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Licenciatura em Ciências da Comunicação

Direito e Deontologia da Comunicação

Trabalho de grupo

1- Objetivos, objeto e análise

- O objetivo do trabalho consiste na demonstração do conhecimento acumulado no que


toca à matéria relativa aos Meios e ao Jornalismo, com especial realce para a Lei da
Imprensa, a Lei da Televisão, o Estatuto do Jornalista e o Código Deontológico do
Jornalista. Qualquer um destes diplomas legais/código se encontra disponíveis e
atualizado no Canvas.

Adicionalmente, os alunos e alunas poderão interligar outros diplomas estudados,


quando tal for relevante.

- O trabalho assenta na análise de uma peça de informação, recolhida da Imprensa ou da


Televisão portuguesas. Devem ser caracterizados o tipo de publicação/o serviço de
programa escolhido, à luz da Lei da Imprensa ou Lei da Televisão (consoante o caso).

- Na escolha da peça, os alunos e alunas deverão ter especial atenção aos direitos e
deveres dos Meios e dos jornalistas em questão: quanto mais problemática a peça, maior
a probabilidade de existirem violações de regras legais e deontológicas, permitindo uma
demonstração robusta de conhecimentos por parte dos alunos.

- Perante cada situação duvidosa, os alunos e alunas deverão salientar as partes


relevantes da peça e aplicar as regras adequadas, extraindo uma conclusão à luz do
Direito e da Deontologia.

1 – Constituição dos grupos, apresentação e envio de slides

- Os grupos devem ser constituídos por 4 elementos da turma que se encontrem ainda
em avaliação;
- O trabalho deve ser realizado e apresentado por todo o grupo, sendo que cada
elemento deverá dominar toda a matéria envolvida;
- A apresentação deverá conter a peça/ excertos relevantes da peça, de modo que a sua
análise seja percebida por todos os que assistem à sessão;
- Cada aluno ou aluna será avaliado quer pelo trabalho realizado em grupo, quer
individualmente (no que toca à sua apresentação). Os alunos e as alunas podem ser
questionados diretamente pela professora quando tal se demonstre necessário para
perceber o domínio da matéria;
- Aconselha-se a utilização de PowerPoint para a apresentação;
- Os slides utilizados para a apresentação do trabalho devem ser enviados à professora
por cada um dos grupos;
- A apresentação terá lugar na última semana de aulas, pela ordem a indicar; - A
apresentação do trabalho em sala de aula não deverá ultrapassar os 15 min.

Trabalho de Grupo
Grupo: Maria Horta, Inês Dias, Leonor Pereira, Francisca Calado, Luísa Meirelles.
Entrega do Trabalho e Apresentação: 11 de janeiro
Plataforma: Power Point
Diplomas a abordar: Liberdade de Expressão, Liberdade de Imprensa, Liberdade de
Informação, Código Civil, Código Penal, Lei da Televisão, Lei da Imprensa, Es tatuto e
Código Deontológico do Jornalista, Colisão dos Direitos.
Peça de informação: Recolhida da Imprensa ou da Televisão portuguesas
Ter em atenção: Direitos e deveres dos Meios e dos jornalistas em questão, +
dramática
Caso a desenvolver: Caso do desaparecimento da Madeleine McCann-
Sinistro! Alemão suspeito do rapto de Madeleine McCann terá dito que "os porcos
também comem carne humana"
Sinistro! Alemão suspeito do rapto de Madeleine McCann terá dito que "os porcos também
comem carne humana" - Mundo - FLASH!
Alemão disse a empregada que Maddie estava morta (jn.pt)
Tarefas:
- Contextualização da história- Dados sociodemográficos, família, qual o contexto. -
Nonô
- Aplicar todos os diplomas anteriormente estudados tendo em conta aos direitos e
deveres dos Meios e dos jornalistas em questão ao caso de estudo.
Maria Horta: Liberdade de Expressão, Liberdade de Imprensa, Liberdade de
Informação,
Inês Dias: Código Civil, Código Penal (Colisão dos Direitos)
Leonor Pereira: Lei da Televisão, Lei da Imprensa- Ajudo a Inês
Francisca Calado e Luisa Meirelles: Estatuto e Código Deontológico do Jornalista
- Conclusão- Quem deve ser punido? Quem tem razão o não…

ACABAR ATÉ DIA 30 E ENVIAR O POWER POINT


Estrutura:
História (contexto): Madeleine McCann nasceu a 12 de maio de 2003, de nacionalidade
britânica era filha do casal Kate McCann e de Gerry McCann e irmã mais velha de Sean
e Amelie McCann.
Maddie estava de férias com a sua família em Lagos, Algarve, Portugal quando se deu o
seu desaparecimento, tudo aconteceu na noite de quinta-feira, 3 de maio de 2007 num
apartamento na Praia da Luz. Esta menina de apenas 3 anos encontrava-se sozinha no
quarto com os seus irmãos mais novos, enquanto os seus pais permaneciam num bar
perto das crianças. Inicialmente alegou-se que teria saído pelos seus próprios pés, mas
rapidamente surgiram outras suposições do que poderia ter acontecido. O trabalho e
empenho das autoridades britânicas, portuguesas e alemãs foi exemplar, contudo nunca
teve um desfecho e ainda hoje não se sabe o que aconteceu naquela madrugada àquela
pequena criança. Vários foram os suspeitos, incluindo os próprios pais, e os cenários
possíveis e ainda hoje é uma história que inquieta o mundo pelo seu mistério.

Introdução: De acordo com o trabalho pretendido no âmbito da cadeira de Direito e


Deontologia da Comunicação lecionada pela professora Claúdia Lamy, no qual partir de
um caso à escolha de cada grupo aplicar os diplomas da legislação até então estudados,
decidimos dentro do caso do desaparecimento de Madeleine McCann, analisar uma
notícia divulgada pelos meios de comunicação sobre o caso, uma das diversas
suposições sobre este tema.
Passamos a citar a seguinte noticia divulgada pelo Jornal de Notícias português,
redigida por Marisa Rodrigues a 8 de junho de 2020. Numa conversa ocorrida na
Alemanha, em 2014, que foi revelada à imprensa britânica em 2020, por uma
funcionária do quiosque em Braunschweig. A funcionária Lenta Johlitz citou que
“Cristian Brueckner (dono do quiosque) perdeu completamente a cabeça, numa vez em

que estávamos com amigos no quiosque e falávamos sobre o caso Maddie. Queria que
acabássemos com o tema e gritou: Parem de falar sobre isso. A criança está morta e
pronto, os porcos também comem carne humana.” Para além disso, Cristian tem
demonstrado ao longo da sua vida um caráter violento e com tendências pedófilas,
devido aos relatos que chegavam à imprensa, tal como, um relato de um antigo
funcionário de uma escola primaria perto do quiosque do mesmo. A imprensa alemã
afirma ter falado também com uma ex-namorada de Christian. A mulher garantiu, sob
anonimato, que ele a maltratou e a estrangulou. Acusações corroboradas por um
homem, que conheceu o suspeito em 2012, e se mudou para um apartamento próximo
ao quiosque.
Alemão disse a empregada que Maddie estava morta (jn.pt).

Questões:
Q1- De que liberdades falamos no que toca ao jornalista? Aplicar a legislação.
Q2- Que tipo de publicação está em causa? Aplicar a legislação.
Q3- O tipo de informação divulgada pelo Jornal lesa o interesse público? Aplicar a
legislação.
Q4- O tipo de informação divulgada pelo Jornal invade algum tipo de privacidade? Ou
desrespeita alguém? Aplicar a legislação.
Q5- Se sim, qual a legislação aplicável? (Código Penal)

Q1- De que liberdades falamos no que toca ao jornalista? Aplicar a legislação.

Estatuto do Jornalista:
No Estatuto do Jornalista existem questões genericamente associadas à liberdade
de expressão e criação e ao direito de autor.
A primeira dessas normas são as alíneas a) e b) do artigo 6.º “Direitos:
Constituem direitos fundamentais dos jornalistas: a) A liberdade de expressão e de
criação; b) A liberdade de acesso às fontes de informação”, a segunda norma é do artigo
7.º “Liberdade de expressão e criação: A liberdade de expressão e criação dos
jornalistas não está sujeita a impedimentos ou discriminações nem subordinada a
qualquer tipo ou forma de censura” e, por ultimo, a terceira norma é a do artigo 7.º-A,
nº4, que determina que “os jornalistas não podem opor-se a modificações formais
introduzidas nas suas obras por jornalistas que desempenhem funções como seus superiores
hierárquicos, na mesma estrutura de redação, desde que ditadas por necessidades de
dimensionamento ou correção linguística, sendo-lhes lícito, no entanto, recusar a associação do
seu nome a uma peça jornalística em cuja redação final se não reconheçam ou que não mereça a
sua concordância”.

Liberdades do Jornalista:
Em relação ao jornalista podemos falar de várias liberdades, como a Liberdade
de Expressão, a Liberdade de Imprensa e a Liberdade de Informação.
Estas liberdades acima anunciadas relacionam-se entre elas, uma vez que o direito a ser
informado (Liberdade de Informação) só existe plenamente se existir Liberdade de
Imprensa. E, o direito a informar-se (Liberdade de Informação) de nada vale se não
existir Liberdade de Imprensa.
DUDH – Liberdade de Expressão, Informação e Imprensa - Artº 19 “Todo o
indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, de procurar, receber e
difundir informações e ideias por qualquer meio de expressão. ”
PIDCP - Liberdade de Expressão, Informação e Imprensa - Artº 19 “Toda a
pessoa tem direito à liberdade de expressão; este direito compreende a liberdade de
procurar, receber e divulgar informações e ideias de toda a índole, seja oralmente, por
escrito de forma impressa ou artística, ou por qualquer outro processo que escolher.”
CDFUE – Liberdade de Expressão e de Informação, Artº 11, n1 “Qualquer
pessoa tem direito à liberdade de expressão. Este direito compreende a liberdade de
opinião e a liberdade de receber e de transmitir informações ou ideias.” e Liberdade de
Imprensa n2, “São respeitados a liberdade e o pluralismo dos meios de comunicação
social.”
CEDH – Liberdade de Expressão, Informação e Imprensa, Artº 10, n1 “Qualquer
pessoa tem direito à liberdade de expressão... à liberdade de receber ou de transmitir
informações ou ideias. O presente artigo não impede que os estados submetam as
empresas de radiodifusão, de cinematografia ou de televisão.”
CRP – Liberdade de expressão e informação, Artº 37, n1, “Todos têm o direito
de exprimir e de divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou
por qualquer outro meio, bem como o direito de informar, de se informar e de ser
informados.”
Liberdade de Imprensa, Artº38, n1, “É garantida a liberdade de imprensa.”; n2
“A liberdade de imprensa: alínea a) A liberdade de expressão e criação dos jornalistas e
colaboradores.” e alínea b) O direito dos jornalistas, nos termos da lei, ao acesso às
fontes de informação e à proteção da independência e do sigilo profissionais.”

Estes são os diplomas que dizem respeito às liberdades de todos os indivíduos,


neste caso do jornalista. Este tem como direito de se informar e dar informações a
outrem, tal como tem o direito de se exprimir e dar a sua opinião. Contudo existem
limites que não podem ser excedidos, como por exemplo Marisa Rodrigues, copiar
integralmente ou parcialmente a notícia redigida pela imprensa britânica.
Neste caso em concreto Marisa Rodrigues tem a liberdade de divulgar e redigir o
artigo da forma com que o fez, pois é um caso bastante polémico a nível mundial, no
qual todas as informações são válidas e importantes.

Lei da Imprensa
De acordo com a Lei da Imprensa, apresentamos a sua definição presente no
artigo 9º
“1 - Integram o conceito de imprensa, para efeitos da presente lei, todas as reproduções
impressas de textos ou imagens disponíveis ao público, quaisquer que sejam os
processos de impressão e reprodução e o modo de distribuição utilizado.
É garantido neste diploma no Art. 2º “1 a) O reconhecimento dos direitos e
liberdades fundamentais dos jornalistas, nomeadamente os referidos no artigo 22.º da
presente lei; b) O direito de fundação de jornais e quaisquer outras publicações,
independentemente de autorização administrativa, caução ou habilitação prévias; c) O
direito de livre impressão e circulação de publicações, sem que alguém a isso se possa
opor por quaisquer meios não previstos na lei.”
No capítulo II deste mesmo diploma é garantida a liberdade de empresa, no Art.
5º passo a citar “1 - É livre a constituição de empresas jornalísticas, editoriais ou
noticiosas, observados os requisitos da presente lei.”
Dentro da Lei de Imprensa, podemos incluir a Liberdade de Imprensa e dos
Direitos dos Jornalistas, no Artigo 1º (Garantia de liberdade de imprensa) - “1- É
garantida a liberdade de imprensa, nos termos da Constituição e da lei. 2- A liberdade
de imprensa abrange o direito de informar, de se informar e de ser informado, sem
impedimentos nem discriminações. 3 — O exercício destes direitos não pode ser
impedido ou limitado por qualquer tipo ou forma de censura.
Será possível aplicar ainda o artigo 22º Direitos dos Jornalistas “Constituem
direitos fundamentais dos jornalistas, com o conteúdo e a extensão definidos na
Constituição e no Estatuto do Jornalista: a) A liberdade de expressão e de criação; b) A
liberdade de acesso às fontes de informação, incluindo o direito de acesso a locais
públicos e respetiva proteção.

Código Deontológico do Jornalista:


Número 1 “O jornalista deve relatar os factos com rigor e exatidão e interpretá-
los com honestidade. Os factos devem ser comprovados, ouvindo as partes com
interesses atendíveis no caso. A distinção entre notícia e opinião deve ficar bem clara
aos olhos do público”. Neste caso, não podemos afirmar que Marisa Rodrigues relatou o
caso com exatidão, pois a notícia redigida pelo Jornal de Notícias foi anteriormente
relatada à imprensa britânica.

Número 4 “O jornalista deve utilizar meios legais para obter informações,


imagens ou documentos e proibir-se de abusar da boa-fé de quem quer que seja. A
identificação como jornalista é a regra e outros processos só podem justificar-se com
razões de incontestável interesse público”. A própria jornalista afirmou que chegou até a
estas informações, ou seja, podemos considerá-las fidedignas e legais pois a própria
menciona a imprensa britânica.

Número 10 “O jornalista deve respeitar a privacidade dos cidadãos exceto


quando estiver em causa o interesse público ou a conduta do individuo contradiga,
manifestamente, valores e princípios que publicamente defende”. Neste caso, a
jornalista não respeita o Cristian, pois está a acusá-lo de pedofilia e de ter morto
Maddie, quando não sabemos se foi verdade ou não. Não podemos acusar ninguém até
ter provas em concreto.

Q2- Que tipo de publicação está em causa? Aplicar a legislação.


Podemos caracterizar a notícia divulgada pelo Jornal de Notícias como uma publicação
informativa de acordo com o Artigo 13º que nos diz o seguinte “3-São publicações de
informação geral as que tenham por objeto predominante a divulgação de notícias ou
informações de carácter não especializado.”.
Q4- O tipo de informação divulgada pelo Jornal invade algum tipo de
privacidade? Ou desrespeita alguém? Aplicar a legislação.
Sim. Como estudado anteriormente a liberdade de imprensa que nos é garantida também
é limitada, o Art.3º da Lei da Imprensa diz-nos “A liberdade de imprensa tem como
únicos limites os que decorrem da Constituição e da lei, de forma a salvaguardar o
rigor e a objetividade da informação, a garantir os direitos ao bom nome, à reserva da
intimidade da vida privada, à imagem e à palavra dos cidadãos e a defender o interesse
público e a ordem democrática.” Aos limites acresce também outros direitos perante
uma situação que ultrapasse os limites da Liberdade de Imprensa, o Art.24º caso os
pais de Madeleine Mc Cann considerassem a publicação divulgada ultrapasse os limites
estipulados pela legislação tinham o direito à palavra, pressupostos dos direitos de
resposta e de retificação “3 - O direito de resposta e o de rectificação podem ser
exercidos tanto relativamente a textos como a imagens” isto se cumprir com as
seguintes alíneas do Art. 26º 3. 3 - A publicação é gratuita e feita na mesma secção, com
o mesmo relevo e apresentação do escrito ou imagem que tiver provocado a resposta ou
rectificação, de uma só vez, sem interpolações nem interrupções, devendo ser precedida
da indicação de que se trata de direito de resposta ou rectificação”.
Crimes contra os cidadãos também ser aplicados de acordo com o Art.31º “Sem
prejuízo do disposto na lei penal, a autoria dos crimes cometidos através da imprensa
cabe a quem tiver criado o texto ou a imagem cuja publicação constitua ofensa dos bens
jurídicos protegidos pelas disposições incriminadoras.” “2 - Nos casos de publicação
não consentida, é autor do crime quem a tiver promovido.”

Conclusão:

Com a análise do Caso de Madeleine McCann, apercebemo-nos que a primeira


fonte não foi a imprensa portuguesa, mas sim a imprensa britânica, visto que uma antiga
empregada de um quiosque divulgou a sua conversa com Christian Brueckner aos
meios de comunicação.
Com isto, podemos concluir que apesar da jornalista ter as suas liberdades e o
dever de informar a população, existem limites que não pode exceder, tal como, ter
posto em causa o bom nome, ofendendo-o e divulgando a conversa que Christian
Brueckner teve com a empregada.

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