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O Fascismo na Europa
O fenômeno do imperialismo foi decisivo para a tomada do poder pela extrema
direita em várias nações europeias, isso pois acreditava-se que para o avanço do
capitalismo em cada nação era necessária a dominação de outra nação, por meio da
colonização. (Costa, 2019)
A Alemanha não possuía colônias ultramarítimas e a solução estava na anexação de
territórios. Por conta do atraso na revolução industrial alemã e em sua unificação estatal,
gerou-se um ambiente propício para o fortalecimento da ideologia pangermânica.
(Costa, 2019)
Arendt explica com clareza essa formação ideológica que criou o ambiente
propício para a expansão do nacionalismo nocivo dentro dos países europeus, que
evidentemente estavam em desorganização étnica e social após a Primeira Guerra: “As
nações da Europa central e oriental, que não tinham possessões coloniais e mal podiam
almejar a uma presença no ultramar, decidiram então que “tinham o mesmo direito à
expansão que os outros grandes povos e que, se não [lhes] fosse concedida essa
possibilidade no além-mar, [seriam] forçados a fazê-lo na Europa”. (ARENDT, 2012,
p.314) (Costa, 2019)
Inglaterra e França utilizaram-se desse mesmo discurso para explorar os
continentes africano e asiático de forma desumana, e assim o fizeram durante muito
tempo, justificando suas políticas externas como forma de levar “civilização” aos povos
considerados por eles “primitivos”. O imperialismo utilizou-se da ciência em favor de
uma ideologia em prol da escravidão africana e diminuição da importância de outros
povos para afirmação de sua supremacia. O conceito de nacionalismo para os estados
fascistas vai além do símbolo nacional e o sentimento pátrio. (Costa, 2019)
O Fascismo Português
“Às almas dilaceradas pela dúvida e o negativismo do século, procurámos
restituir o conforto das grandes certezas. Não discutimos Deus e a virtude; não
discutimos a Pátria e a sua História; não discutimos a autoridade e o seu prestígio; não
discutimos a família e a sua moral; não discutimos a gloria do trabalho e o seu dever.”
(CRUZ, Manuel Braga da, O Partido e o Estado no Salazarismo, Lisboa, 1988)
Considerações Finais
Com o decorrer do desenvolvimento deste ensaio académico adquiri
conhecimento pormenorizado sobre a existência de Fascismo desde o século XX até aos
dias de hoje.
Jason Stanley, professor na Universidade de Yale e autor de Como Funciona o
Fascismo, mostra como identificar o fascismo atual. No início do livro Stanley deixa
claras duas coisas. A primeira é que a política fascista, apesar de ser toxica de qualquer
das formas, não é necessariamente um Estado Fascista. E a segunda é que a atualidade
pode não ter a mesma aparência que tinha durante a década de 1960, mas que todos os
sinais de que um dia se chamaram de fascismo voltam a estar presentes na situação
internacional, na atualidade. (Harendt, 2019)
O problema do fascismo é que a partir deste conceito criamos um mito, e os
mitos são inatingíveis por definição, ou seja, nada pode ser comparado com os mesmos.
No entanto, lamentavelmente, o fascismo não tem nada de mitológico, ou seja, foi uma
realidade para milhões de pessoas durante o século XX e aqueles que passaram por esta
experiência contam que nos tempos onde vivemos têm muito a ver com aquilo que
existia nos momentos onde existiram os grandes desastres humanitários.
O livro é dividido em dez temas e explica a necessidade que o fascismo sempre
teve de o apresentar à nação como um passado mítico, fabuloso e adulterado. (Harendt,
2019)
No início da obra, Stanley invoca o movimento America First das décadas de
1920 e 1930 para explicitar a plataforma de eleição de Donald Trump, exatamente com
o mesmo lema e com um discurso semelhante em relação à imigração. O próprio
horizonte de Trump para fazer da América grande outra vez era a década de 1930,
precisamente o período de maiores políticas de pendor fascista. O autor clarifica o
conteúdo material da sua definição de fascismo: “(...) qualquer tipo de
ultranacionalismo (étnico, religioso, cultural), no qual a nação é representada na figura
de um líder autoritário que fala em seu nome. Como Donald Trump declarou em seu
discurso na Convenção Nacional Republicana em julho de 2016, “eu sou a sua voz”,
adiantando que a política fascista inclui muitas estratégias diferentes: o passado mítico,
propaganda, anti-intelectualismo, irrealidade, hierarquia, vitimização, lei e ordem,
ansiedade sexual, apelos à noção de pátria e desarticulação da união e do bem-estar
político” (Stanley, 2018). (Dias, 2022)
Um dos pontos mais importantes da obra de Jason Stanley é o passado mítico, ou
seja, a política fascista invoca um passado mítico da nação, seja religiosamente puro,
racialmente puro, culturalmente puro ou todos os itens juntos. Os políticos fascistas
dizem “naquele tempo não existia isso" ou "tudo era diferente, era melhor”, o passado
mítico é criado para que haja um vínculo de nostalgia entre ele e a política fascista.
Como se nos tempos antigos, seja qual for, não existissem vários dos problemas que
existem ainda hoje ou problemas até mesmo piores. A criação de um passado
"glorioso". É preciso criar um passado “mítico”, mesmo que esse passado nunca tenha
existido de fato. (Ramalho, 2019)
Referências: