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História

História (do grego antigo ἱστορία, transl.: historía, que significa "pesquisa", "conhecimento
advindo da investigação")[1] é a ciência que estuda o ser humano e sua ação no tempo e
no espaço concomitantemente à análise de processos e eventos ocorridos no passado. O
termo "História" também pode significar toda a informação do passado que foi guardada
em todas as línguas por todo o mundo, por intermédio de registos históricos.
A palavra história tem sua origem nas investigações de Heródoto; em grego antigo, o
termo "História" é Ἱστορίαι (Historíai). Todavia, será Tucídides o primeiro a aplicar métodos
críticos, como o cruzamento de dados e uso de diversas fontes diferentes. O estudo
histórico começa quando o ser humano encontra os elementos de sua existência nas
realizações dos seus antepassados. Esse estudo, do ponto de vista europeu, divide-se em
dois grandes períodos: Pré-história e História.
Os historiadores usam várias fontes de informação para construir a sucessão de
processos históricos, como, por exemplo, escritos, gravações, entrevistas (História oral) e
achados arqueológicos. Algumas abordagens são mais frequentes em certos períodos do
que em outros e o estudo da História também acaba
apresentando costumes e modismos (o historiador procura, no presente, respostas sobre o
passado, ou seja, é influenciado pelo presente).
Os eventos anteriores aos registos escritos pertencem à Pré-história. As sociedades sem
escrita, mas sobre as quais há registos escritos por povos que já conheciam a escrita e
que coexistiam com elas, são descritas pela Proto-história (é o caso, por exemplo, dos
povos celtas da cultura de La Tène).

Historiador
Ver artigo principal: Historiador

Heródoto (século V a.C.), um dos primeiros historiadores cuja obra sobreviveu até os dias de hoje

O indivíduo que estuda e escreve sobre a história e é considerado uma autoridade neste
campo, é denominado historiador.[2] Historiadores se preocupam com a narrativa contínua
e metódica, e também com a narrativa que pode ser descontínua e subjetiva, bem como
a pesquisa dos eventos passados relacionados ao ser humano, e o estudo dos eventos
ocorridos ao longo do tempo e também no espaço. Embora o termo historiador possa ser
usado para descrever tanto os profissionais quanto os amadores da área, costuma ser
reservado para aqueles que obtiveram uma graduação acadêmica na disciplina.[3] Alguns
historiadores, no entanto, são reconhecidos unicamente com mérito em
seu treinamento e experiência no campo.[3] Tornou-se uma ocupação profissional no fim
do século XIX.

As concepções da História
As concepções formais da História
Em sua evolução, a História se apresentou pelo menos de três formas. Do simples registro
à análise científica houve um longo processo. São elas:

 História Narrativa - O narrador contenta-se em apresentar os acontecimentos sem


preocupações com as causas, os resultados ou a própria veracidade. Também não
emprega qualquer processo metodológico;

 História Pragmática - Expõe os acontecimentos com visível


preocupação didática (ver: Didática da história). O historiador quer mudar os costumes
políticos, corrigir os contemporâneos e o caminho que utiliza é o de mostrar os erros
do passado. Os gregos Heródoto e Tucídides e o romano Cícero ("A Historia é a
mestra da vida") representam esta concepção;

 História Científica - Agora há uma preocupação com a verdade, com o método, com
a análise crítica de causas e consequências, tempo e espaço. Esta concepção se
define a partir da mentalidade oriunda das ideias filosóficas que nortearam
a Revolução Francesa de 1789. Toma corpo com a
discussão dialética (de Hegel e Karl Marx) do século XIX e se consolida com
as teses de Leopold Von Ranke, criador do Rankeanismo, o qual contesta o chamado
"Positivismo histórico" (que não é relacionado ao positivismo político de Augusto
Comte) e posteriormente com o surgimento da Escola dos Annales, no começo
do século XX;

 História dos Annales (Escola dos Annales) - Os historiadores franceses Marc


Bloch e Lucien Febvre fundaram em 1929 uma revista de estudos, a "Annales
d'histoire économique et sociale",[4][5] onde rompiam decididamente com
o culto aos heróis e a atribuição da ação histórica aos chamados homens ilustres,
representantes das elites (ver: Revisionismo histórico). Para estes estudiosos, o
quotidiano, a arte, os afazeres do povo e a psicologia social são elementos
fundamentais para a compreensão das transformações empreendidas
pela humanidade. Surgindo ainda o movimento da Nova História Crítica e da Nova
História.
As concepções filosóficas da História
Ver artigos principais: Consciência histórica, Filosofia da história e Teoria da história
Ainda no século XIX surgiu a discussão em torno da natureza dos fenômenos históricos. A
que espécie de preponderância estariam ligados? Aos agentes de ordem espiritual ou aos
de ordem material? Antes disso, a fundamental teológica fez uma festa na mente cordata
do povo.

 Concepção Providencialista - Segundo tal corrente, os acontecimentos estão ligados à


determinação de Deus. Tudo, a partir da origem da Terra, deve ser explicado
pela Divina Providência. No passado mais remoto, a religião justificava a guerra e o
poder dos governantes. Na Idade Média Ocidental, a Igreja Católica era a única
detentora da informação e, naturalmente, fortificou a concepção teológica da
História. Santo Agostinho, no livro A Cidade de Deus, formula essa interpretação.
No século XVII, Jacques Bossuet, na obra Discurso Sobre a História Universal, afirma
que toda a História foi escrita pela mão de Deus, E no século XIX, o historiador
italiano Césare Cantu produziu uma obra chamada Storia universale de profundo
engajamento providencialista.
 Concepção Idealista - Teve em Georg Wilhelm Friedrich Hegel, autor
de Fenomenologia do Espírito, seu corporificador. Defende que os factos históricos
são produto do instinto de evolução inato do homem, disciplinado pela razão. Desse
modo, os acontecimentos são primordialmente regidos por ideias. Em qualquer
ocorrência de ordem econômica, política, intelectual ou religiosa, deve-se observar em
primeiro plano o papel desempenhado pela ideia como geradora da realidade. Para os
defensores dessa corrente, toda a evolução construtiva da humanidade tem razão
idealista.
 Concepção Cíclica - De acordo com as teorias cíclicas da história o progresso das
sociedades humanas desenvolve-se de acordo com grandes ciclos que se repetem ao
longo dos tempos, independentemente da vontade dos homens. A explicação cíclica
da história teve origem nos historiadores da Grécia Antiga. O polímata árabe ibne
Caldune na sua obra Muqaddimah, escrita em 1377, delineou sobre uma teoria cíclica
da História. No século XVIII, Giambattista Vico no no livro Ciência Nova, publicada em
1725, foi o primeiro pensador da história a propor uma teoria cíclica da história em que
as cidades humanas passavam inevitavelmente por certas fases distintas de
desenvolvimento ao longo dos tempos. Já mais recentemente, Oswald
Spengler e Arnold J. Toynbee também sugeriram que a história humana se desenrola
em ciclos, pois encontramos sempre a evidência deste princípio nas inúmeras
civilizações cuja ascensão e queda, evoluindo sempre mais altos que os anteriores,
são a confirmação da evolução cíclica da espécie humana.
 Concepção Psicológico-social - Apoia-se na teoria de que os acontecimentos
históricos são resultantes, especialmente, de manifestações espirituais produzidas
pela vida em comunidade. Segundo seus defensores, que geralmente se baseiam
em Wilhelm Wundt Elementos de Psicologia das Multidões, os factos históricos são
sempre o reflexo do estado psicológico reinante em determinado agrupamento social
(ver: História das mentalidades e História das ideias).
 Concepção Materialista - Surgiu em oposição à concepção idealista, embora adotando
o mesmo método dialético. A partir da publicação do Manifesto Comunista de
1848, Karl Marx e Friedrich Engels lançam as bases do materialismo histórico, onde
argumentavam que as transformações que a História viveu e viverá foram e serão
determinadas pelo fator econômico e pelas condições de vida material dominantes na
sociedade a que estejam ligadas. A preocupação primeira do homem não são os
problemas de ordem espiritual, mas os meios essenciais de
vida: alimentação, habitação, vestimenta e instrumentos de produção. No prefácio
de Crítica da Economia Política, Karl Marx escreveu:
As causas de todas as mudanças sociais e de todas as revoluções políticas, não as
devemos procurar na cabeça dos homens, em seu entendimento progressivo da verdade e
da justiça eternas, mas na vida material da sociedade, no encaminhamento da produção e
das trocas.

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