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GIRO LINGUÍSTICO E UNIR

PÓS-MODERNIDADE TEORIA DA HISTÓRIA III


O CONTEXTO DO DEBATE...
Até a década de 1960, as teorias acerca das sociedades complexas estavam dominadas por duas
posições polares:
1. Interação social - funcionalista;
1. Sociedade pensada como uma soma de indivíduos delimitado, unificado, integrado, livre e
transparente a si mesmo. As necessidades socais teriam gerados necessidades que fizeram surgir
o estado que age de acordo com determinadas funções. Sociedade estratificada. Estratificação
justificada.
1. Max Weber; Durkheim, Talcoot Parsons.
2. O conflito social – de inspiração marxista.
1. Sociedade fundada na dominação, exploração e coerção social. Luta de classes. Proprietários,
não proprietários; não existe indivíduos, mas classes sociais. Sujeitos transindividuais. O que é
o homem? X O que pode o homem chegar a ser?
1. Karl Marx; Friedrich Engels, Antônio Gramsci, Walter Benjamin.

Teorias racionalistas – ocidentais – que surgiram ligadas ao iluminismo.


O CONTEXTO PÓS-GUERRA.
As mudanças de paradigmas e o surgimento de novas ideias/conceitos:
1. As ideias de Freud – psicanálise – sobre o inconsciente;
2. O estruturalismo de derivação linguística. – Claude Lévi-Strauss e Roland Barthes – que chamou atenção
para existência de múltiplos sistemas de signos e seus infinitos significados;
1. EXP.
3. As linguagens filosóficas que iam de Nietsche e Heideger, Husserl – a fenomenologia e sua crítica –, e de
Kierkegaard a Sartre – o existencialismo;
1. Na década de 1960/68... p. 77/78.
1. Surgiu uma nova corrente teórica surgiu empenhada em compreender o indivíduo e a sociedade. Uma
terceira propositura: “UMA TERCEIRA PROPOSIÇÃO”. PÓS-MODERNA – PÓS ESTRUTURALISTA.
2. Fará uma crítica as ciências sociais e humanas, anunciando o fim de várias possibilidades:
1. A busca de uma verdade;
2. A existência de um eu unificado;
3. Da fundamentação de sentidos inequívocos;
4. De legitimação da civilização ocidental;
5. De revolucionar em profundidade as estruturas sociais.
OS INTERLOCUTORES....
A terceira proposição surgiu na França e na Alemanha;
Tal movimento intelectual se inspirou no niilismo e no
pansemiotismo, numa negação da explicação em favor da
hermenêutica relativista. p. 79.
M. Foucault.
Os interlocutores:
1. Michel Foucault; Obras: História da Loucura (1961), Doença
Mental e Psicologia (1962); O Nascimento da Clínica (1963);
As Palavras e as Coisas (1966); A Arqueologia do Saber
(1969); Vigiar e Punir (1975).
2. Martin Heidegger; Obra: Ser e Tempo (1927); Ser e
Tempo (1927); A Caminho da Linguagem (1959); Língua e
Pátria (1960); Nietzsche (1961);
M. Heidegger.
FOUCAULT...
Foucault nasceu em Poitiers, na França, em 15 de outubro de 1926.
Do contexto: Viveu uma das épocas mais conservadoras da França do século XX,
com general De Gaulle como presidente da república.
Entrou para a Sorbonne em 1946, após estudar a obra de Hegel com Jean
Hyppolite, e lá se graduou em filosofia.
Em 1952 formou-se em psicologia pelo Instituto de Psychologie;
Dos diálogos intelectuais: conheceu Dumézil na Suécia, Sartre, Deleuze, Merlau-
Ponty, Bourdieu e Lacan, na França.
 A partir da década de 50, começou sua vida de escritos.

Autor, conferencista e professor, atuou no celebre no célebre Collège de France, de


1970 até 1984 (ano da sua morte – 25 de julho), na cátedra de História dos
Sistemas do Pensamento.
Um intelectual ativo nas revoltas de Maio de 68.
FOUCAULT, PÓS-ESTRUTURALISTA...
Foucault como um intelectual “que logo vai assumir lugar de destaque na galáxia estruturalista
nascente...”
1.O prestígio de sua disciplina – a filosofia;
2.A capacidade de historicizar o seu objeto – novo objeto;
 Os eventos frios.
As três figuras de Foucault – As fases etapas do seu pensamento;
1.Um filosofo que historiciza o seu objeto; - História da Loucura – 1956;
 Um sintoma de ruptura com a história do sujeito ocidental à qual o autor opõe a imagem do seu duplo,
esquecido e recalcado, saído da exclusão: a loucura. (p. 196); A morte do homem moderno.
 Como ocorre a morte do homem moderno?
2.O herdeiro declarado de Nietsche - Perspectiva da desconstrução nietzschiana fazendo uma critica aos
valores dominantes – a demarcação de um novo objeto: o biopoder;
 Ver Foucault o avesso da razão (p. 196-203);
3.Um Foucault inacabado, afeito a narrar-se, entender-se; Um Foucault da estética de si;
 Um “único Foucault.”
Busca uma ontologia do presente; Uma voz arqueológica (arquegenealógica) em busca da emergência;
A CRITICA A MODERNIDADE E AS SUAS CATEGORIAS: A
HERANÇA DE NIETSCHE.
“O que ocorre ai é uma critica radical a modernidade e as suas categorias.” (Dosse, 2001, p. 203).
Barthes sobre a História da Loucura.
Os fundamentos da Pós-modernidade: Nietsche, o mundo moderno – o humanismo e a história.
As considerações intempestivas: Conjunto de brochuras de combate contra os valores da época
reproduzidas acadêmicos – publicados em fevereiro de 1874;
 Título inicial da obra “A Doença Histórica”;
 “Sobre a utilidade e os inconvenientes da História para a vida”;
De que trata A II Intempestiva:
1.Uma crítica ao Historicismo em todas as suas versões (quais?);
 “Febre histórica”; “febre historicista”
2.Ataque contra a Filosofia da História de Hegel e dos hegelianos; - critica ao cogito
 A Submissão da filosofia hegeliana ao presente e a sua teleologia idealista;
3.Uma condenação das visões cientificistas da História;
Rejeita a ideia de uma evolução humana para um fim determinado;
 Critica as noções de: “necessidade histórica”; “Processo Histórico”;
Acusa os meios acadêmicos de usar a história para castrar os instintos da juventude;
A CRITICA PÓS MODERNA DE FOUCAULT E A HISTÓRIA.
A arqueologia do saber (1969). Uma lição de método: – a arquegenealogia; - técnica de
formulação linguística: a semiótica; a interpretação filosófica e a hermenêutica. p. 217
 Define-se como arqueólogo, fala de genealogia.
 Insere, no campo da história, a noção de prática discursiva; - nega a noção de signo e seu referente. P. 218
 O simbolismo de 1968: O rompimento com o estruturalismo;
 Uma aproximação com os historiadores – os herdeiros dos Annales; (p. 212-214).
Uma aproximação ao estilo nietzschiano – para desconstruí-la por dentro. (p. 210-211);
 Uma relação tensa e conflituosa com os historiadores: Uma adesão ilusória.
 O que interessa a Foucault é a esfera discursiva, e não o referente, que continua sendo o objeto por excelência do historiador. (p. 214).
 Conceito central da “arqueologia do saber” – o discurso – situado entre a estrutura e o acontecimento. (p. 217)
 Uma critica a noção de documento. (p. 215).

Uma critica a ideia de recuperação total do passado; a narrativa histórica é um discurso que
instaura o seu outro – o homem do passado.
O passado historiado é imerso em camadas discursivas – a sua existência é, se não, permitida
pelo discurso que o instaura;
 A critica continua sendo o homem, “aquele que foi erigido em rei da criação: o homem”. (p. 215).
 “O estudo das formações discursivas. O arqueólogo não só deve fazer abstração da verdade... Como também deve
fazer abstração de sua pretensão ao sentido”. p. 216.
A CRISE DA HISTÓRIA...
Uma crise da História - 1970/1980; O contexto da crise – O ceticismo do Linguist Turn:
1. P. Veyne - Como se escreve a História (1971); "um relato e o que se denomina de explicação não é mais que a maneira de a
narração se organizar em uma trama compreensível";
 Há um hiato entre a representação/narrativa histórica e a experiência concreta;
2. Hayden White - Meta-História (1973); "As formas estruturais profundas da imaginação histórica" - a metáfora; a
metonímia, sinédoque e a ironia; são "uma forma de operação para criar ficção";
Destacaram o caráter da narrativa histórica como uma construção do historiador; interpelações que suscitaram profunda
preocupação;

Quais as implicações na historiografia?


Das questões e do diagnóstico da crise:
1. Como validar o estatuto de ciência de um conhecimento cujo objeto – as experiências passadas – está ausente? Como
aproximar a narrativa histórica – presente – do que foi a experiência passada?
2. Seria a História uma mera construção literária/narrativa; ficcional?
3. Se a história, como disciplina de saber partilha suas fórmulas com a escritura de imaginação, é possível continuar
atribuindo a ela um regime específico de conhecimento? O que valida o estatuto de conhecimento científico que assume a
história?

“Relação de Forças” – Carlo Ginzburg; retórica e prova; aqui o objeto da reflexão era sobre a natureza
da narrativa hostórica; a não separação entre retórica e prova.
DA OPERAÇÃO HISTORIOGRÁFICA: A CONSTITUIÇÃO DA
HISTORIOGRAFIA COMO NARRATIVA.
Das questões de Certeau: o que produz o historiador quando produz
história?
 “A historiografia” – história e escritura – trans inscrito no próprio nome um paradoxo – e
quase um oximoro – que aproxima “realidade” e “discurso/narrativa.”

O CONCEITO DE NARRATIVA; a metáfora do sucateiro em Certeau;


O que é a história para Michel de Certeau?
M. de Certeau - A escrita da História (1975); "o discurso histórico
[narrativa histórica] pretende da um conteúdo verdadeiro (que vem da
verificabilidade), mas sob a forma de uma narração".
Refundação epistemológico do regime próprio da cientificidade da história;
 Reconhecer as dimensões retóricas ou narrativas da escritura da história não implica
negar-lhe a sua condição de conhecimento possível – em sua pretensão de verdade;
(Chartier, 2009).
 Se destaca a intenção de verdade que é constitutiva da narrativa histórica.
A NARRATIVA DESDOBRADA EM M. DE CERTEAU...
Então, se a história é narrativa, o que valida o discurso histórico?
Diferente de outras formas narrativas, em Michel de Certeau, a narrativa histórica está:
 Desdobrada, folheada, fragmentada: “coloca-se como historiográfica a narrativa que ‘compreende’ seu outro
– a crônica, o arquivo, o documento – quer dizer, aquilo que se organiza folheado [grifos do autor], do qual uma
metade, contínua, se apoia sobre a outra, disseminada, e assim se dá o poder de dizer o que a outra significa
[...]”. Certeau (1975, p. 111) LOCALIZAR A LEITURA NA EDIÇÃO PROPOSTA PELA BANCA...
 Pelas: ‘citações’, referências, pelas ‘notas’ – de rodapé – e pelos vários aparelhos de remetimentos – a uma
linguagem primeira – situada no plano da experiência concreta – a narrativa histórica se estabelece como um
saber do outro.
 A escrita da história – historiografia – que se configura como uma narrativa presente que, guiada pela
operação científica – remete ao que foi, mas não é mais a experiência pretérita...
 A narrativa histórica – como escritura desdobra – tem a tripla tarefa de:
1. Convocar o passado; - identificação de um objeto – produção de objetos determinados pelo historiador;
2. Mostrar as competências do historiador – o dialogo com as fontes; as regras metódicas; o domínio
teórico/conceitual; a institucionalização;
3. E convencer o leitor – na forma de um texto;
A NATUREZA NARRATIVA DA HISTÓRIA...
O que caracteriza a narrativa histórica a ponto de lhe diferenciar de outras formas narrativas –
míticas, ficcionais?
 A organização da narrativa histórica em torno de uma questão – pergunta – sugere a existência de
uma história recortada a partir de um enredo – conceito tomado de empréstimo de White e Veyne;
 O objeto do historiador é construído em função da objetividade/subjetividade e da existência das
categorias: tempo; espaço; personagens; fatos;
A narrativa histórica:
1. Descreve um percurso no tempo: o seu plano é cronológico (A. Prost) – linear? Circular? – O uso
dos estratos de tempo.
2. Reconstrói – metodicamente – a experiencia temporal com base no que sobreviveu, no presente, da
experiência passada – nas fontes/rastros/arquivos;
 Se a história nasce de uma pergunta – por que – a sua razão de ser é a busca – incessante – por uma
resposta – porque – extraída das fontes.
 3. Se presta à explicação/compreensão das mudanças; Qual a razão dessa ocorrência; por que e como
ocorreu?; historiador busca no passado as causas (reais/imaginárias) dos fatos;

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