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História da Europa

Europa, desenhada pelo cartógrafo antuérpio Abraham Ortelius em 1595

A História da Europa descreve a passagem no tempo desde os primeiros


humanos que habitaram o continente europeu até a atualidade. A primeira
evidência do Homo sapiens na Europa data de 35 000 a.C.[1] O relato mais
antigo feito sobre o continente é a Ilíada, de Homero, da Grécia Antiga, que
data de 700 a.C.[2] A República Romana foi estabelecida em 509 a.C., e
transformada no Novo Império de Augusto na primeira metade do século I.[3] A
religião cristã foi adotada no século IV.[4] Confrontado com migrações
bárbaras e a praga, o império foi dividido entre Leste e Oeste[5] e a Idade
Média se instalou no coração da Europa Ocidental. O Império
Bizantino manteve a luz da civilização acesa no Leste. A Igreja Oriental e
Ocidental confrontaram-se por séculos sobre o meio de governo
eclesiástico,[6] provocando o cisma em 1054, que aconteceu em seguida à
divisão anterior de 451, e foi prosseguida das Cruzadas do oeste para
recuperar o leste da Invasão dos Muçulmanos. A sociedade feudal começava a
ruir enquanto os invasores mongóis carregavam a peste negra[7] com eles. Os
muros de Constantinopla caem em 1453,[8] e ainda o Novo
Mundo é descoberto em 1492, por iniciativa de Portugueses e Espanhóis. A
Europa acorda do período medieval através do redescobrimento do
ensinamento clássico. O Renascimento foi seguido da Reforma Protestante, do
frade alemão Martinho Lutero, que atacou a autoridade papal. A Guerra dos
Trinta Anos,[9] a Paz de Vestfália e a revolução Gloriosa deram a base para uma
nova era de expansão e o iluminismo.
A revolução industrial, começando na Grã-Bretanha, permitiu às pessoas, pela
primeira vez, não dependerem mais de material de subsistência.[10] O
recente Império Britânico dividiu-se assim como suas colônias na
América revoltadas para estabelecer um governo representativo. Uma
mudança política na Europa aconteceu a partir da Revolução Francesa,
quando as pessoas gritavam "Liberté, Egalité, Fraternité". O líder francês
seguinte, Napoleão Bonaparte, conquistou e reformou a estrutura social do
continente através de guerras até 1815 Quanto mais e mais donos de
pequenas propriedades ganhavam poder de voto, na França e no Reino Unido,
a atividade socialista e dos sindicatos desenvolveu-se e a revolução se instalou
na Europa em 1848. Os últimos vestígios de servidão foram abolidos
do Império Austríaco no mesmo ano. A servidão russa foi abolida em
1861.[11] As nações balcânicas começaram a ganhar suas independências
do Império Otomano. Depois da Guerra Franco-Prussiana, o Reino de Itália e
o Império Alemão foram formadas de grupos de principados
em 1870 e 1871.[12] Conflitos desencadearam-se ao redor do globo, em uma
série de impérios, até que a procura do lugar ao sol acabou com o início
da Primeira Guerra Mundial. No desespero da guerra, a Revolução
Russa prometia ao povo "paz, pão e terra". Além de humilhada com o Tratado
de Versalhes, a Alemanha tem sua economia destruída com a grande
depressão e uma nova grande guerra. Com a vitória do capitalismo e
do comunismo sobre o fascismo, começou uma nova ordem mundial conhecida
como guerra fria. A Europa Ocidental formou uma área de livre comércio,
dividida pela Cortina de Ferro da União Soviética. Quando o muro de Berlim
caiu em 1989, a Europa assinou um novo tratado de união, que em 2007,
compreendia 27 países.[13]

Pré-história
Ver artigos principais: Pré-História, Idade da Pedra e Idade do Ferro

O relevo europeu

Os Homo erectus e os Neanderthalis habitavam a Europa bem antes do


surgimento dos humanos modernos, os Homo sapiens.[14]
Os ossos dos primeiros europeus foram achados em Dmanisi, Geórgia, e
datados de 1,8 milhões de anos.[15] O primeiro aparecimento do povo
anatomicamente moderno na Europa é datado de 35 000 a.C. Evidências de
assentamentos permanentes datam do VII milênio
a.C. na Bulgária, Romênia e Grécia.[16] O período neolítico chegou na Europa
central no VI milênio a.C. e em partes da Europa Setentrional no V e V milênio
a.C. A civilização Tripiliana (5508-2 750 a.C.) foi a primeira grande civilização
da Europa e uma das primeiras do mundo; era localizada na Ucrânia moderna
e também na Moldávia e Romênia. Foi provavelmente mais antiga que
os Sumérios no Oriente Próximo, e tinha cidades com 15 000 habitantes que
cobriam 450 hectares.[17]
Começando no Neolítico, tem-se a civilização dos Camunos no Val
Camonica, península Itálica, que deixou mais de 350 000 petróglifos, o
maior sítio arqueológico da Europa.
Também conhecido como Idade do Cobre, o Calcolítico europeu foi um tempo
de mudanças e confusão. O fato mais relevante foi a infiltração e invasão de
imensas partes do território por povos originários da Ásia Central, considerado
pelos principais historiadores como sendo os originais indo-europeus, mas há
ainda diversas teorias em debate. Outro fenômeno foi a expansão
do megalitismo e o aparecimento da primeira significante estratificação
econômica e, relacionado a isso, as primeiras monarquias conhecidas da
região dos Balcãs. A primeira civilização bem conhecida da Europa foi as
do Minoicos da ilha de Creta e depois os Micenas em adjacentes partes
da Grécia, no começo do segundo milênio a.C.[14]
Embora o uso do ferro fosse de conhecimento dos povos egeus por volta
de 1 100 a.C., não chegou à Europa Central antes de 800 a.C., levando ao
início da Cultura de Hallstatt, uma evolução da Idade do Ferro (que até então
se encontrava na Cultura dos Campos de Urnas). Provavelmente como
subproduto desta superioridade tecnológica, pouco depois os indo-europeus
consolidam claramente suas posições na península Itálica e na Península
Ibérica, penetrando profundamente naquelas penínsulas (Roma foi fundada
em 753 a.C.).

Mundo Clássico
Mais informações: Idade Antiga

Ver artigo principal: Antiguidade Clássica

A divisão do império após a morte de Teodósio I, ca. 395 sobreposta às fronteiras atuais.

Império Romano do Ocidente

Império Romano do Oriente

Os gregos e romanos deixaram um legado na Europa que é evidente nos


pensamentos, leis, mentes e línguas atuais. A Grécia Antiga foi uma união
de cidades-Estado, na qual uma primitiva forma de democracia se
desenvolveu. Atenas foi sua cidade mais poderosa e desenvolvida, e um berço
de ensinamento nos tempos de Péricles. Fóruns de cidadãos aconteciam e o
policiamento do estado deu ordem ao aparecimento dos mais notáveis filósofos
clássicos, como Sócrates, Platão e Aristóteles. Como rei do Reino Grego da
Macedônia, as campanhas militares de Alexandre o Grande espalharam
a cultura helenística e os ensinamentos até as nascentes do rio Indo. Mas
a República Romana, alicerçada pela vitória sobre Cartago nas Guerras
Púnicas, estava crescendo na região. A sabedoria grega passada às
instituições romanas, assim como a própria Atenas foi absorvida sob a
bandeira do senado e do povo de Roma. Os romanos expandiram
seu Estado desde a Arábia até a Britânia. Em 44 a.C., seu líder, Júlio César foi
morto sob suspeita de estar corrompendo a república para se tornar
um ditador. Na sucessão, Otaviano assumiu o poder e, embora tenha mantido
as instituições republicanas, inclusive o senado romano, de fato concentrou o
poder no seu cargo de príncipe do senado e adotou o título de "augusto",
transformando a república para no Império Romano.
Grécia Antiga
Ver artigos principais: Grécia Antiga e Período Helenístico

Mosaico encontrado em Pompeia mostrando Alexandre III da Macedónia lutando contra Dario III da
Pérsia

A civilização helênica tinha a forma de um conjunto de cidades-Estado,


ou pólis (as mais importantes
eram Atenas, Esparta, Tebas, Corinto e Siracusa), tendo diferentes tipos
de governo e culturas, incluindo o desenvolvimento
de filosofias, ciências, matemática, políticas, esportes, teatro e música. Atenas,
a cidade-estado mais poderosa, era governada com um tipo primitivo
de democracia direta fundada pelo nobre ateniense Clístenes. Na democracia
ateniense, os cidadãos votavam neles mesmo para
cargos executivos e legislativos. Na Grécia também surgiu Sócrates,
considerado um dos fundadores da filosofia ocidental.[18] Sócrates também criou
o método socrático, um tipo de pedagogia usada até hoje no aprendizado
filosófico, na qual uma série de questões é feita não apenas para obter
respostas individuais, mas também para encorajar a compreensão fundamental
dos problemas. Devido a essa filosofia, Sócrates foi condenado à morte por
estar "corrompendo a juventude" ateniense com suas discussões que entravam
em conflito com as crenças religiosas da época. Platão, um pupilo de Sócrates
e fundador da Academia Platônica, escreveu sobre esse episódio em suas
escrituras, e desenvolveu sua própria filosofia, o platonismo.
O Partenon, antigo templo da acrópole, caiu sob o domínio de Roma em 176 a.C.

As cidades-Estado helênicas fundaram um grande número de colônias nas


costas do mar Negro e no mar Mediterrâneo, Ásia Menor, Sicília e no sul
da península Itálica (Magna Grécia), mas no século V a.C., sua expansão rumo
ao leste levou a uma retaliação do Império Aquemênida. Nas guerras greco-
persas, as cidades-estado helênicas formaram uma aliança e derrotaram o
Império Aquemênida na Batalha de Plateias, afastando os invasores. Os
gregos formaram a Confederação de Delos para continuar lutando contra
a Pérsia, mas a posição de Atenas como líder desta liga levou Esparta a criar a
rival Liga do Peloponeso. As duas ligas começaram então a Guerra do
Peloponeso pela liderança da Grécia, sendo a Liga do Peloponeso vitoriosa.
Descontente com a hegemonia espartana sobre a Grécia deu-se início
a Guerra Corintiana, onde uma aliança liderada por Tebas bateu Esparta
na batalha de Leuctra. As contínuas batalhas helênicas tornaram a Grécia alvo
fácil para o rei Filipe II, que uniu Macedônia e Grécia sob o mesmo domínio. As
campanhas de seu filho Alexandre, o Grande espalharam a cultura grega pela
Pérsia, Egito e Índia, mas também permitiu o contato com os antigos
ensinamentos desses países, abrindo uma nova era de desenvolvimento,
conhecido como helenismo. Alexandre morreu em 323 a.C., decompondo o seu
império em diversas civilizações helenísticas.
A ascensão de Roma
Ver artigos principais: Roma Antiga, República Romana e Império Romano

Cícero denuncia Catilina, afresco do senado romano reunido na Cúria Hostília. Palazzo
Madama, Roma

Muito do ensinamento grego foi assimilado pelo então novo Estado romano,
assim que ele se espalhou pela península Itálica, aproveitando-se da vantagem
da não união de seus inimigos: o único desafio real da ascendente Roma foi a
colônia fenícia de Cartago, e sua derrota no fim do século III a.C. marcou o
início da hegemonia romana. Primeiro governado por reis, depois por uma
república senatorial (a República Romana), Roma finalmente tornou-se
um império no fim do século I a.C., sob Augusto e seus sucessores. O Império
Romano teve seu centro no mar Mediterrâneo, controlando todos os países
margeados por ele; o limite norte do território era marcado pelos
rios Reno e Danúbio. Sob Trajano (século II), o império alcançou o máximo de
sua expansão territorial, controlando aproximadamente 5 900 000 km²,
incluindo a Britânia, Romênia e partes da Mesopotâmia. O império trouxe paz,
civilização e um eficiente governo centralizado para os territórios dominados,
porém no século III uma série de guerras civis começaram a ameaçar sua força
econômica e social. No século IV, Diocleciano e Constantino foram capazes de
diminuir o processo de declínio dividindo o império em uma parte
Ocidental e outra Oriental. Diferentemente de Diocleciano, que condenava
ferozmente o cristianismo, Constantino declarou o fim da perseguição dos
cristãos em 313 com o Édito de Milão, prosseguindo assim com a oficialização
do cristianismo como religião oficial do império.

Idade Média
Ver artigos principais: Migrações Bárbaras e Idade Média

Reinos e povos europeus por volta do ano de 500.

Quando o imperador Constantino derrotou Magêncio e conquistou Roma sob a


bandeira da Cruz em 312, ele rapidamente editou o Édito de Milão em 313,
declarando legal o cristianismo no Império Romano. Além
disso, Constantino mudou oficialmente a capital do império, Roma, para a
colônia grega de Bizâncio, que ele renomeou para Constantinopla ("Cidade de
Constantino"). Teodósio I, que tornou o cristianismo religião oficial do Império
Romano, foi ser o último imperador a comandar o Império Romano em toda a
sua unidade, que depois de sua morte, em 395), foi dividido em duas partes:
O Império Romano do Ocidente, centrado em Ravena, e o Império Romano do
Oriente (depois referido pela historiografia como Império Bizantino) centrado
em Constantinopla. A parte ocidental foi seguidamente atacada por tribos
nômades germânicas, e em 476 finalmente caiu sob a invasão
dos Hérulos comandados por Odoacro.
A autoridade romana no Oeste entrou em colapso e as províncias ocidentais
logo tornaram-se pedaços de reinos germânicos. Entretanto, a cidade de
Roma, sob o comando da Igreja Católica Romana permaneceu como um
centro de ensino, e fez muito para preservar o pensamento clássico romano
na Europa Ocidental.[14] Nesse meio-tempo, o imperador romano
em Constantinopla, Justiniano, conseguiu com sucesso, montar toda a lei
romana no Código de Justiniano (529–534). Por todo o século VI, o Império
Bizantino esteve envolvido em uma série de conflitos sangrentos, primeiro
contra o Império Sassânida, depois pelo Califado Ortodoxo. Em 650, as
províncias do Egito, Palestina e Síria foram perdidas para forças muçulmanas.
Na Europa Ocidental, uma estrutura política surgia: no vácuo do poder deixado
pelo colapso de Roma, hierarquias locais foram construídas sob a união das
pessoas nas terras que eram trabalhadas. Dízimos eram pagos ao senhor da
terra, e este senhor devia tributos ao príncipe regional. Os dízimos eram
usados para financiar o estado e as guerras. Esse foi o sistema feudal, no qual
novos príncipes e reis apareceram, no qual o maior deles foi o
líder franco Carlos Magno. Em 800, Carlos Magno, após suas grandes
conquistas territoriais, foi coroado "Imperador dos Romanos" (Imperator
Romanorum) pelo papa Leão III, afirmando efetivamente seu poder na Europa
Ocidental. O reinado de Carlos Magno marcou o começo de um novo império
germânico no oeste, o Sacro Império Romano. Além de suas fronteiras, novas
forças estavam crescendo. A Rússia de Quieve estava delimitando seu
território, a Grande Morávia estava crescendo, enquanto os anglos e
os saxões estavam confirmando suas fronteiras.
Uma luz bizantina
Ver artigo principal: Império Bizantino

Constantino e Justiniano oferecendo sua fidelidade para a Virgem Maria dentro da Santa Sofia

Constantino (r. 306–337) é considerado o primeiro imperador bizantino. Foi ele


que mudou a capital do império em 324 de Nicomédia (atual İzmit na Turquia)
para Bizâncio, refundada como Constantinopla, ou "Nova Roma".[19] A cidade de
Roma não servia como capital desde o reinado de Diocleciano.[20] Alguns
consideram o começo do império no reinado de Teodósio (r. 379–395) quando
o cristianismo substituiu a religião pagã romana, ou sua posterior morte em
395, quando a divisão política entre leste e oeste se tornou permanente. Outros
ainda colocam 476 como o início, quando Rômulo Augusto, tradicionalmente
considerado como o último imperador, foi deposto, deixando a única autoridade
imperial no Leste. Outros apontam ainda para a reorganização do império nos
tempos de Heráclio (r. 610–641) quando os usos e títulos latinos foram
oficialmente trocados pelas suas versões gregas. Em todo caso, a mudança foi
gradual desde 330, quando Constantino inaugurou a nova capital, o processo
de helenização e a crescente cristianização estavam acontecendo. O império é
geralmente dado como acabado com a queda de Constantinopla frente
aos turco-otomanos em 1453, o que também foi considerado
pela historiografia como o fim da Idade Média.[21]
A praga de Justiniano foi uma pandemia que afetou o Império Bizantino,
incluindo sua capital, Constantinopla, nos anos de 541 e 542. Estima-se que a
praga matou mais de 100 milhões de pessoas em todo o mundo.[22][23] Causou
também a queda da população europeia em 50% entre 541-700.[24] e também
deve ter contribuído para o sucesso das conquistas árabes.[

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