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Descolonizar Marx ou Desnazificar Sousa Santos?

Presentation · March 2019


DOI: 10.13140/RG.2.2.29101.13289

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Guilherme Wagner
Federal University of Santa Catarina
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Descolonizar Marx ou
Desnazificar Sousa Santos?
Em defesa de uma Educação Matemática
Anticapitalista, Anticolonial e Antipatriarcal
O que teremos hoje?
● Marx: colonizado e eurocêntrico?
● O Marx de Sousa Santos
● Sousa Santos: as origens de seu pensamento pós-moderno
● Eurocentrismo: qual eurocentrismo?
● Pensamento decolonial: limites e potencialidades para uma
perspectiva libertadora na América Latina
● Pensamento decolonial e o marxismo
● Educação Matemática: anticapitalista, anticolonial e
antipatriarcal
Marx: pensamento colonizado e eurocêntrico?
1) A história é unilinear: “O capítulo sobre a acumulação
primitiva não pretende mais do que traçar o caminho pelo
qual, na Europa Ocidental, a ordem econômica capitalista
emergiu do seio da ordem econômica feudal.” Marx, carta
de 1877.
Marx: pensamento colonizado e eurocêntrico?
1) “Assim, pois, eventos notavelmente análogos, mas que têm
lugar em meios históricos diferentes levam a resultados
totalmente distintos. Estudando separadamente cada uma
dessas formas de evolução e, logo depois, comparando-as
poder-se-á encontrar facilmente a chave deste fenômeno,
mas nunca se chegará a ela mediante o passaporte
universal de uma teoria histórico-filosófica geral cuja
suprema virtude consiste em ser suprahistórica.” Marx,
carta de 1877, discutindo a linearidade da história de
Roma.
Marx: pensamento colonizado e eurocêntrico?
1) “Ele se sente obrigado a metamorfosear meu esboço
histórico da gênese do capitalismo na Europa Ocidental
numa teoria histórico-filosófica da marcha geral que o
destino impõe a todos os povos, quaisquer que sejam as
circunstâncias históricas em que eles se encontram, a fim
de que possa chegar finalmente a essa formação econômica
que assegura, junto ao maior desenvolvimento as
capacidades produtivas do trabalho social, o mais
completo desenvolvimento do homem. Mas eu lhe peço
desculpas. (Ele está simultaneamente a honrar-me e a
insultar-me excessivamente).” Marx, carta de 1877.
Marx: pensamento colonizado e eurocêntrico?
2) Marx era racista, seu sujeito histórico era homem,
branco, europeu e heterossexual:
“trabalho de pele branca não pode se emancipar onde o
trabalho de pele negra é marcado a ferro” - O Capital
Marx: pensamento colonizado e eurocêntrico?
2) "O primeiro antagonismo de classe que apareceu na
história coincide com o desenvolvimento do antagonismo entre
o homem e a mulher na monogamia e a primeira opressão de
classe coincide com a opressão do sexo feminino pelo sexo
masculino. A monogamia foi um grande progresso histórico,
mas, ao mesmo tempo, ela abre, ao lado da escravatura e da
propriedade privada, a época que dura ainda hoje, onde cada
passo para frente é ao mesmo tempo um relativo passo atrás,
o bem-estar e o progresso de uns se realizam através da
infelicidade e do recalcamento de outros.” A Origem da
Família, da Propriedade Privada e do Estado
Marx: pensamento colonizado e eurocêntrico?
3) Por ser eurocêntrico o marxismo afirma que a revolução
virá da Europa Ocidental: “a Rússia forma a vanguarda da
acção revolucionária na Europa” Prefácio à Segunda Edição do
Manifesto Comunista
Marx: pensamento colonizado e eurocêntrico?
4) Marx desde o início manteve um posicionamento a favor das
agressões imperialistas para que elas levassem a
‘modernidade europeia e capitalista’.
Em seu discurso à Internacional sobre a questão irlandesa
conclama o proletariado inglês a se juntar a nação irlandesa
oprimida contra os latifundiários e as classes dominantes da
Inglaterra que estabeleciam uma relação colonial com a
Irlanda.
Marx: pensamento colonizado e eurocêntrico?
4)“Todas as guerras civis, invasões, revoluções, conquistas,
fomes, por mais complexa, rápida e destrutiva que pudesse
parecer sua sucessiva ação sobre o Hindustão, não o haviam
arranhado senão superficialmente. A Inglaterra destruiu os
fundamentos do regime social da Índia, sem manifestar até o
presente a menor veleidade de construir o que quer que seja.
Esta perda de seu velho mundo, que não foi seguida pela
obtenção de um mundo novo, confere à miséria atual dos
Hindus um caráter particularmente desesperado e separa o
Hindustão, governado pelos ingleses, de todas as tradições
antigas, de todo o conjunto de sua história passada” A
dominação Britânica na Índia.
O Marx de Sousa Santos
“o erro de Marx foi pensar que o capitalismo, por via do
desenvolvimento tecnológico das forças produtivas,
possibilitaria ou mesmo tornaria necessária a transição para
socialismo. Como se veio a verificar, entregue a si próprio,
o capitalismo não transita para nada senão para mais
capitalismo. A equação automática entre progresso
tecnológico e o progresso social desradicaliza a proposta
emancipadora de Marx e torna-a, de fato, perversamente gêmea
da regulação capitalista” - Pela Mão de Alice
O Marx de Sousa Santos
“idéia de Marx de que a sociedade se transforma pelo
desenvolvimento de contradições é essencial para compreender
a sociedade contemporânea, e a análise que fez da
contradição que assegura a exploração do trabalho nas
sociedades capitalistas continua a ser genericamente válida.
O que Marx não viu foi a articulação entre a exploração do
trabalho e a destruição da natureza e, portanto, a
articulação entre as contradições que produzem uma e outra”
- Pela Mão de Alice
origens do pensamento pós-moderno de sousa santos
● A crise paradigmática das ciências
○ Todo conhecimento científico é científico-social
○ Todo conhecimento é local e total
○ Todo conhecimento é autoconhecimento
○ Todo conhecimento científico visa constituir-se em
senso comum
origens do pensamento pós-moderno de sousa santos
● A existência do Norte Global implica a existência de
epistemologias do Norte
● As epistemologias do Sul como conhecimentos e narrativas
que venham a horizontalizar as relações epistêmicas
(ecologia de saberes)
● O Norte pode e deve aprender com o Sul
origens do pensamento pós-moderno de sousa santos
● O paradigma moderno da semiologização da realidade
● É fácil afirmar a existência intersubjetiva do mundo como
narrativas para quem não sofre objetivamente as relações
de exploração e opressão.
Eurocentrismo: qual eurocentrismo?
● O eurocentrismo pós-moderno: a tática filosófica do
nazismo da criação de um inimigo cultural/racial para
levar adiante sua cultura/raça. (Grosfoguel, Mignolo,
Sousa Santos, Gobineau e Disraeli)
● O eurocentrismo transmoderno: o transmoderno não se
caracteriza pela negação do moderno, mas pela negação da
negação do mito da modernidade, e a subsunção da
modernidade/alteridade (Filosofia da Libertação, Dussel,
Quijano, Fanon, Davis)
As teorias dos conflitos sociais
● A luta das raças/moralidade católicas/Tocquevile: a
salvação da alma e a raça no sangue;
● A luta das raças de Gobineau/Disraeli: a salvação do
corpo e raça na cor da pele;
● A luta das raças de Sousa Santos/Grosfoguel/Mignolo: a
salvação das narrativas e a raça na cultura.
As lutas de classes de Marx e Engels
● Klassenkämpfe - lutas de classes. Plural!
○ A mulher e a “primeira opressão de classe”
○ A questão colonial e nacional
○ A questão das classes exploradas
Pensamento decolonial: limites e potencialidades
para uma perspectiva libertadora na América Latina
Aníbal Quijano: a colonialidade do poder e do saber, a
invenção das Raças quando da “descoberta” da América, a
questão nacional numa perspectiva ameríndia
Enrique Dussel: a transmodernidade, filosofia da libertação
As filosofias Nahuatl e a Pluriversidade Amawtay Wasi
Pensamento decolonial: limites e potencialidades
para uma perspectiva libertadora na América Latina
Grosfoguel e Mignolo: e a exploração do trabalho?

Sousa Santos: aprender com o Sul?

O pensamento decolonial ainda não superou o fetiche do


Estado, vide apoios a Rafael Correa e Evo Morales.

O Estado como socialização do poder das nações indígenas vs.


o Estado como instituição da colonialidade do poder.
Pensamento decolonial: limites e potencialidades
para uma perspectiva libertadora na América Latina
A consciência “mestiça” ou “mulata”: a fratura entre o Ser e
o Estar.
Como posso eu, teutobrasileiro, pensar a Educação a partir
de uma perspectiva latino-americana?
Marx e Engels: traidores da sua classe (burgueses), da sua
cor (brancos), do seu gênero (homens cis).
Pensamento decolonial e o marxismo
Grosfoguel e Mignolo: ecletismo pós-moderno
Mariatégui e Fanon: marxismo autóctone
Quijano e Dussel: incorporação crítica do marxismo.
A questão de totalidade, universalidade e da pluriversidade
Educação Matemática anticolonial
Nepohualtzitzin - Filosofia Nahuatl
Ne, a pessoa
pohual, conta/cálculo
tzitzin, transcender
“La persona que tiene el conocimiento de la cuenta de la
simplicidad de la armonía para trascender al origen de la
creación” (Lara & Sgreccia,2010)
Educação Matemática anticolonial
A Educação Matemática contra a colonialidade do poder:
● A teoria da dependência marxista
● As pedagogias socialistas, os complexos de estudos
● Forma e conteúdo no saber matemático (qual
eurocentrismo?)
Educação Matemática Anticapitalista
● Ideologia da certeza: A forma da racionalidade matemática
como juízo social.
● A reforma da Previdência
● A exploração do trabalho
● O sistema educacional rankeado e as avaliações em larga
escala
Educação Matemática AntiPatriarcal
● O trabalho sexual e o controle sobre o corpo (dica:
séries das matemáticas da NASA)
● A numeralização dos corpos e vidas negros/as, femininas e
trans como desumanização de sujeitos históricos.
● A matemática como instrumento de dominação colonial do
saber sobre as mulheres, principalmente mulheres negras.
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