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Resumo da Obra:

Wallace observou que uma das ironias daquela estranha paisagem mediática, que deu
origem a uma proliferação de veículos de comunicação com uma trajetória ideológica,
foi que os media criaram «precisamente o tipo de relativismo que os conservadores
culturais condenam, uma espécie de caos epistemológico em que ‘a verdade’ é
totalmente uma questão de perspetiva e agenda política». Estas palavras foram escritas
há mais de uma década, antes das eleições de 2016, mas previram espantosamente o
cenário cultural pós-Trump, em que a verdade cada vez mais parece estar nos olhos de
quem a vê, os fatos são intercambiáveis e socialmente construídos e, com frequência,
sentimo-nos transportados para um mundo invertido, onde as premissas e as posições
em vigor foram, há décadas, substituídas, de repente, pelo seu contrário. Na literatura,
no cinema, na arquitetura, música e pintura, os conceitos pós-modernistas revelar-se-
iam emancipadores e, em alguns casos, transformadores, dando origem a uma ampla
gama de trabalhos inovadores de artistas como Thomas Pynchon, David Bowie, os
irmãos Coen, Quentin Tarantino, David Lynch, Paul Thomas Anderson e Frank Gehry.
Quando aplicadas às ciências sociais e à história, as teorias pós-modernas acabaram
dando origem a todo o tipo de implicações filosóficas, tanto intencionais quanto não
intencionais, que, mais tarde, teriam repercussões na nossa cultura. Há muitas linhas
diferentes de Pós-modernismo, assim como muitas interpretações diferentes. No
entanto, de modo geral, os argumentos Pós-modernistas negam a existência de uma
realidade objetiva independente da perceção humana, argumentando que o
conhecimento é filtrado pelos prismas da classe, raça, gênero e de outras variáveis. E
Trump, tanto como candidato tanto como presidente, permitiu que os conflitos sociais e
políticos tomassem grandes proporções de modo a ampliar a sua base e a desviar a
atenção dos seus fracassos políticos e dos seus variados escândalos. Não é coincidência
que os trolls russos, que trabalham para eleger Trump e para tentar minar a fé no
sistema democrático norte-americano, estivessem, ao mesmo tempo, a usar perfis falsos
em redes sociais com o intuito de ampliar ainda mais as divisões entre os norte-
americanos. Alguns dos críticos mais eloquentes da política do medo e da divisão de
Trump foram conservadores, como por exemplo, Steve Schmidt, Nicole Wallace, Joe
Scarborough, Jennifer Rubin, Max Boot, David Frum, Bill Kristol, Michael Gerson e os
senadores republicanos John McCain e Jeff Flake.

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