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A Antiga Religião e a Antiga Cultura da Índia
A Antiga China
Condições Naturais
A China nos Tempos Primitivos
As Dinastias Chou e Ch'in
A Dinastia Han
A Religião e a Cultura da Antiga China
Capítulo IV - A Grécia Pré-Clássica
Condições Naturais
Importantes Descobertas Arqueológicas
A Grécia Aqueia (Micênica)
A Grécia Homérica (A era obscura)
A Grécia Arcaica
A Antiga Esparta
O Estado de Atenas
As Reforma de Sólon e Clístenes
Capítulo V - A Grécia nos Séculos V e IV A.C.
A Crise da Sociedade Grega
A Batalha de Maratona
A Expedição de Xerxes
As Termópilas e Salamina
A Liga de Delos e a Ascensão da Prosperidade Económica Ateni-
ense
O Zénite da Democracia Ateniense
A Guerra do Peloponeso
O Desenrolar da Guerra até 421 a.C.
A Expedição à Sicília
O Posterior Curso da Guerra
As Consequências da Guerra do Peloponeso
A Cultura Grega. O Papel de Atenas
A Filosofia
Historiografia
A Literatura e o Teatro
A Arte e a Arquitetura Gregas
Capítulo VI - A Ascenção da Macedónia e o Império de Alexandre
A Macedónia nos Meados do Século IV a.C.
A Macedónia e a Grécia
A Campanha do Oriente de Alexandre
O Significado das Conquistas de Alexandre. A Época Helenística
Capítulo VII - A República Romana
O Período Primitivo
O Enigma Etrusco
A Fundação de Roma
O Reino de Roma
A História Primitiva da República
A Estrutura Social e Política da República Romana
A Luta Entre os Patrícios e Plebeus
Roma Conquista a Itália, Séculos V - III a.C.
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A Luta de Roma pelo Domínio do Mediterrâneo
Roma e Cartago
A Primeira e a Segunda Guerras Púnicas
O Domínio da Península Balcânica. A Terceira Guerra Púnica
Consequências das Guerra. A Economia Romana. Uma Sociedade
com Escravos
A Crise da República Romana
Revoltas de Escravos na Sicília
A Revolta dos Gracos
A Sociedade Romana no fim do Século II e no começo do Século
I a.C. a Guerra Social
A Luta entre Mário e Sila
A Revolta de Espártaco
A Campanha de Pompeu no Oriente
O Primeiro Triunvirato e a Guerra Gaulesa
A Guerra Civil
O Segundo Triunvirato
Capítulo VIII - A Roma Imperial
O Primeiro Período
O Principado de César Augusto
O Período Áureo da Literatura Romana
O Império Romano no Século I d.C.
O Império Romano no Século II d.C.
O Declínio e a Queda do Império
A Crise do Século III
Aparecimento do Colonato
O Cristianismo
O Dominato
A Queda do Império do Ocidente
O Significado Histórico da Queda do Império do Ocidente
II Parte: A Idade Média
Capítulo I - A Transição para o Feudalismo e o Aparecimento dos Primeiros
Estados Feudais na Europa
A Estrutura Social das Tribos Celtas e Germânicas
O Início da Grande Migração de Povos
A Formação de Reinos Bárbaros
Bizâncio do Século IV ao Século VII d.C.
A Sociedade Bárbara
O Aparecimento de Relações Feudais na Europa Ocidental
O Império de Carlos Magno
O Desenvolvimento das Relações Feudais na Alta Idade Média
O Senhorio
Guerras na Sociedade Feudal
A Hierarquia Feudal
Resistência Popular à Servidão Feudal
O Papel da Igreja
Capítulo II - O Aparecimento de Relações Feudais no Sudoeste, no Oriente e
no Sul da Ásia
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A China
A Coreia
O Japão
A Índia
O Sudoeste Asiático
Capítulo III - Kiev Rus. As Antigas Tribos Eslavas do Oriente
A Formação de Relações Feudais entre os Eslavos Orientais
O Primeiro Estado Russo
A Adopção da Religião Cristã
Revoltas Populares no Século XI
A Formação de Principados Independentes
A Cultura do Antigo Estado Rus
Capítulo IV - A Transição para o Feudalismo no Médio Oriente e na Ásia
Central
O Aparecimento das Relações Feudais no Irão
O Mazdaquismo
O Império Sassânida sob Chosroes I
A Arábia no Início do Século VII
Os Começos do Islão
A Unificação dos Árabes e o Aparecimento do Califado
As Conquistas Árabes
O Império Omíade
O Califado Abbássidas
O Declínio do Califado
A Cultura Árabe
A Ásia Central nos Séculos V-VII
Os Povos da Transcaucásia
Capítulo V - A Europa Ocidental nos Séculos XI-XV
A Separação da Indústria da Agricultura e a Ascensão das Cidades
O Conflito entre as Cidades e os Proprietários de Terras
A Sociedade Feudal Avançada
As Causas das Cruzadas
Bizâncio do Século VII ao Século XI
A Primeira Cruzada
A Inglaterra
O Início do Parlamento
A Guerra das Rosas
A França
A Guerra dos Cem Anos. Joana D'Arc
A Formação de Outros Estados Europeus
A Turquia
A Desunião Política Italiana
As Características Específicas do Desenvolvimento Social e Econô-
mico dos Séculos XII A XV
A Liga Hanseática
As Guerras Italianas
Der Drang Nach Osten
A Boémia do Século XI ao Século XV. As Guerras Hussitas
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Resumo do Desenvolvimento da Sociedade Feudal entre os Sé-
culos XII e XV
Capítulo VI - A Luta dos Povos da Europa Oriental e Central, da China, da
Ásia Central e da Transcaucásia contra a Invasão Estrangeira no Século
XIII
A Sociedade Mongol no Início do Século XIII. A Formação do Es-
tado Mongol
As Conquistas de Gengis Khan na Ásia Central e na Transcaucásia
A Invasão Mongol do Território Russo
A Guerra dos Povos Russos e Bálticos Contra os Invasores Ale-
mães e Suecos
A Rússia sob o Jugo Tártaro
Capítulo VII - O Aparecimento de um Estado Russo Unido
A Restauração da Economia depois da Devastação Mongol: A As-
censão de Moscovo
Revoltas Contra o Domínio da Horda Dourada. A Batalha do Campo
Kulikovo (1380)
Os Primeiros Passos para a Unificação de um Estado Russo
A Libertação Final do Jugo Mongol
Capítulo VIII - O Aparecimento do Capitalismo Primitivo na Europa Ocidental
As Grandes Descobertas Geográficas
O Aparecimento do Modo de Produção Capitalista
A Fábrica
O Aparecimento de uma Classe de Trabalhadores Assalariados
As Primeiras Acumulações de Capital
A Expropriação dos Camponeses
A Ruína dos Artesãos
A Pilhagem Colonial
A Formação da Burguesia e do Proletariado
O Absolutismo
O Início da Reforma na Alemanha
Martinho Lutero
A Grande Guerra dos Camponeses
A Revolução nos Países Baixos
O Humanismo e o Renascimento
A Reforma
Capítulo IX - A América nas Vésperas da Conquista Europeia
Os Povos da América Central
Os Povos da América do Sul
A Colonização da América
Capítulo X - O Estado Russo Centralizado do fim do século XV ao início do
século XVII. As Guerras dos Camponeses
O Poder Crescente dos Nobres
As Reformas de Ivan, o Terrível
Oprichnina
A Servidão
A Anexação da Bacia do Volga e da Sibéria Ocidental
O Desenvolvimento Cultural e a Introdução da Imprensa
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A Guerra dos Camponeses Chefiada por Ivan Bolotnikov
A Luta do Povo Contra os Nobres Polacos e Suecos no Início do Sé-
culo XVII
A Resistência Popular Chefiada por Minin e Pojharsky
Capítulo XI - A Ásia nos Séculos XVI e XVII
A Índia
O Império Mogul
A China nos Séculos XVI e XVII
A Guerra dos Camponeses na China
O Sudoeste Asiático nos Séculos XVI e XVII
O Estado de Daiviet
O Império Majapahita
Conquistas Portuguesas
Conquistas Territoriais Holandesas
O Japão no Século XVI e no Início do Século XVII
O Estabelecimento do Xogunato Tokugawa
Cronologia dos Acontecimentos
Prefácio
Esta Pequena História do Mundo tenta reconstituir o longo
e complexo caminho seguido pela raça humana desde a era
da sociedade primitiva até aos nossos dias.
O número de páginas desta edição não permite fazer uma
descrição igualmente completa e detalhada de todos os acon-
tecimentos que ocorreram durante estes séculos — o desen-
volvimento da sociedade humana, a civilização antiga, as
campanhas militares e as conquistas da Idade Média, os
enormes avanços do progresso social nos tempos modernos
— as Revoluções, a mais decisiva das quais foi a Revolução
Socialista de Outubro, que anunciou uma nova era da His-
tória Mundial. O leitor terá oportunidade de se informar dos
acontecimentos mais importantes que desempenharam um
papel de relevo na marcha do progresso humano. Cremos
que isto é bastante para dar um quadro suficientemente claro
das forças motivadoras e das principais tendências de todo o
curso da história.
Quais são as leis principais que estão subjacentes ao de-
senvolvimento da sociedade humana? Onde reside a essência
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do progresso histórico? Quais são as razões da súbita as-
censão e queda de tantos estados do passado? Por que razão
é inevitável a vitória final do comunismo, vitória pela qual se
tornarão realidade velhos ideais acalentados por centenas de
milhões de pessoas que travaram uma luta incessante contra
a opressão social e nacional?
Os autores desta obra expõem a sua resposta a estas
questões baseando-se em factos materiais históricos con-
cretos e na teoria marxista-leninista das leis que regulam o
desenvolvimento da sociedade humana. Embora dediquem
muita atenção à história da União Soviética, também tentam
apontar as principais características do desenvolvimento eco-
nómico, social, político e cultural nos cinco Continentes, tudo
dentro dos limites impostos pelas proporções desta obra.
O I e II volumes abrangem o vasto período desde a socie-
dade primitiva até à Revolução de Outubro de 1917 na
Rússia. O desenvolvimento gradual das forças de produção
da sociedade humana foi acompanhado de uma marcada
aceleração do processo histórico que ao mesmo tempo co-
meçou a adquirir uma feição cada vez mais universal. Subja-
cente aos vários acontecimentos políticos — durante a era da
sociedade em que havia escravos, durante a era da socie-
dade feudal e, particularmente, da sociedade capitalista —
está a luta de classes, a luta das massas de trabalhadores
oprimidos contra os exploradores em nome da libertação so-
cial e nacional. A vitória decisiva nesta luta foi a da Revo-
lução de Outubro na Rússia.
O III volume é dedicado aos acontecimentos da nova era
iniciada pela Revolução de Outubro. A razão disto é a enorme
importância histórica dos acontecimentos da época moderna,
na qual a energia criadora das massas obteve o que por di-
reito lhe pertencia e começou a desempenhar um papel ver-
dadeiramente decisivo na História, uma época na qual es-
tamos a assistir à substituição revolucionária do capitalismo,
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último tipo de sociedade baseada na exploração, pelo comu-
nismo.
Os maiores historiadores soviéticos colaboraram na com-
pilação da presente obra. Servindo-se das mais recentes
fontes soviéticas e estrangeiras, os autores tentaram
também assegurar-se de que esta obra fosse acessível e de
interesse para o leitor comum.
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E, por isso, apareceram subdivisões. A Idade da Pedra foi
dividida em Paleolítico (Idade Antiga da Pedra), Mesolítico
(Idade Média da Pedra) e Neolítico (Nova Idade da Pedra).
Além disto, o Paleolítico e o Neolítico foram divididos em In-
ferior, Médio e Superior.
O Homem Primitivo
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forças da natureza, era obrigado a viver, a trabalhar e a de-
fender-se em grupo.
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para fabricar os instrumentos de pedra também mudaram.
Foi durante este período que surgiram instrumentos mais pe-
quenos e mais bem feitos — os chamados «bifaces»(2).
A Era do Clã
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O princípio base subjacente a este tipo de estrutura social
era o parentesco por linha feminina. Este, por sua vez, ex-
plica-se pelo facto de os casamentos de grupo serem prática
comum; por isso, as crianças que ignoravam quem eram os
pais, sabiam sempre quem eram as mães. Assim, o paren-
tesco era exclusivamente por linha materna.
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O desenvolvimento da agricultura e da criação de gado e
a transição para os utensílios de metal levaram as tribos a
especializar-se no cultivo da terra ou na criação de gado. Os
homens que se dedicavam ao cultivo da terra espalharam-se
por várias regiões do hemisfério ocidental e do hemisfério
oriental, e concentraram-se na sua maior parte nos vales de
grandes rios como o Nilo, no Egipto, o Tigre e o Eufrates, na
Mesopotâmia, o Indo, na Índia, o Huang Ho, na China, e
também em regiões da Ásia Menor e da península dos
Balcãs.
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Foi no século XIV a.C. que começou a transição para os
utensílios de ferro (primeiro na Ásia Menor). Apareceram
desde logo arados, machados e pás de ferro. O uso deste
metal deu origem a uma revolução profunda nas técnicas
agrícolas e no artesanato. Apareceram os ferreiros, e logo
depois a roda de oleiro e o tear. Ocorreu uma nova divisão
do trabalho quando os artífices deixaram de trabalhar a terra
e os agricultores deixaram de gastar parte do seu tempo a
fundir o metal ou a modelar o barro.
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lugares, até ao início do século XX, como na Índia e na
Rússia pré-revolucionária.
Notas de rodapé:
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(1) Tipo de floresta de vegetação rasteira e herbácea (N.T.).
O Egipto
Condições Naturais
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se que, além do seu solo fértil, o vale do Nilo também era
rico em recursos naturais.
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O Império Antigo e o Império Médio
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Foi no Império Antigo que apareceu o costume de cons-
truir pirâmides, enormes túmulos de pedra que os faraós e
seus cortesãos mandavam erguer para si durante a sua vida.
No Egipto, cerca de setenta destas pirâmides sobreviveram
até aos nossos dias. A maior e mais famosa é a pirâmide de
Kéops ou Khufu que tem 145 m de altura e cuja base tem
cerca de 732 m de lado; para a sua construção foram pre-
cisos 2 300 000 blocos de pedra que pesavam duas tone-
ladas cada um. A pirâmide levou vinte anos a construir,
apesar de toda a população rural do Egipto ter sido recrutada
para este trabalho, a um ritmo de 100 000 homens de três
em três meses. Tais eram as condições de trabalho na casa
real no Império Antigo.
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Em meados do século XVII a.C. ocorreu no Egipto uma re-
volta generalizada de camponeses, artesãos e escravos. Todo
o país foi envolvido na revolta, o faraó foi obrigado a abdicar
e os grandes proprietários foram expulsos dos seus palácios.
As múmias de antigos reis foram saqueadas e extraídas dos
seus túmulos e pirâmides. Os celeiros e tesouros reais e os
templos foram conquistados e os depósitos de alimentos e
objectos de valor foram distribuídos pelo povo. Todos os do-
cumentos referentes a impostos e tributos foram destruídos.
O Império Novo
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das tropas terrestres, Tuthmosis também possuía uma es-
quadra de guerra que incluía galeras a remo e barcos à vela.
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Osíris e da sua consorte.
Babilônia e Assíria
Condições Naturais
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ções, irrigado por pequenos cursos de água da montanha e
de grande pluviosidade. A parte sul é uma depressão panta-
nosa, sendo o solo formado por depósitos aluviais. Os rios
inundavam os terrenos marginais, de Março a Julho, e a água
dos campos, então, secava. Porque o solo secava em grau
desigual nos vários lugares, mesmo nos tempos antigos, foi
indispensável construir um meio artificial de controlar o abas-
tecimento de água.
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cipes-sacerdotes, chamados «patesi», e estes reinos têm,
por isso, sido chamados de «patesiatos», tais como Lagash e
Umma, pois cada um tentava unificar a Mesopotâmia do sul
sob a sua hegemonia.
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Hamurábi conseguiu derrotar os Elamitas e depois con-
quistou o reino de Mari ao norte de Babilónia e finalmente a
cidade de Assur, centro daquilo que mais tarde seria o pode-
roso estado da Assíria. Contudo, Hamurábi foi famoso não só
como conquistador mas também pelo seu célebre código de
leis. Este código, gravado num pilar de basalto e composto
de 282 estatutos, conservou-se intacto até hoje. Este código
fornece-nos uma interessante perspectiva da estrutura eco-
nómica e política da antiga sociedade da Babilónia.
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A sociedade babilónica, durante o reinado de Hamurábi,
atingiu um alto nível de desenvolvimento. Mas esta idade de
oiro havia de durar muito pouco, porque o país ia ser alvo de
algumas invasões devastadoras, que tiveram como con-
sequência a queda do antigo reino da Babilónia.
A Assíria
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A Assíria era célebre pelo alto nível da sua organização
militar. O exército assírio estava dividido em vários grupos:
1. Carros de dois cavalos;
4. Engenharia;
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rios e canais locais e também se adoravam os espíritos dos
mortos.
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O Reino Hitita
Formação e Ascensão do Reino Hitita
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A Estrutura Social e a Cultura do Reino Hitita
Urartu
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O Estado de Urartu abrangia um vasto planalto entre a
Ásia Menor, o Irão e o Norte da Mesopotâmia, rodeado por
altas montanhas. O país era rico em florestas, pedra e ja-
zigos de metal.
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Como outros antigos reinos do oriente, Urartu era uma
sociedade em que se praticava a escravatura. O grande nú-
mero de prisioneiros feitos durante as campanhas militares
de Argistis e Sardur II eram obrigados a trabalhar como es-
cravos. O trabalho dos escravos foi utilizado nas minas de
cobre e ferro de Urartu, nas obras de construção e irrigação e
também na criação de gado. A classe dominante era consti-
tuída pela aristocracia que possuía escravos, pelos chefes mi-
litares e pelos sacerdotes, com um rei como chefe supremo.
A Fenícia
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A Fenícia situava-se numa estreita faixa de terra ao longo
da costa da Síria, habitada por numerosas tribos semíticas
ocidentais, conhecidas sob o nome de Fenícios, que os
Gregos lhe deram. A Fenícia nunca foi um único reino unifi-
cado, mas uma série de cidades e regiões independentes,
possuindo cada uma a terra arável adjacente. As maiores ci-
dades eram Ugarit, Byblos, Tiro e Sidon.
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Para fins comerciais, os marinheiros fenícios empreendiam
longas viagens aos países do mar Egeu e do Mediterrâneo e
foram os primeiros a alcançar por mar as «colunas de Hér-
cules», ou seja, o estreito de Gibraltar. Onde quer que fosse
possível garantir um fornecimento mais ou menos regular de
mercadorias de valor, os Fenícios fundavam colónias. Estas
foram estabelecidas em várias ilhas do mar Egeu (Thasos e
Rodes) e no Mediterrâneo (Chipre, Malta e Sicília). Na costa
norte de África, os Fenícios fundaram a cidade de Cartago,
que mais tarde se desenvolveria e se tornaria um estado im-
portante, e fundaria ela própria grande número de colónias.
A Palestina
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Saul no século XI a.C.). Cerca de um século mais tarde
formou-se o reino da Judeia na parte sul da Palestina. O rei
David, da Judeia, deveria unificar os dois reinos sob o seu
domínio, expulsar os Filisteus e declarar a antiga cidade ca-
naneia de Jerusalém sua capital e centro religioso.
A Pérsia
A Média e a Pérsia
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haviam de se evidenciar mais cedo do que os Persas, mas
pouco da sua história chegou ao nosso conhecimento, e o
pouco que sabemos tem um carácter semilendário. Contudo,
é certo que no fim do século VII a.C. a Média se tornou um
estado poderoso e, juntamente com Babilónia, conseguiu
desfechar sobre a Assíria o golpe de morte. Apesar disso, em
meados do século VI a.C., os Medos foram compelidos a sub-
meter-se aos seus vizinhos Persas.
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mostra que Ciro não era só um chefe militar notável mas
também um hábil homem de estado e diplomata.
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sáveis perante ele e detinham a totalidade dos poderes judi-
cial e administrativo.
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A Índia
Condições Naturais
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água e de esgotos e há muitos indícios de a cidade ter sido
um centro comercial e de artesanato.
A Conquista Ariana
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Durante o primeiro milénio, os arianos foram avançando
até às regiões do Sul da Índia, e conquistaram as populações
locais. As estranhas relações que existiam entre a população
nativa e os conquistadores arianos estão na base do sistema
de castas que então começou a desenvolver-se. Toda a po-
pulação da Índia foi dividida em quatro castas. A casta supe-
rior era a dos sacerdotes, dos brâmanes, depois vinha a
casta xatrias ou dos guerreiros, a vaisya — comunidades de
camponeses da comuna, artífices e comerciantes e, por fim,
os sudras — trabalhadores assalariados, camponeses e es-
cravos. Foram estabelecidas entre as várias castas barreiras
estanques: o casamento intercastas, por exemplo, era ou
proibido, ou pelo menos, não legal; os filhos dos casamentos
intercastas eram considerados impuros e relegados para as
castas inferiores.
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párias, descendentes dos dravídicos, a quem os membros
das outras castas nem podiam tocar.
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dades. O contacto entre os conquistadores e a população
local levou a influências mútuas entre as culturas grega e in-
diana.
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brâmanes, os únicos que tinham o direito de interpretar li-
vros sagrados ou Vedas. As práticas rituais desta religião
eram muito complicadas e estabeleciam, inclusive, os mí-
nimos pormenores, como por exemplo qual devia ser o corte
e o comprimento do cabelo dos fiéis.
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A Antiga China
Condições Naturais
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Foram desenterrados mais de trezentos túmulos, sendo
quatro deles indiscutivelmente túmulos reais, que continham
enorme quantidade de ouro, nefrite e ornamentos de madre-
pérola.
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Kuo, «os estados em contenda». O quarto século assistiu à
ascensão do principado Ch’in. Durante mais de cem anos, os
príncipes Ch’in lutariam pela supremacia na China.
A Dinastia Han
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O domínio dos primeiros Hans (206 a.C. - 220 d.C.) foi
um pouco menos despótico: a pena de morte era aplicada
com menos frequência, os impostos foram reduzidos para a
trigésima parte do rendimento de cada homem e aqueles que
se tinham vendido a si próprios como escravos foram resti-
tuídos à liberdade. Os reis da dinastia Han renunciaram ao tí-
tulo Huang-ti e o confucionismo foi declarado religião oficial.
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A Religião e a Cultura da Antiga China
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O mais famoso dos historiadores chineses clássicos foi
Sauma Ch’ien (que escreveu por volta do ano 100 a.C.),
autor dos monumentais Registros do Historiador; as obras
literárias dessa época que chegaram até nós incluem: Chih
Ching (Clássico das Canções) — colecção de hinos rituais e
canções populares, Chu Ching (Clássico de Documentos) —
discursos, instruções e exortações dos antigos imperadores e
Ch’un Ch’in (Primaveras e Outonos) — obra atribuída a Con-
fúcio, que é uma crónica do seu estado natal de Lu.
Condições Naturais
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de uma costa recortada, do grande número de baías e portos
abrigados, da proximidade da Ásia Menor e das ilhas do mar
Egeu, que constituíam por assim dizer pontos de comuni-
cação entre o continente grego e a costa da Ásia Menor, a
aventura marítima e o comércio começaram muito cedo na
Grécia. Os marinheiros gregos podiam ir até ao mar Negro ou
à Ásia Menor sem perderem a terra de vista.
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vários edifícios, numerosos utensílios e artigos de joalharia.
Depois de ter descoberto Tróia, Schliemann continuou, com
igual sucesso, a organizar escavações no continente grego
nos sítios onde ficavam as antigas cidades de Micenas e
Tiryns.
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Cerca do século VII a.C. os antigos Estados gregos ou
aqueus do Peloponeso tinham alcançado um alto nível de de-
senvolvimento económico e cultural. As maiores destas ci-
dades-estado eram Micenas e Tiryns na Argólida, e Pilos na
Messénia.
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mente, as ilhas que dele dependiam. Assim pereceu a alta-
mente desenvolvida civilização dos aqueus. As cidades de-
vastadas foram sucessivamente soterradas e as realizações
científicas e artísticas dos seus habitantes perderam-se no
esquecimento.
A Grécia Arcaica
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tores, estes agrupamentos tribais começaram a amalgamar-
se e tornaram-se grandes centros, por exemplo Atenas, na
Ática (Grécia Central), Esparta (na Lacónia) e Corinto (no
istmo que liga o Peloponeso ao resto da península). Caracte-
rístico das cidades gregas era o facto de cada uma delas se
ter tornado um centro não só económico como político, cons-
tituindo o pólo da vida social de toda uma região. Assim,
cada cidade grega parecia um pequeno estado independente.
Dava-se-lhe o nome de polis, ou cidade-estado. Nos tempos
antigos, a Grécia nunca constituiu um estado unitário mas
um grupo de cidades-estado, que tinham não só uma exis-
tência completamente separada mas até se guerreavam
entre si.
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Do século VIII ao século VI, os três principais centros da
colonização grega foram:
1. a costa da Ásia Menor e as ilhas do mar Egeu (Éfeso, Mileto,
Halicarnasso, as ilhas de Samos e Rodes, etc.);
A Antiga Esparta
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possuíam toda a terra, que estava dividida em propriedades
aproximadamente iguais, mas não a trabalhavam. Consti-
tuíam 10% da população e viviam na cidade de Esparta, go-
zando de todos os direitos políticos e civis.
O Estado de Atenas
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ou Areópago tomou o lugar do conselho dos anciãos e era o
principal órgão estadual. Aos que ocupavam os principais lu-
gares públicos chamava-se arcontes, nove dos quais eram
nomeados anualmente pelo Areópago, de entre os represen-
tantes das principais famílias aristocráticas ricas. Neste pe-
ríodo, a assembleia dos cidadãos não desempenhava um
papel significativo.
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A luta política atingiu o auge no final do século VII e iní-
cios do século VI a.C., agravada que foi, por epidemias ou
pestes, más colheitas e reveses de guerra para a conquista
da ilha de Salamina. Em 594, Sólon foi eleito arconte e co-
meçou por estabelecer uma série de ousadas reformas revo-
lucionárias. Em primeiro lugar, aboliu todas as dívidas exis-
tentes, libertou todos os escravos por dívidas e proibiu esta
prática de futuro. Depois, promulgou uma nova constituição,
que dividia todos os cidadãos atenienses em quatro classes
segundo a extensão das suas terras ou o rendimento que
delas tiravam. A partir desse momento, a propriedade e a ri-
queza, e não o sangue nobre, passavam a ser a condição
para se ser membro da classe privilegiada. Os privilégios po-
líticos passaram, assim, a estar subordinados à propriedade.
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As reformas de Clístenes infligiram um golpe fatal na su-
premacia política da aristocracia hereditária e lançaram as
bases de uma profunda democratização do Estado ateniense.
A Batalha de Maratona
69
água», símbolos de submissão completa. A maioria das ci-
dades-estado gregas, sentindo-se incapazes de resistir a um
ataque persa, cedeu a esta exigência. Só dois deles deram
aos embaixadores uma recepção diferente: em Atenas foram
mortos; em Esparta lançaram-nos num poço fundo, onde
lhes disseram que encontrariam lá terra e água suficientes.
70
assim chamada em memória desta proeza, e a distância per-
corrida é mais ou menos igual à distância entre Maratona e
Atenas.
A Expedição de Xerxes
71
trinta anos, foi eleito arconte e três anos mais tarde distin-
guiu-se na batalha de Maratona. Mas não estava contente
com isto, pois aspirava ainda a uma fama maior. Confessou
aos seus amigos que «os louros de Milcíades não lhe davam
sossego».
As Termópilas e Salamina
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diam sobre ele rochedos escarpados e intransponíveis, do
Oriente estendiam-se até ao mar pântanos inacessíveis.
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vava-se no mar. A seguir aos ataques gregos, os Persas reti-
raram-se gradualmente das ilhas do Egeu e da costa dá Ásia
Menor.
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naram-se súbditos, quando lhes foi exigido um tributo. O te-
souro foi então transferido para Atenas, foram enviados re-
presentantes atenienses para todas as cidades-membros e
para todos os nomos, e as coisas foram tão longe que quais-
quer tentativas para as outras cidades se retirarem da Liga
eram consideradas revoltas e cruelmente esmagadas pelas
forças militares atenienses.
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reitos e eram tratados como bens móveis que podiam ser
comprados ou vendidos e que os proprietários podiam tratar
como quisessem impunemente. Daí que todos os atenienses
livres, mesmo o mais pobre dos camponeses, olhasse os es-
cravos com desprezo.
78
conhecido como líder de todo o Estado. Era um político hábil
e um orador brilhante. O povo chamava-lhe «o Olímpico»,
pois o trovejar e o relampejar da sua oratória punham-no a
par de Zeus. Contudo, só em raras ocasiões se dirigia ao
povo, considerando que cada discurso devia ser um aconteci-
mento que deixasse uma impressão duradoura nos espíritos
de quem o ouvisse.
79
Este período conheceu a democracia ateniense no seu
apogeu. Toda a vida do Estado era administrada pela Assem-
bleia Popular, que, com o órgão supremo, decidia as ques-
tões mais importantes da política interna como da política ex-
terna. A Assembleia era convocada de dez em dez dias. Todo
o cidadão ateniense tinha direito a falar e podia fazer quais-
quer propostas que julgasse adequadas, mesmo novas leis. A
reforma de Péricles instituiu plenos direitos de cidadania e
participação geral directa nos assuntos do Estado. Todo o ci-
dadão tinha o direito não só de votar na eleição de novos
funcionários públicos mas ele próprio podia propor-se para
qualquer lugar.
80
o salário dos lugares públicos — que poderia ser mais demo-
crático e justo? Contudo, se observarmos melhor a estrutura
estadual ateniense, surge logo um problema essencial.
Quem, na verdade, gozava destes benefícios e privilégios?
Era toda a população ou só uma parte dela, e se era só uma
parte, qual parte?
A Guerra do Peloponeso
81
amarga resistência de Esparta. As cidades de Corinto e Mé-
gara da Liga do Peloponeso eram centros comerciais impor-
tantes e frequentemente competiam com êxito com Atenas.
As contradições políticas contribuíram para a rivalidade,
porque Atenas defendia os sectores democráticos da popu-
lação de toda a Grécia, incluindo os das cidades da Liga do
Peloponeso, enquanto Esparta apoiava os interesses dos aris-
tocratas em todas as cidades atenienses. Nestas circunstân-
cias não foi difícil encontrar um pretexto para começar uma
guerra.
A Expedição à Sicília
83
Contudo, na véspera da partida da esquadra de Atenas
deu-se um estranho e inesperado acontecimento. Os rostos
dos hermes (pilares quadrangulares encimados por bustos
de Hermes, o deus dos viajantes), que se erguiam nas encru-
zilhadas da cidade, apareceram mutilados. Este facto foi in-
terpretado como um mau presságio, especialmente porque
se murmurava que o nome de Alcibíades estava ligado a este
acto sacrílego. Apesar disso, a expedição levantou ferro, e as
forças atenienses tomaram a cidade siciliana de Catana e
foram cercar Siracusa. Inicialmente, o cerco teve êxito, mas
nesta altura chegou um navio enviado pelo governo de
Atenas, exigindo o regresso de Alcibíades para ser imediata-
mente julgado, acusado de profanação dos mistérios. Alci-
bíades obedeceu, mas no caminho para Atenas conseguiu
fugir e passou-se para o lado dos espartanos.
84
Em 413 a.C., Esparta violou o tratado de paz e a conselho de
Alcibíades utilizou um destacamento fortemente armado para
ocupar a cidade de Dekeleia, boa posição estratégica a cerca
de quinze milhas de Atenas. Em vez dos anteriores ataques
episódicos, os Espartanos começaram a organizar as suas
forças no território da Ática. Golpe final nesta cadeia de de-
sastres, foi a passagem de vinte mil escravos atenienses
para o lado de Esparta.
85
lhas, que iam de Atenas ao Pireu, fossem demolidas e Es-
parta reconhecida como potência principal da Hélade.
86
local. Apesar disso, estalou uma revolução democrática na ci-
dade, a guarnição espartana foi expulsa e o governo tebano
concluiu uma aliança com Atenas. Este facto deu mais uma
vez força ao poder de Atenas e levou mesmo à formação de
uma segunda aliança naval ateniense. No entanto, esta ali-
ança era de proporções muito menores que a anterior,
apenas abrangia Atenas e as ilhas do mar Egeu, e os Es-
tados-membros tinham agora maior autonomia.
87
fermentação intelectual. A qualquer hora do dia, as suas ruas
estavam cheias de gente, porque a vida pública desenrolava-
se inteiramente ao ar livre. As actividades públicas eram ex-
tremamente variadas: assembleias populares, cortejos e fes-
tivais, discussões políticas, filosóficas e legais e espectáculos
de teatro, etc. Todo o cidadão ateniense participava nos de-
bates da Assembleia Popular, ouvia as discussões legais e in-
telectuais, ia ao teatro, e por este processo tomava parte ac-
tiva na vida política e cultural da sua cidade.
A Filosofia
88
«A justiça é uma luta», escreveu, «e todas as
coisas acontecem pela luta e assim tem de
ser».
Historiografia
90
Peloponeso, na qual ele próprio tomara parte. É um notável
trecho de história, que dá os primeiros exemplos de várias
técnicas e métodos de crítica histórica e representa uma ten-
tativa para fornecer uma descrição imparcial dos aconteci-
mentos.
A Literatura e o Teatro
Os gregos deram um contributo igualmente brilhante no domínio das artes. No teatro, na poesia,
nas artes plásticas e na arquitectura, o génio do povo grego havia de deixar a sua marca para sempre.
O teatro na Grécia desempenhava uma função social. Originariamente ligado à religião, tornou-se
mais tarde uma das mais importantes características da vida política grega. Foi na Grécia que os dois
principais géneros teatrais — a comédia e a tragédia — nasceram e se desenvolveram. Represen-
tavam uma síntese de vários elementos — dança, cortejos e jogos ligados ao culto de Dionísio, o deus
do vinho. Durante a Grande Dionísia das procissões solenes realizadas em honra do deus, o coro ves-
tido com peles de cabra para representar os companheiros do deus — sátiros (meios-homens, meios-
bodes) cantavam hinos em que se narravam vários mitos relacionados com o deus. A partir deste cos-
tume desenvolveram-se as futuras tragédias — a actual palavra tragédia significa «canção de cabra».
91
Os maiores tragediógrafos gregos foram Ésquilo, Sófo-
cles e Eurípides. Ésquilo (525 - 456 a.C.) escreveu cerca de
80 tragédias, das quais sobreviveram apenas sete. A mais in-
teressante é Prometeu Agrilhoado, baseada no mito de
Prometeu, que ensinou os homens a fazer o fogo e assim
lançou as sementes do desenvolvimento da cultura e da civi-
lização. Por roubar o fogo do Olimpo, Prometeu incorreu na
ira de Zeus, que o castigou acorrentando-o a um rochedo e
submetendo-o a uma tortura horrível. Ésquilo descreve Pro-
meteu como um rebelde que desafia corajosamente a omni-
potência dos deuses.
92
(ou mimos) e dos ritos ligeiros ou jocosos ligados ao culto
de Dionísio.
93
esplendor das suas formas. Entre os edifícios mais notáveis
erigidos em Atenas contam-se o Parténon e o Propileu na
Acrópole e o Odeon na parte mais baixa da cidade.
94
Assim, o Odeon servia também de monumento à libertação
da Grécia na invasão persa.
Notas de rodapé:
A Macedónia e a Grécia
96
O único Estado grego que ainda conseguia opor certa re-
sistência a Filipe da Macedónia era Atenas. Contudo, dentro
da própria Atenas havia duas facções rivais. Os defensores
da facção pró-Macedónia consideravam que uma aliança com
Filipe era a única maneira de pôr fim às constantes lutas e
feudos internos; sob a chefia de Filipe os gregos poderiam
unir-se e começar uma «guerra santa» contra a Pérsia, que
além de uma vingança pela «profanação dos santuários» pro-
metia ricos despojos. A facção anti-Macedónia era chefiada
pelo famoso orador Demóstenes. Este chamava a atenção
para o facto de que uma aliança com Filipe significaria a
perda da liberdade, da independência e da democracia. De-
móstenes conseguiu reunir uma forte coligação anti-Mace-
dónia, na qual Tebas, Corinto e outras cidades se aliavam a
Atenas.
97
Alexandre da Macedónia tinha vinte anos quando subiu ao
trono. No entanto, será errado supor que ele não estava pre-
parado para realizar o importante papel que o esperava.
Desde muito jovem que acompanhava sempre o pai na
guerra e era já um chefe militar competente. Também tinha
recebido uma boa educação do seu mentor e professor Aris-
tóteles. Alexandre gostava muito de literatura e conhecia
bem a Ilíada; Aquiles era o seu herói preferido.
98
principais do rei persa Dario III. As tropas persas ultrapas-
savam em número o exército de Alexandre e ele recorreu a
uma ousada manobra. Conduziu o flanco esquerdo da infan-
taria ligeira e da cavalaria para uma posição avançada, lade-
ando o exército de Dario e atacando-o pela retaguarda.
Desta maneira, conseguiu cercar e derrotar os persas e Dario
foi obrigado a fugir para não ser capturado.
99
Alexandre foi obrigado a ceder e a dar ordens para voltar à
pátria. A marcha de regresso durou mais dois anos. Parte das
tropas veio por mar e outra por terra ao longo das costas do
golfo Pérsico; ambas as partes do exército se reencontraram
na Babilónia em 324.
100
tados que viriam então a levar existência independente
foram o Egipto, onde se estabeleceu a dinastia ptolomaica, o
reino sírio (abrangendo a Síria, a Palestina, Babilónia e todo
o império persa até ao rio Indo), onde se fixou a dinastia se-
lêucida, e, finalmente, a Macedónia, que manteve a sua he-
gemonia sobre a Grécia e a costa da Ásia Menor, que caiu
nas mãos de Antígono Gonatas e dos seus sucessores.
101
máticos, astrónomos e geógrafos tais como Euclides, Eratós-
tenes, Arquimedes, Hiparco e Hero. Durante este período, a
língua grega tornou-se a língua franca das costas orientais do
Mediterrâneo e este factor também serviu para promover a
unidade cultural dos países helenísticos.
O Período Primitivo
O berço do Estado romano foi a península italiana no Mediterrâneo Central, que, juntamente
com a ilha adjacente da Sicília forma como que uma ponte natural entre a Europa e a África. A costa
da península itálica é menos acidentada do que a da península balcânica e tem menos baías e golfos
abrigados. As ilhas próximas das costas da Itália são menos numerosas e variadas do que as do mar
Egeu.
102
Etruscos, um povo que desempenhou um papel importante
na primitiva história italiana. O centro da península foi po-
voado por numerosas tribos itálicas, incluindo os latinos em
cujo território estava situada a cidade de Roma. Finalmente,
no Sul predominavam os elementos gregos e havia um
grande número de colónias gregas — muitas delas cidades
ricas e prósperas — de maneira que se deu o nome de
Grande Grécia ao Sul da Itália e à ilha da Sicília.
O Enigma Etrusco
103
etruscos reinava em Roma e a população da cidade incluía
muitos artífices etruscos; os costumes e ritos etruscos manti-
veram-se na vida social e doméstica dos romanos durante
muitos anos.
A Fundação de Roma
104
anças foram depois recolhidas por um pastor que os criou e
lhes deu os nomes de Rómulo e Remo.
O Reino de Roma
105
com armamento pesado completo (espada, escudo, lança e
armadura) e manter um cavalo. Esta classe fornecia a maior
parte das centúrias para o exército nacional, e também go-
zava de todos os privilégios políticos. Na Assembleia Popular,
o povo estava representado pelas centúrias, tendo cada cen-
túria um voto. Como a maior parte das centúrias tinha
origem na classe social mais elevada, esta classe podia
sempre contar com a maioria dos votos da assembleia.
106
ou da usura. Os plebeus ricos começaram desde logo a pro-
curar direitos e privilégios iguais aos dos patrícios. Quanto
aos escravos, neste período primitivo da história romana,
eram relativamente poucos e a escravatura era de tipo patri-
arcal.
107
posse da terra e por direitos políticos. As massas plebeias es-
forçavam-se por obterem mais terras, enquanto as camadas
mais ricas procuravam a igualdade política.
108
Roma Conquista a Itália, Séculos V - III a.C.
110
Quando os Romanos olhavam para mais longe, para além
dos limites da península itálica, o seu olhar pousava primeiro
na Sicília. Nas palavras de um dos historiadores antigos, esta
ilha era uma presa rica e tentadora, estava mesmo à mão,
apesar de estar separada da Itália.
111
nham um exército forte e uma poderosa esquadra A fraqueza
do seu exército provinha do facto de ser composto sobretudo
de mercenários. Contudo, o seu nível profissional era elevado
e o seu equipamento técnico avançado (elefantes de guerra,
armas próprias para cerco, etc.).
112
concluir um tratado de paz pelo qual entregavam a Sicília a
Roma e pagavam um pesado tributo.
114
terrâneo Oriental. Travaram três guerras contra o mais peri-
goso dos seus rivais do Oriente — a Macedónia helenística.
Depois da Segunda Guerra Macedónica, os Romanos decla-
raram-se arrogantemente libertadores da Grécia e, em
196, o comandante romano Flamínio declarou-a indepen-
dente. Em termos práticos, a Grécia apenas mudara de domi-
nador.
115
Consequências das Guerra. A Economia Romana. Uma
Sociedade com Escravos
116
formas dos serviços sociais da Itália ou da recolha de im-
postos nas províncias romanas. Estes grupos também em-
prestavam dinheiro a juros.
117
actores, cozinheiros e dançarinos) eram sempre muito ele-
vados e os cidadãos romanos ricos estavam preparados para
pagar por eles quantias que iam até aos milhares.
118
mente opostas: a dos escravos e a dos senhores. Isto, por
sua vez, implicava que as contradições tinham de ser agu-
dizar e haviam de dar origem a uma intensa luta de classes.
119
Euno como rei, atribuindo-lhe o nome tradicional dos reis sí-
rios, Antíoco.
120
Quando apresentou estes planos, Tibério Graco tentava
alcançar dois objectivos: reconsolidar o campesinato empo-
brecido e proteger o poder militar romano, pois a base deste
poder era o exército de camponeses. Contudo, às suas pro-
postas opôs-se violentamente a maioria dos senadores, que
eram todos importantes proprietários de terras.
122
vencedores vingaram-se cruelmente e mataram três mil par-
tidários de Graco.
123
termo fora herdado do passado, e nesta fase da história de
Roma aplicava-se aos cidadãos ricos que não fossem de as-
cendência nobre, a comerciantes e a pessoas que faziam em-
préstimos de dinheiro. Finalmente, o resto da população era
conhecido pelo nome tradicional de plebe. No campo, a
plebe significava os camponeses, e nas cidades os artí-
fices, os pequenos comerciantes, os mestres dos ofí-
cios e os donos das lojas. Os escravos, aos olhos dos Ro-
manos, não constituíam uma classe separada, embora na
prática fossem uma classe separada e isolada, privada de
todos os direitos.
124
pelo Norte — a ameaça de invasão pelos cimbros e teutões
(tribos de origem céltica e germânica).
125
A guerra civil iria desempenhar um papel de grande im-
portância na história posterior de Roma. Como todos os habi-
tantes da Itália se tinham agora tornado cidadãos romanos, a
cidade de Roma e o seu povo perderam a sua antiga impor-
tância e a sua posição privilegiada. De facto, o resultado
desta guerra representou uma vitória para a Itália, como um
todo, sobre Roma.
126
Quando Sila teve conhecimento desta decisão — na altura
estava no Sul da Itália com o seu exército — fez um discurso
aos soldados. Depois de os convencer do seu ponto de vista,
Sila marchou sobre Roma com o seu exército. A luta ir-
rompeu pelas ruas da cidade: Sulpício Rufo foi morto e Mário
fugiu. Assim, pela primeira vez na sua longa história, Roma
foi tomada por soldados romanos rebeldes. Depois disto, Sila
partiu com as suas tropas para a Grécia, onde passou quase
três anos e onde obteve algumas vitórias sobre Mitrídates, o
que lhe deu a possibilidade de expulsar as forças inimigas da
Grécia. Sila não foi até à Ásia Menor, porque Mitrídates já
tinha pedido a paz. E, além disso, Sila precisava de terminar
as hostilidades, porque, durante a sua ausência, Mário tinha
tomado o poder em Roma e as circunstâncias exigiam o seu
rápido regresso.
127
A Revolta de Espártaco
128
dispersaram do principal exército, sendo em breve derro-
tados pelos Romanos. Entretanto, Espártaco deslocou-se
para o Norte, e mais tarde, perto da cidade de Mutina obteve
uma estrondosa vitória, que marcou um alto ponto do seu
sucesso. Logo após este acontecimento o seu exército totali-
zava 120 000 homens.
130
ocasião do seu triunfo em Roma depois da campanha,
Pompeu tinha derrotado 22 reis, conquistado 1538 cidades e
fortalezas e subjugado cerca de 12 milhões de pessoas. A
Campanha de Pompeu no Oriente completou a submissão do
Oriente helenístico (à excepção do Egipto), que tinha come-
çado depois da Segunda Guerra Púnica.
131
baptizada de «o monstro de três cabeças». Os seus membros
eram Pompeu, Crasso e Júlio César.
Caio Júlio César (100 - 44 a.C.) ainda não era uma figura
tão proeminente como Crasso e Pompeu. Era, contudo, um
homem tremendamente ambicioso, enérgico e talentoso.
Tornou-se desde logo o verdadeiro líder do triunvirato, parti-
cularmente depois de ter sido eleito cônsul em 59 a.C. Como
cônsul, César tentou seguir a política dos tribunos democrá-
ticos. Fez aprovar uma lei agrária, que decretava que se
dessem parcelas de terra aos antigos soldados de Pompeu
(veteranos).
132
as tribos germânicas que lá estacionavam e em 54 a.C.
aportou à Grã-Bretanha.
A Guerra Civil
133
Mas César não perdeu tempo à espera de Pompeu. Em Ja-
neiro de 49 a.C., atravessou com uma das suas legiões o Ru-
bicão, que marcava a fronteira entre o território sob o co-
mando de César e a Itália. Segundo a tradição, atravessou o
Rubicão com as palavras «a sorte está lançada», porque
sabia que a sua acção marcava o começo de um novo capí-
tulo da guerra civil.
134
apenas em cinco dias, e mandou, então, ao Senado a sua fa-
mosa mensagem «Veni, vidi, vici».
135
Tudo isto levou ao descontentamento não só entre o povo
mas também entre alguns senadores que conside-
ravam César um tirano. Formou-se uma conspiração contra
ele e em 15 de Março de 44 a.C. César foi assassinado no
Senado, apunhalado por um grupo de conspiradores dirigidos
por Bruto e Cássio. Encontraram-se 23 feridas no seu corpo.
O Segundo Triunvirato
136
dos primeiros foi o implacável inimigo de Marco António, Cí-
cero.
O Primeiro Período
O Principado de César Augusto
138
«imperator» (imperador) foi incluído na sua lista de títulos e
nomes.
139
César Augusto foi chefe supremo do império romano du-
rante 45 anos. Ordenou que o poder imperial se tornasse he-
reditário, e quando morreu no ano 14 d.C. sucedeu-lhe o seu
enteado Tibério.
140
estão ordenadas em forma de um calendário romano onde
inclui todos os feriados e festas nacionais. No ano 8 d.C., por
razões que desconhecemos, Ovídio foi exilado para uma re-
gião distante do império onde acabou os seus dias. As
obras Tristia e Epistulae ex Ponto datam deste período da
sua vida.
141
mandou executar muitos senadores, sem sequer tentar dis-
farçar as suas tendências despóticas. Durante o seu reinado
foram gastas somas enormes com despesas da corte impe-
rial, e ele e os seus favoritos viviam no meio de um luxo sem
precedentes. Nero, que tinha um grande amor pela música e
pelo canto, costumava representar no palco e chegou a per-
correr a Grécia dando espectáculos musicais. No ano 64,
ocorreu em Roma um incêndio enorme, que durou uma se-
mana inteira e destruiu dez dos catorze bairros da cidade.
Entre a populaça murmurava-se que o próprio Nero tinha
deitado fogo à cidade para poder gozar um espectáculo raro.
A crueldade do imperador e os seus caprichos macabros aca-
baram por provocar uma revolta. A guarda pretoriana traiu-o
e Nero foi obrigado a suicidar-se. Diz-se que exclamou antes
de morrer: «Que artista morre comigo!».
142
como um todo, tornavam-se o principal bastião do poder im-
perial.
143
ziam-nos trabalhar acorrentados, eram espancados e conde-
nados à morte. Os escravos eram mantidos em submissão
com medidas de terror. Aconteceu, por exemplo, que um
nobre romano foi morto por um seu escravo; segundo a lei
promulgada, como dissemos, no reinado de Augusto, todos
os seus escravos de cidade — neste caso eram 400 — incor-
riam na pena de morte. Embora provavelmente o povo de
Roma, indignado perante esta medida cruel, pudesse erguer-
se e protestar, a sentença foi executada e os 400 escravos
foram mortos.
144
requisições de géneros pelo exército eram uma prática fre-
quente. A conjugação destes factores esteve na origem das
maiores revoltas que se deram em algumas províncias, como
a Gália, a Grã - Bretanha e a África, no séc. I, e a Palestina,
no séc. II. Contudo, o império romano nessa altura era sufici-
entemente forte para esmagar estes movimentos, que não
representavam uma ameaça séria ao seu poder centralizado.
145
caleidoscópica, de imperadores, revoltas e golpes militares.
Ao mesmo tempo, a pressão das tribos bárbaras nas fron-
teiras do império aumentou. Os Francos e os Alamanos inva-
diram a Gália, os Saxões invadiram a Grã-Bretanha e os
Mouros invadiram a África, enquanto se formava uma grande
aliança bárbara entre as várias tribos góticas dos países das
margens do mar Negro. As confrontações militares com as
tribos bárbaras tornavam-se mais difíceis para o governo
central que ao mesmo tempo era obrigado a dominar pertur-
bações dentro da própria pátria. Roma começou então a
perder algumas das suas possessões ocidentais — a Gália, a
Grã-Bretanha e a Espanha. No Oriente, surgiu o reino de Pal-
mira, que, depois de concluir uma aliança com a Pérsia, ob-
teve o controlo de quase todas as províncias orientais do im-
pério.
146
romana e se reflectiram na sua ideologia em transformação.
A desintegração da base económica da sociedade romana
está intimamente ligada ao aparecimento dos coloni, e a
crise ideológica encontrou, sobretudo, expressão no apareci-
mento e na expansão do cristianismo.
Aparecimento do Colonato
147
gócio», pagando ao seu senhor uma parte do que rendia
como uma espécie de renda livre.
148
servo. Mesmo assim, o trabalho dos coloni em servidão re-
presentava uma melhoria em relação ao trabalho do escravo
em vários aspectos: os colonique possuíam os seus próprios
instrumentos de trabalho, cuidavam melhor deles, e como só
eram obrigados a entregar ao senhor uma parte do que pro-
duziam, tinham maior interesse pelos frutos do seu trabalho.
Todos estes factores demonstram que a economia do propri-
etário de escravos e o sistema da escravatura estavam ultra-
passados e tinham de ser substituídos por uma nova forma
de economia e um tipo de trabalho mais eficiente. Era este o
ponto crítico da profunda crise económica da sociedade ro-
mana que praticava a escravatura.
O Cristianismo
149
ao céu. Esta era a história da vida de Jesus Cristo na Terra,
tal como foi divulgada pelos adeptos da nova religião.
150
Cristo foi reconhecido Rei dos Céus, e o imperador romano
era o Senhor do império na Terra.
O Dominato
151
os preços dos artigos de primeira necessidade e as remune-
rações de trabalho.
154
Os cinquenta ou sessenta anos seguintes foram marcados
por uma série quase ininterrupta de invasões bárbaras do
império romano e alguns reinos bárbaros foram fundados
mesmo em território romano. Em 429, o rei vândalo Gense-
rico subjugou a Itália e devastou Roma, e, em 449, a Grã-
Bretanha foi invadida pelos Anglos, Saxões e Jutas. Entre-
tanto, estabeleceu-se ao longo do Danúbio, uma grande fe-
deração de tribos bárbaras sob o comando do huno Átila. Pri-
meiro, os Hunos devastaram a península balcânica. Depois,
marcharam sobre a Gália. Em 451 travou-se em Châlons a
«batalha das nações», onde os Hunos foram derrotados por
um exército misto de romanos e bárbaros — Francos, Godos
e Burgúndios. Depois desta derrota, Átila retirou-se para
além-Reno, mas no ano seguinte invadiu o Norte da Itália
mais uma vez. Mas morria pouco depois (453) e a aliança
dos Hunos morreu com ele.
155
O significado histórico da queda do império do Ocidente
não está, é claro, no facto de o último imperador, que por
sinal não era uma figura notável, ter sido destronado; está,
sim, no colapso desta enorme sociedade que praticava a es-
cravatura, no colapso dum estado baseado numa economia
que assentava sobre o trabalho escravo. Este tipo de estru-
tura política e de sistema económico, fora ultrapassado, e foi,
por isso, que o império romano, já internamente fraco depois
da profunda crise social do século terceiro, não conseguiu
evitar a crescente pressão dos seus inimigos bárbaros. A
base económica da sociedade romana já estava minada no
séc. III, quando o sistema de colonato se radicou e foi substi-
tuindo o trabalho escravo. Contudo, como unidade política, o
Império Romano, provou ser suficientemente forte para so-
breviver a esta crise. Mais século e meio de conflitos de
classe dentro do império e de constante pressão nas suas
fronteiras fizeram com que caísse a última cidadela da socie-
dade de senhores de escravos, e com ela a economia ba-
seada no trabalho escravo, e o poder dos nobres proprietá-
rios de escravos. É neste facto que reside o significado histó-
rico da queda do Império Romano do Ocidente.
156
como a época do renascimento e chamavam ao intervalo
entre este Renascimento e a época clássica, a Idade Média
(medium aevum), descrevendo-a como uma época de con-
quistas bárbaras, de ignorância e superstição, uma época de
profundo declínio cultural.
157
parte da sua produção. Contudo, estes servos eram sempre
pequenos lavradores independentes, que tinham as suas pró-
prias famílias. Como na maioria dos casos, a parte da pro-
dução que o camponês devia ao seu senhor era fixada pelo
costume, os servos já sabiam que se elevassem o seu nível
de produtividade teriam uma maior produção disponível e po-
deriam assim melhorar as condições de vida das suas famí-
lias. Deste modo, o servo, ao contrário do seu antecessor,
escravo, tinha interesse em elevar a produtividade. É neste
facto que reside o aspecto progressista da sociedade feudal,
que iria preparar o caminho para a transição de uma eco-
nomia ainda mais avançada, a economia capitalista.
No período inicial da queda do Império Romano e da conquista dos seus territórios pelos bár-
baros deu-se um drástico declínio cultural. Não tardou que poucos vestígios ficassem das notáveis re-
alizações da arte e da ciência clássicas. Os bárbaros — Germanos e Eslavos(4) — ainda viviam em pri-
mitivas comunidades patriarcais e encaravam a guerra como meio de adquirir tudo o que não sabia
ainda criar com o seu trabalho. Pilhavam cidades e aldeias, aprisionavam cidadãos ricos e depois pe-
diam um grande resgate por eles ou eliminavam-nos antes de tomarem as suas propriedades e pasta-
gens; muitas vezes obrigavam a população local a pagar-lhes um terço do seu rendimento. A própria
Roma foi saqueada e pilhada por mais de uma vez.
158
baros, acabou por dar origem a um grande número de uni-
dades baseadas numa economia natural.
159
alguma miscigenação entre ambas e nos nossos dias os
únicos povos celtas que existem são os Irlandeses, os Esco-
ceses, os Galeses e os Bretões no noroeste da França. A his-
tória posterior das restantes tribos celtas está ligada à his-
tória dos povos germânicos. As tribos germânicas viviam ini-
cialmente entre Reno a oeste, e o Oder a leste. Para leste vi-
viam os Lituanos, os Finlandeses e numerosas tribos eslavas
que os fizeram recuar para ocidente para além do Elba, nos
primeiros séculos d.C. As tribos germânicas foram-se fixando
gradualmente no Oeste, tendo ocupado toda a Europa Oci-
dental e as ilhas Britânicas. Todas estas tribos eram de tipo
patriarcal primitivo e estavam divididas em grupos de clãs
formados por grandes unidades familiares.
160
anos, e entretanto ou desbravavam outros lotes de terra ou
cultivavam terras já desbravadas. E como as terras onde vi-
viam eram vastas e escassamente povoadas, não faltava
terra a nenhum clã. Contudo, este estado de coisas não
podia continuar para sempre, e, em breve, à procura de
novas terras, os povos germânicos começaram a invadir o
território romano, que desde há muito estava sob cultivo sis-
temático.
161
deia ou distrito. Nestas assembleias deliberava-se sobre as-
suntos importantes e tinham lugar os processos legais. Todos
os homens adultos das comunas não só trabalhavam a terra
mas eram também guerreiros. A posse de armas era enca-
rada como sinal de se ser homem livre da comuna com
plenos direitos. Os membros nobres e ricos das comunas reu-
niam muitas vezes «corpos» de criados e com a ajuda destes
atacavam constantemente as tribos vizinhas, preferindo,
como Tácito registaria, tomar pelo derramamento de sangue
o que outros conseguiam com o suor do seu rosto. Estes
«nobres» recrutavam os seus dependentes sem tomar em
conta a que tribo pertenciam, contribuindo assim para a gra-
dual desintegração da estrutura do clã desta sociedade primi-
tiva. Por vezes os konungr — reis — salientavam-se das fi-
leiras da aristocracia, e depois unificavam algumas tribos sob
o seu domínio e empreendiam expedições militares em larga
escala com o objectivo de anexarem novas terras.
162
Na segunda metade do séc. IV, os Hunos, depois de atra-
vessarem o Volga, derrotaram as forças aliadas chefiadas por
Germanarix, e obrigaram as tribos germânicas a deslocarem-
se para Ocidente. Alguns de entre eles, os Godos ocidentais
ou Visigodos, atravessaram as fronteiras do império do Ori-
ente (376) e estabeleceram-se no território da actual Bul-
gária. Foram cruelmente explorados pelos administradores
imperiais e logo se revoltaram, tendo infligido uma pesada
derrota ao exército bizantino. Bizâncio foi, assim, obrigada a
encetar negociações com eles e tomou alguns ao seu serviço,
tendo-os autorizado a estabelecerem-se na parte ocidental
do império. Uma vez aqui, os Visigodos reuniram as suas
forças sob direcção do talentoso chefe Alarico e começaram a
devastar o território adjacente antes de marcharem sobre
Roma, no ano 410, e de pilharem a cidade durante seis dias.
Pouco depois, Alarico retirou-se para o Sul da Itália, onde
morreu. De acordo com um tratado concluído com Bizâncio,
foram dadas as terras entre o rio Garona e os Pirenéus aos
seus descendentes. Ali se estabeleceram e, pouco a pouco,
alargaram o seu poder para o Sul, a toda a Espanha. Desta
maneira, nasceu o primeiro reino bárbaro que abrangia o su-
doeste da França e a Espanha (419).
163
Marne, no ano 451. Embora Átila e as tropas que sobrevi-
veram continuassem a saquear várias cidades no Norte da
Itália, não tentou outras conquistas. O seu império desinte-
grou-se depois da sua morte, em 453, e os Hunos mistu-
raram-se, pouco a pouco, com a população local.
164
dos duques lombardos, enquanto os restantes foram obri-
gados a pagar aos bárbaros um terço do seu rendimento.
166
lapso da economia baseada no trabalho escravo. O segredo
da vitalidade do império Bizantino residia na sua estrutura
social e económica. Utilizava-se menos o trabalho escravo na
agricultura (isto é, nas herdades dos grandes proprietários),
do que no império do Ocidente. Os escravos há muito que ti-
nham autorização de possuir os seus próprios instrumentos
de trabalho e mesmo pequenas parcelas de terra, sem as
quais não podiam ser vendidos. Por outras palavras, o es-
cravo ocupava na prática a mesma posição que o colonus.
167
senhores feudais não foi acompanhada de quaisquer altera-
ções na burocracia centralizada, que fornecia uma base ideal
para uma estrutura despótica de Estado.
168
A Sociedade Bárbara
169
posse da terra pelos senhores feudais, a dependência feudal
dos trabalhadores e a sua obrigação de pagar uma renda à
classe dominante — tais foram os fenómenos sociais que re-
sultaram do processo de feudalização. Ora, como se realizou
esse processo?
170
reis reinavam agora sobre vastos territórios e a distância tor-
nava-os inacessíveis.
172
de todo o poder administrativo, dentro das suas grandes pro-
priedades.
173
trema firmeza e por um longo período. Os exércitos recru-
tados entre os homens do povo, que seguiram os seus chefes
na batalha e em campanhas de conquista, começaram a de-
sempenhar um papel menos importante. O contacto e até
simples recontros com as tropas romanas e o progresso geral
na técnica militar tornaram inevitável a introdução de armas
e armaduras de metal. A necessidade de destacamentos de
cavalaria, além de destacamentos de infantaria, começou a
fazer-se sentir, e os cavalos precisavam de armaduras de
metal tal como os cavaleiros. Estas inovações eram muito
dispendiosas: uma armadura completa custava 45 vacas, ou
seja uma manada inteira. Obviamente, uma armadura era
um luxo inacessível ao pequeno lavrador das comunas de al-
deia. Por esta razão, o serviço militar universal em breve
seria uma recordação do passado.
174
Foi assim que se formou uma nova classe dominante —
uma classe de proprietários guerreiros com vastas terras
(comparadas com as pequenas parcelas dos camponeses),
que dentro dos limites da sua propriedade desempenhavam
todas as funções do poder do Estado. As grandes massas dos
actuais produtores — os camponeses, dependentes destes
senhores feudais — eram obrigadas a pagar-lhes, pelas suas
parcelas de terreno, na forma de corveias ou de renda, e
também a prestar-lhes vários serviços e a pagar-lhes várias
contribuições na sua qualidade de representantes do poder
estadual.
175
Um exemplo da maneira como os Estados bárbaros eram
fundados naquele tempo pode ver-se na formação do Estado
franco durante o reinado de Carlos Magno (768-814). O reino
dos francos não tinha capital no sentido moderno da palavra.
O centro do Estado era onde quer que se encontrassem o rei
e o seu séquito. O rei viajava pelo seu reino, ocupado pelas
tribos francas, juntamente com o seu séquito, de uma propri-
edade para outra, onde se encontrassem armazéns de ali-
mentos e outros artigos vitais em quantidades suficientes
para satisfazer as necessidades da sua corte e do seu sé-
quito, depois de ter juntado tudo que pudesse ser cobrado
legalmente à população local na forma de tributos e im-
postos. Estas deslocações do rei e da sua corte também ser-
viam para definir os limites territoriais do Estado, pois todos
aqueles que concordavam em pagar ao rei eram conside-
rados seus súbditos e a terra onde viviam era considerada
como parte do reino. Nos Estados bárbaros raramente se en-
contravam fronteiras claramente definidas. Na prática, as
suas fronteiras eram os limites dentro dos quais o rei e o seu
séquito exerciam a sua autoridade cobrando tributos e im-
postos. Temos de ter cuidado em não sermos induzidos em
erro pela enorme extensão do império de Carlos Magno, para
não tirarmos conclusões falsas quanto à sua natureza.
176
tempo de guerra. Ora os que podiam aceitar tais obrigações
vinham das camadas prósperas da sociedade, cujos membros
tinham podido aumentar a sua riqueza recebendo os cha-
mados benefícios. Estes benefícios em breve se tomariam he-
reditários e assim a distribuição em massa de benefícios du-
rante o reinado de Pepino levou a um aumento e a uma con-
solidação da classe dominante dos poderosos proprietários
guerreiros, dos quais agora se tinham tornado dependentes
os pequenos camponeses que habitavam a terra do bene-
fício.
177
estrutura do seu núcleo — a propriedade feudal —, que seria
a base da sociedade feudal durante muitos séculos, desde os
tempos do seu aparecimento até à sua queda na confla-
gração das revoluções burguesas.
178
nhorio. Para compreender as características essenciais das
relações feudais e a estrutura da sociedade é importante ter
um quadro nítido da maneira como o senhorio estava orga-
nizado e da maneira como esta unidade socioeconómica iria
influenciar as relações sociais e políticas na Idade Média.
O Senhorio
180
nas aldeias e, numa fase posterior, as empresas pequenas
dos artífices nas cidades.
182
dentes, apropriaram-se do direito de julgar e de aplicar
penas ao povo da região quando a lei e a ordem eram infrin-
gidas, e, como guerreiros, apropriaram-se do direito de re-
crutar bandos de súbditos armados.
A Hierarquia Feudal
183
mosteiros importantes), depois vinham os barões e, por
fim, os simples cavaleiros. Todos estes grupos estavam
unidos por um interesse comum: explorar o povo traba-
lhador, e, durante a alta Idade Média, este interesse comum
foi suficiente para assegurar o cumprimento obediente, pelos
camponeses, da sua obrigação de alimentarem, vestirem e
calçarem a classe dominante. Por isso, nessa altura, não
existiam outros padrões sociais. E porque a unidade de um
reino bárbaro, mesmo de um reino tão extenso como o im-
pério de Carlos Magno, se formava à volta do rei, mais tarde
ou mais cedo estes Estados desintegraram-se e foram divi-
didos era alguns senhorios, cujos proprietários estavam de
um modo ou de outro obrigados a prestar vassalagem uns
aos outros e, finalmente, ao próprio rei. Na prática, o papel
do rei era pouco significativo, visto que cada senhor tratava
directamente com o seu superior imediato, a cujas exigências
tinha de atender. No reino franco, onde o modelo social
feudal estava particularmente bem definido, imperava o prin-
cípio: «O vassalo do meu vassalo não é meu vassalo».
O Papel da Igreja
Notas de rodapé:
(4) A palavra «bárbaros» era o nome grego dado a todos os povos cuja língua era
incompreensível para eles, e é também uma imitação de «gibberish».
A China
No século III (d.C.), a desintegração da sociedade que praticava a escravatura provocou a queda
do Império Han e o declínio político das regiões centrais daquele império, habitadas pelos Hans. No
território do Império Han (a bacia do rio Amarelo) acabou por ser estabelecido o Estado wei, en-
quanto na bacia do Yangtzé, parte da qual fora incorporada no Império Han, surgiram os reinos Wu e
Chu. Assim, havia dois centros importantes na China Medieval. No Sul, onde uma grande parte do ter-
ritório estava por cultivar, o desenvolvimento foi lento. No Norte, onde tinha sido necessário manter
grandes redes de irrigação e construir fortificações contra as invasões nómadas, apareceu um estado
centralizado que se desenvolveu mais rapidamente.
187
A devastação em massa do Norte levada a cabo pelos nó-
madas, a que se seguiu a miscigenação destes com os han e,
por fim, a assimilação dos dois povos, preparou o caminho
para o subsequente aparecimento das relações feudais
apesar de a propriedade continuar oficialmente a ser do Es-
tado. A necessidade de assegurar a conservação de grandes
sistemas de canais e a defesa colectiva dos nómadas, exi-
giam a criação de um grande Estado centralizado. O seu
principal apoio, foram os pequenos proprietários guerreiros
moderadamente prósperos, cujas propriedades dependiam
das condições do serviço e que desempenharam um papel
importante no desalojar dos poderosos proprietários secu-
lares e budistas. No estado han-toba do Wei do Norte (séc. V
e primeira metade do séc. VI) foi introduzido um sistema de
loteamento, novo e mais eficiente: o trabalho obrigatório nas
terras do Estado foi substituído por um imposto que os cam-
poneses tinham de pagar pelas suas terras — parte do qual
ia para o Estado, sendo outra parte dividida entre os funcio-
nários administrativos da região. A propriedade privada con-
tinuou a existir, lado a lado, com as terras do Estado, e estas
eram cultivadas por camponeses dependentes. A principal
forma de exploração nas propriedades privadas era uma
renda elevadíssima; os camponeses tinham de dar cerca de
metade da sua colheita e o pagamento tornou-se obrigatório
e inevitável.
188
Sul. Os métodos de exploração foram também uniformi-
zados, a religião oficial — o confucionismo —, com os seus
ensinamentos de submissão ao Estado, imperava por toda a
China.
189
cionários que tinham terras foi minada de uma vez para
sempre, depois de algumas derrotas infligidas pelos inva-
sores nómadas. Os povos subjugados do Sul (tais como os
vietnamitas) reconquistaram a independência, líderes locais
que, entretanto, se tinham tornado proprietários poderosos
declararam-se independentes. Nestas condições, a proprie-
dade privada da terra espalhou-se rapidamente e os rendi-
mentos do Estado sofreram a diminuição correspondente. A
impossibilidade de restabelecer o sistema de divisão de
terras acabou por levar ao reconhecimento parcial da propri-
edade das terras aos líderes feudais e do seu poder sobre os
seus servos (já estavam a cobrar impostos aos camponeses
que viviam nas suas propriedades) e também ao reconheci-
mento do direito de possuir propriedades de qualquer ex-
tensão. Na China, tal como noutros Estados feudais, o desen-
volvimento do novo sistema económico levou a um aumento
do número das propriedades pequenas e médias, cujos pro-
prietários se entregaram logo à exploração do trabalho cam-
ponês. No entanto, a necessidade de assegurar a manu-
tenção da irrigação e de medidas de defesa adequadas
contra os invasores nómadas (que era particularmente vital
na China) significava que a burocracia feudal não desapa-
receu aqui, como noutros Estados do Extremo Oriente, du-
rante os princípios da era feudal.
190
Os séculos VII, VIII, IX assistiram a um grande floresci-
mento da cultura chinesa. Foi inventada a pólvora, foram
aperfeiçoadas as técnicas de fabricar papel e porcelanas,
surgiu a imprensa com caracteres de madeira. Aumentou o
número de escolas, instruíram-se academias e muitas ci-
dades tornaram-se importantes centros culturais. Os estudi-
osos chineses fizeram algumas descobertas de importância
vital nos campos da matemática, da astronomia e da física, e
a geografia e a história também se desenvolveram rapida-
mente. O reinado da dinastia tang foi ainda notável como
época de alta poesia — foi o tempo de Li Po, Tu Fu e Po Chu-
i. Os Ch’uan-chi ou Contos dos Prodígios Tang haviam de
fazer história na literatura, representando as primeiras tenta-
tivas sérias de escrever ficção. Um modo materialista de ver
o mundo real encontrava-se nas obras de um grande número
destes escritores. Apareceram novas escolas de pintura e es-
cultura e muitos artistas de talento ficaram famosos.
191
foram habitadas por uma população étnica e socialmente ho-
mogénea. As invasões dos khitan, tangut tai e outros povos
foram um obstáculo ao progresso do Estado sung.
192
meçou a desintegrar-se. Em 1127, foi fundado no Norte, um
Estado han-jurchen com o nome de Ch'in, enquanto as pro-
víncias han do Sul permaneceram nas mãos da dinastia sung.
Ambos os Estados eram económica e politicamente fracos;
no Norte, as guerras unificaram a economia e, no Sul, depois
da derrota nas mãos dos jurchen, os senhores poderosos tor-
naram-se mais independentes do que nunca, o que serviu
para enfraquecer o poder económico do império sung do Sul
e para provocar um declínio temporário na expansão comer-
cial e urbana, não mencionando já, o poder militar do Estado.
A Coreia
193
O Estado de Silla unificado tinha todas as características
duma primitiva sociedade feudal do Extremo Oriente: a es-
trutura do Estado baseava-se na propriedade oficial de toda a
terra, e a distribuição da terra pelos camponeses na forma
das propriedades individuais ou de parcelas que lhes eram
atribuídas levou à exploração dos camponeses, quer pelo Es-
tado na forma de rendas e impostos quer pelo funcionários
burocráticos, que, em troca dos seus serviços, tinham o di-
reito de cobrar rendas e impostos de algumas aldeias. Este
período foi também marcado pelo gradual desaparecimento
da comuna. Grandes parcelas de terra eram cultivadas pelos
camponeses submetidos a suseranos. A existência de um sis-
tema de atribuição de terras e de um fundo de terras livres
facilitou a rápida criação de um aparelho de Estado centrali-
zado, na medida em que aos funcionários desse aparelho
eram dadas parcelas de terra em vez de salários, e, geral-
mente, com as terras eram também dados os camponeses
que nelas trabalhavam. A unificação do país deu um novo es-
tímulo ao desenvolvimento do comércio interno e dos ofícios.
O comércio externo na Coreia estava pouco desenvolvido,
porque era prejudicado pela competição chinesa.
194
poder centralizado desapareceu desde logo e surgiram dois
Estados paralelos.
195
Nos fins do séc. X, o sistema das relações feudais foi reor-
ganizado com os métodos de exploração agora uniformes, foi
estabelecido um aparelho de Estado eficiente e traçaram-se
demarcações nítidas entre os direitos e os deveres dos admi-
nistradores civis e chefes militares. Um exército regular de
camponeses mobilizados havia sido formado para substituir o
antigo séquito. Este facto deu aos senhores feudais de Koryo
a possibilidade de se defenderem de uma invasão khitan (no
início do século XI) e de esmagar as revoltas camponesas.
Como era o caso do Vietname, a diminuição da pressão exer-
cida pelos senhores feudais chineses, agora que o poderio do
império chinês estava a declinar, era ainda outro factor a
contribuir para o florescimento do Estado feudal centralizado
da Coreia durante o século XI e no princípio do séc. XII.
196
O Japão
197
Silla obrigaram a uma reorganização do aparelho administra-
tivo.
198
séc. VIII foram em larga medida copiadas das dos seus vizi-
nhos mais avançados, especialmente da China (sistema de
atribuição de terras, etc.).
199
poder. Esta mudança na base social da sociedade feudal
levou a uma mudança na sua estrutura e na natureza da luta
travada entre os senhores feudais. Esta luta era agora che-
fiada por um grupo de nobres cortesãos que desempe-
nhavam funções administrativas, contra poderosos proprietá-
rios encarregados de administração nas províncias. Estes dois
grupos não eram da mesma linha de descendência que a
aristocracia de clã e continuaram a sua luta contra o poder
imperial, na intenção de fazer das terras que lhes eram atri-
buídas e dos seus cargos propriedade hereditária, e com isso
minarem seriamente o poder imperial. O verdadeiro poder
passou, assim, das mãos dos sumeragi para as mãos de uma
família de proprietários, os fujiwara. Esta mudança marcou o
começo do chamado período hein (séc. IX e X e início do sé-
culo XI).
200
serviço do Estado com eficiência a partir do centro de de-
cisão, obrigou o Estado a distribuir muitas das suas terras
como pequenas propriedades hereditárias a cavaleiros ou sa-
murai, ao serviço do Estado ou dos senhores poderosos.
Este sector de classes que possuíam terras cresceu rapida-
mente e substitui gradualmente os funcionários administra-
tivos locais nas províncias. Os séculos XI e XII, particular-
mente no Norte e no Leste do país, assistiram à ascensão
dos samurai, que logo começaram a lutar com os donos
dos choen, pela conquista da influência sobre o poder cen-
tral.
201
A substituição de um tipo de relações feudais por outro
não se podia efectuar sem derramamento de sangue, porque
cada tipo representava os interesses de um grupo específico
de proprietários; qualquer dos quais estava disposto a aban-
donar os antigos direitos e privilégios. Em meados do século
XII havia três grupos de proprietários no Japão: os samurai e
seus suseranos no Norte (a família Minamoto), os donos das
grandes propriedades no Sul, onde os samurai eram muito
mais fracos (a família Taira) e os funcionários do Estado da
capital que possuíam terras e que formavam o séquito do rei
(a família Fuji-Wara). O Norte, com o seu desenvolvimento
social mais avançado e a predominância de pequenas propri-
edades, iria sair vitorioso. Os Taira foram derrotados em
1185 e os que seguiam o imperador em 1192: para esta se-
gunda derrota contribuíram as revoltas camponesas nas
enormes propriedades da aristocracia heian. Minamoto Yori-
tomo declarou-se novo governante do Japão — o chogun —
e o título foi declarado hereditário.
202
enorme, e pequenos centros da província. Como resultado do
crescimento do comércio interno e, num grau inferior, ex-
terno, surgiram grande número de comerciantes e de pes-
soas ligadas ao transporte de mercadorias. O Japão do séc.
XII era um Estado feudal com alto nível de desenvolvimento
económico. Muitos aspectos da sua vida social e cultural
foram fortemente influenciados pela China.
A Índia
203
feudal e as principais formas de exploração eram o arrenda-
mento da terra e a cobrança de rendas.
205
uma estrutura estadual complexa e conservadora. Para
atacar esta nova oposição, a tradicional religião brahmin foi
reformada sob a pressão dos padrões sociais em transfor-
mação e o hinduísmo desenvolveu-se em seu lugar. Caracte-
rísticas próprias eram a ausência completa de uma hierarquia
e de aparato litúrgico: cada membro da casta superior —
cada brâmane — tornava-se por direito de nascimento o
mentor espiritual dos fiéis, e a desobediência aos brâmanes,
segundo a crença hindu, provocava a ira dos deuses. Junta-
mente com a casta militar dos xatrias, os brâmanes explo-
ravam os membros das castas inferiores, artífices e comerci-
antes, assim como grupos exteriores ao sistema de castas
que se encontravam no fim da escala social.
O Sudoeste Asiático
206
cial dos Estados que surgiram nesta parte do mundo depois
do séc. III a. C. estava mal definida em muitos aspectos;
contudo, não há dúvida que existia a escravatura, uma mo-
narquia e uma aristocracia de clãs, em simultâneo com co-
munas com uma sólida organização. Tanto no princípio como
fim da Idade Média, os povos do Sudoeste Asiático consti-
tuíram um grupo de Estados unificados, com características
económicas, políticas e culturais próprias, cada uma das
quais teve um desenvolvimento determinado pelas condições
locais. No século II e III d.C., os Estados do Sudeste Asiático
centraram-se nos deltas dos rios principais e à volta dos mais
importantes pontos comerciais da rota comercial da Índia
para o Extremo Oriente e para as ilhas das Especiarias. Cada
um destes Estados estava situado em volta de uma grande
cidade, localizada na rota comercial ou num delta de um
grande rio onde prosperava a agricultura. As nascentes soci-
edades de classes dos antecessores do Mon, Burmeses, Kh-
mers, Vietnamitas e Indonésios adoptaram com rapidez cres-
cente a organização em classes e a religião que era mais
comum na Índia nessa altura (sendo o budismo uma das
mais importantes destas religiões), particularmente ao do Sul
da Índia, região com a qual estes Estados tinham relações de
comércio. Outras foram também adoptadas, mas em menor
escala.
207
Árabes, os grandes proprietários de terras começaram a de-
sempenhar um papel cada vez mais importante nos Estados
do Sudeste da Ásia. Na alta Idade Média, a posse da terra
pelo Estado predominou nos Estados da Indochina e encon-
travam-se traços deste estádio na Indonésia. A nobreza mi-
litar e administrativa que cresceu como resultado deste es-
tado de coisas, nos séculos IX, X e XI, empreendeu uma luta
pelo poder com a velha aristocracia hereditária (no Vietname
com a aristocracia chinesa). No século IX, no Camboja, no
século X, no Vietname, no século XI, na Indonésia e em
Burma, e, no século XIII, no Sião, estabeleceram - se Es-
tados feudais avançados, nos quais a economia se baseava
no sistema de arrendamento de terras e do trabalho compul-
sivo dos camponeses comunais. Os impérios comerciais en-
fraqueceram gradualmente e desintegraram-se, à medida
que se iam formando os Estados actuais. Dentro de cada um
destes Estados desenvolveram-se lutas pelo poder entre os
pequenos e médios proprietários (que defendiam a posse da
terra pelo Estado) e os poderosos senhores feudais que eram
pela divisão dos seus países em algumas grandes províncias
sob o seu controlo. Ao mesmo tempo, ambos os grupos se
opunham aos interesses dos camponeses comunais que co-
meçavam a ser, pouco a pouco, adscritos à gleba. Na parte
Norte do Sudoeste Asiático, a posse da terra pelo Estado
ficou mais firmemente estabelecida do que no Sul, mas,
apesar disto, nos séculos XI, XII e XIII, muitos mais campo-
neses foram ligados à terra nesta área, e também se estava
a formar uma complexa máquina administrativa, enquanto as
religiões eram reformadas e adaptadas às exigências da nova
era (foram propagadas novas versões do budismo e do islão,
substituindo o hinduísmo e várias outras crenças).
208
neses das comunas que procuravam reconquistar as suas an-
tigas liberdades.
Notas de rodapé:
(5) Na China e nalguns países do Extremo Oriente, o Estado, proprietário su-
premo, dividia a sua propriedade entre os camponeses exigindo em troca o paga-
mento de impostos, serviço militar, participação nas obras de construção, etc
209
Dniepre e a sua cidade principal era Kiev. Os severyanye vi-
viam no vale do Desna na margem ocidental do Dniepre até
aos donets do Norte. A floresta entre o Pripet e o Ros era ha-
bitada pelos devrlyanye, cujo centro tribal era Iskorosten.
Mais para o Norte, junto do Pripet, viviam os dregovichi, e
entre o Dniepre e o Sozh viviam os radimichi. Nas costas do
lago Ilmen, habitavam os eslavos ilmen ou eslovenos. As
tribos que se estabeleceram mais para Leste eram os vya-
tichi, que viviam nos vales dos rios Oka e Moskva. Na Trans-
carpácia, a Oeste, viviam os croatas brancos e no Sul do vale
Bug viviam os volynianos. Além das tribos acima mencio-
nadas existiam também outros povos eslavos. As tribos es-
lavas orientais eram os velhos antepassados dos povos
russo, ucraniano e bielo - russo.
210
Outra actividade das tribos eslavas era a pesca e a caça.
Nas florestas ao longo das margens do Dniepre havia grande
quantidade de caça e os rios estavam cheios de peixe. As
abelhas costumavam armazenar o mel nos troncos das ár-
vores ocas e os antigos eslavos esvaziavam os troncos para
obter depósitos de mel adicionais. Foi assim que o mel das
abelhas selvagens se tornou uma fonte importante de ali-
mentação.
211
Ávaros. Devastavam as suas terras como uma peste violenta,
deixando atrás de si um rasto de sangue, roubando cereais e
gado, queimando as casas e levando homens, mulheres e cri-
anças para o cativeiro.
212
tavam a produzir mais centeio, trigo, cevada, aveia e milho-
miúdo. Também passaram a cultivar em larga escala ervi-
lhas, nabos e lentilhas, e os camponeses começaram a ter
mais gado e criação.
213
Em breve iam aparecer duas classes distintas — os cam-
poneses adstritos à terra do seu senhor, que trabalhavam
essa terra, e os senhores feudais que possuíam a terra. Este
desenvolvimento marcou o início do período medieval da so-
ciedade russa.
214
A pouco e pouco, o Estado de Rus alargou as suas fron-
teiras. O seu poder armado e a sua técnica militar veio a re-
presentar um desafio formidável. Svyatoslav (942 - 972)
acrescentou muitas terras ao Estado de Rus e subjugou
os vyatichi, os Búlgaros do Volga e o reino khazar. Também
conquistou território búlgaro no vale do Danúbio.
215
tassem submissamente o seu destino teriam uma vida no pa-
raíso com Deus e os anjos, ao passo que os pecadores se-
riam torturados no inferno. As massas ignorantes adoptavam
estes ensinamentos e tornavam-se mais submissas. As
igrejas magníficas construídas nessa época, os complicados
serviços religiosos com belos cânticos, muitos rituais e ima-
gens iluminadas por velas — tudo reflectia o poder crescente
do Estado feudal, e atraía o povo.
216
mente do que na era pagã. Isto foi particularmente notório
no reinado do príncipe Yaroslav, o Sábio (1019- 1054).
217
ardos começaram a apoderar-se de muitíssimas terras dos
camponeses e aumentaram o trabalho obrigatório dos cam-
poneses. A Igreja também se tinha por seu lado tornado num
importante proprietário e começava a oprimir os campo-
neses.
218
Foi neste fundo de intensa luta de classes que a sociedade
feudal foi tomando uma forma definida.
219
locais cresceu, enquanto enfraquecia o poder do grande prín-
cipe de Kiev. O aparecimento de principados independentes
foi de início um fenómeno progressista.
221
Foi neste principado que cresceu Moscovo. Foi mencio-
nada nas crónicas pela primeira vez no ano 1147, quando se
registou que o príncipe Yuri Dolgoruky (1090- 1157) con-
vidou um dos seus aliados, o príncipe de Chernigov, a vir a
Moscovo e organizou uma grande festa em sua honra. Nessa
altura, Moscovo era ainda um pequeno agregado populaci-
onal, que ocupava a área do moderno Kremlin. Estava si-
tuada numa posição bem fortificada na margem alta do rio
Moskva e consistia numa pequena fortaleza rodeada pelas
casas dos artesãos e mercadores. Fizeram-se escavações,
durante as quais foram desenterradas pontas de seta, agu-
lhas e facas, que mostraram que esta área tinha sido habi-
tada por eslavos desde há muito.
222
O antigo Estado de Rus teve uma cultura florescente e va-
riada. A arte da narração oral era então uma tradição firme,
e as histórias de fadas, contos e lendas passavam de geração
em geração. Algumas figuras lendárias muito populares
foram os grandes heróis Ilya Muromets e Dobrynya Nikitich,
o astuto e alegre Alyocha Popovich e o rico mercador de Nov-
gorod Sadko, cujas aventuras o levaram ao reino submarino
do rei do mar.
Notas de rodapé:
(6) Também os cavalos começaram a ser utilizados como animais de tiro. Novas
terras, para o Norte, foram abertas, e os métodos agrícolas evoluíram.
224
Capítulo IV - A Transição para o Feudalismo no
Médio Oriente e na Ásia Central
225
Política e economicamente, o Irão foi o Estado mais forte
da Ásia Ocidental durante os séculos III, IV e V. O poder
principal estava nas mãos da aristocracia que tinha terras e
da Igreja Zoroastriana, que também possuía vastas terras e
muitos escravos. Os zoroastrianos adoravam o sol, o fogo, a
lua e as estrelas. O zoroastrianismo foi adoptado como reli-
gião oficial do povo iraniano no início da nossa era. As insti-
tuições religiosas ricas, e de influência, constituíam uma im-
portante força social no Irão.
226
tribos iranianas orientais que mais tarde estabeleceram um
Estado feudal).
O Mazdaquismo
227
postos. O restabelecimento da propriedade estatal da terra
também se fez sentir no papel que o Estado desempenhava
na economia (concessão de empréstimos aos camponeses,
etc.). O sector da sociedade em que a Monarquia tinha o seu
maior apoio era a classe azai, classe militar da sociedade
feudal. O exército permanente do imperador, ao contrário do
seu correspondente árabe, era formado por mercenários e
juntamente com os destacamentos azat e a burocracia dis-
persa mais centralizada com funcionários azat, formavam a
base do aparelho administrativo do império sassânida.
228
promoveu o impulso para a unificação foi o número cada vez
maior dos laços económicos e políticos entre as regiões mais
desenvolvidas da Arábia onde os padrões feudais já estavam
a tomar forma e entre estas regiões e os povos nómadas.
Os Começos do Islão
229
guir um poder político forte. A teocracia centralizada, insti-
tuída por Maomé, procurava apoio nas tropas que eram re-
muneradas não com terra mas com uma parte dos despojos
capturados na batalha. Este sistema (que não excluía a pre-
sença dos proprietários de terras entre os guerreiros e co-
mandantes) teve todo o apoio dos primeiros califas (suces-
sores do profeta) e assegurou uma eficácia constante ao
exército durante um período relativamente longo. Outro
factor que contribuiu para a consolidação do poder central foi
a cobrança de impostos a todos os que possuíam terras, em-
bora os impostos fossem mais baixos no caso dos senhores
feudais. Só uma pequena parte da terra pertencia ao Estado
(terra comum ou a que não estava a ser cultivada), enquanto
a maior parte dela era ou propriedade privada ou proprie-
dade do clã.
230
Entretanto, no curso de um grande número de campanhas
os nómadas, para quem não havia lugar na Arábia feudal,
tornaram-se guerreiros profissionais e, mais tarde, proprietá-
rios de terras nos países que conquistavam. Isto serviu para
consolidar ainda mais os padrões sociais feudais, e fez com
que os califas tivessem ao seu dispor tropas de confiança, as
quais estavam unidas por uma fé e um fundo étnico comuns;
estas tropas viviam do saque das terras conquistadas.
231
inimigos. A propriedade privada e comunal da terra era
menos vulgar. A terra dos chefes poderosos era geralmente
cultivada por camponeses servos.
As Conquistas Árabes
232
Utilizando na mão-de-obra e nos recursos materiais da
Síria e com o apoio dos chefes poderosos, Moawiyasain
passou vitorioso destas hostilidades. Transformou a Síria
num centro administrativo e começou a explorar cruelmente
a população do Iraque e do Irão. Os Omíades (descendentes
de moawiya) travaram guerras mal sucedidas contra Bizâncio
na Ásia Menor, mas os seus exércitos varreram o Norte de
África, pondo fim ao domínio bizantino na região. Os chefes
berberes locais, que durante muito tempo tinham estado em
guerra com os nómadas norte-africanos, passaram-se para o
lado dos Árabes. Durante os anos 711-714, os exércitos
árabes chefiados por Tariq conquistaram a península ibérica e
depois invadiram a França. A derrota que sofreram na ba-
talha de Poitiers (732) obrigou os Árabes a retirar-se para lá
dos Pirenéus que então se tornaram a fronteira do império
árabe.
O Império Omíade
233
conversão em massa ao Islão levou a uma diminuição dos
impostos cobrados aos não moslems, o que minou o poder
económico do califado.
O Califado Abbássidas
234
lativamente uniforme num vasto território mas a consoli-
dação social foi realmente efectuada por um rápido desenvol-
vimento da agricultura, dos ofícios e do comércio. Nessa al-
tura, os países árabes eram dos mais avançados do Mundo.
As rotas comerciais árabes espalharam-se até longínquas
terras pela Europa, pela Ásia e pela África. A distribuição de
despojos de guerra já não representava a maior forma de ex-
ploração económica. O principal processo de distribuição de
terras era a concessão de lotes de terra por cultivar — pro-
priedade dos califas — a administradores em troca dos seus
serviços prestados ao Estado. As terras de propriedade pri-
vada e a propriedade do califa constituíam grandes áreas de
terra. Os donos das terras que dependiam das funções pú-
blicas, independentemente da sua origem social, estavam su-
jeitos a serviço militar, e no final do domínio do califado che-
gavam a ser obrigados a levar consigo para a batalha desta-
camentos armados. Os camponeses que trabalhavam, pa-
gavam impostos ao Estado e renda aos seus senhores. Os
impostos sobre a terra constituíam a maior parte do rendi-
mento do Estado.
235
Contudo, o Estado continuava a exigir metade do que eles
ganhavam o que, dado que os proprietários privados por sua
vez também estavam a pressionar mais os camponeses, sig-
nificava que a sua posição era muito mais difícil do que
antes. A sorte dos camponeses não árabes era particular-
mente difícil: todos os camponeses sofreram com a transfor-
mação quase universal dos impostos em dinheiro e o resul-
tante desenvolvimento da usura.
O Declínio do Califado
236
estava à altura da função básica: a de manter as massas sob
controlo. A revolta babek (816-837) no Azerbaijão e no Noro-
este do Irão marcou o princípio do fim do califado. Em breve
rebentaram revoltas dos camponeses iraquianos e dos nó-
madas da Arábia do Norte (869 - -883) e continuou a haver
perturbações semelhantes no século X. Explorando a fra-
queza do califado, a Ásia Central e o Irão reafirmaram a sua
independência no segundo quartel do século IX, e a Síria, o
Egipto e a Palestina seguiram-se-lhes na segunda metade do
século IX. Em meados do século X, o califado nada contro-
lava além de Bagodá e do território em volta, e na prática o
califa era apenas o chefe religioso do mundo moslem. Em
1258, os Mongóis conquistaram Bagodá e o califa foi assassi-
nado.
A Cultura Árabe
237
portância mundial, como Ibn Ishaq e Tabari, enquanto a lite-
ratura moslem do Médio Oriente e da Ásia Central deu ao
Mundo poetas como Firdousi e Omar Khayyam.
238
desta revolta levou a uma exploração mais dura dos antigos
camponeses das comunas. No séc. VII, os padrões sociais
feudais tinham acabado por predominar entre todos os povos
agrícolas da Ásia Central.
239
Ásia Central escolas de pintura e escultura que eram absolu-
tamente distintas das tradições artísticas iranianas e indi-
anas.
240
anteriormente pertencera às comunas: a partir daquela al-
tura, a maior parte dos camponeses vivia em servidão
feudal. Em 819, os chefes do Tajiquistão fundaram um Es-
tado independente, e a dinastia samândia local ia dominar a
Ásia Central até 999.
Os Povos da Transcaucásia
241
forte resistência entre os povos da Transcaucásia. Por
exemplo, uma tentativa para assimilar os Arménios, Georgi-
anos e Albanianos (antepassados dos azerbaijanos) acompa-
nhado por um aumento de impostos (incluindo os que eram
cobrados pela Igreja), a proibição do cristianismo e o desa-
lojar dos príncipes arménios das suas funções oficiais de
chefia, levou à revolta de 450-451, sob o comando do ar-
ménio Vardan Mamikonyan. Os revoltosos foram derrotados,
mas as tentativas de assimilação foram por algum tempo
abandonadas.
242
seu sistema próprio de exploração da terra. Porém, na Trans-
caucásia, ao contrário do que se passou noutras partes do
império árabe, o islamismo mal chegou a enraizar-se e a pro-
priedade da terra pelo Estado apenas foi introduzida na Al-
bânia. Muito poucos árabes se estabeleceram na Transcau-
cásia e a sua posição ali era extremamente fraca; em tempo
de paz as obrigações dos funcionários do califado limitavam-
se à cobrança de impostos. Todavia, estes impostos eram
exorbitantes e provocaram muitas revoltas tanto entre os
camponeses como entre os habitantes das cidades, que con-
tribuíram para modificar a gula dos conquistadores estran-
geiros. Revoltas que houve na Arménia em 748-750, e 774-
775 obrigaram o califa a baixar os impostos; em 781 e 795
deram-se revoltas semelhantes na Albânia. Os príncipes da
Arménia e do Arran deram o seu apoio a todas estas revoltas
na esperança de derrubarem o poder do califa. A mais impor-
tante das revoltas albanesas foi a que foi chefiada pelos Hur-
ramitas e pelo seu líder Babek (816-837), que foram apoi-
ados pelos Arménios. Os seguidores de Babek conseguiram
infligir algumas derrotas aos exércitos do califa que tiveram
muitas dificuldades em subjugá-los. Catorze anos mais tarde
estalou outra revolta. Embora fosse cruelmente esmagada
em 855, os Árabes deixaram a Transcaucásia pouco depois.
As guerras contra os povos da Transcaucásia tiraram ao cali-
fado mais riquezas do que a exploração daquelas terras
trouxe para o seu tesouro.
Notas de rodapé:
243
Capítulo V - A Europa Ocidental nos Séculos XI-XV
244
O primeiro tipo de comércio a ser restabelecido na Europa
foi o comércio dos artigos caros e facilmente transportáveis
de terras distantes, particularmente do Oriente, tais como te-
cidos de Bizâncio, marfim e ouro da Ásia Menor e da Índia, e
perfumes da Arábia. Gradualmente, contudo, os mercadores
que se estabeleceram ao lado dos artesãos começaram a
vender os artigos produzidos pelos artesãos locais e desta
maneira davam aos artesãos a possibilidade de espalhar a
sua mercadoria fora dos limites das suas regiões. Assim se
desenvolveram novas cidades europeias como centros co-
merciais e industriais.
245
estes dois grupos agudizou-se, gradualmente, à medida que
os mestres começavam a constituir um sector privilegiado da
sociedade e deixaram de autorizar os jornaleiros a invadirem
os seus domínios.
247
os seus lucros, os quais por vezes excediam várias vezes os
das aldeias. Contudo, os artesãos e os comerciantes uniam-
se para defender os seus interesses mais do que os campo-
neses, e geralmente gozavam de liberdade pessoal. Logo
desde o início opuseram-se à nobreza e à sua lei.
248
A última fase do estabelecimento do sistema feudal no sé-
culo XI em quase toda a Europa e a consolidação de uma
ordem mais ou menos estável levou a uma ascensão defini-
tiva das forças de produção, a um renascimento da indústria
e do comércio, a uma divisão mais nítida entre os ofícios e a
agricultura, à ascensão das cidades como centros industriais
e comerciais. O renascimento do comércio com o estrangeiro,
sobretudo com os Estados culturalmente mais avançados do
Oriente, despertou novo interesse por estes países entre os
povos da Europa. Este novo interesse levou a expedições de
exércitos europeus ao Oriente, que se chamaram as cru-
zadas. Representantes de várias classes e camadas sociais,
descontentes com a sua sorte na pátria, tomavam parte
nestas «guerras santas». A parte principal dos exércitos das
cruzadas era formada pelos escalões mais baixos da classe
dominante — os cavaleiros, que geralmente eram os filhos
mais novos dos nobres e não herdavam terras dos pais, e
também por camponeses abastados e mesmo servos, contra-
tados por cavaleiros para administrarem os seus domínios
(administradores). Como estavam mal equipados, não se en-
tregavam aos assaltos de estrada, mas roubavam os seus
próprios homens ou estranhos e estavam sempre prontos a
arriscar-se a qualquer aventura.
249
A Igreja Católica também desempenhou um papel impor-
tante na convocação de homens sob a bandeira dos Cru-
zados, exortando-os a libertar a Síria e a Palestina dos
turcos, a «Terra Santa» onde Cristo tinha vivido e onde es-
tava situado o santuário cristão do Santo Sepulcro. Na reali-
dade, a Igreja tinha dois objectivos com esta Politica — pri-
meiro, expandir o seu poderio e a sua influência, e, em se-
gundo lugar, estava a afastar temporariamente da Europa
grande número de cavaleiros que tinham o hábito de pilhar
igrejas e mosteiros.
250
quer manter a ordem interna quer defender as fronteiras.
Quando uma nova dinastia subiu ao poder, a dinastia dos
comnénidas, a posição do império era crítica. Contudo, o im-
perador Aleixo Comneno (1081-1118) e os seus descen-
dentes conseguiram reconsolidar temporariamente o poder
bizantino.
A Primeira Cruzada
251
Uma segunda cruzada, organizada com o objectivo de recon-
quistar a cidade, não teve êxito.
A Inglaterra
252
mente se uniram para formar três reinos durante os séculos
VI e VII, e subsequentemente um Estado anglo-saxónico sob
Egbert, rei de Wessex, no início do século IX (829). O apare-
cimento de padrões económicos feudais no reino anglo-saxó-
nico começou neste período e na segunda metade do século
XI; quando o trono foi tomado pelos barões normandos chefi-
ados por Guilherme de Normandia [que ficaria na história
como Guilherme, o Conquistador, (1066)], o sistema feudal
já estava bem estabelecido.
253
neste aspecto o levantamento marcou a fase final do estabe-
lecimento do sistema feudal. Contudo, é importante lembrar
que parte do campesinato inglês conservou a sua liberdade.
Os barões anglo-saxónicos que não se mostravam dispostos
a acatar a ordem nova foram substituídos por barões nor-
mandos. Uma parte considerável do campesinato inglês
tornou-se serva.
O Início do Parlamento
254
rões. Em 1265 foi convocado o primeiro Parlamento. Esta
instituição do século XIII pouco tem de comum com o Parla-
mento inglês dos nossos dias, que é uma instituição constitu-
cional burguesa, embora este considere que teve origem
neste primeiro Parlamento e os historiadores e homens de lei
ingleses tendam a chamar a atenção para a longa história da
constituição inglesa. O Parlamento inglês do século XIII ao
século XVI era um conselho dos três Estados («Lords Spiri-
tual e Temporal» e os «Commoners» — representantes dos
condados e das cidades), parecido com os que mais tarde
foram estabelecidos noutros Estados do continente. Contudo,
o rápido desenvolvimento económico da Inglaterra, o cresci-
mento das suas cidades e da sua rede comercial em breve
tornou prósperas a sua classe dominante e as suas cidades,
de maneira que a restrição dos poderes do rei enraizou-se
desde logo. Assim, no século XIV, foi tirado ao rei o direito de
instituir novos impostos e de cobrar os que já estavam fi-
xados sem o consentimento do Parlamento. O Parlamento,
no qual tanto a base dominante como as cidades e condados
estavam representados, tornou-se uma instituição política
cada vez mais influente.
255
já não era exigida aos camponeses e estes eram libertados
em troca de um resgate. Contudo, os proprietários de terras,
que precisavam de dinheiro, fecharam as terras comunais
para desenvolver a criação de gado, o que lhes trouxe consi-
derável rendimento. A nova «liberdade», que ia de mãos
dadas com uma maior independência económica levou a uma
considerável deterioração das condições de vida dos campo-
neses. Este estado de coisas espalhar-se-ia por toda a Eu-
ropa e subsequentemente levou a algumas grandes revoltas
camponesas — a que foi chefiada por Wat Tyler, em Ingla-
terra, a de Dolcino, em Itália, e a Jacquerie, em França.
256
ando possíveis repetições de tal revolta, os nobres proprietá-
rios de terras continuaram a conceder a liberdade a um nú-
mero cada vez maior de camponeses e no final do século XV
já não havia servos em Inglaterra. Contudo, os camponeses,
que ainda «alugavam» a terra dos seus suseranos, eram
obrigados a pagar por ela uma renda.
257
No final do século XV, a Inglaterra tinha-se tornado um
forte Estado centralizado com uma activa política externa,
que conseguiu pôr em prática com êxito, do ponto de vista
dos interesses da classe dominante, pois tinha ao seu dispor
os meios necessários. Em primeiro lugar, a classe dominante
estava mais bem organizada e era mais disciplinada do que
as dos outros países europeus; em segundo lugar, os repre-
sentantes dos agora livres camponeses ingleses alistavam-se
de bom grado no exército como arqueiros e lutavam corajo-
samente nas frequentes batalhas que havia naqueles
tempos; em terceiro lugar, a classe dominante inglesa tinha
investido interesses na expansão do comércio, o que quer
dizer que em breve deixou de haver barreiras insuperáveis
que impedissem a penetração dos principais cidadãos nas fi-
leiras da classe dominante ou a nobreza com terra de em-
pregar as suas energias na indústria e ao comércio. Os no-
bres que possuíam terras organizaram a produção de lã em
larga escala nas suas próprias casas senhoriais e tiraram
grandes lucros, vendendo-a nos mercados da Flandres e até
da Itália. Os nobres ingleses começaram desde logo a inte-
ressar-se pelo dinheiro e pelas empresas lucrativas, e em
comparação com os seus correspondentes franceses eram
empresários eficientes: no século XIII já compreendiam as
vantagens da política comercial do governo, mesmo que essa
política envolvesse o risco de guerra, de reveses temporários
ou de ruína financeira, particularmente desde que tinham ao
seu dispor um campesinato trabalhador e, de modo geral,
obediente. Por último, temos de ter em conta o papel
também importante da economia como base da unidade polí-
tica — as primeiras fases da formação de uma rede econó-
mica no território de um futuro Estado politicamente unido,
ou, por outras palavras, o aparecimento de um mercado
dentro do país.
258
A França
259
parte do cereal; também tinham de cozer o pão nos fornos
do senhor e de fazer o vinho na sua prensa. Para chegarem à
cidade, os camponeses eram obrigados a pagar portagem
nas estradas, pontes e mercados, etc. Os nobres adquiriram
o direito de julgarem os seus camponeses e, em geral, de os
tratarem como bens móveis. Os camponeses revoltavam-se
frequentemente contra os seus senhores, mas estas revoltas
eram sempre esmagadas.
260
Assim, o rei representava a ordem dentro da desordem e
a unidade nacional em oposição ao separatismo desintegraci-
onista dos seus vassalos rebeldes, os nobres proprietários de
terras. Todos os elementos progressistas que surgiram du-
rante a era feudal gravitaram em volta do poder real, e vice-
versa. A aliança entre o rei e os habitantes das cidades co-
meçou a formar-se logo no século X. Em várias ocasiões ela
foi destruída por vários conflitos mas sempre voltou a
afirmar-se, tornando-se gradualmente mais forte até que os
reis finalmente saíram vitoriosos na sua luta com os barões e
conseguiram unificar todo o país sob a sua autoridade real.
261
Os soldados de ambos os campos entregavam-se frequen-
temente à pilhagem dos camponeses em muitas regiões do
país. O governo, chefiado pelo delfim, Carlos, exigia altos im-
postos para juntar o dinheiro do resgate que libertaria o rei.
Tudo isto deu origem a um profundo descontentamento entre
as massas. As cidades do Norte chefiadas por Paris exigiram
que Carlos entregasse o poder aos Estados Gerais(8) e
quando ele ia dissolvê-los, estalou uma revolta em Paris che-
fiada pelo presidente da Comuna de Paris, Etienne Mareei,
um rico comerciante de tecidos (1358). Esta revolta foi cha-
mada com desprezo pela nobreza a Jacquerie (a revolta de
Jacques, o homem do povo). Durou apenas duas semanas
mas espalhou-se por um sexto país. Foi uma vaga espon-
tânea de ódio: irritados com os saques e os altos impostos a
que tinham sido submetidos, os camponeses ameaçaram
«limpar todos os nobres até ao último homem». Destruíram
castelos, queimaram casas senhoriais e mataram os seus ha-
bitantes. Os nobres em breve recuperaram do seu terror ini-
cial e esmagaram a revolta. Contudo, esta revolta ia dar re-
sultados apreciáveis: no final do século XV, a servidão per-
tencia praticamente ao passado.
A Turquia
263
O povo italiano descendia dos Romanos e das tribos ger-
mânicas que tomaram a península dos Apeninos nos séculos
V e VI; os Ostrogodos e particularmente os Lombardos. Utili-
zando as velhas rotas comerciais romanas, os Italianos reani-
maram o comércio como o Oriente logo no século X e depois
começaram a estabelecer uma larga rede comercial com o
resto da Europa tirando grandes lucros da venda de artigos
de luxo orientais (oiro, marfim, brocado e perfumes) aos no-
bres ricos da Europa. Como resultado, algumas grandes ci-
dades comerciais desenvolveram-se na Itália, as quais flores-
ceram não só em virtude do seu papel de elos comerciais
entre o Oriente e o resto da Europa, mas também por causa
do comércio activo de artigos italianos, vidro e cristal de Ve-
neza, artigos de metal de Milão e lã e seda de Florença. Os
competentes mercadores destas cidades em breve procu-
raram na indústria local artigos para troca e ao fazê-lo contri-
buíram para o seu desenvolvimento. Na Itália do século XIV
iriam aparecer as primeiras empresas capitalistas em larga
escala.
264
tigos, que eram consequentemente comprados pelos nobres
ricos de toda a Europa. Havia uma grande rivalidade entre as
cidades italianas pela compra destes artigos no Oriente e
pela sua venda na Europa. As contas eram ajustadas em solo
italiano: as cidades do Norte expulsaram do mercado as ci-
dades do Sul e quase acabaram com a sua actividade. No
curso de dois séculos inteiros, Veneza brigou com Génova
pelo monopólio do comércio com o Oriente, enquanto, algum
tempo mais tarde, Florença venceria o seu grande rival, Pisa.
Qualquer tentativa de uma das cidades para subjugar outra
era considerada como uma tirânica aventura. Não havia no-
bres com terras em Itália em situação de promover a uni-
dade política do país. O único poder fundiário da península
era a cidade de Roma que pertencia ao Papa, o qual apenas
receava uma coisa: que um dos nobres se tornasse dema-
siado poderoso e começasse a dar-lhe ordens. Isto significa
que o poder papal constituiu um dos mais importantes obstá-
culos à unidade política durante centenas de anos. A Itália
não conseguiria a unidade antes do século XIX.
265
A sorte do povo alemão não foi melhor. Na Alemanha, ou
no Sacro Império Romano, como então se chamava, não se
formou nenhum centro político. Na verdade as pré-condições
de tal processo não existiam, embora a economia desta terra
atrasada a exigisse. A própria estrutura do império tornou
possível que ele se tornasse num todo unificado. A população
era extremamente heterogénea. Alemães no centro, Fran-
ceses no Oeste, Italianos no Sul, vários povos eslavos no Su-
deste e Lituanos, Finlandeses e Eslavos no Nordeste. Os pró-
prios Alemães estavam divididos em miríades de principados,
que pertenciam a grandes senhores temporais e eclesiásticos
que não estavam unidos por quaisquer interesses comuns
mas que tinham um objectivo comum, o de impedir qualquer
futura consolidação do poder central. Este poder central es-
tava representado pelo imperador ou kaiser, que, sob o véu
do seu impressionante título e das suas pretensões a ser
maior do que todos os reis, era na realidade fraco e sem
poder em relação aos seus vassalos.
A Liga Hanseática
267
As Guerras Italianas
268
Chudskoyo em 5 de Abril de 1242. Duzentos anos mais
tarde, em 1410, os Polacos e os Lituanos, juntamente com
forças russas do principado de Smolensk infligiram outra der-
rota aos cavaleiros teutónicos de Grunwald (na Prússia Ori-
ental) depois do que a ordem deixou de existir como poder
religioso independente.
269
cipes boémios um título real e, pouco a pouco, a Boémia
tornou-se um país praticamente independente. Era a terra
mais rica do império, onde a indústria e o comércio se desen-
volviam rapidamente, onde se exploravam minerais valiosos
e as cidades prosperavam. Contudo, as cidades ainda não
desempenhavam qualquer papel político importante visto que
eram os prelados e os nobres que tinham a última palavra
na Dietada Boémia. A influência alemã fazia-se sentir forte-
mente no país. A Boémia pouco mais era do que uma colónia
alemã. Depois de adoptar a religião cristã, levada para lá
pelos alemães, a Boémia pôs grandes extensões de terra
virgem à disposição dos mosteiros alemães, e lá se estabele-
ceram camponeses alemães. A Boémia foi inundada de
monges alemães representantes de ordens religiosas e da ca-
valaria. Os alemães, ricos proprietários, membros do clero,
donos de minas, funcionários municipais — eram na sua
maior parte membros da classe dominante. O zénite do po-
derio político da Boémia foi atingido no reinado de Carlos IV,
que praticamente fez dela o centro do seu império.
270
mado vivo. A morte de Hus foi o sinal para o estalar de uma
revolta na Boémia. As batalhas mais renhidas foram travadas
no Sul do país, onde houve revoltas em massa. O centro da
ala radical dos Hussitas foi a cidade de Tabor. De 1419 a
1437, o exército revolucionário dos Taboritas resistiu ao
exército imperial e obteve mesmo algumas vitórias. Porém,
uma divisão dentro do movimento hussita acabou por levar
os revoltosos à derrota.
271
terras também tinham melhorado, o que fez aumentar bas-
tante as colheitas de cereais. À medida que se foram desen-
volvendo mais cidades e que a população urbana se foi ex-
pandindo, as hortas e as árvores de fruto começaram a de-
sempenhar um papel importante na agricultura. Embora no
século XIV e no princípio do século XV, como resultado da
Peste Negra (1348-1351) e de grandes guerras, tenha havido
uma nítida diminuição na população da Europa e a falta de
mão-de-obra fosse tão grave que causou mesmo uma crise
na agricultura (reflectida no facto de que muitas das terras
recentemente cultivadas no século XIII foram abandonadas e
como resultado o fornecimento de géneros foi consideravel-
mente reduzido), este estado de coisas foi temporário e na
segunda metade do século XV já se observavam outros pro-
gressos na agricultura. A indústria progrediu ainda mais.
Notas de rodapé:
272
No início do século XIII desenvolveu-se na Ásia um pode-
roso Estado mongol. Este foi um período turbulento, em que
houve enormes campanhas militares das hordas mongóis,
que trouxeram sofrimentos e devastações inenarráveis aos
povos que conquistaram.
273
bunidades de cem homens. Os soldados mongóis eram quase
invulneráveis às setas dos seus inimigos, armados como es-
tavam de elmos e armaduras feitas de couro duro, de arcos,
setas e sabres afiados, cavalgando nos seus velozes cavalos.
A sua estratégia militar também era nova. Depois de con-
quistar o Norte da China, Gengis Khan conseguiu consolidar
consideravelmente o seu poder. Os engenheiros chineses en-
sinaram às tropas mongóis a táctica do cerco e o uso de ca-
tapultas e os experimentados funcionários administrativos
chineses reorganizaram o aparelho burocrático do Estado.
Mais tarde, os Mongóis conquistaram também o Sul da
China. Eram utilizadas armas especiais para arremessar pe-
dras e recipientes com azeite a ferver por cima das muralhas
das cidades.
274
há muito eficientes técnicas de irrigação, que utilizaram para
alargar as suas terras cultiváveis. Também tinham construído
ricas cidades, onde as artes e os ofícios já eram tradicionais,
tais como Samarcanda e Merv. Os canteiros e arquitectos
desta região eram famosos pela sua perícia.
276
do estuário do Don. As forças russas foram derrotadas. Os
khans mongóis cobriram os corpos dos feridos e dos prisio-
neiros com tábuas, sentaram-se sobre eles e deram uma
grande festa para celebrar a sua vitória. Esta foi a primeira
vez que os Mongóis (ou Tártaros como lhes chamavam os
Russos) apareceram na Rússia. Desta vez não continuaram
para consolidar a sua vitória, retiraram-se para a Ásia e nada
mais se soube deles durante doze anos.
278
também incitados a pôr-se em acção. Regozijaram-se
quando souberam da invasão mongólica pensando que,
agora que o Estado Rus estava a ser atacado pelo Leste pelos
Tártaros, podiam entrar pelo Norte e conquistar mais terras
enquanto o país se encontrava em posição vulnerável.
279
depois cercou-o pelos flancos com as forças principais. Se-
guiu-se um massacre e o gelo em breve ficou vermelho de
sangue. Os cavaleiros alemães foram derrotados e os poucos
sobreviventes foram feitos prisioneiros.
280
«Aquele
que não
tem di-
nheiro,
perderá o
seu filho,
Aquele
que não
tem fi-
lhos, per-
derá a
sua mu-
lher,
Aquele
que não
tem mu-
lher, per-
derá a ca-
beça»,
281
Os Mongóis empreenderam algumas expedições mais para
Oeste, invadindo a Polónia, a Hungria e penetrando até à
longínqua Veneza. Contudo, Rus, que gastou as energias e os
recursos dos conquistadores, salvou a Europa Ocidental de
um destino semelhante.
282
Claro que os padrões de agricultura que se estabeleceram
foram os padrões feudais. Como anteriormente, os príncipes
e os boiardos eram os donos da terra e a grande massa dos
camponeses dependia dos seus senhores. Gradualmente foi
reintroduzido o sistema de pousio, e a criação de gado co-
meçou a desenvolver-se. Os ferreiros, os curtidores e os
oleiros voltaram ao trabalho.
284
do século XIV, os príncipes de Moscovo tinham-se tornado
nos verdadeiros senhores de toda a bacia do Moskva.
285
gorod protestaram contra o facto, recusaram-se a deixar en-
trar na cidade os enviados do khan e mataram-nos. A resis-
tência do povo de Novgorod foi extremamente difícil de es-
magar. Em 1262, estalaram revoltas contra os Tártaros em
muitas cidades. Tocavam sinos a rebate e o povo reuniu-se
nas praças centrais das cidades de Vladimir, Suzdal, Rostov,
Pereyaslavl e Yaroslavl; expulsaram os opressores dos seus
portões. Aqueles que aceitaram as exigências dos Tártaros
foram mortos. Os Tártaros castigaram cruelmente as cidades
revoltosas. Contudo, Alexandre Nevsky fez uma visita espe-
cial à Horda Dourada e conseguiu salvar as cidades da des-
truição apaziguando o khan com ricos presentes.
286
O neto de Ivan I, Dmitri Ivanovich, príncipe de Moscovo
(1350-1389), reuniu um exército. Perante este terrível ini-
migo muitos dos príncipes russos preferiram esquecer as
suas rixas privadas e os exércitos dos príncipes de Rostov,
Yaroslavl e Byelozersk uniram as suas forças. Mas o factor
decisivo da situação foi o facto de o povo comum da Rússia
ter pegado em armas contra os Tártaros: de todos os cantos
do território vieram camponeses e artesãos armados de
lanças de javali, clavas e machados. O exército russo contava
cento e cinquenta mil homens. Marchou para o Don, atra-
vessou-o e depois desdobrou as suas forças no campo Kuli-
kovo no estuário do pequeno rio Nepryadva, afluente do Don.
O campo de batalha abrangia uma área de quatro milhas
quadradas e a luta foi feroz e sangrenta. A resistência russa
estava a enfraquecer quando de repente surgiram reservas
russas de emboscada e atiraram-se aos Tártaros. Os poucos
sobreviventes desta luta fugiram do campo de batalha. O
príncipe Dmitri recebeu o título de Dmitri Donskoi em honra
desta vitória, a primeira grande vitória russa contra os khans
tártaros. A batalha de campo Kulikovo não acabou de uma
vez para sempre com o jugo tártaro, mas enfraqueceu consi-
deravelmente o seu domínio e deu novas esperanças ao povo
russo.
287
(1462-1505) que se tornaria chefe de um Estado Rus unido.
Em 1478, Ivan incorporou a independente e heróica cidade
de Novgorod no principado Moscovita. Ivan III também
tomou muitas das antigas possessões de Novgorod, incluindo
a cidade de Vologda. As terras do povo Komi no rio Vychegda
também foram anexadas por Moscovo.
288
talou uma luta entre a Lituânia e o Estado Rus, mas este
manteve o seu domínio sobre aquele.
289
da catedral de Uspensky Sobor com cinco cúpulas, dentro
das muralhas do Kremlim. Construíram-se torres ao longo
das muralhas do novo Kremlim e os discípulos de Fieravanti
construíram o famoso palácio rústico (Granovitaya Palata)
para recepções de cerimónia em honra dos emissários es-
trangeiros, assim chamado porque a fachada principal está
facetada com blocos de pedra. Muitos artesãos russos de vá-
rias partes do reino trabalhavam nessa altura em Moscovo e
faziam dela uma nobre capital.
290
Este capítulo tratará do terceiro estádio da Idade Média,
quando dentro da trama das relações de produção feudal
apareceram elementos de um novo modo de produção capi-
talista. Este processo resultou do avanço de técnicas e da or-
ganização da produção.
291
Em 1497-1498, Vasco da Gama foi de Portugal à Índia
pelo cabo da Boa Esperança.
292
Novas características que preparavam o caminho para
grandes mudanças futuras apareceram gradualmente no sis-
tema de guildas. A maior produtividade do trabalho e o con-
siderável aumento do volume de produção em várias indús-
trias levou a uma divisão do processo de produção em al-
gumas operações ou processos separados, cada um deles le-
vando a cabo por uma guilda. Assim, na indústria têxtil flo-
rentina foram estabelecidas guildas de tecelões, fiandeiros e
tintureiros — exemplo daquilo que se chama divisão de tra-
balho entre guildas separadas.
293
almente quando estes começaram a superintender na pro-
dução no próprio local da produção.
294
se capitalista. O valor excedente é uma característica essen-
cial do modo de produção capitalista; é o fim para que é diri-
gida a actividade do capitalista e no qual ele vê a razão da
sua actividade.
A Fábrica
295
factura era chamada dispersa. Finalmente, existia um ter-
ceiro tipo, na qual algumas operações de produção eram rea-
lizadas nas oficinas de artesãos individuais e o resto em ins-
talações que pertenciam ao empresário sob a sua supervisão
e administração.
296
que realizava sozinho todos os passos do processo da pro-
dução, que envolvia várias operações que requeriam todas
elas movimentos diferentes.
297
naram peritos no seu ofício, e, finalmente, introduzindo me-
lhores instrumentos de trabalho.
298
presenta um modelo clássico de desenvolvimento capitalista.
Por causa da sua abundante pluviosidade, a Inglaterra era
rica de viçosas pastagens. Durante séculos, os Ingleses ti-
nham prosperado criando gado e vendendo lã à Flandres,
onde era transformada em tecidos. À medida que a procura
dos têxteis aumentou, a lã encareceu e, no final do século
XV, comerciantes ingleses começaram a organizar as suas
próprias manufacturas para a produção de tecidos de lã. A
procura de lã aumentou mais e os representantes da classe
dominante inglesa, para expandirem a sua lucrativa produção
de lã começaram a expulsar os seus camponeses das suas
terras, a cercar a terra assim adquirida para que ninguém a
pudesse usar, e a transformá-las em terras de pasto. Vezes
houve em que aldeias inteiras foram destruídas, e os campo-
neses, que ficaram arruinados, depois de perderem as suas
terras dirigiram-se às cidades para procurarem trabalho nas
manufacturas.
299
e se não o encontrassem, tinham de se entregar à mendici-
dade, ao roubo e à pilhagem. A resposta do governo foi a
promulgação de duras leis contra a vagabundagem. A forca
era a pena para o roubo de coisas tão pouco importantes
como um leitão. De acordo com uma lei promulgada por Edu-
ardo VI em 1547, todos aqueles que não quisessem trabalhar
podiam ser escravizados por quem os denunciasse. Alguns
podiam ser chicoteados e acorrentados e obrigados a traba-
lhar assim. Se um trabalhador se ausentasse por duas se-
manas sem autorização, era reduzido à escravatura por toda
a vida e gravavam-lhe na fronte a letra S; se fugisse pela
terceira vez era enforcado como criminoso.
A Pilhagem Colonial
300
por uma insaciável sede de riqueza, voltaram-se para as co-
lónias. Foi nesta altura que surgiram as políticas coloniais das
potências europeias, o colonialismo com todos os seus hor-
rores — a escravização de povos estrangeiros, o roubo des-
carado e a expropriação das suas riquezas. Primeiro, os Es-
panhóis e os Portugueses, e depois os Ingleses, voltaram o
seu olhar esfaimado para as terras recentemente desco-
bertas. Os cruéis e implacáveis «hidalgos» Espanhóis e Por-
tugueses devastaram literalmente a América Central, os In-
gleses liquidaram grande número de nativos da América do
Norte e os Holandeses penetraram no Sudeste da Ásia.
301
pouco, reduzidos à pobreza no decurso do processo da acu-
mulação primária. O sistema colonial que persistiu até há
pouco submeteu os povos escravizados a uma exploração im-
piedosa: para garantir uma organização eficaz e ininterrupta
desta exploração, os colonialistas asseguraram-se de que a
população das novas possessões vivesse na pobreza e na ig-
norância, convencidos de que quanto piores fossem as condi-
ções de vida dos povos coloniais, tanto mais baixos salários
eles teriam de pagar pelo seu trabalho. Assim, os colonia-
listas obstruíram o desenvolvimento industrial das colónias,
obrigando os povos nativos a produzirem matérias-primas
para a indústria europeia e a comprarem os artigos manufac-
turados produzidos nas metrópoles. Este tipo de exploração
continuou durante séculos e os exploradores coloniais do
passado, (da Espanha, da Inglaterra, da Holanda e da
França), foram em muitos lugares substituídos por monopó-
lios dos Estados Unidos.
O Absolutismo
302
exploração de ambos os grupos. A burguesia estava a ganhar
cada vez mais poder económico, mas ainda não era suficien-
temente forte para lutar com a antiga classe dominante, pelo
poder. O poder continuava nas mãos dos nobres, mas a mo-
narquia centralizada, numa tentativa para aumentar as suas
rendas, apoiou os capitalistas e a burguesia, à medida que
estes consolidaram o seu poder; ao mesmo tempo, a bur-
guesia procurou o apoio da monarquia absoluta, que lhe ga-
rantia as condições para uma competição eficaz nos mer-
cados externos e lhe dava subsídios para as manufacturas,
promovendo a sua expansão.
303
tanto pelo clero local, particularmente pelos bispos pode-
rosos, e pelo principal bastião da Igreja, o papado.
Martinho Lutero
304
aos leigos. Estas reformas da Igreja não só não conseguiram
eliminar a sociedade feudal com pelo contrário serviram para
a consolidar. As terras e a propriedade da Igreja foram con-
fiscadas pelos príncipes, que foi quem mais ganhou com a re-
forma, enriquecendo à custa da Igreja. A Alemanha conti-
nuou a sofrer da mesma falta de unidade política, enquanto o
poder do imperador cada vez se ia tornando mais efémero.
305
suas tropas para os Países Baixos com a intenção de pôr fim
a todas as aspirações de autogoverno.
306
O Humanismo e o Renascimento
307
contribuiu para a expansão desta nova cultura foi a desco-
berta da imprensa em meados do século XV por Johann Gu-
tenberg, na Alemanha.
A Reforma
309
Zuínglio, que adoptou a sua doutrina aos interesses do co-
mércio urbano e da burguesia industrial.
310
Uxmal e outras, entre as quais se iam travar contendas du-
rante vários séculos.
312
mamente atrasados baseados inteiramente no trabalho ma-
nual. Também se cultivava feijão, abóboras, tomate, cacau,
algodão e tabaco. Os ofícios mais importantes dos Aztecas
eram a cerâmica, a tecelagem, o fabrico de artigos de metal.
As técnicas de construção estavam bastante avançadas, o
que possibilitou a este povo construir represas, canais e habi-
tações fortificadas feitas de tijolos rudes ou de pedra. Fa-
ziam-se trocas nos activos mercados de Tenochtitlán e outras
cidades.
313
essencial da sociedade azteca. O aparecimento de uma no-
breza de clã progrediu rapidamente e guerras incessantes
consolidaram o poder do supremo chefe, que na prática se foi
tornando hereditário.
315
rado; os Tupi, os Guarani, os Caribans, os Arawaks e Caiapo
brasileiros nas bacias do Orenoco e do Amazonas; os aguer-
ridos Mapuche das pampas e das costas do oceano Pacífico
(chamados arancans pelos europeus); as tribos das várias
regiões dos actuais Peru e Equador — os Colorados, os Jí-
varos e os Záparos; as tribos de La Plata (diaguita, charrua,
querandi, etc.); os Tehuelche da Patagónia e os índios da Ti-
erra del Fuego (ona, yahgan, chono) — todos viviam em so-
ciedades primitivas em diferentes estádios de desenvolvi-
mento. Isto aplicava-se às numerosas tribos Índias e es-
quimós da América do Norte. Muitas destas tribos uniram-se
para formar grupos e alianças intertribais — os al-
gonkis, iroqueses, muskogi, sioux, athapascans, etc.
A Colonização da América
317
«o saque e a violência era o único objectivo
dos aventureiros espanhóis na América do
Norte».
318
navam que era o próprio Eldorado, rico em ouro e pedras
preciosas. Era à procura do Eldorado que as expedições es-
panholas conduzidas por Ordaz, Jiménez de Quesada, Benal-
cázar e destacamentos de mercenários alemães chefiados
pelos Alfinger, Von Speyer e Federmann se dirigiram cerca de
1530 para os vales de Orenoco e Madalena. Em 1538, Ji-
ménez de Quesada, Federmann e Benalcázar, marchando do
Norte, Leste e Sul, respectivamente, encontraram-se no pla-
nalto de Cundinamarca, perto da cidade de Bogotá.
319
O Poder Crescente dos Nobres
No século XVI ocorreram importantes mudanças na estrutura da sociedade Russa. Embora a soci-
edade continuasse a ser feudal, dentro da classe dos nobres proprietários de terras estavam a ocorrer
muitas transformações. Anteriormente, os poderosos boiardos tinham sido os principais proprietários
de terras. Dentro deste grupo, os descendentes dos antigos príncipes eram particularmente ricos e in-
fluentes, pois possuíam grandes extensões de terra.
320
guim do príncipe superintendia no seu serviço. Durante esse
período os dvoryane estavam completamente separados do
mundo exterior nos confins das longínquas propriedades.
321
sobre os destinos dos membros das comunidades ao seu ser-
viço. Como acontecera antes, o povo considerava mais o boi-
ardo local como seu senhor do que o czar. Todos estes fac-
tores minaram a autoridade da administração estatal centra-
lizada. Na própria Moscovo, os boiardos impediram que fosse
posta em prática a política do governo. Consideravam que o
sangue nobre os tornava iguais ao czar e não queriam sub-
meter-se a qualquer autoridade superior. Os príncipes mi-
naram a consolidação de um Estado centralizado, ameaçando
a sua própria existência. Desde o início do seu reino, Ivan
IV começou a procurar maneira de impor um governo central
forte.
322
zação dos boiardos. Ivan, o Terrível, instituiu mesmo aí, para
salvaguardar as aparências, um novo «czar», o tártaro Simão
Bekbulatovich que tinha muito medo do czar e cumpria obe-
dientemente todas as suas ordens. O czar escrevia-lhe deli-
beradamente petições formais, assinando o seu nome sem
qualquer título como se fosse um dos súbditos de Bekbulato-
vich. Na prática, porém, era Ivan IV que dominava sobre
todos.
323
Ivan IV realizou as suas reformas com impiedosa cruel-
dade. Não foi por coincidência que mais tarde as pala-
vras oprichnik e oprichnina vieram a simbolizar a arbitrari-
edade desenfreada dos cães leais à autocracia. A «justifi-
cação» desta instituição foi que ela eliminava o poder dos
boiardos nos seus antigos principados e substituía a velha
ordem pelo poder real do czar. Neste processo, os nobres
menores a quem foram dadas terras em troca dos seus ser-
viços e que constituíam o principal apoio do czar iam consti-
tuir um grupo social muito mais poderoso. Foram eles que
construíram o reino de Ivan.
A Servidão
324
Não longe das fronteiras orientais do Estado russo havia
um rio largo e facilmente navegável, o Volga, que constituía
uma excelente via de ligação para o Oriente — para a Pérsia
e para a Turquia e ainda mais longe pela via do mar Cáspio.
Contudo, os russos ainda não controlavam o rio em toda a
sua extensão. Depois da desintegração da Horda Dourada, os
Tártaros tinham estabelecido dois khanatos junto do Volga,
com um centro em Kazan e outro Astrakan.
325
pequena força de cossacos livres que tinham fugido da
Rússia para evitar a opressão nas mãos dos Boiardos e pu-
seram-nos, assim, como a vários grupos de homens do seu
séquito armado sob o comando de Yermak Timofeyevich, for-
necendo-lhes pólvora, balas, canhões e cereais. A força con-
junta de Yermak era de 800 homens. Com esta pequena
força ia ocupar vastos territórios.
326
O primeiro impressor de Moscovo foi Ivan Fyodorov (que
morreu em 1583). Um dos primeiros livros a ser publicado foi
uma edição de «Os Actos dos Apóstolos», impressa em es-
crita eslava ornamental.
327
zague e ondulados. No entanto, todas se harmonizam num
todo encantador e inimitável que é um prazer contemplar.
328
Depois de alguns anos de trabalho esgotante como es-
cravo nas galeras, fugiu da Turquia para Veneza.
330
mercenários suecos, alemães, franceses e ingleses. Pouco
depois tinham conquistado toda a província de Novgorod.
331
A Resistência Popular Chefiada por Minin e Pojharsky
332
ewicz partiu para ajudar os Polacos em Moscovo. Perante
esta notícia, Minin e Pojharsky conduziram os seus homens
para Moscovo a toda a pressa.
A Índia
333
Estes dois impérios seguiram diferentes cursos de desen-
volvimento económico. No Sul floresceram cidades comer-
ciais. As comunas originais desintegraram-se, dando lugar a
uma grande número de pequenas propriedades feudais cujos
donos alugavam parcelas de terreno aos camponeses nas pi-
ores condições. Os bens destes pequenos proprietários de
terras eram encarados como uma forma de pagamento efec-
tuado pelo soberano, o supremo proprietário, a troco do ser-
viço militar. Eram excepção neste sistema geral de proprie-
dade da terra pelo Estado as grandes propriedades que per-
tenciam aos templos e as pequenas e médias propriedades
que faziam parte dos membros da casta brâmane. A ausência
de propriedade privada universal da terra e a manutenção
dos privilégios dos príncipes, apesar da existência de um
poder estatal forte e de um aparelho administrativo organi-
zado iam determinar a história do império vijayanagar.
334
O Império Mogul
335
tados, de Moslem e Hindus. A política do Estado, que tinha
como objectivo consolidar o poder central, obteve um grande
apoio entre os membros inferiores desta classe independen-
temente das suas crenças religiosas; os mais leais defen-
sores do governo mogul entre eles eram os rajputs, que
eram hindus. Os comerciantes das cidades do Norte da Índia
também eram a favor da unificação.
336
redenção da alma do homem (o que implicava uma negação
do papel dos brâmanes). Os bhaktas usavam exclusivamente
meios pacíficos na sua campanha.
338
leceram postos de comércio fortificado em várias partes do
país.
339
apreenderam a viajar pelo mar alto para novas terras. No sé-
culo XVI, os europeus dirigiram-se ao Império Chinês e a cul-
tura europeia começou a afirmar-se na China.
340
A Guerra dos Camponeses na China
O Estado de Daiviet
343
mongólicas. As reformas introduzidas no final do século XV
estabeleceram firmemente a propriedade estatal da terra e o
papel dos escalões inferiores e médios da burocracia. O sé-
culo foi marcado por um rápido desenvolvimento económico
e cultural no Estado centralizado vietnamita e por uma consi-
derável expansão territorial para o Sul e Ocidente. No século
XVI a agricultura de comuna começou a desintegrar-se, ce-
dendo o lugar às pequenas e médias propriedades que per-
tenciam aos senhores da terra. No final do século XVI e na
primeira metade do século XVII, o poder central e o poder
dos burocratas que recebiam remunerações pelos seus ser-
viços enfraqueceu gradualmente. O século XVII, assistiu ao
aparecimento de dois centros principais no Estado de Daiviet,
um no Norte, outro no Sul. Depois de uma longa luta, o país
foi dividido em dois Estados bastante centralizados que conti-
nuaram independentes sob o poder norminal da dinastia Lé.
O Império Majapahita
345
Em meados do século XV, os principados maometanos
costeiros da península de Malaca e de Sumatra tornaram-se
mais independentes e acabaram por construir uma ameaça o
comércio externo majapahita. No final do século XV, o im-
pério majapahita foi privado de todas as suas ilhas e da parte
norte de Java. Na segunda década do século XVII, os restos
do antigo império estavam nas mãos da coligação de princi-
pados comerciais do Norte de Java. Em breve eclodiram
novas hostilidades quando o sultanato de Mataram tentou es-
tabelecer um novo Estado centralizado, mas estas tentativas
foram impedidas e, mais tarde, tornadas infrutíferas pela
chegada dos europeus.
Conquistas Portuguesas
346
Molucas e de subjugar os rajás locais, a companhia construiu
uma rede de fortalezas em toda a Indonésia e, pouco a
pouco, obteve o controlo de mais vasto território. O êxito da
companhia baseava-se no saque desenfreado dos recursos
naturais das ilhas e na cruel exploração da população nativa.
Os comerciantes holandeses estabeleceram as suas bases
principais na costa noroeste de Java onde fundaram a cidade
de Batávia. O comércio holandês prosperou na região e a
companhia alargou gradualmente as suas conquistas territo-
riais. Contudo, em meados do século XVII, os Holandeses
ainda eram os senhores incontestados mesmo de Java, onde
os desafiavam os fortes sultanatos de Mataram e Bantam.
348
tempo de intermináveis guerras internas acompanhadas de
tentativas de expansão territorial na Coreia. Os europeus in-
troduziram as armas de fogo no Japão e mais tarde ensi-
naram aos Japoneses os segredos do seu fabrico. O resul-
tado, foi que, em pouco tempo, o papel decisivo nos encon-
tros militares foi desempenhado pela infantaria camponesa
que desalojou os cavaleiros e se organizou gradualmente em
bases profissionais.
349
lheitas dos seus camponeses contra os antigos 50%, en-
quanto o novo governo centralizado pôde desarmar os cam-
poneses e ligá-los aos respectivos «holdings». Os campo-
neses pagavam impostos aos seus senhores e a cobrança
destes impostos era supervisada pelos vassalos do senhor ou
do shogun. A estabilização da situação interna facilitou a ex-
pansão dos mercados internos.
350
menos do que os camponeses, visto que o xogunato pro-
curou mais em encorajar o comércio e os ofícios do que obs-
truir o seu progresso.
a.C.
Desenvolvimento da escravatura nas
Segunda me- civilizações primitivas do Egipto e
tade do 4.° mi- Mesopotâmia.
351
lénio Aparecimento dos primeiros mo-
delos da escrita.
c.2150 — sé-
Império Médio no Egipto.
culo XI
A Unificação da Mesopotâmia por
c.2369
Akkad.
A invasão da Mesopotâmia por Amo-
2024
ritas e Elamitas.
Aparecimento de Civilizações base-
Primeira me-
adas na escravatura na Ásia Menor.
tade do 2.° mi-
Formação do Estado da Babilónia e
lénio
a Idade do Ouro sob Hammurabi.
Séculos XVIII- Escrita alfabética, documento Sinaí-
XVII tico.
1700-1570 Os Hicsos escravizam o Egipto.
Séculos XVI a
O Reino Novo no Egipto.
1050
A ascensão do Reino Hitita na Ásia
Século XV
Menor.
Séculos XV-XII Período dos Aqueus na Grécia.
Segunda me-
tade do 2.° mi- Conquistas do Faraó Tuthmosis III.
lénio
353
Século VIII Desenvolvimento das cidades gregas
na Ásia Menor.
Final do século
Ascensão do Império dos Medos.
VII Século VI
Extensão do poder dos Etruscos
Séculos VI sobre o Lácio.
Ascensão da Pérsia.
O desenvolvimento do Budismo na
Séculos VI-V
Índia.
594 As reformas de Sólon em Atenas.
A captura de Jerusalém pelos Babi-
586 lónios.
O fim do Reino de Israel.
550 Ciro da Pérsia subjuga os Medos.
Ciro conquista a Arménia e a Capa-
547
dócia.
354
509 Fundação da República Romana
(tradicional).
355
395-386 A Guerra de Corinto.
356
Saque de Corinto. A Grécia torna-se
146
vassala de Roma.
357
54-53 Campanha de Crasso contra os
Persas.
358
134-208 Revolta dos «Fitas Amarelas» na
China.
359
Segunda me- Aparecimento do primeiro estado
tade do século feudal no Japão.
V
Fim do século
O declínio do Estado Gupta na Índia.
V
493-555 Reino Ostrogodo na Itália.
532 A Revolta Nika em Constantinopla.
360
Califado Abássida (Poder espiritual
750-945
até 1258).
Segunda me-
tade do século Aparecimento do Estado Polaco.
X
Os Normandos conquistam a Ingla-
1066
terra.
1096-1099 Primeira Cruzada.
362
1381 Revolta dos camponeses na Ingla-
terra conduzidos por Wat Tyler.
363
1572, 24 de Matança de S. Bartolomeu na
Agosto 1603 França.
364