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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

NOME: KARINE DE FATIMA ALMEIDA RA: 20010989

DISCIPLINA: TEORIA DA HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA IV

PROFESSORA: PATRÍCIA CARLA MELO MARTINS

Fichamento de conteúdo – Livro Teoria da História (FUNARI; SILVA)

Capítulos: III, IV, V, VI e VII

FUNARI, P. P. A.; SILVA, G. J. . Teoria da História. São Paulo: Brasiliense,


2008. v. 1. 105p .
III – A escola metódica
Seu contexto de formação se dá pela derrota na guerra franco-prussiana
(1870) e tem influência na pesquisa histórica alemã, o fato da derrota dos
franceses na guerra faz com que a nação busque uma nova origem que
superasse tal acontecimento e também novas modos de pensar a história
nacional (p. 34).
Como já em seu nome -metódico- remete a metodologia, essa
historiográfica busca trazer os significados da história através do uso de
documentos, principalmente escritos, tendo uma rigorosidade ao trabalhar com
eles. Esses documentos escritos seriam capaz de reconstruir uma história,
agora visando o meio nacional, para a construção identitária (p. 35).
A produção metódica traz suas preocupações científicas, os trabalhos
produzidos tinham sua originalidade, constituídos através da imparcialidade de
espírito, manifestação de uma história como fim em si mesmo, ou seja,
trabalhos com comprovação, com provas. Distancia-se da literatura, da
especulação e não objetividade, o rigor metódico como a única maneira de obter
o conhecimento histórico (p. 36-37).
Outro fator a destacar em relação aos documentos é que se tem uma
organização, gestão e conservação, ressaltando os documentos escritos e
oficiais (p. 38). O estudo imparcial e simpático do passado estaria elencado
então para uma criação de uma unidade nacional, a escola metódica tem uma
importante difusão na educação da época, com o pretexto de nutrir um
sentimento nacional e pátrio (p. 40-41).
Por fim, a escola metódica volta a ser discutida pelos Annales, os quais
realizam suas críticas (p. 41-42).
IV – A concepção histórica em Marx
Marx em Berlim tem seu primeiro contato com a filosofia hegeliana,
fazendo parte do grupo hegelianos de esquerda/jovens hegelianos, tal
pensamento se contrapõe aos hegelianos de direita. Com a inspiração no
idealismo e a ideia de que o Estado é a mais alta realização do Espírito, os
hegelianos de direita se voltavam para o conservadorismo. Já os jovens
hegelianos tinham uma visão totalmente diferente sobre a essa concepção,
pautados na interpretação matéria, negando a ideia de um Espírito absoluto (p.
44).
Outra diferença entre essas duas vertentes hegelianas, é que a direita
tinha uma proximidade e adesão maior aos dogmas católicos, enquanto a
esquerda realizava a crítica a esses dogmas e das explicações espirituais, já
que eles convertiam o idealismo em materialismo (p. 45).
Para Hegel, o mundo é o vir a ser do Espírito, onde o desconhecimento
do homem é o ponto de partida para seu desenvolvimento racional, a ideia do
mundo espiritual é que tudo se origina nele e que tudo volta para ele. Hegel
utiliza do princípio das contradições – TESE (afirmação) – ANTÍTESE (negação)
– SÍNTESE (negação da negação (P. 46).
A articulação de Hegel é na história universal, a ideia de que o homem
domina e muda a natureza e isso faz parte do ciclo dialético e da lógica do
espírito. Marx contraria-o, já que para ele a lógica está invertida, o ponto de
partida deveria ser o mundo físico e não o Espírito e a compreensão do mundo
deveriam ser na matéria (p. 46-47).
A concepção histórica em Marx se dá também na consciência histórica da
opressão por meio dos iguais, de um trabalho que antes dignificava para um
trabalho que divide, temos então a divisão social do trabalho, propriedade
privada dos meios de produção e a divisão em classes sociais (p. 47).
As obras de Marx visam pensar como é possível agir e intervir na
realidade, busca a emancipação humana, para que os homens se libertassem
das desigualdades vigentes, ou seja: a consciência e transformação social. Na
obra da ideologia alemã, Marx demonstra que a compreensão do mundo deve
partir dos homens vivos na realidade, da ideia de que a história é um progresso,
o proletariado atuante e transformador da realidade social e que a história de
toda a sociedade é a história de luta de classes. A contribuição marxista é de
uma teoria social que se volta para diferentes grupos humanos (p. 48-51).
V – A Escola dos Annales
Para compreender os ideais da Escola dos Annales, devemos
primeiramente entender o contexto da época, Estrasburgo se torna território
francês após o fim da primeira guerra mundial, é algo significativo na
historiografia francesa. No campo das universidades tem-se a seleção de
importantes intelectuais, em 1929, Marc Bloch e Lucien Febvre criam a revista
Annales d’Histoire Économique et Sociale, com um novo paradigma e também
para encerrar a tradição historiográfica que os procedera (p. 56).
O contexto da mudança nas ciências humanas também é necessário
ressaltar, a importância de se analisar para se confirmar um fato, da ligação da
sociologia com o meio histórico (p. 58).
A seguir, será discutidos as 3 gerações dos Annales
1ª Geração – (1929 a 1945) Marc Bloch e Lucien Febvre
Temos aqui a criação da História problema, uma história que formula
hipóteses pelo meio científico, já se tem uma base também para a
interdisciplinaridade – recorrer a outras áreas para a análise documental, que se
mostrou bem importante nesse período, a constituição de um corpus
documental, para alcançar o homem (p. 59).
A história aqui vista como uma ciência que estuda o passado humano e a
partir dos documentos (não só os arquivos), extrair deles um nome, lugar, data...
Vale ressaltar um fato importante sobre essa historiografia, o fato do homem ser
o objeto da história (p. 60).

A história é o estudo do "passado", mas não o passado em si; presente


e passado são construções dos historiadores. O presente é o lugar
temporal a partir do qual a prática histórica é realizada ponto e, é o
lugar das problematizações que orientam essa prática. O passado é,
definição, um dado que nada mais modificará. Mas o conhecimento do
passado, como observa Bloch (2001), é uma coisa em progresso que
incessantemente se transforma e aperfeiçoa (p. 61).
Se tem na Escola dos Annales a criação dos objetos, se tem também a
criação dos fatos, para a compreensão deles, é necessário entender a dimensão
humana presente no documento e também na interpretação, é o historiador que
deve então questionar, buscar respostas para seu objeto. A análise dos Annales
traz o meio político, social, moral e econômico, rejeitam o historicismo e
enfatizam o presente, para uma história que agora rompe com o meio tradicional
(p. 61-63).
2ª Geração – (1945-1968) Fernand Braudel
Enfoque na geografia e aspectos econômicos. O Mediterrâneo é o
trabalho mais relevante dessa geração, se tem nele a união entre a Geografia e
a História, é dividido em 3 partes: a história dos homens e suas relações com
que o rodeia, a história do grupo e os agrupamentos e a história tradicional.
Cada parte possuí uma ordem temporal e partem de um modo de explicar o
passado (p. 63-65).
Temos aqui uma amplitude nas temporalidades, o tempo histórico, o
tempo geográfico, o tempo social e o tempo individual. Ou seja, uma história
composta por diferentes perspectivas, do meio econômico, social, dos
indivíduos e da localidade, se tem nessa geração a noção de tempo e espaço
na história (p. 66).
VI – A História Nova e outras historiografias
A História Nova corresponde a terceira geração da Escola dos Annales,
se tem a reavaliação dos pressupostos teórico-metodológicos das gerações
anteriores, dois trabalhos são importantes nessa geração: Faire de I’historie
(1974) trazendo novos problemas, abordagens e objetos, e também o dicionário
A história nova (1978) trazendo ideias gerais do que se trata da história nova (p.
69-70).
A História nova traz então o aprofundamento da nova história econômica
e social, temporalidades, a história vista de baixo, das mentalidades, do
imaginário, da antropologia histórica e também da crise vista como a “morte das
ideologias”. O campo emerge com as seguintes preocupações: a afirmação das
ciências, sua renovação e a interdisciplinaridade, se tem então uma ampliação
dos temas e o contato maior com outras áreas (p. 70-71).
Traz também o conceito de Georges Duby intitulado como anacronismo
psicológico, o estabelecimento de práticas e condutas atuais como se tivessem
existido, não levando em consideração que são mentalidades diferentes. A
mentalidade é algo comum a um conjunto de uma sociedade, de uma época,
estudando essa vertente, o historiador vê as mudanças das estruturas mentais
das sociedades, comportamentos, de maneira lenta mas com maior
compreensão (p. 73).
Le Goff traz algumas possibilidades para a Nova História:

absorção das ciências humanas transformando-se numa pan- história,


fusão entre história, antropologia e sociologia, tornando-se “história
sociológica” ou “antropologia histórica”; ou, sem Fronteiras e sem
interdisciplinaridade a história operaria um novo “corte epistemológico”,
com “uma nova dialética do tempo curto e do tempo longo” (p. 74).
Sobre as outras historiografias, no geral se opõem ao modelo positivista:
uma história neutra, conhecimento objetivo e verdadeiro. As outras
historiografias trazem a ideia de que não há conhecimento sem um sujeito de
conhecimento, Koselleck diz que os conceitos não são naturais, possuem
historicidade; Croce diz que o passado não volta mais; Collinwood ressalta a
impossibilidade de descrever objetivamente o passado e Walter Benjamin nos
aponta que toda interpretação se passa no presente mas tira daí uma conclusão
sobre o futuro: a história serve para mudar o mundo. Devemos deixar enfatizado
que o tempo do historiador é carregado de presente e perene de futuro (p. 75-
78).
VII – O Pós-Modernismo
David Harley aponta que o pós-modernismo reage ao modernismo
afastando-se dele. Perry Anderson nos diz que essa ideia tem seu surgimento
pela primeira vez no mundo hispânico na década de 30, com o intuito de
descrever um refluxo conservador no modernismo. Lyotard em 1979 informa que
a corrente pós-moderna começa a ganhar força nas Ciências humanas. A
mudança trazida dessa corrente historiográfica é a presença de novos
paradigmas de -compreensão dos homens, culturas e mundo (p. 81-82).
A condição pós-moderna se dá por dois aspectos:
 A incredulidade em relação as metanarrativas;
 A morte dos centros (p. 82).
A corrente pós-moderna faz a crítica ao modernismo, este último defendia
a crença no racionalismo, otimismo na ciência e técnica. No século XX com os
avanços científicos nos mostra como se dá o fracasso dos ideais iluministas (de
que a ciência seria um avanço bom para a humanidade), a ciência que foi capaz
de produzir as grandes guerras, armas atômicas, autocracias, colonialismos,
imperialismos, conflitos étnicos, religiosos, econômicos e sexuais, desemprego,
violência, entre outros (p. 83-84).
O pós-modernismo nos traz o rompimento com o tradicional saber
positivo, enfatiza a pluralidade dos modos de pensar e agir no mundo, faz a
crítica à busca pelas origens, ao desejo de verdade histórica e todos
essencialismos. A corrente pós-modernista traz uma problematização maior na
ideia de “verdade”, se tem um olhar mais amplo nos indivíduos e nas práticas –
na produção, recepção e interpretação. A linguagem tem um papel fundamental
para a descentralização dos sujeitos para se fazer uma história mais
democrática, includente e revisionista (p. 85-87).
Se tem a inserção de novos grupos no discurso histórico, novas
problemáticas trazidas para a reflexão diante esses grupos, não podemos
desconsiderar que o pós-modernismo não assume uma característica uniforme,
mas que se tem uma ampla reavaliação nos discursos (p. 88).

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