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TOTALITARISMO

Texto de Hannah Arendt:


 Nada caracteriza melhor os movimentos totalitários em geral do que a
surpreendente facilidade com que são substituídos;
 Os regimes totalitários, enquanto no poder, e seus chefes, enquanto vivos, sempre
concordam e se baseiam no apoio das massas.
 Os movimentos totalitários objetivam e conseguem organizar as massas e não as
classes;
 Os mov. Tot. dependem da força bruta e não da força numérica, a tal ponto, que os
regimes totalitários parecem impossíveis em países de população relativamente
pequena;
 Depois da Primeira Guerra Mundial, uma onda anti-democrática e pró-ditatorial de
movimentos totalitários e semi-totalitários varre a Europa;
 Nos países da Europa Central e Oriental, movimentos totalitários precederam
ditaduras não-totalitárias, como se o totalitarismo fosse um objetivo
demasiadamente ambicioso. Nem mesmo Mussolini tentou estabelecer um regime
inteiramente totalitário, contentando-se com a ditadura unipartidária.
 Os nazis costumavam comentar com desprezo as falhas dos seus aliados fascistas;
 Apenas se tivesse vencido a Guerra, a Alemanha teria conhecido um governo
totalitário completo;
 Apenas onde há grandes massas supérfluas que podem ser sacrificadas sem
resultados desastrosos de despovoamento é que se torna viável o governo totalitário,
diferente do movimento totalitário;
 Os movimentos totalitários são possíveis onde quer que existam massas que, por um
motivo ou outro, desenvolveram certo gosto pela organização política. A maioria de
seus membros, portanto, consistia em elementos que nunca antes haviam
participado da política;
 Os movimentos totalitários usam e abusam das liberdades democráticas com o
objetivo de suprimí-las;
 Foi na atmosfera de colapso da sociedade de classes que se desenvolveu a
psicologia do homem-de-massa de Europa;
 Principal característica do homem de massa é o seu isolamento e sua falta de
relações sociais normais;
 Os elementos atomizados numa sociedade de massas, cuja uniformidade
completamente heterogênea constitui uma das condições primárias do totalitarismo.
Os movimentos totalitários são organizações maciças de indivíduos atomizados e
isolados.
 Todo programa político definido que trata de assuntos específicos ao invés de se
referir a questões ideológicas que serão importantes durante séculos, é um entrave
para o totalitarismo, porém a falta de um programa partidário, ou o fato de ignora-
lo, não é, por si só, necessariamente um sinal de totalitarismo.
 Um objetivo político que constitua a finalidade do movimento totalitário
simplesmente não existe.
 O totalitarismo no poder substitui invariavelmente todo o talento, quaisquer que
sejam as suas simpatias pelos loucos e insensatos cuja falta de inteligência e
criatividade é ainda a melhor garantia de lealdade.

LEANDRO KONDER

 Para elaborar suas concepções, o fascismo foi, segundo Konder, buscar idéias no
campo do inimigo. Os conservadores se puseram, então, a ler Marx e estudar o
socialismo. Coube ao fascismo italiano empreender, pioneiramente o assalto.
 Mussolini, ao contrário de Marx, encarava a luta de classes como um aspecto
permanente da existência humana, uma realidade trágica insuperável: o que se
precisava fazer era discipliná-la, e o único agente possível dessa ação disciplinadora
teria de ser uma elite de novo tipo, enérgica e disposta a tudo.
 A fórmula que se tornou um dos princípios básicos do fascismo foi a absorção do
social pelo nacional;
 O fascismo foi o primeiro movimento conservador que, com seu pragmatismo
radical, serviu-se de métodos modernos de propaganda, sistematicamente,
explorando as possibilidades que começaram a ser criadas por aquilo que viria a ser
chamado de sociedade de massas de consumo dirigido. Hitler cuidou inclusive de
promover a fabricação barata de grande quantidade de aparelhos de rádio
padronizado, os rádios do povo. As grandes indústrias e os grandes banqueiros
(capital financeiro) financiaram o fascismo.
 O fascismo é uma tendência que surge na fase imperialista do capitalismo, que
procura se fortalecer nas condições de implantação do capitalismo monopolista de
Estado, exprimindo-se através de uma política favorável à crescente concentração
do capital: é um movimento político de conteúdo social conservador, que se disfarça
sob uma máscara “modernizadora”, guiado pela ideologia de um pragmatismo
radical, servindo-se de mitos irracionais e conciliando-os com procedimentos
racionalistas formais de tipo manipulatório. O fascismo é um movimento
chauvinista, anti-liberal, antidemocrático, anti-socialista, antioperário. Seu
crescimento num país pressupõe condições históricas especiais, pressupõe uma
preparação reacionária que tenha sido capaz de minar as bases das forças
potencialmente anti-fascistas e pressupõe também condições da chamada sociedade
de massas de consumo dirigido, bem como a existência de um certo nível de fusão
do capital bancário com o capital industrial, isto é, a existência do capital financeiro.
 A grande maioria dos críticos via, nos primeiros tempos, o fascismo como um
fenômeno exclusivamente italiano. Antônio Gramsci foi pioneiro em enxergar no
movimento dimensões mais amplas.

ANTÔNIO GRAMSCI

 O Estado não era “neutro e impotente” como se costumava dizer, precisamente


porque o movimento fascista era seu principal suporte naquele período; nem poderia
haver “guerra civil” entre o Estado e o movimento fascista, mas só um .......... ação
violenta para mudar a direção do Estado e reformar seu aparelho administrativo. Na
guerrilha civil, o movimento fascista esteve alinhado ao Estado, não contra ele, a
não ser por metáfora e segundo a forma externa da lei.

ERIC HOBSBAWN

 O fascismo italiano sozinho não exerceu muita atração internacional. Sem o triunfo
de Hitler na Alemanha, a idéia de fascismo como um movimento universal não teria
se desenvolvido.
 O fascismo não pode ser identificado com uma determinada forma de organização
do Estado, com o estado corporativista;
 Os fascistas eram os revolucionários de contra-revolução;
 Embora o fascismo também se especializasse na retórica ao passado tradicional, não
era de modo algum um movimento tradicionalista.
 O fascismo era triunfantemente antiliberal.
 Seu eleitorado principal se encontrava naturalmente nas camadas médias da
sociedade.
 A novidade do fascismo era que, uma vez no poder, ele se recusava a jogar segundo
as regras dos velhos jogos políticos, e tomava posse completamente onde podia.

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