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Paxton e Payne também não centram suas análises na base social do fascismo,

tal como Michel e De Felice. Assim, Paxton (2007) afirma que por mais que grande
parte dos primeiros partidos fascistas fossem de classe média, “todos os partidos são em
grande parte de classe média” (p. 93) e que o fascismo também atraiu integrantes da
classe alta e da classe trabalhadora. De forma semelhante, Payne (1980) argumenta que,
na Alemanha, as classes médias representavam uma parte considerável da população
geral e, em função disso, demonstravam um apoio significativo a uma ampla variedade
de movimentos, incluindo o Socialista. Nas grandes cidades, por exemplo, as classes
médias apoiavam o movimento Nazista numa proporção aproximada do percentual geral
destas classes da população, enquanto um forte apoio notava-se entre as classes altas
urbanas.

Por outro lado, por mais que Michel, De Felice, Paxton e Payne divirjam sobre a
importância da classe média para o fenómeno fascista, os quatro historiadores
convergem acerca da aliança que os regimes fascistas que chegaram ao poder formaram
com as elites políticas que já lá estavam. De acordo com Payne (1980), como não havia
a possibilidade de chegar ao poder pela via revolucionária, os fascistas, pela necessidade
de encontrar aliados políticos, precisaram estabelecer alianças com partidos de direita –
especialmente com a direita autoritária e radical –, e fazer concessões estruturais e
programáticas quando ascenderam ao poder. Segundo Paxton (2007), para alcançarem
êxito na política eleitoral, os partidos fascistas precisaram submeter a retórica fascista à
prática e, para isso, era necessário tornar mais claras suas prioridades. Dessa forma, a
retórica antiburguesa tornou-se mais seletiva na medida em que o fascismo passa a
oferecer, com mais ênfase, um remédio contra a revolução socialista. Sobre este tema,
De Felice (1978) afirma que, por mais que existisse uma retórica anticapitalista no
fascismo, o capitalismo uniu-se para instalar o fascismo no poder; num primeiro
momento para quebrar a resistência das organizações proletárias e, posteriormente, para
resolver a crise política e “constitucionalizar” o fascismo. Similarmente, Michel (1977)
argumenta que os dirigentes reacionários colocaram o fascismo no poder para o domar e
dominar, contudo, ao fim e ao cabo, eles foram assimilados pelos regimes fascistas.

Neste sentido, Michel (1977) afirma que o fascismo não pode ser completamente
identificado com a extrema-direita, mas que ambos se associaram gradualmente, até
integrarem-se entre 1920 e 1945. De igual forma, Paxton (2007) defende que o fascismo
não é “uma forma mais truculenta de conservadorismo, apesar de ter preservado o
regime vigente de propriedade e hierarquia social” (p. 28); e Payne (1980) argumenta
que as ideias e os objetivos dos fascistas eram fundamentalmente diferentes daqueles da
nova direita autoritária, e que o movimento fascista tinha a intenção de transcender tanto
o conservadorismo, quanto o liberalismo e o marxismo. Portanto, fica evidente a
dificuldade de localizar o fenómeno fascista no tradicional mapa político de direita-
esquerda.

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