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HISTÓRIA
CULTURAL?
AUTOR: PETER BURKE
APRESENTAÇÃO: JOANA SCHERRER
CARNIEL (UFES)
Peter Burke
→ Historiador inglês nascido em 1937 (82 anos)
→ Objetivo do livro:
17/09/2020
Introdução
O QUE É HISTÓRIA CULTURAL?
→ “para o bem ou para o mal, a questão ainda espera uma resposta definitiva”.
→ objetos que podem ser dados como objetos da história cultural: pênis, arame
farpado, masturbação.
Talvez uma solução seria deslocar dos objetos para o MÉTODO. Qual é o método da
História Cultural? Aqui também há dificuldades.
17/09/2020
Introdução
→ alguns trabalham intuitivamente
17/09/2020
Introdução
→ Importância da tradição germânica
17/09/2020
Capítulo 1
“A história cultural não é uma descoberta ou invenção nova. Já era praticada na
Alemanha com este nome há mais de 200 anos”. (p. 15)
17/09/2020
História cultural clássica
→ O historiador suíço Jacob Burckhardt – A cultura do renascimento (1860)
Huizinga:
“Que tipo de ideia podemos formar de uma época, se não vemos pessoa alguma
nela? Se só pudermos fazer relatos generalizados, vamos apresentar apenas um
deserto a que chamamos de história”. (p.19)
17/09/2020
Contribuição externa - Sociologia
Max Weber – Ética protestante e o espirito do capitalismo (1904)
→ ponto central da obra (segundo Burke) era apresentar uma explicação cultural para a
mudança econômica
17/09/2020
A grande diáspora e a descoberta
do povo
Ideia de “cultura popular”- Alemanha no fim do século XVIII
17/09/2020
Capítulo 2 – problemas da
história cultural
→É preciso questionar as fontes
→“A tentação que o historiador cultural não deve sucumbir é a de tratar os textos e as
imagens de um certo período como espelho, reflexos não problemáticos de seu
tempo”. (p.32 – 33)
17/09/2020
O que é cultura?
Termo “cultura” – problemático
Conceito vago.
17/09/2020
Capítulo 3 – A vez da
antropologia histórica
“Um dos aspectos mais característicos da prática da história cultural entre as
décadas de 1960 e 1990 foi a virada em direção à antropologia.” (p.44)
→Expansão da cultura
→Explicações culturais
17/09/2020
Capítulo 3 – A vez da
antropologia histórica
“De 30 anos pra cá, ocorreu um deslocamento gradual no uso do termo pelos
historiadores. Antes empregado para se referir à alta cultura, ele agora inclui também a
cultura cotidiana, ou seja, costumes, valores e modo de vida. Em outras palavras, os
historiadores se aproximaram da visão de cultura dos antropólogos.” (p. 47)
17/09/2020
Capítulo 4 –Um novo paradigma?
→ A expressão “nova historia cultural” (NHC) entrou em uso no fim dos anos 1980. A
historiadora note americana Lynn Hunt publicou um livro com este nome.
→ Expressão que teve sucesso nos Estados Unidos, mas foi um movimento
internacional
17/09/2020
Quatro teóricos
Burke foca em quatro autores cujas obras foram centrais para a nova história cultural:
17/09/2020
As vozes de Mikhail Baktin
→teórico russo da linguagem e da literatura cujas ideias se tornaram também
interessantes para os estudos culturais.
→noção de “polifonia”
17/09/2020
A civilização de Nobert Elias
Obra importante: O processo civilizador (1939), publicado em 1939 mas que na década de
1960 teve influencia sobre antropólogos e historiadores culturais.
“fronteira da vergonha”
“fronteira da repugnancia”
“competição”
“habitus”
“figuração”
17/09/2020
A civilização de Nobert Elias
Críticas:
17/09/2020
O regimes de Michel Foucault
→primeiro filósofo depois historiador (segundo Burke) fez sua reputação estudando a
loucura, as prisões, a vigilância sobre a sexualidade. *destaca-se a preocupação de
Foucault com os excluídos, os marginalizados.
Foucault contribuiu com a crítica a uma história teleológica, rejeitando a correlação entre
história e progresso.
17/09/2020
O regimes de Michel Foucault
Em A ordem das coisas (1966) Foucault estuda os “discursos” do século XVII e XVIII.
→Em Vigiar e Punir (1975) Foucault faz uma série de paralelos entre as prisões, os
hospitais, as escolas, as fábricas e os quarteis como instituições produtoras de “corpos
dóceis’’.
17/09/2020
Os usos de Pierre Bourdieu
• Bourdieu “filósofo que se transformou em antropólogo e sociólogo, não escreveu
história” (p. 76)
→Reprodução cultural - processo pelo qual um grupo, mantém sua posição na sociedade
por meio de um sistema educacional, que parece ser autônomo e imparcial, embora na
verdade selecione para a educação superior alunos com qualidades que lhes são
inculcadas desde o nascimento naquele grupo social.
17/09/2020
Os usos de Pierre Bourdieu
→ Outra contribuição é a de “habitus” ou “teoria da pratica” – reagindo à rigidez das ideias
estruturalistas, Bourdieu examinou a prática cotidiana em termos de improvisação
17/09/2020
Práticas
→Novo paradigma
→A história das práticas vem tendo impacto sobre campos relativamente tradicionais da
história cultural, como o estudo do Renascimento.
17/09/2020
História da leitura
→Michel de Certeau (teoria cultural) enfatiza o novo foco sobre o papel do leitor
→Roger Chartier – grande historiador da leitura – que compreendeu a leitura como prática
social, bem como noção de que a leitura implica uma elaboração de significados que não
estão apenas nas palavras escritas, mas precisam ser construídos pelo leitor, e os
diferentes significados que cada um se apropria do texto que lê.
→Reações dos leitores aos textos também estão sendo bastante estudadas.
17/09/2020
Representações
→ Exemplo famoso desse tipo de história é o livro As três ordens (1978), do historiador francês
Georges Duby, um estudo sobre as circunstâncias que cercam a construção da famosa
imagem medieval da sociedade como composta de “três estados”.
→Duby apresenta essa imagem não como simples reflexo da estrutura social medieval, mas
como uma representação, com o poder de modificar a realidade que parece refletir.
17/09/2020
Orientalismo na Música
→Edward Said e seu estudo Orientalismo de 1978
→Em 1993: Said analisou uma ópera musical (Aída, de Verdi) que demonstrava o
estereótipo ocidental do Oriente, como “um lugar essencialmente exótico, distante e
antigo, onde os europeus podem ostentar certo poder”. (p.87)
17/09/2020
A história da memória
→Exemplo: caso dos protestantes do sul da França, estudados pelo historiador Philippe Joutard.
Ele mostra como, em uma cultura impregnada pelas escrituras, as memórias da perseguição
da comunidade protestante pelos católicos foram contaminadas ou mesmo moldadas por
histórias bíblicas de perseguição ao povo escolhido.
→No interior de cada comunidade, a observação de Geertz – “historia que eles contam sobre si
mesmos” – pode nem sempre ser válida pois católicos e protestantes não contam as mesmas
historias sobre si mesmos, então, complementando Geertz, Burke afirma ser necessário fazer
a grande pergunta social: “De que memória estamos falando?” Homens e mulheres, ou a velha
e a nova geração, podem não se lembrar do passado da mesma maneira. Em uma dada cultura,
as memórias de um grupo podem ser dominantes, e as de outros, subordinadas.
17/09/2020
Cultura material
→A maioria dos estudos sobre cultura material enfatiza o clássico trio de temas —
alimentos, vestuário e habitação — e muitas vezes focaliza a história do consumo.
→Em La culture des habits (1989), o historiador francês Daniel Roche voltou-se para a
história das roupas, por achar que “elas nos dizem muito sobre as civilizações”. Códigos
de vestuário revelam códigos culturais. “Por trás do vestuário”, observa Roche, “é
possível encontrar estruturas mentais.”
17/09/2020
História do corpo
→Outro domínio muito próspero da NHC
→ Estudo de Gilberto Freyre (1930) estudou as aparências dos escravos nos jornais do
século XIX
→Estudos sobre o corpo masculino e feminino, corpo como experimento e como símbolo, o
corpo dos atletas, dos anoréxicos, dos santos, dos pecadores -> Revista Body and
Society (1995).
17/09/2020
Revolução na história cultural?
→Tentativa de demonstrar a variedade de abordagens praticadas sob a rubrica da NHC
→“Para o historiador, não existem coisas banais”, já que “instrumentos e objetos são
decorrências de atitudes fundamentais perante o mundo”. (p. 97)
17/09/2020
BURKE, Peter. O que é história cultural? 2ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
17/09/2020