Você está na página 1de 4

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

CENTRO DE EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
Disciplina: Teoria da História I
Docente: Prof. Dr. José dos Santos Costa Júnior
Discente: Ana Clara Ferreira Tavares
Contato: josedossantoscostajr@gmail.com
Horários: Sexta-feira, das 18h às 22h

PROVA ESCRITA

Responda duas questões, sendo uma obrigatória e outra optativa.

1 – OBRIGATÓRIA – A partir do século XVIII passaram a ser produzidas as ditas filosofias da


história no Ocidente. Elas tiveram grande espaço na historiografia até o século XX e se
diferenciaram das Teorias da História que surgiram no contexto do século XIX. Considerando as
leituras de José de Assunção Barros (2013), José Carlos Reis (2013) e Guy Bourdé & Hervé Martin
(2003), construa uma discussão sobre as filosofias da história. Considere, portanto:

a) O significado da teleologia, seus princípios constitutivos e sua apropriação pelas filosofias


da história;
b) Os principais filósofos e suas ideias, considerando as diferenças entre as filosofias
pessimistas e otimistas;
c) Aproximações e diferenças entre os autores (Kant, Comte, Hegel, Spengler e Toynbee).

2 – A Teoria da História se constitui como subárea voltada para a reflexão e debate crítico sobre as
condições que tornam o conhecimento histórico possível. A partir dos textos de Ana Maria Mauad,
Lúcia Grinberg & Pedro Caldas (2010) e José de Assunção Barros (2013), construa uma discussão
sobre a relevância e característica da área de Teoria da História na formação de historiadores/as.
Para tanto, caracterize os três termos seguintes: teoria, historiografia e metodologia.

3 – A filosofia da história presente na obra de Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) deu
continuidade a algumas características presentes em outras filosofias da história que o antecederam,
mas apresentou pontos originais. A partir das leituras e debates em sala de aula, construa uma
discussão que caracterize a trajetória e o tipo de filosofia da história que ele propôs no contexto
prussiano do século XIX.

5 – Com o advento do século XVIII, logo, a ocorrência da Revolução Francesa e Industrial, os


modos de pensar e produzir a história sofrem modificações. Desse modo, o Romantismo surge com
fortes divergências contra o Iluminismo. No entanto, as análises românticas não se limitam a um
único ponto de vista acerca do processo histórico. Desse modo, a partir do texto de Ana Mauad,
Lucia Grinberg & Pedro Caldas (2010), descreva as principais características, contribuições e
divergências presentes no pensamento romântico de Edmund Burke (1729-1797) e Jules Michelet
(1789-1874). Considere, portanto:

a) O significado de conhecimento para o Romantismo;


b) O objeto da história;
c) Os sentidos da “tradição” na ótica de Burke e Michelet.

OBSERVAÇÃO:
A prova escrita deverá ser realizada em casa e digitada no seguinte formato:
Margens 2 cm, Times New Roman 12, Espaçamento 1,5.

Data de entrega da prova impressa: 30 de outubro de 2022 por e-mail.


Enviar para josejunior30@servidor.uepb.edu.r

Questão 1
a) A teleologia nas filosofias da história refere-se à ideia de que a história tem um propósito ou
um fim predestinado. Ela descreve o desenvolvimento da humanidade como seguindo um
caminho determinado em direção a um objetivo final. Isso envolve a crença de que a história
tem uma lógica interna e que os eventos históricos têm um significado intrínseco. Filósofos
da história frequentemente se apropriam desse conceito para interpretar o passado e prever o
futuro com base nessa visão teleológica. No entanto, a interpretação da teleologia varia entre
os filósofos da história. Alguns acreditam em um progresso linear e otimista, enquanto
outros veem ciclos repetitivos ou um declínio inevitável.

b) Kant acreditava que a história seguia uma trajetória em direção a um estado final de paz e
harmonia, em um processo de aprimoramento moral da humanidade, enfatizando a
importância da razão, da moralidade e do progresso humano, embora reconhecesse os
limites do conhecimento humano e a necessidade de ação ética. Suas ideias estavam mais
próximas de uma visão otimista, mas com um toque de realismo sobre as complexidades da
história.

Georg Wilhelm Friedrich Hegel acreditava que a história era um processo dialético, no qual
o espírito humano evoluía em direção a um estado de plena realização. Para Hegel, a história
culminaria em um estado de liberdade e racionalidade, representando uma visão otimista da
teleologia histórica.

Auguste Comte, o fundador do positivismo, via a história humana como uma progressão de
estágios, culminando na fase científica. Ele acreditava que o conhecimento científico e o
progresso social levariam a uma sociedade mais harmoniosa, refletindo uma visão otimista
da história. Comte desenvolveu a ideia de uma evolução positiva da sociedade, passando por
três estágios: o teológico, o metafísico e o positivo, culminando em uma era de ordem
social.

Oswald Spengler, em "O Declínio do Ocidente," argumentou que as civilizações passam por
ciclos naturais de nascimento, crescimento, maturidade e declínio. Ele via o Ocidente como
uma civilização em declínio, tinham uma vida limitada e passariam por fases de nascimento,
crescimento, declínio e morte, adotando assim uma visão pessimista da teleologia histórica.

Arnold J. Toynbee, em sua obra "Um Estudo da História," argumentou que as civilizações
enfrentam desafios e respostas criativas, e o destino de uma civilização depende de sua
capacidade de responder aos desafios, mas eventualmente declinam quando não conseguem
se adaptar. Sua abordagem era mais ambivalente, enfatizando a importância das escolhas
humanas na história.

c) Immanuel Kant enfatizou a importância da razão na interpretação da história. Ele


argumentou que a história humana seguia uma trajetória rumo ao progresso moral, mas sua
visão não era tão determinística quanto a de Hegel, por exemplo.
Auguste Comte desenvolveu uma filosofia da história que via a humanidade progredindo
por meio de estágios de evolução social, culminando na fase científica. Sua abordagem era
mais otimista e positivista.
Hegel via a história como um processo dialético em que as contradições eram resolvidas e o
espírito humano alcançava a autoconsciência. Ele tinha uma visão otimista da história como
progresso em direção à liberdade.
Oswald Spengler argumentava que as civilizações tinham um ciclo de vida natural, com um
inevitável declínio. Sua abordagem era mais pessimista e cíclica.
Arnold Toynbee acreditava que as civilizações enfrentavam desafios e tinham a capacidade
de se adaptar ou declinar, com um foco nas escolhas humanas e na responsabilidade
individual.
Questão 2

A relevância da Teoria da História na formação de historiadores/as reside na capacidade de


fornecer uma base sólida para a prática historiográfica. Ao compreender a teoria,
historiografia e metodologia, os historiadores são capazes de abordar questões complexas de
maneira crítica, contextualizar suas pesquisas dentro de um quadro historiográfico mais
amplo e escolher metodologias apropriadas para investigar e interpretar o passado. Além
disso, a teoria da história também ajuda os historiadores a reconhecer a natureza subjetiva e
interpretativa do trabalho histórico, promovendo uma maior consciência da construção do
conhecimento histórico e da importância de questionar constantemente as suposições e
abordagens utilizadas na escrita da história, a base filosófica e epistemológica, a
historiografia contextualiza a pesquisa no âmbito histórico e fornece as ferramentas práticas
necessárias para conduzir uma pesquisa histórica rigorosa. Essa formação integral é
essencial para a produção de narrativas históricas de alta qualidade e para a contribuição
para o avanço do conhecimento sobre o passado.
A Teoria da História explora questões filosóficas relacionadas à natureza do tempo,
causalidade histórica e interpretação. Ela ajuda os historiadores a entender como as
filosofias da história influenciam suas abordagens à pesquisa histórica, assim busca
responder a questões como, o que é história, como construímos narrativas históricas, qual é
o papel da interpretação e subjetividade na escrita da história. A teoria frequentemente se
cruza com outras disciplinas, como a filosofia, a sociologia e a antropologia, o que
enriquece a formação do historiador, permitindo-lhe adotar perspectivas multidisciplinares
em suas investigações. Ao estudar os historiadores desenvolvem uma consciência crítica
sobre as narrativas históricas, reconhecendo a importância da subjetividade na construção do
conhecimento histórico.
A historiografia oferece uma visão das diferentes escolas de pensamento histórico ao longo
da história. Isso permite que os historiadores compreendam como as abordagens à escrita da
história evoluíram e se diversificaram ao longo do tempo. Além disso, ela envolve debates e
contestações sobre a interpretação de eventos históricos. Isso desafia os historiadores a
considerar diferentes perspectivas e argumentos ao construir suas próprias narrativas.
Historiografia refere-se ao conjunto de abordagens, métodos, tendências e correntes de
pensamento que têm moldado a escrita da história ao longo do tempo. Ela envolve o estudo
das diferentes escolas de pensamento histórico, como a história marxista, a história pós-
moderna, a história cultural, entre outras. Isso é crucial para evitar anacronismos e
compreender o impacto das ideologias contemporâneas na pesquisa histórica.
A metodologia envolve a escolha criteriosa de fontes primárias e secundárias, se refere aos
métodos e técnicas utilizados pelos historiadores para coletar, analisar e interpretar fontes e
evidências históricas, sendo assim eles aprendem a avaliar a confiabilidade, autenticidade e
relevância das fontes para suas pesquisas, isso inclui a escolha de fontes, a pesquisa de
arquivos, a análise crítica de documentos, a aplicação de teorias e modelos analíticos, a
narrativa e a comunicação do conhecimento histórico, assim garantir que o trabalho
histórico seja rigoroso, baseado em evidências e capaz de fornecer uma representação
precisa e significativa do passado. Ela incentiva os historiadores a realizar análises críticas
das fontes, identificando viés, omissões e interpretações tendenciosas que podem afetar a
objetividade de seu trabalho. Os historiadores aprendem a comunicar suas descobertas de
maneira clara e eficaz, criando narrativas históricas que se baseiam em evidências sólidas e
contribuem para o entendimento do passado.

Você também pode gostar