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A problemática da abolição da escravatura

Os liberais defendiam os direitos naturais – liberdade, igualdade, segurança e


propriedade.

Estes princípios estavam presentes nos seus textos jurídicos. No entanto a


realidade desmentia na prática a aplicação destes direitos.

Limites à aplicação da universalidade dos direitos humanos:

 A propriedade não foi um direito natural, pois a principal beneficiária das


transformações nos campos foi a burguesia, pois, a propriedade passou
das ordens religiosas para ela, comprando e apropriando-se por vezes
indevidamente dos terrenos comunais.
 Igualdade – a desigualdade de fortunas, permite apenas a participação
política de uma minoria abastada através do sufrágio censitário; as
mulheres ficaram afastadas de qualquer dos atributos da cidadania.
 Liberdade – os revolucionários franceses defensores destes ideais,
encetavam uma política de conquistas, submetendo os povos
conquistado; o tráfico de escravos e a escravatura mantinham-se, o que
lançava a questão da legitimidade ética e humanitária da escravatura.

Como resolveram os liberais a contradição entre a defesa da liberdade e a


prática da escravatura?

Na França a escravatura foi abolida no território francês em 1791 mas


permaneceu nas colónias devido aos interesses dos comerciantes e
proprietários de plantações das Antilhas. A Convenção aboliu definitivamente a
escravatura em 1794. Restabelecida por Napoleão em 1802 foi definitivamente
abolida em 1848.

Nos E.U.A., apesar da Constituição de 1787 que decretava o princípio da


igualdade, a escravatura continuou ao longo do século XIX, altura em que o
confronto entre adeptos da escravatura e os abolicionistas se tornou mais duro.
Os estados do sul não aceitavam a abolição decretada pelo congresso e o
presidente Lincoln em 1860 e declararam a secessão iniciando-se uma guerra
civil entre os estados do norte abolicionistas (União) e os do sul
(Confederação) que pretendiam continuar a utilizar mão de obra escrava. A
guerra acabou em 1865 com a vitória dos estados do norte e a abolição da
escravatura com a 13ª emenda. Na 15ª emenda, em 1869, serão reconhecidos
os direitos políticos dos negros e antigos escravos.

Em Portugal, Pombal em 1761, proibiu o transporte de escravos negros para a


metrópole e propôs a libertação dos filhos de escravos aqui residentes. A
escravidão continuou porém nas colónias a apoiar um intenso tráfego
principalmente com o Brasil. Em 1869 e sem o controlo do Brasil tornou-se
possível a abolição do tráfego a sul do Equador proibindo a sua movimentação
para fora do continente africano apoiando desta forma o desenvolvimento
económico dos territórios coloniais africanos. Sá da Bandeira percebeu, que
após a independência do Brasil, África era uma prioridade.

Apesar do liberalismo ter despertado a consciência ética das nações para este
grave problema, a verdade é que a abolição da escravatura encontrou grande
resistência no terreno e demorou a ser concretizado em todas as regiões.

Resistências:

 Interesses económicos por parte dos traficantes e contratadores de


escravos;
 Latifundiários que dependiam da mão de obra escrava;
 Preocupação pelo destino dos escravos libertos, num mundo que não
estavam preparados para enfrentar.

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