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Resumo e reflexão do texto História depois do fim da história.

Disciplina de teorias história I


Profº Dr. Marco Aurélio.
Graduando: Willian do Nascimento Sampaio.

Depois de realizar a leitura do texto de J. Fontana, percebi que o seu conteúdo é


cada vez mais atual. No cenário em que nos encontramos existe um complexo de ideologias
anticomunistas e/ou contra qualquer alternativa de sociedade. Fontana nos mostra que essa
doutrina conformista, desacreditada de qualquer projeto de sociedade, tem sua história e seu
início é marcado pelo que ele denomina de fim da história em 1989. Não obstante, o autor
ressalta que bem antes, na década de 1960 ocorre progressivamente um deslocamento de
produções da história social para a história cultural. Em seguida, 1974, é publicada Faire
l’histoire, estudos dirigidos por Pierre Nora, a partir daí amplia-se o que François Dosse
chamou de “história em migalhas”, “com ênfase na cultura e nas mentalidades” (FONTANA,
1998:9).
Notamos que entre 1960-1980, amplia-se a fragmentação do campo histórico com
a nouvelle histoire. Fontana afirma que ai não se produzem escolas, mas somente tendências,
seria a crise de um novo modelo (social) de compreensão com rigorosa investigação histórica.
Ao contrário, se produz tendências como os “cliometras”, que realizaram uma história de
gabinete, utilizando dados de segunda mão, longe do contato coma realidade, teve como
resultado formulações simplistas. No campo de análise do marxismo ocidental sobreviveu as
análises de Eric Hobsbawm, Cristopher Hill e E. P. Thompson.

O autor indica os “primeiros” empreendimentos de negação das formulações


progressistas. Tem como um dos seus principais investidores os EUA, em 1930, sua história
oficial se baseava numa narrativa patriótica, de conquistas e “omitia qualquer menção à raça,
escravidão, conquista dos povos nativos e opressão sobre muitos grupos marginalizados,
incluindo as mulheres” (FONTANA, 1998:9). A partir de meados do século XX, observamos
grupos como “As filhas da revolução Americana”, no contexto da guerra fria, que
denunciavam os livros de estudos sociais, denominados de subversivos. Surgem instituições
como financiadoras ou financiadas: universidades ou institutos de pesquisas (GENIS, CIA,
Fundação John M. Olin). Essas instituições foram responsáveis pelo financiamento de ideias
antialternativas, não objetivam soluções para os problemas sociais, apenas formar espíritos
acomodados com a desigualdade e à fome.
Fontana afirma que essas produções de ideias conformistas, a favor do sistema
capitalista, ganham fôlego depois de 1989 com a demolição dos regimes do leste europeu (o
chamado “socialismo real”). Nesse cenário, a campanha norte-americana com aquelas
instituições conservadoras investe no reforço da “convicção de que toda tentativa de subverter
a ordem estabelecida era inútil, que toda a revolução- fosse a francesa de duzentos anos atrás
ou a soviética de 1917- acabava convertendo-se num fracasso sangrento”. Francis Fukuyama
foi encarregado, financiado pela fundação J. M. Olin, de publicar um artigo “sobre o fim da
história”. Depois Huntington em 1993, publica “The Clash of Civilizations?”, o objetivo de
seu trabalho era “apavorar o mundo”, buscava “definir uma nova ameaça mundial” que se
colocaria contra a civilização ocidental, com o interesse de que o próprio ocidente,
heterogêneo, supere as suas diferenças e se unifique no combate ao “império do mal”. A
fundação Olin, torna-se EUA, umas das principais financiadoras e difusoras em nível mundial
dessas teorias conservadoras, essas podem ter efeitos perigosos em tempos de desordens, mas
que não resistem à mais elementar análise crítica.

Por outro lado, na década de 1990, surgem grupos com propostas de histórias
globais como os “civilizacionistas”, que buscam em grandes esquemas históricos interpretar o
passado e fazer previsões para o futuro. A world history que concebe a história humana em
termos de estágios sociológicos, convergindo para uma forma e a global history acreditam
que caminhamos para a unificação planetária na qual é preciso considerar a igual participação
de todos os povos.

Contudo, a pós-modernidade, implicou na negação de todo tipo de visão global.


Essa visão da história começou na década de 60, com a negação da história social com suas
correntes de inspiração marxista, em especial a primeira e segunda geração da chamda escola
dos annales 1929-1969, o Weberianismo, os chamados “novos historiadores” norte-
americanos, etc. Ainda, o autor ressaltar o risco de se confundir a pós-modernidade com a
nouvelle histoire. A pós-modernidade pode ser considerada o fracasso da modernidade e seu
postulado de “conseguir elevados níveis de bem estar social ‘por meio da aplicação da razão,
da ciência e da tecnologia’” (FONTANA, 1998:9). Seria mesmo a descrença na segunda
história universal iniciada pelos filósofos da história no século XVIII. O ser humano
acumulou conhecimento tecnológico, cientifico, mas a fome e as guerras continuaram durante
o século XX.
Vale ressaltar que ao lado da história universal do século XIX, marxistas e
positivitas, havia a escola metódica que postulavam uma história tal qual, depois de mais ou
menos um século, nos encontramos na pós-modernidade e sua negação de qualquer história
universal, global e na impossibilidade da história tal qual. O autor elencar alguns
“fundadores” da pós-modernidade: Lyotard, Barthes, Foucault, Derrida, Deleuze, Ricouer,
Certeau, seus trabalhos fundam-se na critica a modernidade. Tem como resultado desse
conjunto que “a história não é nem ficcional nem factual, é imaginativa e interpretativa”
(FONTANA, 1998:30). O que existe na história seria uma serie de discursos, as lutas, os
comportamentos, os acontecimentos, são resultados de confrontos de discursos.

Cardoso (2012, p. 2) alerta que, nesse paradigma, “texto se opõem a textos ou


remetem a outros textos; mas a sociedade em si, ou história que os homens fizeram no
passado, seriam objetos inatingíveis em si mesmas”. A história pós-moderna ou
desconstrucionista nos oferece uma série de conceitos e diferentes formas de abordagens no
momento da pesquisa, o que Fontana alerta é no cuidado para não reduzir tudo a discurso. O
paradigma pós-moderno de algum modo dialoga com as doutrinas sem soluções, somente
antialternativas, com suas interpretações negativas acerca das revoluções do passado,
construção de uma visão de mundo conformista, improdutivas do ponto de vista social; seu
objetivo era “fazer acreditar que vivíamos no melhor dos mundos possíveis e que não havia
por que tentar transformá-lo” (FONTANA, 1998:35). Com o fim da história, os historiadores
deveriam se dedicar a contos e discutir teorias irrelevantes, de “ar livresco”, em seus
gabinetes, bastante distante das realidades sociais.

O autor finaliza que a história deve servir como instrumento de compreensão e


luta, o nosso desafio é nos metermo-nos problemas do nosso tempo, analisar os mecanismos
de pobreza e fome, por exemplo. É preciso adotar a postura, novamente, de que a ideologia do
ser humano incorrigível e que por isso nada pode mudar não é algo natural da humanidade,
mas uma visão construída historicamente e que não atende aos interesses das camadas pobres,
maioria, nas sociedades.

Referências

FONTANA, J. História depois do fim da história. SP: EDUSC, 1998.


CARDOSO, C. F. História e conhecimento: uma abordagem epistemológica. In: Novos
domínios da história. RJ: Elsevier, 2012, p. 1-19.

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