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SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO
GUARULHOS – SP
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4
4 SOCIEDADE ECONÔMICA.................................................................................. 22
2
7.1 Funcionalismo ................................................................................................. 53
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1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
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2 SOCIOLOGIA E SEU CONTEXTO HISTÓRICO
A sociologia é estudo científico da organização e do funcionamento das
sociedades humanas e das leis fundamentais que regem as relações sociais, as
instituições, etc.
Nesta perspectiva, pode-se entender a sociologia como uma das
manifestações do pensamento moderno. O desenvolvimento do pensamento
científico, datado da época de Copérnico, abrangeu com a sociologia, um novo campo
de conhecimento que ainda não havia sido integrado ao conhecimento científico, o do
mundo social. Surgindo após a constituição das ciências naturais e das diversas
ciências sociais (MARTINS, 1988).
Desta forma, a sua formação constitui um fato complexo, para o qual
contribuem um conjunto de circunstâncias, história e sabedoria, e uma série de
intenções práticas. O seu surgimento inscreveu-se num contexto histórico específico,
coincidindo com os momentos finais da desintegração da sociedade feudal e da
consolidação da civilização capitalista. Sua criação não é obra de um único filósofo ou
cientista, mas é resultado da construção de um grupo de pensadores empenhados
em compreender novas situações de existência (MARTINS, 1988).
Para compreensão da atuação da sociologia e sua interpretação científica,
percorremos desde a contextualização histórica do seu surgimento até a formação
dos principais métodos de análise sociológica da realidade social.
A sociologia ergueu-se como resultado de um processo histórico que culminou
na Revolução Industrial: a segunda revolução científica e tecnológica. Este evento deu
origem a problemas sociais que os pensadores contemporâneos não conseguiram
explicar (MARCON, 2014).
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As mudanças trazidas pela Revolução Industrial moldaram e transformaram
completamente a organização social, deram origem a novas formas de organização e
provocaram grandes mudanças culturais. Todo esse processo de transformação levou
ao surgimento de duas novas classes sociais: dos trabalhadores e empresários. O
número de cientistas e engenheiros aumentou.
Mas foi a siderurgia que teve um impacto ainda mais decisivo ao revolucionar
as técnicas de produção, ao influenciar o desenvolvimento de todas as indústrias
subsequentes. Melhorias em fornos e sistemas de fundição tornaram o ferro de alta
qualidade disponível e tiveram grandes vantagens sobre outros materiais. Isso levou
ao aprimoramento de muitas tecnologias existentes e à construção de novas
máquinas. De acordo MARCON (2014) esse processo trouxe crescimento e
estruturação das ferrovias, pontuado que:
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Iluminismo no século XVIII. O Iluminismo não apenas procurou transformar as velhas
formas de conhecimento, mas também criticou duramente a sociedade feudal,
contrapondo os privilégios da nobreza e as restrições que eles impuseram. De acordo
com os interesses econômicos e políticos da burguesia, esta forma de sociedade era
irracional, injusta e restritiva da liberdade. Com seu pensamento revolucionário
iluminista, eles desempenharam um papel fundamental na Revolução Francesa de
1789 (MARCON, 2014).
A Revolução Francesa de 1789 não tinha como objetivo apenas mudar a
estrutura do Estado e abolir radicalmente a antiga forma de sociedade, mas também
revogar costumes e hábitos arraigados, de acordo com MARTINS (1988):
A revolução desferiu também seus golpes contra a Igreja, confiscando suas
propriedades, suprimindo os votos monásticos e transferindo para o Estado
as funções da educação, tradicionalmente controladas pela Igreja. Investiu
contra e destruiu os antigos privilégios de classe, amparou e incentivou o
empresário (MARTINS, p. 23, 1988).
Fonte: https://shre.ink/1YNo
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Marx analisou as sociedades capitalistas e concluiu que as principais fontes
de conflito nas sociedades de classes são o fato de os produtores estarem dissociados
dos meios de produção e a permeação das relações humanas com a lógica de
mercado ou financeira. De acordo com a visão marxista, o estudo da sociedade deve
começar com seus fundamentos materiais. É a estrutura econômica da sociedade que
representa o próprio fundamento da história humana sobre a qual se baseiam outros
níveis de realidade, como política, cultura e religião. O conhecimento da realidade
social deve se tornar uma ferramenta política que possa orientar grupos e classes
sociais para transformar a sociedade (MARCON, 2014).
Para complementar:
Karl Marx (1818-1883) foi um filósofo alemão e revolucionário socialista. Criou a
base da doutrina comunista, onde criticou o capitalismo. Sua filosofia tem
influenciado diversas áreas do conhecimento, como a sociologia, a política, o direito
e a economia.
Em Bruxelas, Marx mudou-se com a família e, com Engels, dedicou-se a escrever
sua tese sobre o socialismo e a manter contato com o movimento operário europeu.
Fonte: www.ebiografia.com
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Com a ideia de constante transformação através de movimentos contínuos,
toda a mudança sempre tem um propósito qualitativo, pois a busca pelo
aperfeiçoamento é constante, Marcon (2014), diz que “a luta entre os contrários vai
sempre resultar em uma solução melhor, pela própria assimilação das ideias e
enriquecimento do pensamento”.
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sua teoria, Weber estabelece os tipos de ação social que ocorrem na sociedade, pois
o objetivo expresso na ação social é o que pode revelar o seu próprio significado, pois
ao final cada indivíduo considera a suas ações relativamente ligadas a
interação/reação de outras pessoas.
Existem quatro tipos de ação social estabelecidos por Weber, consideremos a
tabela abaixo:
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éticos e acaba por “racionalizar” o agir
em conformidade com esses princípios.
AÇÃO SOCIAL COM RELAÇÃO A FINS Tem como característica básica ser a
ação que o homem realiza como ator
social, tendo como referência ou
motivação seus objetivos e
considerando os meios de que dispõe
para atingi-los.
De acordo com Cabral (2004) “ao elaborar essas noções, Durkheim conclui que
o indivíduo nasce da sociedade, e não o contrário”. Assim, uma de suas ideias centrais
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é a irredutibilidade do conjunto social a uma definição da sociologia que privilegia o
todo sobre as partes, ou a soma dos elementos e a explicação dos elementos pelo
todo.
3 SOCIEDADE E SUAS DEFINIÇÕES
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entender a organização política brasileira, é necessário identificar algumas de suas
principais características. O primeiro aspecto a considerar também se encontra na
Constituição brasileira, que a trata como uma república federativa composta por vários
estados (26), distritos federais (Brasília) e municípios (mais de 5.000). Todos estão
ligados à União e também são responsáveis por garantir a soberania nacional
(TRENNEPOHL, 2014).
Politicamente, a sociedade brasileira tornou-se uma estrutura complexa,
lembrando que Estado difere de Governo. O que queremos dizer com estado e
governo?
O estado é mais estável e contribui para a organização geral do país.
O Estado desempenha um papel extremamente importante na formação dos
cidadãos. Compete-lhe assegurar os direitos individuais e coletivos, bem como
formular e implementar as políticas públicas necessárias ao atendimento das
necessidades básicas do povo, garantindo-lhe o acesso aos benefícios dele derivado,
desenvolvimento econômico e tecnológico do país (DA COSTA, 2016).
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organização social trata do próprio funcionamento do chamado corpo social. Podemos
também concluir que a estrutura social acaba por nos dar uma ideia, uma visão do
estático - é o presente. Por outro lado, a organização social dá-nos uma ideia de
desempenho, na medida em que estão envolvidos os atores sociais e as relações que
estabelecem. A escola é um espaço multidimensional no qual os atores sociais se
situam (OLIVEIRA, P. S. DE, 2005). Para Nery (2013):
Pensar na estrutura social é também pensar no modo de produção que
constitui a estrutura. É importante que retomemos a concepção marxista
acerca da estrutura social. Temos aí claramente a formação social composta
da infra e da superestrutura social. É importante que vejamos a relação entre
essas duas “forças” que formam a sociedade. À infraestrutura, em que se
encontram as bases econômicas da sociedade, as relações de produção,
determina a superestrutura, isto é, a forma como os homens se organiza para
produzir os bens de que necessitam (modo de produção) é a base infra
estrutural de toda e qualquer sociedade. A superestrutura, por sua vez, é
composta das instâncias ideológica, jurídica e política. (NERY, p. 73, 2013).
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que a educação se desenvolveu em complexos sistemas de ensino.
(OLIVEIRA, P.S. DE, 2005, P. 50-51)
O termo escola vem da palavra grega scholé que significa “lazer, tempo de
recreação”. O termo é usado para se referir a instituições educacionais porque a
tradição greco-romana não dava muita importância à formação profissional e ao
trabalho manual. Treinar homens da classe dominante era o ideal da educação grega.
Os professores não eram formados de acordo com seu próprio conceito, mas
deveriam seguir as necessidades da sociedade, formando líderes, pessoas que
ocuparão altos cargos no futuro.
Como surgiu a educação? A educação é uma invenção humana. Se existe a
ideia de uma educação ser feita, é porque existe a necessidade de ensinar algo a
alguém por um determinado motivo. Educar é ter algum controle sobre o ambiente
externo e considerar que é possível transformá-lo. Ou seja, quando falamos de cultura,
predizemos um esforço educativo. Quando o homem se tornar o agente da própria
história, passa-se a ter os primeiros esforços para educar os indivíduos e os grupos
aos quais ele pertence. Os humanos primitivos estavam sujeitos ao tempo, como os
animais, não compreendendo sistematicamente o ontem e o amanhã. Para Paulo
Freire, o homem primitivo, como os animais, vivia sob esmagadora eternidade. Só
quando “teve consciência do tempo, se historicizou” (FREIRE, 1999, p. 31).
As transformações causadas pelo próprio homem, fazem dele o construtor de
sua própria história. Como disse Paulo Freire, “na medida em que os homens, dentro
de sua sociedade, vão respondendo aos desafios do mundo, vão temporalizando os
espaços geográficos e vão fazendo história pela sua própria atividade criadora” (1999,
p. 33). Se o homem consegue transformar e criar história, então ele pode aprender e
ensinar seus semelhantes. Mas por muito tempo, no que aqui chamamos de
sociedades primitivas, as pessoas atribuíram esse poder transformador a uma
percepção mágica da realidade. Mitos ou interpretações mágicas da realidade eram
uma importante forma de compartilhamento de poder em grupos sociais. A divisão do
poder e a divisão do trabalho andavam de mãos dadas, pois poucos indivíduos eram
capazes de conhecer os mistérios dos fenômenos naturais e, assim, controlar a
produção e controlar os indivíduos (BATISTA; FREIRE, 2014).
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Observamos que os seres humanos que vivem em sociedade produzem um
fenômeno social que chamamos de educação. Pensar a educação das diferentes
sociedades ao longo da história significa compreender as diferentes formas de
organização social destinadas a garantir a sobrevivência das populações humanas.
As primeiras e posteriores civilizações agrícolas que se formaram ao longo dos rios e
consolidaram assentamentos sedentários criaram uma divisão do trabalho entre
homens e mulheres, entre produtores e lavradores, dedicando-se ao sagrado e
protegendo o grupo, entre os governantes e dominados. Era necessário conhecer
verbalmente os mitos que explicam os fenômenos naturais associados ao poder dos
deuses. Os deuses representavam a forma racionalizada de tentar explicar o
significado e a complexidade da vida. Batista e Freire (2014) afirmam que:
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comparativamente esparsas em comparação com as revoluções artísticas e
científicas pós-renascentistas, podem ser consideradas estáticas. Seja pela rigidez de
seu dualismo de classe, seja pelo longo período histórico em que essa rigidez
prevaleceu. Entretanto, algumas mudanças podem ser observadas das sociedades
pré-históricas para as chamadas sociedades tradicionais, caracterizadas pela longa
duração de suas estruturas. Vejamos a tabela comparativa abaixo:
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educativa do espírito cristão, mesmo inserido num contexto secular. Além disso,
práticas educacionais voltadas para recompensa ou punição e organização de
pesquisas, ainda hoje encontradas em muitas instituições educacionais (BATISTA,
FREIRE, 2014).
A modernidade vem com uma revolução pedagógica (OLIVEIRA, 2014). A
infância, quando aparece nos escritos filosóficos contemporâneos, é apresentada
como um aluno conduzido por um professor. Assim é nos Ensaios de Montaigne
(1580), Didactica Magna de Comenius (1631), e também em Emile de Rousseau
(1762). A invenção da infância na modernidade é sobretudo o ideal de ir à escola.
É axiomático que as mudanças que ocorrem na Modernidade estão relacionadas
com as descobertas geográficas devido ao renascimento do comércio, ao crescimento
das cidades, à mobilidade social e à expansão da navegação. Mas não esqueçamos
que esta era moderna está relacionada com a criação de estados-nação que
governam toda a sociedade e suas políticas, e a educação realmente aparece como
uma ferramenta importante para realizar essa tarefa.
Gradualmente, as escolas que concebemos hoje foram moldadas pelos ideais
da ciência e da razão. Por que educação desde a modernidade? Pode-se dizer que
seu objetivo mudou, buscando formar indivíduos ativos na sociedade, ansiosos por
romper com as velhas formas de ordem social baseadas em tradições e laços
familiares, e ansiosos por combinar fé e razão. Se os lugares privilegiados para a
educação das crianças são o lar e a igreja, então a modernidade se forma na oficina,
e o exército e a escola se fortalecem.
Outras instituições de controle social também se sofisticaram: hospitais,
asilos, prisões. Em outras palavras, toda revolução tem seus limites: os limites do
desenvolvimento seguro dos meios de produção e as condições de produção do
sistema capitalista emergente. A base do surgimento da ideologia burguesa na
modernidade partia dos pressupostos de formar cidadãos e produtores, libertar as
pessoas dos grilhões da ignorância e da superstição, mas também tornar as pessoas
produtivas e integradas ao novo sistema.
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3.3 História da educação no Brasil
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controlar o povo e para isso demitiu os jesuítas. Desde então, pela primeira vez, foi
preciso formalizar a profissão docente e prepará-la para atuar em um novo modelo de
ensino, sob gestão do Estado.
Com a chegada da realeza e da corte portuguesas ao Brasil, em 1808,
diversas medidas educativas foram adotadas para atender aos interesses dos nobres
que aqui vinham. Nasceram as primeiras instituições culturais e científicas, de ensino
técnico e de ensino superior. Nas outras classes, não existe essa preocupação; são
preferencialmente fornecidos por iniciativa pessoal, delegando à família a
responsabilidade pelo ensino da leitura e da escrita (ROMANELLI, 2002).
Até a Primeira Guerra Mundial, a inércia da economia brasileira permitia a
sustentação necessária de um sistema dualista que, sobretudo, servia à elite e em
grande parte à classe média; a classe trabalhadora não tinha acesso à escola
(TEIXEIRA, 1977). Após a guerra, especialmente na década de 1920, houve uma
onda de protestos contra as mudanças na sociedade em geral. Nessa época, surgiu
um grande movimento de implantação da Escola Nova no Brasil, elaborado por
grandes educadores, como Anísio Teixeira, Almeida Júnior e Lourenço Filho, que
lideraram o movimento e redigiram o Manifesto dos Pioneiros em 1932, documento
que redefiniu o papel do Estado na educação e cujo objetivo primordial era lutar pela
expansão das escolas públicas, laicas e liberais, pelo direito à liberdade, maior
apropriação da função educativa e descentralização da educação (SAVIANI, 2004),
que seria o único meio de combate à desigualdade social no Brasil.
Em um salto histórico muito importante para a educação podemos considerar
a criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB nº 9.394/96), gerando
esperanças de que o problema da formação de professores em nosso país será
resolvido, mas essas expectativas ainda não foram satisfeitas. Os institutos de ensino
superior e as escolas comuns superiores têm sido aceitos como opção de cursos
pedagógicos e de bacharelado. A LDB veio atualizar os equipamentos que a
Constituição de 1988 promulgou. A lei atual, que trouxe uma série de mudanças no
setor educacional, é a lei mais abrangente já desenvolvida. No entanto, apresenta
falhas passíveis de diversas interpretações, que não garantem avanços substanciais
e qualidade educacional. As dificuldades encontradas na educação pública brasileira
são consequência da falta de designação efetiva das mudanças propostas pela LDB,
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como problemas como baixos salários e formação inadequada de professores
(SOUZA; MIRANDA; SOUSA, 2018).
4 SOCIEDADE ECONÔMICA
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invenção de máquinas como a
lançadeira móvel, o tear elétrico e a
máquina a vapor, ocorreu uma revolução
na fabricação. As fábricas começaram a
produção em massa e a indústria pesada
apareceu. Por sua vez, a invenção das
locomotivas e dos barcos a vapor
contribuiu decisivamente para a
circulação de mercadorias.
Centralização do trabalho em fábricas A produção industrial no final da Idade
Média e no Renascimento era
caracterizada pelo artesanato local, com
os artesãos trabalhando em casa e
realizando todas as etapas do processo
produtivo com suas famílias. Com a
Revolução Industrial, essas atividades
ocorreram principalmente nas fábricas.
Produção em massa. O trabalho, que antes da Revolução
Industrial era manual, passou a ser feito
por máquinas. Portanto, um grande
número de produtos foi produzido de
maneira padronizada.
Especialização Os artesãos da casa completam todas
as etapas da fabricação das peças. Nas
fábricas, os trabalhadores passam a
realizar tarefas repetitivas e, assim,
contribuem cada vez menos com o
produto final. Essa especialização
aumentava a produção, mas também
reduzia o nível de habilidade exigido dos
trabalhadores.
Novas relações de trabalho O novo sistema industrial transformou as
relações de trabalho, criando duas novas
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classes sociais que se tornariam a base
de seu funcionamento. De um lado estão
os capitalistas (empresários) que
possuem prédios, máquinas, matérias-
primas e produtos manufaturados. Por
outro lado, os proletários (trabalhadores)
que possuem apenas a força de trabalho
e a vendem aos capitalistas para
produzir bens em troca de salários.
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transporte, assistimos ao aumento da interdependência das nações do planeta (GIL,
2011).
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4.2 Teoria do capital humano
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Segundo Blaug (1975), a educação pode ser vista como um bem de consumo
que transmite conhecimento e bem-estar às pessoas, bem como um bem de
investimento que visa alcançá-los no futuro.
A educação é quase sempre ao mesmo tempo investimento e consumo, não
só no sentido de que um dado tipo de educação, em determinado país, pode
contribuir para aumentar a renda futura enquanto outro tipo de educação, no
mesmo país, não tem tal efeito, mas o mesmo quantum de educação,
digamos um ano de aprendizado escolar para determinado individuo,
invariavelmente possui aspecto tanto de consumo quanto de investimento.
(BLAUG, 1975, p. 20).
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evidências, como qualidade da educação, estrutura econômica e ocupação. Hage e
Garnier (1988) analisaram uma função de produção do tipo Solow para a economia
francesa de 1825 a 1975. Os autores concluem que o impacto da educação na
economia só ocorrerá se os currículos escolares forem padronizados e os estados
controlarem a qualidade dos cursos oferecidos. O autor divide o impacto da educação
na economia em três momentos: a alfabetização influencia as estruturas econômicas
que passam da agricultura para formas mais industriais, uma educação mais técnica
é relevante para os aspectos da segunda revolução industrial e a valorização da
educação superior nas chamadas sociedades pós-industriais.
De acordo com o site educacional (2022) há um alto índice de evasão e atraso
no mundo educacional no Brasil. O que já é alarmante ficou ainda pior com a
pandemia. Uma análise dos números publicados pelo Fundo das Nações Unidas para
a Infância revela que a porcentagem de crianças e jovens em idade escolar que estão
fora da escola está aumentando a cada ano. Em 2019, eram pouco mais de um milhão
deles, e em 2021 o índice saltou para um milhão. Os dados da Fundação Getulio
Vargas (FGV) confirmam esse cenário, mostrando que a pandemia fez o índice de
rotatividade aumentar em um ano. Essas crianças e jovens podem estar fora da
instituição de ensino em diversas situações. No entanto, 37% dos jovens de 11 a 14
anos dizem que isso ocorre porque não estão interessados em aprender.
Ainda que pesquisas apresentadas pelo Estado assegurem a universalização
do Ensino Fundamental, a realidade mostra que os índices de escolaridade
brasileira são baixos e de qualidade inferior, se comparados com outros
países, inclusive da América Latina. Essa realidade contraria radicalmente o
que estabelece a legislação no que diz respeito à Educação como direito.
(SMARJASSI, ARZANI, 2021)
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manutenção e expansão das três redes de ensino. Estruturas de apoio
correspondentes foram estabelecidas para viabilizar os gastos com esses sistemas
(TOLEDO, 2016). As políticas públicas educacionais de financiamento são as
responsáveis pelo repasse de recursos para que a educação possa ser implementada
e, assim, atenda os objetivos do sistema educacional brasileiro.
A política educacional, consiste em programas ou iniciativas elaboradas no
nível governamental para contribuir para a efetivação dos direitos previstos na
constituição federal. Um de seus objetivos é implementar medidas que garantam o
acesso à educação para todos os cidadãos. Estes incluem dispositivos que garantem
educação e avaliação para todos e ajudam a melhorar a qualidade da educação no
país. Com base nessa definição de ordem pública educacional, é necessário avaliar
criticamente até que ponto eles foram implementados no direito educacional, ou seja,
eles realmente aconteceram. O deslustre da desigualdade é, entre outras coisas,
resultado da configuração que o Estado adotou na política educacional desde a época
do império e continua até hoje, apesar dos avanços no combate à desigualdade
(SMARJASSI, ARZANI, 2021).
5 O QUE É POLÍTICA?
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política requer pelo menos duas pessoas. No entanto, nem todas as interações
humanas constituem atividade política como geralmente a entendemos (portanto, a
existência de duas pessoas é uma condição necessária, mas não suficiente para a
existência de atividade política) (MACKENZIE, 2011). Entretanto, para mostrar até que
ponto os filósofos políticos tendem a divergir. Segundo Leftwich: “a política constitui
um aspecto universal e difuso do comportamento humano e que ocorre sempre que
dois ou mais seres humanos estejam engajados em alguma atividade coletiva, quer
seja ela formal ou informal, pública ou privada” (LEFTWICH, p. 100, 2004).
De acordo com Mackenzie (2011) a ação política parece ser uma forma
especial de chegar a um consenso quando os desacordos afetam os outros. Isso
requer que as partes envolvidas, incluindo os ilhéus do deserto, não apenas busquem
satisfazer os seus próprios interesses imediatos, mas também participem de um
processo destinado a estabelecer um conjunto de padrões e normas que ajudarão a
resolver disputas futuras.
Esse enfoque da natureza da política está muito bem-apanhado na definição
de Bernard Crick “política é a atividade pela qual interesses divergentes no âmbito de
uma unidade de governo podem ser reconciliados pela atribuição de participação no
poder, em medida proporcional à sua importância para o bem-estar e a sobrevivência
de toda a comunidade” (Crick, 1964, p. 21). Embora reconhecendo que a sociedade
como um todo precisa de "bem-estar" e "sobrevivência", a hipótese de Crick é clara
que a política ocorre quando surgem divergências e conflitos, e que a política consiste
na arte de resolver adequadamente esses conflitos, ou seja, não recorrer à violência
ou tirania.
Dito isso, devemos ter cuidado para não presumir precipitadamente que a
política existe para resolver conflitos. A política não é um empreendimento mais
colaborativo, de modo que o ativismo político é principalmente uma forma de reunir
grupos de pessoas com interesses comuns? Em vez de pressupor divergências e
conflitos, é melhor pensar a política na busca do bem comum. Talvez, dois ilhéus do
deserto tenham entrado na política porque perceberam que ambos valorizavam a
liberdade, e é por isso que vieram para esta ilha em primeiro lugar. Portanto, a tarefa
política não é principalmente resolver algumas diferenças de recursos, mas expressar
da maneira mais rica e adequada o seu saudável senso de "bem viver" (MACKENZIE,
2011).
30
5.1 Política e educação
31
Outra grande violação ético-política do neoliberalismo é a percepção da
realidade humana como algo pronto e estabelecido. Essa visão determinista reforça a
visão extremamente conservadora que justifica a desumanização no mundo moderno
como uma realidade natural e involuntária e, portanto, independente de práticas
sociais efetivas. Essa é mais uma característica do discurso neoliberal, que mostra
sua direção profundamente ideológica e irresponsável em relação ao futuro da
sociedade (ZITKOSKI, 2007).
Portanto, o caminho que a maior parte do mundo deve buscar é fortalecer a
resistência aos projetos políticos hegemônicos e iluminar o leque internacional mais
amplo de movimentos sociais que possam gerar uma política cívica genuína que
controle os subsistemas financeiro e administrativo desse poder. A esperança e a
utopia de um projeto social que supere o mal inerente ao capitalismo (ainda mais
desumano e repulsivo hoje) é que a história seja feita por pessoas e nenhuma lei ou
destino, seja predeterminado, invisível ou desconhecido para os homens. Portanto, a
esperança de Freire na vitória ético-política do neoliberalismo se baseia na
possibilidade histórica, sempre real e acessível dos oprimidos, que hoje sofrem com
a desumanidade percebida em seu mundo cotidiano, a fragilidade, um poder que pode
superar a fortaleza construída pelos opressores.
32
escolares do espaço acadêmico relacionado à produção de conhecimento em
diversas áreas (pesquisadores, professores universitários, sociedades de pesquisa) e
os participantes do setor comercial privado, cujos desejos são influenciar a educação
pública e a política do Estado (fundações privadas, em geral). Não se cogita sugerir
que sejam grupos unidos por seus interesses. Pelo contrário, existem pontos de vista
conflitantes, diferenças, tensões dentro de todos. Por exemplo, professores e alunos
podem ter visões diferentes sobre a definição do conhecimento básico coberto por
cada componente curricular. Da mesma forma, a visão dos historiadores sobre esse
assunto pode ser completamente diferente da dos professores de história. No debate
curricular, essas perspectivas, que também representam ânsias especiais, são
contestadas (DA SILVA MICARELLO, 2016).
Diante disso, visualizamos diversos pensamentos e ideias relacionados a
educação. Chaui (2016) resume a concepção de ideologia nas seguintes definições:
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Imaginário Coletivo A eficácia da ideologia, como meio de
fazer cumprir as regras de classe,
depende de como os indivíduos se
encontram e se identificam e, através da
autoconsciência assim obtida, se
socializam e compartilham
inconscientemente. A eficácia de uma
ideologia depende, portanto, de sua
internalização de um corpus ficcional, de
sua identificação com a própria realidade
e, principalmente, de sua capacidade de
manter a invisibilidade. Uma ideologia
pode ser descrita como hegemonia se
não precisa se mostrar, se não precisa
de sinais visíveis para se afirmar, mas a
ideologia se espalha naturalmente como
uma verdade, é igualmente aceita por
todos.
Lógica Coerente A essência da ideologia é que ela pode
representar a realidade e a prática social
através de uma lógica coerente. A
continuidade é alcançada por dois
mecanismos: lacuna e "eternidade". Em
outras palavras, por um lado, a lógica
ideológica é lacunar, ou seja, as cadeias
não ocorrem apesar dos intervalos ou
silêncios, mas por causa deles; por outro
lado, sua coerência depende de sua
capacidade de ocultar sua própria
gênese, ou seja, deve aparecer como
uma verdade já feita e já eternamente
dada, um "fato natural" ou "eterno".
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Ainda Chaui (p. 248, 2016) diz que “a anterioridade do corpus, a
universalização do particular, a interiorização do imaginário como algo coletivo e
comum e a coerência da lógica lacunar fazem com que a ideologia seja uma lógica da
dissimulação (da existência de classes sociais contraditórias) e uma lógica da
ocultação (da gênese da divisão social)”.
Por isso, uma das atividades fundamentais da ideologia é passar do discurso
de para o discurso sobre. Assim, quase podemos identificar momentos em que um
relato ideológico emerge: por exemplo, quando o elóquio da solidariedade social se
torna praticamente impossível por causa da divisão social, surge o discurso da
solidariedade; quando é preciso abafar a fala sobre a loucura, a preleção da loucura
se faz; onde não pode haver exposição sobre a revolução, surge outra alegação, sobre
a revolução; onde não pode haver manifestação sobre as mulheres, surge a
expressão sobre as mulheres, e assim por diante (CHAUI, 2016).
Chaui, designa que em nossa sociedade, é tacitamente obedecida pela regra
da competência, cujo resumo pode ser declarado da seguinte forma: não é qualquer
um que pode dizer a um ou outro qualquer coisa, em qualquer local e em qualquer
situação. Em outras palavras, o remetente, os destinatários, o conteúdo e o formato,
o local e a hora da transmissão de uma mensagem são determinadas através de
regras prévias, quem pode falar e ser ouvido, onde e o que dizer, e o que ouvir.
A regra da competência também determina antecipadamente quem será
excluído do círculo de comunicação e informação. Esta regra não só confirma a
divisão social do trabalho como “natural”, mas sobretudo “racional”, entendendo a
eficiência da execução ou cumprimento de uma tarefa através da razão. E também
reforça a distinção entre quem sabe e quem “não sabe”, fomentando nestes o desejo
de conhecer pelo conhecimento (CHAUI, 2016).
Com a ajuda da regra da competência podemos questionar: quem se
considera apto para falar sobre educação, ou seja, da escola como forma de
socialização? A resposta é óbvia: a burocracia estatal, que regula, regulamenta e
controla o trabalho da pedagogia por meio de ministérios e secretarias de educação.
Assim, há um discurso de poder ao qual fala da educação e define seu sentido,
finalidade, forma e conteúdo. Então, quem fica de fora do discurso educacional? Os
mesmos que podiam falar de educação como experiência pessoal: professores e
alunos. Resta saber o motivo da impossibilidade do discurso educacional (CHAUI,
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2016). Portanto, caminhamos na direção de visualizar fortes influências ideológicas
na educação.
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lugares, coisas e tempo, aproveitando ao máximo a virtualização de recursos e
métodos disponíveis, etc. A escola é necessária para novas formas de cidadania
compartilhada, solidariedade, responsabilidade, convivência construtiva e interação
para todos. (CF. MARQUES 1995, PP. 96-117).
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animais e objetos. Para os cristãos, essa
crença não faz sentido.
Valores São concepções gerais do que é
considerado bom, desejável, certo,
bonito (ou feio, indesejável, errado) em
uma determinada cultura. Os valores
influenciam o comportamento das
pessoas e são os critérios pelos quais as
ações dos outros são julgadas. Os
japoneses, por exemplo, cultuam a
lealdade familiar. Já os norte-
americanos, valorizam o individualismo.
Normas Traduzem crenças e valores em regras
específicas para o comportamento.
Detalham aquilo que pode e que não
pode ser feito. São codificadas no direito
(formais) ou ritualizadas nos costumes
(informais). Os cintos de segurança do
carro são um padrão oficial. Pessoas
sentadas em cadeiras em vez de no
chão é uma norma informal. As normas
variam em intensidade, desde as mais
rígidas, que regem o comportamento nas
religiões, até aquelas que orientam
nossas rotinas diárias.
Sanções São as penalidades (multa, prisão, olhar
de desacato, etc.) e recompensas
(aumento de salário, agradecimento,
sorriso, etc.) Sanções formais são
recompensas e punições oficiais e
públicas; sanções informais, às vezes
sutis e até provocam uma reação
inconsciente.
39
Símbolos Eles são qualquer coisa que carrega um
significado particular, geralmente
reconhecido por pessoas de uma
determinada cultura. O mesmo objeto
pode simbolizar diferentes emoções em
diferentes culturas. Na Escócia, anágua
(kil) é símbolo de masculinidade, mas no
Brasil tem significado oposto.
Idioma É uma parte importante da cultura. A
linguagem é um sistema de símbolos e
sons que permite que os membros de
uma sociedade se comuniquem entre si.
Tecnologia Ele define o padrão para a cultura e
influencia não apenas como as pessoas
trabalham, mas também como elas se
socializam e como percebem o mundo.
Qualquer mudança tecnológica implica
mudanças culturais.
42
A Educação escolar corresponde à cultura erudita. Rege-se por padrões
eruditos, sua finalidade é formar o homem “culto” no sentido erudito da
palavra, seu conteúdo e sua forma são eruditos; é enfim, o principal meio de
difusão da “cultura erudita”. Aquilo que estamos chamando, na falta de uma
expressão mais adequada, de “educação difusa”, corresponde à “cultura
popular”. (SAVIANI, p. 82, 1986)
43
escolar. Esse papel e função devem estar ligados às aspirações sociais quando se
trata do formato do Estado Democrático de Direito.
Ao longo da história do Brasil, a educação geral não foi uma preocupação
social primordial. Portanto, há pouco acesso à cultura, seja conhecimento
sistematizado ou arte. Frequentar a escola é uma exigência colocada como base para
a formação do ser humano moderno. Correspondendo a essa exigência, a escola é o
espaço institucionalizado responsável pela formação sistemática das sucessivas
gerações, no qual os professores interagem com os alunos e demais atores e assim,
interferem de alguma forma na formação do homem. É, por isso, um elemento
fundamental para compreender a variabilidade das diferentes sociedades e culturas
e, neste universo, do mundo do trabalho. É claro que o impacto da educação escolar
neste mundo não se limita às variáveis econômicas, pois, a escola está mais que
nunca no centro da inovação social, no sentido mais amplo da palavra, por meio da
disseminação do conhecimento na sociedade. A situação atual exige cada vez mais
que os diferentes profissionais dominem os conhecimentos que lhes permitam atender
às suas diversas exigências (CORRÊA, 2012).
É sob esse aspecto, ou seja, nas suas diversas exigências, que se concentra
a questão da diversidade e a sua relação com a cultura e o conhecimento. Importa,
pois, estruturar uma concepção pedagógica escolar cujo entendimento resida na
importância da aquisição por parte do aluno de novos saberes que lhe permitam
compreender e traduzir a diversidade, desta forma segundo a sua especificidade e
natureza, para que a ação educativa se dê em harmonia com as necessidades da
diversidade cultural (CORRÊA, 2012). Ainda de acordo com Corrêa:
A educação aberta à diversidade cultural não emerge por razões pedagógicas
exclusivamente, mas por motivos sociais, políticos e ideológicos. Nas últimas
décadas, tem crescido no Brasil a consciência de que a realidade brasileira é
formada por matizes de novos cidadãos brasileiros, que, a partir de
movimentos articulados (negros, indígenas, feministas, sem-terra,
homossexuais, mulheres, etc.), buscam se fazer conhecer e reconhecer
como parte substantiva de uma diversidade múltipla e de características
próprias. (CORRÊA, p. 125 – 126, 2012).
44
Quando estudamos a história da educação nas aulas 01 e 02, podemos
observar um período da linha do tempo chamada modernidade indo do século XVI ao
século XVIII. Foi uma época de mudanças drásticas na civilização ocidental, como a
incorporação do Novo Mundo (colonização dos Estados Unidos) e a transição do
feudalismo para o capitalismo. A modernidade, portanto, marca o nascimento do modo
de produção capitalista, e o fim desta era é limitado pela revolução burguesa, dando
origem a problemas sociais ao qual a constituição da sociologia como ciência social
exige uma explicação. Assim, surgem algumas questões básicas. O que é a
modernidade e o que era a modernidade nos tempos modernos?
Segundo Teixeira Coelho, “em princípio, haverá tantas noções de moderno,
modernismo e modernidade quantos forem os espaços e os tempos considerados”
(COELHO, 1995, p. 20). Isso dificulta definir esses termos. Em sua contribuição para
a revista Correio da UNESCO (1993), o tema central gira em torno da questão: “O que
é o moderno” Yves Beavois e Alexandra Poulain já disseram que “só há modernidade
em relação ao momento em que ela é enunciada” (BAUVOIS; POULAIN, 1993, p. 10).
A ensaísta egípcia Aya Wassef acrescenta que “o contrário do moderno não é o
antigo, mas um novo de ontem já fora de moda” (WASSEF, 1993, p. 7).
Segundo Jacques Le Goff, a palavra "moderno" deriva etimologicamente do
baixo latim modernus, que deriva dos radicais modus/modo (agora, recentemente) e
hodierno ou hodie (hoje), significa uma forma de fazer algo hoje, estar na ordem do
dia, fazer e se tornar novo (LE GOFF, p. 174, 1999). Essa formulação fica mais clara
quando contrastada com a combinação dos radicais gregos an e chronos,
anacronismo, significando a negação do tempo ou dos tempos pré-históricos. Desde
suas origens por volta do século V, a palavra 'moderno' tem significado fabricar algo
novo em relação ao mundo antigo, então cristão, em oposição ao mundo pagão.
Depois disso, a partir da era moderna, o moderno expressou o ato de criar e recriar
tudo o que está ao alcance da mão humana e da mente humana a todo momento, em
constante movimento.
A palavra "modernidade" é muito mais recente do que isso, ou seja, desde o
final da era moderna, poucos a situam no século XIX, mas ela produziu coisas novas
em grande escala num curto período sem precedentes, atingindo mais e mais pessoas
a cada momento tem com maior intensidade (SOUZA, 2015).
45
No contexto das revoluções burguesas, que trouxeram inovações tanto na
produção quanto no pensamento, surgiram novas instituições, valores, atitudes, novas
formas de vivenciar o tempo, ocupar o espaço e organizar o poder político, a
modernidade passou a expressar, simultaneamente, o entendimento de que as
pessoas compartilhavam novas experiências (o mundo da cidade é visualizado na
forma de mundo novo e brilhante) e um desejo de espalhar essas experiências pelo
mundo, ou seja, mudar a visão geral do mundo conforme o com o desígnio divinal,
para aquele que vê o ser humano como sujeito da história. A ideia de progresso do
modo conhecido hoje é o legado dessa ideia de criar o novo. Diante da perspectiva
racionalista, aliada ao avanço da ciência moderna, permitiu-se que os pensadores
fizessem julgamentos muito otimistas sobre o futuro da humanidade(SOUZA, 2015).
A percepção humana como seres no mundo, mas o fato que os próprios
humanos podem ser objeto de estudo, permitiu o nascimento e a síntese das ciências
sociais ao longo do século XIX. A partir do conhecimento do ser humano na condição
de ser deste mundo, nasceu e consolidou-se a ideia de que o ser humano é o sujeito
da história, se, individual ou coletivamente, todos poderiam conseguir desenvolver a
capacidade de planejar racionalmente o próprio futuro (SOUZA, 2015).
Descrever o indivíduo equivale a alimentar a mente, desenvolver a luz natural
da razão, fazer de cada um seu senhor, libertar e moldar a cidadania. Esta é a
premissa central da pedagogia Iluminista. Este era o trabalho do mestre, e o local de
realização desse trabalho era a escola. Daí a reivindicação da educação como
cidadania e da educação e dever do Estado. A educação foi elencada exemplificando
o elemento básico do projeto de civilização moderna (SOUZA, 2015).
46
tempo e é difícil de aplicar universalmente a uma realidade tão diferente do mundo de
hoje. Apesar de suas origens antigas, nos tempos modernos o termo adquire um
significado contemporâneo, isso significa, um ideal que norteia uma ação ou um
conjunto de ideias que teve forte impacto prático no direcionamento da luta política
pela democracia e reivindicações de direitos (SOUZA, 2015).
O conceito de cidadania, que se refere a um indivíduo ter obrigações e,
sobretudo, exercer direitos, é bastante antigo, mas não foi até o século XVIII que se
tornou universal. Na Grécia antiga, os cidadãos se reuniam em praças públicas e polis
para discutir seu destino, mas os cidadãos eram apenas homens livres, e a
democracia grega eliminou a maioria absoluta da população: escravos, jovens, velhos
e mulheres. Este novo conceito de cidadania não era apenas universal, mas também
trazia consigo outro elemento fundamental. Ela exigia que as regras da vida social
fossem produto da vontade coletiva e expressas na lei. Isso significava que as
pessoas deveriam determinar soberanamente seus destinos. No contexto das então
recém-constituídas democracias, essa vontade coletiva ou soberania popular poderia
ser expressa diretamente pelos parlamentares, ou por representantes eleitos pelos
próprios cidadãos. Ao longo do tempo, a democracia representativa prevaleceu nas
repúblicas modernas (SOUZA, 2015).
O ato fundador dessa nova forma de poder organizacional certamente remonta
à primeira proclamação dos direitos humanos e dos cidadãos em 1789, no início da
Revolução Francesa. Procura expressar em normas jurídicas os ideais de liberdade,
igualdade, universalidade e autonomia de que tantas vezes falamos. Adotando alguns
princípios da Declaração de Direitos da Virgínia de 1776, o legislador francês escreveu
no preâmbulo da declaração: os representantes do povo francês, representados na
Assembleia Nacional, estão empenhados em desmascarar a ignorância, o
esquecimento e o desrespeito pelos direitos humanos, por considerarem que esta é a
única causa do infortúnio público e do aumento da corrupção governamental.
Proclamar solenemente os direitos naturais, inalienáveis e sagrados do homem, de
modo que esta Declaração, sempre apresentada a todos os membros da comunidade
social, seja uma constante recordação de seus direitos e deveres. Assegurar maior
respeito às ações dos poderes legislativo e executivo, que sempre podem ser
comparadas e visar qualquer instituição política. A partir de agora, a advocacia cidadã,
47
baseada em princípios simples e indiscutíveis, contribuirá sempre para a manutenção
da Constituição e o bem-estar de todos (SOUZA, 2015).
No entanto, mais de duzentos anos se passaram desde a primeira Declaração,
sendo preciso admitir que uma coisa é o que está no projeto e outra, é o que
caracteriza a realidade. Nesse período, houve conquistas e fracassos em relação à
cidadania, e as decisões sobre o tema foram as mais diversas possíveis. Vejamos,
por exemplo, quando Sérgio Rouanet, traz um diagnóstico grave de que o projeto de
civilização moderna, está em crise no mundo todo, e no Brasil, “estamos vivendo a
revolta antimoderna que hoje grassa no mundo sem jamais termos vivido a
modernidade”. E não foi uma crise temporária ou pontual, mas uma dúvida ou rejeição
total dos princípios e valores do Iluminismo. “Como a civilização que tínhamos perdeu
sua vigência e como nenhum outro projeto de civilização aponta no horizonte, estamos
vivendo, literalmente, num vácuo civilizatório. Há um nome para isso: barbárie”
(ROUANET, 1993, p. 11).
Todavia, não se pode negar que, embora a luta por direitos seja antiga, ela
mobiliza pessoas em todo o mundo para defender o projeto de uma sociedade com
menos desigualdade. Essa luta, continua em vários espaços sociais e se ergue como
horizonte para homens e mulheres com esperança porque a democracia e a cidadania
não se dão, mas se conquistam. A educação é, portanto, um direito do cidadão e, ao
mesmo tempo, condição necessária para compreendermos o que está em jogo na
difícil luta pela conquista de direitos. É claro que, durante esses duzentos anos o modo
de produção capitalista se enraizou, a desigualdade tornou-se cada dia mais visível,
a burguesia passou de classe revolucionária a classe conservadora, a luta por
mudanças sociais e políticas mudou durante o movimento socialista. Surgiram novos
lugares de conflitos culturais, a escola mudou muito ao longo do tempo, sempre
surgem novos projetos pedagógicos (SOUZA, 2015).
49
fortalecimento da díade, educação e desenvolvimento está cada vez mais presente
por meio do partido meritocrata e individualista que está dominando e estabelecendo
o vínculo entre educação e emprego no Brasil (JUNIOR, 2013).
A reestruturação produtiva capitalista, surgida no final da década de 1980,
desempenhou um papel reforçador muito importante nesse processo. Assim, a
responsabilidade do Estado é cada vez mais retirada da vida educativa e
consequentemente uma ampla abertura ao sistema privado de ensino, principalmente
ao nível do ensino superior (IDE & ROTA JÚNIOR, 2009).
Repensar a educação é mais do que nunca um projeto político, não apenas
um projeto educacional. Aqui estamos a pensar em uma pedagogia cega às
realidades sociais nas quais as escolas se fundam e que esteja atenta às constantes
mudanças no processo de contínua adaptação do sistema capitalista (JUNIOR, 2013).
50
não sociais das primeiras experiências. Somente outras pessoas podem reduzir a
fome do bebê, reduzir seu desconforto, trocar roupas molhadas, etc. Outros criam
condições para experiências infantis que ditam os padrões da criança para construir
relacionamentos com o mundo exterior. Esses padrões o acompanham, ou seja,
penetram em seu corpo e influenciam seu crescimento (PILLETI, 2022).
Uma das primeiras regras estabelecidas pela sociedade refere-se aos horários das
refeições:
Se a criança é alimentada somente em horas determinadas, seu organismo
é forçado a adaptar-se a esse padrão. E, ao realizar o processo de adaptação,
suas funções sofrem uma modificação. O que acaba acontecendo é que a
criança não apenas é alimentada em horas determinadas, mas também sente
fome nessas horas. Numa espécie de representação gráfica, poderíamos
dizer que a sociedade não apenas impõe seus padrões ao comportamento
da criança, mas estende à mão para dentro de seu organismo a fim de regular
as funções de seu estômago. O mesmo se aplica à secreção, ao sono e a
outros processos fisiológicos ligados ao estômago. (Berger e Berger, 1978:
201)
Essas normas de comportamento relacionadas ao grupo e à sociedade
parecem absolutas para a criança. É esta absolutização que possibilita e torna eficaz
o processo social. A criança não tem escolha a não ser obedecer aos padrões dos
adultos, porque deles depende. Os adultos têm poder absoluto sobre a criança, e
qualquer resistência que a criança possa oferecer logo cederá. O mundo que uma
criança conhece é o mundo apresentado pelos adultos. Só mais tarde ele percebe que
existem outros mundos, outros padrões, e pode sair da visão absolutista das coisas
(PILLETI, 2022).
As normas sociais são conscientes, explícitas e impostas: lavar as mãos,
escovar os dentes, respeitar os idosos, etc. Involuntariamente, quando são
inconscientemente absorvidos pelas crianças com base na sua vida social, na sua
observação e imitação dos adultos, na influência da publicidade, etc. Principalmente
nesta categoria existem atitudes em relação a si mesmo, aos outros e ao mundo.
Introversão ou extroversão, timidez ou descontração, crenças, superstições,
preconceitos, etc. É transmitido às crianças pelo exemplo dos adultos, e não pela
disciplina consciente (PILLETI, 2022).
A experiência extraescolar refere-se a qualquer experiência social educacional
vivida fora das dependências da escola. É uma experiência de tempo que não é
regulada pela escola, mas que define a qualidade da experiência escolar de uma
forma diferente. Caracteriza o aperfeiçoamento e compensação da prática pedagógica
na tradição escolar. Existem exigências morais tácitas sobre o papel das escolas e
51
ambiguidades sobre o calendário e organização das escolas fora da escola. São
experiências que nada têm a ver com a aprendizagem escolar, mas que visam
desenvolver e maximizar a qualidade do trabalho escolar e, nos termos de Bourdieu,
o capital cultural são muito acentuados pelas diferenças socioeconômicas. A
experiência extracurricular tem diferentes formas e esta dimensão educativa refere-se
a atividades e processos educativos fora do ambiente escolar. Neste sentido,
funcionam como uma “ferramenta de apoio” à aprendizagem e à formação acadêmica,
resultando na criação de um poderoso e valioso capital cultural que aprofunda e
constitui uma forma diferenciada de caminhos alternativos (CORREIA, 2010).
As vivências e aprendizagens cotidianas formais e informais que decorrem fora
do enquadramento específico da instituição escolar e que completam e regulam
diversas atividades, tarefas, rotinas e intervenções de reforço e apoio pedagógico,
facilitam currículos, recursos organizativos práticos e experiências de carreira que
incluem macro tempos educacionais definidores de muitos saberes e atividades
cotidianas. De acordo com Correia (2010):
Nessa categoria se incluem todas as atividades extraletivas de aprendizagem
sociocultural que incidem no desempenho escolar. Refere-se, também, ao
tempo educativo de inversão e possível dedicação do educando, da família,
da comunidade, do Estado... fora da atenção e cuidados exclusivos da
escola. É um tempo invasivo que condiciona em grande parte a experiência
acadêmica, pois através dele se espera tanto da família como do educando
que desenvolva os estudos, hábitos de leitura, disciplina de trabalho escolar,
prepare as tarefas e materiais de aplicação, reforce os esquemas analíticos
e valorativos não internalizados e terminados no espaço específico da
instituição escolar (CORREIA, p. 2-3, 2010).
Não podemos deixar de perceber a importância de recursos e tradições como
tradições familiares, meios de comunicação social, vida cotidiana, ambiente ecológico,
cultura, cidade, bairro, corpo, esportes, recreação, tempo criativo e experiências
complementam a educação escolar, integrando redes críticas de aprendizagem que
enriquecem a aprendizagem escolar. Esses núcleos de aprendizagem formam
espaços e tempos interativos que servem como blocos de construção fundamentais
das experiências escolares e outros momentos sociais. Esses cernes de
aprendizagem constituem o espaço e o tempo interativos que servem como elemento
organizador fundamental da experiência na escola e em outros momentos sociais
(CORREIA, 2010).
A direção inovadora da nova LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUÇÃO
NACIONAL (LDB), fruto de lutas e conquistas sociais, valoriza as atividades
extracurriculares e os princípios que confirmam a flexibilização e ampliação do
52
conceito educacional. Focando na cultura educacional que enfatize não apenas o
conhecimento codificado da educação formal, mas também a herança cultural que os
alunos constroem fora e dentro da escola por meio de experiências sociais mais
amplas (CORREIA, 2010).
7.1 Funcionalismo
A teoria do suicídio de Durkheim é um exemplo clássico do que hoje é
chamado de funcionalismo. As teorias funcionais têm quatro características principais:
54
cursos mais curtos e desenvolver programas de desenvolvimento profissional para
ajudar os jovens a encontrar trabalho. No que lhe concerne, o Estado buscará conter
seus gastos. Como resultado de todas essas ações, uma nova ordem social emergiu.
Assim, o que sustenta a sociedade em unir os esforços de suas partes para
criar a ordem social, segundo os funcionalistas, é o consenso social, condição sob a
qual os membros da sociedade concordam que a cooperação é boa para a sociedade
em sua vestimenta. Os sociólogos ao qual aderem a essa visão, examinam as partes
de um determinado sistema e tentam determinar como elas se relacionam com outras
partes e com o todo. Ou seja, eles observam os resultados da combinação ou
disposição das peças, tentam descobrir suas funções e analisam como esses
resultados contribuem para a manutenção de determinado sistema. Pode acontecer
algo funcionando em um sistema não funcionando em outro. Por exemplo, uma função
pode ser boa para o lucro em uma organização e pode não ser boa para a unidade
familiar, enquanto outra função boa para a unidade religiosa pode não ser boa para a
integração étnica (GIL, 2011).
Entretanto, vale considerar que Robert K. Merton (1970), outro importante
expoente do funcionalismo estrutural, propôs a ideia de que nem todas as práticas ou
instituições sociais são plenamente funcionais porque podem ser funcionais para um
determinado grupo e disfuncional para outro. Merton também contribuiu para o
refinamento do funcionalismo estrutural ao distinguir entre funções manifestas e
latentes. As manifestações referem-se aos objetivos dos atores, enquanto os efeitos
latentes incluem efeitos que, embora não sejam diretamente sugeridos, se manifestam
numa série de ações específicas. Por exemplo, organizar uma festa empresarial tem
o objetivo óbvio de ser divertido, mas pode ter um papel oculto na promoção da coesão
do grupo que a coordena (GIL, 2011).
55
o mais fraco. A perspectiva do conflito baseia-se principalmente nas ideias de Karl
Marx sobre o conflito entre capitalistas e proletários (GIL, 2011).
57
7.4 Perspectiva Estruturalista-Construtivista
A nova perspectiva de desenvolvimento sociológico é estruturalista-
construtivista. Ela vem principalmente da obra de Pierre Bourdieu, que a desenvolveu
na tentativa de superar a dicotomia subjetivismo/objetivismo na humanidade. Essa
perspectiva rejeita trabalhos tanto no campo do fisicalismo, onde o mundo social é
considerado um fato objetivo, quanto no campo da psicologia, onde o mundo social
se limita a representações de agentes, deixando a ciência para fornecer explicações
explicativas. (GIL, 2011).
58
7.5 Teoria Feminista
Fonte: https://shre.ink/1iIm
59
7.6 Feminismo Moderno
60
tradições esboçadas anteriormente podem aumentar nossa compreensão de um
aspecto da vida social com o qual estamos familiarizados: o mundo da moda.
61
mais importantes, pois, levanta questões como as dos valores que a escola planeja
propagar. Uma função menos óbvia é facilitar a integração social e política de uma
população composta por grupos raciais, étnicos e religiosos muito diferentes que
compartilham certos valores. Esta função é particularmente importante em países ou
regiões com forte diversidade cultural, onde os grupos sociais são muitas vezes hostis
(GIL, 2011).
A Escola também prepara os jovens para serem adultos produtivos e ordeiros,
apresentando-lhes as normas, valores e disciplinas da sociedade na totalidade.
Assim, as escolas também desempenham um papel de controle social, ensinando os
alunos a serem pontuais, disciplinados, pacíficos e a atuarem em outras instituições
sociais, como economia e política. Uma função potencial das escolas é construir
relacionamentos. Muitos alunos do ensino médio e da faculdade iniciam
relacionamentos longos e intensos na escola que podem levar ao casamento. A
afiliação com certas escolas também contribui para o sucesso profissional do aluno
(GIL, 2011).
Embora a maioria das funções sociais seja considerada conservadora, a
escola também pode ser vista como um agente de mudança cultural porque incentiva
a investigação acadêmica e o desenvolvimento do pensamento crítico. As escolas
também são onde algumas das atividades energéticas mais importantes acontecem,
como sistemas de cotas minoritárias (GIL, 2011).
62
individualismo e a criatividade para manter a ordem. Nas escolas, a necessidade de
liderança e disciplina costuma ser fundamental no aprendizado. Assim, professores e
alunos tornam-se vítimas do currículo oculto designado por Philip Jackson (1968), que
consiste em todos aqueles elementos do ambiente escolar que, mesmo não fazendo
parte do currículo formal, promovem valores, atitudes e comportamentos.
Para Paulo Freire (1970), a educação pode ser humanizadora e
desumanizadora. A educação desumana, segundo esse educador, transforma o
homem em "coisa" e assume a forma do que ele chama de educação bancária. Nessa
modalidade de ensino, o aluno é tratado como uma “caixa” na qual o “educador” faz
seu “depósito”. Uma "caixa" que está cheia de "conhecimento" como se o
conhecimento fosse o resultado de uma ação passiva ao receber presentes ou
coerção de outros.
63
fracos. Quando esses alunos estão com dificuldades, os professores tendem a
imaginar que é preciso muito esforço para ajudá-los. Como resultado desse
tratamento discriminatório, o desempenho dos alunos tende a atender às expectativas
(GIL, 2011).
PARA COMPLEMENTAR: Segundo a mitologia grega, Pigmaleão era o rei
de Chipre e uma de suas paixões era a escultura. Apesar de seu poder, o rei era
uma pessoa triste e solitária, então ele esculpiu uma estátua da mulher perfeita.
Mais tarde, ele ficou profundamente fascinado por ela e a chamou de Galateia. O
amor impossível fez Pigmaleão pedir ajuda aos deuses. A deusa Afrodite se
comoveu com a frustração do artista e transformou a estátua de mármore em uma
mulher de carne e osso. O escultor realizou seu sonho e união humanizada.
Na psicologia, existe algo chamado Efeito Pigmaleão. Esse efeito ocorre
quando uma pessoa, geralmente um educador, consegue inspirar maior autoestima
nos outros (CONCEITOS, 2016).
64
Há, assim, um processo velado de imposição que Bourdieu chama de 'violência
simbólica' (BOURDIEU, 2002).
65
p. XI, 1989). Esta ciência autônoma e empírica baseada na teoria do "fato social" é
uma solução científica para a interpretação do mundo. Em suma, é a sociologia do
entendimento e da ordem, da coesão social, da moralidade (entendida como um
"produto social"). Marx é para as relações de poder o que Durkheim é para as relações
de coesão social. A sociologia de Durkheim ensina a respeitar as normas coletivas
(ARON, p. 383, 1991).
A teoria educacional de Durkheim foi inspirada por sua teoria sociológica
geral. Durkheim, se interessou pela educação como objeto de pesquisa sociológica
desde cedo; pelo caráter sócio-histórico do fenômeno educacional; pelos métodos
educacionais de cada sociedade em um determinado período histórico; pela forma
que a sociedade disciplina e integra por meio da educação e como promove as
conquistas de seus membros. Foi o primeiro escritor clássico a afirmar a educação
como um processo social, um fenômeno social passível de descrição, análise e
explicação sociológica (SEBASTIÃO, p. 23, 2009), “função essencialmente social”
(DURKHEIM, p. 61, 2009), como “coisa eminentemente social” (DURKHEIM, p. 94,
2009). Este clássico da pedagogia francesa, fundador da sociologia da educação,
acredita que a sociologia deve determinar os objetivos da educação. Sua teoria define
a educação como um "bem" social.
A sociedade, considerada meio, condiciona o sistema de educação. Todo o
sistema de educação exprime uma sociedade, responde a exigências sociais,
mas tem também por função perpetuar os valores da coletividade. A estrutura
da sociedade, considerada causa, determina a estrutura do sistema de
educação, e este tem por fim ligar os indivíduos à coletividade e convencê-
los a tomarem como objeto do seu respeito ou da sua dedicação a própria
sociedade (ARON, p. 374, 1991).
67
Para o sociólogo alemão Max Weber, a libertação não era possível pela
educação. Assim como Marx, ele entendia que a escola deve ser analisada em seu
contexto social. Para Marx, porém, a escola poderia oprimir ou libertar os indivíduos.
Para Weber, a sociedade não é nada externo a nós. Os valores e normas que
compartilhamos não flutuam acima de nós, mas mediam nossos relacionamentos,
valores e padrões criados por pessoas podendo ser alterados. A sociedade com suas
normas e valores não é a "vilã". Mas as mudanças sociais que consolidaram as
sociedades capitalistas, que exigem mão de obra especializada e bem-educada para
funcionar nos setores burocráticos do Estado e das grandes corporações, levaram a
educação por um caminho menos humano (MARQUES, 2012).
A educação formalista, humanística e desinteressada preconizada por
Gramsci parece utópica para Weber. Entende-se por desinteressada o ensino sem
fins lucrativos. Isso significa conhecimentos que não são utilizados para o
cumprimento de determinada profissão, mas que contribuem para o desenvolvimento
intelectual dos indivíduos.
Ao contrário de Marx, para Weber a característica mais óbvia da sociedade
capitalista é a racionalização burocrática. A estrutura social do poder é baseada em
três instâncias: econômica (expressa em classes), social (expressa em posição) e luta
pelo poder (expressa em partidos). A escola é um palco de relações de poder, ou seja,
dominação (combina domínio tradicional e burocrático). No cerne da proposta de
Weber está a identificação de três tipos de educação: carismática; humanista ("de
cultivo"); burocrático racional (profissional):
Historicamente, os dois polos opostos no campo das finalidades educacionais
são: despertar o carisma, isto é, qualidades heroicas ou dons mágicos; e
transmitir o conhecimento especializado. O primeiro tipo corresponde à
estrutura carismática do domínio; o segundo corresponde à estrutura
(moderna) de domínio, racional e burocrático. Os dois tipos não se opõem,
sem ter conexões ou transições entre si. O herói guerreiro ou o mágico
também necessita de treino especial, e o funcionário especializado em geral
não é preparado exclusivamente para o conhecimento. São, porém, polos
opostos dos tipos de educação e formam contrastes mais radicais. Entre eles
estão aqueles tipos que pretendem preparar o aluno para a conduta da vida,
seja de carácter mundano ou religioso (WEBER, p. 482, 1971).
69
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
70
DIAS, Érika; PINTO, Fátima Cunha Ferreira. Educação e sociedade. Ensaio:
Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v. 27, p. 449-454, 2019.
GIL, Antonio C. SOCIOLOGIA GERAL. São Paulo: Grupo GEN, 2011. E-book. ISBN
9788522489930. Disponível em: https://shre.ink/1uZK. Acesso em: 15 dez. 2022.
HAGE, Jerald; GARNIER, Maurice (1988). “The active State, investment in human
capital, and economic growth: France 1825-1975”. American Sociological Review.
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HANSEN, J. A. A civilização pela palavra. In: LOPES, E. M. T.; VEIGA, C. G.; FARIA,
L. M. (Orgs.). 500 anos de educação no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. p. 19-
42.
71
MARCIEL, Diva Albuquerque; BARBATO, Silviane. Desenvolvimento humano,
educação e inclusão escolar. 2011.
OLIVEIRA, P.S. de. Introdução à sociologia da educação. São Paulo: Ática, 2005.
72
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