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GESTÃO INTERNACIONAL DE
RECURSOS HUMANOS
Unidade II
Ficha Técnica:
Título: Gestão Internacional de Recursos Humanos – Teorias e modelos sobre diferenças culturais
Autor: João Feijó
Revisor (a): Tânia Uamusse
Execução gráfica e paginação: Instituto Superior Monitor
1ª Edição: 2012
© Instituto Superior Monitor
Índice
INTRODUÇÃO ............................................................................................................... iii
ESTRUTURA DA UNIDADE II ..................................................................................... 5
CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................................................ 5
RESULTADOS DE APRENDIZAGEM DA UNIDADE II ............................................ 6
INTRODUÇÃO
Caro Estudante,
Seja Bem-vindo(a) à unidade II da disciplina de Gestão Internacional de Recursos
Humanos.
Para ter sucesso nesta unidade necessita de estudar com atenção todo o manual, não
deixando de rever as unidades anteriores. Para complementar os seus conhecimentos
recomenda-se que realize uma leitura pelos recursos auxiliares recomendados ao longo
desta unidade, não só pela bibliografia indicada como pelos websites sugeridos. Para aceder
a outras bibliotecas faça-se acompanhar do seu cartão de estudante.
O aluno pode ainda recorrer a outras bibliotecas virtuais, como por exemplo em:
www.saber.ac.mz
www.books.google.com
Recomenda-se que o aluno não guarde as suas dúvidas para si e que as apresente ao tutor,
sempre que achar pertinente. Recomenda-se que entre em contacto com o respectivo tutor,
caso ainda não tenha o contacto do mesmo poderá obtê-lo através do site:
https://www.ismonitor.ac.mz/ ou através da página facebook:
https://www.facebook.com/ismonitor/.
No final desta unidade encontra-se o teste de avaliação. A avaliação deve ser submetida ao
Instituto Superior Monitor até 30 (trinta) dias após a recepção da unidade. A avaliação da
unidade pode ser submetida por e-mail (testes@ismonitor.ac.mz) ou entrega directa na
instituição sede ou centros de recursos. É da responsabilidade do aluno certificar-se da
recepção do teste no exacto número de páginas.
Esta unidade pressupõe que a realização de 37,5 horas de aprendizagem, distribuídas da
seguinte forma:
Tempo para leituras da unidade: 22 horas;
iv Índice
CONTEXTUALIZAÇÃO
No decurso da primeira unidade de Gestão Internacional de Recursos
Humanos realizou-se uma abordagem sobre o conceito de globalização e
sobre os desafios que as organizações e que os cidadãos enfrentam neste
novo contexto. Ainda na primeira unidade realizou-se uma breve
abordagem do processo de internacionalização das organizações.
Nesta segunda unidade pretende-se analisar, num primeiro momento, o
fenómeno da cultura no contexto das organizações, de forma a se poder
compreender, num segundo momento, diferentes modelos de compreensão
das diferenças culturais. A partir de uma análise antropológica da cultura
(ou pelo menos a partir da forma como este conceito é analisado nas
ciências sociais) pretende-se refletir sobre a respetiva adaptação às
ciências da gestão e da administração, analisando as potencialidades e
limitações dessa utilização.
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RESULTADOS DE APRENDIZAGEM
DA UNIDADE II
Problematizar a aplicação do conceito de cultura às ciências da
gestão e da administração;
Definir o conceito de cultura organizacional;
Distinguir as diferentes abordagens do conceito de cultura das
organizações;
Compreender diferentes modelos explicativos de diferenças
culturais;
UNIDADE II – TEORIAS E MODELOS SOBRE
DIFERENÇAS CULTURAIS
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A título de exemplo, determinadas práticas culturais consideradas “moçambicanas”
constituem, na realidade, uma mistura de práticas culturais oriundas de diferentes regiões
do planeta. A «tradicional» capulana moçambicana constitui um bem cultural que foi
importado de regiões da Ásia, ainda que seja utilizada (amarrada) de uma forma sui
generis (de uma forma própria) pelas mulheres moçambicanas. Por outro lado, a cultura
constitui algo de dinâmico, que sofre evoluções ao longo do tempo. A forma como o
«tradicional» lobolo é hoje feito no distrito de Maputo é diferente da forma como o era
realizado na década de 1940, assim como nessa altura já era diferente da forma como era
feito 100 anos antes. As culturas são dinâmicas e mudam com o tempo e é precisamente
isso que define as culturas. A cultura constitui também algo de contraditório e de
complexo. Por um lado, é possível a conjugação de traços culturais muitas vezes
antagónicos (ex.: sentimento patriótica e nacionalista conjugado pela simpatia com
aspectos culturais (como um clube de futebol) da antiga potência colonial). Por outro
lado, num mesmo contexto cultural podemos encontrar diferentes formas de interpretar e
de praticar essa mesma cultura. Essas diferenças podem por vezes dar origem a clivagens.
De facto, em inúmeras culturas assistem-se a conflitos de gerações (entre os mais velhos,
que procuram defender a tradição, que mais não é do que os seus próprios poderes, e os
mais novos, que reivindicam para si um papel mais activo, mais liberdade e autonomia),
ou a conflitos de género (entre homens, que procuram manter o seu papel dominador da
sociedade, e as mulheres, que procuram por sua vez conquistar a sua emancipação), entre
outros.
A cultura organizacional constitui um conceito polissémico (com múltiplos
sentidos), constituindo simultaneamente uma moda e um paradigma das
ciências da gestão, mas também uma alternativa às abordagens mais
tradicionais das organizações.
Quando falamos em cultura organizacional estamos a acentuar o carácter
socialmente construído e simbólico das realidades organizacionais. Ou
seja, as organizações são constituídas por sistemas de crenças (entre
trabalhadores, nem sempre consensuais) utilizadas pelos actores, não só
para interpretar como para recriar e transformar a realidade em que vivem.
Trice e Beyer (1993 cf Nunes e Vala, 2000: 123) descrevem as
características das culturas organizacionais, considerando que são um
fenómeno:
“Colectivo: as culturas são produzidas através da interacção estabelecida entre
os indivíduos, pelo que pertencer a uma cultura significa partilhar crenças e
modos de agir, mesmo que esta partilha não seja integral.
Conotado emocionalmente: as culturas contêm elementos cognitivos, mas
também afectivos, na medida em que entre os processos que lhe deram origem se
encontram mecanismos de redução da ansiedade ou porque a expressão das
emoções se traduz, ela própria, numa prática cultural
Assente na história: as culturas desenvolvem-se ao longo do tempo, já que a sua
emergência se situa no decurso da vivência de experiências comuns, e da
resolução conjunta de problemas. As culturas tendem a ser únicas, atendendo a
que os grupos possuem a sua própria história e transmitem os seus traços
culturais aos novos membros.
Intrinsecamente simbólicos: as culturas possuem uma elevada carga simbólica
uma vez que os comportamentos dos seus membros, verbais ou não, são
expressivos, ou seja, transmitem muito mais aos restantes elementos do que a sua
simples execução: uma chefia que deixa a porta do seu gabinete aberta não
significará apenas que a porta está aberta; significa, também, um convite a
entrar e uma maior abertura à comunicação informal.
Dinâmico: à medida que os grupos evoluem ao longo da sua história, existem
elementos culturais que permanecem, enquanto que outros se alteram ou se
adquirem. De facto, dentro de uma cultura, os indivíduos não são todos iguais,
existindo sempre a possibilidade de haver diferenças nas aprendizagens
efectuadas ou nos estilos pessoais. Por outro lado, a transmissão de elementos
culturais é imprecisa, pois ocorre de forma, pelo menos parcialmente,
inconsciente e tem uma forte carga simbólica, factores que são acentuados nos
processos de transmissão cultural aos novos membros das culturas
Intrinsecamente ambíguo: as culturas não são conjuntos de sentidos totalmente
coerentes entre si. De facto, integram, frequentemente, contradições e paradoxos,
os quais resultam da complexidade e incerteza com que as culturas se
confrontam no decurso da sua existência”.
In Nunes e Vala (2000: 123)
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QUADRO SINÓPTICO
TEMA DESCRIÇÃO
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INTRODUÇÃO
A recente literatura sobre a gestão internacional ou intercultural das
organizações tem permitido uma melhor análise da complexidade e do
impacto dos diferentes padrões culturais ao nível do comportamento dos
trabalhadores e da gestão dos recursos humanos em contextos
internacionais.
Os estudos transculturais caracterizam-se pelo facto de explicarem as
diferenças da gestão a partir das diferenças culturais. De facto, entre os
teóricos dos estudos transculturais tem sido consensual a constatação que
os valores culturais têm constituído os elementos mais importantes da
cultura ao nível do impacto nas organizações.
De seguida apresentam-se um conjunto de modelos de explicação das
diferenças culturais, nomeadamente a partir dos contributos de Kluckhohn
e Strodbeck, de Philippe d’Iribarne, de Edward Hall, de Trompenaars e de
Geert Hofstede. Ainda que se tenham baseado em muitos estudos
etnográficos, de cariz mais qualitativo e dedutivo (abordagens EMIC), os
contributos destes autores visaram sobretudo a realização de
generalizações e de comparações entre culturas, pelo que os modelos
propostos podem, em diversos sentidos, ser considerados uma abordagem
ETIC. Vejamos então cada um desses modelos.
2.1. A ABORDAGEM DE KLUCKHOHN E STRODBECK
Em Variations in Value Orientations, Kluckhohn e Strodbeck (1961)
propuseram o conceito de orientações culturais, segundo a qual cada
sociedade poderia e teria de responder de determinada forma, com vista a
sobreviver e a conseguir a cooperação dos seus membros, de forma a dar
solução aos desafios enfrentados. Segundo os autores, essas diferenças
podem ser observadas em função das diferentes percepções existentes
acerca dos indivíduos, do Mundo, das relações humanas, das actividades,
do tempo ou do espaço. Este modelo foi não só pioneiro, como foi recriado
por outros autores, ainda que com variações e designações. Finuras (2011:
94) resumiu a tipologia criada por Kluckhohn e Strodbeck no quadro
seguinte. Para cada uma destas dimensões são perceptíveis diferentes
orientações culturais. Por exemplo, ao nível da concepção da natureza
humana (dimensão 1), a orientação dos indivíduos poderá ser de
considerarem que é boa ou má, ou que é mutável (as pessoas podem
mudar ao longo da vida) ou imutável (as pessoas nascem de determinada
forma e não há possibilidade de alteração ao longo da vida):
I NATUREZA HUMANA
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IV ACTIVIDADE
V TEMPO
VI ESPAÇO
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O antigo regime (em francês Ancien Régime) refere-se ao sistema social e político
aristocrático estabelecido originalmente em França durante os séculos XVI a XVIII, com
reflexos noutros países Europeus. O Antigo Regime era caracterizado por um sistema de
desenvolvimento do capitalismo comercial (e de emancipação económica da burguesia
comercial), pela concentração da terra no poder da nobreza e do clero. As relações sociais
eram caracterizadas pela reduzida mobilidade social e pela oposição entre a nobreza e o
clero e a burguesia. O sistema político era caracterizado pela monarquia absoluta, ou pelo
menos de cariz autoritário.
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De acordo com o autor, o quadro seguinte pode ser válido em países como
os Estados Unidos da América:
Perto (30 cm a 50 cm) Dentro de casa, voz baixa; no exterior, voz normal;
confidencial
Neutral (50 cm a 90 cm) Voz baixa, volume pouco elevado; assunto pessoal
“[Nos Estados Unidos] Quando duas pessoas do mesmo nível social marcam
um encontro, se uma delas chegar dois minutos adiantada ou atrasada terá disso
consciência, mas não dirá nada, uma vez que, nessa situação, tal intervalo de
tempo não é significativo. Um atraso de três minutos não é ainda suficiente para
que se peça desculpa ou se sinta necessidade de dizer alguma coisa. A um atraso
de cinco minutos segue-se normalmente um pedido de desculpa, ao passo que se
se estiver quatro minutos adiantado ou atrasado murmura-se qualquer coisa,
embora raramente se complete esta frase balbuciada. A descrição de uma
situação actual permite compreender como é importante, nestes aspectos da
cultura informal, proceder a uma observação pormenorizada. Um embaixador
americano num país que não nomearei interpretou incorrectamente os
significados que os diplomatas locais atribuíam ao tempo, nas visitas oficiais que
efectuavam durante o dia. Segundo o sistema por eles utilizado, um atraso de
uma hora equivale ao de cinco minutos do nosso [norte-americano]; cinquenta a
cinquenta e cinco minutos correspondem a quatro; quarenta e cinco a três, e
assim sucessivamente. Segundo os seus padrões, os diplomatas locais achavam
que não podiam chegar a horas, porque a sua pontualidade poderia ser
interpretada pelos seus conterrâneos como um gesto de submissão aos Estados
Unidos. Não pretendiam, no entanto, que a sua atitude fosse insultuosa; Como
para eles o atraso de uma hora seria excessivo, chegaram cinquenta minutos
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A pesquisa foi realizada durante o período do apartheid, pelo que a maioria da
população sul-africana inquirida tinha origens inglesa e africânder.
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28 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.
As pessoas em diversos níveis de poder As outras pessoas são vistas como uma
sentem-se menos ameaçadas e mais potencial ameaça para o meu poder e
preparadas para confiar nas pessoas. raramente podem ser confiáveis.
Existe uma harmonia latente entre os Existe um conflito latente entre os mais
mais poderosos e os menos poderosos. poderosos e os menos poderosos.
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32 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.
A vida privada é invadida pelas Cada um tem o direito a ter uma vida e
organizações e clãs aos quais cada um a uma opinião privada.
pertence. As opiniões são pré-
determinadas pelo grupo.
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34 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.
O trabalho árduo não constitui uma O trabalho árduo constitui uma virtude.
virtude.
Atitude mais positiva em relação às As pessoas mais novas são vistas com
pessoas mais novas. desconfiança e suspeição.
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36 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.
Baixa agressividade para com outras Elevada agressividade para com outras
nações. nações.
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2.5.4. MASCULINIDADE
O conceito de masculinidade de Hofstede (1980: 176) procura exprimir
uma conduta assertiva, direccionada para a obtenção de objectivos e para o
sucesso na carreira profissional, para a promoção nos negócios e para a
firmeza nas decisões. O autor sintetiza da seguinte forma a norma societal
da masculinidade:
Maior benevolência para com os países Pouca benevolência para com os países
em desenvolvimento. em desenvolvimento.
Na religião cristã regista-se uma maior Na religião cristã regista-se uma maior
afinidade com o protestantismo. afinidade com o catolicismo.
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40 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.
Apelos para a reestruturação das tarefas Apelos para a reestruturação das tarefas
de forma a permitir a integração e o de forma a permitir a melhoria do
bem-estar do grupo. desempenho individual.
Pirâmide de Maslow:
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42 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.
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44 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.
EXERCÍCIOS PRÁTICOS
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