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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ERASMO PILOTTO

CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO

APOSTILA DE FUNDAMENTOS
HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO

CURITIBA - 2016

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CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO

SUMÁRIO

PLANO DE TRABALHO ANUAL ........................................................................................ 02

PLANO DE TRABALHO DOCENTE DO 1º TRIMESTRE ........................................................ 08


CONCEPÇÕES DE HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA .............................................................. 13
EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE ORIENTAL ....................................................................... 19
EDUCAÇÃO E SOCIEDADE NA ANTIGA GRÉCIA ................................................................ 22
EDUCAÇÃO E SOCIEDADE NA ROMA ANTIGA ................................................................. 30

PLANO DE TRABALHO DOCENTE DO 2º TRIMESTRE ........................................................ 35


O HOMEM IDEAL NA IDADE MÉDIA ................................................................................ 39
O RENASCIMENTO ......................................................................................................... 52
A EDUCAÇÃO NO INICIO DOS TEMPOS MODERNOS ....................................................... 55
A EDUCAÇÃO NA ÉPOCA DO ABSOLUTISMO .................................................................. 58
A EXPANSÃO COMERCIAL E TERRITORIAL DA EUROPA OCIDENTAL ................................ 62
A EDUCAÇÃO ARISTOCRÁTICA NO BRASIL COLONIAL ..................................................... 65

PLANO DE TRABALHO DOCENTE DO 3º TRIMESTRE ........................................................ 73


A EDUCAÇÃO NO BRASIL DE 1808-1822 ......................................................................... 77
A EDUCAÇÃO DE ELITE NO PERÍODO IMPERIAL (1822 – 1889) ........................................ 77
REPÚBLICA VELHA E A EDUCAÇÃO (1889-1930) ............................................................. 80
ERA VARGAS ................................................................................................................... 84
DITADURA MILITAR ....................................................................................................... 88
EDUCAÇÃO PÓS-DITADURA ........................................................................................... 90

METODOLOGIAS COMPLEMENTARES ............................................................................ 94


ROTEIRO PARA ANÁLISE DE FILMES ............................................................................... 94
MAPAS CONCEITUAIS .................................................................................................... 96
DICAS PARA PRODUÇÃO DE HISTÓRIA EM QUADRINHOS .............................................. 99

Apostila organizada pelas Profª Rosângela Menta, Celeste e Ivonete.


As fontes de pesquisas estão logo a seguir dos textos.

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PLANO DE TRABALHO DOCENTE ANUAL - 2016

Série: 1º Ano Integrado Carga horária semanal: 2 h/a

PRESSUPOSTOS TEÓRICOS

Somos seres históricos, pois nossas ações e pensamentos mudam no tempo, à


medida que enfrentamos os problemas não só da vida pessoal, como também da experiência
coletiva. Assim produzimos a nós mesmos e a cultura a que pertencemos.
Cada geração se apropria da herança cultural dos antepassados e estabelece
projetos de mudança.
Estamos inseridos no tempo: o presente não se esgota na ação que realiza, mas
adquire sentido pelo passado e pelo futuro desejado.
A história resulta da necessidade de reconstruirmos o passado, relatando os
acontecimentos que decorreram da ação transformadora dos indivíduos no tempo, por meio
da seleção e da construção dos fatos considerados relevantes e que serão interpretados a
partir de métodos diversos.
Se somos seres históricos, nada escapa à dimensão do tempo, pois “O tempo é o
sentido da vida” (Paul Claudel).
Com a história da educação construímos interpretações sobre as formas pelas quais
os povos transmitem sua cultura e criam instituições escolares e as teorias que as orientam.
Os estudos sobre a história da educação delineiam o fio condutor que nos orienta para a
construção de uma escola democrática.

CONTEÚDOS ESTRUTURANTES E SEUS DESDOBRAMENTOS

1º TRIMESTRE

1. Concepções de História e Historiografia


1.1 O que é História; a História da História.
1.2 Conceitos de História e Historiografia

2. História da Educação
2.1 Métodos de Pesquisa e de Investigação utilizados no percurso da História da Educação.

3. Educação Clássica
3.1 Grécia: Os períodos Educacionais na Grécia; A educação ateniense e o ideal de homem
excelente. Educação Espartana: Heroísmo cívico e o ideal do soldado – cidadão.
3.2 Roma: A Antiga Educação Romana; A Educação Clássica de Roma.

4. Educação na Idade Média


4.1 Contexto Histórico da Educação Medieval:
4.1.1 A Filosofia Patrística e sua contribuição para a educação.

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4.1.2 A Filosofia Escolástica princípios e diretrizes.


4.1.3 Fundação da Companhia de Jesus.
4.1.4 As primeiras universidades e sua evolução.

2º TRIMESTRE

5. Renascimento e Educação Humanística


5.1 Contexto Histórico da Educação Renascentista: Pensamento Pedagógico Renascentista;
5.2 A Reforma Protestante e a Contrarreforma;
5.3 História da Educação Brasileira
5.3.1 Período Colonial: A educação jesuítica e as reformas pombalinas.
5.3.2 A Sociedade da Companhia de Jesus e o “Ratio Studiorum”.

6. Educação Moderna.
6.1 A educação realista do Século XVI, Comenius e o Método Moderno de Ensinar.
6.2 O Racionalismo de Descartes e o Empirismo de John Locke.
6.3 O Século XVIII: O Iluminismo e suas relações com a educação: Rousseau e o Naturalismo
Pedagógico.

3º TRIMESTRE

7 Educação Brasileira
7.1 Período Imperial: A Educação no Império, a formação da elite.
7.2 Reformas: Couto Ferraz, Leôncio Carvalho e os Pareceres de Rui Barbosa para a
organização do ensino.
7.3 Período Republicano (1889 a 1930): O ceticismo pela educação; “o otimismo
pedagógico”; as lutas políticas pedagógicas; a transição da Pedagogia Tradicional à Pedagogia
Nova.
7.4 Período de 1930 a 1932: A Política Educacional e os conflitos ideológicos dos anos 30;
Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova.
7.5 Estado Novo de 1937 a 1945: A Constituição de 1937 e as Leis Orgânicas; A Política
Educacional dos governos populistas.
7.6 Período da Ditadura Militar: O fracasso da política educacional. Leis de Diretrizes e Bases
nº 4024/61 e nº 5692/71; Tecnicismo.

8. Pedagogias não Liberais


8.1 Contexto histórico e características
8.2 Pedagogia Crítico Produtivista
8.3 Pedagogia Libertadora
8.4 Pedagogia Crítica.

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9. Pedagogia Brasileira Contemporânea


9.1 Educação Brasileira a partir da Constituição de 1988
9.2 Redemocratização da Educação Brasileira
9.3 A elaboração da Lei de Diretrizes e Bases nº 9394/96
9.4 Tendências Neo Liberais versus Materialismo Histórico.

OBJETIVOS DA DISCIPLINA

Promover situações no processo de ensino/aprendizagem que possibilitem ao


educando a compreensão das importantes transformações pelas quais passa a humanidade
no decorrer de uma idade histórica para outra, para que ele possa identificar a influência
desses fatos nos dias atuais.
Compreender as concepções de história e a educação.
Analisar a evolução da humanidade, destacando a importância da educação formal
e informal em diversos contextos.
Relacionar as teorias da educação com os fatos políticos, econômicos e sociais de
cada época, situando-se em um contexto geográfico, histórico, político e social.
Compreender as contribuições dos grandes teóricos da educação e as relações de
trabalho e poder da época do fato estudado.
Analisar as pedagogias dominantes e não dominantes de cada época da educação.

METODOLOGIA

A metodologia será trabalhada numa perspectiva histórica, de forma


problematizadora, ou seja, estabelecendo a relação entre a prática e a teoria, entre o
conhecimento que o aluno já possui e os conteúdos que precisam ser incorporados para que
ele alcance autonomia em seu sentido mais amplo.
Assim, a metodologia envolverá diálogo, a contextualização e a problematização de
conteúdos, levando em consideração o ponto de partida do conhecimento do aluno e o
ponto a que se deseja chegar, instigando o aluno a pesquisa, ao trabalho cooperativo, à
reflexão, análises, sínteses, comparações.
As atividades serão desenvolvidas por meio da construção dialética do
conhecimento, com pesquisa de campo e bibliográfica, aulas práticas, entrevistas, e
observações durante o estágio supervisionado.
Durante o curso pretende-se que o aluno compreenda a aplicação de todos os
temas estudados, com apresentação de trabalhos coletivos, independentes, permeando as
ações docentes e publicando seus conhecimentos.
O estudante deverá fazer leituras complementares dos documentos propostos,
desenvolvendo o gosto pela pesquisa.
Serão utilizados os seguintes recursos didáticos: os referenciais teóricos
reproduzidos em cópias, vídeos, TV Multimídia, DVDs, quadro de giz, laboratório de
informática com acesso a internet e materiais pedagógicos específicos.

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As atividades metodológicas privilegiarão a produção escrita e oral, coletiva e


individual, oferecendo ao aluno a oportunidade de perceber e analisar o assunto sob diversos
ângulos, de forma que o aluno se aproprie dos conhecimentos propostos e/ou apresente
suas pesquisas e demais atividades pedagógicas aos colegas.
Os procedimentos metodológicos a serem desenvolvidos envolvem:
a) Aulas interativas;
b) Leituras comentadas;
c) Produção escrita e análise de textos em sala de aula individuais e coletivos;
produção de histórias em quadrinhos;
d) Apresentação de trabalhos desenvolvidos pelos alunos;
e) Análise de cenas de filmes, clips, música, etc.;
f) Dinâmicas de grupo diversificadas, como por exemplo: seminários; debates;
pesquisas; phillips 66...

AVALIAÇÃO

A avaliação seguirá o que dispõe o Capítulo III do Regimento Escolar deste


Estabelecimento de Ensino. Ressalta-se a importância da prevalência dos aspectos
qualitativos sobre quantitativos, da relevância à atividade crítica, à capacidade de síntese e à
elaboração pessoal, devendo a verificação do aproveitamento escolar incidir sobre o
desempenho do aluno, no mínimo, em três experiências de aprendizagem (debates,
seminários, relatórios, testes de aproveitamento orais e escritos, trabalhos de criação,
observações, etc.), durante cada bimestre.

— Concepção de avaliação
A avaliação deve ser entendida como um instrumento de estímulo e promoção à
aprendizagem, portanto, um processo diagnóstico, formativo, contínuo, contribuindo para o
desenvolvimento do aluno e aperfeiçoamento da práxis pedagógica do professor.
Assim, a avaliação diagnóstica, possibilita a compreensão do nível de aprendizado
em que o aluno se encontra, sendo dinâmica ao fornecer aos professores e alunos meios de
intervir e superar as defasagens e dificuldades encontradas. A avaliação não considera
apenas o resultado final, mas o processo como um todo.
A avaliação é um dos instrumentos que se vale o professor para garantir a
qualidade da aprendizagem dos alunos, de modo que permeia o conjunto de todas as ações
pedagógicas.
A avaliação proposta se caracteriza em diagnóstica, formativa, somativa e contínua,
durante todo o processo de ensino-aprendizagem.
Serão atendidos os critérios exigidos no Regimento Escolar e no PPP.

— Critérios de avaliação
Será realizada em função da ementa do curso e dos objetivos propostos, dos planos
de trabalho trimestrais, através da apresentação das atividades solicitadas e pela participação
de nas propostas de trabalho. O aluno deverá realizar auto-avaliações para que defina o seu
grau de envolvimento e aprendizagem. Todos os alunos que não se apropriarem dos temas

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propostos terão oportunidade de recuperação de estudos em prazo estipulado.

— Instrumentos
 Produção textual;
 Análise (imagens, textos, vídeos);
 Apresentações orais e escritas;
 Parecer analítico, relatórios, fichas de observação;
 Avaliação escrita com/sem consulta com predominância de questões
qualitativas.
 E outros instrumentos a serem sugeridos no decorrer do curso

ESTRATÉGIAS DE RECUPERAÇÃO CONCOMITANTE E PARALELA

Serão utilizadas práticas diferenciadas considerando as características dos alunos,


para melhor intervenção pedagógica e apropriação do conteúdo. O momento mais
importante para a recuperação deve ocorrer no período de aula. A revisão diária dos
conteúdos, explicações complementares, atividades extraclasse, correção de exercícios e
testes de verificação, entre outras, são procedimentos que atuarão preventivamente,
contribuindo para a aprendizagem do aluno.
Será realizada em função da dos objetivos propostos, através da re-apresentação
das atividades solicitadas e pela participação de nas propostas de trabalho específicas para
recuperar os conteúdos não apropriados pelo estudante. O aluno deverá refletir sobre o seu
grau de envolvimento e comprometimento na aprendizagem, sendo responsável em
apresentar as atividades solicitadas pelo Professor no prazo determinado. Não serão aceitas
entregas posteriores a estabelecida com a turma.
Serão consideradas também as seguintes estratégias:
a) atividades diversificadas oportunizadas durante a aula,
b) atividades extraclasse,
c) planos de estudos entre outras.
A atividade de recuperação de estudos é opcional para o estudante.

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REFERÊNCIAS BÁSICAS

AIRÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2 ed. Rio de Janeiro: LTC, 1981.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia. 3 ed. São Paulo:
Moderna, 2006.
FRANCISCO FILHO, Geraldo. A Educação Brasileira no contexto histórico. Campinas: Ed.
Alínea, 2001.
_____. História Geral da Educação. Campinas: Ed. Alínea, 2003.
GADOTTI, Moacir. História das ideias pedagógicas. 8 ed. São Paulo: Ática, 2004.
GHIRALDELLI JÚNIOR, Paulo. História da educação brasileira. São Paulo: Cortez, 2005.
_____. História da educação. São Paulo: Cortez, 1990.
HOBSBAWN, Eric. Sobre história. São Paulo: Companhia das letras, 1998.
LARROYO, Francisco. História geral da pedagogia. São Paulo: Mestre Jou, 1982.
LUZURIAGA, Lorenzo. História da educação e da pedagogia. 12 ed. São Paulo: Nacional, 1980.
PAIXÃO, Priscilla Campiolo Manesco. Metodologia do Ensino de História. Maringá:
CESUMAR, 2012.
RIBEIRO, Maria Luisa Santos Ribeiro. História da Educação Brasileira: a organização escolar.
Campinas: Cortez, 2010.
ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil (1930/1973). 29 ed.
Petrópolis: Vozes, 2005.
SAVIANI, Demerval. História da ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados,
2010.
SAVIANI, Dermeval; LOMBARDI, José Claudinei; SANFELICE, José Luís. História e História da
Educação. Campinas: Autores associados, 2010.
VEIGA, Cynthia Greive. História da Educação. São Paulo: Ática, 2007.
ZUCCHI, Bianca. O ensino de História nos anos iniciais do Ensino Fundamental: teoria,
conceitos e uso de fonte. São Paulo: Ed. SM, 2012.

PLANO DE TRABALHO DOCENTE DO 1º TRIMESTRE – 2016


Série: 1º Ano Integrado - Carga horária semanal: 2 h/a

1. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

Somos seres históricos, pois nossas ações e pensamentos mudam no tempo, à


medida que enfrentamos os problemas não só da vida pessoal, como também da experiência
coletiva. Assim produzimos a nós mesmos e a cultura a que pertencemos.
Cada geração se apropria da herança cultural dos antepassados e estabelece
projetos de mudança.
Estamos inseridos no tempo: o presente não se esgota na ação que realiza, mas
adquire sentido pelo passado e pelo futuro desejado.
A história resulta da necessidade de reconstruirmos o passado, relatando os
acontecimentos que decorreram da ação transformadora dos indivíduos no tempo, por meio

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da seleção e da construção dos fatos considerados relevantes e que serão interpretados a


partir de métodos diversos.
Se somos seres históricos, nada escapa à dimensão do tempo, pois “O tempo é o
sentido da vida” (Paul Claudel).
Com a história da educação construímos interpretações sobre as formas pelas quais
os povos transmitem sua cultura e criam instituições escolares e as teorias que as orientam.
Os estudos sobre a história da educação delineiam o fio condutor que nos orienta para a
construção de uma escola democrática.

2. CONTEÚDOS ESTRUTURANTES E SEUS DESDOBRAMENTOS


— Concepções de História e Historiografia
— Educação Clássica
— Educação na Idade Média

FONTE: http://i0.statig.com.br/bancodeimagens/a6/w0/1x/a6w01x72kwpwz2jmj7htwikl8.jpg

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6. AVALIAÇÃO

5. RECURSOS DIDÁTICOS
3. CONTEÚDOS BÁSICOS

4. ENCAMINHAMENTOS
OU PROCEDIMENTOS

6.1 Instrumentos
METODOLÓGICOS

6.3 Critérios de
de avaliação
E ESPECÍFICOS

avaliação
6.2 Valor
1. Concepções de Os Leituras Pesquisa em 1,5 Compreende
História e Fundamentos orientadas, grupos os conceitos
Historiografia Históricos da aulas Data: fundamentais
1.1 O que é Educação, expositivo- ___/___/16 necessários à
História; a História enquanto dialogadas, leitura crítica
da História. campo de utilização 1,5 dos processos
1.2 Conceitos de conhecimento de cine- Apresenta- históricos
História e que investiga fórum, ção de Faz uso da
Historiografia no tempo e leitura trabalhos pesquisa como
no espaço os contextuali Data: instrumento
2. História da fenômenos zada de ___/___/16 investigativo
Educação sociais serve textos, da História da
2.1 Métodos de de apoio à livros, Educação.
Pesquisa e de compreensão filmes e
Investigação da educação documentá
utilizados no na rios, análise
percurso da contemporan de
História da eidade. Nesse situações
Educação. sentido, a problema,
3. Educação disciplina relato de Prova 3,0 Compreende
Clássica deverá ser experiência escrita as relações de
3.1 Grécia: Os conduzida s que Data: dominação no
períodos com possam ___/___/16 1,0 contexto
Educacionais na problematizaç contribuir histórico da
Grécia; A educação ões, para não para a Cine-Forum Educação
ateniense e o ideal ocorrer o análise e Data: Grega e
de homem reducionismo reflexão ___/___/16 Romana
excelente. dos sobre os
Educação conteúdos. conteúdos
Espartana: Os estudantes curriculares
Heroísmo cívico e mediados .
o ideal do soldado pelo docente Cenas de
– cidadão. perceberão Filmes:
3.2 Roma: A Antiga que as 300
Educação Romana; explicações do Gladiador
A Educação senso comum O nome da

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Clássica de Roma. não dão conta rosa


4. Educação na da visão de Em nome Cine-fórum 3,0 Identifica por
Idade Média totalidade dos de Deus Data: meio de
4.1 Contexto fenômenos. Missão ___/___/16 documentos
Histórico da históricos as
Educação características
Medieval: que
4.1.1 A Filosofia diferenciam as
Patrística e sua correntes
contribuição para a filosóficas e
educação. educacionais
4.1.2 A Filosofia da Idade
Escolástica Média.
princípios e
diretrizes.
4.1.3 Fundação da
Companhia de
Jesus.
4.1.4 As primeiras
universidades e
sua evolução.

7. RECUPERAÇÃO:
Em todas as atividades realizadas para avaliar a aprendizagem dos estudantes serão
oportunizadas a recuperação da aprendizagem, logo após o professor comunicar a nota para
o estudante, devendo este entrega-las somente no prazo estipulado. A recuperação é
individual e em função das temáticas não apropriadas pelo estudante. Esta atividade é
opcional para o estudante.

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

AIRÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2 ed. Rio de Janeiro: LTC, 1981.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia. 3 ed. São Paulo:
Moderna, 2006.
FRANCISCO FILHO, Geraldo. A Educação Brasileira no contexto histórico. Campinas: Ed.
Alínea, 2001.
_____. História Geral da Educação. Campinas: Ed. Alínea, 2003.
GADOTTI, Moacir. História das ideias pedagógicas. 8 ed. São Paulo: Ática, 2004.
GHIRALDELLI JÚNIOR, Paulo. História da educação brasileira. São Paulo: Cortez, 2005.
_____. História da educação. São Paulo: Cortez, 1990.
HOBSBAWN, Eric. Sobre história. São Paulo: Companhia das letras, 1998.
LARROYO, Francisco. História geral da pedagogia. São Paulo: Mestre Jou, 1982.
LUZURIAGA, Lorenzo. História da educação e da pedagogia. 12 ed. São Paulo: Nacional, 1980.

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PAIXÃO, Priscilla Campiolo Manesco. Metodologia do Ensino de História. Maringá:


CESUMAR, 2012.
RIBEIRO, Maria Luisa Santos Ribeiro. História da Educação Brasileira: a organização escolar.
Campinas: Cortez, 2010.
ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil (1930/1973). 29 ed.
Petrópolis: Vozes, 2005.
SAVIANI, Demerval. História da ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados,
2010.
SAVIANI, Dermeval; LOMBARDI, José Claudinei; SANFELICE, José Luís. História e História da
Educação. Campinas: Autores associados, 2010.
VEIGA, Cynthia Greive. História da Educação. São Paulo: Ática, 2007.
ZUCCHI, Bianca. O ensino de História nos anos iniciais do Ensino Fundamental: teoria,
conceitos e uso de fonte. São Paulo: Ed. SM, 2012.

ANOTAÇÕES:

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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

CONCEPÇÕES DE HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA

Conceito de História

História é uma ciência humana que


estuda o desenvolvimento do homem no
tempo. A História analisa os processos
históricos, personagens e fatos para poder
compreender um determinado período
histórico, cultura ou civilização. A origem
do termo significou ou esteve relacionado
com:
— A noção de passado ou “o que
aconteceu”.
— A capacidade de ver.
— O conceito de testemunha.
— O ato ou a capacidade de saber,
procurar.
— A informação e com o ato de
procurar.

Objetivos

Um dos principais objetivos da História é resgatar os aspectos culturais de um


determinado povo ou região para o entendimento do processo de desenvolvimento.
Entender o passado também é importante para a compreensão do presente.

Fontes

O estudo da História foi dividido em dois períodos: a Pré-História (antes do


surgimento da escrita) e a História (após o surgimento da escrita, por volta de 4.000 a.C).
Para analisar a Pré-História, os historiadores e arqueólogos analisam fontes materiais (ossos,
ferramentas, vasos de cerâmica, objetos de pedra e fósseis) e artísticas (arte rupestre,
esculturas, adornos).
Já o estudo da História conta com um conjunto maior de fontes para serem
analisadas pelo historiador. Estas podem ser: livros, roupas, imagens, objetos materiais,
registros orais, documentos, moedas, jornais, gravações, etc.

Historiografia1 é o registro escrito da história. Podemos dizer que é a arte de

1 FONTE: http://www.suapesquisa.com/o_que_e/historiografia.htm acesso em 01/03/2016.


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escrever e registrar os eventos do passado. O termo historiografia também é utilizado para


definir os estudos críticos feitos sobre aquilo que foi escrito sobre a História. Um exemplo: se
um historiador faz um estudo crítico sobre o trabalho feito por Heródoto (historiador que
viveu na Grécia Antiga e escreveu sobre o período), então ele está produzindo um trabalho
de historiografia.

Principais correntes da historiografia:

a) Positivismo: atualmente pouco seguida, privilegia o estudo cronológico dos fatos


históricos, sem fazer análises críticas.
b) Materialismo histórico: elaborado por Karl Marx, enfatiza o aspecto econômico da
sociedade no estudo da História.
c) Escola dos Annales: criada em 1929, pelos historiadores franceses Marc Bloch e
Lucien Febvre. Incorporou na História aspectos da Antropologia, Psicologia,
Geografia e Filosofia. É também conhecida como escola das “Mentalidades”.

Ciências auxiliares da História

A História conta com ciências que auxiliam seu estudo. Entre estas ciências
auxiliares, podemos citar: Antropologia (estuda o fator humano e suas
relações), Paleontologia(estudo dos fósseis), Heráldica (estudo de brasões e
emblemas), Numismática (estudo das moedas e medalhas), Psicologia (estudo do
comportamento humano), Arqueologia (estudo da cultura material de povos
antigos), Paleografia (estudo das escritas antigas) entre outras.

Periodização da História2

2 FONTE: http://www.suapesquisa.com/historia/conceito_historia.htm acesso em 29/02/2016.


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Para facilitar o estudo da História ela foi dividida em períodos:


Pré-História: antes do surgimento da escrita, ou seja, até 4.000 a.C.
Idade Antiga (Antiguidade): de 4.000 a.C até 476 (invasão do Império Romano)
Idade Média (História Medieval): de 476 a 1453 (conquista de Constantinopla pelos
turcos otomanos).
Idade Moderna: de 1453 a 1789 (Revolução Francesa).
Idade Contemporânea: de 1789 até os dias de hoje.

FONTE: http://www.geocities.ws/historiaeravirtual/Image14.jpg acessado em 01/03/2016.

A HISTÓRIA DA HISTÓRIA

A história resulta da necessidade de reconstituirmos o passado, relatando os


acontecimentos que decorreram da ação transformadora dos indivíduos no tempo, por meio
da seleção (e da construção) dos fatos considerados relevantes e que serão interpretados a
partir de métodos diversos. A preservação da memória, porém, não foi idêntica ao longo do
tempo, tendo variado também conforme a cultura.

1. A importância da História da Educação

Um relato supõe uma seleção de fatos a partir da sua relevância, por critérios
estabelecidos por alguém. O que pretendemos enfatizar é que, mais importante do que saber
o que o historiador estuda, é perguntar-se como ele o estuda porque, retaguarda da seleção
e relato dos fatos, encontram-se sempre pressupostos teóricos que orientam sua
interpretação. Estamos nos referindo a uma filosofia da história que se acha subjacente ao
processo.
A história, sendo uma teoria, uma elaboração intelectual, só pode ser
compreendida a partir da análise das condições pelas quais os homens se relacionam para

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produzir a existência, ou seja, a partir da divisão social do trabalho.


É importante estudar a educação sempre estabelecendo relações com o contexto
histórico geral, observando a sincronia existente entre as crises da educação e as crises do
sistema.

2. Objeto de estudo da História da Pedagogia

A educação é um fato que se verifica desde as origens da sociedade humana.


Caracteriza-se como um processo por obra do qual as gerações jovens vão adquirindo os usos
e costumes, as práticas e hábitos, as ideias e crenças, numa palavra, a forma de vida das
gerações adultas.
Há um caráter comum em todo o processo educativo: quer seja espontânea ou
reflexiva, a educação é um fenômeno mediante o qual o indivíduo se apropria em quantidade
maior ou menor da cultura (língua, ritos religiosos e funerários, costumes morais,
sentimentos patrióticos, conhecimentos) da sociedade onde se desenvolve, onde se adapta
ao estilo de vida da comunidade, onde se faz o progresso.
A teoria pedagógica descreve o fato educativo: busca suas relações com outros
fenômenos; ordena-o e o classifica; procura os fatores que o determinam, as leis a que se
acha submetido e os fins que persegue. A arte educativa, por sua vez, determina as técnicas
mais apropriadas para obter o melhor rendimento pedagógico: é uma aplicação metódica da
ciência da educação.
A política educativa é o conjunto de preceitos obrigatórios por força dos quais se
estabelece uma base jurídica, de Direito, para levar a cabo as tarefas da educação.

3. O método da História da Pedagogia

Normalmente se divide a História em grandes unidades: Antiga, Média, Moderna e


Contemporânea., colocando a salvo o chamado inflação dos conceitos históricos. A seleção
dos fatos é realizada a partir de sua importância.
As vertentes que delimitam as unidades históricas na vida da educação são:
- O fator pragmático: a eficácia e influência do fato pedagógico na sociedade.
- O fator histórico-cultural: alimento do qual se nutre o processo educativo em
cada tempo e lugar.
- O fator progressivo: o avanço didático e dialético, o acerto educativo que
supera ideias ou instituições precedentes.
A azáfama3 educativa move-se, sempre, perante fins que se hão de cumprir,
perante ideais que se devem realizar, e a ciência da educação tem o dever de indicar a rota
para atingir tais desígnios. Deste ponto de vista, a Pedagogia é o problema da realização dos
valores, a teoria que trata de fixar os recursos mais firmes e eficazes para introduzir o
educando no reino dos bens.

3 Muita pressa; urgência. Grande afã; trabalho muito ativo. Atrapalhação, agitação
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A heurística4 é a técnica que tem por tarefa dar a conhecer a fontes, as quais se
definem como tudo quanto de maneira direta ou indireta proporciona notícia de eventos
históricos.
Outras fontes: restos, utensílios, de toda classe, moedas, costumes, jogos, línguas,
documentos, memórias, anais, obras-primas, obras clássicas, legislações, competindo ao
historiador comprovar a autenticidade das fontes.

4. A educação na antiguidade

O objetivo da educação nos povos primitivos é promover o ajustamento da criança


ao seu ambiente físico e social por meio da aquisição da experiência de gerações passadas.
Entre os povos primitivos a criança adquire o conhecimento necessário por meio da
imitação:
1ª fase (primeiros anos de vida) – imitação inconsciente.
2ª fase (adolescência) – imitação consciente.
As cerimônias de iniciação possuem especial valor educativo nos seguintes
aspectos: moral, social, político e religioso.
Animismo é a crença de que tudo possui uma alma. O aprendizado dos métodos
que apaziguarão o mundo dos espíritos constitui a parte mais importante da educação. Do
animismo provêm as religiões naturais, as primeiras filosofias e as ciências rudimentares

Os primeiros professores são: inicialmente, a classe formada pelos chefes de grupos


familiares. Posteriormente, a instrução passa a ser dada pelos sacerdotes, que se constituem
nos primeiros professores profissionais.

4arte de inventar, de fazer descobertas; ciência que tem por objeto a descoberta dos fatos. hist ramo da
História voltado à pesquisa de fontes e documentos. inf método de investigação baseado na aproximação
progressiva de um dado problema.

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5. Educação difusa: a primeira forma de ensinar5

Leandro Barcelos De Lima, Lisa Fernanda Meyer Da Silva

A educação entre os povos primitivos foi fundamental para o início do


desenvolvimento educacional da humanidade, como exemplo básico desta forma de educar,
podemos citar as sociedades primitivas localizadas no centro da África, que se educavam de
uma maneira bem peculiar e heterogênea através da Educação Difusa ou, como também era
chamada, educação por imitação, processo em que os jovens e crianças repetiam os gestos
praticados pelos adultos, desenvolvendo assim, habilidades e técnicas necessárias ao seu dia
a dia.
Todos os integrantes do grupo tribal recebiam esta educação, ou seja, ela era
universal, e tal educação era transmitida e recebida inconscientemente pelos indivíduos,
porém, havia momentos em que ela era aplicada propositalmente, sobre tudo em rituais de
iniciação onde jovens davam início a sua vida adulta. Durante a transmissão dos
conhecimentos, os aprendizes, na maioria das vezes não eram castigados fisicamente, caso
cometessem erros quando na prática do que lhe fora ensinado. A prática da Educação Difusa
por grupos tribais ainda resiste em alguns países, como por exemplo, na Austrália onde tribos
primitivas de pigmeus mantêm seus hábitos, já milenares, intactos.
Muitos autores apontam a falta de autonomia dos aprendizes como um dos
principais fatores responsáveis pelo quase desaparecimento desta forma de educar, pois,
afirmam que a subjetividade humana é mola propulsora para o aperfeiçoamento e
perpetuação do conhecimento, mesmo assim, a educação por imitação, como única forma de
aprendizagem, ainda pode ser encontrada como ponto máximo de algumas culturas. Enfim,
como uma das características mais marcantes das civilizações primitivas, as educações
difusas, na contramão das
novas metodologias
pedagógicas da atualidade,
ainda se mantem enraizada
na cultura de muitos povos,
sobretudo descendentes
aborígenes, na África, Ásia e
América, conforme inúmeras
pesquisas antropológicas,
deixando claro que não é
possível conhecer o ser
humano sem antes conhecer
a fonte de sua educação.
FONTE:
http://4.bp.blogspot.com/_MNjvTyDyXgc/TOWVS0TdeNI/AAAAAAAABTw/mTcccSzkkME/s1600/6.jpg

5 FONTE: http://seer.unipampa.edu.br/index.php/siepe/article/view/766

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EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE ORIENTAL

1. ÍNDIA

Na Índia dominada pelas castas sociais, ligadas ao bramanismo e ao budismo, a


educação era desenvolvida seguindo essas castas que apresentavam a seguinte ordem de
importância:
- brâmanes: casta dos sacerdotes. Privilegiava-se a educação dos brâmanes, que
eram educados a partir dos oito anos de idade, por mestres pertencentes a esta casta, e
aprendiam textos sagrados, os Vedas, considerados como a fonte que alimentava o espírito
do hindu.
- xátrias: casta dos militares ou nobres guerreiros. Acontecia comumente no
âmbito familiar.
- vaixás: casta dos grandes agricultores e comerciantes
- sudras: casta dos operários e camponeses, não recebiam educação.
Os párias, que não pertencem a nenhuma casta e, não tendo origem divina, são
intocáveis e miseráveis.
O Budismo tem como objetivo principal libertar o homem do sofrimento, causado
pelo desejo e o apego as coisas transitórias. Libertando-se, o homem atingirá total
iluminação, ou seja, o nirvana, que significa para o budismo: a ausência absoluta de
sofrimento, é a eterna paz e a realização total da sabedoria que se consegue através da
integração do homem com a realidade universal. (COTRIM, 1986, p. 64)

2. CHINA

Era conservadora, voltada para a transmissão das experiências acumuladas pelos


ancestrais. O objetivo da educação, nessa época, era preparar indivíduos para assessorar o
Imperador nas suas funções administrativas e desenvolver nele não o poder da criação, mas o
poder da imitação.
Iniciava com a leitura do alfabeto chinês, aprendizagem da escrita. A fase superior
memorizava-se os textos clássicos e desenvolvia a habilidade de interpreta-los e exalta-los.

3. EGITO

Na astronomia destaca-se a substituição do antigo calendário lunar pelo solar e a


divisão do ano em 3654 dias e do dia em 24 horas. Desenvolveram a aritimética e a
geometria, a técnica da mumificação (anatomia). A cultura egípcia possui um forte caráter
religioso. Desenvolveram um tipo especial de escrita, o hieróglifo era composto de sinais e
quase sempre utilizada para fins religiosos. A educação formava escribas, funcionários
administrativos e legais, médicos, engenheiros e arquitetos. A instrução superior acontecia na
Casa da Vida, conhecida como depósito dos saberes.
A educação familiar, inicialmente, era da pela mãe e, após, pelo pai, além da
educação que se fazia nas oficinas artesanais, destinadas a maioria da população (observar

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para depois reproduzir o processo observado). A música e a ginástica eram apenas para a
classe guerreira.
A educação era classista, articulada à escrita e desenvolvida de acordo com a classe
social.

4. FENÍCIOS E HEBREUS

Os Fenícios se destacaram no desenvolvimento do cálculo, escrita, navegação e


conhecimentos técnicos.
O alfabeto fenício possibilitou a difusão da habilidade de escrever, até então
privilégio de uma minoria. Esse alfabeto possuía 22 consoantes (sem as vogais) e, a partir
dele, os gregos também organizaram o seu, assim como os europeus o fizeram.
A educação era coletiva, ministrada por três figuras-guias das comunidades, o
bardo, o profeta e o sábio, tido como educadores de massa.
Na família, a autoridade paterna era central, o pai educava com severidade os
filhos. A mulher tinha uma condição de subalternidade.
Os Hebreus superam a concepção politeísta, desenvolvem uma ética voltada para
os valores individuais e preocupada com a interioridade moral. Valorizam o ofício e o
reconhecimento do valor da educação manual.

ALFABETO

1 INTRODUÇÃO
Alfabeto, palavra que, derivada da língua grega e constituída por alpha e beta, suas duas
primeiras letras, designa uma série de sinais escritos, representantes de um ou mais sons
que, combinados, formam todas as palavras de um idioma.
Os alfabetos são diferentes dos silabários, pictogramas e ideogramas: em um silabário, cada
sinal representa uma sílaba. No sistema pictográfico, os objetos são representados por meio
de desenhos. Nos ideogramas, os pictogramas são combinados para representar o que não
pode ser desenhado.
Os primeiros sistemas de escrita foram a escrita cuneiforme dos babilônios e assírios, a
escrita hieroglífica dos egípcios, os símbolos da escrita chinesa e japonesa e os pictogramas
dos maias.

2 ALFABETO DO SEMÍTICO SETENTRIONAL


É o primeiro alfabeto de que se tem notícia e surgiu, entre 1700 e 1500 a.C., na região que
hoje corresponde à Síria e à Palestina. O alfabeto semítico possui apenas 22 consoantes. Os
alfabetos hebraico, árabe e fenício se basearam neste modelo. A escrita é realizada da direita
para a esquerda.

3 ALFABETOS GREGO E ROMANO


Entre os anos 1000 e 900 a.C., os gregos adotaram a variante fenícia do alfabeto semítico.
Depois do ano 500 a.C., o grego se difundiu por todo o mundo mediterrâneo e dele surgiram

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outras escritas, entre elas, a etrusca e a romana. Em conseqüência das conquistas romanas e
da difusão do latim, este alfabeto se tornou a base de todas as línguas européias ocidentais.

4 ALFABETO CIRÍLICO
Por volta do ano 860 d.C., os religiosos gregos, que viviam em Constantinopla, evangelizaram
os eslavos e idealizaram um sistema de escrita conhecido como alfabeto cirílico. Suas
variantes são as escritas russa, ucraniana, sérvia e búlgara.

5 ALFABETO ÁRABE
Também tem sua origem no semítico e, possivelmente, surgiu no século IV de nossa era. Foi
utilizado nas línguas persa e urdu. É a escrita do mundo islâmico.

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EDUCAÇÃO E SOCIEDADE NA ANTIGA GRÉCIA

FONTE: http://uliani.marques.zip.net/arch2007-06-03_2007-06-09.html

1. A educação na Grécia Antiga

1.1 Educação heroica:

A educação na Grécia Antiga, época de Homero, era aristocrática, baseava-se nos


feitos bélicos. Os nobres guerreiros tinham bastante destaque, alcançando em dignidade a
própria realeza. Eram preparados para formar conselhos, onde se debatiam a paz, a guerra e
outros assuntos referentes aos interesses do grupo. Os jovens nobres acompanhavam um
mestre, também nobre, como pagem ou familiar seu. O ideal da educação grega daquele
tempo estava em consonância com as aspirações da sociedade aristocrática. Os tempos eram
heróicos e guerreiros e a educação tinha o mesmo caráter. Era cavalheiresca ou heróica,
tinham como fundamento o conceito de honra, valor, espírito de luta, sacrifício, etc. A Aretê
significava o grau maior do ideal nobre e uma refinada conduta palaciana. Toda educação
era desenvolvida com vista a Aretê.
Além de formar heróis cavalheiros, a educação pregava o individualismo, a
competição, o ideal de ser o primeiro, ser o melhor entre os melhores. Para muitos
estudiosos do assunto, ali estavam as raízes do capitalismo. Os estudos eram divididos em
duas partes essenciais: em primeiro lugar, o educando teria que aprender a manejar armas,
praticar jogos, esportes e tudo o que pudesse aprimora-lo fisicamente; em segundo lugar,

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mas ao mesmo tempo, ensinavam-lhe músicas, danças, oratória, cortesia, boas maneiras,
astúcia etc. Não existiam escolas, como hoje, nos tempo homéricos; a educação era recebida
nos palácios ou castelos dos nobres, quando o estudante ingressava na condição de
escudeiro. Havia, também, pessoas que trabalhavam como preceptoras e acompanhavam o
educando nas guerras e viagens. A educação da mulher, nessa época, era pouco cuidada,
limitando-se aos afazeres domésticos.

1.2 A educação espartana

Esparta ficou na história, como pátria


de um povo rude, inculto e militarizado. O
objetivo da educação era formar soldados
fortes para manter submetidos os outros povos
conquistados. O ideal de estado era o coletivo,
ao qual tudo se subordinava, desenvolvendo
linhas de infantaria de combate. Era um
sistema totalitário, próximo das ditaduras
modernas, reduzindo o individualismo a ser
quase inoperante.
O ideal da Aretê dos tempos
homéricos deu lugar ao heroísmo e amor à
pátria, de maneira exacerbada. Devido à
preparação para ser soldado da pátria, os
espartanos não tiveram grandes participações
nos jogos olímpicos e a prática de danças foi
prejudicada.
Quando nascia uma criança, se não
fosse robusta seria sacrificada. O menino não
seria um soldado forte e a menina não procriaria soldados fortes. O menino robusto ficava
até os sete anos de idade com a família e depois era entregue ao Estado, onde permanecia
até os vinte anos. Durante esses 13 anos, praticava todos os tipos de exercícios, com o
objetivo de ser um bom militar. Nessa época, não havia escolas, o aprendizado era feito em
acampamentos militares e, em certos momentos, o educando praticava a guerra, matando
escravos. Segundo Plutarco, sobre as letras, os espartanos só aprendiam o indispensável.
Acampados tinham que passar por provas difíceis, açoites, fome, frio, descalços, cabelos
raspados, dormindo coletivamente em filas e, até os doze anos não usavam roupas. Eram
obrigados a roubar para se alimentar, mas quem fosse surpreendido receberia fortes castigos
físicos. A menina era educada pela mãe, mas praticava alguns exercícios físicos, lutava e
arremessava discos, manejava arco, porém com toda a preocupação de não prejudicar a
beleza feminina.

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1.3 A educação ateniense

Atenas desenvolveu-se culturalmente após a educação cavalheiresca de Homero.


Enquanto Esparta evoluiu para o militarismo, Atenas chegou a um estágio superior, político e
democrático. Os homens vivam na polis, enquanto, em Esparta, viviam em acampamentos
militares. A preocupação era com a educação cívica, espiritual e política da juventude.
Os meninos em Atenas ficavam até os sete anos de idade com a família; daí
começava a formação com ginásticas, músicas, jogos, etc. A educação musical incluía poesia;
o educando passava a freqüentar os ginásios e um mestre elementar, chamado Didaskalo,
dava toda a orientação necessária; em seguida, aprendia-se gramática e retórica, com um
mestre chamado Grammatikos e, depois, recebiam os ensinamentos do pedagogo, que
acompanhava e corrigia a conduta de cada educando.

As orientações sobre a educação ateniense se reuniam na Paidéia, onde o ideal


educativo diretamente se fixava em função da Cidade-Estado. O cultivo do corpo, moral,
poesia, canto, instrumentos musicais, estética, etc., tudo estava subordinado ao espírito
cívico e democrático. Aos 18 anos de idade, o jovem entrava para o serviço militar, a efebia,
até receber espada e escudo. O trabalho braçal era reservado para os escravos e não
cidadãos. Os estudantes aprendiam a respeitar os deuses, fazer apologia aos heróis e
antepassados.
Conforme foram acontecendo as transformações sociais e políticas, a educação

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também mudava para acompanhar o contexto; apareceram os sofistas, professores que


cobravam pelos serviços e preparavam os jovens, principalmente, para a oratória política.
Com o desenvolvimento do quinto século antes de Cristo, o ideal de sociedade
passou de agrícola aristocrática para comercial marítima. Nessa época, houve grandes
avanços, instituíram comunidades ou fundações de cultura superior como a Academia de
Platão, Liceu de Aristóteles e Escola de Isócrates.
Com as lutas entre as cidades, houve o enfraquecimento geral da Grécia, que
acabou dominada pela Macedônia. Naquele momento, a educação grega passou a ser
helenística e tentou a ser pública, municipal. Apenas a formação de efebos continuava com o
Poder Central. O pedagogo continuava em evidência, era quase sempre um escravo letrado e
portador de muito conhecimento. Os métodos de ensino se baseavam na memorização, com
dura disciplina e pesados castigos físicos. Formaram-se grandes centros educacionais nos
locais conquistados, nasceu a preocupação com as ciências, além da filosofia. Surgiram o
Trivium (gramática, retórica e filosofia) e Quadrivium (aritimética, música, geometria e
atronomia), chamados posteriormente, de Sete Artes Liberais, ganhando o mundo e
perdurando por muitos séculos.

A cultura helenística foi uma mescla da grega com a cultura oriental dos países
conquistados por Alexandre Magno.
Apesar das mudanças políticas, a pedagogia continuou na Grécia Antiga, como uma
teoria da educação; os principais representantes foram os sofistas Sócrates, Platão,
Aristóteles e Isócrates. As características principais eram a transparência e a clareza sobre os
assuntos enfocados. As ideias pedagógicas estavam inseridas nos sistemas filosóficos e estes

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nos ideais políticos.


Os sofistas, oradores excelentes, que ensinavam, principalmente, a eloqüência
política, preparavam os jovens para ávida pública, são considerados os fundadores do
subjetivismo educativo, da educação individualizada e intelectualismo.

1.4 Sócrates e seus princípios

Se os sofistas foram considerados grandes professores, Sócrates


é o grande educador da época. Nasceu em 469 e morreu em 399 aC.
Dedicou sua vida inteira aos aspectos cívicos, intelectuais, políticos e,
principalmente, à virtude do educando. Utilizava Maiêutica e Ironia como
métodos pedagógicos; fazia perguntas às pessoas e, através da ironia,
direcionava as respostas, ou seja, cada um chegava à sua própria resposta.
Platão, fazendo apologia de Sócrates, disse que este recomendava aos
amigos para ter bastante preocupação com a educação pela virtude e menos com a riqueza.
Xenofonte dissera que Sócrates era quem mais tinha cuidado com a virtude, piedoso, dava
conselhos, era justo, que sua educação se baseava na troca de ideias e acreditava que Aretê
aristocrático pudesse ser de todas as pessoas.
Havia grande preocupação com a ética, moral, virtude, verdade, conhecimento
comunicável, etc. O fim último não era o Estado e sim a virtude. O diálogo socrático era
considerado um dos primeiros aspectos do método indutivo, parte das ideias particulares
para chegar a uma conclusão geral, expressando definições; aceito, também, como início da
Dialética e, por esses motivos responsáveis pelo começo do ensino dinâmico. Para muitos
estudiosos do assunto, Sócrates foi o primeiro humanista da cultura Ocidental. Existiam
acusações sobre alguns ângulos do trabalho do grande mestre; críticas dizendo que ele não
se preocupava com o ensino religioso, nem com a cultura helenística, porém reconhecem
que desenvolveu uma pedagogia intelectualista, dialógica, dialética e indutiva, seduzindo-nos
ainda hoje.

1.5 Educação platônica

Platão nasceu em 427 e morreu em 347 aC. Era de família nobre, foi
discípulo de Sócrates, considerado fundador da pedagogia, chegou a ser
escravo, depois, liberado; fundou sua célebre Academia de Atenas,
organizando a investigação sistemática, realizando estudos superiores,
de caráter político e filosófico; entre seus alunos, deixou Aristóteles e
escreveu duas grandes obras: A República e As Leis.
Sua pedagogia idealista, mas com fundamentos na realidade.
Preocupado com os destinos de Grécia Antiga, pensou em uma educação a serviço do Estado
e um Estado a serviço da educação. Refutava a idéia do Estado sem educação e educação
sem Estado. Para ele, o Estado era o indivíduo em tamanho grande, coletivo. Acreditava que
a pessoa estava constituída em três grandes pontos:
 Os instintos, de caráter biológico e irracional;
 O valor ou desejo de combatividade; e

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 O racional ou espiritual.
Esses três pontos ou porções correspondem a três grupos sociais do Estado: dos
instintos: os produtores ou trabalhadores; dos valores: guerreiros; racional: guardiãs e
governantes. Cada deveria ter um tipo diferente de educação, os primeiros estudariam até os
10 anos de idade, os segundos até os 20 anos e os terceiros, sempre; seriam os governantes.

A educação para Platão começava antes do nascimento, com a regulamentação dos


matrimônios. Acreditava que, na primeira infância, deveriam predominar os jogos e o lúdico.
Aos 7 anos, com os exercícios físicos, músicas e, aos poucos, introduziram a literatura, até os
18 anos, quando começava a efebia, preparação para o cumprimento cívico e militar. Dentre
os melhores desse grupo, seriam escolhidos os governantes, cuja educação devesse
prolongar até aos 50 anos de idade ou por toda a vida. Pensava em educação autêntica para
homens e mulheres, mas separados. Na obra As Leis desejava que a educação dos 10 aos 13
anos devesse dar ênfase aos estudos das letras, mais 3 anos devesse dar lira. Depois, mais
dois cursos de 3 anos cada um. Primeiro, um curso de Geometria, Astronomia e Aritmética,
depois Dialética ou Filosofia. Pedia que fosse organizada inspeção; acreditava nos talentos
individuais; educação no Estado justo, diferenciado de acordo com a posição da pessoa nas
camadas sociais.
A crítica, hoje, bate bastante forte nas ideias platônicas de educação diferenciada e,
para alguns, aí nasceram os princípios do inatismo, muito refutado hoje.

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1.6 A educação aristotélica:

Aristóteles nasceu em 384 e morreu em 322 aC. Ingressou


na Academia de Platão aos 18 anos de idade, permaneceu por 20
anos e, depois da morte do mestre, encarregou-se da educação de
Alexandre Magno, da Macedônia. Retornou à Grécia e fundou o Liceu.
Como professor de Alexandre, utilizou princípios da educação heróica
de Homero, não se esquecendo das ciências, ética e política, durante
os 4 anos em que durou o aprendizado.
Sua academia, em Atenas, era um centro de educação e
investigação; durante a parte da manhã, havia grupos de estudos e
pesquisas e, na parte da tarde, o tempo era dedicado à realização de
conferências sobre temas de filosofia e política.
Acreditava que a finalidade da educação fosse o bem moral, no que consistia a
felicidade e realização humana na plenitude. Pregava a prática do bem e não apenas
conhece-lo, nesse sentido, era realista. Dizia que três coisas podiam fazer o homem bom. A
natureza, que nos é dada, mas pode ser modificada pelo hábito, que seria a segunda e, pela
razão que seria a terceira. Todas devem estar em harmonia, dando mais ênfase a razão.
Essas três coisas correspondem a três momentos da educação: a educação física, a do caráter
e a intelectual. Deve-se tratar do corpo antes de pensar na alma; depois do corpo, é preciso
pensar no instinto, se bem que em definitivo não se forme o instinto senão para servir a
inteligência, nem se forme o corpo senão para servir a alma. (Aristóteles, 1980).
Aristóteles reconhecia que a família devesse ocupar o primeiro lugar sempre que se
falasse em educação, acreditava ser função do Estado; que, quando este se descuidasse da
educação, o resultado seria sempre funesto. Pregava uma educação idêntica para todos os
cidadãos; defendia que, até os cinco anos de idade, a educação estivesse a cargo da família,
que versaria às regras de higiene e bons costumes. As lições devem começar dos cinco aos
sete anos, continuar até a puberdade e chegar até os vinte e um anos. Até a adolescência, os
exercícios não devem ser pesados, depois sim; a música influencia a moral e leva ao prazer.
Pensava que, para completar a boa educação, seria necessário desenvolver o conhecimento
das letras e desenho.
Sabemos, também, que, no Liceu, dava-se ênfase à Matemática e ciências naturais.
Foi o fundador da Lógica Formal, mas, em aula, usa o método indutivo.
Encontramos, em seu livro A Política, suas principais ideias sobre a educação.

Exercícios:
1 Compare a educação pratica em Esparta com a educação praticada em Atenas.
2 Relacione as áreas de conhecimento que a Grécia levou à Civilização Ocidental.
3 Enumere os princípios defendidos pela educação ateniense durante o chamado
Século do Ouro.
4 Compare as ideais educacionais de Sócrates, Platão e Aristóteles.
5 Em sua opinião, quais princípios educacionais procedentes da Grécia Antiga ainda
estão em uso, neste início de século?

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6 ANOTAÇÕES:
7

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EDUCAÇÃO E SOCIEDADE NA ROMA ANTIGA

FONTE: http://dic.academic.ru/dic.nsf/ruwiki/56152

Roma foi imperialista, impôs seu domínio, conquistou Alba Longa, os volscos, écuos,
veios, galos, sannitas, épiros, cartagineses, macedônios, sírios, egípcios, ibéricos, gauleses,
gregos, etc.
Hoje, a Itália tem um território de 301.245 Km² e uma população de
aproximadamente 58 milhões de pessoas.

1. A educação e a cultura em Roma

As características da cultura romana diferiam em muito, inicialmente, da cultura


grega. Os romanos eram pragmáticos, imperialistas, conquistadores, guerreiros, etc.
Considerando que a educação estava inserida no contexto cultural, social e político, podemos
expor sucintamente os princípios da educação e cultura, no início da história de Roma.
 Valorizavam, no ser humano, a ação, a vontade e o esforço sobre a reflexão.
 No campo político, a ênfase era dada na participação no poder, administração
e manutenção dos territórios conquistados.

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 Socialmente, as bases estavam assentadas na família, com finalidade maior, no


Estado.
 No desenvolvimento cultural, a preocupação era com a criação de leis e
normas, mas pouco interesse com a pesquisa e com a filosofia que pudesse
fornecer as bases epistemológicas.
 No campo educacional, a ênfase era dada na formação de hábitos, exercícios
para a guerra, atitude realista, mas sem grandes reflexões intelectuais dos
gregos. Toda a educação estava direcionada à prática.
 No campo psicológico, enfatizavam o individual, preparando a pessoa para
ocupar seu espaço no coletivo, no Estado.
 O pai tinha suprema autoridade e era responsável pela educação inicial do
futuro romano. A mãe, em muitos casos, também tinha papel expressivo.
 O sistema de educação criado em Roma era exportado para as áreas
conquistadas.
 O Estado era o parâmetro a ser atingido, tudo se subordinava a ele, os meios
eram seguidos para se atingir essa finalidade. A idéia de Roma, como cidade
eterna, se fazia presente, culturalmente, desde o início da formação
educacional.
 A cultura geral tinha importância à medida que facilitava a manutenção do
pragmatismo.
 Pensavam formar um homem honrado, portador de coragem e virtudes.

2. Evolução da educação em Roma

Pouco sabemos sobre a educação na época da Monarquia Romana, embora a


sociedade já estivesse dividida em dois principais grupos, patrícios e plebeus. Sabe-se que,
inicialmente, a educação era informal, como em outros povos antigos, mas, com o
desenvolvimento e a maior complexidade da sociedade, tornou-se formal, sistematizada,
começava na família e continuada por mestres encarregados de preparar os mais jovens para
a vida adulta, conquista e administração.
Com o advento da República Romana, em 509 aC., o pai tornou-se o todo poderoso
da família, exercendo toda autoridade. O pai, o pater famílias, exercia a pátria potestas, ou
seja, a máxima autoridade.
Até os sete anos aproximadamente, a mãe se encarregava da educação dos filhos e
em muitos casos, existiam outras mulheres, familiares ou não, para ajudar nesse intento.
Plutarco dizia que, aos sete anos, o menino passava aos cuidados do pai,
aprendendo as primeiras letras, contar, etc. Em muitos casos, um escravo ajudava nessa
tarefa de alfabetizar. Começava-se a entender, também, as leis, usar o arco, praticar
ginástica, andar a cavalo, nadar, suportar a dor, frio e calor excessivo.
Os filhos acompanhavam os afazeres dos pais, no Senado, nos tribunais,
começando por entender os parâmetros da vida civil. Fazia as vezes de escudeiros,
participando de festas, etc. As meninas ficavam aos cuidados das mães, onde aprendiam os
trabalhos domésticos e alguns conhecimentos elementares.
Aproximadamente, aos 17 anos de idade, o jovem podia receber a toga viril,

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abandonando a toga pretexta. Naquele momento, tornara-se um soldado do exército e podia


participar da vida pública. Documentos comprovam, que nessa fase, a educação poderia se
dar com o jovem acompanhando um político hábil, para ganhar experiência; era uma espécie
de estágio, que chegava a durar anos. Durante a República, a preocupação era com a
educação voltada para a ação, para a vida e com a vida; o conhecimento das traições, dos
heróis criava um tipo de consciência nacional e temor cívico. Não se dava atenção à poesia,
ao belo como os gregos, nem à pesquisa desinteressada e à formação intelectual.

3. As influências da educação grega

Com a conquista da Grécia, no segundo século antes de Cristo, os gregos tornaram-


se escravos dos romanos e grandes modificações foram provocadas na cultura e
conseqüentemente na educação. Luzuriaga fala que, com a conquista da Grécia, Roma sofreu
uma grande invasão da cultura helênica e essa complexidade foi, até certo ponto, bem aceita
devido às necessidades políticas e administrativas do Estado.
Horácio disse: que a Grécia vencida conquistou o rude vencedor e levou a
civilização ao Bárbaro Letium.
A educação anterior do tipo familial e patriarcal sofreu
muitas transformações. Os mais ricos tinham mestres gregos
imigrados ou escravos de guerra, como preceptores de seus
filhos. Nessa época, apareceram as primeiras escolas,
ainda particulares; ensinava não só o latim, mas
também o grego. O elementar passou a ser dividido
em elementar, médio e superior. O elementar ou ludi
magister recebia aluno com sete anos ou mais de idade,
ministrava um programa de leitura, escrita, cálculo e algumas canções com disciplina rígida e
muito castigo físico. Meninas e meninos tinham acesso ao conhecimento, mas estudavam
separados.
A escola média ou secundária, chamada de escola dos grammaticus, recebia
pessoas dos 12 aos 16 anos de idade. Estudavam gramática latina, grega, os clássicos de
Homero, retórica, oratória, matemática, estudos jurídicos e pouca música, ao contrário da
antiga educação grega.
No terceiro grau ou superior ou ainda escola do retor ensinava-se a antiga
educação grega.
Muitos romanos protestaram com a excessiva influência grega na educação. Catão,
o Antigo, apresentou protestos e o Senado Romano chegou a ponto de expulsar alguns
grandes mestres dedicados ao ensino em Roma. Apesar da resistência, a cultura romana
assimilou a grega e chegou a alcançar grande esplendor e maturidade. O novo espírito da
educação seria resumido na palavra humanistas, que corresponderia à paidéia grega. O
espírito da cultura romana antiga pouco sobreviveu, predominando o espírito mais liberal
inserido na cultura do Estado.

4. A educação no Império Romano

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Com a criação do Império Romano em 27 aC., a educação sempre inserida no


contexto, também mudou. Deixou de ser assunto particular e converteu-se em educação
pública. Foram fundadas escolas municipais e o Estado fazia a inspeção, sendo seu legislador
e, em última instância, diretor. Concedeu direito de cidadania aos mestres, ficando os
professores dispensados de pagar impostos; foram criadas cadeiras oficiais de retórica e uma
delas foi ocupada pelo Quintilhano, um dos maiores intelectuais e pedagogo da época. Com o
tempo também se criaram cadeiras de filosofia e bolsas para estudantes necessitados. As
escolas públicas se espalharam pelas terras conquistadas, cada vez mais preparando
funcionários à administração romana.
A organização do ensino em três níveis continuou, só que agora com um sentido
maior de imperialismo. A idéia básica era universalizar a cultura romana, incluindo língua e
direito. A escola tornou-se instrumento da romanização.
A educação romana não teve grandes teóricos, como os gregos Sócrates, Platão e
Aristóteles, mas os seus estavam embebidos dos idealismo pragmático, da idéia de exportar a
cultura romana para todo o universo dominado e conhecido. O ideal seria formar o homem
bom na palavra, com espírito conservador, valorizando o modo de vida romano, opondo-se à
corrente intelectualista helênica. Nesse tempo, os grandes vultos romanos foram grandes
oradores, como Catão, o Antigo, Marco Terêncio Varrão, Marco Túlio Cícero, Lúcio Sêneca,
Plutarco, Quintilhano, etc., muitos deles se dedicaram a Pedagogia. Quintilhano foi o maiorde
todos, escreveu 12 livros sobre pedagogia. Luzuriaga, 1978, sintetizou a pedagogia de
Quintilhano, como sendo direcionada ao estudo psicológico do aluno, acentuando o valor
humanístico e espiritual da educação, finura em matéria de ensino das letras,
reconhecimento do valor da pessoa do educador, iniciador da pesquisa psicológica e o
primeiro que se conheceu na história romana a valorizar o trabalho educativo.

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Exercícios:

1. Compare a educação romana com a grega, segundo os princípios relacionados no texto.


2. Qual era o ideal de homem na Roma Antiga? Explique-os, durante os períodos
Monárquico, Republicano e Império.
3. Analise as transformações ocorridas em Roma com o ingresso da cultura grega.
4. O que você entende por educação pragmática?
5. Por que os romanos pouco se interessavam pela filosofia?
6. Reflita em grupo sobre a importância da cultura romana para a nossa Civilização
Ocidental.

REFERENCIAL TEÓRICO

ARANHA, Maria Lúcia A. História da Educação. São Paulo: Moderna, 1989.


FRANCISCO FILHO, Geraldo. História Geral da Educação. Campinas: Ed. Alínea, 2003.
MONROE, Paul. História da Educação. São Paulo: Ed. Nacional, 1985.
PILETTI, Claudino; PILETTI, Nelson. Filosofia e História da Educação. São Paulo: Ática, 1988.

ANOTAÇÕES:

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PLANO DE TRABALHO DOCENTE DO 2º TRIMESTRE – 2016

1. Apresentação da disciplina

O Renascimento começou na Itália, no século XIV, e difundiu-se por toda a Europa,


durante os séculos XV e XVI. Foi um período da história europeia marcado por um renovado
interesse pelo passado greco-romano clássico, especialmente pela sua arte.
Para se lançar ao conhecimento do mundo e às coisas do homem, o movimento renascentista
elegia a razão como a principal forma pela qual o conhecimento seria alcançado.
O renascimento deu grande privilégio à matemática e às ciências da natureza. A exatidão
do cálculo chegou até mesmo a influenciar o projeto estético dos artistas desse período.
Desenvolvendo novas técnicas de proporção e perspectiva, a pintura e a escultura
renascentista pretendiam se aproximar ao máximo da realidade. Em consequência disso, a
riqueza de detalhes e a reprodução fiel do corpo humano formavam alguns dos elementos
correntes nas obras do Renascimento.
O Humanismo* representou tendência semelhante no campo da ciência. O
renascimento confrontou importantes conceitos elaborados pelo pensamento medieval. No
campo da astronomia, a teoria heliocêntrica, onde o Sol ocupa o centro do Universo, se
contrapunha à antiga ideia cristã que defendia que a Terra se encontrava no centro do
cosmos. Novos estudos de anatomia também ampliaram as noções do saber médico dessa
época.
Os humanistas eram homens letrados profissionais, normalmente provenientes da
burguesia ou do clero que, por meio de suas obras, exerceram grande influência sobre toda a
sociedade; rejeitavam os valores e a maneira de ser da Idade Média e foram responsáveis por
conduzir modificações nos métodos de ensino, desenvolvendo a análise e a crítica na
investigação científica.

FONTE: http://www.oresumodamoda.com/2010/07/idade-contemporanea-sec-xlx-era.html

2. CONTEÚDOS ESTRUTURANTES E SEUS DESDOBRAMENTOS

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6. AVALIAÇÃO

METODOLÓGI
PROCEDIMEN
ENCAMINHA
CONTEÚDOS

MENTOS OU
ESPECÍFICOS

DIDÁTICOS
RECURSOS
BÁSICOS E

Instrumentos
COS
TOS

de avaliação

de avaliação
6.3 Critérios
6.2 Valor
6.1
5.
3.

4.

1. Os Os conteúdos Pesquisa em 1,5 Identifica por meio


Renascimento e Fundamentos curriculares grupos de documentos
Educação Históricos da serão Data:___/___ 1,5 históricos as
Humanística Educação, trabalhados por /16 características que
1.1 Contexto enquanto meio de leituras Apresentação diferenciam as
Histórico da campo de orientadas, de trabalhos correntes filosóficas
Educação conhecimento aulas Data:___/___ e educacionais da
Renascentista: que investiga expositivo- /16 Idade Média.
Pensamento no tempo e no dialogadas, Compreende os
Pedagógico espaço os utilização de Prova escrita¹ ideais do
Renascentista; fenômenos cine-fórum, Pensamento
1.2 A Reforma sociais serve de leitura Pedagógico
Protestante e a apoio à contextualizada Renascentista .
Contrarreforma compreensão de textos, Confronta por meio
da educação na livros, filmes e de documentos e
contemporanei documentários, referências a
dade. Nesse análise de importância destes
sentido, a situações períodos históricos
disciplina problema, para a
deverá ser relato de transformação da
conduzida com experiências sociedade da época.
problematizaçõ que possam
1.3 História da es, para não contribuir para Prova escrita¹ 4,0 Estabelece leitura
Educação ocorrer o a análise e Data:___/___ crítica dos
Brasileira reducionismo reflexão sobre /16 documentos e
1.3.1 Período dos conteúdos. os conteúdos demais referências
Colonial: A Os estudantes curriculares. relacionadas ao
educação mediados pelo Período Colonial da
jesuítica e as docente Educação Brasileira.
reformas perceberão que
pombalinas. as explicações
1.3.2 A do senso
Sociedade da comum não dão
Companhia de conta da visão
Jesus e o “Ratio de totalidade
Studiorum”. dos fenômenos.
2. Educação Seminário 3,0 Reconhece os
Moderna. Data:___/___ conceitos
2.1 A educação /16 fundamentais
realista do necessários para a
Século XVI, leitura crítica dos

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Comenius e o processos históricos


Método elencados na
Moderno de História da
Ensinar. Educação Moderna.
2.2 O
Racionalismo
de Descartes e
o Empirismo de
John Locke.
2.3 O Século
XVIII: O
Iluminismo e
suas relações
com a
educação:
Rousseau e o
Naturalismo
Pedagógico.

FONTE: https://www.epochtimes.com.br/curiosidades-genial-leonardo-da-vinci-parte-1/

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7. RECUPERAÇÃO:

Em todas as atividades realizadas para avaliar a aprendizagem dos estudantes serão


oportunizadas a recuperação da aprendizagem, logo após o professor comunicar a nota para
o estudante, devendo este entrega-las somente no prazo estipulado. A recuperação é
individual e em função das temáticas não apropriadas pelo estudante. Esta atividade é
opcional para o estudante.

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

AIRÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2 ed. Rio de Janeiro: LTC, 1981.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia. 3 ed. São Paulo:
Moderna, 2006.
FRANCISCO FILHO, Geraldo. A Educação Brasileira no contexto histórico. Campinas: Ed.
Alínea, 2001.
_____. História Geral da Educação. Campinas: Ed. Alínea, 2003.
GADOTTI, Moacir. História das ideias pedagógicas. 8 ed. São Paulo: Ática, 2004.
GHIRALDELLI JÚNIOR, Paulo. História da educação brasileira. São Paulo: Cortez, 2005.
_____. História da educação. São Paulo: Cortez, 1990.
HOBSBAWN, Eric. Sobre história. São Paulo: Companhia das letras, 1998.
LARROYO, Francisco. História geral da pedagogia. São Paulo: Mestre Jou, 1982.
LUZURIAGA, Lorenzo. História da educação e da pedagogia. 12 ed. São Paulo: Nacional, 1980.
PAIXÃO, Priscilla Campiolo Manesco. Metodologia do Ensino de História. Maringá:
CESUMAR, 2012.
RIBEIRO, Maria Luisa Santos Ribeiro. História da Educação Brasileira: a organização escolar.
Campinas: Cortez, 2010.
ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil (1930/1973). 29 ed.
Petrópolis: Vozes, 2005.
SAVIANI, Demerval. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados,
2010.
SAVIANI, Dermeval; LOMBARDI, José Claudinei; SANFELICE, José Luís. História e História da
Educação. Campinas: Autores associados, 2010.
VEIGA, Cynthia Greive. História da Educação. São Paulo: Ática, 2007.
ZUCCHI, Bianca. O ensino de História nos anos iniciais do Ensino Fundamental: teoria,
conceitos e uso de fonte. São Paulo: Ed. SM, 2012.

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O HOMEM IDEAL NA IDADE MÉDIA


CURIOSIDADES
1. O homem de fé

Naquele tempo, a maioria das A cultura medieval foi uma síntese dos
pessoas casavam-se no mês de elementos greco-romanos e também germânicos,
alterados segundas novas experiências. Embora
Junho (início do verão), porque,
haja o predomínio muito forte do sentimento
como tomavam o primeiro religioso, a cultura medieval é também marcada
banho do ano em Maio, em pelo naturalismo representado pela literatura
Junho,o cheiro ainda estava fantasiosa, lendas, mitos e canções populares.
mais ou menos... (mais para O processo educativo do homem
menos.......- argh!) medieval está orientado para a imitação de Jesus
Cristo, o fundador do Cristianismo, que levará o
Entretanto, como já
homem, através de seus ensinamentos, à
começavam a exalar alguns perfeição divina. O saber é um instrumento que o
"odores", as noivas tinham o cristão deverá usar para justificar a sua fé, as
costume de carregar bouquets ciências e a filosofia para compreender as
de flores junto ao corpo, para verdades da fé.
disfarçar. Daí O longo período medieval, quase mil
anos, se caracterizou pela passagem do
temos em maio o "mês das
escravismo para o feudalismo. O medo dos
noivas" e a origem do bouquet. ataques bárbaros e das invasões mulçumanas
Os telhados das casas não acelerou o processo de ruralização, isto é, a volta
tinham forro e as madeiras que para o campo. A consequência disso é que a
os sustentavam eram sociedade passou a ser agrária, autossuficiente,
o melhor lugar para os animais artesanal e quase sem comércio, tornando-se
através da relação suserano-vassalagem, uma
se aquecerem - cães, gatos e
sociedade aristocrática.
outros animais Numa época marcada por grandes
de pequeno porte como ratos e diferenças, a religião se torna um elemento
besouros. Quando chovia, integrador, estreitando a relação entre a Igreja e o
começavam as goteiras os Estado. Como a cultura greco-romana é guardada
animais pulavam para o chão. nos mosteiros, a Igreja vai desempenhar forte
Assim, a nossa expressão "está influência sobre a moral, política e a educação. As
escolas são fundadas perto dos mosteiros e das
a chover a cântaros" tem o seu catedrais. Nessas escolas, os convertidos ao
equivalente em inglês em "it's cristianismo passam por um período inicial de
raining cats and dogs". preparação na qual recebem instrução na doutrina
cristã. Tais escolas são chamadas de
catecumenatos.

39
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Todos os padres constituídos para presidir as paróquias, seguindo o hábito que é


oportunamente observado na Itália, acolham, nas próprias casas, leitores mais jovens e
procurem, alimentando-os espiritualmente como bons pais, ensinar-lhes os salmos,
acostuma-los ás divinas leituras e instruí-los na Lei do Senhor, de modo que possam
providenciar bons sucessores para si mesmos e, assim, receber de Deus os prêmios eternos”.
(CONCÍLIO DE VAISON apud CND, s.d., p. 249)

2. Jesus, o educador:

Jesus é modelo perfeito do mestre cristão.


Clemente de Alexandria denominou-o o Pedagogo da
Humanidade, pois considerou que deu, por seu
exemplo e ensino, os princípios eternos da educação
e condutas humanas: Cristo como critério e norma de
vida.´
A condição de ser Jesus o Filho de Deus, o
Verbo encarnado, o Mediador e Redentor, conferiu-
lhe a categoria de Mestre por excelência. Vós me
chamais o Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o
sou.

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Jesus amou com ternura as


A Inglaterra é um país pequeno, e crianças. Exaltou sua dignidade, recordou,
nunca houve espaço suficiente com insistência, o respeito que mereciam e
para enterrar todos os mortos. lançou os mais terríveis anátemas6 a quantos
Então, os caixões eram abertos, os por seus atos e palavras as pervertiam. Por
ossos retirados e encaminhados ao outro lado, atraía as crianças e olhava com
ossário e, o túmulo era utilizado profunda satisfação os jovens que se
para outro infeliz (Pessoal, isto é aproximavam dele em busca de uma
Reciclagem!!). Por vezes, ao abrir orientação para a vida.
Jesus possuía todas as qualidades
os caixões, percebiam que havia
do educador consumado. Os recursos
arranhões nas tampas, do lado de
pedagógicos que empregou conduziam o
dentro, o que indicava que aquele
educando com grata e profunda alegria à
morto, na verdade, tinha sido verdade essencial que Ele se propôs a
enterrado vivo. Assim, surgiu a ensinar. Por isso, pôde sacudir e despertar a
ideia de, ao fechar os caixões, consciência adormecida de seu povo
amarrar uma tira no pulso do afogado pela carga exorbitante da Lei
defunto, tira essa que passava por mosaica e pela política imperialista da época.
um buraco no caixão e ficava Os ensinos de Jesus se adaptavam
presa a um sino. Após o enterro, sempre ao auditório. Pronunciava suas
alguém ficava de plantão ao lado palavras de modo que o ouvinte as
do túmulo durante uns dias. Se o compreendesse e nas ocasiões mais
indivíduo acordasse, o movimento oportunas. Recorria, com freqüência, à
do braço faria o sino tocar. Assim, imagem e à parábola, para tornar mais
ele seria "saved by the bell", ou plásticas suas ideias.
A Pedagogia do Mestre foi,
"salvo pelo gongo", como usamos
também, gradual. Jamais caiu em
hoje. Por isso, o "defunto" de
precipitações que pudessem malograr o bom
então era previamente colocado
êxito do aprendizado; lançava a semente e
sobre a mesa da cozinha (que esperava que germinasse e frutificasse:
linda ideia,não?!) por alguns dias Tenho, ainda, muitas coisas para vos dizer,
(DIAS?!) e a família ficava em mas vós, no momento, não estais ainda em
volta, em vigília, comendo, condições de compreende-las.
bebendo (na boa vida é o que é!) e Como todo genial educador, Jesus
esperando para ver se o morto possuía, em alto grau, a arte de interrogar,
acordava ou não. Daí surgiu a de expor, de excitar o interesse dos
vigília do caixão ou velório, que em discípulos. Seus colóquios decorriam sempre
inglês se diz Wake, de "acordar". num ambiente de incomparável simpatia.
Era digno, severo, paciente, segundo as
circunstâncias e os interlocutores.

Tornava sues ensinos claros e

6 Reprovação enérgica
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intuitivos. Forjava figuras literárias e buscava exemplos da vida quotidiana para esclarecer
seu pensamento. Aperfeiçoou a parábola em sua forma e revestiu-a de um esplendor
incomparável.
Seus ensinos possuíam um toque de autoridade. (Eu sou o caminho, a verdade, a
vida... Todo poder me foi dado), embora os exercesse de modo suave, doce. Responde com
bondade a seus contraditores de boa-fé; com energia, aos que tratam de confundi-lo. Este
caráter de seu ensino significava uma ruptura com os velhos quadros da educação judia. Com
efeito, nesta prevalecia a erudição, a citação oportuna. Jesus jamais citou uma autoridade
superior a Ele, que não fosse a do Pai ou a Escritura Sagrada.
Orientou a conduta do indivíduo mediante a prática das virtudes teologais (fé,
esperança e caridade) e as crenças sobrenaturais. Recorreu a oração (pedi e recebereis,
buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á), ao prêmio (paz, glória e bem-aventurança eternas) e
ao castigo (o inferno, onde haverá pranto e ranger de dentes).
A doutrina de Cristo teve as seguintes características:
 Uso de parábolas para facilitar a comunicação com os discípulos7.
 Valorização do amor ao próximo, da caridade, da justiça, da misericórdia.
 Não apego aos bens materiais, mas exaltação dos valores espirituais.
 Busca da grandeza interior, na prática da virtude.
 Uma doutrina para todos os homens, independentemente da classe social, da
cor, de sexo, raça, etc.
Por fim, como mestre perfeito, fortaleceu sua doutrina e autoridade com o
exemplo. Quem dentre vós me convence a pecar? A afrontosa morte de que foi vítima tem
sido a fonte da vida religiosa do Mundo Ocidental.

A EDUCAÇÃO NA ALTA IDADE MÉDIA

O Cristianismo começou a desenvolver-se durante os últimos séculos do Império


Romano, tornando-se religião oficial em 313. Com as invasões dos bárbaros e a destruição
das instituições romanas, a igreja foi-se afirmando e passou a desempenhar funções de
destaque, inclusive, cristianizando os bárbaros. Os mosteiros, que ainda nessa época,
desenvolviam uma educação cristã primitiva, tornaram-se centros únicos de educação e
cultura. Entre as ordens religiosas, os beneditinos se espalharam por quase toda a Europa,
sendo acompanhados, em menor escala, pelos cluniacenses, cistercienses 8.
Nos mosteiros, os monges começavam os estudos aos 6 ou 7 anos de idade, como
pueri oblati, chegando a estudar, nessa fase, até os 15 anos. Iniciavam com leitura, escrita,
contar, trabalhos artísticos, agrícolas etc... Muitos deles se tornavam monges copistas,
copiando textos sagrados. Com o passar dos anos, os textos clássicos foram introduzindo
como leitura básica, mas, em determinados lugares e diferentes épocas, foram proibidos pela

7 Parábolas são narrações simbólicas que eram utilizadas para exemplificar e fixar o conteúdo da
doutrina.
8 Monge da Ordem Cisterciense

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própria igreja. Em alguns mosteiros, existiam aulas externas para pessoas que não estavam
dispostas a seguir a vida religiosa.
Segundo Piletti, 1988, a igreja Cristã primitiva tinha como missão realizar uma
reforma moral do mundo, iniciando com a educação de seus próprios membros. Alguns
padres trabalhavam textos clássicos que, depois, foram considerados pagãos. Inicialmente, as
pessoas admitidas como membros efetivos da igreja eram chamadas “catecúmenos” e as
escolas que as ensinavam eram “catecumenatos”. Com as transformações, os bispos
passaram a organizar a escolas e supervisioná-las, nascendo a preocupação de preparar bem
os padres. Essas instituições passaram a se chamar “Escola das Catedrais”, porque utilizavam
espaço de uma catedral. O autor fala, ainda, dos mosteiros, onde os estudos eram
prioridades, seguindo regras rígidas.
Luzuriaga, 1978, também falava as escolas catedrais que tinham como principal
função formar clérigos e ainda trabalhavam com o Trivium ( Gramática, Retórica e lógica ) e o
quadrivium ( Aritmética, Música, Geometria e Astronomia). Existiam, ainda, as escolas
paroquiais, dirigidas pelos párocos locais e escolas nas aldeias, sob a direção de sacristãos e
outros mestres determinados pela igreja.
Nessa época, cada estamento9 recebia um tipo de educação diferenciada. O clero,
como já vimos, era propagado principalmente com ensinamentos filosóficos e teológicos,
disciplinados e enquadrados nos parâmetros das ordens
religiosas. A nobreza recebia outro tipo de educação, era
preparada para a guerra, principalmente na arma de cavalaria,
para as boas maneiras, defesa dos fracos e das mulheres,
lealdade a seu senhor, moral cívica, lançamento de dardos,
flechas, corridas, natação etc... . A educação de um nobre
começava com uma fase de escudeiro, quando recebia os
ensinamentos de um cavaleiro, acompanhando-o nos campos
de batalha. Os servos da gleba eram instruídos pelos familiares
e por iguais, dentro dos limites do feudo. Esses ensinamentos
não abarcavam ler, escrever e contar, apenas sobre a prática
agrícola levada a efeito.
Embora a igreja, desde o inicio, tivesse-se preocupado
com o conhecimento e seus membros, “encontramos” no
quinto século, padres e bispos, ainda analfabetos; eram pessoas
que procediam da nobreza e conhecimento, como já foi dito,
não era a preocupação dos nobres. No ano 400, o Concílio de
Cartago proibiu que os homens da igreja estudassem textos clássicos. Era considerado
material pagão e distorcia a formação do religioso.

9 Estado em que pode cada um subsistir ou permanecer. Cada um dos grupos da sociedade com status
jurídico próprio. Ex.: os burocratas, os militares.
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Para ter uma idéia, no ano 800, Carlos Magno,


Banho geral apenas tornou-se imperador aos 32 anos de idade e ainda era
no sábado. Sentava- analfabeto. Depois, aprendeu a ler, mas sempre teve
se dentro de uma dificuldades para escrever. Fundou, em suas terras, três
bacia com água tipos de escolas:
morna, usando a 1. Escolas Paroquiais, sob a direção do padre local,
mesma água em que se uma espécie de escola elementar, que alfabetizava e
banhara a família. difundia as primeiras letras;
Usava-se sabão 2. Escolas Episcopais, onde se ensinavam gramática e
caseiro, feito da textos sagrados, sob a supervisão dos bispos;
nogueira. Perfume 3. Escolas Cenobiais ou de Mosteiros: uma espécie de
era algo apenas na curso superior, dirigidas pelas respectivas ordens
imaginação de quem religiosas.Toda essa estrutura tinha por base os
não podia usar estudos dos cristãos e o latim. Decoravam-se frases
sabonete Eucalol, e textos sagrados, acompanhados por um mestre.
Alguns desses mestres também ensinavam ofícios
um luxo. No dia-a-dia,
artesanais e o sadismo pedagógico fazia parte do
lavava-se apenas os
contexto. Há separação entre o falar e o fazer, o
pés. Por isso a
pensar e o trabalhar, a teoria e a prática etc...,
expressão "lava os
formando as principais dicotomias da época.
pés e cama".
Retornando um pouco, em 527, no Concílio de
Os banhos eram Toledo, a igreja determinou que a formação do sacerdote
tomados numa única devesse começar, ainda na infância, que as crianças e as
tina, enorme, cheia de mulheres eram incapazes, a ociosidade, um perigo para a
água quente. O chefe alma, o ócio, pai do vício e determinou as seguintes
da família tinha o providências: Leitura da Bíblia, vida dos santos, salmos,
privilégio do primeiro orações etc...
banho na água limpa. Durante três séculos, a partir do ano 500, há
Depois, sem trocar a altos e baixos na educação cristã medieval, até que
água, vinham os Carlos Magno realizasse as mudanças já citadas. Por esse
outros homens da tempo, crianças e mulheres ainda eram vendidas em
casa, por ordem de praça pública como no Império Romano. O fato é que
idade, as mulheres, algumas cidades italianas conservaram parte da cultura
também por idade e, clássica, o que vai contribuir para o desenvolvimento
por fim, as crianças. comercial e humanístico, do século XI em diante.
Os bebês eram os Ainda no século X, o método usado para
últimos a tomar alfabetizar era do bê-á-bá, ao ar livre; as tabuinhas com
banho. Quando letras eram copiadas pelos aprendizes e existiam guardas
chegava a vez deles, a que vigiavam e aplicavam castigos corporais, quando o
água da tina já estava educando se desviasse do comportamento esperado.
tão suja que era Decoravam-se textos, nas fases seguintes, mas a
possível "perder" um disciplina continuava apertada.
bebê lá dentro da
tina.

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A sociedade era estamental, quase não havia


Aqueles que tinham dinheiro ascensão social: a literatura tinha como eixo dois
grandes temas:
possuíam pratos de estanho.
 Vida dos santos, contada em todas as
Certos tipos de alimentos etapas.
oxidavam o material, o que  Histórias de príncipes e princesas que se
fazia com que muita gente casam com pessoas não nobres.
morresse envenenada - Existiam, apenas, duas alternativas para
lembremo-nos que os hábitos conseguir a ascensão social, casar-se com um príncipe ou
princesa ou ingressar nos quadros da igreja. Porém esta
higiênicos da época não eram última não dava grande ascensão, porque as pessoas não
lá grande coisa... nobres, como membros da igreja, formavam o baixo
Isso acontecia frequentemente clero, apenas exerciam as funções subalternas, sem
com os tomates, que, sendo muita expressão.
ácidos, foram considerados,
durante muito tempo, como A EDUCAÇÃO NA BAIXA IDADE MÉDIA
venenosos. Os copos de
estanho eram usados para A nobreza continuava a ser treinada como no
beber cerveja ou uísque. Essa inicio da idade Média. Preparava-se para guerra, caça,
combinação, às vezes, torneios, viver a cavalo, com os códigos de honra e
deixava o indivíduo "no conduta. Um nobre aceitava um menino, também nobre,
que ingressava como pajem, de seis aos catorze anos de
chão" (numa espécie de idade, para aprender boas maneiras, segredos da
narcolepsia induzida pela cavalaria, bem como tratar mulheres e fracos. Aos 14
bebida alcoólica e pelo óxido anos, aquele menino tornava-se um escudeiro, cuidando
de estanho). Alguém que das armas de seu senhor, servia à mesa e acompanhava-
passasse pela rua poderia o na caça; aprendia dança e música e, em alguns casos,
pensar que ele estava morto, também aprendia a ler e escrever com o capelão do
feudo.Aos vinte e um anos, tornava-se um cavaleiro,
portanto recolhia o corpo e tomava um banho de purificação, vestia uma túnica
preparava o enterro. O corpo branca simbolizando a pureza e uma túnica vermelha
era então colocado sobre a representando o sangue que iria derramar, lutando pela
mesa da cozinha por alguns Igreja, pelos fracos, órfãos e mulheres. Terminava
dias e a família ficava em fazendo um juramento, sobretudo o que aprendeu e
tinha obrigação de fazer a partir daquele momento.
volta, em vigília, comendo, No início do feudalismo, a igreja apresentou-se
bebendo e esperando para ver como vanguarda, fundou escolas, ajudou os pobres
se o morto acordava ou não. desamparados, prestou auxilio material e espiritual, mas,
Daí surgiu a vigília do com o tempo, tornou-se poderosa e estava mais ligada à
caixão. nobreza que ao povo. As pessoas idosas deixavam os
bens em testamentos, havia o medo do inferno; além
disso, a igreja não dividia as terras como os senhores
feudais; cobrava o dízimo e outros tributos; recebia grandes doações; conservava o

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conhecimento etc. Com o tempo, tornou-se grande proprietária de terras e, em muitos casos,
eram clero e nobreza ao mesmo tempo.
Os servos somente recebiam de seus pares ou familiares à instrução, que, na
maioria das vezes, não passava de um aprendizado da profissão do pai. Depois de algum
tempo, surgiram os vilões, que, por algum motivo, eram dispensados de pagar as banalidades
ao senhor feudal, ficando livres e passando a comercializar produtos nas feiras.
A marca principal, quando se fala em educação, na Idade Média, foi a fundação das
universidades. Eram locais onde se formavam grupos de estudos, com uma cultura superior,
acompanhado às condições locais.
A primeira universidade da Europa Ocidental de que se têm notícias é a Escola de Medicina
de Salermo, na Itália, com algumas influências árabes. Depois, tivemos a Universidade de
Bolonha, considerada, por muitos estudiosos, como a primeira direcionada aos estudos do
Direito. No século XIII, surgiu a Universidade de Paris, originária da Escola Catedral de Notre
Dame e serviram de modelo às universidades européias por no mínimo dois séculos.
Surgiram no século XIV, Oxford e Salamanca, depois muitas outras.
Para Luziriaga, 1978, a forma de nascimento das universidades foi muito variada. As
de Paris, Salermo e Oxford nasceram da autoridade e atração de um mestre; as de Roma, Pisa
e Montlellier, surgiram como fundação do papa; Salamanca e Nápoles foram criadas por
editos de príncipes; outras pelo poder do papa e ajuda dos príncipes e reis. Umas eram
sociedades que agrupavam mestres, como a de Salermo; outras, corporações de estudantes,
como a de Bolonha e outras, ainda, como Salamanca, eram
corporações de mestres e estudantes.
As universidades nasceram como studium generale e, depois,
como universitas studiorum, significando o caráter geral dos estudos,
não importando a procedência do estudante. Dividiu-se em faculdades,
onde era normal haver Artes, Teologia, Medicina e Direito. Passaram a
conceder títulos de bacharel, licenciado, mestre e doutor.
Muitas universidades europeias nasceram dos grandes colégios e estes, nasceram,
de antigas hospedarias ou albergues, como Oxford e Cambridge, na Inglaterra. Algumas
surgiram dos ditames da Escolástica, mas, aos poucos, tudo foi sendo transformado a as
novas ideias e conhecimentos passarem a ser discutidos mais abertamente, embora a
Inquisição não deixasse de perseguir os intelectuais que discordassem da Igreja.
No final do século XIV e inicio do XV, foram criadas as primeiras escolas
consideradas burguesas. As corporações ou grêmios de diversas profissões criaram suas
escolas, de caráter eminentemente profissional, não abandonando a educação geral. O
estudante começava a ser educado numa profissão, como aprendiz de um mestre, ficando
aos cuidados e orientação dele até os 15 ou 16 anos de idade, para adquirir o status de
oficial, condição necessária para exercer a profissão, desde que associada a uma corporação.
As corporações faziam exames para promover o oficial a mestre e daí poder estabelecer seu
próprio negócio e aceitar aprendizes. Muitas corporações receberam benefícios dos reis e do
Papado.
No final da Idade Média, os habitantes dos burgos ou cidades firmaram-se como
uma classe social. Foram os burgueses, organizados em corporações e grêmios, fundando
escolas das referidas profissões. Algumas dessas escolas conseguiram grande reputação

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como a Taylors school, de Londres. Os professores primários da Espanha estavam filiados à


Irmandade de São Cassiano e conseguiram privilégios das autoridades, não pagando
impostos, nem sendo presos ou recrutados para o serviço militar. Existiam algumas
exigências, todos passariam por exames de capacitação e teriam que pertencer aos quadros
da Irmandade.
Corporações pobres e ricas criaram seus grêmios educacionais e o Estado Moderno,
ainda em formação, passou a ajuda-las. Era uma maneira de diminuir as influências da Igreja.
Com o crescimento das cidades, criaram-se escolas municipais, independentes das
catedrais. A maioria tinha caráter político, mas algumas se dedicavam a ensinar literatura,
geografia, história e outras disciplinas consideradas humanísticas. O ensino era promovido na
língua local e já existiram diretores e até supervisores, da própria organização. Por este
tempo, as escolas recebiam contribuição dos municípios, mas ainda aceitavam doações dos
alunos. Havia mestres ambulantes, que circulavam por muitos lugares ou até países, porque
eram contratados temporariamente e todos tinham passado por exames criteriosos. Foi o
embrião da escola pública, durante a ascensão do capitalismo comercial.

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Outra contribuição importantíssima foi à educação árabe principalmente na


Península Ibérica. Os muçulmanos estudaram e transmitiram a cultura clássica, para a
Europa, como um todo. Já no século X, O Califado 10 de Córdoba, na Espanha, havia criado
uma grande quantidade de escolas, desde as de primeiras letras até as superiores, onde se
especializavam na interpretação dos clássicos e Alcorão principalmente. Criaram, também,
muitas bibliotecas e produziram vasta literatura. Os
estudos abrangiam ciências, filosofia, matemática e outros conhecimentos, muito antes da
cristandade. Os árabes tiveram muito cuidado com a educação da mulher, o que não
acontecia com os cristãos.
Entre os sábios, figuravam pessoas como Avicena, físico e filósofo; Averróis, que
estudou os escritos de Aristóteles, com profundidade; Abentofail, que escreveu tratados de
pedagogia e chegou a ser comparado a Rousseau. Outro ponto muito importante, para a
cultura, foi à tolerância e aceitação dos muçulmanos, frente às culturas judaicas e cristã.
Hoje, ainda é possível ver em Toledo, na Espanha, como as três culturas caminharam
paralelamente, sem grandes conflitos.
Com a expulsão dos árabes da Península Ibérica, a Inquisição esmagou muitos
núcleos culturais, provocando um grande atraso.

A PEDAGOGIA MEDIEVAL

Durante a Idade Média, muitos religiosos dedicaram-se à


educação, sendo considerados bons educadores, mas pouco teóricos.
Os primeiros representavam a Patrística, filosofia e pedagogia
exercida pelos padres, seguindo os ensinamentos, principalmente de
Santo Agostinho.
Na segunda metade da Idade Média, os filósofos e educadores
pertenciam à Escolástica, seguindo, principalmente, as orientações de
Santo Tomás de Aquino. A escolástica compreende três período:
 O de formação (desde o séc. IX até fins do séc. XII).
 O do apogeu (1220 a 1347), época de fundação dos grandes
sistemas escolásticos.
 O de decadência (até últimos anos do século XV),
caracterizado pela reprodução das doutrinas da fase
precedente.
Para muitos autores, além da importância da Patrística e Escolástica para a
educação cristã, houve um primeiro período, de igual importância, chamado Apostólico,
correspondendo a atuação de Jesus de Nazaré e seus apóstolos, durante os primeiros anos
do cristianismo, chegando até o quarto século, com outros seguidores. Esses ensinamentos
foram anteriores à invasão dos bárbaros e tiveram continuidade com a Patrística. Alguns
educadores se destacaram nessa época, além do próprio Jesus e seus 12 apóstolos. Clemente
de Alexandria, divulgador dos ideais cristãos e grande pedagogo.
Vários educadores se destacaram nas etapas posteriores.

10 Território governado por califa.


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Santo Agostinho (354 – 430) foi bispo, lecionou filosofia e teologia e é um dos
fundadores da Patrística. Sua obra pertence à patristica 11. Seu pensamento reflete os
principais passos de sua trajetória intelectual, marcada pelo maniqueísmo 12, ceticismo13, o
neoplatonismo e, finalmente, o cristianismo, que predominou sobre as fases anteriores.
Defendeu as ideais de que: o mal é o afastamento de Deus. Somente o íntimo da alma,
iluminada por Deus, pode atingir a verdade das coisas; a alma deve reinar sobre o corpo; nem
todos os homens estão predestinados à salvação.
Cassiodoro (490 – 583) era monge beneditino, teve grande influência como
educador, trabalhava as Artes Liberais e escreveu sobre instituições literárias, divinas e
humanas.
Santo Isidoro (560 – 636) foi bispo de Sevilha e conhecedor da cultura da época,
escreveu textos sobre epistemologia e criou muitas escolas.
Beda (673 – 735) foi considerado um dos criadores da cultura inglesa. Escreveu a
história eclesiástica da Inglaterra.
Alcuino (735 – 804) foi ministro de Carlos Magno, organizou o grande movimento
cultural da época, criando centros de ensino. Escreveu várias obras sobre as Sete Artes
Liberais.
Rábano Mauro (776 – 856) foi discípulo de Alcuino, continuador da obra do mestre
e escreveu várias obras sobre as instituições monásticas.
Escoto Erigema (813 – 880), dotado de grande cultura, valorizou a filosofia grega e
foi grande educador.
Santo Anselmo (1033 – 1109) foi arcebispo da Cantuária e um dos fundadores da
Escolástica, trabalhou com ideias de fé e razão, sem dicotomia.
Abelardo (1074 – 1142) foi mestre na Escola Catedral de Notre Dame,
contribuiu e participou para a nascente Universidade de Paris. Usou a dialética
na educação e não subordinava a razão à fé.
Alberto Magno (1193 – 1280) estudou e divulgou as filosofias grega e
árabe. Considerava que o conhecimento pode ser conciliado com a fé.
Santo Tomás de Aquino (1225 – 1274) foi o maior pensador da
Escolástica de todos os tempos. Suas ideias perpassaram a Idade Média e,
ainda hoje, no inicio do século XXI, influencia a Igreja Católica. Procurou,
sempre, conciliar a fé e razão. Sua obra pertence a escolástica 14 e tem como
problemática fundamental a busca de harmonização entre a fé cristã e a razão.
Reviveu a filosofia de Aristóteles, utilizando-a como instrumento a serviço da religião católica.
No processo de conhecimento da realidade enfatizou a importância dos dados sensoriais.
Reafirmou os princípios de contradição, substância, causa eficiente, causa final, ato e
potência. Elaborou cinco argumentos para provar a existência de Deus.

11 Textos dos primeiros grandes padres da Igreja Católica


12 Doutrina que se funda em princípios opostos, bem e mal.
13 Estado de quem duvida de tudo, crença
14 Doutrinas teológico-filosóficas dominantes na Idade Média, dos sécs. IX ao XVII, caracterizadas

sobretudo pelo problema da relação entre a fé e a razão, problema que se resolve pela dependência do
pensamento filosófico, representado pela filosofia greco-romana, da teologia cristã. Tentativa de
conciliar o aristotelismo com o cristianismo.
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FONTE: http://pt.slideshare.net/nilohistoria/alta-idade-mdia-16813912

RESUMINDO

Durante a Idade Média, as atividades comerciais estiveram praticamente extintas.


Esse quadro só veio a se alterar a partir dos séculos XI e XII, quando voltaram a se tornar
conhecidos alguns dos pensamentos gregos que por muito tempo estiveram censurados.
Em função do empobrecimento do solo, do êxodo rural cada vez mais frequente, do
surgimento cada vez maior de cidades, do enriquecimento de comerciantes
(independentemente do poder político e do clero) chamados de burgueses, o sistema feudal
tornou-se cada vez mais decadente e essa decadência atingiria o seu ponto máximo no século
XV.
Os membros do clero, detentores do saber e até então figuras com poderes
incontestáveis começaram a receber críticas, principalmente por possuírem muitos bens
materiais (oriundos de doações à Igreja).
Tudo isso, somado ao fato de os navegadores trazerem novidades filosóficas do
Orienta, provocaram um conjunto de condições transformadoras, caracterizando uma
retomada de valores, o que chamamos de Renascimento.

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REFERENCIAL TEÓRICO:
COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva, 1999.
CURIOSIDADES DA IDADE MÉDIA E ALGUMAS EXPRESSÕES USUAIS. Disponível em
http://ourblog.blogs.sapo.pt/arquivo/064447.html em 10/04/2004
FRANCISCO FILHO, Geraldo. História Geral da Educação. Campinas: Alínea, 2003.
IESDE/CND. Módulo 2.
LARROYO, Francisco. História Geral da Pedagogia. São Paulo: Mestre Jou, 1982.
PILETTI, C.; PILETTI, N. Filosofia e História da Educação. São Paulo: Ática, 1988.

PROPOSTA PARA REFLEXÃO

1. Escreva sobre a evolução da educação cristã durante a Alta Idade Média.


2. Qual a importância de Carlos Magno para a educação da época.
3. Explique a educação recebida por cada um dos estamentos. Por que era diferente?
Quais eram os objetivos na formação de cada um?
4. Por que a educação está sempre inserida no contexto do educando? Explique.
5. Verifique até que ponto a educação servia de instrumento para discriminar os grupos
dominados.
6. Quais foram os períodos do Cristianismo, quanto à evolução educacional?
7. Relate as principais ideias pedagógicas da Patrística comparando com as ideias
pedagógicas da Escolástica.
8. Qual foi a importância de Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino para a pedagogia
cristã?
9. Como se realizava a formação de um nobre, de um padre e de um servo?
10. Analise criticamente as mudanças que provocaram a passagem da Idade Média para a
Moderna.
11. Qual a importância das universidades para a época? Houve apoio? De quem? Por qual
razão?
12. Quais as ideias pedagógicas da idade média adotada pelas escolas atuais.

ANOTAÇÕES:

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O RENASCIMENTO

1. Tendências gerais do Renascimento

Renascimento designa o movimento cultural e artístico que se desenvolveu nos


séculos XVI e XVII, que retoma os valores da antiguidade clássica.
Segundo Paul Monroe, as atividades do renascimento recorrem a três grandes
interesses quase desconhecidos durante a idade média:
a) Interesse pela vida real do passado: os Gregos e Romanos tinham um conhecimento
mais amplo da vida e de suas possibilidades, do que a humanidade da Idade Média. As
idades clássicas expressaram esse conhecimento através de uma literatura e uma arte
incorporavelmente superiores as da idade média, que no entanto as ignorava. As
literaturas e os tratados clássicos deveriam ser estudados a fim de se tornarem modelo
de comportamento social e para a busca de uma intensificação da atividade intelectual
e científica (Cambi). A leitura dos clássicos no original permite entrar em comunhão
espiritual com os grandes nomes da Antigüidade, ainda que não desapareçam
completamente as gramáticas e os compêndios de inspiração escolástico medieval.
b) Interesse pelo mundo subjetivo: das emoções, da alegria de viver, dos prazeres e
satisfações contemplativas desta vida e da apreciação do belo. O pensamento medieval
ignora completamente este mundo (Cambi) O Homem da nova civilização, uma vez
adquirida a consciência de poder ser o artífice e de sua própria história, quer viver
intensamente a vida da cidade junto com seus semelhantes, para isso , mergulha na
cidade civil, engaja-se na política, no comércio e nas artes exprimindo uma vida
harmônica e equilibrada dos aspectos multiformes dentro dos quais se desenvolve a
atividade humana. É aqui que se faz evidente a diferença com o passado. O homem
renascentista libertava-se em direção às conquistas científicas, ao humanismo e ao
individualismo moderno.
c) Interesse pelo mundo da natureza física: este não só era desconhecido dos povos
medievais, como seu estudo era considerado baixo e humilhante.

2. Consequências dos novos interesses

Estudo mais amplo e intensivo das línguas grega e latina.


Caça aos manuscritos remanescentes desta literatura.
Restauração das obras clássicas.
Criação na literatura, de um novo interesse por tudo que apelasse para imaginação
e para o coração, aos poucos nasce a confiança na razão, a força renovadora da dúvida, o
desejo de conhecer, inventar e construir o conhecimento livre da tutela da igreja. Produz-se
uma nova ruptura entre mito e razão.
O esforço artístico, sob todas as suas formas, passa a predominar como em nenhum
outro período da História.
A análise introspectiva da vida emocional provoca imensa produção literária
(poesia, drama e romance).
Desenvolvimento das ciências históricas e sociais.

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Deslocamento do centro de gravitação, até então situado nas coisas divinas, para o
próprio homem.

3. Consequências Educacionais

Uma das principais consequências educacionais do Renascimento, ao lado da


exaltação do estudo escolástica é a promoção do ideal de uma nova vida, dos clássicos, é a
busca de uma nova educação, que se oponha ao velho e pedante esquema da escolástica.
O conteúdo de uma nova educação, que consiste principalmente nas línguas e nas
literaturas clássicas dos gregos e romanos, passa a ser designado, durante este período, pelo
termo humanidades
Batista Guarino – (1459) escreve o seguinte “O conhecimento e a prática da virtude
são peculiares ao homem; eis porque os nossos antepassados chamavam humanistas aos
propósitos, às atividades específicas da humanidade”.
O interesse da nova educação no Renascimento está centrado, portanto, “nos
propósitos, nas atividades específicas da humanidade”, e a literatura dos gregos e romanos
era apenas um meio para a compreensão de tais atividades.
Por isso o aprendizado da língua e da literatura dos gregos e romanos torna-se
problema pedagógico mais importante.

4. Alguns representantes do Renascimento

A Itália que foi o berço do Renascimento, mais que qualquer outro povo, a língua, a
literatura a uniam com a época clássica.

4.1 Literatura

Dante Alighieri – (1265 – 1321). Foi o mais antigo dos precursores do


Renascimento. Sua obra mais importante, A Divina Comédia, é considerada o ponto mais alto
atingido pela poesia italiana. (Porque deu a seu país uma língua nacional).
Petrarca – (1304 – 1374) O Florentino Boccáccio (1313 – 1375) ressuscitaram o
interesse pelo estudo dos clássicos latinos e gregos. Boccaccio era escritor e poeta e seu texto
mais conhecido é O Decameron.

4.2 No campo educacional, porém o mais inovador foi Victorino da Feltre (1378 – 1446), sua
maior criação foi uma escola, à qual deu o nome de Casa Giocosa (casa alegre), para
diferenciá-la das escolas do tipo medieval, de disciplina rígida e austera. A Casa Giocosa
preocupava-se acima de tudo, com a formação integral do homem. Victorino da Feltre
costumava dizer: ”Quero ensinar os jovens a pensar, não a delirar”, afirma também, que o
ensino deveria ser gradual e de acordo com o desenvolvimento psíquico do aluno, e
transcorrer num ambiente de alegria e satisfação.
François Rabelais (1494) – O renascentista francês tornou-se conhecido por dois
textos, Gargantua e Pantagruel, onde satiriza o comportamento do clero e os dogmas
católicos. François Rabelais e Michel de Montaigne (1533-1592) se ocuparam com problemas

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da educação. Rabelais condensa seu pensamento no seguinte princípio: “Ciência sem


consciência não é senão ruína da alma”. Para Montaigne, a educação de seu tempo era
livresca, cheia de pedantismo, desligada da vida e propensa a punir as crianças com castigos
corporais.
O ideal educativo de Montaigne é o homem para o mundo. Por isso a educação
deve formar o homem completo, de corpo e alma.
Em relação ao programa de estudos, Montaigne recomenda o reconhecimento da
natureza, da língua materna, da história que é um “espelho onde é preciso olhar para
conhecer–nos bem”.
Com relação aos métodos de ensino ele reprova os educadores que consideram
seus alunos como sujeitos passivos aos quais se tenha que transmitir os conhecimentos como
“ideias já feitas”. Recomenda que se procure estimular a atividade espontânea nos meninos e
jovens (métodos ativos), mediante a observação direta da natureza e do juízo autônomo da
razão.
Luís de Camões (1528-1580), a Obra mais conhecida do poeta português é Os
Lusíadas.
Miguel de Cervantes (1547-1616) O espanhol Cervantes escreveu Dom Quixote,
uma verdadeira obra prima literária e histórica que narra de forma sensível à impossibilidade
de manter os valores medievais no mundo burguês em formação.
William Schakespeare (1564-1616) O mais importante dramaturgo inglês, seus
textos mais conhecidos são Romeu e Julieta, Hamlet, a Megera Domada, Henrique V, Otelo,
Rei Lear e Macbeth.

4.3 Artes Plásticas

Sandro Botticelli (1444-1510). Os principais temas de suas obras foram às cenas


religiosas e as cenas mitológicas. Temas a mitologia como nascimento de Vênus e Primavera.
Leonardo da Vinci (1452-1519), sua inspiração artística foi notável, assim como nas
ciências, o italiano Leonardo foi versátil também nas artes. Suas obras mais conhecidas: A
última ceia, Monalisa (ou La gioconda) e a Virgem dos Rochedos.
Michelangelo Buonarroti (1475-1564) também conhecido como Miguel Ângelo,
suas esculturas traduzem movimento e sentimento, como se o artista, ao moldar a pedra, lhe
desse alma. Suas obras mais conhecidas: escultura Pieta, Moisés e David e as mais pinturas o
teto da capela Sistina.

4.4 Os Pensadores do Renascimento

Erasmo de Roterdã (1466 ou 1467 – 1536) considerado uma dos principais


humanistas do renascimento, seu texto mais conhecido é Elogio da Loucura, no qual faz
criticas contundentes aos poderes constituídos, inclusive à Igreja católica.
Nicolau Maquiavel (1469-1527) escreveu O príncipe, que traça as diretrizes do
poder no Estado moderno.
Thomas Morus (1480-1535) esse pensador escreveu uma notável critica a
sociedade de sua época no livro utopia.

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5. O renascimento Cientifico

A principal contribuição do renascimento cientifico foi o desenvolvimento da


observação e da experimentação, as duas principais figuras do renascimento cientifico foram
Leonardo da Vinci e Nicolau Copérnico (1473-1543). Da Vinci inventou inúmeros mecanismos
e instrumentos bélicos, dedicou-se ao estudo da anatomia humana, da física, da botânica.
Copérnico contribuiu na ampliação do conhecimento da matemática, da mecânica e
da astronomia. Formulou em 1543, a teoria heliocêntrica, que afirma que a Terra gira em
torno do sol, contrariando a doutrina católica medieval que defendia a idéia de que a terra é
o centro do universo.

A EDUCAÇÃO NO INICIO DOS TEMPOS MODERNOS

1. A reforma Protestante e a contra-reforma.

Até o final da idade media (meados do século XV) todos os cristãos, isto é, aqueles
que seguiam os ensinamentos de Jesus Cristo, permaneceram unidos em torno da autoridade
do Papa, o bispo de Roma. Entre os séculos XV e XVI, a Igreja Católica viu–se abalada por uma
serie de crises internas que culminaram na Reforma protestante e na contra-reforma
católica.

2. A reforma Protestante

Entre os motivos que determinaram a Reforma, dentre outros podemos destacar: a


corrupção do clero, o desvio da igreja e seus principais objetivos, o desenvolvimento da
corrente humanista que atribuía ao homem liberdade em relação às expressões exteriores.
As autoridades da igreja davam mais importância as tradições eclesiásticas do que do próprio
evangelho.
O que teria desencadeado a reforma luterana foi à venda de indulgências em favor
do Papa Leão X e para o arcebispo da monoécia, sob pretexto de através das obras da igreja,
cada cristão conseguir a própria salvação. Alguns líderes religiosos passaram a protestar
contra o que consideravam abusos da autoridade papal e não mais obedecer ao Papa,
separando da Igreja Católica de Roma. Assim Calvino criou o calvinismo na Suíça, Lutero
fundou o luteranismo na Alemanha e Henrique VIII iniciou o movimento Anglicano na
Inglaterra.
Martinho Lutero elaborou 95 teses opondo-se a venda de indulgências.
Os principais pontos de sua doutrina são:
 a negação da autoridade do Papa, dos padres, e dos conflitos;
 denúncia do uso das indulgências;
 livre interpretação do evangelho;
 maior importância da fé em relação às obras.
Lutero escreveu a confissão de Augsburg, que tornou a base da doutrina luterana.
Em 1521, por causa das críticas que fazia, Lutero foi excomungado. Outro movimento surgiu

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na Inglaterra liderado por John Wycliffe (ou wyclif) professor da universidade de Oxford,
especialista em temas religiosos.
Os princípios fundamentais da doutrina de Wycliffe eram:
 os crentes recebem a graça diretamente de Deus, sem a necessidade de
sacerdotes que sirvam de intermediários;
 a Bíblia é a única fonte das verdades cristãs;
 a recusa da transubstância (dogma católica
segundo o qual a presença de Cristo na
eucaristia é real).
Embora predominante religiosa, a reforma
protestante teve implicações econômicas, políticas e sociais:
 a expansão marítima e comercial fortaleceu a
burguesia européia, interessada na reforma
religiosa que lhe desse mais liberdade de
ação, para os protestantes;
 com a queda do feudalismo o surgimento dos
estados centralizados, o poder real entrou em
conflito com a igreja;
 o renascimento cultural desenvolveu uma
cultura no homem, e não mais em Deus, e
favoreceram o surgimento do espírito crítico
e do individualismo, aspectos ligados às
ideias.
FONTE: https://siriusknotts.files.wordpress.com/2011/03/luther5.jpg
A reforma gerou algumas transformações culturais, entre elas o crescimento do
número de escolas protestantes para alfabetização dos cristãos, que deveriam ler e
interpretar a bíblia que foi traduzido por Lutero, para o alemão. Os católicos também viram a
necessidade de reformar a igreja.
Desse modo, a reforma protestante acelerou o movimento de reforma da própria
igreja católica, que ficou conhecida como Contra-reforma; esta procurou evitar que católicos
se convertessem ao protestantismo. O processo de reação da igreja acabou sendo liberado
pela Companhia de Jesus, uma ordem religiosa que tinha forte apelo à obediência hierárquica
e a conduta moral rígida, o que possibilitou uma reestruturação no comportamento dos
membros do clero, através de varias providências:
 o Concilio do Trento (1543-1563), que reorganizou a igreja católica e definiu
algumas mudanças:
 proibição da venda de indulgências;
 obrigatoriedade de os clérigos fazerem seus estudos nos seminários antes de
serem ordenados;
 proibição das vendas dos cargos do alto clero (bispos, arcebispos e cardeais).
Foram também, reafirmados os seguintes dogmas católicos:
 o principio da salvação pela fé e pelas novas obras;
 o celibato clerical (proibição de os padres se casarem)
 a crença na substanciação de Cristo no pão da missa (idéia de que a hóstia é o
corpo de Cristo e o vinho o seu sangue;
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 a indissolubilidade do casamento;
 a validade dos sete sacramentos (batismo, confirmação, eucaristia, penitência,
extrema-unção, ordem e sacramento).
Além disso, o Concílio de Trento reativou o tribunal do santo oficio, ou tribunal da
inquisição, instituição criada na idade média para julgar os hereges. O tribunal passou a
perseguir, condenar e executar muitos dos que questionavam os dogmas católicos.
Os métodos do tribunal eram terríveis, as torturas faziam com que a maior parte
dos suspeitos confessasse os piores crimes.
A inquisição exerceu severa censura sobre as obras publicadas, em circulação pela
Europa e na América. Para tanto foi criado o Índex, lista de livros proibidos aos fieis por
serem considerados perniciosos à fé católica. As proibições do índex atingiram os textos
escritos por Lutero e seus seguidores. Essa censura atrapalhou bastante o desenvolvimento
nos países dominados pelo catolicismo.

3. Religião e Escola

Durante a idade moderna a religião não deixou de exercer sua influência quase
exclusiva sobre a educação. Entretanto, agora os cristãos estavam divididos e o controle
educacional exercido pela igreja de Roma começou a ser contestado pelos protestantes.
Para Martinho Lutero (1483-1546), a educação deveria se libertar das amarras que
a prendiam à igreja e subordinar-se ao Estado, só assim poderia atingir todo povo, nobres e
plebeus, ricos e pobres meninos e meninas.
O currículo proposto por Lutero para as escolas protestantes continuava dando
preponderância ao grego e ao latim, acrescentou a língua hebraica, incluiu a lógica e as
matemáticas e deu grande ênfase a ciência, a música e a ginástica.
Os estados alemães foram os que deram mais atenção á educação. A partir da
metade do século XVI , previa a instalação de escolas elementares vernáculas em todas as
aldeias, com ensino de leitura, escrita, religião e música sacra.
Em todas as cidades e vilas havia escolas de latim, divididas em seis classes:
 escolas superiores de latim, mais tarde juntando com as escolas elementares
de latim, passaram a constituir o ginásio.
 freqüência dos seis anos aos doze anos, no estado de Weimar o ano letivo
durava dez meses, horário era das 9h às 12h e das 13h às 16h em todos os dias
úteis. Os pais cujos filhos não frequentassem a escola eram multados.
A igreja reagiu criando novas ordens religiosas, que dessem especial atenção ao
ensino (principal foi a companhia de Jesus). O objetivo principal da ordem era a educação de
líderes, tendo, portanto, pouco interesse pela educação elementar.
Segundo Paul Monroe a sua perfeita organização, o cuidado na preparação dos
professores e os métodos de ensino foram os principais fatores de sucesso na educação
jesuítica.
O método de ensino principal característica a revisão freqüente da matéria, na
semana e no final do ano todo o trabalho anual era revisado.
Um dos princípios básicos do ensino jesuítico era o de que é melhor aprender
pouco mais bem aprendido do que muito e superficialmente.

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Referência Bibliográfica

PILETTI, C.; PILETTI, N. Filosofia e História da Educação. São Paulo: Ática, 1988.
IESDE. História, Uma abordagem integrada
OJEDA, Eduardo Aparecido Baez, Módulo I, UDESC/CND, 1971
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda, História da Educação. São Paulo: Moderna 1989.

A EDUCAÇÃO NA ÉPOCA DO ABSOLUTISMO

O Cardeal Richilieu, primeiro ministro de Luiz XIII, considerava que a educação não
deveria ser acessível a todos. Se todas as pessoas fossem sábias, desapareceria a obediência
e o Estado seria fraco. A instrução dos pobres seria cara, acabaria com o sossego público,
enfraqueceria as forças armadas, comércio, agricultura e não seria possível conseguir
professores para todos. Nas cidades menores, a orientação era ter duas ou três classes de
alfabetização, não mais para instruir soldados e comerciantes. Havia uma seleção e só os
mais talentosos teriam vagas. Para prosseguir nos estudos, haveria nova seleção e, depois,
outras. Os que não estivessem aptos a prosseguir, seriam incorporados à força de trabalho.
Esse descaso para com a educação dos pobres também esteve presente nas
colônias americanas. No Brasil Colonial, os jesuítas apenas se empenhavam na educação dos
filhos dos colonos brancos, que prosseguiam estudos na Europa; os filhos dos pobres não
recebiam educação formal, apenas uns poucos se alfabetizavam. A educação estava
direcionada para os grupos privilegiados economicamente.
A Espanha e a Inglaterra não fizeram muito diferente, criaram universidades nas
colônias e menos escolas elementares. Para se ter uma idéia, a Espanha fundou a
Universidade do México e a de São Marcos em 1551; a de Santo Antônio de Cuzco em 1598;
Santo Tomás de Aquino, em 1580, em Bogotá; Córdoba na Argentina em 1613, etc.
Nos Estados Unidos, na época da independência, 1776, existiam 8 escolas
superiores de iniciativa religiosa e os elementares eram sustentadas pelos moradores locais.
Portugal foi mais atrasado ainda, durante todo o período colonial (1500-1808), não
se fundou nenhuma universidade e as escolas superiores só apareceram no início do século
XIX, com a chegada da família real portuguesa. A nossa primeira universidade iniciou seu
funcionamento em 1934, século XX.
Durante o século XVII, houve, na França, alguns esforços no sentido de organizar a
instrução elementar. Em 1695, um edito determinava esse tipo de organização, mas ainda
atrelado às paróquias e bispados. Tais gastos seriam compensados com um imposto. Porém
as referidas escolas, em muitos lugares, só existiam no papel. As informações hoje apontam
que algumas salas de aula funcionavam nas casas dos referidos mestres e,não raro, nos
quartos dos próprios, em condições precárias.

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Ideias e movimentos pedagógicos

1.1 Francis Bacon: O Conhecimento em Si Mesmo é Poder. Esse pequeno aforismo aparece
em Meditationes Sacrae (1597), um enigmático trabalho de Francis Bacon (1561-1626),
advogado, político, ensaísta, e co-inventor do método científico. A frase parece óbvia,
especialmente em nossa era de informação. Porém, corremos o risco de entender mal o
que Bacon está querendo dizer com "poder", que não é "vantagem pessoal ou política",
mas "controle da natureza". As teorias de Bacon deixam alguma coisa a desejar. Ele
descartou a ciência especulativa, desprezando o papel da hipótese, que ele via como
infundado e, portanto, estéril. Todo conhecimento verdadeiro, afirmava ele, deriva da
observação e do experimento, e qualquer tipo de suposição prévia só vai provavelmente
distorcer a percepção e a interpretação. Porém, sem hipóteses não existem
experimentos controlados, que são a essência do método científico moderno. Bacon
pensava que o mundo era essencialmente caótico, e que por isso era um erro abordar a
natureza com a suposição de leis uniformes. Contudo, a ciência avançou principalmente
supondo que o mundo é ordenado, que existem regras e padrões simples inscritos na
natureza.

1.2 Wolfgang Ratke (1571 – 1635), alemão idealista, aspirava a uma nova didática,
considerando as individualidades, espírito de tolerância, respeito à personalidade de
cada um, com fraternidade entre os homens. Defendia que devemos ensinar do fácil
para o difícil, do simples para o complexo, na língua materna e, depois, línguas
estrangeiras, que a escola devesse ser continuidade do lar, que não devemos impor
regras nem memorização, que se deve aprender sem coação, para se chegar aos
clássicos, etc.

1.3 René Descartes (1596 – 1650) considerava que as coisas não são importantes, mas as
ideias, o ser pensante e não o mundo que o cerca. Sua máxima era “penso, logo existo”.
A Admiração é a Primeira de Todas as Paixões: Quando o primeiro contacto com algum
objecto nos surpreende e o consideramos novo ou muito diferente do que conhecíamos
antes ou então do que supúnhamos que ele devia ser, isso faz que o admiremos e
fiquemos espantados com ele. E como tal coisa pode acontecer antes que saibamos de
alguma forma se esse objecto nos é conveniente ou não, a admiração parece-me ser a
primeira de todas as paixões. E ela não tem contrário, porque, se o objecto que se
apresenta nada tiver em si que nos surpreenda, não somos emocionados por ele e
consideramo-lo sem paixão. (René Descartes, in 'As Paixões da Alma')

1.4 João Amos Comênio: A obra mais importante de Comênio, Didactica Magna, marca o
início da sistematização da pedagogia e da didática no Ocidente. Comênio não foi o
único pensador de seu tempo a combater o pedantismo literário e o sadismo
pedagógico, mas ousou ser o principal teórico de um modelo de escola que deveria
ensinar "tudo a todos", aí incluídos os portadores de deficiência mental e as meninas, na
época alijadas da educação. "Ele defendia o acesso irrestrito à escrita, à leitura e ao

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cálculo, para que todos pudessem ler a Bíblia e comerciar", diz Gasparin. Comênio
respondia assim a duas urgências de seu tempo: o aparecimento da burguesia mercantil
nas cidades européias e o direito, reivindicado pelos protestantes, à livre interpretação
dos textos religiosos, proibidos pela Igreja Católica. A obra de Comênio corresponde
também a outras novidades, entre elas "o despertar de uma nova concepção de
criança", como diz Gasparin. "Ele a trata em seus livros com muita delicadeza, num
tempo em que a escola existia sob a égide da palmatória", continua o professor. "A
educação era vista e praticada como um castigo e não oferecia elementos para que
depois as pessoas se situassem de forma mais ampla na sociedade. Comênio reagiu a
esse quadro com uma pergunta: por que não se aprende brincando?" A maior
contribuição de Comênio para a educação dos dias de hoje é, segundo o professor
Gasparin, a idéia de "trazer a realidade social para a sala de aula, fazendo uso dos meios
tecnológicos mais avançados à disposição". De tão fascinado pela invenção da imprensa
e pela possibilidade de disseminação de conhecimento que ela representava, Comênio
criou a expressão "didacografia" para designar o método universal de ensino que ele
pretendia inaugurar. Nos dias de hoje, a tecnologia da informação seria capaz de realizar
essa revolução? Qual é sua opinião?

1.5 John Locke: Com respeito à religião, Locke toma uma atitude racionalista moderada.
Admite uma religião natural, exigível também politicamente, porquanto fundamentada
na razão. E professa a tolerância a respeito das religiões particulares, históricas,
positivas. Locke interessou-se especialmente pelos problemas pedagógicos, escrevendo
os Pensamentos sobre a Educação. Aí afirma a nossa passividade, pois nascemos todos
ignorantes e recebemos tudo da experiência; mas, ao mesmo tempo, afirma a nossa
parte ativa, enquanto o intelecto constrói a experiência, elaborando as ideias simples.
Afirma-se que todos nascemos iguais, dotados de razão; mas, ao mesmo tempo, todos
temos temperamentos diferentes, que devem ser desenvolvidos de conformidade com o
temperamento de cada um. Esta educação individual não exclui, mas implica a
educação, a formação social, para ampliar, enriquecer a própria personalidade. Tem
muita importância a obra do educador, mas é fundamental a colaboração do discípulo,
pois trata-se da formação do intelecto, da razão, que é, necessariamente, autônoma. A
formação educacional consiste, portanto, fundamentalmente, no desenvolvimento do
intelecto mediante a moral, precisamente pelo fato de que se trata de formar seres
conscientes, livres, senhores de si mesmos. Por conseguinte, a educação deve ser
formativa, desenvolvendo o intelecto, e não informativa, erudita, mnemônica.
Igualmente Locke é autor de educação física, mas como o meio para o domínio de si
mesmo.

1.6 Fraçõis Fénelon (1615 – 1715), É pedagogo ao serviço da aristocracia, moralista e


tratadista político. Na sua época tem grande reputação como pregador, mas conservam-
se apenas amostras da sua eloquência. Passa à posteridade graças a As Aventuras de
Telémaco, que sob a aparência de uma novela passada na antiga Grécia propõe com
verbo fácil e brilhante uma série de ideias políticas e morais para a educação dos
príncipes. O seu estilo, que seduz os seus contemporâneos pela suavidade, a elegância e

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a pureza do idioma, está carregado por um excesso de reminiscências clássicas. “Aquele


pensa que sabe muito, mas não sabe de nada, e a sua ignorância é tanta que nem
sequer está em condições de saber aquilo que lhe falta.” “Nenhum poder humano
consegue forçar o impenetrável reduto da liberdade de um coração. Aqueles que nunca
sofreram não sabem nada; não conhecem nem os bens nem os males; ignoram os
homens; ignoram-se a si próprios. Não basta mostrar a verdade, é preciso apresentá-la
amavelmente”

FRANCISCO FILHO, Geraldo. A educação na época do absolutismo. In: _____. História Geral
da Pedagogia. Campinas: Alínea: 2003. p.139-148.

AS FAMÍLIAS NO SÉCULO XVI.

FONTE: http://estudodainfancia.blogspot.com.br/2012/08/o-traje-das-criancas.html

ANOTAÇOES:

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A EXPANSÃO COMERCIAL E TERRITORIAL DA EUROPA OCIDENTAL

Séculos XI ao XIV a Europa sofre


grandes transformações, iniciando com o
Renascimento Comercial e as Cruzadas. A
nobreza está em franca decadência diante da
ascensão da burguesia.
O humanismo serve de alicerce para o
proselitismo15 das novas ideias.
O Renascimento fornece bases
epistemológicas para as Grandes Navegações, a
Reforma Religiosa e as mudanças educacionais.
Portugal tem uma posição geográfica
privilegiada, voltada para o Oceano Atlântico.
Povos de diferentes etnias discutem a próxima expedição.
A Vitória da Dinastia de Avis em 1385 sobre a Dinastia de Borgonha, quando D. João
I de Avis juntou força com os burgueses e começou a conquista pelas costas da África,
chegando ao Brasil em 1500.
Idade Moderna: começa no século XV tendo as bases do pensamento econômico
assentadas no Mercantilismo, que defendia: balança comercial favorável, estoque de metais,
Estado poderoso, mais exportações e menos importações, exaltação ao nacionalismo,
governo direcionado aos assuntos econômicos e colônias para atender as necessidades da
metrópole.
Educação: a hegemonia das sete artes liberais: trivium (gramática, dialética,
retórica), quadrivium (aritmética, geometria, música e astronomia). Já não atende ao novo
momento histórico. As ideias de Santo Tomás de Aquino, procurando trabalhar
conjuntamente fé e razão, não encontravam tantos seguidores.
A revolução de Gutenberg (1391-1468) difunde o novo saber com maior velocidade,
para que a burguesia pudesse ser mais bem informada, era também, à volta dos estudos
clássicos e o saber anterior que se concentrava, em grande parte, nos membros da Igreja,
agora sobre mudanças.
Alfabetização: passou a ser necessária para a nova classe em ascensão (burguesia).
Migração de sábios: por toda a Europa, devido às facilidades, de trabalhar as novas
ideias.
Brasil em 1500: estava inserido no contexto, fornecendo matérias-primas para
Portugal, começando com o pau-brasil, depois açúcar e outro.
Monopólio: Brasil passa a existir em função da política econômica, na condição de
colônia.
A religião: Havia crise no seio da Igreja, que perdia adeptos na Europa Ocidental e
necessitava de novas áreas de atuação. Apoia as Grandes Navegações e assume o trabalho
educacional e de catequese nas novas terras.
FRANCISCO FILHO, Geraldo. A educação brasileira no contexto histórico. Campinas: Alínea,
2001. p. 12-13.

15 Indivíduo que abraçou religião diferente da sua.


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ATIVIDADES:

1) Por que a história da educação está inserida no contexto geral?


2) Quais as contribuições das grandes navegações?
3) Reflita sobre a ascensão do capitalismo e as mudanças educacionais? Discuta com seus
colegas.
4) Por que Portugal foi pioneiro nas Grandes Navegações?

COMO ERA A VIDA NA ARMADA DE PEDRO ÁLVARES CABRAL?

por Diogo Antonio Rodriguez

FONTE: http://hid0141.blogspot.com.br/2013/07/como-era-vida-na-armada-de-pedro.html

FROTA DE RESPEITO 250 toneladas e capacidade para 200


Em 9 de março de 1500, 13 navios da pessoas). Além do tamanho, a principal
expedição de Pedro Álvares Cabral diferença era o formato das velas.
deixaram Lisboa, levando 1,5 mil homens.
Eram três caravelas (naves menores e ágeis,
com até 50 toneladas) e dez naus (com até
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NETUNO DOMINADO APOCALIPSE NAU


A caravela foi o trunfo que fez de Portugal A sujeira reinava. Como não havia
uma potência marítima até o século 18. Ela banheiros, as necessidades eram feitas no
era leve, mudava de direção com agilidade, mar ou nos porões. Ratos infestavam os
navegava rápido contra o vento e chegava navios e transmitiam doenças. A falta de
mais perto da costa do que navios maiores. banho também contribuía para tornar a
Outro fator importante para o domínio higiene a bordo calamitosa. Não à toa, das
naval português foi a utilização de caravelas 1,5 mil pessoas que embarcaram, apenas
armadas com canhões. 500 voltaram vivas a Portugal.

JOGO DA VIDA SAÚDE É O QUE INTERESSA


Entediados pela viagem (cerca de um mês e As condições de alimentação e higiene
meio até o Brasil), os marinheiros criavam eram precárias e nocivas. A falta de
passatempos. Os preferidos eram apostas, vitamina C causava o escorbuto, doença
como jogos de cartas e dados. Os padres, que provoca perda de dentes, dificuldades
responsáveis por manter a moral a bordo, de cicatrização, anemia e hemorragias. O
monitoravam a jogatina, celebravam missas contato com bichos a bordo causava
e cuidavam dos doentes, já que não havia diarreia e piolhos. Os males mais
médicos. frequentes eram enjoos e vômitos.

CAMA PRA QUÊ? LONGE DE TUDO


Apenas os mais graduados tinham o luxo de A viagem de Cabral foi a primeira a usar
um quarto e uma cama. Os marinheiros sistematicamente o astrolábio. Parecido
dormiam sob o castelo da popa, a estrutura com uma pequena roda, o aparelho mede a
mais alta do navio. Como não cabia muita altura do Sol ao meio-dia, a das estrelas à
gente ali, o jeito era dormir no convés, ao noite e fornece a latitude (posição no eixo
relento, em frágeis colchões de palha. Os norte-sul da Terra). Por outro lado, a
porões eram reservados para guardar água, medição da longitude (posição no eixo
mantimentos e munição. leste-oeste) nunca foi precisa.

DIETA FORÇADA SOY CAPITÁN


O cardápio era de matar. O principal item Cabral era o capitão-mor da armada, mas
era biscoito água e sal duro (600 g diários). cada navio tinha um comandante, que não
A ração ainda incluía 1,5 litro de água e 1,5 precisava ser expert em navegação. Os
litro de vinho por dia e 15 kg de carne por capitães eram pessoas próximas da corte
mês. Calcula-se que seriam necessárias 5 portuguesa e do rei, dom Manuel. A função
mil calorias por dia nessas condições, mas a era cerimonial e diplomática. Quem
alimentação nos navios só fornecia 3,5 mil. conduzia os navios eram os pilotos, que
dominavam mapas, instrumentos de
navegação e ventos.

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ORDEM NO CONVÉS
A hierarquia nos navios de Cabral
CAPITÃO: Autoridade máxima da embarcação.
PILOTO: Responsável de fato pela navegação. Sabia ler a bússola, as estrelas, os mapas
náuticos e o astrolábio.
MESTRE: Dava ordens para marinheiros e grumetes e comandava o funcionamento geral da
embarcação.
SOLDADO: Cuidava de armas e munição.
MARINHEIRO: Operário do mar. Fazia tudo no navio, de limpar a subir velas.
GRUMETE: Cumpria funções que os marinheiros não curtiam, como lavar o convés, limpar
dejetos e costurar as velas.

Curiosidades:
- Além de marinheiros e nobres, havia escrivães, registrando tudo. O mais famoso, Pero Vaz
de Caminha, relatou ao rei dom Manuel a descoberta do Brasil;
- Os barbeiros, que aparavam o cabelo e a barba dos marujos, auxiliavam os padres no
atendimento aos enfermos;
- O castigo para quem não cumpria as regras nos navios era ficar no porão, tirando a água
que entrava pelo fundo da embarcação.

FONTES: Sites Projeto Memória, Instituto Camões e VEJA na História, Centro de História
Além-Mar (Universidade Nova de Lisboa) e livro Brasil: Terra à Vista, de Eduardo Bueno.

A EDUCAÇÃO ARISTOCRÁTICA NO BRASIL


COLONIAL

EM 1500 Portugal vivia sob o as ideias


do mercantilismo, que priorizara o comércio. A
colonização do Brasil foi feita no sentido de
atender às necessidades da metrópole. O ensino
difundido pela companhia de Jesus estava fora
do contexto, estudava-se grego e latim com os
ditames da filosofia de santo Tomás de Aquino,
século XIII.
O ensino na a colônia atendia a uma
elite latifundiária, que completaria os estudos
na Europa, aos funcionários da coroa e a
formação de padres para a própria ordem.
Acaba a colégio da companhia de Jesus
tinha um reitor, subordinado ao provincial,
auxiliado por um prefeito de estudos, que
também, tinha auxiliares para tarefas menores.

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Havia a encarregados da disciplina e todos seguiam os estudos determinados pelo Ratio


Studiorum (ordem de estudos). Havia um currículo de teologia com quatro anos de estudos,
um currículo de filosofia com 3 anos de duração e o currículo humanista com cinco anos, que
na prática durava seis ou sete anos, porque não começava a um assunto antes de dominar o
anterior. Estudava se latim e grego e existiam castigos, inclusive físicos.
A metodologia dia ensino começava com uma preleção. Nas classes elementares após
a leitura era feito o resumo do texto, o professor tirava a prazo dúvidas. Mais tarde de
chegava-se à retórica, a arte da composição, a síntaxe e ao estilo; o professor aceitava o
diálogo.
O trabalho de catequese tinha como objetivo converter os indígenas em cristão e em
súditos do governo português.
Na época da colonização do Brasil a burguesia e estava em ascensão e o
renascimento colocava aqui em evidência novos valores.
Portugal foi o pioneiro dos descobrimentos, tinha posição geográfica privilegiada,
uma burguesia que apoiou e foi apoiada pelo rei desde 1385 com a Revolução Avis.
O mercantilismo defendia a balança comercial favorável, o estoque de metais, mais
exportações que importações, governo forte direcionando os assuntos econômicos e a
criação de colônias para a atender às necessidades da metrópole dentro do estatuto e do
monopólio.
De 1500 a 1530 Portugal não se interessou pela colonização destas terras, mandou
expedições de reconhecimento e para defender o litoral dos invasores. Estava preocupado
com as especiarias do oriente.
O primeiro ciclo econômico foi do pau-brasil. A madeira era extraída de forma
predatória, para fazer corante na Europa. A cessão para a exploração foi feita a favor do
burguês Fernão de o Noronha, que obteve o monopólio.
O segundo ciclo econômico da colônia e mais forte começa ainda no século XVI, foi o
açucareiro. A cana-de-açúcar havia sido testada nas ilhas do atlântico, encontrou aqui
condições favoráveis.
Os holandeses participaram, inicialmente e, com o refino e distribuição do açúcar nos
mercados europeus, depois financiando os senhores de engenho.
A colonização do Brasil teve início com a grande propriedade rural, baseada no
sistema de capitanias hereditárias e sesmarias.
O problema da mão-de-obra foi resolvido com a importação de negro os africanos, na
condição de escravos. Discutia-se na época se homem negro tinha ou não a um e não recebia
nenhum tipo de educação formal, aprendia no trabalho diário. Sofreu forte alienação
cultural.

AS PRIMEIRAS SALAS DE AULA EM NOSSA TERRA FORAM CRIADAS PELOS JESUÍTAS PARA
EVANGELIZAR OS ÍNDIOS16

Inicialmente, os curumins (filhos dos índios) e órfãos portugueses. Mais tarde, os


filhos dos proprietários das fazendas de gado e dos engenhos de cana-de-açúcar e também

16 FONTE: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/serie-especial-historia-educacao-brasil-750345.shtml

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dos escravos. Em todos os casos, apenas meninos. Esses foram os primeiros alunos da
Educação formal (e letrada) brasileira. E os padres jesuítas, os primeiros professores. De
1549, quando o padre Manuel da Nóbrega (1517-1570) chegou ao nosso território na
caravela do governador-geral Tomé de Sousa (1503-1579), até 1759, quando Sebastião José
de Carvalho e Melo (1699-1782), o marquês de Pombal, expulsou a Companhia de Jesus, a
catequização e o ensino se misturaram.

Os padres começaram a catequizar os índios logo que desembarcaram no Brasil


Franciscanos e outras ordens religiosas chegaram a realizar algumas tentativas
pontuais de ensino, como lembra Dermeval Saviani em História das Ideias Pedagógicas no
Brasil (Ed. Autores Associados), mas foram os jesuítas que lograram a constituição de uma
rede educacional. Os primeiros passos foram dados nas casas de bê-á-bá (ou confrarias de
meninos). "Logo após o desembarque, os jesuítas iniciaram a conversão dos índios ao
cristianismo ensinando os rudimentos do ler e escrever, numa concepção evangelizadora que
se materializaria, depois, nos famosos catecismos bilíngues, em tupi e português", escrevem
Amarilio Ferreira Jr. e Marisa Bittar, docentes da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar),
no artigo A Gênese das Instituições Escolares no Brasil.
O objetivo principal era catequizar - afinal, a Igreja Católica se sentia ameaçada pela
Reforma Protestante -, mas para isso todos precisavam saber ler. "As letras e a doutrina
estavam imbricadas na cultura europeia medieval vigente ainda nos séculos 16 e 17. E a
gramática portuguesa também vinha carregada de orações e pensamentos religiosos",
explica José Maria de Paiva, da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep).
Nas casas de bê-á-bá, moravam os padres e meninos órfãos trazidos de Portugal.
Esses pequenos estudantes ajudavam a despertar a atenção das crianças indígenas. As aulas
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eram bilíngues (em português e tupi, considerada a língua predominante no litoral, onde a
ocupação brasileira começou) e o ensino dos dogmas católicos era seguido de perto pela
desvalorização dos mitos indígenas. Segundo relato do padre José de Anchieta (1534-1597) a
Inácio de Loyola (1491-1556), fundador da Companhia de Jesus, os índios entregavam seus
filhos "de boa vontade" para serem ensinados e, ao retornar para o convívio com seus pais,
as crianças colaboravam para disseminar o ideário católico entre os adultos.
Não havia uma formação específica para que um padre se tornasse professor.
"Bastava saber ler e escrever, mas principalmente conhecer as Sagradas Escrituras, já que a
escola era quase um sinônimo de sacristia e estudar significava se tornar um bom cristão",
comenta Marisa. O método consistia em ouvir e repetir o que os sacerdotes ensinavam.
"Quanto mais fiel aos ensinamentos, melhor", complementa Ferreira Jr.
Outro marco da didática da época era o uso do teatro e da poesia para ensinar.
"Anchieta inspirou-se nos usos e costumes indígenas, utilizando-se das músicas, das danças e
dos cantos usados em suas festas cerimoniais em seus autos. Para atingir os objetivos de
catequizar e educar, os cânticos e as poesias eram traduzidos e adaptados", contam as
pesquisadoras Yara Kassab, Inez Garbuio Peralta e Vera Cecília Machline no artigo O
Lúdico Na Festa de São Lourenço de José de Anchieta. Nas cenas, os hábitos dos nativos eram
adaptados para uma vida considerada mais cristã e costumes como a nudez e a bigamia eram
criticados. "O jesuíta percebe que o teatro podia ser uma estratégia pedagógica promissora e
um instrumento de comunicação com os índios para transmissão da doutrina católica, dos
valores morais e culturais europeus ocidentais, bem como a propagação da Língua
Portuguesa", completam.
Saviani lembra que Anchieta17 era um "hábil conhecedor de línguas". Além do
espanhol, seu idioma nativo, ele sabia português e latim e, após sua chegada ao Brasil,
aprendeu rapidamente a chamada "língua geral" dos indígenas. Foi responsável por elaborar
uma gramática do tupi, que facilitou muito o trabalho de evangelização.
Na sociedade colonial, com caráter aristocrático e patriarcal, o senhor de engenho
tinha todos os direitos ao negro os, a mulheres, mestiços, indígenas etc, só restava obedecer
para um dia gozar a eternidade do paraíso cristão.
O desenvolvimento artístico sempre acompanhou os ciclos econômicos e foram
proibidos.
Os jesuítas lideraram as primeiras experiências de ensino no Brasil entre os séculos 16
e 18, mas foram expulsos de Portugal e da colônia em 1759. Responsável por essa
determinação, Sebastião José de Carvalho e Melo (1699-1782), o marquês de Pombal, iniciou
uma reforma da Educação com o objetivo de modernizar o reino de dom José I (1714-1777).
Para substituir os padres, ele criou as aulas régias, mas os efeitos concretos só foram sentidos
alguns anos depois.
Em 1760, foi realizado o primeiro concurso para professores públicos (ou régios), em
Recife (leia a linha do tempo na página seguinte), mas as nomeações demoraram e o início

17"(...) o principal cuidado que temos deles (os índios) está em lhes declararmos os rudimentos da fé,
sem descuidar o ensino das letras; estimam-no tanto que, se não fosse esta atração, talvez nem os
pudéssemos levar a mais nada."
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oficial das aulas só ocorreu em 1774, no Rio de Janeiro. Diante disso, quem tinha condições
recorria a professores particulares.
Depois que o ensino engrenou, a etapa inicial, chamada de "estudos menores", era
formada pelas aulas de ler, escrever, contar e humanidades (gramática latina, grego etc.). Era
a primeira vez que a Educação era responsabilidade estatal e objetivava ser laica, mas o
catolicismo ainda continuava muito presente. Para se tornar professor, não havia uma
formação específica. Por isso, eram selecionados os que tinham alguma instrução, muitas
vezes padres.
Tereza Fachada Levy Cardoso, doutora em História e docente do Centro de Educação
Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet), no Rio de Janeiro, conta que os professores
ganhavam um título de nobreza, que dava direito a alguns benefícios, como a isenção de
certos impostos. Mas a atividade era penosa e nem sempre compensadora. As aulas régias
aconteciam na casa dos educadores, previamente liberadas pelos inspetores. Eram
frequentes as solicitações por melhores salários, especialmente porque havia muita diferença
entre o que era pago dependendo do nível em que o educador atuava.

O método mútuo, inspirado no sistema fabril Inglês não deu certo no Brasil

As orientações de Pombal valeram até a morte de dom José I, em 1777. Quando dona
Maria I (1734-1816) assumiu o trono, demitiu o marquês. Apesar da mudança política, no
início não houve uma ruptura no sistema de ensino. As aulas deixaram de ser denominadas
régias e passaram a ser chamadas de públicas, mas só o nome mudou.
Dona Maria I reinou até 1792, quando seu filho dom João VI (1767-1826) assumiu o
poder. A vinda da família real para o Brasil, em 1808, impulsionou o desenvolvimento
cultural. Logo surgiram a Imprensa Régia e alguns jornais impressos, o Jardim Botânico do Rio

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de Janeiro e o Museu Real. Enquanto isso, as ideias que levariam à independência já se


alastravam pelo país e ela se tornou real em 1822.

A civilização é obra da escola e a escola é obra do professor.


Se quereis elevar a escola e a civilização, começai por elevar o
professor à altura da sua missão e lhe dar nas vantagens do
seu ofício a coragem, o gosto, a energia e a força que ele
demanda." Antônio de Almeida Oliveira

Marquês de pombal, primeiro-ministro de D. José I de Portugal, expulsou os jesuítas


de todo o território português em 1759, acusando-os de promover a subversão, trabalhar
contra o império e ter responsabilidades sobre a formação da elite portuguesa, que se
encontrava a em situação inferior dianteira das elites das outras nações européias.
O novo sistema educacional e implantado pelo marquês não substituiu a altura o
anterior. Cobraram o subsídio literário, o imposto para apagar as aulas régias, que foram
poucas e de má qualidade.

Em 1808 com a chegada da família real portuguesa ao Brasil estava quebrado o


estatuto colonial, começando uma nova fase.

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FONTE: http://metalurgicospiracicaba.com.br/n/2015/01/22/familia-real-portuguesa-foge-de-portugal-e-desembarca-no-brasil/

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Linha do tempo

1500 Os portugueses chegam aqui e encontram vários povos indígenas.


1530 As capitanias hereditárias são criadas e começa o cultivo de cana-de-açúcar.
1549 Primeiro grupo de jesuítas desembarca em solo tupiniquim.
1599 A Companhia de Jesus promulga o Ratio Studiorum.
1759 O marquês de Pombal expulsa os jesuítas do Brasil.

Fonte História da Educação (Maria Lúcia de Arruda Aranha, 256 págs., Ed. Moderna)

ANOTAÇÕES:

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PLANO DE TRABALHO DOCENTE DO 3º TRIMESTRE – 2016

1. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

Desde que o ensino e a aprendizagem passaram a ser planejados e formalizados,


eles sofreram muitas transformações. No terceiro trimestre o foco será na trajetória da
Educação brasileira. Veremos as principais características de cada período. "Devemos olhar
para a história da Educação pelo tripé de quem faz (o homem), o contexto e o produto (o que
foi feito), sempre com a perspectiva de entender o presente", ressalta Gisela Wajskop,
diretora do Instituto Singularidades.
Compreender a trajetória da Educação é uma parte essencial da formação dos
docentes. Por isso, Dermeval Saviani, professor emérito da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp), sugere que essa área do conhecimento seja o eixo da organização dos
conteúdos curriculares de Pedagogia. "De um curso assim estruturado se espera que forme
pedagogos com uma aguda consciência da realidade em que vão atuar".
Apesar da grande importância, esse conhecimento não tem recebido a devida
atenção. "Hoje temos uma memória do esquecimento e o que é velho não é considerado
relevante", analisa Maria Helena Camara Bastos, professora da Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). "Passo o semestre lembrando meus alunos que todos
acham algo moderno usar jogos, mas Platão (427-347 a.C.) já propunha isso. É fundamental
que todos conheçam a história e entendam que ela é feita por nós a cada dia. Caso contrário,
nossa identidade não se constrói."
Outro estudioso do assunto, Maurice Tardif, docente da Universidade de Montreal
(UdeM), no Canadá, lembra que, ao chegar em uma escola, entramos em uma densa cultura
educacional com mais de 2,5 mil anos de idade. As ideias e os valores que hoje permeiam o
ensino vêm de tradições ocidentais. "Por exemplo, aprender a falar é um valor educativo
sofista e socrático que apareceu na Grécia cinco séculos antes de Cristo", resume.
FONTE: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/serie-especial-historia-educacao-brasil-750345.shtml

2. CONTEÚDOS ESTRUTURANTES E SEUS DESDOBRAMENTOS:

— Educação Brasileira
— Pedagogias não-liberais
— Pedagogia brasileira contemporânea

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4. ENCAMINHAMENTOS
6. AVALIAÇÃO

METODOLÓGICOS
PROCEDIMENTOS
CONTEÚDOS

ESPECÍFICOS

6.3 Critérios de
6.1 Instrumentos
DIDÁTICOS
RECURSOS
BÁSICOS E

de avaliação

avaliação
OU

6.2 Valor
3.

5.
1 Educação Brasileira Os Fundamentos Os conteúdos Análise de 2,0 Analisa
1.1 Período Imperial: Históricos da curriculares texto consistentemen
A Educação no Educação, serão Debate/Ro te os fatores
Império, a formação enquanto campo trabalhados por da da predominantes
da elite. de conhecimento meio de leituras conversa da educação
1.2 Reformas: Couto que investiga no orientadas, Data: Brasileira no
Ferraz, Leôncio tempo e no aulas ___/___/16 Período
Carvalho e os espaço os expositivo- Imperial.
Pareceres de Rui fenômenos sociais dialogadas, Expõe com
Barbosa para a serve de apoio à utilização de clareza e
organização do compreensão da cine-fórum, objetividade os
ensino. educação na leitura períodos que
contemporaneida contextualizada caracterizam o
de. Nesse sentido, de textos, período
a disciplina deverá livros, filmes e Republicano.
1.3 Período ser conduzida documentários, Cine- 3,0 Compreende a
Republicano (1889 a com análise de Fórum: importância dos
1930): O ceticismo problematizações, situações Uma marcos
pela educação; “o para não ocorrer problema, professora Históricos da
otimismo o reducionismo relato de maluquinha Educação
pedagógico”; as lutas dos conteúdos. experiências Data: Brasileira.
políticas pedagógicas; Os estudantes que possam ___/___/16 Investiga os
a transição da mediados pelo contribuir para fatos históricos
Pedagogia Tradicional docente a análise e dos períodos
à Pedagogia Nova. perceberão que reflexão sobre fazendo uso dos
1.4 Período de 1930 a as explicações do os conteúdos instrumentos
1932: A Política senso comum não curriculares. de pesquisa.
Educacional e os dão conta da
conflitos ideológicos visão de
dos anos 30; totalidade dos
Manifesto dos fenômenos.
Pioneiros da Escola
Nova.
1.5 Estado Novo de Estudo de 2,5 Compreende a
1937 a 1945: A caso: Zuzu importância dos
Constituição de 1937 Data: marcos
e as Leis Orgânicas; A ___/___/16 Históricos da
Política Educacional Zuzu Angel Educação
dos governos eo Brasileira.
populistas. militarismo Investiga os
1.6 Período da Produção fatos históricos

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Ditadura Militar: O de História dos períodos


fracasso da política em fazendo uso dos
educacional. Leis de Quadrinhos instrumentos
Diretrizes e Bases nº . de pesquisa.
4024/61 e nº 5692/71;
Tecnicismo.
2. Pedagogias não Linha do 2,5 Compreende as
Liberais tempo Pedagogias não
2.1 Contexto histórico Data: Liberais como
e características ___/___/16 contraponto à
2.2 Pedagogia Crítico Pedagogia
Produtivista Tecnicista.
2.3 Pedagogia Estabelece
Libertadora leitura crítica
2.4 Pedagogia Crítica. das Pedagogias
não Liberais por
3. Pedagogia Brasileira meio do
Contemporânea cruzamento de
9.1 Educação informações
Brasileira a partir da entre artigos,
Constituição de 1988 textos e outros
9.2 Redemocratização recursos.
da Educação Brasileira Identifica as
9.3 A elaboração da Instituições
Lei de Diretrizes e Sociais que dão
Bases nº 9394/96 suporte à
9.4 Tendências Neo disseminação e
Liberais versus princípios que
Materialismo norteiam a
Histórico. Pedagogia
Brasileira na
contemporanei
dade.
Conhece o
processo de
redemocratizaç
ão da Educação
Brasileira.
Diferencia as
tendências neo
liberais das
tendências
críticas.

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7. RECUPERAÇÃO:

Em todas as atividades realizadas para avaliar a aprendizagem dos estudantes serão


oportunizadas a recuperação da aprendizagem, logo após o professor comunicar a nota para
o estudante, devendo este entrega-las somente no prazo estipulado. A recuperação é
individual e em função das temáticas não apropriadas pelo estudante. Esta atividade é
opcional para o estudante.

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

AIRÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2 ed. Rio de Janeiro: LTC, 1981.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia. 3 ed. São Paulo:
Moderna, 2006.
FRANCISCO FILHO, Geraldo. A Educação Brasileira no contexto histórico. Campinas: Ed.
Alínea, 2001.
_____. História Geral da Educação. Campinas: Ed. Alínea, 2003.
GADOTTI, Moacir. História das ideias pedagógicas. 8 ed. São Paulo: Ática, 2004.
GHIRALDELLI JÚNIOR, Paulo. História da educação brasileira. São Paulo: Cortez, 2005.
_____. História da educação. São Paulo: Cortez, 1990.
HOBSBAWN, Eric. Sobre história. São Paulo: Companhia das letras, 1998.
LARROYO, Francisco. História geral da pedagogia. São Paulo: Mestre Jou, 1982.
LUZURIAGA, Lorenzo. História da educação e da pedagogia. 12 ed. São Paulo: Nacional, 1980.
PAIXÃO, Priscilla Campiolo Manesco. Metodologia do Ensino de História. Maringá:
CESUMAR, 2012.
RIBEIRO, Maria Luisa Santos Ribeiro. História da Educação Brasileira: a organização escolar.
Campinas: Cortez, 2010.
ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil (1930/1973). 29 ed.
Petrópolis: Vozes, 2005.
SAVIANI, Demerval. História da ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados,
2010.
SAVIANI, Dermeval; LOMBARDI, José Claudinei; SANFELICE, José Luís. História e História da
Educação. Campinas: Autores associados, 2010.
VEIGA, Cynthia Greive. História da Educação. São Paulo: Ática, 2007.
ZUCCHI, Bianca. O ensino de História nos anos iniciais do Ensino Fundamental: teoria,
conceitos e uso de fonte. São Paulo: Ed. SM, 2012.

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A EDUCAÇÃO NO BRASIL DE 1808-1822

Em 1808 a família real portuguesa chega ao Rio de Janeiro fugindo da invasão de


Napoleão Bonaparte, em Portugal.
O mercantilismo tinha perdido espaço para o liberalismo inglês e o estatuto colonial
com a escravidão já não interessava a nova teoria.
O comércio livre entre as nações era uma das ideias de Adam Smith. A revolução
industrial tinha acontecido na Inglaterra no século XVIII, daí todos os interesses nas
mudanças.
A abertura dos portos às nações amigas em 1808 quebrou o estatuto colonial, mas se
beneficiou, principalmente a Inglaterra.
Em 1808 o Brasil passou a sediar a monarquia portuguesa, deixando de ser colônia.
Em 1800 a colônia passa a Reino Unido de Portugal e Algarve.
Com a nova situação do Brasil em 1808, as proibições comerciais e industriais são
suspensas. Com a abertura dos portos, as elites se passaram a comprar produtos ingleses,
mesmo os não adequados para os trópicos.
A corte portuguesa no Rio de Janeiro favoreceu as elites brasileiras, mas não alterou a
estrutura no atendimento ao povo. O trabalho escravo sobreviveu às teorias liberais, a vinda
da corte portuguesa, a independência, chegando próximo da república.
O século 19 foi marcado pelo neocolonialismo e já em 1808, o os ingleses e franceses
estavam lutando pela hegemonia, Portugal ficou no caminho dos dois grandes gigantes e
sofreu a invasão do seu território.
No campo educacional a preocupação continuou com o ensino superior para as elites
deixando as camadas menos privilegiadas praticamente e abandonadas. Não houve mudança
na estrutura, o ensino elementar não recebeu cuidado.
A população brasileira era mais ou menos de 4 milhões de pessoas, sendo mais de um
milhão de escravos de negros. O Rio de Janeiro tinha pouco mais de 100.000 habitantes. Logo
em 1808, Dom João assinou decreto abrindo os portos às nações amigas, determinou a
criação de escolas superiores, museus, jardim botânico, bibliotecas e etc. Era melhorias
principalmente para a atender a burocracia palaciana e seus agregados.
As melhorias foram rápidas para as elites e as ideias de independência foram
reforçadas. A independência política aconteceu dentro da visão de mundo fornecida pelas
novas teorias e, foi proclamado pelo príncipe herdeiro da própria coroa, como se fosse uma
ironia da história.

A EDUCAÇÃO DE ELITE NO PERÍODO IMPERIAL (1822 – 1889)

Século XIX surge com grandes transformações, recebeu influências do Liberalismo,


completado com os avanços do iluminismo, formando a base da democracia burguesa. É a
época do neocolonialismo, principalmente na Ásia e África.
Surge o Marxismo com o Manifesto Comunista de 1848 e depois segue com a
publicação do primeiro livro O Capital. Foi uma reação contra as péssimas condições de vida
dos trabalhadores. São formadas as internacionais socialistas a partir de 1864.

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As novas ideias chegaram da Europa e o Positivismo de Comte e Durkheim


influenciou a proclamação da República.
O café ocupa espaço como ciclo econômico importante e as ferrovias crescem
acompanhando a expansão da lavoura cafeeira.
A educação continuou de elite no Período Imperial. As aulas avulsas tomaram conta
e as escolas confessionais ajudaram a cumprir os objetivos.
Em 1837 foi fundado o Colégio D. Pedro II para servir de modelo.
Em 1834 o Ato Adicional à Constituição de 1824 centralizou o ensino superior no
governo imperial e deu às províncias o direito de legislar e promover o ensino primário e
secundário.
As escolas de primeiras letras tiveram pouca ascensão, quase foram abandonadas e
não havia interesse político.
Os projetos de lei para a educação não vingavam e sempre alegavam a falta de
verba ou outro motivo para refutar.
As meninas da elite recebiam educação sobre afazeres domésticos e as meninas das
camadas mais pobres só recebiam a educação informal da mãe para filha.
O ensino superior tem prioridade durante todo o século XIX. Logo em 1827 foram
fundados os cursos jurídicos de São Paulo e Olinda.
Foi instituído o ensino parcelado. Nas bancas das faculdades eram feitas avaliações
para ingresse no ensino superior. A preparação, anterior, ficava por cont6a do aluno, que não
precisava freqüentar o ensino seriado. Somente a elite tinha condições de pagar professores
ou um colégio religioso. Com o tempo, o Colégio D. Pedro II, modelo para os demais, aderiu
ao sistema parcelado. Estava com as salas vazias e necessitava acompanhar o bonde da
história.
Em 1854 a Lei Couto Ferraz criou a obrigatoriedade do ensino primário e reforçou a
gratuidade, mas negava o acesso aos filhos de escravos.
As Escolas Normais começaram no Período Regencial (1831-1840). Em São Paulo a
Escola Normal Caetano de Campos foi fundada em 1894. Existia um dia de aula por semana
para os homens e um dia de aula por semana para as mulheres.
Em 1881 foi criada a Escola Normal Oficial na Capital do Império para servir de
modelo às demais. O conhecimento trabalhado nada tinha com a nossa realidade.
As escolas profissionalizantes, inicialmente, foram fundadas para atender os
desvalidos, depois aparecem os liceus de arte e ofício.
Leôncio de Carvalho em 1879 promoveu a última reforma educacional do Império.
Estabeleceu normas para os ensinos primário e secundário da Corte e para o ensino superior
em todo o país; dava autonomia ao ensino e pesquisa, autorizava a abertura de escolas
particulares; aceitava o aluno filho de escravo e estabelecia a obrigatoriedade de estudos dos
7 aos 14 anos. Na prática não funcionou.
O império legou à República um ensino superior de elite, sistema parcelado, baixo
nível e nenhuma estrutura para atender os filhos dos trabalhadores.

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MESTRES QUASE NOBRES: diverso, mas semelhante

A Constituição de 1824 estabeleceu que a Educação deveria ser gratuita para todos
os cidadãos. Para cumprir essa determinação, deputados e senadores aprovaram uma lei em
15 de outubro de 1827 que marcou o Dia do Professor e indicou que fossem criadas escolas
de primeiras letras em todas as cidades e vilas. Na prática, o ensino permaneceu sem
mudanças estruturais até 1834. Nessa data, um ato adicional alterou a Constituição e deu
poder para cada província, entre outros aspectos, definir as regras educacionais em seu
território. "Elas começaram a criar escolas, mas as diretrizes educacionais eram muito
semelhantes", afirma André Paulo Castanha, professor de História da Educação da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e pesquisador do período. "Os
presidentes das províncias eram nomeados pelo imperador. Vários circularam por mais de
uma região. Então, as medidas eram adotadas em um lugar e, depois, levadas para outros."
Como parte do esforço de criar mais escolas, o Colégio Pedro II foi fundado em
1837, no Rio de Janeiro, para ser um modelo para o ensino secundário. E para quem iniciava
os estudos havia as escolas de primeiras letras. Nelas, as aulas abordavam temas como a
leitura, a escrita e as operações matemáticas e adotavam o método mútuo ou lancasteriano,
criado na Inglaterra e muito usado por aqui na primeira metade do século 19. Diana Vidal,
professora da Universidade de São Paulo (USP), lembra que ele foi inspirado no sistema
fabril. Cada docente tinha vários monitores - estudantes mais experientes que instruíam os
demais. "Uma única instituição poderia alfabetizar mil alunos ao mesmo tempo." Castanha
enfatiza que esse método foi aplicado aqui porque era o que havia de mais moderno na
Europa, mas não deu certo porque muitas famílias não viam a necessidade de colocar os
filhos na escola. "A Inglaterra tinha uma população escolar considerável, mas no Brasil as
turmas eram pequenas, e isso descaracterizava o método."

Linha do tempo
1760 É realizado o primeiro concurso para professores públicos.
1808 A vinda da família real para o Brasil incentiva a cultura no país.
1822 Dom Pedro I (1798-1834) assume o trono após a independência.
1834 As províncias passam a definir as regras educacionais.
1889 A República é decretada e surge um novo modelo de escola.

Exemplo de moral e bons costumes

Quem desejava ser professor no período imperial tinha de atender a muitas


exigências. Os conteúdos cobrados nos concursos públicos eram tantos que em alguns
momentos foi difícil encontrar quem passasse nas provas. Diante disso, o Estado foi obrigado
a aceitar docentes sem habilitação, que recebiam um salário menor.
Apesar do rigor na seleção, as primeiras escolas normais voltadas à formação dos
docentes surgiram a partir de 1835. E apenas em 1860 as leis começaram a prever vantagens
para quem passava por essas instituições. Mesmo assim, a formação em si não era o principal
requisito. "O foco estava no caráter do professor. Ele tinha de ser um exemplo dos valores

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morais e religiosos e de respeito à ordem", avalia Castanha.


Após passar pelo rigoroso processo de contratação, o educador poderia conquistar
o direito vitalício ao cargo. Mas a remuneração era baixíssima e continuava sendo fonte de
reclamação. No artigo Os Professores e Seu Papel na Sociedade Imperial, Castanha e Marisa
Bittar, professora da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), resgatam uma análise de
Antônio de Almeida Oliveira (1843-1887), que foi deputado federal e presidente da província
de Santa Catarina, sobre a importância da valorização desse profissional.
Na segunda metade do século 19, várias reformas tentaram dar um rumo mais
profícuo para a Educação. Outros métodos foram utilizados, como o simultâneo, em que o
professor se dirige a grupos de alunos reunidos pelo tema a ser estudado, e o intuitivo, que
propunha o uso dos cinco sentidos para o aprendizado. A reforma instituída na corte em
1854 estabeleceu que aos 5 anos as crianças poderiam ingressar na escola, mas isso não era
seguido. Como resultado, adolescentes de até 15 anos chegavam para as primeiras aulas e o
docente tinha de lidar com isso. "Era comum que quando a criança aprendesse a ler e
escrever os pais a tirassem da escola, porque, naquele contexto de um país ainda
excessivamente agrário e escravocrata, a Educação não era uma necessidade de fato",
completa o pesquisador.
Mesmo com tantas iniciativas e várias mudanças, o desejo de ampliar o nível de
instrução da população não foi bem-sucedido durante o Império. Maria Lúcia de Arruda
Aranha apresenta no livro História da Educação (Ed. Moderna) alguns indicadores desse
fracasso: em 1867, só cerca de 10% da população em idade escolar estava matriculada e, em
1890, no início da República, a taxa de analfabetismo chegava a 67,2%.
À época, o político e escritor Rui Barbosa (1849-1923) se debruçou sobre esses e
outros números e produziu pareceres em que concluía que "somos um povo de analfabetos,
e que a massa deles, se decresce, é numa proporção desesperadoramente lenta", como Najla
Mehanna Mormul e Maria Cristina Gomes Machado apresentam no artigo Rui Barbosa e a
Educação Brasileira - Os Pareceres de 1882. A avaliação negativa ocorreu no momento em
que o país passava por grandes transformações, como a abolição da escravatura.

A REPÚBLICA VELHA E A EDUCAÇÃO


(1889-1930)

Em 15 de novembro de 1889 foi proclamada a República. As novas lideranças


passaram a governar pela Política dos Governadores e a Política do café-com-leite. Os
fazendeiros de São Paulo e Minas Gerais estavam em evidência.
Distribuíram o poder político da seguinte maneira: São Paulo e Minas forneciam o
Presidente da República, alternadamente; Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul “tinham
direito” às presidências do Senado e Câmara dos Deputados. Tudo tinha como alicerce o
coronelismo, que nomeava autoridades e altos funcionários e em troca apoiava os candidatos
aceitos pelas bases do governo.
Terminada cada eleição existia a degola dos candidatos da oposição. O deputado
mais idoso verificava as fraudes e todos já sabiam o resultado.
O voto era de “cabresto” e os coronéis tinham “pequenos exércitos particulares
armados” para manter a segurança.

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Os partidos políticos não tinham nenhuma ideologia; as pessoas trocavam de


partido como se troca de roupa, dependendo da conveniência e compromisso. Cada Estado
tinha o seu próprio partido republicano.
Nesse período surgiram alguns movimentos de peso, o Tenentismo em 1922 e
depois a Coluna Prestes, no campo militar. No plano intelectual surge a Semana da Arte
Moderna, também, em 1922, alterando os rumos da cultura.

EM ANOS ATRIBULADOS, SURGEM OS GRUPOS ESCOLARES E GANHAM FORÇA OS IDEAIS


ESCOLANOVISTAS

Com a Proclamação da República, o Brasil adotou o federalismo e o poder, até


então centralizado no imperador, foi dividido entre o presidente
e os governos. O período foi marcado pelo desenvolvimento da
indústria, pela reestruturação da força de trabalho - não mais
escrava -, pelas greves operárias e pela Semana de Arte
Moderna. No mundo, aconteceu a Revolução Russa, a Primeira
Guerra Mundial e a queda da bolsa de Nova York. Essas
transformações tiveram ecos na Educação. A ideia do ensino
como direito público se fortaleceu e surgiram modelos que se
perpetuaram.
Benjamim Constant

No Brasil, com a Constituição de 1891, a União ficou responsável apenas pela


Educação no Distrito Federal (então, o Rio de Janeiro). "Os estados mais ricos assumem
diretamente a responsabilidade pela oferta de ensino e os mais pobres repassam-na para
seus municípios, ainda mais pobres", comenta Romualdo Portela no livro Educação e
Federalismo no Brasil: Combater as Desigualdades e Garantir a Diversidade. Diante da
fragmentação organizativa e da falta de uma orientação nacional, surgiram diversas
propostas de reforma. Elas eram calcadas em diferentes ideais que passaram a disputar
espaço. Os embates principais foram entre o positivismo e o escolanovismo, mas também
estavam presentes os ideais católicos e o anarquismo.

"Não pode ser uma escola de tempo parcial, nem uma escola
somente de letras, nem uma escola de iniciação intelectual,
mas uma escola sobretudo prática, de iniciação ao trabalho,
de formação de hábitos de pensar, hábitos de fazer, hábitos
de trabalhar e hábitos de conviver e participar em uma
sociedade democrática, cujo soberano é o próprio cidadão."
Anísio Teixeira

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Nos grupos escolares estudavam muitos alunos divididos por série e idade.

Diferentes concepções de ensino

As ideias positivistas ganharam força com a reforma de 1890, organizada por


Benjamin Constant (1833-1891). Adepto das teses do filósofo francês Auguste Comte (1798-
1857), ele foi nomeado chefe do Ministério da Instrução Pública, Correios e Telégrafos -
primeiro órgão desse nível a se ocupar da Educação. Propôs mudanças nos ensinos primário
(de 7 a 13 anos) e secundário (de 13 a 15 anos) do Distrito Federal, priorizando disciplinas
científicas como Matemática e Física, em detrimentos das humanas - que eram o foco das
escolas de primeiras letras, criadas no Império.
A resistência da elite e da Igreja católica impediram que o projeto de Constant
avançasse, mas ele abriu espaço para outras propostas. A que alcançou maior êxito foi a
reforma paulista, implementada de 1892 a 1896. Ela tinha como base a criação dos grupos
escolares. Como relata Dermeval Saviani no livro História das Ideias Pedagógicas no
Brasil (Ed. Autores Associados), esse modelo - que foi replicado na maioria dos estados -
reunia em um mesmo espaço as antigas escolas de primeiras letras. O ensino passou a ser
organizado em séries e os estudantes foram divididos por faixa etária.
Tornou-se necessário formar mais professores. A intenção do governo paulista era
abrir quatro novas Escolas Normais, mas só a da capital saiu do papel no início da República.
Paralelamente, foi criada uma solução rápida, mas de qualidade inferior: as escolas
complementares. Foi preciso, também, estruturar a administração da Educação e formular
diretrizes e normas. "Isso gerou novas relações de poder dentro das escolas e, a partir de
1894, surge o cargo de diretor escolar", registra Jorge Uilson Clark, no artigo A Primeira
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República, as Escolas Graduadas e o Ideário do Iluminismo Republicano: 1889-1930. A direção


era reservada aos homens. Já as vagas de professores da Educação primária eram
amplamente preenchidas por mulheres. Rosa Fátima de Souza, da Universidade Estadual
Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp), destaca que era um trabalho socialmente aceito e
elas concordavam em ganhar salários baixos, pouco atraentes ao público masculino.
Na base pedagógica da reforma paulista estavam princípios como a simplicidade, a
progressividade, a memorização e a autoridade, fundamentada no poder do professor e em
prêmios e castigos aos estudantes. Rosa complementa que os docentes eram bastante
pressionados pelo estado. "Notamos uma preocupação nos relatos de professores da época
em cumprir o programa. O aluno que repetia trazia um gasto extra que preocupava a escola",
ela diz. A Educação, então, tinha um viés excludente, já que quem era reprovado (cerca de
50%) acabava deixavando de estudar.
"A exclusão também se dava em função da localização geográfica e do número de
unidades escolares", explica Vera Lúcia Gaspar da Silva, da Universidade do Estado de Santa
Catarina (Udesc). Embora grande parte da população estivesse no campo, os grupos eram
construídos nas cidades. Nas áreas rurais, havia apenas escolas isoladas, com uma sala e
alunos de diferentes idades.

Linha do tempo
1891 É proclamada a Constituição e a Educação fica a cargo de estados e municípios.
1892 A reforma paulista propõe os grupos escolares, com a divisão dos alunos em séries.
1914 Começa a Primeira Guerra Mundial, que segue até 1918.
1920 Ocorre a Reforma Sampaio Dória, em São Paulo, seguida por outras sete.
1930 A revolução e um golpe de estado levam Vargas ao poder.

Esforços para democratizar

A ideia de uma Educação para todos só ganhou força na década de 1920. Nesse
período, se destacaram os pioneiros da Escola Nova - Anísio Teixeira (1900-1971), Fernando
de Azevedo (1894-1974), Lourenço Filho (1897-1970) e outros -, que defendiam a escola
pública e laica, igualitária e sem privilégios.
O estopim das mudanças foi a Reforma Sampaio Dória, em São Paulo, em 1920, que
leva o nome do então diretor-geral da Instrução Pública do estado, Antonio de Sampaio Dória
(1883-1964). Preocupado com o fato de metade da população de 7 a 12 anos estar fora da
escola e com um baixo orçamento, ele propôs uma etapa inicial de dois anos (equivalente ao
começo do Ensino Fundamental atual), gratuita e obrigatória.
O projeto foi engavetado rapidamente, mas abriu espaço para ações estruturais em
vários estados. Em um período de seis anos, educadores lideraram reformas no Ceará, no
Paraná, no Rio Grande do Norte, na Bahia, em Minas Gerais, no Distrito Federal e em
Pernambuco. Segundo Saviani, elas alteraram a instrução pública em aspectos como a
ampliação da rede de escolas e a reformulação curricular.
Paralelamente, a corrente anarquista conquistou espaço e passou a influenciar a
Educação. Foram fundadas escolas operárias em quase todos os estados, geridas pela
comunidade. Tendo como base a Pedagogia libertária e as ideias do espanhol Francisco

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Ferrer y Guardia (1859-1909), as instituições fugiam do dogmatismo e fundamentavam o


currículo na ciência, como descreve Angela Maria Souza Martins, da Universidade Federal do
Estado do Rio de Janeiro (Unirio), no artigo A Educação Libertária na Primeira República.
Incomodada com a perda de espaço, a Igreja católica também orquestrou uma
reação, pressionou os governos para o restabelecimento do ensino religioso, publicou livros
didáticos e artigos em revistas e jornais e continuou a atuar na formação de professores. Da
mesma maneira, as elites tentavam reconquistar seu poder. De outro lado, os escolanovistas
cresciam cada vez mais e se preparavam para a publicação do Manifesto dos Pioneiros da
Educação Nova, em 1932, já no governo de Getúlio Vargas (1882-1945).

ERA VARGAS

As propostas da Escola Nova e de Paulo Freire ganham força, mas não chegam às
salas de aulas

A disciplina era uma marca das escolas, que tinham muitas salas separadas por gênero
A defesa da Educação pública, gratuita e laica ganhou força no país em 1932, com o
Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (leia a linha do tempo na página seguinte e a
pergunta de concurso na última página), introduzido no capítulo anterior desta série. Seus 26
signatários - entre eles Lourenço Filho (1897-1970) e Anísio Teixeira (1900-1971) - combatiam
a escola restrita à elite e ligada à religião. Os anseios se justificavam. Afinal, em 1920 o
analfabetismo atingia 80%. "O principal mérito do manifesto foi trazer à tona o debate sobre
a escola para toda a população independentemente da classe social", diz Maria Cristina
Gomes Machado, da Universidade Estadual de Maringá (UEM).

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Nessa mesma época, a crise de 1929, gerada pela queda da Bolsa de Nova York,
desencadeou o desgaste da economia cafeeira e, também, do revezamento entre Minas
Gerais e São Paulo no poder. Fortalecido por isso, o movimento revolucionário conseguiu
derrubar a República Velha e, em 1930, Getúlio Vargas (1882-1954) se tornou chefe do
governo provisório.
No mesmo ano, foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública, ocupado por
Francisco Campos (1891-1968). Embora influenciado pelo manifesto, o novo ministro era
católico e antiliberal. Assim, colaborou para o retorno do Ensino Religioso ao currículo. Além
da presença na escola pública, a religião exercia influência no ensino privado, pois as igrejas,
principalmente a católica, eram proprietárias de muitas instituições e recebiam subvenção do
governo. Os escolanovistas eram contra isso e os dois grupos protagonizaram intensos
debates. O governo tendia ora para um lado, ora para outro, e a Constituição de 1934 é um
exemplo disso. Ela contrariou o princípio da escola laica ao definir que o ensino fosse
ministrado segundo a orientação religiosa dos estudantes, mas definiu que a Educação era
direito de todos e dever do poder público.
Enquanto isso, as doutrinas totalitaristas se expandiam na Europa e, inspirado por
elas, Vargas instituiu o Estado Novo (1937-1945). "A nova ideologia proclamava a importância
da escola como via de reconstrução da sociedade brasileira", esclarece Silvia Helena Andrade
de Brito no artigo A Educação no Projeto Nacionalista do Primeiro Governo Vargas (1930-
1945).
Para atender a esse anseio, as Leis Orgânicas do Ensino foram promulgadas a partir
de 1942. O ginásio, equivalente ao segundo ciclo do Ensino Fundamental de hoje, passou a
ter quatro anos e o colegial - o atual Ensino Médio - três. Foi criado o curso supletivo de dois
anos para a população adulta. E a rede pública foi organizada em escolas com uma, duas a
quatro e cinco ou mais classes, além da escola supletiva.

Na visão bancária da Educação, o 'saber' é uma doação dos


que se julgam sábios aos que julgam nada saber. (...) O
educador, que aliena a ignorância, se mantém em posições
fixas, invariáveis. Será sempre o que sabe, enquanto os
educandos serão sempre os que não sabem. A rigidez dessas
posições nega a Educação e o conhecimento como processos
de busca.
Paulo Freire

ERA VARGAS: PROFUSÃO DE IDEIAS

Em 1939, o primeiro curso de Pedagogia do país foi criado na Pontifícia


Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Num primeiro momento, porém, os
professores continuaram a se formar nas escolas normais. Nelas, o currículo era pouco
específico, com disciplinas como Higiene e Trabalhos Manuais. Maria Cristina conta que, em
geral, as mulheres - maioria entre os que atuavam nos anos iniciais - trabalhavam meio
período e muitas abandonavam a atividade quando se casavam. Já o ginásio e o colegial

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contavam com mais professores do sexo masculino formados em outras áreas, como Filosofia
e Direito. A separação de gêneros também acontecia entre os alunos. Se até o final do
primário aceitavam-se turmas mistas, para os estudantes mais velhos a recomendação era
organizar classes separadas.
Dos estudantes, exigia-se um comportamento exemplar. A vigilância era grande e a
expulsão, possível e grave, já que não havia vagas para todos. Maria Cristina destaca que a
retidão chegava às disciplinas do currículo. "A Educação Física, por exemplo, servia como
preparo para o trabalho e para o serviço militar, com exercícios como marcha e polichinelo."

Linha do tempo

1932 O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova defende a Educação gratuita e laica.
1937 Inspirado pelo totalitarismo europeu, Vargas inicia o Estado Novo, que segue até 1945.
1946 A nova Constituição define que a União legisle sobre a Educação.
1962 Paulo Freire alfabetiza 300 agricultores em 45 dias no estado de Pernambuco.
1964 O golpe militar instaura a ditadura e anos de forte repressão.

Fonte História da Educação (Maria Lúcia de Arruda Aranha, ed. Moderna)

Com o fim do Estado Novo, o país ganhou outra Constituição. O texto atribuiu à
União a função de legislar sobre as bases da Educação, o que antes ocorria de maneira
fragmentada. Em 1948, o ministro Clemente Mariani (1900-1981) apresentou o anteprojeto
da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), o que gerou novos conflitos entre
os escolanovistas e a Igreja Católica. "Além da manutenção do Ensino Religioso, estava em
jogo qual desses grupos era mais capacitado para atuar em espaços de decisão", diz Marcus
Levy Bencostta, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Por causa desse debate acirrado,
a LDBEN foi aprovada 13 anos depois, permitindo a pluralidade dos currículos e
estabelecendo que o Estado destinaria recursos a entidades privadas.
Nos anos 1950 e 1960, a política se caracterizou pelo populismo, com presidentes
como o próprio Vargas, eleito para o período de 1951 a 1954, e Juscelino Kubitschek (1902-
1976), de 1956 a 1961. Surgiram aí movimentos de Educação popular, com iniciativas que até
hoje estão vivas, como as propostas de Paulo Freire (1921-1997). As primeiras experiências
do educador ocorreram em 1962, em Angicos, a 171 quilômetros de Natal, quando 300
trabalhadores rurais foram alfabetizados em 45 dias. Freire considerava as cartilhas incapazes
de atender às necessidades dos alunos. Para ele, na sociedade de classes, os privilégios de
uns impedem a maioria de usufruir de certos bens, como a Educação, que deveria instigar a
reflexão sobre a própria condição social.
Esse período também foi fértil em manifestações culturais como o cinema novo e a
bossa nova. Foram anos recheados de boas ideias, mas nas salas de aula não houve grandes
avanços. E, em 1964, iniciativas como as de Freire esmoreceram totalmente com o golpe
militar. O Brasil passou a viver momentos de repressão, cujas repercussões aparecem no
próximo capítulo desta série.

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DITADURA MILITAR: AULAS PARA O TRABALHO

O regime militar se apoiou nos ideais tecnicistas e fez do ensino uma ferramenta de
controle

O Mobral ampliou a escolarização de adultos, mas gerou analfabetos funcionais


As propostas de uma Educação mais democrática foram abandonadas com o início
do regime militar, em 1964. Paulo Freire (1921-1997) foi exilado no Chile e a Escola Nova
deixou de ser considerada para as políticas públicas. O novo governo manteve a preocupação
com a industrialização crescente e o foco em formar um povo capaz de executar tarefas, mas
não necessariamente de pensar sobre elas.
No primeiro ano de mandato do marechal Humberto de Alencar Castello Branco
(1900- 1967), um simpósio do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes), ligado à direita
governista, deu indicações claras do rumo que se queria tomar. Dermeval Saviani conta no
livro História das Ideias Pedagógicas no Brasil (Ed. Autores Associados) que a meta do evento
era a elaboração de um plano de Educação com a escola primária voltada para uma atividade
prática e o 2º grau técnico que preparasse o estudante para o mercado. Também foram
assinados acordos entre os governos brasileiro e norte-americano que vinham sendo
discutidos há alguns anos e previam a vinda de técnicos para treinar professores. "As ações
visavam transformar o Brasil em uma potência econômica mundial", explica Amarilio Ferreira
Jr., da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar).
Na Educação de adultos, as ideias de Freire deram lugar a um modelo
assistencialista por meio do Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral). A leitura passou
a ser tratada como uma habilidade instrumental, sem contextualização. Os alunos aprendiam
palavras acompanhadas de imagens, faziam a divisão silábica e, por último, trabalhavam com
frases e textos. Também eram estudados os cálculos matemáticos, a escrita e hábitos para a
melhoria da qualidade de vida. De acordo com o livro História da Educação, de Maria Lúcia de

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Arruda Aranha (256 págs., Ed Moderna, tel. 0800-7707-653, 65,90 reais), em 1970, 33% das
pessoas com mais de 15 anos eram analfabetas e, dois anos depois, a taxa caiu para 28,51%.
No entanto, a autora ressalta que por causa do método usado muitos alunos mal
desenhavam o nome.
Paralelamente a isso, o Brasil vivia um momento crítico no ensino universitário. A
oferta não acompanhava o crescimento da demanda e a revolta pela falta de vagas ganhou
força com as notícias das manifestações ocorridas na França, em maio de 1968, e gerou a
chamada "crise dos excedentes". O governo federal assumiu, então, uma postura mais
invasiva (leia a pergunta de concurso na última página). A União Nacional dos Estudantes
(UNE) foi considerada ilegal e qualquer tentativa de se organizar politicamente era vista
como atividade subversiva a ser reprimida.

Agora, vossa excelência [presidente Médici] não proporá ao


Congresso Nacional apenas mais uma reforma, mas a própria
reforma que implica abandonar o ensino verbalístico e
academizante, para partir, vigorosamente, para um sistema
educativo de 1º e 2º graus voltado para as necessidades do
desenvolvimento.
Jarbas Passarinho

No fim de 1968, o general Arthur da Costa e Silva (1902-1969), na presidência,


promulgou o Ato Institucional nº 5 (AI-5), que deu a ele poderes de legislativo e executivo e
permitiu o confisco dos bens de quem fosse incriminado por corrupção. E, no ano seguinte, o
Decreto-lei nº 477 determinou que "comete infração disciplinar o professor, aluno,
funcionário ou empregado de estabelecimento de ensino público ou particular que pratique
atos destinados à organização de movimentos subversivos, passeatas, desfiles ou comícios
não autorizados". Muitos estudantes e docentes foram presos e torturados por aderirem à
oposição ao governo.
O incentivo ao patriotismo era uma marca forte nas escolas públicas. Uma vez por
semana, meninos e meninas se posicionavam com a mão direita no peito, observavam a
bandeira ser hasteada e cantavam o Hino Nacional. Um desejo desde o início do regime, a
disciplina de Educação Moral e Cívica (EMC) foi tornada obrigatória em 1969. A maior parte
dos que a lecionaram era militar ou religioso e lia na aula cartilhas com temas como
cidadania, patriotismo, família e religião. Mas alguns conseguiam burlar o controle e
introduzir conteúdos diferenciados.
Em julho de 1971, o ministro da Educação e Cultura Jarbas Passarinho (leia a frase
dele na primeira página) oficializou o vestibular classificatório nas universidades, algo que se
mantem até hoje. No mês seguinte, foi aprovada a Lei nº 5.692 que determinava a
organização do ensino em 1º e 2º graus em vez de primário, ginásio e colegial. A
obrigatoriedade escolar foi ampliada até os 14 anos de idade e o exame de admissão
necessário para entrar no ginásio foi extinto. Para garantir a boa receptividade da legislação,
docentes tidos como carismáticos foram convocados para a divulgarem. Francisco Beltramni,
então professor de Geografia, foi um deles. "No treinamento, eles nos falavam da maravilha

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que a lei seria e orientavam que não permitíssemos discussões se alguém quisesse questionar
aspectos como as condições de trabalho", lembra.
A lei ainda estabeleceu a inclusão da disciplina de Estudos Sociais, com conteúdos
que seriam de História e Geografia, nos anos iniciais do 1º grau. Os professores polivalentes
que atuavam nesse segmento, passaram a ser formados no Magistério, com nível de 2º grau,
e as escolas normais foram extintas. Para lecionar para os outros anos, era necessário cursar
uma licenciatura em programas de curta ou longa duração. "A ideia era transformar o
pedagogo em um técnico em Educação de acordo com a política tecnocrata do governo",
explica José Willington Germano, docente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN). Os concursos públicos eram poucos e não havia professores suficientes para atender
a todas as vagas que vinham sendo criadas com a construção de escolas e a oferta de aulas
pela manhã, à tarde e à noite. Então, quando não havia profissionais habilitados suficientes
era permitido contratar outros temporariamente.
Apesar do recurso do salário-educação criado em 1964 e revisto em 1975, pelo qual
as empresas pagavam imposto relativo aos filhos de funcionários em idade escolar, os
investimentos na área decresceram ao longo do regime. No estado de São Paulo, por
exemplo, de 8,7 salários mínimos, os docentes passaram a receber 5,7 salários, em 1979,
segundo o livro Educação, Estado e Democracia (Luiz Antônio Cunha, Ed. Cortez). Assim,
muitos educadores e alunos migraram para escolas privadas.
Linha do tempo

1968 O AI-5 é assinado e aumenta a repressão a atos públicos.


1969 A disciplina de Educação Moral e Cívica se torna obrigatória em todas as etapas.
1970 O Mobral é implementado com foco na alfabetização de adultos.
1975 Começa o processo de transição do regime para a democracia.
1985 Tancredo Neves é eleito e morre antes de assumir.

DITADURA MILITAR: AULAS PARA O TRABALHO

Mobilização e abertura

A esse cenário se somou a crise do petróleo, em 1973, que acabou com o chamado
milagre econômico, época em que o produto interno bruto (PIB) do país aumentava cerca de
10% ao ano. A militância política ficou mais forte e as pessoas começaram a reivindicar a
volta da democracia.
Diante do fortalecimento da oposição democrática, o general Ernesto Geisel (1908-
1996) iniciou em seu governo o processo de abertura lenta e gradual que acarretou
mudanças educacionais. O ensino de 1º grau foi municipalizado, numa tentativa de
descentralizar e democratizar o sistema. Em 1979, o Ministério da Educação e Cultura foi
assumido por um professor universitário pouco identificado com o regime, Eduardo Portella,
outro indício de que as coisas estavam mudando. E João Figueiredo (1918-1999), último
presidente militar, intensificou o processo de abertura, revogou a obrigatoriedade de o 2º

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grau ser profissionalizante e criou programas específicos para o ensino voltados à população
de baixa renda, que geraram pouca mudança na prática.
Três anos depois, se encerrou a ditadura militar no Brasil. Tancredo Neves (1910-
1985) ganhou a eleição indireta, mas morreu antes da posse e seu vice, José Sarney, se
tornou o primeiro presidente da chamada Nova República, que será contemplada no próximo
capítulo desta série.

EDUCAÇÃO PÓS-DITADURA: QUALIDADE PARA TODOS

Universalização do ensino, avaliações externas e piso para professores no período


democrático

A LDB incluiu a Educação Infantil na Educação Básica

Com o fim da ditadura militar, vários aspectos da política nacional foram


repensados, e entre eles estava a Educação. Nos primeiros três anos da Nova República, o
foco esteve na elaboração da Constituição. Pensando nela, os participantes da 4ª Conferência
Brasileira de Educação, realizada pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em
Educação (Anped), a Associação Nacional de Educação (Ande) e o Centro de Estudos
Educação e Sociedade (Cedes), em Goiânia, em 1986, finalizaram o evento com uma lista de
propostas que incluía a efetivação do direito de todos os cidadãos ao ensino e o dever do
Estado em garanti-lo.
Em 5 de outubro de 1988, a nova Constituição Federal foi finalmente aprovada (leia
a linha do tempo na página seguinte). Entre as principais conquistas, estava o
reconhecimento da Educação como direito subjetivo de todos, uma evolução do que os
escolanovistas haviam propagado durante a Era Vargas. "Isso significa que qualquer um que
queira estudar, mesmo se estiver fora da idade obrigatória, deve ter a vaga garantida",
explica Carlos Roberto Jamil Cury, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A
legislação tornou urgente a tomada de providências como a abertura de mais escolas e a
formação de docentes, o que acarretou a necessidade de investimentos. Para isso, a lei

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indicava a aplicação na área de no mínimo 18% da receita dos impostos pela União e 25%
pelos estados e municípios.
Dois anos depois, durante a Conferência Mundial sobre Educação para Todos em
Jomtien, na Tailândia, foi aprovada uma declaração internacional que levava o nome do
evento e propunha ações para os dez anos seguintes com vistas à universalização do ensino
nos países signatários. Por aqui, Fernando Collor de Mello assumiu a presidência e criou o
Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania (Pnac) em substituição à Fundação Educar -
versão democrática para o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral) -, instituída cinco
anos antes por José Sarney. Mas a iniciativa de Collor durou apenas um ano.

"A coisa mais simples que tem é criar boas escolas (...) para
que cada criança tenha diante dela uma professora capacitada
para alfabetizá-la."
Darcy Ribeiro

Novas leis para a Educação

Várias regulamentações surgiram no governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC),


que assumiu a presidência em 1995 com Paulo Renato Souza (1945-2011) como ministro da
Educação. Já no segundo ano de mandato, após intensos debates, foi promulgada a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), com relatoria do senador Darcy Ribeiro (1922-
1997). "A nova lei reforçou aspectos importantes da Constituição como a municipalização do
Ensino Fundamental, estipulou a formação do docente em nível superior e colocou a
Educação Infantil na posição de etapa inicial da Educação Básica", lembra Maria Helena
Câmara Bastos, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Para
financiar os novos projetos, foi criado o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef). O 1º e o 2º graus se tornaram Ensino
Fundamental e Médio e a recomendação para os estudantes com necessidades especiais
passou a ser a de que fossem atendidos preferencialmente na rede regular (leia a pergunta
de concurso na última página).
FHC emendou um segundo mandato e o ministro Souza incluiu o Brasil no Programa
Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). Foi um passo importante para ter uma medida de
como estava a Educação nacional, embora o país tenha ficado em último lugar no ano de
estreia. Na mesma época, criou-se o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), com
resultados por escola e por aluno, que em 2009 passariam a ser considerados até em
substituição ao vestibular para o Ensino Superior. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)
e o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) também nasceram nesse
período. Para construí-los, foram reunidos profissionais que tinham referências em boas
práticas de sala de aula e diversos especialistas. "Depois da LDB, o Conselho Nacional de
Educação (CNE) estabeleceu as Diretrizes Curriculares Nacionais que deveriam ser traduzidas
nos estados e municípios, mas isso não aconteceu. A contradição é que, mesmo elas não

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sendo contempladas na formação docente e nas escolas, são cobradas nas avaliações
externas", comenta Cury.
Em 2001, foi aprovado o Plano Nacional de Educação (PNE), previsto na
Constituição e válido por dez anos. Ele estipulava metas para aumentar o nível de
escolaridade dos brasileiros e garantir o acesso à Educação, mas não teve êxito na maioria
delas. Um dos motivos apontados por especialistas é o veto do governo ao investimento de
7% do Produto Interno Bruto (PIB) na área. Apesar disso, houve ganhos. "O documento
previa que até 2007 os profissionais da Educação Infantil fossem formados em nível superior,
admitindo o nível médio como ação emergencial. Isso reforça um olhar profissional
pedagógico para essa etapa", lembra Gisela Wajskop, consultora de Educação Infantil e de
formação de professores. Outra conquista foi a determinação de que o Ensino Fundamental
fosse ampliado para nove anos, o que vem se concretizando desde então.
Dois anos depois, Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a presidência e levou Cristovam
Buarque para o Ministério da Educação (MEC). No lugar da Alfabetização Solidária, criada por
FHC em 1997, foi lançado o Brasil Alfabetizado para o combate ao analfabetismo. O esforço
contínuo levou à diminuição da taxa de analfabetismo de quem tem 15 anos ou mais, mas em
2012 a queda progressiva foi interrompida e as razões ainda estão sendo analisadas por
especialistas.

Linha do tempo

1988 A nova Constituição Federal é promulgada com atenção à Educação.


1990 Declaração Mundial sobre Educação para Todos é aprovada na Tailândia.
1996 A LDB indica que docentes tenham formação em nível superior.
2001 Entra em vigor o PNE, com metas para a universalização do ensino.
2010 É aprovado o piso salarial nacional para os docentes.

ANOTAÇÕES:

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EDUCAÇÃO PÓS-DITADURA: QUALIDADE PARA TODOS

Expansão de investimentos

Outro exame nacional foi criado em 2005. Alunos de 4ª e 8ª séries (5º e 9º anos)
passaram a ser avaliados na Prova Brasil. Com o desafio de ampliar o acesso à escola e
melhorar os índices nas avaliações, viu-se a necessidade de ampliar os recursos da área e
alcançar todas as etapas. Assim, o Fundef se tornou Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação
(Fundeb) em 2007.
Outra estratégia presente nesse período foi a das escolas de tempo integral. As
primeiras iniciativas foram lideradas por Darcy Ribeiro (leia a frase dele na primeira
página) no Rio de Janeiro e José Aristodemo Pinotti (1934-2009) em São Paulo, na década de
1980. Mas, passado o ânimo inicial, elas ficaram restritas a poucas unidades. Assim, em 2007,
o MEC criou o Mais Educação, que custeou o aumento da carga horária em 49 mil escolas.
Em 2009, a Emenda Constitucional nº 59 determinou a ampliação da
obrigatoriedade escolar para 4 a 17 anos até 2016. O assunto foi reforçado pela Lei nº 12.796
em 2013. O piso salarial nacional de 950 reais para os docentes foi aprovado em 2010, com a
proposta de que um terço da jornada fosse dedicada a formação e planejamento. Nesse
mesmo ano, o ministro Fernando Haddad encaminhou uma nova versão do PNE para o
Congresso. Dilma Rousseff se tornou presidente em 2011 e o documento segue em discussão
até hoje.
Além de todas as mudanças políticas que interferiram na sala de aula, essas
décadas incluíram uma grande revolução tecnológica, marcada pelo desenvolvimento da
internet, que transformou as relações sociais e, claro, o ensino. Embora 70 mil escolas de
Ensino Fundamental ainda não tivessem computador em 2010, essa máquina está na vida de
alunos e professores, mudando a maneira como têm acesso à informação e ao
conhecimento. Os últimos dois governos distribuíram laboratórios de informática, laptops
para alunos e tablets para docentes. Apesar disso, a realidade ainda é plural. Há salas rurais
multisseriadas, classes informatizadas, escolas bilíngues, projetos pedagógicos tradicionais e
propostas de inspiração democrática. Diante de tamanha diversidade, o novo PNE e a
definição de um currículo nacional são algumas das questões urgentes para garantir que
todos que vivem a história de hoje sigam no mesmo rumo, com vistas à melhoria da
Educação.

FONTE:
REVISTA NOVA ESCOLA. http://revistaescola.abril.com.br/formacao/serie-especial-historia-
educacao-brasil-750345.shtml
FRANCISCO FILHO, Geraldo. A educação brasileira no contexto histórico. Campinas: Alínea,
2001.

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ROTEIRO PARA ANÁLISE DE FILMES

1 IDENTIFICAÇÃO DO PARTICIPANTE:

Aluno(a): Série/Turma:
Disciplina: Data:
Objetivos:

2 FICHA TÉCNICA
 Elenco
 Sinopse
 Premiações
 Curiosidades

3 TIPO DE FILME:
( ) histórico sobre as empresas ( ) eventos técnico científicos
( ) teoria das organizações ( ) documentário
( ) adaptação ( ) ficção
( ) outros

4 TIPO DE LINGUAGEM - Vocabulário:


( ) rico
( ) pobre
( ) uso de gíria

5 GRAU DE ENTENDIMENTO:
( ) fácil
( ) razoável
( ) difícil

6 VALORES CINEMATOGRÁFICOS:

Assinale com um ( x ) as letras:


O = ótimo, B = bom, M = médio, F = fraco e P = péssimo, de acordo com o seu
julgamento,
Quando os aspectos do filme exigirem:
( ) Música ( )Fotografia ( )Cenários
( ) Efeitos ( ) Diálogos ( ) Enredo

7 TEMAS QUE ESTÃO SENDO TRATADOS:


Assinale com um x a(s) palavra(s) que os expressam:
( ) Administrativos ( ) Científicos ( ) Políticos
( ) Culturais ( ) Econômicos ( ) Religiosos

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( ) Técnológicos ( ) Psicológicos
( ) Ecológicos ( ) Outros

8 Cena de maior influência ou maior impacto. Justificar

9 Ideia ou mensagem central do filme:

10 Enredo:

11 Contribuição do filme para o estudo da disciplina:

12 Relacione as contribuições do filme para a sua formação:

13 As intenções do diretor: Quem é o diretor? Que outros filmes ele já fez? Qual o seu estilo?
O que ele pretendia nos mostrar (no todo ou em parte): beleza? denúncia? reflexão sobre um
tema? emoção? uma história real?

14 As recursos mais explorados: Desempenho dos atores? música? imagens (enquadramento


da câmara, luz)? diálogos? recursos tecnológicos (efeitos especiais)?

15 O conteúdo: O que as imagens, os diálogos e o filme como um todo querem nos dizer?
Como uma imagem reforça ou modifica o sentido de um diálogo? Há uma idéia ou valores
sendo transmitidos pelo filme(de que maneira e que cenas provam isso)?

16 A qualidade: Pode-se dizer que é um bom filme? Que elementos justificariam nosso
julgamento (imagens, atores, enredo, ritmo, caracterização, música, etc.)?

17 A qualidade da sua interação com o filme: Você pôde fazer uma boa apreciação da fita?
Que elementos favoreceram ou dificultaram a sua apreciação? O filme lhe trouxe
contribuições? Fez você ficar pensando? Foi prazeiroso assisti-lo?

18 Avaliação final:
Assinale com um X a palavra que representa a sua avaliação do filme:
( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Sofrível
( ) Muito bom ( ) Regular ( ) Péssimo

19 Comentários finais e/ou sugestões destacando as relações entre professores e alunos,


entre professores e demais segmentos da escola/sociedade. Observar aspectos da gestão
escolar, do processo de ensino-aprendizagem e a valorização da educação e a prática
desportiva no cotidiano da escola e na vida acadêmica.

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MAPAS CONCEITUAIS

O Mapa Conceitual é uma técnica pedagógica para organizar e representar o


conhecimento graficamente. Os conceitos e as proposições são os blocos de construção do
conhecimento em qualquer domínio. Foi criado por Joseph Donald Novak (1977) com base na
aprendizagem significativa de David Ausubel (1968), cuja essência é que as idéias novas
ancoram-se em conceitos relevantes que o aprendiz já sabe (subsunsores), pré-existentes na
estrutura cognitiva de quem aprende.

É uma técnica muito flexível, podendo ser aplicada como instrumento de análise de
currículo e recurso de aprendizagem: para orientação; exploração do que os estudantes já
sabem; focar um conceito particular; observar a estrutura do pensamento em relação ao
tema proposto; ponto de partida para novas pesquisas e aprendizagens; meio de avaliação e
auto-avaliação, etc.
O trabalho com os conteúdos estruturantes das disciplinas da Educação Básica e
seus temas específicos, segundo as Diretrizes Curriculares Estado do Paraná, se dará em
quatro momentos: a sensibilização, a problematização, a investigação e a criação de
conceitos, desta forma podem observar que a técnica apresentada facilita a compreensão,
tanto do aluno como do professor, das construções lógicas que o aprendiz possui no

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momento da elaboração do seu mapa conceitual.


A edição de mapas pode ser feita manuscrita, ou com auxílio de softwares
apropriados, tais como o Cmap Tool, um programa livre, em português, com possibilidade de
inserção de áudio, vídeo, imagens, textos e links disponibilizados on-line; já o Inspiration é um
software com linguagem visual, isto é, os conceitos podem ser representados com figuras,
pode usar editores de apresentações, mas também existem outros recursos no mercado.
A figura acima traz um exemplo de mapa conceitual sobre mapa conceitual,
observe que ele é escrito com conceitos destacados e relacionados entre si, através de frases
de ligação.
Como construir um mapa conceitual18
— Identifique os conceitos-chave do conteúdo que vai mapear e ponha-os em
uma lista. Limite entre 6 e 10 o número de conceitos.
— Ordene os conceitos, colocando o(s) mais geral(is), mais inclusivo(s), no topo
do mapa e, gradualmente, vá agregando os demais até completar o diagrama
de acordo com o princípio da diferenciação progressiva.
— Conecte os conceitos com linhas e rotule essas linhas com uma ou mais
palavras-chave que explicitem a relação entre os conceitos. Os conceitos e as
palavras-chave devem sugerir uma proposição que expresse o significado da
relação.
— Setas podem ser usadas quando se quer dar um sentido a uma relação. No
entanto, o uso de muitas setas acaba por transformar o mapa conceitual em
um diagrama de fluxo.
— Evite palavras que apenas indiquem relações triviais entre os conceitos.
Busque relações horizontais e cruzadas.
— Exemplos podem ser agregados ao mapa.
— Lembre-se que não há um único modo de traçar um mapa conceitual. À
medida que muda sua compreensão sobre as relações entre os conceitos, ou à
medida que você aprende, seu mapa também muda. Um mapa conceitual é
um instrumento dinâmico, refletindo a compreensão de quem o faz no
momento em que o faz.
— Compartilhe seu mapa com colegas e examine os mapas deles. Pergunte o que
significam as relações, questione a localização de certos conceitos, a inclusão
de alguns que não lhe parecem
— Há aplicativos especialmente desenhados para a construção de mapas
conceituais. O mais conhecido deles é o Cmap Toos:
http://penta2.ufrgs.br/edutools/tutcmaps/tutindicecmap.htm.
Nesta técnica é fácil avaliar a aprendizagem de um aluno com os mapas conceituais,
pois ficará claro se ele conseguiu entender e memorizar compreensivamente as relações
conceituais e se captou, de fato, os significados básicos que se tentou ensinar-lhe. É um
modo de conseguir que os alunos verdadeiramente pensem e sejam ajudados a ver e

18MOREIRA, M. A. Mapas conceituais e a aprendizagem significativa. Disponível em


http://www.if.ufrgs.br/~moreira/mapasport.pdf acessado em 12/10/2009.
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estabelecer relações nas quais nunca haviam reparado.

Destacamos dois princípios19:

a) Diferenciação progressiva: “mediante este princípio a aprendizagem significativa é


um processo contínuo, em cujo transcurso os novos conceitos alcançam significado à medida
que se adquirem novas relações; portanto, os conceitos são aprendidos totalmente, mas vão
sendo aprendidos, modificados ou tornando-se mais explícitos à medida que vão
diferenciando-se progressivamente.” (NOVAK apud PEÑA, 2005, p. 130).
— O professor pode solicitar aos alunos que a partir de um conceito-chave
elaborem um mapa conceitual registrando sua aprendizagem, estabelecendo
relações do conceito principal com os demais estudados.
— Também é possível selecionar vários conceitos do conteúdo selecionado para a
avaliação e solicitar que os estudantes elaborem um mapa-conceitual
expressando as relações entre estes.

b) Reconciliação integrativa: este princípio estabelece que exista uma melhora na


aprendizagem significativa quando quem aprende reconhece novas relações ou vínculos
conceituais entre conjuntos relacionados de conceitos ou proposições.
— O professor pode solicitar que os estudantes elaborem um mapa conceitual
antes de iniciar o estudo do tema, demonstrando o seu entendimento do
assunto, ou seja, seu conhecimento do senso comum ou pré-conceitos.
— Durante o processo de construção do conhecimento ou mesmo, após o
término das atividades programadas os estudantes retornam ao primeiro
mapa conceitual e acrescentam as novas aprendizagens, reformulam os
conceitos anteriores, enriquecem com novos conceitos. O estudante
perceberá que poderia ter se equivocado com alguns conceitos ou mesmo
estarem expressas de forma incompleta e incorreta.
— Podem ser estabelecidas relações cruzadas entre conceitos.

Usando um escala de valorização:


— As proposições: os conceitos com as palavras-chave apropriadas que nos
indicarão as relações válidas ou equivocadas.
— A hierarquização: sempre no sentido de que os conceitos mais gerais incluam
os mais específicos.
— As relações cruzadas: que mostram relações entre conceitos pertencentes a
diferentes partes do mapa conceitual.
— Os exemplos, em certos casos, para assegurar que os alunos compreenderam,
correspondendo à expectativa, o que é conceito e o que não é.

19 PEÑA, A. et all. Mapas Conceituais: uma técnica para aprender. São Paulo: Loyola, 2005.
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FONTE: http://ursulabioifam.pbworks.com/w/page/40977545/Trabalhando%20com%20mapas%20conceituais

DICAS PARA PRODUÇÃO DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

HOTISETE DE HQ:
http://tecnologianasaladeaula.pbworks.com/w/page/52014513/Roteiros%20para%20HQ
DICAS DE ROTEIRO: http://dicasderoteiro.com/

1. O ROTEIRO: Syd Field define o Roteiro como sendo "uma história contada em imagens,
diálogo e descrição, dentro do contexto de uma estrutura dramática. Um detalhe que todo
roteirista sempre esquece (eu mesmo me apanho cometendo este erro muitas vezes) é que
um roteiro deve contar uma história como num livro de romance, por exemplo, com a
diferença que no roteiro você deve colocar tudo o que a pessoa pode visualizar enquanto lê.
Metáforas, divagações ou pensamentos do autor quanto a sentimentos ou situações vividas
pelo personagem não podem ser demonstradas, mas "indicadas" pelo autor para que o ator
saiba o que seu personagem está vivendo ou sentindo. Como diz Doc Comparato, "o
romancista escreve, enquanto o roteirista trama, narra e descreve". O roteirista vai além,
pois precisa demonstrar no papel situações concretas que o leitor do roteiro possa visualizar.
O roteiro é o filme que transcorre no papel antes de ganhar vida nas telas.

2. ETAPAS: Como toda história possui um começo, meio e fim, um roteiro também é
construído por etapas, um passo a passo:

a. Idéia ou "o que". O tema ou fato que motiva o autor a escrever. É sobre esta idéia que o
autor fixará a atenção durante todo o roteiro pois deseja transmitir algo para o público.

b. Conflito ou "onde": o autor tem uma idéia, mas esta deve ser transmitida ao público por
meio de um conflito. Se não há conflito, não há interesse por parte do público. O conflito
sempre é definido através do story line. É o universo onde se passará a idéia.

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c. Personagens ou "quem": são aqueles que viverão o conflito idealizado pelo autor. São os
responsáveis por passar ao público o que o autor está tentando expressar em sua narrativa.

d. Ação dramática ou "como": quando o autor já tem definidos a idéia, o conflito que
transmitirá a idéia e os personagens que viverão este conflito, chega o momento de definir
de que maneira este será vivido pelos personagens.

A NÍVEL PRÁTICO, ESTAS ETAPAS PODEM SER DEFINIDAS ASSIM: A. IDÉIA / B. STORY LINE /
C. SINOPSE/D. ESTRUTURA/E. PRIMEIRO ROTEIRO E ROTEIRO FINAL

A idéia, como foi visto, é o sumo do roteiro, a base onde existirá todo o outro contexto
(conflito, personagens e ação dramática). A story line é a forma de contar o conflito motivado
pela idéia de maneira objetiva e suscinta. A maioria dos autores é unânime em dizer que uma
story line não pode ultrapassar cinco ou seis linhas. Nela deve ser apresentado o conflito, seu
desenvolvimento e sua solução. Ex:

"A TROCA: Milionária não se conforma com a deficiência visual de seu neto recém-
nascido e paga para uma enfermeira trocar a criança por um menino perfeito do
berçário, mas vinte anos depois o pai do menino sofre de Leucemia e a esperança de
cura está na medula do garoto deficiente e entregue a outra família que é
encontrado, salva a vida do pai e a verdade sobre a troca é revelada. "(curta
metragem/Romualdo Dropa/1999)

A sinopse, também chamada de argumento nada mais é do que o desenvolvimento da story


line. Enquanto esta última economiza as palavras ao máximo, a sinopse deve ser justamente
o contrário, uma forma de esgotar literalmente a idéia que se pretende transmitir. Assim a
sinopse, baseada na story line e de posse do conflito e dos personagens descreve toda a ação
dramática de forma a revelar ao leitor a história que virá a ser contada de maneira audio-
visual. Como exemplo, publico a sinopse de O Ponto de Tangência, escrito em co-autoria com
Homar Paczkowski.
É na sinopse também que se define o perfil das personagens.

FONTE: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=13667

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