Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
APOSTILA DE FUNDAMENTOS
HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
CURITIBA - 2016
1
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
SUMÁRIO
2
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
1º TRIMESTRE
2. História da Educação
2.1 Métodos de Pesquisa e de Investigação utilizados no percurso da História da Educação.
3. Educação Clássica
3.1 Grécia: Os períodos Educacionais na Grécia; A educação ateniense e o ideal de homem
excelente. Educação Espartana: Heroísmo cívico e o ideal do soldado – cidadão.
3.2 Roma: A Antiga Educação Romana; A Educação Clássica de Roma.
3
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
2º TRIMESTRE
6. Educação Moderna.
6.1 A educação realista do Século XVI, Comenius e o Método Moderno de Ensinar.
6.2 O Racionalismo de Descartes e o Empirismo de John Locke.
6.3 O Século XVIII: O Iluminismo e suas relações com a educação: Rousseau e o Naturalismo
Pedagógico.
3º TRIMESTRE
7 Educação Brasileira
7.1 Período Imperial: A Educação no Império, a formação da elite.
7.2 Reformas: Couto Ferraz, Leôncio Carvalho e os Pareceres de Rui Barbosa para a
organização do ensino.
7.3 Período Republicano (1889 a 1930): O ceticismo pela educação; “o otimismo
pedagógico”; as lutas políticas pedagógicas; a transição da Pedagogia Tradicional à Pedagogia
Nova.
7.4 Período de 1930 a 1932: A Política Educacional e os conflitos ideológicos dos anos 30;
Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova.
7.5 Estado Novo de 1937 a 1945: A Constituição de 1937 e as Leis Orgânicas; A Política
Educacional dos governos populistas.
7.6 Período da Ditadura Militar: O fracasso da política educacional. Leis de Diretrizes e Bases
nº 4024/61 e nº 5692/71; Tecnicismo.
4
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
OBJETIVOS DA DISCIPLINA
METODOLOGIA
5
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
AVALIAÇÃO
— Concepção de avaliação
A avaliação deve ser entendida como um instrumento de estímulo e promoção à
aprendizagem, portanto, um processo diagnóstico, formativo, contínuo, contribuindo para o
desenvolvimento do aluno e aperfeiçoamento da práxis pedagógica do professor.
Assim, a avaliação diagnóstica, possibilita a compreensão do nível de aprendizado
em que o aluno se encontra, sendo dinâmica ao fornecer aos professores e alunos meios de
intervir e superar as defasagens e dificuldades encontradas. A avaliação não considera
apenas o resultado final, mas o processo como um todo.
A avaliação é um dos instrumentos que se vale o professor para garantir a
qualidade da aprendizagem dos alunos, de modo que permeia o conjunto de todas as ações
pedagógicas.
A avaliação proposta se caracteriza em diagnóstica, formativa, somativa e contínua,
durante todo o processo de ensino-aprendizagem.
Serão atendidos os critérios exigidos no Regimento Escolar e no PPP.
— Critérios de avaliação
Será realizada em função da ementa do curso e dos objetivos propostos, dos planos
de trabalho trimestrais, através da apresentação das atividades solicitadas e pela participação
de nas propostas de trabalho. O aluno deverá realizar auto-avaliações para que defina o seu
grau de envolvimento e aprendizagem. Todos os alunos que não se apropriarem dos temas
6
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
— Instrumentos
Produção textual;
Análise (imagens, textos, vídeos);
Apresentações orais e escritas;
Parecer analítico, relatórios, fichas de observação;
Avaliação escrita com/sem consulta com predominância de questões
qualitativas.
E outros instrumentos a serem sugeridos no decorrer do curso
7
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
REFERÊNCIAS BÁSICAS
AIRÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2 ed. Rio de Janeiro: LTC, 1981.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia. 3 ed. São Paulo:
Moderna, 2006.
FRANCISCO FILHO, Geraldo. A Educação Brasileira no contexto histórico. Campinas: Ed.
Alínea, 2001.
_____. História Geral da Educação. Campinas: Ed. Alínea, 2003.
GADOTTI, Moacir. História das ideias pedagógicas. 8 ed. São Paulo: Ática, 2004.
GHIRALDELLI JÚNIOR, Paulo. História da educação brasileira. São Paulo: Cortez, 2005.
_____. História da educação. São Paulo: Cortez, 1990.
HOBSBAWN, Eric. Sobre história. São Paulo: Companhia das letras, 1998.
LARROYO, Francisco. História geral da pedagogia. São Paulo: Mestre Jou, 1982.
LUZURIAGA, Lorenzo. História da educação e da pedagogia. 12 ed. São Paulo: Nacional, 1980.
PAIXÃO, Priscilla Campiolo Manesco. Metodologia do Ensino de História. Maringá:
CESUMAR, 2012.
RIBEIRO, Maria Luisa Santos Ribeiro. História da Educação Brasileira: a organização escolar.
Campinas: Cortez, 2010.
ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil (1930/1973). 29 ed.
Petrópolis: Vozes, 2005.
SAVIANI, Demerval. História da ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados,
2010.
SAVIANI, Dermeval; LOMBARDI, José Claudinei; SANFELICE, José Luís. História e História da
Educação. Campinas: Autores associados, 2010.
VEIGA, Cynthia Greive. História da Educação. São Paulo: Ática, 2007.
ZUCCHI, Bianca. O ensino de História nos anos iniciais do Ensino Fundamental: teoria,
conceitos e uso de fonte. São Paulo: Ed. SM, 2012.
1. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
8
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
FONTE: http://i0.statig.com.br/bancodeimagens/a6/w0/1x/a6w01x72kwpwz2jmj7htwikl8.jpg
9
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
6. AVALIAÇÃO
5. RECURSOS DIDÁTICOS
3. CONTEÚDOS BÁSICOS
4. ENCAMINHAMENTOS
OU PROCEDIMENTOS
6.1 Instrumentos
METODOLÓGICOS
6.3 Critérios de
de avaliação
E ESPECÍFICOS
avaliação
6.2 Valor
1. Concepções de Os Leituras Pesquisa em 1,5 Compreende
História e Fundamentos orientadas, grupos os conceitos
Historiografia Históricos da aulas Data: fundamentais
1.1 O que é Educação, expositivo- ___/___/16 necessários à
História; a História enquanto dialogadas, leitura crítica
da História. campo de utilização 1,5 dos processos
1.2 Conceitos de conhecimento de cine- Apresenta- históricos
História e que investiga fórum, ção de Faz uso da
Historiografia no tempo e leitura trabalhos pesquisa como
no espaço os contextuali Data: instrumento
2. História da fenômenos zada de ___/___/16 investigativo
Educação sociais serve textos, da História da
2.1 Métodos de de apoio à livros, Educação.
Pesquisa e de compreensão filmes e
Investigação da educação documentá
utilizados no na rios, análise
percurso da contemporan de
História da eidade. Nesse situações
Educação. sentido, a problema,
3. Educação disciplina relato de Prova 3,0 Compreende
Clássica deverá ser experiência escrita as relações de
3.1 Grécia: Os conduzida s que Data: dominação no
períodos com possam ___/___/16 1,0 contexto
Educacionais na problematizaç contribuir histórico da
Grécia; A educação ões, para não para a Cine-Forum Educação
ateniense e o ideal ocorrer o análise e Data: Grega e
de homem reducionismo reflexão ___/___/16 Romana
excelente. dos sobre os
Educação conteúdos. conteúdos
Espartana: Os estudantes curriculares
Heroísmo cívico e mediados .
o ideal do soldado pelo docente Cenas de
– cidadão. perceberão Filmes:
3.2 Roma: A Antiga que as 300
Educação Romana; explicações do Gladiador
A Educação senso comum O nome da
10
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
7. RECUPERAÇÃO:
Em todas as atividades realizadas para avaliar a aprendizagem dos estudantes serão
oportunizadas a recuperação da aprendizagem, logo após o professor comunicar a nota para
o estudante, devendo este entrega-las somente no prazo estipulado. A recuperação é
individual e em função das temáticas não apropriadas pelo estudante. Esta atividade é
opcional para o estudante.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
AIRÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2 ed. Rio de Janeiro: LTC, 1981.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia. 3 ed. São Paulo:
Moderna, 2006.
FRANCISCO FILHO, Geraldo. A Educação Brasileira no contexto histórico. Campinas: Ed.
Alínea, 2001.
_____. História Geral da Educação. Campinas: Ed. Alínea, 2003.
GADOTTI, Moacir. História das ideias pedagógicas. 8 ed. São Paulo: Ática, 2004.
GHIRALDELLI JÚNIOR, Paulo. História da educação brasileira. São Paulo: Cortez, 2005.
_____. História da educação. São Paulo: Cortez, 1990.
HOBSBAWN, Eric. Sobre história. São Paulo: Companhia das letras, 1998.
LARROYO, Francisco. História geral da pedagogia. São Paulo: Mestre Jou, 1982.
LUZURIAGA, Lorenzo. História da educação e da pedagogia. 12 ed. São Paulo: Nacional, 1980.
11
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
ANOTAÇÕES:
12
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
Conceito de História
Objetivos
Fontes
A História conta com ciências que auxiliam seu estudo. Entre estas ciências
auxiliares, podemos citar: Antropologia (estuda o fator humano e suas
relações), Paleontologia(estudo dos fósseis), Heráldica (estudo de brasões e
emblemas), Numismática (estudo das moedas e medalhas), Psicologia (estudo do
comportamento humano), Arqueologia (estudo da cultura material de povos
antigos), Paleografia (estudo das escritas antigas) entre outras.
Periodização da História2
A HISTÓRIA DA HISTÓRIA
Um relato supõe uma seleção de fatos a partir da sua relevância, por critérios
estabelecidos por alguém. O que pretendemos enfatizar é que, mais importante do que saber
o que o historiador estuda, é perguntar-se como ele o estuda porque, retaguarda da seleção
e relato dos fatos, encontram-se sempre pressupostos teóricos que orientam sua
interpretação. Estamos nos referindo a uma filosofia da história que se acha subjacente ao
processo.
A história, sendo uma teoria, uma elaboração intelectual, só pode ser
compreendida a partir da análise das condições pelas quais os homens se relacionam para
15
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
3 Muita pressa; urgência. Grande afã; trabalho muito ativo. Atrapalhação, agitação
16
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
A heurística4 é a técnica que tem por tarefa dar a conhecer a fontes, as quais se
definem como tudo quanto de maneira direta ou indireta proporciona notícia de eventos
históricos.
Outras fontes: restos, utensílios, de toda classe, moedas, costumes, jogos, línguas,
documentos, memórias, anais, obras-primas, obras clássicas, legislações, competindo ao
historiador comprovar a autenticidade das fontes.
4. A educação na antiguidade
4arte de inventar, de fazer descobertas; ciência que tem por objeto a descoberta dos fatos. hist ramo da
História voltado à pesquisa de fontes e documentos. inf método de investigação baseado na aproximação
progressiva de um dado problema.
17
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
5 FONTE: http://seer.unipampa.edu.br/index.php/siepe/article/view/766
18
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
1. ÍNDIA
2. CHINA
3. EGITO
19
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
para depois reproduzir o processo observado). A música e a ginástica eram apenas para a
classe guerreira.
A educação era classista, articulada à escrita e desenvolvida de acordo com a classe
social.
4. FENÍCIOS E HEBREUS
ALFABETO
1 INTRODUÇÃO
Alfabeto, palavra que, derivada da língua grega e constituída por alpha e beta, suas duas
primeiras letras, designa uma série de sinais escritos, representantes de um ou mais sons
que, combinados, formam todas as palavras de um idioma.
Os alfabetos são diferentes dos silabários, pictogramas e ideogramas: em um silabário, cada
sinal representa uma sílaba. No sistema pictográfico, os objetos são representados por meio
de desenhos. Nos ideogramas, os pictogramas são combinados para representar o que não
pode ser desenhado.
Os primeiros sistemas de escrita foram a escrita cuneiforme dos babilônios e assírios, a
escrita hieroglífica dos egípcios, os símbolos da escrita chinesa e japonesa e os pictogramas
dos maias.
20
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
outras escritas, entre elas, a etrusca e a romana. Em conseqüência das conquistas romanas e
da difusão do latim, este alfabeto se tornou a base de todas as línguas européias ocidentais.
4 ALFABETO CIRÍLICO
Por volta do ano 860 d.C., os religiosos gregos, que viviam em Constantinopla, evangelizaram
os eslavos e idealizaram um sistema de escrita conhecido como alfabeto cirílico. Suas
variantes são as escritas russa, ucraniana, sérvia e búlgara.
5 ALFABETO ÁRABE
Também tem sua origem no semítico e, possivelmente, surgiu no século IV de nossa era. Foi
utilizado nas línguas persa e urdu. É a escrita do mundo islâmico.
21
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
FONTE: http://uliani.marques.zip.net/arch2007-06-03_2007-06-09.html
22
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
mas ao mesmo tempo, ensinavam-lhe músicas, danças, oratória, cortesia, boas maneiras,
astúcia etc. Não existiam escolas, como hoje, nos tempo homéricos; a educação era recebida
nos palácios ou castelos dos nobres, quando o estudante ingressava na condição de
escudeiro. Havia, também, pessoas que trabalhavam como preceptoras e acompanhavam o
educando nas guerras e viagens. A educação da mulher, nessa época, era pouco cuidada,
limitando-se aos afazeres domésticos.
23
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
24
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
A cultura helenística foi uma mescla da grega com a cultura oriental dos países
conquistados por Alexandre Magno.
Apesar das mudanças políticas, a pedagogia continuou na Grécia Antiga, como uma
teoria da educação; os principais representantes foram os sofistas Sócrates, Platão,
Aristóteles e Isócrates. As características principais eram a transparência e a clareza sobre os
assuntos enfocados. As ideias pedagógicas estavam inseridas nos sistemas filosóficos e estes
25
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
Platão nasceu em 427 e morreu em 347 aC. Era de família nobre, foi
discípulo de Sócrates, considerado fundador da pedagogia, chegou a ser
escravo, depois, liberado; fundou sua célebre Academia de Atenas,
organizando a investigação sistemática, realizando estudos superiores,
de caráter político e filosófico; entre seus alunos, deixou Aristóteles e
escreveu duas grandes obras: A República e As Leis.
Sua pedagogia idealista, mas com fundamentos na realidade.
Preocupado com os destinos de Grécia Antiga, pensou em uma educação a serviço do Estado
e um Estado a serviço da educação. Refutava a idéia do Estado sem educação e educação
sem Estado. Para ele, o Estado era o indivíduo em tamanho grande, coletivo. Acreditava que
a pessoa estava constituída em três grandes pontos:
Os instintos, de caráter biológico e irracional;
O valor ou desejo de combatividade; e
26
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
O racional ou espiritual.
Esses três pontos ou porções correspondem a três grupos sociais do Estado: dos
instintos: os produtores ou trabalhadores; dos valores: guerreiros; racional: guardiãs e
governantes. Cada deveria ter um tipo diferente de educação, os primeiros estudariam até os
10 anos de idade, os segundos até os 20 anos e os terceiros, sempre; seriam os governantes.
27
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
Exercícios:
1 Compare a educação pratica em Esparta com a educação praticada em Atenas.
2 Relacione as áreas de conhecimento que a Grécia levou à Civilização Ocidental.
3 Enumere os princípios defendidos pela educação ateniense durante o chamado
Século do Ouro.
4 Compare as ideais educacionais de Sócrates, Platão e Aristóteles.
5 Em sua opinião, quais princípios educacionais procedentes da Grécia Antiga ainda
estão em uso, neste início de século?
28
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
6 ANOTAÇÕES:
7
29
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
FONTE: http://dic.academic.ru/dic.nsf/ruwiki/56152
Roma foi imperialista, impôs seu domínio, conquistou Alba Longa, os volscos, écuos,
veios, galos, sannitas, épiros, cartagineses, macedônios, sírios, egípcios, ibéricos, gauleses,
gregos, etc.
Hoje, a Itália tem um território de 301.245 Km² e uma população de
aproximadamente 58 milhões de pessoas.
30
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
31
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
32
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
33
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
Exercícios:
REFERENCIAL TEÓRICO
ANOTAÇÕES:
34
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
1. Apresentação da disciplina
FONTE: http://www.oresumodamoda.com/2010/07/idade-contemporanea-sec-xlx-era.html
35
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
6. AVALIAÇÃO
METODOLÓGI
PROCEDIMEN
ENCAMINHA
CONTEÚDOS
MENTOS OU
ESPECÍFICOS
DIDÁTICOS
RECURSOS
BÁSICOS E
Instrumentos
COS
TOS
de avaliação
de avaliação
6.3 Critérios
6.2 Valor
6.1
5.
3.
4.
36
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
FONTE: https://www.epochtimes.com.br/curiosidades-genial-leonardo-da-vinci-parte-1/
37
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
7. RECUPERAÇÃO:
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
AIRÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2 ed. Rio de Janeiro: LTC, 1981.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia. 3 ed. São Paulo:
Moderna, 2006.
FRANCISCO FILHO, Geraldo. A Educação Brasileira no contexto histórico. Campinas: Ed.
Alínea, 2001.
_____. História Geral da Educação. Campinas: Ed. Alínea, 2003.
GADOTTI, Moacir. História das ideias pedagógicas. 8 ed. São Paulo: Ática, 2004.
GHIRALDELLI JÚNIOR, Paulo. História da educação brasileira. São Paulo: Cortez, 2005.
_____. História da educação. São Paulo: Cortez, 1990.
HOBSBAWN, Eric. Sobre história. São Paulo: Companhia das letras, 1998.
LARROYO, Francisco. História geral da pedagogia. São Paulo: Mestre Jou, 1982.
LUZURIAGA, Lorenzo. História da educação e da pedagogia. 12 ed. São Paulo: Nacional, 1980.
PAIXÃO, Priscilla Campiolo Manesco. Metodologia do Ensino de História. Maringá:
CESUMAR, 2012.
RIBEIRO, Maria Luisa Santos Ribeiro. História da Educação Brasileira: a organização escolar.
Campinas: Cortez, 2010.
ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil (1930/1973). 29 ed.
Petrópolis: Vozes, 2005.
SAVIANI, Demerval. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados,
2010.
SAVIANI, Dermeval; LOMBARDI, José Claudinei; SANFELICE, José Luís. História e História da
Educação. Campinas: Autores associados, 2010.
VEIGA, Cynthia Greive. História da Educação. São Paulo: Ática, 2007.
ZUCCHI, Bianca. O ensino de História nos anos iniciais do Ensino Fundamental: teoria,
conceitos e uso de fonte. São Paulo: Ed. SM, 2012.
38
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
Naquele tempo, a maioria das A cultura medieval foi uma síntese dos
pessoas casavam-se no mês de elementos greco-romanos e também germânicos,
alterados segundas novas experiências. Embora
Junho (início do verão), porque,
haja o predomínio muito forte do sentimento
como tomavam o primeiro religioso, a cultura medieval é também marcada
banho do ano em Maio, em pelo naturalismo representado pela literatura
Junho,o cheiro ainda estava fantasiosa, lendas, mitos e canções populares.
mais ou menos... (mais para O processo educativo do homem
menos.......- argh!) medieval está orientado para a imitação de Jesus
Cristo, o fundador do Cristianismo, que levará o
Entretanto, como já
homem, através de seus ensinamentos, à
começavam a exalar alguns perfeição divina. O saber é um instrumento que o
"odores", as noivas tinham o cristão deverá usar para justificar a sua fé, as
costume de carregar bouquets ciências e a filosofia para compreender as
de flores junto ao corpo, para verdades da fé.
disfarçar. Daí O longo período medieval, quase mil
anos, se caracterizou pela passagem do
temos em maio o "mês das
escravismo para o feudalismo. O medo dos
noivas" e a origem do bouquet. ataques bárbaros e das invasões mulçumanas
Os telhados das casas não acelerou o processo de ruralização, isto é, a volta
tinham forro e as madeiras que para o campo. A consequência disso é que a
os sustentavam eram sociedade passou a ser agrária, autossuficiente,
o melhor lugar para os animais artesanal e quase sem comércio, tornando-se
através da relação suserano-vassalagem, uma
se aquecerem - cães, gatos e
sociedade aristocrática.
outros animais Numa época marcada por grandes
de pequeno porte como ratos e diferenças, a religião se torna um elemento
besouros. Quando chovia, integrador, estreitando a relação entre a Igreja e o
começavam as goteiras os Estado. Como a cultura greco-romana é guardada
animais pulavam para o chão. nos mosteiros, a Igreja vai desempenhar forte
Assim, a nossa expressão "está influência sobre a moral, política e a educação. As
escolas são fundadas perto dos mosteiros e das
a chover a cântaros" tem o seu catedrais. Nessas escolas, os convertidos ao
equivalente em inglês em "it's cristianismo passam por um período inicial de
raining cats and dogs". preparação na qual recebem instrução na doutrina
cristã. Tais escolas são chamadas de
catecumenatos.
39
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
2. Jesus, o educador:
40
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
6 Reprovação enérgica
41
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
intuitivos. Forjava figuras literárias e buscava exemplos da vida quotidiana para esclarecer
seu pensamento. Aperfeiçoou a parábola em sua forma e revestiu-a de um esplendor
incomparável.
Seus ensinos possuíam um toque de autoridade. (Eu sou o caminho, a verdade, a
vida... Todo poder me foi dado), embora os exercesse de modo suave, doce. Responde com
bondade a seus contraditores de boa-fé; com energia, aos que tratam de confundi-lo. Este
caráter de seu ensino significava uma ruptura com os velhos quadros da educação judia. Com
efeito, nesta prevalecia a erudição, a citação oportuna. Jesus jamais citou uma autoridade
superior a Ele, que não fosse a do Pai ou a Escritura Sagrada.
Orientou a conduta do indivíduo mediante a prática das virtudes teologais (fé,
esperança e caridade) e as crenças sobrenaturais. Recorreu a oração (pedi e recebereis,
buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á), ao prêmio (paz, glória e bem-aventurança eternas) e
ao castigo (o inferno, onde haverá pranto e ranger de dentes).
A doutrina de Cristo teve as seguintes características:
Uso de parábolas para facilitar a comunicação com os discípulos7.
Valorização do amor ao próximo, da caridade, da justiça, da misericórdia.
Não apego aos bens materiais, mas exaltação dos valores espirituais.
Busca da grandeza interior, na prática da virtude.
Uma doutrina para todos os homens, independentemente da classe social, da
cor, de sexo, raça, etc.
Por fim, como mestre perfeito, fortaleceu sua doutrina e autoridade com o
exemplo. Quem dentre vós me convence a pecar? A afrontosa morte de que foi vítima tem
sido a fonte da vida religiosa do Mundo Ocidental.
7 Parábolas são narrações simbólicas que eram utilizadas para exemplificar e fixar o conteúdo da
doutrina.
8 Monge da Ordem Cisterciense
42
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
própria igreja. Em alguns mosteiros, existiam aulas externas para pessoas que não estavam
dispostas a seguir a vida religiosa.
Segundo Piletti, 1988, a igreja Cristã primitiva tinha como missão realizar uma
reforma moral do mundo, iniciando com a educação de seus próprios membros. Alguns
padres trabalhavam textos clássicos que, depois, foram considerados pagãos. Inicialmente, as
pessoas admitidas como membros efetivos da igreja eram chamadas “catecúmenos” e as
escolas que as ensinavam eram “catecumenatos”. Com as transformações, os bispos
passaram a organizar a escolas e supervisioná-las, nascendo a preocupação de preparar bem
os padres. Essas instituições passaram a se chamar “Escola das Catedrais”, porque utilizavam
espaço de uma catedral. O autor fala, ainda, dos mosteiros, onde os estudos eram
prioridades, seguindo regras rígidas.
Luzuriaga, 1978, também falava as escolas catedrais que tinham como principal
função formar clérigos e ainda trabalhavam com o Trivium ( Gramática, Retórica e lógica ) e o
quadrivium ( Aritmética, Música, Geometria e Astronomia). Existiam, ainda, as escolas
paroquiais, dirigidas pelos párocos locais e escolas nas aldeias, sob a direção de sacristãos e
outros mestres determinados pela igreja.
Nessa época, cada estamento9 recebia um tipo de educação diferenciada. O clero,
como já vimos, era propagado principalmente com ensinamentos filosóficos e teológicos,
disciplinados e enquadrados nos parâmetros das ordens
religiosas. A nobreza recebia outro tipo de educação, era
preparada para a guerra, principalmente na arma de cavalaria,
para as boas maneiras, defesa dos fracos e das mulheres,
lealdade a seu senhor, moral cívica, lançamento de dardos,
flechas, corridas, natação etc... . A educação de um nobre
começava com uma fase de escudeiro, quando recebia os
ensinamentos de um cavaleiro, acompanhando-o nos campos
de batalha. Os servos da gleba eram instruídos pelos familiares
e por iguais, dentro dos limites do feudo. Esses ensinamentos
não abarcavam ler, escrever e contar, apenas sobre a prática
agrícola levada a efeito.
Embora a igreja, desde o inicio, tivesse-se preocupado
com o conhecimento e seus membros, “encontramos” no
quinto século, padres e bispos, ainda analfabetos; eram pessoas
que procediam da nobreza e conhecimento, como já foi dito,
não era a preocupação dos nobres. No ano 400, o Concílio de
Cartago proibiu que os homens da igreja estudassem textos clássicos. Era considerado
material pagão e distorcia a formação do religioso.
9 Estado em que pode cada um subsistir ou permanecer. Cada um dos grupos da sociedade com status
jurídico próprio. Ex.: os burocratas, os militares.
43
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
44
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
45
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
conhecimento etc. Com o tempo, tornou-se grande proprietária de terras e, em muitos casos,
eram clero e nobreza ao mesmo tempo.
Os servos somente recebiam de seus pares ou familiares à instrução, que, na
maioria das vezes, não passava de um aprendizado da profissão do pai. Depois de algum
tempo, surgiram os vilões, que, por algum motivo, eram dispensados de pagar as banalidades
ao senhor feudal, ficando livres e passando a comercializar produtos nas feiras.
A marca principal, quando se fala em educação, na Idade Média, foi a fundação das
universidades. Eram locais onde se formavam grupos de estudos, com uma cultura superior,
acompanhado às condições locais.
A primeira universidade da Europa Ocidental de que se têm notícias é a Escola de Medicina
de Salermo, na Itália, com algumas influências árabes. Depois, tivemos a Universidade de
Bolonha, considerada, por muitos estudiosos, como a primeira direcionada aos estudos do
Direito. No século XIII, surgiu a Universidade de Paris, originária da Escola Catedral de Notre
Dame e serviram de modelo às universidades européias por no mínimo dois séculos.
Surgiram no século XIV, Oxford e Salamanca, depois muitas outras.
Para Luziriaga, 1978, a forma de nascimento das universidades foi muito variada. As
de Paris, Salermo e Oxford nasceram da autoridade e atração de um mestre; as de Roma, Pisa
e Montlellier, surgiram como fundação do papa; Salamanca e Nápoles foram criadas por
editos de príncipes; outras pelo poder do papa e ajuda dos príncipes e reis. Umas eram
sociedades que agrupavam mestres, como a de Salermo; outras, corporações de estudantes,
como a de Bolonha e outras, ainda, como Salamanca, eram
corporações de mestres e estudantes.
As universidades nasceram como studium generale e, depois,
como universitas studiorum, significando o caráter geral dos estudos,
não importando a procedência do estudante. Dividiu-se em faculdades,
onde era normal haver Artes, Teologia, Medicina e Direito. Passaram a
conceder títulos de bacharel, licenciado, mestre e doutor.
Muitas universidades europeias nasceram dos grandes colégios e estes, nasceram,
de antigas hospedarias ou albergues, como Oxford e Cambridge, na Inglaterra. Algumas
surgiram dos ditames da Escolástica, mas, aos poucos, tudo foi sendo transformado a as
novas ideias e conhecimentos passarem a ser discutidos mais abertamente, embora a
Inquisição não deixasse de perseguir os intelectuais que discordassem da Igreja.
No final do século XIV e inicio do XV, foram criadas as primeiras escolas
consideradas burguesas. As corporações ou grêmios de diversas profissões criaram suas
escolas, de caráter eminentemente profissional, não abandonando a educação geral. O
estudante começava a ser educado numa profissão, como aprendiz de um mestre, ficando
aos cuidados e orientação dele até os 15 ou 16 anos de idade, para adquirir o status de
oficial, condição necessária para exercer a profissão, desde que associada a uma corporação.
As corporações faziam exames para promover o oficial a mestre e daí poder estabelecer seu
próprio negócio e aceitar aprendizes. Muitas corporações receberam benefícios dos reis e do
Papado.
No final da Idade Média, os habitantes dos burgos ou cidades firmaram-se como
uma classe social. Foram os burgueses, organizados em corporações e grêmios, fundando
escolas das referidas profissões. Algumas dessas escolas conseguiram grande reputação
46
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
47
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
A PEDAGOGIA MEDIEVAL
Santo Agostinho (354 – 430) foi bispo, lecionou filosofia e teologia e é um dos
fundadores da Patrística. Sua obra pertence à patristica 11. Seu pensamento reflete os
principais passos de sua trajetória intelectual, marcada pelo maniqueísmo 12, ceticismo13, o
neoplatonismo e, finalmente, o cristianismo, que predominou sobre as fases anteriores.
Defendeu as ideais de que: o mal é o afastamento de Deus. Somente o íntimo da alma,
iluminada por Deus, pode atingir a verdade das coisas; a alma deve reinar sobre o corpo; nem
todos os homens estão predestinados à salvação.
Cassiodoro (490 – 583) era monge beneditino, teve grande influência como
educador, trabalhava as Artes Liberais e escreveu sobre instituições literárias, divinas e
humanas.
Santo Isidoro (560 – 636) foi bispo de Sevilha e conhecedor da cultura da época,
escreveu textos sobre epistemologia e criou muitas escolas.
Beda (673 – 735) foi considerado um dos criadores da cultura inglesa. Escreveu a
história eclesiástica da Inglaterra.
Alcuino (735 – 804) foi ministro de Carlos Magno, organizou o grande movimento
cultural da época, criando centros de ensino. Escreveu várias obras sobre as Sete Artes
Liberais.
Rábano Mauro (776 – 856) foi discípulo de Alcuino, continuador da obra do mestre
e escreveu várias obras sobre as instituições monásticas.
Escoto Erigema (813 – 880), dotado de grande cultura, valorizou a filosofia grega e
foi grande educador.
Santo Anselmo (1033 – 1109) foi arcebispo da Cantuária e um dos fundadores da
Escolástica, trabalhou com ideias de fé e razão, sem dicotomia.
Abelardo (1074 – 1142) foi mestre na Escola Catedral de Notre Dame,
contribuiu e participou para a nascente Universidade de Paris. Usou a dialética
na educação e não subordinava a razão à fé.
Alberto Magno (1193 – 1280) estudou e divulgou as filosofias grega e
árabe. Considerava que o conhecimento pode ser conciliado com a fé.
Santo Tomás de Aquino (1225 – 1274) foi o maior pensador da
Escolástica de todos os tempos. Suas ideias perpassaram a Idade Média e,
ainda hoje, no inicio do século XXI, influencia a Igreja Católica. Procurou,
sempre, conciliar a fé e razão. Sua obra pertence a escolástica 14 e tem como
problemática fundamental a busca de harmonização entre a fé cristã e a razão.
Reviveu a filosofia de Aristóteles, utilizando-a como instrumento a serviço da religião católica.
No processo de conhecimento da realidade enfatizou a importância dos dados sensoriais.
Reafirmou os princípios de contradição, substância, causa eficiente, causa final, ato e
potência. Elaborou cinco argumentos para provar a existência de Deus.
sobretudo pelo problema da relação entre a fé e a razão, problema que se resolve pela dependência do
pensamento filosófico, representado pela filosofia greco-romana, da teologia cristã. Tentativa de
conciliar o aristotelismo com o cristianismo.
49
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
FONTE: http://pt.slideshare.net/nilohistoria/alta-idade-mdia-16813912
RESUMINDO
50
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
REFERENCIAL TEÓRICO:
COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva, 1999.
CURIOSIDADES DA IDADE MÉDIA E ALGUMAS EXPRESSÕES USUAIS. Disponível em
http://ourblog.blogs.sapo.pt/arquivo/064447.html em 10/04/2004
FRANCISCO FILHO, Geraldo. História Geral da Educação. Campinas: Alínea, 2003.
IESDE/CND. Módulo 2.
LARROYO, Francisco. História Geral da Pedagogia. São Paulo: Mestre Jou, 1982.
PILETTI, C.; PILETTI, N. Filosofia e História da Educação. São Paulo: Ática, 1988.
ANOTAÇÕES:
51
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
O RENASCIMENTO
52
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
Deslocamento do centro de gravitação, até então situado nas coisas divinas, para o
próprio homem.
3. Consequências Educacionais
A Itália que foi o berço do Renascimento, mais que qualquer outro povo, a língua, a
literatura a uniam com a época clássica.
4.1 Literatura
4.2 No campo educacional, porém o mais inovador foi Victorino da Feltre (1378 – 1446), sua
maior criação foi uma escola, à qual deu o nome de Casa Giocosa (casa alegre), para
diferenciá-la das escolas do tipo medieval, de disciplina rígida e austera. A Casa Giocosa
preocupava-se acima de tudo, com a formação integral do homem. Victorino da Feltre
costumava dizer: ”Quero ensinar os jovens a pensar, não a delirar”, afirma também, que o
ensino deveria ser gradual e de acordo com o desenvolvimento psíquico do aluno, e
transcorrer num ambiente de alegria e satisfação.
François Rabelais (1494) – O renascentista francês tornou-se conhecido por dois
textos, Gargantua e Pantagruel, onde satiriza o comportamento do clero e os dogmas
católicos. François Rabelais e Michel de Montaigne (1533-1592) se ocuparam com problemas
53
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
54
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
5. O renascimento Cientifico
Até o final da idade media (meados do século XV) todos os cristãos, isto é, aqueles
que seguiam os ensinamentos de Jesus Cristo, permaneceram unidos em torno da autoridade
do Papa, o bispo de Roma. Entre os séculos XV e XVI, a Igreja Católica viu–se abalada por uma
serie de crises internas que culminaram na Reforma protestante e na contra-reforma
católica.
2. A reforma Protestante
55
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
na Inglaterra liderado por John Wycliffe (ou wyclif) professor da universidade de Oxford,
especialista em temas religiosos.
Os princípios fundamentais da doutrina de Wycliffe eram:
os crentes recebem a graça diretamente de Deus, sem a necessidade de
sacerdotes que sirvam de intermediários;
a Bíblia é a única fonte das verdades cristãs;
a recusa da transubstância (dogma católica
segundo o qual a presença de Cristo na
eucaristia é real).
Embora predominante religiosa, a reforma
protestante teve implicações econômicas, políticas e sociais:
a expansão marítima e comercial fortaleceu a
burguesia européia, interessada na reforma
religiosa que lhe desse mais liberdade de
ação, para os protestantes;
com a queda do feudalismo o surgimento dos
estados centralizados, o poder real entrou em
conflito com a igreja;
o renascimento cultural desenvolveu uma
cultura no homem, e não mais em Deus, e
favoreceram o surgimento do espírito crítico
e do individualismo, aspectos ligados às
ideias.
FONTE: https://siriusknotts.files.wordpress.com/2011/03/luther5.jpg
A reforma gerou algumas transformações culturais, entre elas o crescimento do
número de escolas protestantes para alfabetização dos cristãos, que deveriam ler e
interpretar a bíblia que foi traduzido por Lutero, para o alemão. Os católicos também viram a
necessidade de reformar a igreja.
Desse modo, a reforma protestante acelerou o movimento de reforma da própria
igreja católica, que ficou conhecida como Contra-reforma; esta procurou evitar que católicos
se convertessem ao protestantismo. O processo de reação da igreja acabou sendo liberado
pela Companhia de Jesus, uma ordem religiosa que tinha forte apelo à obediência hierárquica
e a conduta moral rígida, o que possibilitou uma reestruturação no comportamento dos
membros do clero, através de varias providências:
o Concilio do Trento (1543-1563), que reorganizou a igreja católica e definiu
algumas mudanças:
proibição da venda de indulgências;
obrigatoriedade de os clérigos fazerem seus estudos nos seminários antes de
serem ordenados;
proibição das vendas dos cargos do alto clero (bispos, arcebispos e cardeais).
Foram também, reafirmados os seguintes dogmas católicos:
o principio da salvação pela fé e pelas novas obras;
o celibato clerical (proibição de os padres se casarem)
a crença na substanciação de Cristo no pão da missa (idéia de que a hóstia é o
corpo de Cristo e o vinho o seu sangue;
56
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
a indissolubilidade do casamento;
a validade dos sete sacramentos (batismo, confirmação, eucaristia, penitência,
extrema-unção, ordem e sacramento).
Além disso, o Concílio de Trento reativou o tribunal do santo oficio, ou tribunal da
inquisição, instituição criada na idade média para julgar os hereges. O tribunal passou a
perseguir, condenar e executar muitos dos que questionavam os dogmas católicos.
Os métodos do tribunal eram terríveis, as torturas faziam com que a maior parte
dos suspeitos confessasse os piores crimes.
A inquisição exerceu severa censura sobre as obras publicadas, em circulação pela
Europa e na América. Para tanto foi criado o Índex, lista de livros proibidos aos fieis por
serem considerados perniciosos à fé católica. As proibições do índex atingiram os textos
escritos por Lutero e seus seguidores. Essa censura atrapalhou bastante o desenvolvimento
nos países dominados pelo catolicismo.
3. Religião e Escola
Durante a idade moderna a religião não deixou de exercer sua influência quase
exclusiva sobre a educação. Entretanto, agora os cristãos estavam divididos e o controle
educacional exercido pela igreja de Roma começou a ser contestado pelos protestantes.
Para Martinho Lutero (1483-1546), a educação deveria se libertar das amarras que
a prendiam à igreja e subordinar-se ao Estado, só assim poderia atingir todo povo, nobres e
plebeus, ricos e pobres meninos e meninas.
O currículo proposto por Lutero para as escolas protestantes continuava dando
preponderância ao grego e ao latim, acrescentou a língua hebraica, incluiu a lógica e as
matemáticas e deu grande ênfase a ciência, a música e a ginástica.
Os estados alemães foram os que deram mais atenção á educação. A partir da
metade do século XVI , previa a instalação de escolas elementares vernáculas em todas as
aldeias, com ensino de leitura, escrita, religião e música sacra.
Em todas as cidades e vilas havia escolas de latim, divididas em seis classes:
escolas superiores de latim, mais tarde juntando com as escolas elementares
de latim, passaram a constituir o ginásio.
freqüência dos seis anos aos doze anos, no estado de Weimar o ano letivo
durava dez meses, horário era das 9h às 12h e das 13h às 16h em todos os dias
úteis. Os pais cujos filhos não frequentassem a escola eram multados.
A igreja reagiu criando novas ordens religiosas, que dessem especial atenção ao
ensino (principal foi a companhia de Jesus). O objetivo principal da ordem era a educação de
líderes, tendo, portanto, pouco interesse pela educação elementar.
Segundo Paul Monroe a sua perfeita organização, o cuidado na preparação dos
professores e os métodos de ensino foram os principais fatores de sucesso na educação
jesuítica.
O método de ensino principal característica a revisão freqüente da matéria, na
semana e no final do ano todo o trabalho anual era revisado.
Um dos princípios básicos do ensino jesuítico era o de que é melhor aprender
pouco mais bem aprendido do que muito e superficialmente.
57
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
Referência Bibliográfica
PILETTI, C.; PILETTI, N. Filosofia e História da Educação. São Paulo: Ática, 1988.
IESDE. História, Uma abordagem integrada
OJEDA, Eduardo Aparecido Baez, Módulo I, UDESC/CND, 1971
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda, História da Educação. São Paulo: Moderna 1989.
O Cardeal Richilieu, primeiro ministro de Luiz XIII, considerava que a educação não
deveria ser acessível a todos. Se todas as pessoas fossem sábias, desapareceria a obediência
e o Estado seria fraco. A instrução dos pobres seria cara, acabaria com o sossego público,
enfraqueceria as forças armadas, comércio, agricultura e não seria possível conseguir
professores para todos. Nas cidades menores, a orientação era ter duas ou três classes de
alfabetização, não mais para instruir soldados e comerciantes. Havia uma seleção e só os
mais talentosos teriam vagas. Para prosseguir nos estudos, haveria nova seleção e, depois,
outras. Os que não estivessem aptos a prosseguir, seriam incorporados à força de trabalho.
Esse descaso para com a educação dos pobres também esteve presente nas
colônias americanas. No Brasil Colonial, os jesuítas apenas se empenhavam na educação dos
filhos dos colonos brancos, que prosseguiam estudos na Europa; os filhos dos pobres não
recebiam educação formal, apenas uns poucos se alfabetizavam. A educação estava
direcionada para os grupos privilegiados economicamente.
A Espanha e a Inglaterra não fizeram muito diferente, criaram universidades nas
colônias e menos escolas elementares. Para se ter uma idéia, a Espanha fundou a
Universidade do México e a de São Marcos em 1551; a de Santo Antônio de Cuzco em 1598;
Santo Tomás de Aquino, em 1580, em Bogotá; Córdoba na Argentina em 1613, etc.
Nos Estados Unidos, na época da independência, 1776, existiam 8 escolas
superiores de iniciativa religiosa e os elementares eram sustentadas pelos moradores locais.
Portugal foi mais atrasado ainda, durante todo o período colonial (1500-1808), não
se fundou nenhuma universidade e as escolas superiores só apareceram no início do século
XIX, com a chegada da família real portuguesa. A nossa primeira universidade iniciou seu
funcionamento em 1934, século XX.
Durante o século XVII, houve, na França, alguns esforços no sentido de organizar a
instrução elementar. Em 1695, um edito determinava esse tipo de organização, mas ainda
atrelado às paróquias e bispados. Tais gastos seriam compensados com um imposto. Porém
as referidas escolas, em muitos lugares, só existiam no papel. As informações hoje apontam
que algumas salas de aula funcionavam nas casas dos referidos mestres e,não raro, nos
quartos dos próprios, em condições precárias.
58
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
1.1 Francis Bacon: O Conhecimento em Si Mesmo é Poder. Esse pequeno aforismo aparece
em Meditationes Sacrae (1597), um enigmático trabalho de Francis Bacon (1561-1626),
advogado, político, ensaísta, e co-inventor do método científico. A frase parece óbvia,
especialmente em nossa era de informação. Porém, corremos o risco de entender mal o
que Bacon está querendo dizer com "poder", que não é "vantagem pessoal ou política",
mas "controle da natureza". As teorias de Bacon deixam alguma coisa a desejar. Ele
descartou a ciência especulativa, desprezando o papel da hipótese, que ele via como
infundado e, portanto, estéril. Todo conhecimento verdadeiro, afirmava ele, deriva da
observação e do experimento, e qualquer tipo de suposição prévia só vai provavelmente
distorcer a percepção e a interpretação. Porém, sem hipóteses não existem
experimentos controlados, que são a essência do método científico moderno. Bacon
pensava que o mundo era essencialmente caótico, e que por isso era um erro abordar a
natureza com a suposição de leis uniformes. Contudo, a ciência avançou principalmente
supondo que o mundo é ordenado, que existem regras e padrões simples inscritos na
natureza.
1.2 Wolfgang Ratke (1571 – 1635), alemão idealista, aspirava a uma nova didática,
considerando as individualidades, espírito de tolerância, respeito à personalidade de
cada um, com fraternidade entre os homens. Defendia que devemos ensinar do fácil
para o difícil, do simples para o complexo, na língua materna e, depois, línguas
estrangeiras, que a escola devesse ser continuidade do lar, que não devemos impor
regras nem memorização, que se deve aprender sem coação, para se chegar aos
clássicos, etc.
1.3 René Descartes (1596 – 1650) considerava que as coisas não são importantes, mas as
ideias, o ser pensante e não o mundo que o cerca. Sua máxima era “penso, logo existo”.
A Admiração é a Primeira de Todas as Paixões: Quando o primeiro contacto com algum
objecto nos surpreende e o consideramos novo ou muito diferente do que conhecíamos
antes ou então do que supúnhamos que ele devia ser, isso faz que o admiremos e
fiquemos espantados com ele. E como tal coisa pode acontecer antes que saibamos de
alguma forma se esse objecto nos é conveniente ou não, a admiração parece-me ser a
primeira de todas as paixões. E ela não tem contrário, porque, se o objecto que se
apresenta nada tiver em si que nos surpreenda, não somos emocionados por ele e
consideramo-lo sem paixão. (René Descartes, in 'As Paixões da Alma')
1.4 João Amos Comênio: A obra mais importante de Comênio, Didactica Magna, marca o
início da sistematização da pedagogia e da didática no Ocidente. Comênio não foi o
único pensador de seu tempo a combater o pedantismo literário e o sadismo
pedagógico, mas ousou ser o principal teórico de um modelo de escola que deveria
ensinar "tudo a todos", aí incluídos os portadores de deficiência mental e as meninas, na
época alijadas da educação. "Ele defendia o acesso irrestrito à escrita, à leitura e ao
59
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
cálculo, para que todos pudessem ler a Bíblia e comerciar", diz Gasparin. Comênio
respondia assim a duas urgências de seu tempo: o aparecimento da burguesia mercantil
nas cidades européias e o direito, reivindicado pelos protestantes, à livre interpretação
dos textos religiosos, proibidos pela Igreja Católica. A obra de Comênio corresponde
também a outras novidades, entre elas "o despertar de uma nova concepção de
criança", como diz Gasparin. "Ele a trata em seus livros com muita delicadeza, num
tempo em que a escola existia sob a égide da palmatória", continua o professor. "A
educação era vista e praticada como um castigo e não oferecia elementos para que
depois as pessoas se situassem de forma mais ampla na sociedade. Comênio reagiu a
esse quadro com uma pergunta: por que não se aprende brincando?" A maior
contribuição de Comênio para a educação dos dias de hoje é, segundo o professor
Gasparin, a idéia de "trazer a realidade social para a sala de aula, fazendo uso dos meios
tecnológicos mais avançados à disposição". De tão fascinado pela invenção da imprensa
e pela possibilidade de disseminação de conhecimento que ela representava, Comênio
criou a expressão "didacografia" para designar o método universal de ensino que ele
pretendia inaugurar. Nos dias de hoje, a tecnologia da informação seria capaz de realizar
essa revolução? Qual é sua opinião?
1.5 John Locke: Com respeito à religião, Locke toma uma atitude racionalista moderada.
Admite uma religião natural, exigível também politicamente, porquanto fundamentada
na razão. E professa a tolerância a respeito das religiões particulares, históricas,
positivas. Locke interessou-se especialmente pelos problemas pedagógicos, escrevendo
os Pensamentos sobre a Educação. Aí afirma a nossa passividade, pois nascemos todos
ignorantes e recebemos tudo da experiência; mas, ao mesmo tempo, afirma a nossa
parte ativa, enquanto o intelecto constrói a experiência, elaborando as ideias simples.
Afirma-se que todos nascemos iguais, dotados de razão; mas, ao mesmo tempo, todos
temos temperamentos diferentes, que devem ser desenvolvidos de conformidade com o
temperamento de cada um. Esta educação individual não exclui, mas implica a
educação, a formação social, para ampliar, enriquecer a própria personalidade. Tem
muita importância a obra do educador, mas é fundamental a colaboração do discípulo,
pois trata-se da formação do intelecto, da razão, que é, necessariamente, autônoma. A
formação educacional consiste, portanto, fundamentalmente, no desenvolvimento do
intelecto mediante a moral, precisamente pelo fato de que se trata de formar seres
conscientes, livres, senhores de si mesmos. Por conseguinte, a educação deve ser
formativa, desenvolvendo o intelecto, e não informativa, erudita, mnemônica.
Igualmente Locke é autor de educação física, mas como o meio para o domínio de si
mesmo.
60
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
FRANCISCO FILHO, Geraldo. A educação na época do absolutismo. In: _____. História Geral
da Pedagogia. Campinas: Alínea: 2003. p.139-148.
FONTE: http://estudodainfancia.blogspot.com.br/2012/08/o-traje-das-criancas.html
ANOTAÇOES:
61
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
ATIVIDADES:
FONTE: http://hid0141.blogspot.com.br/2013/07/como-era-vida-na-armada-de-pedro.html
64
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
ORDEM NO CONVÉS
A hierarquia nos navios de Cabral
CAPITÃO: Autoridade máxima da embarcação.
PILOTO: Responsável de fato pela navegação. Sabia ler a bússola, as estrelas, os mapas
náuticos e o astrolábio.
MESTRE: Dava ordens para marinheiros e grumetes e comandava o funcionamento geral da
embarcação.
SOLDADO: Cuidava de armas e munição.
MARINHEIRO: Operário do mar. Fazia tudo no navio, de limpar a subir velas.
GRUMETE: Cumpria funções que os marinheiros não curtiam, como lavar o convés, limpar
dejetos e costurar as velas.
Curiosidades:
- Além de marinheiros e nobres, havia escrivães, registrando tudo. O mais famoso, Pero Vaz
de Caminha, relatou ao rei dom Manuel a descoberta do Brasil;
- Os barbeiros, que aparavam o cabelo e a barba dos marujos, auxiliavam os padres no
atendimento aos enfermos;
- O castigo para quem não cumpria as regras nos navios era ficar no porão, tirando a água
que entrava pelo fundo da embarcação.
FONTES: Sites Projeto Memória, Instituto Camões e VEJA na História, Centro de História
Além-Mar (Universidade Nova de Lisboa) e livro Brasil: Terra à Vista, de Eduardo Bueno.
65
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
AS PRIMEIRAS SALAS DE AULA EM NOSSA TERRA FORAM CRIADAS PELOS JESUÍTAS PARA
EVANGELIZAR OS ÍNDIOS16
16 FONTE: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/serie-especial-historia-educacao-brasil-750345.shtml
66
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
dos escravos. Em todos os casos, apenas meninos. Esses foram os primeiros alunos da
Educação formal (e letrada) brasileira. E os padres jesuítas, os primeiros professores. De
1549, quando o padre Manuel da Nóbrega (1517-1570) chegou ao nosso território na
caravela do governador-geral Tomé de Sousa (1503-1579), até 1759, quando Sebastião José
de Carvalho e Melo (1699-1782), o marquês de Pombal, expulsou a Companhia de Jesus, a
catequização e o ensino se misturaram.
eram bilíngues (em português e tupi, considerada a língua predominante no litoral, onde a
ocupação brasileira começou) e o ensino dos dogmas católicos era seguido de perto pela
desvalorização dos mitos indígenas. Segundo relato do padre José de Anchieta (1534-1597) a
Inácio de Loyola (1491-1556), fundador da Companhia de Jesus, os índios entregavam seus
filhos "de boa vontade" para serem ensinados e, ao retornar para o convívio com seus pais,
as crianças colaboravam para disseminar o ideário católico entre os adultos.
Não havia uma formação específica para que um padre se tornasse professor.
"Bastava saber ler e escrever, mas principalmente conhecer as Sagradas Escrituras, já que a
escola era quase um sinônimo de sacristia e estudar significava se tornar um bom cristão",
comenta Marisa. O método consistia em ouvir e repetir o que os sacerdotes ensinavam.
"Quanto mais fiel aos ensinamentos, melhor", complementa Ferreira Jr.
Outro marco da didática da época era o uso do teatro e da poesia para ensinar.
"Anchieta inspirou-se nos usos e costumes indígenas, utilizando-se das músicas, das danças e
dos cantos usados em suas festas cerimoniais em seus autos. Para atingir os objetivos de
catequizar e educar, os cânticos e as poesias eram traduzidos e adaptados", contam as
pesquisadoras Yara Kassab, Inez Garbuio Peralta e Vera Cecília Machline no artigo O
Lúdico Na Festa de São Lourenço de José de Anchieta. Nas cenas, os hábitos dos nativos eram
adaptados para uma vida considerada mais cristã e costumes como a nudez e a bigamia eram
criticados. "O jesuíta percebe que o teatro podia ser uma estratégia pedagógica promissora e
um instrumento de comunicação com os índios para transmissão da doutrina católica, dos
valores morais e culturais europeus ocidentais, bem como a propagação da Língua
Portuguesa", completam.
Saviani lembra que Anchieta17 era um "hábil conhecedor de línguas". Além do
espanhol, seu idioma nativo, ele sabia português e latim e, após sua chegada ao Brasil,
aprendeu rapidamente a chamada "língua geral" dos indígenas. Foi responsável por elaborar
uma gramática do tupi, que facilitou muito o trabalho de evangelização.
Na sociedade colonial, com caráter aristocrático e patriarcal, o senhor de engenho
tinha todos os direitos ao negro os, a mulheres, mestiços, indígenas etc, só restava obedecer
para um dia gozar a eternidade do paraíso cristão.
O desenvolvimento artístico sempre acompanhou os ciclos econômicos e foram
proibidos.
Os jesuítas lideraram as primeiras experiências de ensino no Brasil entre os séculos 16
e 18, mas foram expulsos de Portugal e da colônia em 1759. Responsável por essa
determinação, Sebastião José de Carvalho e Melo (1699-1782), o marquês de Pombal, iniciou
uma reforma da Educação com o objetivo de modernizar o reino de dom José I (1714-1777).
Para substituir os padres, ele criou as aulas régias, mas os efeitos concretos só foram sentidos
alguns anos depois.
Em 1760, foi realizado o primeiro concurso para professores públicos (ou régios), em
Recife (leia a linha do tempo na página seguinte), mas as nomeações demoraram e o início
17"(...) o principal cuidado que temos deles (os índios) está em lhes declararmos os rudimentos da fé,
sem descuidar o ensino das letras; estimam-no tanto que, se não fosse esta atração, talvez nem os
pudéssemos levar a mais nada."
68
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
oficial das aulas só ocorreu em 1774, no Rio de Janeiro. Diante disso, quem tinha condições
recorria a professores particulares.
Depois que o ensino engrenou, a etapa inicial, chamada de "estudos menores", era
formada pelas aulas de ler, escrever, contar e humanidades (gramática latina, grego etc.). Era
a primeira vez que a Educação era responsabilidade estatal e objetivava ser laica, mas o
catolicismo ainda continuava muito presente. Para se tornar professor, não havia uma
formação específica. Por isso, eram selecionados os que tinham alguma instrução, muitas
vezes padres.
Tereza Fachada Levy Cardoso, doutora em História e docente do Centro de Educação
Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet), no Rio de Janeiro, conta que os professores
ganhavam um título de nobreza, que dava direito a alguns benefícios, como a isenção de
certos impostos. Mas a atividade era penosa e nem sempre compensadora. As aulas régias
aconteciam na casa dos educadores, previamente liberadas pelos inspetores. Eram
frequentes as solicitações por melhores salários, especialmente porque havia muita diferença
entre o que era pago dependendo do nível em que o educador atuava.
O método mútuo, inspirado no sistema fabril Inglês não deu certo no Brasil
As orientações de Pombal valeram até a morte de dom José I, em 1777. Quando dona
Maria I (1734-1816) assumiu o trono, demitiu o marquês. Apesar da mudança política, no
início não houve uma ruptura no sistema de ensino. As aulas deixaram de ser denominadas
régias e passaram a ser chamadas de públicas, mas só o nome mudou.
Dona Maria I reinou até 1792, quando seu filho dom João VI (1767-1826) assumiu o
poder. A vinda da família real para o Brasil, em 1808, impulsionou o desenvolvimento
cultural. Logo surgiram a Imprensa Régia e alguns jornais impressos, o Jardim Botânico do Rio
69
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
70
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
FONTE: http://metalurgicospiracicaba.com.br/n/2015/01/22/familia-real-portuguesa-foge-de-portugal-e-desembarca-no-brasil/
71
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
Linha do tempo
Fonte História da Educação (Maria Lúcia de Arruda Aranha, 256 págs., Ed. Moderna)
ANOTAÇÕES:
72
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
1. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
— Educação Brasileira
— Pedagogias não-liberais
— Pedagogia brasileira contemporânea
73
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
4. ENCAMINHAMENTOS
6. AVALIAÇÃO
METODOLÓGICOS
PROCEDIMENTOS
CONTEÚDOS
ESPECÍFICOS
6.3 Critérios de
6.1 Instrumentos
DIDÁTICOS
RECURSOS
BÁSICOS E
de avaliação
avaliação
OU
6.2 Valor
3.
5.
1 Educação Brasileira Os Fundamentos Os conteúdos Análise de 2,0 Analisa
1.1 Período Imperial: Históricos da curriculares texto consistentemen
A Educação no Educação, serão Debate/Ro te os fatores
Império, a formação enquanto campo trabalhados por da da predominantes
da elite. de conhecimento meio de leituras conversa da educação
1.2 Reformas: Couto que investiga no orientadas, Data: Brasileira no
Ferraz, Leôncio tempo e no aulas ___/___/16 Período
Carvalho e os espaço os expositivo- Imperial.
Pareceres de Rui fenômenos sociais dialogadas, Expõe com
Barbosa para a serve de apoio à utilização de clareza e
organização do compreensão da cine-fórum, objetividade os
ensino. educação na leitura períodos que
contemporaneida contextualizada caracterizam o
de. Nesse sentido, de textos, período
a disciplina deverá livros, filmes e Republicano.
1.3 Período ser conduzida documentários, Cine- 3,0 Compreende a
Republicano (1889 a com análise de Fórum: importância dos
1930): O ceticismo problematizações, situações Uma marcos
pela educação; “o para não ocorrer problema, professora Históricos da
otimismo o reducionismo relato de maluquinha Educação
pedagógico”; as lutas dos conteúdos. experiências Data: Brasileira.
políticas pedagógicas; Os estudantes que possam ___/___/16 Investiga os
a transição da mediados pelo contribuir para fatos históricos
Pedagogia Tradicional docente a análise e dos períodos
à Pedagogia Nova. perceberão que reflexão sobre fazendo uso dos
1.4 Período de 1930 a as explicações do os conteúdos instrumentos
1932: A Política senso comum não curriculares. de pesquisa.
Educacional e os dão conta da
conflitos ideológicos visão de
dos anos 30; totalidade dos
Manifesto dos fenômenos.
Pioneiros da Escola
Nova.
1.5 Estado Novo de Estudo de 2,5 Compreende a
1937 a 1945: A caso: Zuzu importância dos
Constituição de 1937 Data: marcos
e as Leis Orgânicas; A ___/___/16 Históricos da
Política Educacional Zuzu Angel Educação
dos governos eo Brasileira.
populistas. militarismo Investiga os
1.6 Período da Produção fatos históricos
74
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
75
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
7. RECUPERAÇÃO:
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
AIRÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2 ed. Rio de Janeiro: LTC, 1981.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia. 3 ed. São Paulo:
Moderna, 2006.
FRANCISCO FILHO, Geraldo. A Educação Brasileira no contexto histórico. Campinas: Ed.
Alínea, 2001.
_____. História Geral da Educação. Campinas: Ed. Alínea, 2003.
GADOTTI, Moacir. História das ideias pedagógicas. 8 ed. São Paulo: Ática, 2004.
GHIRALDELLI JÚNIOR, Paulo. História da educação brasileira. São Paulo: Cortez, 2005.
_____. História da educação. São Paulo: Cortez, 1990.
HOBSBAWN, Eric. Sobre história. São Paulo: Companhia das letras, 1998.
LARROYO, Francisco. História geral da pedagogia. São Paulo: Mestre Jou, 1982.
LUZURIAGA, Lorenzo. História da educação e da pedagogia. 12 ed. São Paulo: Nacional, 1980.
PAIXÃO, Priscilla Campiolo Manesco. Metodologia do Ensino de História. Maringá:
CESUMAR, 2012.
RIBEIRO, Maria Luisa Santos Ribeiro. História da Educação Brasileira: a organização escolar.
Campinas: Cortez, 2010.
ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil (1930/1973). 29 ed.
Petrópolis: Vozes, 2005.
SAVIANI, Demerval. História da ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados,
2010.
SAVIANI, Dermeval; LOMBARDI, José Claudinei; SANFELICE, José Luís. História e História da
Educação. Campinas: Autores associados, 2010.
VEIGA, Cynthia Greive. História da Educação. São Paulo: Ática, 2007.
ZUCCHI, Bianca. O ensino de História nos anos iniciais do Ensino Fundamental: teoria,
conceitos e uso de fonte. São Paulo: Ed. SM, 2012.
76
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
77
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
78
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
A Constituição de 1824 estabeleceu que a Educação deveria ser gratuita para todos
os cidadãos. Para cumprir essa determinação, deputados e senadores aprovaram uma lei em
15 de outubro de 1827 que marcou o Dia do Professor e indicou que fossem criadas escolas
de primeiras letras em todas as cidades e vilas. Na prática, o ensino permaneceu sem
mudanças estruturais até 1834. Nessa data, um ato adicional alterou a Constituição e deu
poder para cada província, entre outros aspectos, definir as regras educacionais em seu
território. "Elas começaram a criar escolas, mas as diretrizes educacionais eram muito
semelhantes", afirma André Paulo Castanha, professor de História da Educação da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e pesquisador do período. "Os
presidentes das províncias eram nomeados pelo imperador. Vários circularam por mais de
uma região. Então, as medidas eram adotadas em um lugar e, depois, levadas para outros."
Como parte do esforço de criar mais escolas, o Colégio Pedro II foi fundado em
1837, no Rio de Janeiro, para ser um modelo para o ensino secundário. E para quem iniciava
os estudos havia as escolas de primeiras letras. Nelas, as aulas abordavam temas como a
leitura, a escrita e as operações matemáticas e adotavam o método mútuo ou lancasteriano,
criado na Inglaterra e muito usado por aqui na primeira metade do século 19. Diana Vidal,
professora da Universidade de São Paulo (USP), lembra que ele foi inspirado no sistema
fabril. Cada docente tinha vários monitores - estudantes mais experientes que instruíam os
demais. "Uma única instituição poderia alfabetizar mil alunos ao mesmo tempo." Castanha
enfatiza que esse método foi aplicado aqui porque era o que havia de mais moderno na
Europa, mas não deu certo porque muitas famílias não viam a necessidade de colocar os
filhos na escola. "A Inglaterra tinha uma população escolar considerável, mas no Brasil as
turmas eram pequenas, e isso descaracterizava o método."
Linha do tempo
1760 É realizado o primeiro concurso para professores públicos.
1808 A vinda da família real para o Brasil incentiva a cultura no país.
1822 Dom Pedro I (1798-1834) assume o trono após a independência.
1834 As províncias passam a definir as regras educacionais.
1889 A República é decretada e surge um novo modelo de escola.
79
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
80
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
"Não pode ser uma escola de tempo parcial, nem uma escola
somente de letras, nem uma escola de iniciação intelectual,
mas uma escola sobretudo prática, de iniciação ao trabalho,
de formação de hábitos de pensar, hábitos de fazer, hábitos
de trabalhar e hábitos de conviver e participar em uma
sociedade democrática, cujo soberano é o próprio cidadão."
Anísio Teixeira
81
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
Nos grupos escolares estudavam muitos alunos divididos por série e idade.
Linha do tempo
1891 É proclamada a Constituição e a Educação fica a cargo de estados e municípios.
1892 A reforma paulista propõe os grupos escolares, com a divisão dos alunos em séries.
1914 Começa a Primeira Guerra Mundial, que segue até 1918.
1920 Ocorre a Reforma Sampaio Dória, em São Paulo, seguida por outras sete.
1930 A revolução e um golpe de estado levam Vargas ao poder.
A ideia de uma Educação para todos só ganhou força na década de 1920. Nesse
período, se destacaram os pioneiros da Escola Nova - Anísio Teixeira (1900-1971), Fernando
de Azevedo (1894-1974), Lourenço Filho (1897-1970) e outros -, que defendiam a escola
pública e laica, igualitária e sem privilégios.
O estopim das mudanças foi a Reforma Sampaio Dória, em São Paulo, em 1920, que
leva o nome do então diretor-geral da Instrução Pública do estado, Antonio de Sampaio Dória
(1883-1964). Preocupado com o fato de metade da população de 7 a 12 anos estar fora da
escola e com um baixo orçamento, ele propôs uma etapa inicial de dois anos (equivalente ao
começo do Ensino Fundamental atual), gratuita e obrigatória.
O projeto foi engavetado rapidamente, mas abriu espaço para ações estruturais em
vários estados. Em um período de seis anos, educadores lideraram reformas no Ceará, no
Paraná, no Rio Grande do Norte, na Bahia, em Minas Gerais, no Distrito Federal e em
Pernambuco. Segundo Saviani, elas alteraram a instrução pública em aspectos como a
ampliação da rede de escolas e a reformulação curricular.
Paralelamente, a corrente anarquista conquistou espaço e passou a influenciar a
Educação. Foram fundadas escolas operárias em quase todos os estados, geridas pela
comunidade. Tendo como base a Pedagogia libertária e as ideias do espanhol Francisco
83
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
ERA VARGAS
As propostas da Escola Nova e de Paulo Freire ganham força, mas não chegam às
salas de aulas
A disciplina era uma marca das escolas, que tinham muitas salas separadas por gênero
A defesa da Educação pública, gratuita e laica ganhou força no país em 1932, com o
Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (leia a linha do tempo na página seguinte e a
pergunta de concurso na última página), introduzido no capítulo anterior desta série. Seus 26
signatários - entre eles Lourenço Filho (1897-1970) e Anísio Teixeira (1900-1971) - combatiam
a escola restrita à elite e ligada à religião. Os anseios se justificavam. Afinal, em 1920 o
analfabetismo atingia 80%. "O principal mérito do manifesto foi trazer à tona o debate sobre
a escola para toda a população independentemente da classe social", diz Maria Cristina
Gomes Machado, da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
84
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
Nessa mesma época, a crise de 1929, gerada pela queda da Bolsa de Nova York,
desencadeou o desgaste da economia cafeeira e, também, do revezamento entre Minas
Gerais e São Paulo no poder. Fortalecido por isso, o movimento revolucionário conseguiu
derrubar a República Velha e, em 1930, Getúlio Vargas (1882-1954) se tornou chefe do
governo provisório.
No mesmo ano, foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública, ocupado por
Francisco Campos (1891-1968). Embora influenciado pelo manifesto, o novo ministro era
católico e antiliberal. Assim, colaborou para o retorno do Ensino Religioso ao currículo. Além
da presença na escola pública, a religião exercia influência no ensino privado, pois as igrejas,
principalmente a católica, eram proprietárias de muitas instituições e recebiam subvenção do
governo. Os escolanovistas eram contra isso e os dois grupos protagonizaram intensos
debates. O governo tendia ora para um lado, ora para outro, e a Constituição de 1934 é um
exemplo disso. Ela contrariou o princípio da escola laica ao definir que o ensino fosse
ministrado segundo a orientação religiosa dos estudantes, mas definiu que a Educação era
direito de todos e dever do poder público.
Enquanto isso, as doutrinas totalitaristas se expandiam na Europa e, inspirado por
elas, Vargas instituiu o Estado Novo (1937-1945). "A nova ideologia proclamava a importância
da escola como via de reconstrução da sociedade brasileira", esclarece Silvia Helena Andrade
de Brito no artigo A Educação no Projeto Nacionalista do Primeiro Governo Vargas (1930-
1945).
Para atender a esse anseio, as Leis Orgânicas do Ensino foram promulgadas a partir
de 1942. O ginásio, equivalente ao segundo ciclo do Ensino Fundamental de hoje, passou a
ter quatro anos e o colegial - o atual Ensino Médio - três. Foi criado o curso supletivo de dois
anos para a população adulta. E a rede pública foi organizada em escolas com uma, duas a
quatro e cinco ou mais classes, além da escola supletiva.
85
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
contavam com mais professores do sexo masculino formados em outras áreas, como Filosofia
e Direito. A separação de gêneros também acontecia entre os alunos. Se até o final do
primário aceitavam-se turmas mistas, para os estudantes mais velhos a recomendação era
organizar classes separadas.
Dos estudantes, exigia-se um comportamento exemplar. A vigilância era grande e a
expulsão, possível e grave, já que não havia vagas para todos. Maria Cristina destaca que a
retidão chegava às disciplinas do currículo. "A Educação Física, por exemplo, servia como
preparo para o trabalho e para o serviço militar, com exercícios como marcha e polichinelo."
Linha do tempo
1932 O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova defende a Educação gratuita e laica.
1937 Inspirado pelo totalitarismo europeu, Vargas inicia o Estado Novo, que segue até 1945.
1946 A nova Constituição define que a União legisle sobre a Educação.
1962 Paulo Freire alfabetiza 300 agricultores em 45 dias no estado de Pernambuco.
1964 O golpe militar instaura a ditadura e anos de forte repressão.
Com o fim do Estado Novo, o país ganhou outra Constituição. O texto atribuiu à
União a função de legislar sobre as bases da Educação, o que antes ocorria de maneira
fragmentada. Em 1948, o ministro Clemente Mariani (1900-1981) apresentou o anteprojeto
da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), o que gerou novos conflitos entre
os escolanovistas e a Igreja Católica. "Além da manutenção do Ensino Religioso, estava em
jogo qual desses grupos era mais capacitado para atuar em espaços de decisão", diz Marcus
Levy Bencostta, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Por causa desse debate acirrado,
a LDBEN foi aprovada 13 anos depois, permitindo a pluralidade dos currículos e
estabelecendo que o Estado destinaria recursos a entidades privadas.
Nos anos 1950 e 1960, a política se caracterizou pelo populismo, com presidentes
como o próprio Vargas, eleito para o período de 1951 a 1954, e Juscelino Kubitschek (1902-
1976), de 1956 a 1961. Surgiram aí movimentos de Educação popular, com iniciativas que até
hoje estão vivas, como as propostas de Paulo Freire (1921-1997). As primeiras experiências
do educador ocorreram em 1962, em Angicos, a 171 quilômetros de Natal, quando 300
trabalhadores rurais foram alfabetizados em 45 dias. Freire considerava as cartilhas incapazes
de atender às necessidades dos alunos. Para ele, na sociedade de classes, os privilégios de
uns impedem a maioria de usufruir de certos bens, como a Educação, que deveria instigar a
reflexão sobre a própria condição social.
Esse período também foi fértil em manifestações culturais como o cinema novo e a
bossa nova. Foram anos recheados de boas ideias, mas nas salas de aula não houve grandes
avanços. E, em 1964, iniciativas como as de Freire esmoreceram totalmente com o golpe
militar. O Brasil passou a viver momentos de repressão, cujas repercussões aparecem no
próximo capítulo desta série.
86
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
O regime militar se apoiou nos ideais tecnicistas e fez do ensino uma ferramenta de
controle
87
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
Arruda Aranha (256 págs., Ed Moderna, tel. 0800-7707-653, 65,90 reais), em 1970, 33% das
pessoas com mais de 15 anos eram analfabetas e, dois anos depois, a taxa caiu para 28,51%.
No entanto, a autora ressalta que por causa do método usado muitos alunos mal
desenhavam o nome.
Paralelamente a isso, o Brasil vivia um momento crítico no ensino universitário. A
oferta não acompanhava o crescimento da demanda e a revolta pela falta de vagas ganhou
força com as notícias das manifestações ocorridas na França, em maio de 1968, e gerou a
chamada "crise dos excedentes". O governo federal assumiu, então, uma postura mais
invasiva (leia a pergunta de concurso na última página). A União Nacional dos Estudantes
(UNE) foi considerada ilegal e qualquer tentativa de se organizar politicamente era vista
como atividade subversiva a ser reprimida.
88
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
que a lei seria e orientavam que não permitíssemos discussões se alguém quisesse questionar
aspectos como as condições de trabalho", lembra.
A lei ainda estabeleceu a inclusão da disciplina de Estudos Sociais, com conteúdos
que seriam de História e Geografia, nos anos iniciais do 1º grau. Os professores polivalentes
que atuavam nesse segmento, passaram a ser formados no Magistério, com nível de 2º grau,
e as escolas normais foram extintas. Para lecionar para os outros anos, era necessário cursar
uma licenciatura em programas de curta ou longa duração. "A ideia era transformar o
pedagogo em um técnico em Educação de acordo com a política tecnocrata do governo",
explica José Willington Germano, docente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN). Os concursos públicos eram poucos e não havia professores suficientes para atender
a todas as vagas que vinham sendo criadas com a construção de escolas e a oferta de aulas
pela manhã, à tarde e à noite. Então, quando não havia profissionais habilitados suficientes
era permitido contratar outros temporariamente.
Apesar do recurso do salário-educação criado em 1964 e revisto em 1975, pelo qual
as empresas pagavam imposto relativo aos filhos de funcionários em idade escolar, os
investimentos na área decresceram ao longo do regime. No estado de São Paulo, por
exemplo, de 8,7 salários mínimos, os docentes passaram a receber 5,7 salários, em 1979,
segundo o livro Educação, Estado e Democracia (Luiz Antônio Cunha, Ed. Cortez). Assim,
muitos educadores e alunos migraram para escolas privadas.
Linha do tempo
Mobilização e abertura
A esse cenário se somou a crise do petróleo, em 1973, que acabou com o chamado
milagre econômico, época em que o produto interno bruto (PIB) do país aumentava cerca de
10% ao ano. A militância política ficou mais forte e as pessoas começaram a reivindicar a
volta da democracia.
Diante do fortalecimento da oposição democrática, o general Ernesto Geisel (1908-
1996) iniciou em seu governo o processo de abertura lenta e gradual que acarretou
mudanças educacionais. O ensino de 1º grau foi municipalizado, numa tentativa de
descentralizar e democratizar o sistema. Em 1979, o Ministério da Educação e Cultura foi
assumido por um professor universitário pouco identificado com o regime, Eduardo Portella,
outro indício de que as coisas estavam mudando. E João Figueiredo (1918-1999), último
presidente militar, intensificou o processo de abertura, revogou a obrigatoriedade de o 2º
89
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
grau ser profissionalizante e criou programas específicos para o ensino voltados à população
de baixa renda, que geraram pouca mudança na prática.
Três anos depois, se encerrou a ditadura militar no Brasil. Tancredo Neves (1910-
1985) ganhou a eleição indireta, mas morreu antes da posse e seu vice, José Sarney, se
tornou o primeiro presidente da chamada Nova República, que será contemplada no próximo
capítulo desta série.
90
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
indicava a aplicação na área de no mínimo 18% da receita dos impostos pela União e 25%
pelos estados e municípios.
Dois anos depois, durante a Conferência Mundial sobre Educação para Todos em
Jomtien, na Tailândia, foi aprovada uma declaração internacional que levava o nome do
evento e propunha ações para os dez anos seguintes com vistas à universalização do ensino
nos países signatários. Por aqui, Fernando Collor de Mello assumiu a presidência e criou o
Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania (Pnac) em substituição à Fundação Educar -
versão democrática para o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral) -, instituída cinco
anos antes por José Sarney. Mas a iniciativa de Collor durou apenas um ano.
"A coisa mais simples que tem é criar boas escolas (...) para
que cada criança tenha diante dela uma professora capacitada
para alfabetizá-la."
Darcy Ribeiro
91
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
sendo contempladas na formação docente e nas escolas, são cobradas nas avaliações
externas", comenta Cury.
Em 2001, foi aprovado o Plano Nacional de Educação (PNE), previsto na
Constituição e válido por dez anos. Ele estipulava metas para aumentar o nível de
escolaridade dos brasileiros e garantir o acesso à Educação, mas não teve êxito na maioria
delas. Um dos motivos apontados por especialistas é o veto do governo ao investimento de
7% do Produto Interno Bruto (PIB) na área. Apesar disso, houve ganhos. "O documento
previa que até 2007 os profissionais da Educação Infantil fossem formados em nível superior,
admitindo o nível médio como ação emergencial. Isso reforça um olhar profissional
pedagógico para essa etapa", lembra Gisela Wajskop, consultora de Educação Infantil e de
formação de professores. Outra conquista foi a determinação de que o Ensino Fundamental
fosse ampliado para nove anos, o que vem se concretizando desde então.
Dois anos depois, Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a presidência e levou Cristovam
Buarque para o Ministério da Educação (MEC). No lugar da Alfabetização Solidária, criada por
FHC em 1997, foi lançado o Brasil Alfabetizado para o combate ao analfabetismo. O esforço
contínuo levou à diminuição da taxa de analfabetismo de quem tem 15 anos ou mais, mas em
2012 a queda progressiva foi interrompida e as razões ainda estão sendo analisadas por
especialistas.
Linha do tempo
ANOTAÇÕES:
92
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
Expansão de investimentos
Outro exame nacional foi criado em 2005. Alunos de 4ª e 8ª séries (5º e 9º anos)
passaram a ser avaliados na Prova Brasil. Com o desafio de ampliar o acesso à escola e
melhorar os índices nas avaliações, viu-se a necessidade de ampliar os recursos da área e
alcançar todas as etapas. Assim, o Fundef se tornou Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação
(Fundeb) em 2007.
Outra estratégia presente nesse período foi a das escolas de tempo integral. As
primeiras iniciativas foram lideradas por Darcy Ribeiro (leia a frase dele na primeira
página) no Rio de Janeiro e José Aristodemo Pinotti (1934-2009) em São Paulo, na década de
1980. Mas, passado o ânimo inicial, elas ficaram restritas a poucas unidades. Assim, em 2007,
o MEC criou o Mais Educação, que custeou o aumento da carga horária em 49 mil escolas.
Em 2009, a Emenda Constitucional nº 59 determinou a ampliação da
obrigatoriedade escolar para 4 a 17 anos até 2016. O assunto foi reforçado pela Lei nº 12.796
em 2013. O piso salarial nacional de 950 reais para os docentes foi aprovado em 2010, com a
proposta de que um terço da jornada fosse dedicada a formação e planejamento. Nesse
mesmo ano, o ministro Fernando Haddad encaminhou uma nova versão do PNE para o
Congresso. Dilma Rousseff se tornou presidente em 2011 e o documento segue em discussão
até hoje.
Além de todas as mudanças políticas que interferiram na sala de aula, essas
décadas incluíram uma grande revolução tecnológica, marcada pelo desenvolvimento da
internet, que transformou as relações sociais e, claro, o ensino. Embora 70 mil escolas de
Ensino Fundamental ainda não tivessem computador em 2010, essa máquina está na vida de
alunos e professores, mudando a maneira como têm acesso à informação e ao
conhecimento. Os últimos dois governos distribuíram laboratórios de informática, laptops
para alunos e tablets para docentes. Apesar disso, a realidade ainda é plural. Há salas rurais
multisseriadas, classes informatizadas, escolas bilíngues, projetos pedagógicos tradicionais e
propostas de inspiração democrática. Diante de tamanha diversidade, o novo PNE e a
definição de um currículo nacional são algumas das questões urgentes para garantir que
todos que vivem a história de hoje sigam no mesmo rumo, com vistas à melhoria da
Educação.
FONTE:
REVISTA NOVA ESCOLA. http://revistaescola.abril.com.br/formacao/serie-especial-historia-
educacao-brasil-750345.shtml
FRANCISCO FILHO, Geraldo. A educação brasileira no contexto histórico. Campinas: Alínea,
2001.
93
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
1 IDENTIFICAÇÃO DO PARTICIPANTE:
Aluno(a): Série/Turma:
Disciplina: Data:
Objetivos:
2 FICHA TÉCNICA
Elenco
Sinopse
Premiações
Curiosidades
3 TIPO DE FILME:
( ) histórico sobre as empresas ( ) eventos técnico científicos
( ) teoria das organizações ( ) documentário
( ) adaptação ( ) ficção
( ) outros
5 GRAU DE ENTENDIMENTO:
( ) fácil
( ) razoável
( ) difícil
6 VALORES CINEMATOGRÁFICOS:
94
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
( ) Técnológicos ( ) Psicológicos
( ) Ecológicos ( ) Outros
10 Enredo:
13 As intenções do diretor: Quem é o diretor? Que outros filmes ele já fez? Qual o seu estilo?
O que ele pretendia nos mostrar (no todo ou em parte): beleza? denúncia? reflexão sobre um
tema? emoção? uma história real?
15 O conteúdo: O que as imagens, os diálogos e o filme como um todo querem nos dizer?
Como uma imagem reforça ou modifica o sentido de um diálogo? Há uma idéia ou valores
sendo transmitidos pelo filme(de que maneira e que cenas provam isso)?
16 A qualidade: Pode-se dizer que é um bom filme? Que elementos justificariam nosso
julgamento (imagens, atores, enredo, ritmo, caracterização, música, etc.)?
17 A qualidade da sua interação com o filme: Você pôde fazer uma boa apreciação da fita?
Que elementos favoreceram ou dificultaram a sua apreciação? O filme lhe trouxe
contribuições? Fez você ficar pensando? Foi prazeiroso assisti-lo?
18 Avaliação final:
Assinale com um X a palavra que representa a sua avaliação do filme:
( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Sofrível
( ) Muito bom ( ) Regular ( ) Péssimo
95
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
MAPAS CONCEITUAIS
É uma técnica muito flexível, podendo ser aplicada como instrumento de análise de
currículo e recurso de aprendizagem: para orientação; exploração do que os estudantes já
sabem; focar um conceito particular; observar a estrutura do pensamento em relação ao
tema proposto; ponto de partida para novas pesquisas e aprendizagens; meio de avaliação e
auto-avaliação, etc.
O trabalho com os conteúdos estruturantes das disciplinas da Educação Básica e
seus temas específicos, segundo as Diretrizes Curriculares Estado do Paraná, se dará em
quatro momentos: a sensibilização, a problematização, a investigação e a criação de
conceitos, desta forma podem observar que a técnica apresentada facilita a compreensão,
tanto do aluno como do professor, das construções lógicas que o aprendiz possui no
96
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
19 PEÑA, A. et all. Mapas Conceituais: uma técnica para aprender. São Paulo: Loyola, 2005.
98
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
FONTE: http://ursulabioifam.pbworks.com/w/page/40977545/Trabalhando%20com%20mapas%20conceituais
HOTISETE DE HQ:
http://tecnologianasaladeaula.pbworks.com/w/page/52014513/Roteiros%20para%20HQ
DICAS DE ROTEIRO: http://dicasderoteiro.com/
1. O ROTEIRO: Syd Field define o Roteiro como sendo "uma história contada em imagens,
diálogo e descrição, dentro do contexto de uma estrutura dramática. Um detalhe que todo
roteirista sempre esquece (eu mesmo me apanho cometendo este erro muitas vezes) é que
um roteiro deve contar uma história como num livro de romance, por exemplo, com a
diferença que no roteiro você deve colocar tudo o que a pessoa pode visualizar enquanto lê.
Metáforas, divagações ou pensamentos do autor quanto a sentimentos ou situações vividas
pelo personagem não podem ser demonstradas, mas "indicadas" pelo autor para que o ator
saiba o que seu personagem está vivendo ou sentindo. Como diz Doc Comparato, "o
romancista escreve, enquanto o roteirista trama, narra e descreve". O roteirista vai além,
pois precisa demonstrar no papel situações concretas que o leitor do roteiro possa visualizar.
O roteiro é o filme que transcorre no papel antes de ganhar vida nas telas.
2. ETAPAS: Como toda história possui um começo, meio e fim, um roteiro também é
construído por etapas, um passo a passo:
a. Idéia ou "o que". O tema ou fato que motiva o autor a escrever. É sobre esta idéia que o
autor fixará a atenção durante todo o roteiro pois deseja transmitir algo para o público.
b. Conflito ou "onde": o autor tem uma idéia, mas esta deve ser transmitida ao público por
meio de um conflito. Se não há conflito, não há interesse por parte do público. O conflito
sempre é definido através do story line. É o universo onde se passará a idéia.
99
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
c. Personagens ou "quem": são aqueles que viverão o conflito idealizado pelo autor. São os
responsáveis por passar ao público o que o autor está tentando expressar em sua narrativa.
d. Ação dramática ou "como": quando o autor já tem definidos a idéia, o conflito que
transmitirá a idéia e os personagens que viverão este conflito, chega o momento de definir
de que maneira este será vivido pelos personagens.
A NÍVEL PRÁTICO, ESTAS ETAPAS PODEM SER DEFINIDAS ASSIM: A. IDÉIA / B. STORY LINE /
C. SINOPSE/D. ESTRUTURA/E. PRIMEIRO ROTEIRO E ROTEIRO FINAL
A idéia, como foi visto, é o sumo do roteiro, a base onde existirá todo o outro contexto
(conflito, personagens e ação dramática). A story line é a forma de contar o conflito motivado
pela idéia de maneira objetiva e suscinta. A maioria dos autores é unânime em dizer que uma
story line não pode ultrapassar cinco ou seis linhas. Nela deve ser apresentado o conflito, seu
desenvolvimento e sua solução. Ex:
"A TROCA: Milionária não se conforma com a deficiência visual de seu neto recém-
nascido e paga para uma enfermeira trocar a criança por um menino perfeito do
berçário, mas vinte anos depois o pai do menino sofre de Leucemia e a esperança de
cura está na medula do garoto deficiente e entregue a outra família que é
encontrado, salva a vida do pai e a verdade sobre a troca é revelada. "(curta
metragem/Romualdo Dropa/1999)
FONTE: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=13667
100