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Este modelo propõe que, num contexto de cultura democrática e de diálogo intercultural,
os estudantes sejam capazes de agir de acordo com os valores considerados fundamentais:
1) Valorizar a dignidade humana e os direitos humanos.
2) Valorizar a diversidade cultural.
3) Valorizar a democracia, a justiça, a imparcialidade, a igualdade e o estado de direito.
Considera-se que estes valores são «[...] os objetivos desejáveis que [as pessoas] devem apli-
car na sua vida, que motivam a ação e que servem também como princípios orientadores para
decidir como agir. [...] Os valores fornecem [...] critérios para:
a. avaliar as ações, do próprio ou dos outros;
b. justificar opiniões, atitudes e comportamentos;
c. decidir entre alternativas;
d. planificar comportamentos;
e. tentar influenciar os «outros».
No Fio da História 9 desafiamos os estudantes a pensar nestas ideias, por exemplo, nas
pp. 11, 71 e 91, no Vamos lá pensar da p. 15, no Saber + da p. 64 e no Vidas com História da p. 81.
No Fio da História 9 desafiamos os estudantes a pensar nestas ideias, por exemplo, nas
pp. 11, 71 e 91, no Vamos lá pensar da p. 15, no Saber + das pp. 64 e 157, e no Vidas com História
da p. 81 e 141 e no + Atividades 1, 2 e 3.
O Conselho da Europa define uma atitude como uma orientação mental global que é adota-
da pela pessoa em relação a alguém ou a um grupo, uma instituição, uma questão, um acon-
tecimento, um símbolo. A atitude encerra em si uma perspetiva, uma crença ou opinião, uma
emoção ou sentimento, uma avaliação (positiva ou negativa) e uma tendência de se com-
portar de forma particular em relação a algo. Considera, nesse sentido, a existência de seis
atitudes importantes para uma cultura democrática:
1) Abertura à diversidade cultural e a outras crenças, visões do mundo e práticas.
2) Respeito.
3) Civismo.
4) Responsabilidade.
5) Auto-eficácia.
6) Tolerância para com a incerteza.
Civismo
Atitude associada ao modo como um ser humano interage com um grupo ou com uma co-
munidade com a qual partilha um sentido de pertença. Todos os seres humanos interagem e
pertencem a múltiplos grupos e têm com estes grupos uma atitude de civismo. Segundo o
Conselho da Europa, o civismo relaciona-se com:
• o sentimento de pertença e a identificação com comunidade(s);
• a atenção em relação aos membros de uma comunidade, aos laços entre essas pessoas, e
aos efeitos das ações do próprio nessas pessoas;
Responsabilidade
Este conceito é polissémico e é, por isso, fundamental definir o seu sentido, no quadro das
propostas do Conselho da Europa que inspirou a Estratégia Nacional de Educação para a
Cidadania. Assim, considera-se que a responsabilidade moral é uma atitude em relação às
ações do próprio. A responsabilidade pode exigir coragem ao tomar-se uma posição de prin-
cípio contra as normas de uma comunidade ou ao desafiar-se uma decisão coletiva que se
julga estar errada. Com efeito, pode, por vezes, existir uma tensão entre civismo (entendido
como a solidariedade com e a lealdade em relação a outras pessoas) e responsabilidade mo-
ral. Uma atitude de responsabilidade em relação às ações do próprio envolve a:
• adoção de uma abordagem reflexiva e ponderada em relação às ações do próprio e às
possíveis consequências das mesmas;
• identificação dos deveres e obrigações de cada um e de como o próprio deve agir numa
determinada situação, baseando-se num valor ou num conjunto de valores;
• tomada de decisão sobre as ações a concretizar (as quais, em alguns casos podem implicar
não agir), dadas as circunstâncias a que se aplicam;
• tomada de ação (ou a sua ausência) de uma forma autónoma.
Auto-eficácia
Entendida como uma atitude em relação ao «eu». Passa por se acreditar nas próprias capa-
cidades individuais para levar a cabo as ações necessárias para desenvolver determinados
objetivos. Passa também pelo modo como o próprio compreende o que é exigido, como ajuí-
za as situações, seleciona os métodos adequados para a realização de tarefas, ultrapassa os
obstáculos com sucesso, influencia os acontecimentos e faz a diferença nos acontecimentos
que afetam a sua vida e a dos outros. Neste sentido, a auto-eficácia lida com o acreditar na
capacidade do próprio:
• para compreender, proferir juízos e selecionar os métodos adequados para realizar as ta-
refas;
• para organizar e executar as ações exigidas para atingir determinados objetivos e para se
desviar dos obstáculos que possam surgir.
Envolve, ainda, um sentimento de confiança relativamente:
• à capacidade para enfrentar novos desafios;
• ao envolvimento democrático e ao empreender das ações tidas por necessárias para atin-
gir objetivos democráticos (incluindo desafiar e responsabilizar aqueles que estão em po-
sições de poder e autoridade quando as suas decisões ou ações são tidas por injustas);
• ao envolvimento no diálogo intercultural com aqueles que se considera que possuem afi-
liações culturais que diferem das do próprio.
No Fio da História 9 desafiamos os estudantes a pensar nestas ideias, por exemplo, nas
pp. 71, 91 e 131, no Vamos lá pensar das pp. 32 e 41, no Saber + das pp. 62 e 157, no Vidas com
História da p. 130 e no Ser cidadão da p. 111.
No Fio da História 9 desafiamos os estudantes a pensar nestas ideias, por exemplo, nas
pp. 11, 20, 21, 60, 61, 71, 91, 99, 107, 121, 123 e 165, no Saber + das pp. 62, 65 e 127, no Vidas com
História das pp. 31, 49, 79, 81, 141, 155 e 177, no Vamos lá pensar das pp. 56 e 161 e no Saber +
das pp. 62, 65 e 127.
No Fio da História 9 desafiamos os estudantes a pensar nestas ideias, por exemplo, nas
pp. 55 e 149, no Vamos lá pensar das pp. 15, 47, 163, 167 e 180 e no Saber + das pp. 21, 55, 73,
109, 121, 125 e 175.
Aprendizagem cooperativa/colaborativa
A adoção em sala de aula de um processo de aprendizagem e ensino assente na aprendi-
zagem cooperativa/colaborativa desenvolverá nos estudantes a capacidade de cooperação.
Esta é uma componente importante da coesão social, porque fomenta relações entre as pes-
soas, promovendo, simultaneamente, a responsabilidade, a capacidade de escuta e a obser-
vação, a comunicação e a resolução de conflitos, e o respeito pela diversidade e por todos.
Cooperação Colaboração
Construção
Conhecimento construído Construtivista
de conhecimento
através do processo
não é a finalidade Produto é melhor
Conhecimento adquirido
do que se fosse
pelo processo
Os elementos produzido
trabalham para individualmente
Interdependência
um produto comum
com o professor
Situacional
PRODUTO/Processo Sociocultural
Produto/PROCESSO
• De 3 em 3 minutos
a. No decorrer de uma contextualização e/ou atividade sobre um assunto, o professor faz
paragens/intervalos de três minutos, durante as quais as equipas têm de:
i) refletir sobre os conteúdos trabalhados até ao momento;
ii) escrever três perguntas acerca do que foi trabalhado.
b. Passados os três minutos, cada equipa coloca as suas questões às outras equipas. Se
houver questões iguais ou muito semelhantes, avançam (podem, por exemplo, perder
pontos).
c. Quando todas as questões foram colocadas e respondidas, a turma continua com a sua
explicação até nova paragem/intervalo.
• Lápis ao centro
a. Entrega-se às equipas uma folha com tantas perguntas/exercícios/tarefas quantos os
elementos da equipa. Cada estudante fica responsável por uma pergunta/exercício/ta-
refa.
b. Os lápis/esferográficas colocam-se no centro da mesa para indicar que nesses momen-
tos só se pode falar e escutar, não se pode escrever.
c. Cada um dos estudantes:
i) lê em voz alta a sua solução à pergunta/exercício/tarefa;
ii) assegura-se de que todo o grupo exprime a sua opinião e de que deve ser encontrada
uma resposta/solução com que todos concordem.
d. Cada estudante pega no seu lápis e responde à pergunta/exercício/tarefa por escrito.
Nesse momento, não se pode falar, só escrever.
e. De seguida, voltam a colocar-se os lápis no centro da mesa e procede-se do mesmo
modo com outra pergunta/exercício/tarefa, desta vez dirigida por outro estudante.
• E pluribus unum
a. Os estudantes trabalham uma série de perguntas/exercícios/tarefas dentro da sua
equipa, devendo os membros de cada equipa assegurar que todos estão envolvidos.
b. Finalizado o tempo definido, o professor escolhe, à sorte, o registo realizado por um
dos membros da equipa e analisa/corrige e avalia. Todos os membros da equipa terão a
mesma avaliação. Assim, o professor avalia uma produção (de um estudante) para todos
(toda a equipa).
• De palavras a frases
a. O professor escreve no quadro palavras-chave sobre um tema trabalhado ou um outro
que se vai trabalhar.
b. Dentro das equipas, de forma oral ou escrita, os estudantes constroem juntos uma ou
várias frases com essas palavras, tentando expressar a ideia que existe por detrás delas.
c. Um estudante de cada equipa, escolhido ao acaso, partilha a frase do seu grupo e expli-
ca o que significa.
PAPEL TAREFA
Interrogar Formular pelo menos duas perguntas sobre o assunto abordado.
Aprovar Indicar os pontos com que estão de acordo ou aqueles que lhes parecem úteis e justificar.
Desaprovar Comentar os pontos com que discordam (ou consideram inúteis) e explicar porquê.
b. Com base numa fonte (oral, escrita, iconográfica, material, …) os estudantes têm de con-
cretizar o seu papel, respeitando o tempo definido.
c. O professor escolhe aleatoriamente um membro de cada equipa para comunicar a pro-
posta da equipa.
Talvez seja também relevante pensarmos nas diferenças entre «fazer projetos» e «aprendiza-
gem por projeto». Propomos a seguinte figura para explicitar estas diferenças.
Centrado no professor e dirigido pelo professor. Centrado no estudante e dirigido pelo estudante.
vs.
Baseado em experiência/problemas do mundo real,
Podem não partir do contexto educativo.
do contexto educativo.
Projetos com metas e produtos finais iguais. Os alunos decidem o resultado e o produto final.
M elh o ra
Aprendizagem em serviço
Dá sentido
Tema/objetivos Competências
Recursos Responsáveis
Descrição de serviço
Responsáveis Recursos
As Aprendizagens Essenciais não devem ser pensadas como objetivos mínimos, mas sim
como o que é mais relevante que seja desenvolvido com os estudantes em cada disciplina, e
que será alvo de avaliação externa, seja em termos de aferição ou de classificação. O processo
de ensino e aprendizagem de cada disciplina deve ser ancorado nas Aprendizagens Essen-
ciais definidas para cada ano de escolaridade. Portanto, no caso, quer da integração e flexibili-
dade curricular, quer da cidadania, quer da aprendizagem por projeto, todos os desafios a se-
rem colocados aos estudantes devem estar de acordo com estas Aprendizagens Essenciais.
De forma concreta, por exemplo, se existe a proposta de um Domínio de Autonomia Cur-
ricular, não têm de participar todas as disciplinas. Só devem fazer parte desse Domínio de
Autonomia Curricular as disciplinas que, de forma explícita, têm Aprendizagens Essenciais a
desenvolver nesse ano letivo, que possam ser integradas e desenvolvidas nessa investigação
e/ou projeto.
As Aprendizagens Essenciais de História, para os diversos níveis de ensino, foram revistas a
4 de fevereiro de 2022, data em que foram definidos os três domínios específicos da disciplina:
«A evidência histórica situa-se entre o que o passado deixou para trás (as fontes,
os vestígios dos historiadores) e o que reivindicamos do passado (narrativas ou
interpretações históricas). [...] As fontes, por elas próprias, não podem ser designadas
à partida como evidência, [...] visto que é o relacionamento entre a questão e a fonte,
tratada como evidência, que determinará o valor que lhe pode ser atribuída em
resposta a uma questão.»
(Ashby, 2003, p. 199)
Respostas –
Fonte 3 Questões de Evidência histórica reconstrução
do passado
Respostas –
Fonte 2 Questões de Evidência histórica reconstrução
do passado
1. Observa a fonte 1.
O professor poderá partilhar com os seus estudantes uma rubrica de avaliação em que defina,
com clareza, o que se espera em termos de desempenho neste domínio específico da disci-
plina (nos seus diferentes graus de qualidade). Neste sentido, e pensando nas propostas de
rubricas de avaliação, estas devem atender aos três domínios e, se for adequado, as rubricas
de avaliação específicas atendendo a algumas propostas de tarefas/atividades. Partilhamos
uma proposta de rubrica de avaliação deste domínio (que pode e deve ser adaptada ao con-
texto educativo de cada professor).
Fig. 7 R
ubrica de avaliação do domínio de «Interpretação de fontes históricas
para a construção de evidência histórica».
Conhecimento
Avaliação Compreensão
Síntese Aplicação
Análise Análise
Aplicação Síntese
Compreensão Avaliação
Conhecimento
Nas respostas dos estudantes a estas questões predominaram ideias de senso comum, con-
siderando que as fontes históricas têm o passado em si próprias sem ser necessária qualquer
questão e que a propaganda poderia ser uma fonte histórica, pela informação que partilhas-
se, mas não pela sua função intrínseca. A partir destas ideias criaram-se as diferentes tarefas.
Num primeiro momento foi solicitado que os estudantes, de forma escrita e individual, anali-
sassem duas fontes iconográficas e respondessem a um conjunto de questões.
• Que tipo de fontes são estas: oficiais, não oficiais, públicas, privadas…? Justifica.
• O que é que veem:
a. na fonte 1?
b. na fonte 2?
• De que forma a frase presente no canto inferior esquerdo da fonte 1 espelha a sociedade
conservadora desse período?
• O que representa o ambiente rural na fonte 1? Justifica.
• A que público se dirigem estas fontes?
1
https://www.youtube.com/watch?v=RBBUqAdiKEs, de 3:39 até 7:12 e de 15:55 até 16:18 (consultado em fevereiro de 2023).
Questões orientadoras:
• O que se encontra representado na fonte 1?
• O que é observável na fonte 2?
• O que podem saber a partir da observação da fonte 1 e 2?
• Quem terá produzido as fontes 1 e 2? Justifica.
• Qual a relação entre a fonte 3 e o título deste guião de trabalho? Justifica.
• Qual a função das fontes 1, 2 e 3 para o estudo do Estado Novo?
• Qual a perspetiva do autor da fonte 4?
• O que nos mostra a fonte 5, relativamente ao contexto existente na época?
• Qual seria a posição política do autor da fonte 5?
• Qual/quais as fontes que terão maior validade para a compreensão do contexto da
época? Justifica.
• Que questões gostariam de colocar às fontes?
• Quais das fontes analisadas consideram mais importantes para a compreensão do tema?
Questões orientadoras:
• O que se encontra representado na fonte 1?
• De que forma se encontra representado Salazar na fonte 2?
• Qual é a intenção da representação da fonte 2? Justifica.
• Será a fonte 2 uma fonte oficial ou clandestina?
• O que será a «cultura popular» referida pelo autor da fonte 3?
• De que forma o tema abordado na fonte 3 se relaciona com as fontes 1 e 2?
• A que período da História portuguesa se refere a fonte 4 e qual a importância da mesma
no regime do Estado Novo?
• Qual é a temática abordada na fonte 5?
• Qual é a perspetiva do autor da fonte 5?
• Qual das fontes traduz melhor a relação entre a História e o regime vigente à época?
Justifica.
• Qual das fontes terá maior validade para a compreensão do contexto da época? Justifica.
• Que questões gostariam de colocar às fontes?
Fonte 1 – Página do Livro da 3.ª classe, 1958. Fonte 2 – Página do livro da Mocidade Portuguesa Feminina,
citada pela historiadora portuguesa da atualidade Irene Pimentel.
Questões orientadoras:
• O que se encontra representado na imagem da fonte 1?
• Qual é o assunto do texto da fonte 1?
• Onde foi inicialmente publicada a fonte 2?
• Segundo a fonte 2, quais as caraterísticas necessárias a um homem para ter uma mulher
ideal?
• Como é que a fonte 2 espelha a sociedade em que foi produzida?
• Qual é a perspetiva do autor da fonte 3?
• Segundo a fonte 4, qual era o motivo que tornava o nosso país excecional?
• Qual é o significado da fonte 4 para a compreensão do papel da mulher no Estado Novo?
• Qual das fontes terá maior validade para a compreensão do contexto da época? Justifica.
• Que questões gostariam de colocar às fontes?
Questões orientadoras:
• O que se encontra representado nas fontes 1 e 2?
• Qual é a intenção das imagens das fontes 1 e 2 na capa de cadernos/livros escolares?
• O que é que nos mostra a fonte 3?
• Que tipo de fonte será a fonte 3?
• O que é que nos mostra a fonte 4 relativamente:
a. à Família?
b. ao Patriotismo?
c. à Educação?
• Qual é a audiência das fontes 1, 2 e 4?
• Identificam alguma(s) diferenças entre aquilo que é relatado na fonte 3 e aquilo que é
apresentado nas fontes 1, 2 e 4? Justifiquem.
• Qual das fontes terá maior validade para a compreensão do contexto da época? Justifica.
• Que questões gostariam de colocar às fontes?
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«Compreensão contextualizada:
• entender – ou procurar entender – situações humanas e sociais em diferentes tem-
pos, em diferentes espaços;
• relacionar os sentidos do passado com as suas próprias atitudes perante o presente e
a projeção do futuro;
• levantar novas questões, novas hipóteses a investigar – o que constitui, em suma, a
essência da progressão do conhecimento.»
(Barca, 2004, p. 135)
Este domínio da História aponta para a necessidade de desenvolver competências nos estu-
dantes que lhes sejam úteis para procurar entender o «nós» e o «outro» em diferentes tempos
e espaços, ou seja, em diferentes culturas. Pensando no «outro», este pode ser-nos «estra-
nho» ou «estrangeiro» aos nossos olhos culturais. Desta forma, ao «ver o outro» e ao cons-
truirmos sentidos das suas ações, podemos compreender o presente e construir horizontes
de expectativa, cenários possíveis do que pode vir a acontecer.
A realidade vivida pelos seres humanos atende ao momento cultural da comunidade em que
se inserem, pelo que, para além do tempo e espaço, que permitem uma localização das co-
munidades em estudo, é crucial compreender o seu quadro de valores, crenças, costumes,
sonhos e medos.
A História tem como objeto a (re)construção do pensamento que esteve por trás das tomadas
de decisão e das ações dos seres humanos no passado. Assim, pretende-se construir uma
explicação em que se tenta compreender as motivações, as condições, as causas e as conse-
quências, diretas e indiretas, previsíveis e imprevisíveis, intencionais e não intencionais…, que
seja suportada pela evidência e que faça sentido, quer no passado, quer no presente, quer
mesmo na possibilidade de desenhar cenários futuros.
A História é, assim, útil, não tanto pelas tradições, pelas lições e exemplos, mas por contribuir
para o desenvolvimento das competências de:
• questionar e procurar compreender historicamente os desafios, os problemas, as surpre-
sas da vida prática, que exigem a tomada de decisões e a ação;
• «ler o visível e o invisível» dos vestígios/das fontes, construindo evidência histórica;
• desconstruir e construir sentido de mensagens diversas, por cruzamento e inferência na
construção de evidência;
• argumentar e contra-argumentar diversas perspetivas;
• (re)construir uma explicação histórica que permita uma compreensão histórica contex-
tualizada, que seja, necessariamente, intercultural, e que contribua para uma fundamen-
tada tomada de decisão e ação.
A compreensão histórica contextualizada envolve conceitos meta-históricos diversos como:
tempo/mudança histórica, explicação histórica, multiperspetiva, empatia histórica, signifi-
cância histórica…
Estes conceitos encerram grande complexidade para poderem ser aqui todos abordados. No
entanto, atendendo às suas várias aceções, considerou-se que poderia ser relevante pensar
acerca do que significa e não significa o conceito de «empatia histórica».
Empatia histórica é:
• Uma operação cognitiva: compreender o comportamento do passado com base no
conhecimento das ideias, crenças, intenções e sentimentos das pessoas/povos desse
passado e também do contexto histórico em que viveram. Assim como compreender que
as nossas explicações empáticas são influenciadas pelas nossas próprias ideias, senti-
mentos, crenças, posicionamento e contexto.
• Uma disposição: respeito e cuidado com os povos do passado. Reconhecimento da dis-
tância entre nós e essas pessoas/esse povos do passado (Perikleous, 2022).
Um conceito meta-histórico que tem uma extrema relevância, inclusivamente por ser uma
das principais ferramentas do historiador, é o conceito de significância histórica. Como refe-
rem Oliveira & Gago (2022) não é possível compreender o passado e explicá-lo sem perceber
a significância dos acontecimentos a serem descritos e explicados (Cercadillo, 2000). A atri-
buição de significância a um acontecimento passado é sempre guiada pelas preocupações
atuais (Cercadillo, 2000), pois a História é uma interpretação do presente e o nosso interesse
no passado passa por querermos contextualizar o presente. O que vai tornar algo como sig-
nificante são as suas ligações a outros acontecimentos e processos, a nós próprios e até a
horizontes futuros (Seixas, 1996).
A significância pode ser:
• «subjetiva»: o que é considerado significante é decidido em função dos interesses e das
motivações de quem atribui o significado, estando muitas vezes diretamente ligado com
a sua cultura;
• «objetiva»: quando os acontecimentos significantes se encontram selecionados e organi-
zados de acordo com os critérios específicos de relevância (Oliveira & Gago, 2022).
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já sei das pp. 43 e 81, no Saber + da p. 90 e no Vidas com História da p. 141.
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