não contribuíam, por isso tinham o acesso
limitado, restrições a hospitais públicos e outras entidades assistenciais.

Segundo o Ministério da Saúde (MS) (1995) e as Secretarias de Saúde dos

121
UNIDADE 3 | CONHECENDO ALGUNS CONSELHOS DE DIREITOS

estados e municípios, o principal desenvolvimento era voltado para ações de


promoção à saúde, assim como a prevenção de doenças de forma bem limitada,
dando maior relevância às campanhas de vacinação e controle de endemias,
havendo restrições à população não previdenciária. O poder público oferecia
assistência à saúde através da:

1. Da Previdência Social – primeiramente pelo Instituto Nacional de Previdência


Social.
2. Mais tarde, pelo Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
(INAMPS), autarquia do Ministério da Previdência e Assistência Social.

2.4 O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS

O Sistema Único de Saúde – SUS – é um sistema que presta serviços e ações


de saúde em todo território nacional, sendo de concepção unificada, organizada e
regionalizada, além de hierarquizada.

Para melhor compreender, construímos uma linha do tempo, com datas


que foram marcadas por momentos de definição política, que contribuíram para
a formação do SUS nos dias de hoje, onde apresentamos todo o processo ocorrido
até a criação do SUS, e as mudanças ocorridas após sua criação.

1932 – Criação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs)


Os IAPs foram criados no Estado Novo, governado por Getúlio Vargas.
Foram criados após reinvindicações e lutas por meio dos trabalhadores, em busca
de assistência médica.

1965 – Criação do Instituto Nacional da Previdência Social (INPS)


É resultado da unificação dos IAPs, que vendeu resistência à unificação por
meio de profissionais que possuíam institutos mais ricos e o regime autoritário de 1964.

1977 – Criação do SINPAS e do INAMPS


Em 1977 foi a vez do Sistema Nacional de Assistência e Previdência Social
(SINPAS), através dele o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência
Social (INAMPS) se tornou o órgão governamental principal para prestar
assistência médica.

1982 – Implantação do PAIS


Esse programa era conhecido como Programa de Ações Integradas de Saúde
(PAIS), foi implantado em 1982. Oferecendo atenção primária, era a rede de entrada de
todo o sistema de saúde. Tendo em vista a conexão das instituições públicas de saúde
que eram mantidas pelas mais distintas esferas de governo. A proposta era a criação
de sistemas e atribuía a prioridade na rede pública dos serviços de saúde. Tornou
viável a realização de convênios entre Ministério da Saúde, Ministério da Previdência
e Assistência Social e Secretarias de Estado de Saúde.
122
TÓPICO 1 | O CONSELHO DE SAÚDE

1986 – VIII Conferência Nacional de Saúde


A VIII Conferência Nacional de Saúde contou com grande participação
da sociedade, ocorreu após o fim da ditadura militar, que se iniciou em 1964,
consagrou o princípio de saúde como direito universal e dever do Estado; tais
princípios foram atribuídos na Constituição de 1988.

1987 – Criação dos SUDS


Em 1987 foram criados Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde
(SUDS), tendo como principais diretrizes a universalização e imparcialidade
no acesso aos serviços de saúde, além da descentralização das ações de saúde,
houve também a implementação de distritos sanitários e a íntegra dos cuidados
assistenciais. Através disso, o Governo Federal começou a repassar recursos para
estados e municípios ampliarem suas redes de serviços.

1988 – Constituição Cidadã


A “Constituição Cidadã” foi aprovada em 1988, estabelecendo a saúde
como direito de todos e dever do Estado. Apresentando, na sua Seção II, como
pontos básicos: “as necessidades individuais e coletivas são consideradas de
interesse público e o atendimento um dever do Estado; a assistência médico-
sanitária integral passa a ter caráter universal e destina-se a assegurar a todos o
acesso aos serviços; estes serviços devem ser hierarquizados segundo parâmetros
técnicos e a sua gestão deve ser descentralizada”. Também estabeleceu que todo
custo deverá ser feito através dos recursos governamentais da União, estados e
municípios, e as ações governamentais submetidas a órgãos colegiados oficiais, os
Conselhos de Saúde, com representação paritária entre usuários e prestadores de
serviços (BRASIL, 1988).

1990 – Criação do SUS


A Criação do Sistema Único de Saúde (SUS) foi feita por meio da Lei nº
8.080, de 19 de setembro de 1990, que “dispõe sobre as condições para a promoção,
proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
correspondentes”. De acordo com suas leis orgânicas, o SUS pode ser finalmente
estruturado, mas ainda necessitava de aprimoramentos que seriam necessários
(BRASIL, 1990a).

1991 – Criação da Comissão de Intergestores Tripartite (CIT)


Criada a Comissão de Intergestores Tripartite (CIT), representada pelo
Ministério da Saúde, secretarias estaduais de saúde e secretarias municipais de
saúde e da primeira norma operacional básica do SUS, além da Comissão de
Intergestores Bipartite (CIB), para operacionalizar a implantação do SUS.

As duas comissões auxiliaram o fortalecimento da gestão do SUS, sendo


compartilhada por vários níveis do governo.

1993 – NOB-SUS 93
Em 1993 foi publicada a NOB-SUS 93, que buscava a restauração da
implantação do SUS e estabelecer o princípio da municipalização. Instituiu
níveis de gestão local do SUS e estabeleceu um conjunto de estratégias, que
123
UNIDADE 3 | CONHECENDO ALGUNS CONSELHOS DE DIREITOS

favoreceram a descentralização político-administrativa da saúde. Definiu níveis


de responsabilidade e competência na gestão do novo sistema de saúde.

1996 – NOB 96
A edição da NOB 96 trouxe uma proposta para um novo modelo de atenção.
Acelerando a descentralização dos recursos federais para os estados e municípios,
trazendo a autonomia para a gestão de todas as esferas até então descentralizadas,
buscando mudanças para a lógica assistencial, incentivando programas dirigidos
à população mais carente, como o Programa de Agentes Comunitários de Saúde
(PACS), além das práticas do Programa de Saúde da Família (PSF).
As principais inovações da NOB 96 foram: a concepção ampliada de saúde,
o fortalecimento das instâncias colegiadas e da gestão pactuada e descentralizada,
as transferências fundo a fundo (do Fundo Nacional de Saúde) direto para os
fundos municipais de saúde, regulamentados pela NOB-SUS 96.

2002 – Norma Operacional de Assistência à Saúde/NOAS-SUS


Em 2002 foi editada a Norma Operacional de Assistência à Saúde/NOAS-
SUS, dando importância maior ao processo de regionalização do SUS, através
de uma avaliação onde a municipalização da gestão apresentava ser insuficiente
para a configuração do sistema de saúde, por não obter mecanismos regionais de
organização e definições mais claras dos serviços prestados. Temos como exemplo
o Pacto pela Vida, que obteve grande incorporação, sendo este um dos processos
de regionalização do SUS.

Atualmente, o SUS é mais voltado ao combate das grandes endemias, tais


quais contribuíram para a criação de um sistema de saúde. Temos como exemplo
a campanha contra a Febre Amarela, que foi conduzida por Oswaldo Cruz, que
gerou bastante polêmica na época. Diante deste contexto, Souza (2012, p. 53)
contribui dizendo que:

O SUS oferece ações como vigilância sanitária, fiscalização e controle


de substâncias e produtos de interesse para a saúde, produção de
medicamentos e de equipamentos, formação de recursos humanos na
área de saúde, incremento ao desenvolvimento científico e tecnológico,
além de colaboração na proteção ao meio ambiente e na formulação da
política e execução das ações de saneamento básico.

Através do SUS todos têm direitos a consultas, exames, internações e


tratamentos nas Unidades de Saúde que possuem vínculo ao SUS, seja qual for a
esfera: municipal, estadual ou federal, assim como públicas ou privadas, que são
contratadas pelo gestor público de saúde.

Com a implementação do SUS as três esferas do governo são responsáveis


por implantarem o SUS, destacando o município, que tem como objetivo trabalhar
de forma integrada com as demais esferas, construindo as políticas setoriais e

124
TÓPICO 1 | O CONSELHO DE SAÚDE

intersetoriais, garantindo a toda população o acesso universal e igualitário aos


serviços da saúde.

NOTA

O SUS é sustentado pelos seguintes princípios:


1- Acesso universal.
2- Cobertura integral.
3- Gratuidade dos serviços.
4- Financiamento público.
5- Descentralização da gestão para Estados e municípios.

Em todos os níveis de governo é necessário haver atenção à saúde, em


todo âmbito do SUS, envolvendo ações conjuntas que são investidas em todos os
níveis, para atender a toda a demanda e exigências elencadas na área ambiental
nos seguintes campos:

• Assistência aos usuários ou à população: visando à prevenção e dando maior


atenção aos ambulatórios, hospitais e em domicílio.
• Intervenções ambientais: amplamente, incluindo relações e condições sanitárias
em ambientes de trabalho e de vida, controlando setores e hospedeiros, operando
sistemas de saneamento ambiental.
• Políticas externas no setor de saúde: interferem no ambiente social,
determinantes no processo de saúde-doenças da população em geral, tendo
importantes questões relacionadas às políticas macroeconômicas, ao emprego e
habilitação, a educação, ao lazer e acesso a alimentos de qualidade.

De acordo com Souza (2012), o SUS está estruturado em três níveis de


atenção à saúde:

1) Atenção Primária ou Atenção Básica: como o próprio nome indica, é a primeira


atenção que a população recebe e a porta de entrada para os demais níveis.
Compreende ações de promoção da saúde, prevenção de doenças ou de agravos
em doenças preexistentes. São responsáveis pelo atendimento nesse nível os
Postos de Saúde e as Unidades Básicas de Saúde (UBS).
2) Atenção Secundária: comporta os ambulatórios especializados cuja demanda
de atenção à saúde é de média complexidade. Por exemplo, ambulatório
de cardiologia, atendimento ambulatorial de neurologia, atendimento
ambulatorial de saúde mental. Nesse caso, para ser atendido, o usuário passa,
obrigatoriamente, pela triagem no nível primário ou em serviços de urgência e
emergência.
3) Atenção Terciária: é o atendimento de complexidade alta e compreende a
reabilitação da saúde. Os hospitais são responsáveis por esse atendimento e,

125
UNIDADE 3 | CONHECENDO ALGUNS CONSELHOS DE DIREITOS

para ter acesso a ele, é necessário ter passado pelos demais níveis ou pelo serviço
de urgência e emergência.

Os níveis de atenção são interligados entre si e não isolados, e também


não anulam um ao outro, pois possuem um sistema integrado de referência e
contrarreferência.

Desta forma, quando o usuário requer um nível de tratamento mais


especializado, ele recebe o encaminhamento. E quando não necessita mais, deixando
de possuir tal complexidade, o nível retorna a ser primário por contrarreferência.

Lembrando que a atenção básica é o princípio de competência municipal.

Atualmente, a legislação brasileira ampliou a definição de saúde, levando


em consideração que é resultado de fatores que determinam e condicionam:
a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a
educação, transporte, lazer e a disponibilidade a bens e serviços considerados
essenciais.

Desta forma, as gestões municipais do SUS articulam com as demais esferas


do governo, devendo desenvolver ações conjuntas com setores do governo, como
por exemplo, meio ambiente, educação, e o urbanismo, entre outros. Contribuindo
de forma direta e indireta para promover melhoras condições de vida e de saúde
à sociedade em geral.

DICAS

O movimento da Reforma Sanitária nasceu no contexto da luta contra a ditadura,


no início da década de 1970. A expressão foi usada para se referir ao conjunto de ideias que se
tinha em relação às mudanças e transformações necessárias na área da saúde. Essas mudanças
não abarcavam apenas o sistema, mas todo o setor de saúde, em busca da melhoria das
condições de vida da população.
Grupos de médicos e outros profissionais preocupados com a saúde pública desenvolveram
teses e integraram discussões políticas. Este processo teve como marco institucional a 8ª
Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986. Entre os políticos que se dedicaram a esta
luta estava o sanitarista Sérgio Arouca.
As propostas da Reforma Sanitária resultaram, finalmente, na universalidade do direito à saúde,
oficializado com a Constituição Federal de 1988 e a criação do Sistema Único de Saúde (SUS).
Assista ao vídeo TRAJETÓRIA E RUMOS DO SUS pelo endereço eletrônico. Disponível em:
<http://pensesus.fiocruz.br/reforma-sanitaria>. Acesso em: 25 maio 2016.

126
TÓPICO 1 | O CONSELHO DE SAÚDE

3 CONSELHOS DE DIREITOS E O CONTROLE SOCIAL

É com a Constituição Federal de 1988 que o controle social na saúde se torna


um direito, sendo entendido como a participação da população na elaboração,
implementação e fiscalização das políticas públicas. Essa concepção se originou no
processo de redemocratização da sociedade brasileira com o aprofundamento do
debate referente à democracia (BRASIL, 2002).

A saúde envolve a seguridade social brasileira, em conjunto com a assistência


social e a previdência social. Na Constituição, os artigos 196 a 200 são referentes
à saúde, destacando o entendimento que a saúde é um direito e dever do Estado
e a gestão sistemática da saúde precisa de integração e regionalização (BRASIL,
2002). Desta forma, conceituando a saúde expressamente na lei orgânica de saúde
destacando que a lei regulamenta a participação da população intermediando as
duas instâncias colegiada: que são a conferência e o conselho de saúde.

Geralmente, as conferências são organizadas sob a forma de assembleias,


nas quais as políticas públicas são administradas pelos gestores municipais e são
analisadas e conferidas pelo conselho de direitos, nessas reuniões também são
identificadas as diretrizes para as ações futuras para serem aplicadas pelo gestor
municipal.

O propósito desses encontros é debater o que é essencial para registrar


nos Planos Municipais (Planos Municipal de Políticas para as Mulheres, Plano
Municipal dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes, Planos Municipais de
saúde, Plano Municipal de Educação etc.), fiscalizados e monitorados pelos
Conselhos dos Direitos ou Conselhos de Políticas.

A gestão municipal se destaca como instância adequada para coordenar


o processo de mudança no método tradicional de visualizar e de atuar sobre
os problemas sociais, de ampliar políticas e de promover a conexão e o efetivo
progresso na conquista dos direitos e da cidadania.

As conferências municipais são espaços elevados a discussões sobre as


políticas públicas em determinados setores, ao passo que se reúnem diversos
segmentos interessados no debate destas reuniões coletivas.

3.1 OS CONSELHOS MUNICIPAIS

Através dos três níveis de governo os conselhos são operados, são órgãos de
participação popular, dos usuários dos serviços e instituições que são prestadoras
de serviços à comunidade. Em algumas áreas, as resoluções são definidas pelos
conselhos e ligadas ao planejamento do governo, ocorrendo na saúde, na educação
e na assistência social.

127
UNIDADE 3 | CONHECENDO ALGUNS CONSELHOS DE DIREITOS

A criação dos conselhos municipais demonstra os aspectos das políticas


de descentralização, de controle social e participação, implementada nas décadas
de 1980 e 1990, expandindo em espaços de interlocução entre sociedade civil e
Governo, colocando em atividade os mecanismos que melhoram o entendimento
da democracia no País.

E
IMPORTANT

A Saúde na Constituição Federal de 1988:

Ao consolidar as demandas na área da saúde, a Constituição de 1988 definiu o seguinte em


diversos artigos:
• A saúde é um dos direitos sociais (Art. 6˚).
• A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos, ao acesso universal
e igualitário às ações e aos serviços para sua promoção, proteção e recuperação (Art. 196).
• É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios cuidar
da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência
(Art. 23).
• Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre
previdência social, proteção e defesa da saúde (Art. 24).
• Compete aos Municípios, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado,
prestar serviços de atendimento à saúde da população (Art. 30).
• São de relevância pública as ações e os serviços de saúde, cabendo ao poder público dispor,
nos termos da lei, sobre sua regulamentação, sua fiscalização e seu controle, devendo sua
execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica
de direito privado (Art. 197).

3.2 CONSELHOS DE SAÚDE ESTADUAIS, MUNICIPAIS E DO


DISTRITO FEDERAL

Em conjunto com a Secretaria de Saúde, são elaboradas a política e o plano


de ação do processo de educação que são permanentes para o controle social do
SUS, e decidem a política de plano de ação, em conjunto com a política nacional,
definindo valores para orçamento e sistemas de monitoramento e avaliação.

Em consideração às especificidades locais, é desenvolvido e elaborado o


processo de educação que se torna permanente no controle social do SUS.

Através das diretrizes são estabelecidas parcerias em instituições e


entidades locais, a realização do processo de educação permanente para o controle
social do SUS.

Com instituições e entidades são promovidos os processos de comunicação


e informação com troca de experiência sobre educação permanente para o controle

128
TÓPICO 1 | O CONSELHO DE SAÚDE

social no SUS, ou seja, tornar viável a realização de eventos sobre o controle social
no SUS.

Destacando para os processos autônomos de educação permanente para o


controle social do SUS e mobilizando os representantes, através de entidades com
participação no Conselho de Saúde, devendo ser reconhecidos e incentivados.

3.3 RESPONSABILIDADES

Esferas governamentais

Compete ao Estado, nas três esferas do governo:

• Oferecer condições necessárias em todo processo de educação permanente


para que o controle social possa ocorrer e garantir o funcionamento pleno dos
Conselhos de Saúde, realizando ações para a educação e o controle social de
todos os sujeitos sociais.
• Promover o apoio à produção de materiais didáticos, que terão como destino as
atividades de educação permanente para o controle social no SUS, desenvolvendo
e utilizando métodos, técnicas e fomento de pesquisas que contribuem com o
processo.

MINISTÉRIO DA SAÚDE

• Apoiar e incentivar, tanto nos aspectos financeiros quanto técnicos, nas instâncias
estaduais, municipais e do Distrito Federal para o processo de elaboração e
execução da política de educação permanente para o controle social no SUS.
• Manter atualizado o acervo de referências sobre saúde e oferecer material de
informação básica e audiovisual que auxilie a veiculação de temas de interesse em
saúde, tais como: legislação, orçamento, direitos em saúde, modelo assistencial,
modelo de gestão e outros.

CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE

Em conjunto com o Ministério da Saúde, é elaborada a política nacional


e o plano de ação para o processo de educação permanente e controle social do
SUS e decidir a política e plano de ação, definindo valores para os orçamentos
e monitoramento de sistemas e avaliação. Deixar disponível e atualizar, em sua
sede, o acervo de referências sobre o controle social.

• Definir mecanismo de divulgação e troca de experiências sobre o processo de


educação permanente para o controle social no SUS aos conselheiros.
• Apresentar relatos das experiências nos diversos eventos nacionais de saúde.
• Apoiar a realização de Plenárias Nacionais de Conselhos de Saúde, Encontros

129
UNIDADE 3 | CONHECENDO ALGUNS CONSELHOS DE DIREITOS

Nacionais de Conselheiros de Saúde, bem como registrar e distribuir os seus


documentos, relatórios ou anais.
• Oferecer promoção de cursos, seminários e eventos que estejam voltados ao
controle social e democracia participativa.
• Divulgar as experiências exitosas sobre o controle social.
• Aprovar materiais didáticos que tenham como destino as atividades de educação
permanente para o controle social no SUS.

Em conjunto com Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde, e Conselho


de Saúde do Distrito Federal, propor mecanismos que acompanhem e avaliem e
que permitam a consolidação de resultados e estudos para comparar experiências
de educação permanente desenvolvidos nos Estados, municípios e Distrito Federal.

• Monitorar, avaliar e acompanhar, com os Conselhos Estaduais de Saúde, Conselho


de Saúde do Distrito Federal e Conselhos Municipais de Saúde, o processo de
educação permanente desenvolvidos no país.

SECRETARIAS DE SAÚDE ESTADUAIS, MUNICIPAIS E DO


DISTRITO FEDERAL

• Tornar viável em todas as esferas do governo, recursos financeiros, materiais


e humanos para executar atividades que tenham relação com a educação
permanente para o controle social no SUS.
• Apoio financeiro e técnico para conselheiros de saúde realizarem e participarem
de eventos sobre o controle social no SUS.

Não se vincula o controle social na saúde apenas a uma luta legal por
direitos adquiridos, mas também à potencialidade e à criatividade dos usuários na
hora de elaborar a política, que são os que realmente sabem a respeito, percebendo
no dia a dia como deve ser a política pública de saúde e quais as falhas atuais dos
serviços prestados na saúde.

Os conselheiros necessitam estar entrosados na participação social, tendo


como base a universalidade dos direitos e o amplo conceito de cidadania. Por
outra visão, eles também refletem espaços contraditórios e tensos, onde existem
interesses que estão em jogo, por vezes não tomando a mesma direção. Nesse
sentido, Correia (2005, p. 65) destaca que:

É determinante controlar os recursos destinados à Saúde,


verificando-se quanto entra e de onde vem (as contrapartidas da
esfera federal, estadual e municipal), e participar da decisão de
como e onde devem ser alocados (elaboração de planos estadual
ou municipal da Saúde e de planilhas orçamentárias).

Quando o controle social é discutido e entra em debate, em especial nos


espaços de conselho, muitos limites são impostos para efetivação dos objetivos do

130
TÓPICO 1 | O CONSELHO DE SAÚDE

controle social.

E
IMPORTANT

As Normas Operacionais Básicas (NOBs) consistem em instrumento de regulação


do SUS, incluindo as orientações operacionais do sistema propriamente ditas e explicitando e
conferindo consequência prática aos princípios e diretrizes do sistema, consubstanciado na
Constituição Federal e nas leis ordinárias. Em ambas, o mecanismo privilegiado de participação
e controle social é a existência e funcionamento regular dos conselhos de saúde, paritários e
deliberativos.
FONTE: SOUSA, R. M. S. Controle social em saúde e cidadania. Revista Serviço Social e
Sociedade, São Paulo, n. 74, ano XXIV, p. 3-200, jul. 2003.

O foco central debatido foi a relevância do controle social na saúde, partindo


de dois eixos centrais na política de saúde, que são os conselhos e conferências,
destacando que eles não são espaços únicos para as ações de exercício do controle
social, apesar de serem mecanismos fundamentais.

AUTOATIVIDADE

Procure conhecer seu município, quantas conferências municipais de


saúde já ocorreram na sua cidade? Pesquise, através de seu conselho municipal
de saúde, quantas deliberações aprovadas e executadas. Se você ainda não
participou de alguma conferência, que tal participar da próxima?

4 O SERVIÇO SOCIAL NO CONTROLE SOCIAL DA SAÚDE

Na Unidade 2 foi debatida a política social e a relevância da assistência


social, e a participação do profissional assistente social em todos os conselhos de
direitos para a construção e posterior efetivação do controle social nas políticas
sociais, tendo como objetivo as garantias de cidadania, justiça social e políticas
universais. E assim evidenciando a importância do profissional.

131
UNIDADE 3 | CONHECENDO ALGUNS CONSELHOS DE DIREITOS

AUTOATIVIDADE

Identifique, em sua cidade, se o profissional de Serviço Social integra


o Conselho Municipal de Saúde e quais ações desenvolve.

O objetivo do profissional de Serviço Social, que por sua vez atua na saúde,
tem como objetivo trabalhar com as necessidades da saúde em geral, tendo como
prática a defesa dos princípios e diretrizes do SUS e a ligação com a rede externa de
proteção social, que auxilia no atendimento integral das necessidades dos usuários
na saúde. Segundo Costa (2000 p. 62-63):

O trabalho do assistente social na área da saúde ‘cumpre o papel


particular de buscar estabelecer o elo ‘perdido’ quebrado pela
burocratização das ações, tanto internamente, entre os níveis de
prestação de serviços de saúde, quanto, sobretudo, entre as políticas de
saúde e as demais políticas sociais e/ou setoriais’.

Podemos dizer então, que segundo os Parâmetros de Atuação de Assistentes


Sociais na Saúde - CFESS (2009, p. 31-32), é responsabilidade do profissional em
todo âmbito do controle social agir sobre as seguintes ações:

• Socializar as informações e mobilizar os usuários e familiares para


a luta por melhores condições de vida, de trabalho e de acesso aos
serviços de saúde.
• Mobilizar usuários, familiares, trabalhadores de saúde e movimentos
sociais para a participação em fóruns, conselhos e conferências de saúde
e de outras políticas públicas.
• Contribuir para viabilizar a participação de usuários no processo
de elaboração, planejamento e avaliação nas unidades de saúde e na
política local, regional, municipal, estadual e nacional de saúde.
• Participar da ouvidoria da unidade com a preocupação de democratizar
as questões evidenciadas pelos usuários através de reuniões com o
conselho diretor da unidade, bem como com os conselhos de saúde
(da unidade, se houver, e locais ou distritais), a fim de coletivizar as
questões e interferir no planejamento da instituição de forma coletiva.
• Participar dos conselhos de saúde (locais, distritais, municipais,
estaduais e nacional), contribuindo para a democratização da saúde
enquanto política pública e para o acesso universal aos serviços de
saúde.
• Contribuir para a discussão democrática e a viabilização das decisões
aprovadas nos espaços de controle social.
• Estimular a educação permanente dos conselheiros de saúde, visando
ao fortalecimento do controle social, através de cursos e debates sobre
temáticas de interesse dos mesmos, na perspectiva crítica.
• Instituir e/ou fortalecer os espaços coletivos de participação dos
usuários nas instituições de saúde através da criação de conselhos
gestores de unidades e outras modalidades de aprofundamento do
controle democrático.
• Favorecer a participação dos usuários e movimentos sociais no

132
TÓPICO 1 | O CONSELHO DE SAÚDE

processo de elaboração e avaliação do orçamento da saúde.


• Participar na organização, coordenação e realização de pré-
conferências e/ou conferências de saúde (local, distrital, municipal,
estadual e nacional).
• Democratizar junto aos usuários e demais trabalhadores da saúde os
locais, datas e horários das reuniões dos conselhos de políticas e direitos,
por local de moradia dos usuários bem como das conferências de saúde,
das demais áreas de políticas sociais e conferências de direitos.
• Estimular a participação dos usuários e trabalhadores de saúde nos
diversos movimentos sociais.

Através de todo âmbito do controle social existem propostas sobre as ações


dos profissionais, sendo de importância destacar que o Serviço Social busca dar mais
força às dimensões educativas e informativas da intervenção profissional, buscando
colaborar na ação do profissional sendo promotor dos processos de participação
de usuários e pessoas que estão envolvidas, despertando o conhecimento crítico
para a realidade, visando as estratégias coletivas para atender às necessidades dos
usuários do SUS.

Os conselhos participam de forma desafiadora, caminhando em direção


aos avanços e à democracia, estando em contracorrente de propostas neoliberais
de sociedade e política social, que estão atualmente na conjuntura brasileira.

Os profissionais do Serviço Social devem atuar e contribuir de forma


significativa no âmbito do controle social, dando forças ao projeto ético-político
do Serviço Social, fornecendo subsídios para programar a agenda política das
entidades no fortalecimento do Projeto de Reforma Sanitária e da concretização do
SUS que desejamos.

133
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você aprendeu que:

• O Serviço Social se faz presente no controle social da política de saúde brasileira.

• A seguridade social é uma forma de política voltada para a proteção do cidadão.


Tendo como princípio a dignidade da pessoa humana, lhe conferindo proteção
em situações de humilhação ou discriminação.

• A seguridade social, como Política Pública, procura atender às necessidades dos


indivíduos.

• Os serviços da seguridade social eram voltados somente para previdências, as


quais garantiam seguro social para a aposentadoria e alguns estabelecimentos
públicos.

• Em 1988, o Brasil, através da Constituição, abrangeu as áreas de saúde e


assistência social.

• As primeiras ações a serem descentralizadas foram a da área de saúde, antes


mesmo da criação do Sistema Único de Saúde – SUS. Antes disso, tais atividades
eram vinculadas à previdência.

• O Sistema Único de Saúde – SUS é um sistema que presta serviços e ações de


saúde em todo território nacional.

• Atualmente, o SUS é mais voltado ao combate das grandes endemias, tais quais
contribuíram para a criação de um sistema de saúde.

• A saúde envolve e integra a seguridade social brasileira, em conjunto com a


assistência social e a previdência social.

• As conferências municipais são espaços elevados a discussões sobre as políticas


públicas em determinados setores.

• A criação dos conselhos municipais demonstra os aspectos das políticas de


descentralização, de controle social e participação popular.

• O objetivo do profissional de Serviço Social que, por sua vez, atua na saúde, e
tem como objetivo trabalhar com as necessidades da saúde em geral.

• Os profissionais do Serviço Social devem atuar e contribuir de forma significativa


no âmbito do controle social.

134
AUTOATIVIDADE

1 Os serviços da ______________ eram voltados somente para


_______________ as quais garantia ________________ para a ___________ e
alguns estabelecimentos públicos relacionados com a saúde do indivíduo,
ou seja, somente para as pessoas que estavam empregadas formalmente.
Preencha as lacunas e assinale a alternativa correta:

a) ( ) seguridade social, previdências, seguro social, aposentadoria.


b) ( ) aposentadoria, previdência, seguro social, seguridade social.
c) ( ) seguro social, aposentadoria, previdência, seguridade social.
d) ( ) seguridade social, seguro social, aposentadoria, previdência.

2 É com a Constituição Federal de 1988 que o controle social na saúde se


torna um direito, sendo entendido como a participação da população na
elaboração, implementação e fiscalização das políticas públicas (BRASIL,
2002). Qual foi a concepção que originou o processo da saúde?

3 Descreva a seguridade social como política.

4 Segundo os Parâmetros de Atuação de Assistentes Sociais na Saúde (2009),


é responsabilidade do profissional em todo âmbito do controle social agir
sobre as seguintes ações. Cite três responsabilidades do profissional.

135
136
UNIDADE 3
TÓPICO 2

O CONSELHO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

1 INTRODUÇÃO

Neste tópico, estudaremos o conselho e a política da assistência social,


discutiremos o resultado das mobilizações e lutas da população por políticas
sociais e por direitos sociais.

O conselho da assistência social é um instrumento de efetivação do


controle social. Como já estudamos as mobilizações e o que são os conselhos de
direitos, descreveremos a efetivação das políticas sociais reconhecidas pelo Estado
Brasileiro.

2 POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

No espaço da assistência, as transformações visíveis nos conteúdos da


política, do financiamento das políticas públicas e de gestão ocorreram após
a aprovação da Constituição Federal/88 e, especialmente, da Lei Orgânica de
Assistência Social – LOAS – 93.

A política social reconhece a assistência social a partir da Constituição


Federal de 1988, conduz um aglomerado de políticas sociais no tripé da Seguridade
Social no Brasil. Assim, configurava-se a proposta de Estado de Bem-Estar Social
(EBES) para o país (BRASIL, 2002).

O sistema das políticas, composto pelas políticas de saúde, previdência e


assistência social é garantido nos artigos 194 e 195 da Constituição Federal (BRASIL,
2002). Antes do Ato Constitucional, a assistência social era cumprida pelo Estado
como uma ferramenta de manipulação como permuta entre governo e a sociedade,
seja aos que necessitavam dos serviços como também as grandes empresas com
título de filantropia.

137
UNIDADE 3 | CONHECENDO ALGUNS CONSELHOS DE DIREITOS

E
IMPORTANT

Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de


iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à
saúde, à previdência e à assistência social.
Parágrafo único. Compete ao poder público, nos termos da lei, organizar a seguridade social,
com base nos seguintes objetivos:
I - universalidade da cobertura e do atendimento;
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
V - equidade na forma de participação no custeio;
VI - diversidade da base de financiamento;
VII - caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, com a participação da
comunidade, em especial de trabalhadores, empresários e aposentados.
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta,
nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
I - dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro;
II - dos trabalhadores;
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
§ 1º As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social
constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União.
§ 2º A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos
órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as metas
e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão
de seus recursos.
§ 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei,
não poderá contratar com o poder público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais
ou creditícios.
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da
seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I.
§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou
estendido sem a correspondente fonte de custeio total.
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos
noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes
aplicando o disposto no art. 150, III, b.
§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de
assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei.
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais, o garimpeiro e o pescador artesanal,
bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia
familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a
aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos
benefícios nos termos da lei.
FONTE: (BRASIL, 2002, s.p.).

Tendo uma caracterização de Estado de Bem-Estar Social, universal,


que compunha uma política de caráter universal, como a saúde e a assistência
social, que não dependia de contribuição para o acesso aos benefícios e serviços.
Essa assistência era prestada às empresas em barganha de apoios políticos e a
exoneração dos tributos e tarifas fiscais existentes.

138
TÓPICO 2 | O CONSELHO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

No aspecto de troca de favores, de caridade e benemerência, as ações da


assistência social, exercidas por assistentes sociais, chefiadas e lideradas pelas
primeiras damas, em todos os níveis governamentais.

Historicamente, muitos municípios, principalmente os de pequeno porte,


têm como característica que os serviços e benefícios prestados pela política de
assistência social eram conduzidos pelas mulheres dos governantes municipais,
como um trabalho de caridade.

Para que se consolidasse a assistência social precisava estar prevista na


Constituição como política pública, era preciso ser aprovada e sancionada a Lei
Orgânica da Assistência Social – LOAS.

Essa lei deveria ser sancionada após um ano da sanção da Constituição


Federal/88. Ainda com prazo, ao passar aproximadamente dois anos não havia a
aprovação da LOAS ainda, havia influências das correntes neoliberais que afligiam
o mundo, que chegou ao Brasil nos anos de 1990, momento em que o país estava
sob a administração do ex-presidente da República, Fernando Collor de Mello
– primeiro presidente eleito pelo povo através do voto direto, após os anos da
Ditadura Militar. De acordo com Souza (2012, p. 62):

A assistência social, seus serviços e benefícios passam para um campo


novo, o campo dos direitos da cidadania. Nessa conjuntura, exige-se que
as provisões assistenciais sejam prioritariamente pensadas no âmbito das
garantias de direitos sob a vigilância do Estado. Assim, cabe ao Estado
a universalização da cobertura e a garantia de acesso da população aos
serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais.

O plano do governo, amparado em um plano de “Estado Mínimo”, confiou


que o desenvolvimento social seria resultado da evolução econômica no país,
incumbindo ao Estado de realizar políticas que beneficiassem o mercado.

No aspecto neoliberal, não havia importância, a assistência social como


uma política pública e o trabalho assistencialista proporcionava a oposição da
proposta da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS).

Sendo que já havia sido aprovada em primeira esfera no Congresso


Nacional em setembro de 1990, sob o contexto de que o benefício de prestação
continuada não poderia ser cedido para idosos e deficientes com renda per capita
de ½ salário-mínimo.

139
UNIDADE 3 | CONHECENDO ALGUNS CONSELHOS DE DIREITOS

E
IMPORTANT

BPC - Benefício de Prestação Continuada


Um direito garantido pela Constituição Federal.
BPC é um benefício da assistência social, integrante do Sistema Único de Assistência Social
– SUAS, pago pelo Governo Federal e assegurado por lei, que permite o acesso de idosos
e pessoas com deficiência às condições mínimas de uma vida digna. Já são mais de dois
milhões de pessoas beneficiadas sob a coordenação do Ministério do Desenvolvimento Social
e Combate à Fome. Os beneficiários ganham independência, autonomia e participam muito
mais da vida comunitária. Em muitas regiões, o BPC movimenta o comércio da cidade. Se você
recebe o BPC, leia com atenção este manual. Entenda quais são os seus direitos e quais são
as suas responsabilidades. Se você não recebe, informe-se e verifique se você, ou alguém que
conheça, atende aos critérios do programa. Com a sua ajuda, o Brasil vai ser um país de todos.
Um país que assegura direitos e oportunidades para todos.
O que é o BPC
O BPC é um benefício da assistência social. Isso significa que o BPC é um direito dos cidadãos
brasileiros, que atendem aos critérios da lei e que dele necessitam. O valor do BPC é de um
salário-mínimo, pago por mês às pessoas idosas e/ou com deficiência que não podem garantir
a sua sobrevivência, por conta própria ou com o apoio da família.
Quem pode receber o BPC?
Podem receber o BPC pessoas idosas com 65 anos ou mais e pessoas com deficiência. O
benefício é destinado a idosos que não têm direito à previdência social e a pessoas com
deficiência que não podem trabalhar e levar uma vida independente.
A renda familiar nos dois casos deve ser inferior a 1/4 do salário-mínimo.
Como saber se você tem direito ao BPC?
Idosos – Você precisa comprovar que tem 65 anos ou mais, que não recebe nenhum benefício
previdenciário e que a renda da sua família é inferior a 1/4 do salário-mínimo por pessoa.
Pessoas com deficiência – Você deve comprovar que a renda da sua família é inferior a 1/4 do
salário-mínimo por pessoa e que não recebe benefício previdenciário algum. Deve comprovar,
também, a sua deficiência e o nível de incapacidade por meio de avaliação do Serviço de
Perícia Médica do INSS.
Renda Familiar por pessoa: Saiba como calcular a sua.
O que é: renda familiar por pessoa é a soma total da renda de toda a família, dividida pelo
número de membros que fazem parte do núcleo familiar, vivendo na mesma casa. Quais são
as pessoas da família que você deve colocar nesta conta: se estas pessoas vivem no mesmo
teto que o seu, elas podem participar da conta.
• Esposa/esposo.
• Companheiro/companheira.
• Filhos/Filhas, menores de 21 anos ou inválidos.
• Irmãos/irmãs, menores de 21 anos ou inválidos.
• Pai/mãe.
Como fazer a conta: some todos os ganhos destas pessoas e divida o resultado pelo número
de pessoas que fazem parte da sua família. Por exemplo: com o salário-mínimo no valor de R$
300,00, 1/4 deste valor são R$ 75,00.
FONTE: Disponível em: <http://www.pessoacomdeficiencia.sp.gov.br/beneficio-bpc>.
Acesso em: 30 maio 2016.

140
TÓPICO 2 | O CONSELHO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Previa-se na lei que de dois em dois anos fosse realizada uma revisão na
lista das pessoas que recebem o BPC. Deveriam ser atualizadas as informações em
um sistema para que o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
liberasse o pagamento do BPC somente para quem realmente precisa dele.

Quem faz esta revisão são as Secretarias Estaduais e Municipais de


Assistência Social, juntamente com o INSS e com o Ministério Público. Podendo
contar com a orientação do Centro de Referência Social – CRAS e das Secretarias
Estaduais e Municipais de Assistência Social.

O projeto de lei é objeto de aprimoramento, que vai ao senado para aprovação,


e descrevendo e contando com a participação dos órgãos de representação do Serviço
Social (CFESS/CRESS e ABEPSS) e o órgão de representação dos trabalhadores da
LDB (ANASSELBA).

E
IMPORTANT

LBA – Legião Brasileira de Assistência.


Em 1942, o governo brasileiro cria a LBA com a finalidade de prestar assistência às famílias dos
expedicionários brasileiros. Terminada a Guerra a LBA se volta para a Assistência à maternidade
e à infância e já nesse momento se inicia a política de convênios com as entidades sociais [...].
Caracterizada por ações paternalistas e de prestação de auxílios emergenciais e paliativos à
miséria, vai interferir junto aos segmentos mais pobres da sociedade, mobilizando a sociedade
civil, o trabalho feminino e a profissionalização dos assistentes sociais.
Essa modalidade de intervenção está na raiz da relação simbiótica que a emergente Assistência
Social brasileira vai estabelecer com a Filantropia e com a benemerência. Portanto, o que se
observa é que, historicamente, a Assistência Social brasileira e, juntamente com ela, o Serviço
Social profissional, se estruturam vinculados:

1) ao conjunto de iniciativas benemerentes e filantrópicas da sociedade civil; e


2) ao avanço da profissionalização no tratamento da questão social e ao crescimento
da centralidade do Estado na tarefa de assegurar o bem-estar da sociedade. Trata-se de
um contexto no qual o Estado passa a operacionalizar suas responsabilidades a partir do
reconhecimento das competências profissionais e do trabalho baseado no saber técnico para
a prestação de serviços sociais.

FONTE: YAZBEK, M. C. Classes subalternas e assistência social. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2006.

141
UNIDADE 3 | CONHECENDO ALGUNS CONSELHOS DE DIREITOS

O desafio é programar as diretrizes da lei e superar todo um enraizamento


histórico que persiste sobre essa política, como uma ação de favor, caridade e
benemerência, ou seja, quem administrava e comandava as ações da assistência
social eram as mulheres dos gestores de Estado.

3 POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E O CONSELHO

No campo da assistência social, houve muitas transformações e leis que


aprimoraram a execução dos serviços. Na LOAS se prevê a descentralização das
ações da política, com o controle social, com a participação da sociedade civil e
com debates e propostas de benefícios e serviços que serão prestados pela política
de assistência social.

Art. 6º As ações na área de assistência social são organizadas em


sistema descentralizado e participativo, constituído pelas entidades e
organizações de assistência social abrangidas por esta lei, que articule
meios, esforços e recursos, e por um conjunto de instâncias deliberativas
compostas pelos diversos setores envolvidos na área.
Art. 7º As ações de assistência social, no âmbito das entidades e
organizações de assistência social, observarão as normas expedidas
pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) de que trata o art.
17 desta lei (LOAS, 1993).

O primeiro conselho nacional da Assistência Social foi composto pelos


primeiros conselheiros em 1994, que por meio de assembleia foram nomeados os
representantes da sociedade civil e do governo.

Os conselhos são constituídos por representantes do poder público, que


são nomeados pelo chefe de Estado, e representantes da sociedade civil, que são
eleitos pela sociedade.

A função do conselho nacional e a composição de membros são especificadas


pela LOAS. O Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS é responsável pela
administração pública federal da política nacional de assistência social. O CNAS
é responsável por organizar e deliberar as conferências nacionais da assistência
social (SANTOS, 2010 ).

O mandato dos conselheiros é de dois anos, permitida uma única recondução


por mais dois anos. E a composição do CNAS está estabelecida também pela LOAS:

§ 1º O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) é composto


por 18 (dezoito) membros e respectivos suplentes, cujos nomes são
indicados ao órgão da Administração Pública Federal responsável pela
coordenação da Política.
Nacional de Assistência Social, de acordo com os critérios seguintes:
I - 9 (nove) representantes governamentais, incluindo 1 (um)
representante dos Estados e 1 (um) dos Municípios;

142
TÓPICO 2 | O CONSELHO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

II - 9 (nove) representantes da sociedade civil, dentre representantes dos


usuários ou de organizações de usuários, das entidades e organizações
de assistência social e dos trabalhadores do setor, escolhidos em foro
próprio sob fiscalização do Ministério Público Federal.
§ 2º O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) é presidido por
um de seus integrantes, eleito dentre seus membros, para mandato de 1
(um) ano, permitida uma única recondução por igual período.
§ 3º O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) contará com
uma Secretaria Executiva, a qual terá sua estrutura disciplinada em ato
do Poder Executivo (LOAS, 1993, s.p.).

Os conselhos municipais, no cumprimento da lei, devem ser mais que


mecanismos, externos e consultivos, devem ser aparelhos que atuem na formulação
e no controle das ações municipais da política de assistência social.

Compete ao conselho deliberar sobre o plano municipal de assistência


social, e o município através da secretaria de assistência social elaborar e servir
como instrumento das ações das políticas sociais.

Compete ao conselho fiscalizar o fundo de assistência social, indicar


medidas para o melhoramento e execução dos serviços. Conforme os dispositivos
na LOAS, compete ao conselho municipal de assistência social emitir decreto para
o funcionamento de unidades que prestam serviços assistenciais. Incumbe às
instituições:

Art. 9º O funcionamento das entidades e organizações de assistência


social depende de prévia inscrição no respectivo Conselho Municipal
de Assistência Social, ou no Conselho de Assistência Social do Distrito
Federal, conforme o caso.
§ 1º A regulamentação desta lei definirá os critérios de inscrição e
funcionamento das entidades com atuação em mais de um município
no mesmo Estado, ou em mais de um Estado ou Distrito Federal.
§ 2º Cabe ao Conselho Municipal de Assistência Social e ao Conselho
de Assistência Social do Distrito Federal a fiscalização das entidades
referidas no caput na forma prevista em lei ou regulamento.
§ 3º A inscrição da entidade no Conselho Municipal de Assistência
Social, ou no Conselho de Assistência Social do Distrito Federal é
condição essencial para o encaminhamento de pedido de registro e de
certificado de entidade de fins filantrópicos junto ao Conselho Nacional
de Assistência Social (CNAS). (Vide Medida Provisória nº 2.187-13, de
24.8.2001).
§ 4º As entidades e organizações de assistência social podem, para
defesa de seus direitos referentes à inscrição e ao funcionamento,
recorrer aos Conselhos Nacional, Estaduais, Municipais e do Distrito
Federal (LOAS, 1993, s.p.).

Entre as atribuições dos conselhos municipais, averígua-se a seriedade


da existência e necessidade dos conselheiros e da participação da população no
conselho municipal para o bom funcionamento e concretização dos serviços da
assistência social como política social.

143
UNIDADE 3 | CONHECENDO ALGUNS CONSELHOS DE DIREITOS

4 A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E O SERVIÇO SOCIAL

Para atuar na política de assistência social o profissional de Serviço Social


não necessita utilizar de instrumentos tradicionais funcionais, que nos faz lembrar
de uma prática profissional conservadora que resultava em problema pessoal,
trabalhava-se somente com o indivíduo e esquecia-se o todo.

Reconhecer a questão social como matéria-prima do trabalho profissional


do Assistente Social, as demandas fazem com que o profissional se identifique com
os direitos e luta contra a desigualdade social.

Os Parâmetros de atuação do profissional baseiam-se na lei de


regulamentação da profissão, o profissional adquire competências para o
entendimento da realidade para intervir nas questões sociais.

Através do documento CFESS estão estabelecidas as diversas competências


e habilidades específicas, tais como:

• Realizar pesquisas para identificação das demandas e reconhecimento


das situações de vida da população que subsidiem a formulação dos
planos de Assistência Social.
• Formular e executar os programas, projetos, benefícios e serviços
próprios da Assistência Social, em órgãos da Administração Pública,
empresas e organizações da sociedade civil.
• Elaborar, executar e avaliar os planos municipais, estaduais e
nacional de Assistência Social, buscando interlocução com as diversas
áreas e políticas públicas, com especial destaque para as políticas de
Seguridade Social.
• Formular e defender a constituição de orçamento público necessário à
implementação do plano de Assistência Social.
• Favorecer a participação dos(as) usuários(as) e movimentos sociais no
processo de elaboração e avaliação do orçamento público.
• Planejar, organizar e administrar o acompanhamento dos recursos
orçamentários nos benefícios e serviços sócio assistenciais nos Centros
de Referência em Assistência Social (CRAS) e Centro de Referência
Especializado de Assistência Social (CREAS).
• Realizar estudos sistemáticos com a equipe dos CRAS e CREAS, na
perspectiva de análise conjunta da realidade e planejamento coletivo
das ações, o que supõe assegurar espaços de reunião e reflexão no
âmbito das equipes multiprofissionais.
• Contribuir para viabilizar a participação dos(as) usuários(as) no
processo de elaboração e avaliação do plano de Assistência Social;
prestar assessoria e consultoria a órgãos da Administração Pública,
empresas privadas e movimentos sociais em matéria relacionada à
política de Assistência Social e acesso aos direitos civis, políticos e
sociais da coletividade.
• Estimular a organização coletiva e orientar os(as) usuários(as) e
trabalhadores(as) da política de Assistência Social a constituir entidades
representativas.
• Instituir espaços coletivos de socialização de informação sobre os
direitos socioassistenciais e sobre o dever do Estado de garantir sua
implementação.
• Assessorar os movimentos sociais na perspectiva de identificação de
demandas, fortalecimento do coletivo, formulação de estratégias para

144
TÓPICO 2 | O CONSELHO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

defesa e acesso aos direitos.


• Realizar visitas, perícias técnicas, laudos, informações e pareceres
sobre acesso e implementação da política de Assistência Social.
• Realizar estudos socioeconômicos para identificação de demandas e
necessidades sociais.
• Organizar os procedimentos e realizar atendimentos individuais e/ou
coletivos nos CRAS.
• Exercer funções de direção e/ou coordenação nos CRAS, CREAS e
Secretarias de Assistência Social.
• Fortalecer a execução direta dos serviços socioassistenciais pelas
prefeituras, governo do DF e governos estaduais, em suas áreas de
abrangência.
• Realizar estudo e estabelecer cadastro atualizado de entidades e rede
de atendimentos públicos e privados.
• Prestar assessoria e supervisão às entidades não governamentais que
constituem a rede socioassistencial.
• Participar nos Conselhos municipais, estaduais e nacional de
Assistência Social na condição de conselheiro(a).
• Atuar nos Conselhos de Assistência Social na condição de secretário(a)
executivo(a).
• Prestar assessoria aos conselhos, na perspectiva de fortalecimento
do controle democrático e ampliação da participação de usuários(as) e
trabalhadores(as).
• Organizar e coordenar seminários e eventos para debater e formular
estratégias coletivas para materialização da política de Assistência
Social.
• Participar na organização, coordenação e realização de conferências
municipais, estaduais e nacional de Assistência Social e afins.
• Elaborar projetos coletivos e individuais de fortalecimento do
protagonismo dos(as) usuários(as).
• Acionar os sistemas de garantia de direitos, com vistas a mediar seu
acesso pelos(as) usuários(as).
• Supervisionar direta e sistematicamente os(as) estagiários(as) de
Serviço Social (CFESS, 2009, s.p.).

O profissional de Serviço Social deve utilizar instrumentos e procedimentos


teórico-operativos para atender aos usuários da assistência social para que os
serviços prestados tenham respaldo para qualquer eventualidade.

145
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• O contexto acerca da Política de Assistência Social e do conselho é uma das


formas de concretização do controle social.

• A política social reconhece a assistência social a partir da Constituição Federal


de 1988.

• Há décadas, o Serviço social era meramente uma troca de favores, de caridade


e benemerência, as ações da assistência social, exercidas por Assistentes Sociais,
chefiadas e lideradas pelas primeiras damas, em todos os níveis governamentais.

• Para que se consolidasse a assistência social precisava estar previsto na


Constituição como política pública, e ser aprovada e sancionada na Lei Orgânica
da Assistência Social – LOAS.

• Os conselhos são constituídos por representantes do poder público, que são


nomeados pelo chefe de Estado, e representantes da sociedade civil, que são
eleitos pela sociedade.

• Os conselhos municipais, no cumprimento da lei, devem ser mais que


mecanismos, externos e consultivos.

• Compete ao conselho fiscalizar o fundo de assistência social, indicar medidas


para o melhoramento e execução dos serviços.

• O profissional de Serviço Social precisa ter como base suas atribuições,


instrumentos e procedimentos teórico-operativos, para atender aos usuários da
assistência social.

146
AUTOATIVIDADE

1 Reconhecer a ________ _________ como _________________ do trabalho


profissional do ________________ sendo esta a demanda do profissional e
este identificando os direitos e a luta contra a___________ __________.
Agora, complete as lacunas e assinale a resposta correta:
( ) questão social, matéria-prima, Assistente Social, desigualdade social.
( ) desigualdade social, questão social, matéria-prima, Assistente Social.
( ) assistente social, questão social, matéria-prima, desigualdade social.
( ) questão social, desigualdade social, matéria-prima, Assistente Social.

2 Agende um dia para assistir a uma reunião no conselho de assistência social


e elabore um relatório com os seguintes aspectos:
a) A pauta para a reunião do dia é pertinente à política social em questão?
b) Há pessoas da sociedade civil, assistindo e/ou participando, que não sejam
membros do conselho?
c) Os membros e/ou conselheiros têm clareza do seu papel no conselho em
questão?
d) Pelas discussões foi possível observar se o assistencialismo foi superado na
política de assistência social em seu município?

3 Participe de uma reunião do Conselho municipal de sua cidade e elabore um


relatório com os dados a seguir e apresente aos colegas de turma.
a) Local, dia e horário das reuniões do conselho.
b) Se as reuniões são abertas à população.
c) E a composição do conselho, nome dos membros, os seus respectivos cargos
e também se são representantes do poder público e/ou da sociedade civil.

147
148
UNIDADE 3
TÓPICO 3

O CONSELHO DE EDUCAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, trabalharemos e estudaremos o conselho de educação,
abordando a legislação, dada a importância que essa área passou a ter na
atualidade, exemplificando as escolas, as suas responsabilidades e a dimensão de
ensino-aprendizagem.

A escola é uma instituição social que torna possível o acesso ao saber. A


legislação educacional tem grande importância nas esferas governamentais, onde
se apresentam orientações de como trabalhar respeitando a realidade de cada
escola.

A relevância de discutir o Serviço Social na educação também está presente


neste tópico, evidenciando algumas ações compreendidas na profissão para a
garantia do profissional no espaço educacional e do controle social na educação.

2 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO E OS CONSELHOS


O sistema escolar é aberto, existem movimentos tanto de entrada quanto de
saída de elementos através de fronteiras, que tem como princípio oferecer educação
formal, de forma intencional e sistemática, dando prioridade ao desenvolvimento
intelectual, mas dando importância também a outros aspectos, como: físico,
emocional, moral e social.

Tal sistema auxilia a sociedade no desenvolvimento de produtos de sua


atividade, visando melhorar a qualidade de vida de todos, é responsabilidade da
escola oferecer um melhor nível cultural e recursos humanos qualificados.

Para haver sintonia entre inputs e outputs, que significa o sistema escolar
receber da sociedade o que desenvolve ao meio, é necessário uma estrutura que o
sustente. Desta forma, fazendo o sistema funcionar. Para se ter sucesso escolar é
preciso haver competência na organização e uma prática eficaz. Um sistema eficaz
torna pessoas de melhor nível cultural, e mais preparadas para enfrentar o mundo
lá fora e o mercado de trabalho.

Entidades mantedoras: são entidades ou órgãos que mantêm as escolas.


Temos as públicas, que podem ser: federais, estaduais ou municipais. Escolas

149
UNIDADE 3 | CONHECENDO ALGUNS CONSELHOS DE DIREITOS

particulares são mantidas por grupos ou iniciativas privadas, são legais. Escolas
confessionais são mantidas por entidades religiosas, como por exemplo, escola
salesianas, luteranas, adventistas, entre outras.

As escolas possuem duas dimensões: vertical e horizontal. A educação


brasileira possui dois níveis: a educação básica, composta pela Educação Infantil
e Ensino Fundamental séries A educação escolar brasileira compõe-se de dois
níveis (art. 21 da LDB):

As escolas possuem duas dimensões: vertical e horizontal. A educação


brasileira possui dois níveis: a educação básica, composta pela Educação Infantil
e Ensino Fundamental séries iniciais, Ensino Fundamental séries finais e Ensino
Médio; e a educação superior. Sendo assim a dimensão vertical. Já a horizontal
seriam as modalidades de ensino, no nível superior possuímos modalidades
presenciais, a distância, cursos técnicos etc.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9.394/96) afirma


que o fortalecimento das relações da escola com seu entorno sociofamiliar e
comunitário é obrigação legal (Artigo 12).

E
IMPORTANT

Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.


Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de
ensino, terão a incumbência de:
I - elaborar e executar sua proposta pedagógica;
II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros;
III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas;
IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente;
V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento;
VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade
com a escola;
VII - informar os pais e responsáveis sobre a frequência e o rendimento dos alunos, bem como
sobre a execução de sua proposta pedagógica;
VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis
legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta
pedagógica da escola; (Redação dada pela Lei nº 12.013, de 2009)
VIII - notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao juiz competente da Comarca e ao respectivo
representante do Ministério Público a relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas
acima de cinquenta por cento do percentual permitido em lei. (Incluído pela Lei nº 10.287, de
2001)
FONTE: Disponível em: <http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11694640/artigo-12-da-lei-n-
9394-de-20-de-dezembro-de-1996>. Acesso em: 6 de abr. 2016.

150
TÓPICO 3 | O CONSELHO DE EDUCAÇÃO

2.1 EDUCAÇÃO BRASILEIRA E OS SISTEMAS DE ENSINO

A Educação Infantil é a primeira etapa da educação básica, é responsabilidade


dos municípios. Pode ser também oferecida por iniciativas privadas, mas somente
com supervisão do sistema municipal de educação. Ao município cabe apenas
oferecer a Educação Infantil, desde que entejam supridas as necessidades do
Ensino Fundamental.

• O Ensino Fundamental pode ser oferecido tanto por municípios quanto pelo
Estado, o mesmo passou a ter agora nove anos para poder conclui-lo.
• O Ensino Médio é responsabilidade total dos Estados, porém escolas particulares
também podem oferecer.

Outro nível de educação brasileira é o ensino superior. Estabelecido pelo art.


45 da LDB, nº 9.394/96, onde “a educação superior será ministrada em instituições
de ensino superior, públicas ou privadas [...]”. As instituições de ensino superior
são credenciadas como faculdades, centros universitários e universidades.

E
IMPORTANT

Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.


Art. 45. A educação superior será ministrada em instituições de ensino superior,
públicas ou privadas, com variados graus de abrangência ou especialização. (Regulamento)
FONTE: Disponível em: <http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11688771/artigo-45-da-lei-n-
9394-de-20-de-dezembro-de-1996>. Acesso em: 4 abr. 2016.

2.2 NÍVEIS, ETAPAS E MODALIDADES DO ENSINO

As etapas de ensino são de responsabilidade dos sistemas em nível federal,


estadual e municipal, sendo elas: Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino
Médio, Educação Superior.

Havendo modalidades especiais, como: educação de jovens e adultos,


educação profissional, educação especial, educação a distância, educação dos
povos indígenas e quilombos.

A educação compõe-se de dois níveis

• Educação Básica: tendo como modalidades, educação infantil, ensino


fundamental e médio.
• Educação Superior: tendo como modalidades: graduação, tecnológico,

151
UNIDADE 3 | CONHECENDO ALGUNS CONSELHOS DE DIREITOS

bacharelado e licenciatura.

É importância haver a inclusão de pessoas com necessidades especiais


em classes regulares. Porém ainda existe um grande desafio, pois é necessário
aprender para que haja um bom atendimento pedagógico.

2.3 CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

O Conselho Nacional de Educação (CNE) é um órgão colegiado integrante


da estrutura que é de administração direta do MEC, foi criado no dia 24 de novembro
de 1995, pelos termos da Lei nº 9.131. Suas normas constam no Regimento Interno
que foi aprovado elo Senhor Ministro da Educação.

É de responsabilidade do conselho colaborar para formular a Política


Nacional de Educação, exercendo assim atribuições normativas, deliberativas e de
assessoramento ao Ministro da Educação.

As câmeras de educação básica e superior, que fazem parte do conselho,


possuem onze conselheiros, sendo membros natos em cada Câmara, respectivamente
o Secretário de Educação Fundamental e o Secretário de Educação Superior do
Ministério da Educação, que são nomeados pelo Presidente da República.

2.4 CONSELHOS ESTADUAIS DE EDUCAÇÃO

Os Conselhos Estaduais de Educação (CEEs) foram criados com o objetivo


de orientar a política educacional dos estados, tendo como tarefa regulamentar,
através de atos normativos, as bases e diretrizes do Conselho Nacional de Educação,
como função de ordenar o Sistema de Ensino em seus diversos níveis.

Os CEEs são órgãos deliberativos com jurisdição em todo estado, tais


conselhos assumem função estratégica, pois são órgãos fiscalizadores, consultivos,
deliberativos e normativos dos sistemas de ensino de cada estado brasileiro.

2.5 CONSELHOS MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO

Os Conselhos Municipais de Educação são órgãos normativos, consultivos,


deliberativos e fiscalizadores das políticas municipais. São constituídos com
instrumentos de assessoramento, são provocadores de discussões básicas voltadas
à educação do município. Suas funções e atribuições são definidas por Lei de
criação dos conselhos. Cabem aos mesmos participarem da formulação da política
educacional do município.

152
TÓPICO 3 | O CONSELHO DE EDUCAÇÃO

DICAS

Leia Conselhos escolares: uma estratégia de gestão democrática da educação


pública.
Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Consescol/ce_gen.pdf>. Acesso em:
2 jun. 2016.

2.6 REFERÊNCIAS CURRICULARES NACIONAIS PARA A


EDUCAÇÃO INFANTIL

A partir da Constituição Federal de 1988, a educação infantil passou a ser


integrada à Política Nacional de Educação. Mudando assim sua concepção, pois
deixou de ser caridade e assistência, tornando-se um direito de toda criança e uma
obrigação do Estado.

Sendo a primeira etapa da educação, a Educação Infantil deve ser


sistematizada e organizada, e os profissionais que atuam nela devem participar
dos processos e construir propostas respeitando a faixa etária.

As Diretrizes Curriculares da Educação Infantil ajudam no processo,


fazendo com que as crianças diariamente convivam com diferenças e sem
discriminação. Delineando assim, a identidade infantil.

Apresentamos aqui um documento recente da Resolução nº 5/2009, que


fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 2009).
Afirmando que:

Art. 5º A Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, é


oferecida em creches e pré-escolas, as quais se caracterizam como
espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos
educacionais ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 a 5
anos de idade no período diurno, em jornada integral ou parcial,
regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de
ensino e submetidos a controle social.
§ 1º É dever do Estado garantir a oferta de Educação Infantil pública,
gratuita e de qualidade, sem requisito de seleção.
§ 2º É obrigatória a matrícula na Educação Infantil de crianças que
completam 4 ou 5 anos até o dia 31 de março do ano que ocorrer a
matrícula.
§ 3º As crianças que completam 6 anos após 31 de março devem ser
matriculadas na Educação Infantil.
§ 4º A frequência na Educação Infantil não é pré-requisito para a
matrícula no Ensino Fundamental.
§ 5º As vagas em creches e pré-escolas devem ser oferecidas próximas as
residências das crianças.
§ 6º É considerada Educação Infantil, em tempo parcial, a jornada de,

153
UNIDADE 3 | CONHECENDO ALGUNS CONSELHOS DE DIREITOS

no mínimo, quatro horas diárias e, em tempo integral, a jornada com


duração igual ou superior a sete horas diárias, compreendendo o tempo
total que a criança permanece na instituição (BRASIL,2009, art. 5).

As Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil compreendem como


ações a de cuidar e educar, sendo a de cuidar envolvendo relações afetivo-
emocionais entre adultos e crianças que partilham o mesmo local. O educar envolve
ações que são planejadas, tendo assim objetivos ampliando e desenvolvendo
culturalmente a criança.

E
IMPORTANT

O PDE – Escola tem por objetivo fortalecer a autonomia da gestão escolar, a


partir da definição de um plano de gestão para a melhoria dos seus resultados,
com foco na aprendizagem dos alunos. Esta iniciativa integra as ações do
PDE/Compromisso Todos pela Educação e se efetivará por meio da parceria
entre a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios.
FONTE: Disponível: <http://www.undimemg.org.br/programas/>. Acesso
em: 1º jun. 2016.

Existem três cadernos de cunho instrumental e didático, sendo um guia


de orientação, servindo de base para elaborar projetos educativos nas unidades
de Educação Infantil e sugerindo eixos de trabalho orientando e construindo
diferentes linguagens, e formando objetivos de conhecimento. São eles:

EIXOS DE TRABALHO
Identidade e autonomia: conhecer-se como ser único e social com suas capacidades e
limitações.
Natureza e sociedade: explorar o meio ambiente considerando o meio social e natural.
Movimento: explorar movimentos, gestos e ritmos do corpo.
Artes visuais: desenvolver a sensibilidade para a linguagem plástica através da exploração
de materiais e objetivos.
Linguagem oral e escrita: estimular a comunicação oral e escrita, ampliando a comunicação
e expressão.
Música: vivenciar o ritmo, sons, melodia e harmonia dos diferentes tipos musicais.
Matemática: compreender noções do cotidiano.
FONTE: Secretária de Ensino Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. V. 3.

154
TÓPICO 3 | O CONSELHO DE EDUCAÇÃO

2.6.1 Os Parâmetros Curriculares Nacionais

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 2001, p. 107-108) têm


como objetivos do Ensino Médio fazer com que os alunos sejam capazes de:

• Compreender a cidadania como participação social e política, assim


como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando,
no dia a dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às
injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito.
• Posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas
diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar
conflitos e de tomar decisões coletivas.
• Conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões
sociais, matérias e culturais como meio para construir progressivamente
a noção de identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência
ao país.
• Conhecer e valorizar a pluralidade sociocultural brasileira, bem
como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-
se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de
classe social, de crenças, de etnia ou outras características individuais
e sociais.
• Perceber-se integrante, dependente de si mesmo e o sentimento de
confiança em seus elementos e as interações entre eles, contribuindo
ativamente para melhoria do meio ambiente.
• Desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de
confiança em suas capacidades afetiva, física, ética, estética, de inter-
relação pessoal e de inserção social para agir com perseverança na busca
de conhecimento e no exercício da cidadania.
• Conhecer o próprio corpo e dele cuidar, valorizando e adotando
hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e
agindo com responsabilidade em relação a sua saúde e à saúde coletiva.
• Utilizar as diferentes linguagens: verbal, musical, matemática, gráfica,
plástica e corporal como meio para produzir, expressar e comunicar
suas ideias, interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos
públicos e privados, atendendo a diferentes intenções e situações de
comunicação.
• Saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos
para adquirir e construir conhecimentos.
• Questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de
resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a
intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e
verificando sua adequação.

2.6.2 Objetivos do ensino médio

O Ensino Médio é a etapa final da educação básica (LDB nº 9.394/96, art. 36),
procura assegurar à população a oportunidade de dar continuidade aos estudos,
com tais objetivos:

• Aprofundar os conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental.


• Aprimorar o educando como pessoa humana.
• Possibilitar o prosseguimento de estudos.

155
UNIDADE 3 | CONHECENDO ALGUNS CONSELHOS DE DIREITOS

• Garantir a preparação básica para o trabalho e cidadania.


• Dotar o educando dos instrumentos que lhe permitam “continuar aprendendo”,
tendo em vista o desenvolvimento da compreensão dos “fundamentos científicos
e tecnológicos dos processos produtivos (LDB nº 9.394/96, art. 35 incisos I a IV).

Finalizando este item, devemos entender os parâmetros tendo como


objetivo que estabelecem referência na educação, no processo de construção da
cidadania.

3 SERVIÇO SOCIAL NA EDUCAÇÃO

Através de estudos, percebe-se a importância do controle social nos mais


diversos espaços das políticas sociais e identifica-se o Serviço Social como profissão
estratégica na defesa do controle social nos conselhos de direitos.

Apesar de o profissional de Serviço Social não estar ainda inserido na


educação e nos conselhos educacionais, já existem alguns Projetos de Lei. São
projetos que ainda continuam no papel, cada Estado encaminhou o seu dentro de
cada Estado, mas já se evidencia a discussão e a necessidade do profissional nessa
política pública.

Evidencia-se a necessidade a partir do momento em que as escolas se


deparam com os problemas sociais que são agravados quando a família se depara
com problemas que interferem na aprendizagem da criança e do adolescente como:
miséria, drogas, gravidez na adolescência, violência; afinal, as inúmeras formas de
manifestações da questão social que também influenciam no processo educacional.

E
IMPORTANT

Para auxiliar no entendimento sobre a inserção do profissional do serviço social


leia: A inserção do serviço social na educação: possibilidades e desafios.
FONTE: Disponível em: <http://www.cress-mg.org.br/arquivos/simposio/A%20
INSER%C3%87%C3%83O%20DO%20SERVI%C3%87O%20SOCIAL%20%20NA%20
EDUCA%C3%87%C3%83O%20POSSIBILIDADES%20E%20DESAFIO.pdf>. Acesso em: 2 jun. 2016.

156
TÓPICO 3 | O CONSELHO DE EDUCAÇÃO

Os assistentes sociais têm como objeto de trabalho a questão social que se


desenvolve a partir de suas expressões. O profissional deve firmar no seu trabalho
a realidade social para que se efetive as dimensões teórico-metodológicas e ético-
operativas.

Portanto, o Serviço Social contribui para a constituição e concretização da


participação social da população, orientando sobre os direitos sociais e deveres
para a construção da cidadania.

157
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• Podemos identificar como funcionam os conselhos de educação e a trajetória


histórica.

• O sistema escolar é aberto, existem movimentos tanto de entrada quanto de


saída de elementos através de fronteiras, que têm como princípio oferecer
educação formal, de forma intencional e sistemática.

• A sociedade, em geral, no desenvolvimento de produtos de sua atividade, visa


melhorar a qualidade de vida de todos, é responsabilidade da escola oferecer
um melhor nível cultural.

• As escolas possuem duas dimensões: a vertical e a horizontal.

• A educação escolar brasileira compõe-se de dois níveis (art 21 da LDB):

I – Educação Básica: formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino


médio (ciclo I e II).
II – Educação Superior.

• A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9.394/96) afirma


que o fortalecimento das relações da escola com seu entorno sociofamiliar e
comunitário é obrigação legal.

• Ao município cabe oferecer a Educação Infantil, desde que estejam supridas as


necessidades do Ensino Fundamental.

• Os Conselhos Municipais de Educação são órgãos normativos, consultivos,


deliberativos e fiscalizadores das políticas municipais.

158
AUTOATIVIDADE

1 Para haver sintonia entre inputs e outputs, que significa o sistema escolar
receber da sociedade o que desenvolve ao meio, é necessário uma estrutura
que o sustente. Explique como fazer funcionar.

2 Participe de uma reunião do Conselho de Educação de sua cidade e elabore


um relatório com os dados a seguir e apresente-os aos colegas de turma.
a) Local, dia e horário das reuniões do conselho.
b) Se as reuniões são abertas à população.
c) A composição do conselho, nome dos membros, os seus respectivos cargos
e também se são representantes do poder público e/ou da sociedade civil.

159
160
UNIDADE 3
TÓPICO 4

O CONSELHO DA
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, abordaremos a legislação e a história da política social da
criança e do adolescente.

Com a nova legislação, três aspectos fundamentais da política social


para essa população foram alterados, a definição dos direitos das crianças e dos
adolescentes, e a redefinição dos deveres do Estado e da sociedade civil é o que
discutiremos a seguir.

2 POLÍTICA DE ATENDIMENTO DA CRIANÇA E DO


ADOLESCENTE

No Brasil, o advento do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Lei


n° 8069, de 13 de julho de 1990), que revogou o Código de Menores, comportou
inovações importantes para a política de atenção à infância e adolescência.

E
IMPORTANT

A Lei Federal nº 8069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente contempla direitos


e deveres e não apenas direitos como erroneamente interpreta a grande parte da população.
Essa proposição tem significado social, pois busca esclarecer que as crianças e adolescentes
não são respaldados por direitos apenas, mas também possuem deveres e responsabilidades.
Esse conjunto de obrigações compõe a cidadania, entendida como atitudes do sujeito na
sociedade, e que deve ser respeitado em sua integralidade.
FONTE: Disponível em: <http://www.uel.br/eventos/semanadaeducacao/pages/arquivos/
anais/2012/anais/educacaoinfantil/estatutodacriancaedoadolescente.pdf>. Acesso em: 30
maio 2016.

A legislação das políticas sociais é fundamental para se definir os direitos


das crianças e dos adolescentes. Desta maneira redefinem-se os deveres do Estado
e da sociedade civil, reorganizando as atribuições e competências da esfera federal,
estadual e municipal.

161
UNIDADE 3 | CONHECENDO ALGUNS CONSELHOS DE DIREITOS

O Decreto nº 17.943-A/27, do Código de Menores, já definia em seu Artigo


1º sua aplicação: “Art. 1º - O menor, ambos os sexos, abandonado ou delinquente,
que tiver menos de 18 anos de idade será submetido pela autoridade competente
às medidas de assistência e proteção contidas neste Código”.

No ano de 1979, foi reformulado o Código de Menores, trazendo um novo


termo “menor em situação irregular”. Em resumo, estariam em situação irregular
crianças e adolescentes de até 18 anos, que se encontravam abandonados, vítima de
maus-tratos. Com o passar dos anos, o Código de Menores se tornou insuficiente,
a sociedade declarou a falência da Política Nacional do Bem-Estar do Menor
(PNBEM).

A falta de políticas públicas atuantes direcionadas à infância e à


juventude e as várias interpretações dadas pelo Código de Menores
de 1979, contribuiu para “os adolescentes que foram crianças em
situação irregular misturarem-se a novas crianças” descerem o morro
e tomaram conta dos asfaltos e se espalharam nos semáforos, em busca
de “maturidade física, intelectual, sexual e emocional”. Não teria longa
duração desta vez a lei vigente no final da década de 70. Novos ares
inauguraram aos anos 80, trazendo transformações significativas no
campo político-social brasileiro, com importantes consequências para a
legislação à infância (RIZZINI; PILOTTI, 2009, p. 73).

O Código de Menores de 1979, por ter características e normas repressivas,


não partilhava com as novas propostas e conquistas de direitos na qual se originou
a Constituição Federal de 1988.

A Constituição de 1988 foi marcada pelos avanços sociais, reafirmando


garantias e direitos para crianças e adolescentes. Podemos destacar os Artigos 227
e 228, que consideram essa população no citado dispositivo legal.

Art. 227 É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à


criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização,
à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar
e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Art. 228 São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos,
sujeitos às normas da legislação especial (BRASIL, 1988, s.p.).

A Constituição Federal de 1988 acabou com a situação irregular e tomou


os preceitos de proteção integral, que em tempo futuro foi regulamentada pelo
Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA.

2.1 CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E


DO ADOLESCENTE

A Lei nº 8.242, de 12 de outubro de 1991, criou o Conselho Nacional dos

162
TÓPICO 4 | O CONSELHO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Direitos das Crianças e dos Adolescentes (CONANDA). Constituído como um


órgão colegiado permanente de caráter deliberativo e composição paritária, que
está prevista no Artigo 88 do Estatuto da Criança e do Adolescente.

É responsável por tornar concreto os direitos, princípios e diretrizes


contidos no ECA. De acordo com a Secretaria de Direitos Humanos (1988), as
principais pautas do CONANDA, são:

• o combate à violência e exploração sexual praticada contra crianças e


adolescentes;
• a prevenção e erradicação do trabalho infantil e proteção do
trabalhador adolescente;
• a promoção e a defesa dos direitos de crianças e adolescentes
indígenas, quilombolas, crianças e adolescentes com deficiência;
• criação de parâmetros de funcionamento e ação para as diversas partes
integrantes do sistema de garantia de direitos; o acompanhamento de
projetos de lei em tramitação no CN, referentes aos direitos de crianças
e adolescentes.
• O CONANDA possui formação de 28 conselheiros titulares e 28
suplentes, destes, 14 representantes são do Poder Executivo e 14
representantes de entidades não governamentais, estes conselheiros
desenvolvem ações de nível nacional, seu objetivo é promoção e a
defesa, dos direitos das crianças e adolescentes (BRASIL, 1988, s.p.).

FIGURA 17 - REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO SISTEMA DE GARANTIAS DOS DIREITOS DA


CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

FONTE: Disponível em: <http://www.crianca.mppr.mp.br/modules/conteudo/conteudo.


php?conteudo=1166>. Acesso em: 30 maio 2016.

O gráfico procura retratar o "Sistema de Garantias dos Direitos da Criança

163
UNIDADE 3 | CONHECENDO ALGUNS CONSELHOS DE DIREITOS

e do Adolescente", que incorpora os órgãos, entidades, programas e serviços


destinados ao atendimento de crianças, adolescentes e suas famílias.

No entanto, estes órgãos, entidades, programas e serviços são representados


sob a forma de "engrenagens". É uma maneira de esclarecer a necessidade de que
se deve atuar, conforme prevista no art. 86, da Lei nº 8.069/90.

2.2 CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E


DO ADOLESCENTE-CMDCA

O CMDCA é órgão deliberativo da Política Municipal dos Direitos da


Criança e do Adolescente, deliberativo e fiscalizador das ações.

O município é o executor do plano anual na definição da prática desta


política e da responsabilidade dos critérios aplicados através do Plano de Aplicação
do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente, que incumbe e zela pelo real
respeito ao princípio da prioridade absoluta à criança e ao adolescente. Através da
Lei nº 8069/90, nos moldes do previsto no art. 4º, caput e parágrafo único, alíneas
"b", "c" e "d".

E
IMPORTANT

Competências do Conselho
I - Deliberar, normatizar, controlar e articular a Política Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente para a efetiva garantia da sua promoção, defesa e orientação, visando à proteção
integral da criança e do adolescente.
II - Cumprir e fazer cumprir, em âmbito municipal, o Estatuto da Criança e do Adolescente, as
Constituições Estadual e Federal, a presente Lei e todas as legislações relacionadas aos direitos
e interesses da criança e do adolescente.
III - Apreciar e deliberar a proposta orçamentária dos recursos destinados às ações finalísticas
do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente – FIA e do orçamento criança.
IV - Deliberar sobre a política de captação e aplicação de recursos do Fundo Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente – FIA.
V - Aprovar o Relatório Anual de Gestão dos recursos oriundos do Fundo Municipal dos Direitos
da Criança e do Adolescente – FIA.
VI - Participar da elaboração do Plano Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.
VII - Aprovar o Plano Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.
VIII - Acompanhar o alcance dos resultados dos pactos estabelecidos com a rede prestadora
de serviços, governamental e não governamental.
IX - Registrar as organizações governamentais de atendimento dos direitos da criança e do
adolescente e inscrever os programas das organizações governamentais e não governamentais,
previstos no artigo 90, do Estatuto da Criança e do Adolescente.
X - Estabelecer conjuntamente com a Secretaria Municipal de Assistência Social, demais
Secretarias e órgãos do Município a realização de eventos, estudos e pesquisas no campo da
promoção, orientação, proteção integral e defesa da Criança e do Adolescente.
XI – Estabelecer, na Política de Atendimento, a formação continuada dos atores envolvidos,
direta e indiretamente, no atendimento à criança e ao adolescente.

164
TÓPICO 4 | O CONSELHO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

XII - Convocar e coordenar a realização da Conferência Municipal dos Direitos da Criança e do


Adolescente.
XIII - Organizar, acompanhar, fiscalizar e conduzir o processo de eleição do Conselho Tutelar,
comunicando ao Ministério Público o andamento do processo.
XIV - Dar posse aos membros do Conselho Tutelar, os quais serão nomeados por ato do Prefeito
Municipal.
XV - Deliberar, com suporte no relatório conclusivo expedido pela Comissão de Ética, sobre
a penalidade a ser aplicada ao Conselheiro Tutelar, conforme definido no artigo 37, § 6º, da
Comissão de Ética.
XVI - Apreciação do Regimento Interno do Conselho Tutelar, sendo-lhe facultado o envio de
propostas de alteração e, após apreciação, encaminhar ao Poder Executivo para sancionamento.
(Redação dada pela Lei Complementar nº 4740/2012).
XVII - Proporcionar apoio ao Conselho Tutelar do Município, integrando ações, no sentido de
garantir os princípios e diretrizes do Estatuto da Criança e do Adolescente.
XVIII - Elaborar e alterar, quando necessário, seu regimento interno.
XIX - Elaborar e publicar resoluções que indicam diretrizes e princípios norteadores de Políticas
Públicas de atendimento à criança e ao adolescente que não foram regulamentadas.
XX - Reunir-se ordinariamente e extraordinariamente, conforme dispuser o regimento.

Composição do Conselho
I - seis (06) conselheiros titulares e suplentes, indicados bienalmente pelos seguintes órgãos e
entidades governamentais do município:
a) Secretaria Municipal de Assistência Social;
b) Secretaria Municipal de Administração e Finanças;
c) Secretaria Municipal de Educação;
d) Secretaria Municipal de Saúde;
e) Fundação Indaialense de Cultura;
f) Fundação Municipal de Esportes.
II - Seis (06) conselheiros titulares com seus respectivos suplentes não governamentais dos
seguintes segmentos, sendo:
a) dois (02) representantes de entidades que prestam atendimento direto à criança e ao
adolescente do município;
b) um (01) representante de associações de pais e alunos das escolas públicas estaduais e
municipais;
c) um (01) representante, dos clubes de serviços ou das Associações Comerciais e Industriais;
d) um (01) representante das associações de moradores;
e) um (01) representante das instituições de pesquisa, estudo e formação nas áreas da criança e
do adolescente ou de trabalhadores do setor com atuação direta no atendimento com crianças
e adolescentes.
Parágrafo Único – Os representantes titulares e suplentes das organizações não governamentais
não poderão ter cargo comissionado ou função gratificada da Prefeitura Municipal e serão
escolhidos bienalmente em fórum próprio, convocado especialmente pelo Conselho Municipal
dos Direitos da Criança e do Adolescente para tal finalidade.
§ 1º - Na hipótese de desistência do conselheiro titular eleito, e/ou, da dissolução da organização
a qual o conselheiro representa, assumirá o assento o suplente do respectivo segmento.
§ 2º - A nomeação dos conselheiros não governamentais dar-se-á por Ato do Poder Executivo,
no prazo máximo de 30 dias, após o processo de escolha dos conselheiros.

FONTE: Disponível em: <http://www.cmdcaindaial.com.br/conselho>. Acesso em: 1º jun. 2016.

165
RESUMO DO TÓPICO 4

Neste tópico, você aprendeu que:

• No Brasil, o advento do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Lei nº


8069, de 13 de julho de 1990, que revogou o Código de Menores, comportou
inovações importantes para a política de atenção à infância e adolescência.

• No ano de 1923 estabelecem-se os Princípios dos Direito da Criança, através da


Liga das Nações e foi divulgada a primeira Declaração dos Direitos da Criança.

• No ano de 1979 foi reformulado o Código de Menores, trazendo um novo termo


“menor em situação irregular”.

• A Constituição de 1988 foi marcada pelos avanços sociais, reafirmando garantias


e direitos para crianças e adolescentes.

• A Lei nº 8.242, de 12 de outubro de 1991, criou o Conselho Nacional dos Direitos


das Crianças e dos Adolescentes (CONANDA).

• O CMDCA é o órgão deliberativo da Política Municipal dos Direitos da Criança


e do Adolescente, deliberativo e fiscalizador das ações, e o município o executor
do plano anual.

166
AUTOATIVIDADE

1 A legislação das políticas sociais é fundamental para se definir os direitos das


crianças e dos adolescentes, descreva essa redefinição.

2 O Código de Menores de 1979, por ter características e normas repressivas,


não compartilhava das novas propostas e conquistas de direitos na qual se
originou a Constituição Federal de 1988. Assinale a alternativa que define a
sequência de direitos da época?

a) ( ) Constituição Federal de 1988, Código de Menores, normas repressivas,


direitos.
b) ( ) Código de Menores, normas repressivas, direitos, Constituição Federal
de 1988.
c) ( ) Código de Menores, normas repressivas, Constituição Federal de 1988,
direitos.
d) ( ) Código de Menores, direitos, Constituição Federal de 1988, normas
repressivas.

3 Descreva como é a legislação do CMDCA.

4 Participe de uma reunião do CMDCA de sua cidade e elabore um relatório


com os dados abaixo e apresente aos colegas de turma.
Local, dia e horário das reuniões do conselho.

b) Se as reuniões são abertas à população.

c) E a composição do conselho, nome dos membros, os seus respectivos cargos


e também se são representantes do poder público e/ou da sociedade civil.

167
168
REFERÊNCIAS
BRASIL. CONAE 2010. Documento de Referência. Construindo o Sistema
Nacional Articulado de Educação: o Plano Nacional de Educação, Diretrizes e
Estratégias de Ação. Brasília: MEC, 2009.

BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Legislação do SUS.


Brasília: CONASS, 2003.

BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Para entender a gestão do


SUS. Brasília: CONASS, 2003.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Organização de


Antônio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Lívia
Céspedes. 29. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: 1998 – texto


constitucional de 5 de outubro de 1988 com as alterações adotadas pelas Emendas
Constitucionais de n. 1, de 1992, a 32, de 2001, e pelas Emendas Constitucionais
de Revisão de n. 1 a 6, de 1994, -17. Ed. – Brasília: 405 p. (Série textos básicos, 25).

BRASIL. Decreto nº 17.943-A/27 de outubro de 1927. Consolida as leis que de


assistência e proteção a menores. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/decreto/1910-1929/d17943a.htm>. Acesso em: 1 maio 2017.

BRASIL. Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. Fixa as diretrizes de bases da


educação nacional. Disponível em: <http://www.direitoaeducacao.org.br/lei-de-
diretrizes-e-bases-da-educacao-ldb/>. Acesso em: 1 maio 2017.

BRASIL. Lei n. 12.435, de 6 de julho de 2011. Sistema Único de assistência social.


Disponível em: <http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_
Identificacao/lei%2012.435-2011?OpenDocumentacesso>. Acesso em: 29 abr. 2016.

BRASIL. Lei n. 8.142, de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da


comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências
intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras
providências. Diário Oficial [da União], Brasília, DF, 31 dez. 1990a.

BRASIL. Lei n. 8069. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei n. 8.069, de 13


de julho de 1990. Projeto gráfico. Gráfica do tribunal de justiça de Santa Catarina.
Florianópolis, 2006.

BRASIL. Lei n. 8742, de 7 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a Organização da


Assistência Social e dá outras providências. Diário Oficial [da União], Brasília,
DF, 1993.

169
BRASIL. Lei n. 9.131 <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9131.htm>.
Acesso em: 1 de jun. 2016.

BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases


da Educação Nacional. Diário Oficial [da União], Brasília, DF, 20 dez. 1996.

BRASIL. Ministério da Saúde. Avaliação do Funcionamento dos Conselhos


Estaduais de Saúde. Brasília: MS/IBAMlUERJ/UFMG, 1995.

BRASIL. Planos de assistência social: diretrizes para elaboração. CapacitaSUAS,


Brasília, v. 3, 2008.

BRASIL. Política Nacional de Assistência Social PNAS/2004. Disponível em:


<http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Normativas/
PNAS2004.pdf>. Acesso em: 16 mar. 2016.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. B823p Parâmetros curriculares


nacionais: Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: 2001.

BRASIL. Secretária de Ensino Fundamental. Referencial Curricular Nacional


para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. V. 3.

BRASIL. Sistema Único de Assistência Social: SUAS. Norma Operacional Básica.


Brasília, julho de 2005. Disponível em: <http://www.assistenciasocial.al.gov.br/
sala-de-imprensa/arquivos/NOB-SUAS.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2016.

BRASIL. Secretaria de Direitos Humanos Presidência da República: Conselho


Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. 1988. Disponível em: <http://
www.sdh.gov.br/sobre/participacao-social/conselho-nacional-dos-direitos-da-
crianca-e-do-adolescente-conanda>. Acesso em: 4 maio 2016.

BRASIL. Lei n. 8080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para


a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento
dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial [da União],
Brasília, DF, set. 1990b.

BRAVO, M. I. S. MENEZES, J. S. B. de. Saúde, serviço social, movimentos sociais


e conselhos. Desafios atuais. São Paulo: Cortez, 2012.

BRAVO, M. I. S. MENEZES, J. S. B. de. Saúde, serviço social, movimentos sociais


e conselhos. Desafios atuais. São Paulo: Cortez, 2012.

BRAVO. Maria Inês Souza; MENESES, Juliana Souza Bravo de. Saúde, serviço
social, movimentos sociais e conselhos: desafios atuais. São Paulo: Editora
Cortez, 2012.

CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL/CFESS. Parâmetros para Atuação


170
de Assistentes Sociais na Saúde. Brasília: CFESS, 2009.

CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL/CFESS. Serviço social: Direitos


Sociais e
Competências Profissionais. Brasília: CFESS, 2009.

CORREIA, M. V. C. Desafios para o controle social: subsídios para capacitação


de conselheiros de saúde. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2005.

COSTA, M. D. H. da. O trabalho nos serviços de saúde e a inserção dos(as)


assistentes sociais. Revista Serviço Social e Sociedade, São Paulo, n. 62, ano XXI,
mar. 2000.

DEMO, Pedro. Participação é conquista. 6 ed. São Paulo: Cortez, 2009.

DICIONÁRIO DE CIÊNCIAS SOCIAIS/ Fundação Getúlio Vargas, Instituto de


Doc.; Benedito Silva, coord. Geral; Antônio Garcia de Miranda Netto.../et al./Rio
de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1986.

FERREIRA. Bruno. Os movimentos sociais: suas transformações e suas vidas de


lutas. Disponível em: <http://historiabruno.blogspot.com/2011/10/movimentos-
sociais.html#ixzz3wO2DGsSR>. Acesso em: 12 jan. 2016.

GARNERO. Mário. Democracia e desenvolvimento. 4 ed. São Paulo: Editora


Fórum das Américas, 1985.

GERSHON, Debora; ALTO, A. Mauricio; SOUZA, Rosimere de. Gestão pública


municipal e direitos humanos. Rio de Janeiro: IBAM/DES, 2005.

GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4 ed. São Paulo:
Atlas, 1999.

GOHN, M. da Glória. Abordagens teóricas nos estudos dos movimentos sociais


na América Latina. Caderno CRH, Salvador, n. 54, set./dez. 2008.

GOHN, M. da Glória. Movimentos sociais. No início do século XXI. Antigos e


novos atores sociais. Petrópolis: Vozes, 2011.

GOHN, M. da Glória. Nova teorias dos movimentos sociais. São Paulo: 4 ed.
Loyola, 2012.

GOHN, M. da Glória. Os sem-terra, ONGs e cidadania: a sociedade civil


brasileira na era da globalização. 3 ed. São Paulo: Cortez, 2003.

GOHN, M. da Glória. Teorias dos movimentos sociais. 9 ed. Loyola. São Paulo.
2011.

GOHN, M. G. M. Conselhos gestores e a participação sociopolítica. 3. ed. São


171
Paulo: Cortez, 2007b.

GOHN, M. G. M. História dos movimentos e lutas sociais. São Paulo: Loyola,


1995.

GOHN, Maria da Glória. Movimentos sociais na América latina e na atualidade.


Disponível em: <http://www.novamerica.org.br/revista_digital/L0108/rev_
emrede02.asp>. Acesso em: 13 jan. 2016.

GOHN, M. da Glória. Movimentos sociais. No início do século XXI. Antigos e


novos atores sociais. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1998.

GOHN, Maria da Glória. Teorias dos movimentos sociais: paradigmas clássicos


e contemporâneos. Editora Loyola, 1997.

HOUAISS, A.; VILLAR, M. de S. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio


de Janeiro: Objetiva, 2006.

IAMAMOTO, M. V. O serviço social da contemporaneidade: trabalho e


formação profissional. 7 ed. São Paulo: Cortez, 2004.

IAMAMOTO, Marilda V. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e


formação profissional. 10. Ed. São Paulo: Cortez, 2006.

IAMAMOTO, Marilda Villela. O serviço social na contemporaneidade: trabalho


e formação profissional. 25. ed. São Paulo: Cortez, 2014.

MATOS, M. C. Assessoria e Consultoria: reflexões para o Serviço Social. In:


BRAVO, M. I. S.; MATOS, M. C. (Org.). Assessoria, consultoria e serviço social.
Rio de Janeiro: 7 Letras e FAPERJ, 2006.

MONTAÑO, C. DURIGUETTO, M. L. Estado, classe e movimento social. São


Paulo, Cortez: 2010.

NETTO, José Paulo. Ditadura e serviço social: uma análise do serviço social no
Brasil pós/64. 15 ed. São Paulo: Editora Cortez, 2010.

PRESTES, Anita Leocádia. Brasil (década de 1920): o tenentismo e o papel da


violência na história. Rio de Janeiro: Ed. Travessa, 2001.

RAICHELLIS, R. Desafios da gestão democrática das políticas sociais.


Capacitação em Serviço Social e Política Social. Módulo 3. Brasília: UNB, Centro
de Educação Aberta, Continuada a Distância, 2000.

RAICHELLIS, R. Esfera pública e conselhos de assistência social: caminhos da


construção democrática. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2008.

RIZZINI, Irene; PILLOTI, Francisco. A arte de governar crianças: a história das


172
políticas sociais, da legislação e da assistência à infância no Brasil. 2. ed. São
Paulo: Cortez, 2009.

SADER, E. A refundação do Estado e da política. A crise do Estado-nação.


In: NOVAES, A. (Org.). A crise do Estado-nação. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2003.

SANTOS, R. B. dos. Movimentos sociais urbanos. 1. ed. São Paulo: UNESP, 2008.

SCHERER-WARREN, Ilse.  Redes de movimentos sociais. Edições Loyola, São


Paulo. 1993.

SILVA, Ana Amélia da. Esfera pública e sociedade civil uma (re)invenção
possível. São Paulo, Revista São Paulo em Perspectiva, 8 (2), 1994.

SIMÕES, Carlos. Curso de direito do serviço social. 2. ed. São Paulo: Cortez,
2008. v. 3.

SOARES, Raquel Cavalcante. A racionalidade da contrarreforma na política de


saúde e o Serviço Social. São Paulo: Cortez. 2012.

SOUSA, R. M. S. Controle social em saúde e cidadania. Revista Serviço Social e


Sociedade, São Paulo, n. 74, ano XXIV, p. 3-200, jul. 2003.

SOUZA, Rosimere de. Políticas sociais. Indaial: Uniasselvi, 2012.

SOUZA, Rosimere de. Políticas sociais. Indaial: Uniasselvi, 2012.

SPOSATI, Aldaíza. A menina LOAS: um processo de construção da assistência


social. São Paulo: Cortez, 2005.

SPOSATI, Aldaíza. Especificidade e intersetorialidade da política de assistência


social. In: Serviço Social & Sociedade nº 77. São Paulo: Cortez, 2004.

VIOLA, Eduardo J. O movimento ecológico no Brasil (1974-1986): do


ambientalismo à ecopolítica. Disponível em: <http://www.anpocs.org.br/portal/
publicacoes/rbcs_00_03/rbcs03_01.htm>. Acesso em: 12 jan. 2016.

WEGRZYNOVSKI, Silvana Braz. Políticas sociais da assistência social. Indaial:


UNIASSELVI, 2015.

WIESE, Michelly L.; SANTOS, Rosemeire. Movimentos sociais. UNIASSELVI,


2011.

YAZBEK, M. C. Classes subalternas e assistência social. 5. ed. São Paulo: Cortez,


2006.

173

Você também pode gostar