Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TRABALHO DE HISTÓRIA
DOCENTE
___________________
10°B/C.E.J
PARTICIPATES
Ludyana António- n 13
Marco Bentley - n 14
Najara Marques- n 15
Oseias António- n 16
Taviany Vaz- n 17
Valdemar Santos- n 18
Victor Kaquelo- n 19
Virgínia Bártolo- n 20
Wandile da Costa- n 21
Felizarda Cordeiro- n 23
Ednilda Giovetty- n 24
ÍNDICE
CONDICIONALISMOS EXTERNOS E TRANSFORMAÇÕES INTERNAS
Esta África atlântica é precisamente a região que, no decurso dos dois ou três séculos.
precedentes, estivera mais associada ao comércio de escravos e mais tinha sofrido os seus efeitos
acumulados. Da Senegâmbia às fronteiras meridionais de Angola, todos esses países tinham, pouco
ou muito, de boa ou má vontade, fornecido escravos ao Novo Mundo, tendo-se organizado em
função do tráfico negreiro e das relações de força que lhe subjazem. A abolição do comércio negreiro
e a instauração do "comércio lícito" representaram pois um desafio para uma grande parte do
continente.
ABOLICIONISMO,HUMANITARISMO E LIBERALISMO
Muito antes do fim do século XVIII, existiam nesses países personalidades como, por.
exemplo, os filósofos John Locke e Montesquieu, ou os romancistas Aphra Benn e Daniel Defoe, e
correntes de opinião, em especial os Quakers e os Enciclopedistas, abertamente opostas ao tráfico
negreiro. Já em 1689, o Tratado do Governo Civil de John Locke sublinhava:"A escravatura é um
estado do homem tão vil e miserável [...] que não se pode conceber que um inglês, ainda menos um
gentleman, possa defendê-la." O artigo "Tráfico dos Negros" da Enciclopédia (1751-1766)
proclamava: "Se um comércio desse tipo pudesse ser justificado por um princípio moral, não haveria
crime, por mais atroz, que não pudesse ser legitimado."
O abolicionismo só se tornou uma autêntica força a partir de 1770, aproximadamente. Se é
certo que os acontecimentos são fáceis de circunscrever e são conhecidos, estamos nitidamente
menos à vontade para lhe determinarmos o conjunto das causas
O HUMANITARISMO
Economia e filosofia
O ABOLICIONISMO E O COLONIALISMO
O texto aborda a postura de Jacques-Pierre Brissot, membro da Sociedade dos Amigos dos
Negros durante a Revolução Francesa. Brissot defendia a abolição do tráfico negreiro, argumentando
que isso melhoraria o tratamento dos escravos nas colônias, mas não advogava pela abolição
imediata da escravatura, considerando que os negros não estavam prontos para a liberdade.
Michèle Duchet critica a visão anticolonialista, sugerindo que os esforços dos filósofos
serviam aos interesses da burguesia metropolitana. Destaca-se a distinção entre estratégias para as
"ilhas açucareiras" (já colônias) e projetos para a África. Abolicionistas buscavam reformas, enquanto
alguns, como o abade Raynal, reconheciam o direito à insurreição, mas desistiam em prol da
integração dos escravos como trabalhadores.
Mesmo discursos famosos, como o de Robespierre, não eram anticolonialistas, mas
defendiam a aplicação dos direitos fundamentais nas colônias sem prejudicar a liberdade na
metrópole. O texto destaca a complexidade das posições durante esse período histórico.
Victor Schoelcher, um abolicionista do século XIX, defendeu a emancipação imediata nas
colônias para evitar revoltas dos negros. Ele acreditava que o adiamento só aumentaria a
probabilidade de insurreição. Schoelcher via a emancipação como uma maneira de salvar tanto os
senhores quanto os escravos.
Na situação da África, os abolicionistas argumentavam que a supressão do tráfico negreiro
não prejudicaria a ordem econômica internacional. Propunham manter os africanos na África para
produzir bens de maneira mais eficiente, evitando os riscos associados à escravatura. No entanto,
essa perspectiva carregava uma condescendência e um paternalismo, refletindo a crença na suposta
superioridade europeia nas Luzes e nas artes em comparação com a África. Esse paternalismo era
evidente em figuras como o marquês de Condorcet, membro fundador da Sociedade dos Amigos dos
Negros.
O abolicionismo foi um movimento com caráter intelectual, ideológico e político,diferenciado
em vários aspectos: de resistência à serrvidão podendo ser individuais ou coletivas.
Ocorreu em África, e nas Américas. Sendo assim a contribuição dos negros para as ideias
abolicionistas foram atividades difíceis.
OS NEGROS E O ABOLICIONISMO
- NA EUROPA OCIDENTAL
De 1803, ano da proibição do tráfico negreiro pela Dinamarca, até 1888, ano da proibição da
escravatura no Brasil, o comércio de escravos africanos levou quase um século a desaparecer. Os
interesses em jogo eram colossais. Ora, a argumentação utilizada em 1791 por Antoine Barnave
perante os seus colegas da Assembleia Constituinte francesa para se opor à abolição da escravatura
conservou durante muito tempo a sua força para todas as potências dotadas de colônias e para as
antigas colônias escravagistas que se haviam tornado independentes:
Esse regime [a escravatura] é absurdo, mas está instalado, e não podemos tocar-lhe
bruscamente sem provocar os maiores desastres: esse regime é opressivo, mas dele vivem na França
vários milhões de homens; esse regime é bárbaro, mas seria maior barbárie querer interferir nele
sem dispor dos conhecimentos necessários; com efeito, o sangue de uma numerosa geração correria
por causa da vossa imprudência, e estaríeis muito longe de colher o benefício que tínheis em mente:
assim, não é para a felicidade dos homens, mas para lhes trazer males incalculáveis que poderemos
arriscar-nos a fazer leis sobre as colônias, baseados em conhecimentos suspeitos. Sempre que
julgardes fazer pouco pela filosofia, fareis infinitamente demais contra a paz e a tranquilidade.
(Citado em Orateurs de la Révolution française, tomo 1, Les Constituants, Textos fixados,
apresentados e anotados por E. Furet e R. Halévy, Paris, Gallimard, Bibliothèque de la Pléiade, 1989,
pp. 68-69).
Foi a Grã-Bretanha, outrora campeã do tráfico negreiro, e que passara a ser campeã do
capitalismo industrial e do abolicionismo, que mostrou maior constância na luta contra o tráfico
escravagista. Mais ainda, longe de se contentar com agir por si própria e apenas nas suas possessões,
quis persuadir, ou até obrigar as outras potências a fazer como ela, convicta de que lhe competiam
"o dever" e "a missão" de "utilizar a influência e a potência que praz a Deus dar-lhe para levantar a
África do chão e pô-la em condições de abater pelos seus próprios meios a escravatura e o comércio
de escravos" (Thomas E. Buxton). É que, nesse país, a pressão abolicionista da opinião pública
permaneceu ativa e manteve a mesma força até meados do século XIX, como atestam a contrario os
sarcasmos de Charles Dickens em Bleak House (Casa Desolada, 1852-1853) contra os que *se
consagravam [...] especialmente à causa da África, com o objetivo de aí desenvolver a cultura geral
do café e dos indígenas e aí instalar, para sua felicidade, a população excedente da Inglaterra". Esse
país foi também a única potência a manter permanentemente,
O papel dessa força de dissuasão era indiscutível. Assim, a sua redução brutal durante a
guerra da Crimeia (27 em 1851, 15 em 1854 e 1855, 14 em 1856) teve como consequência imediata
o aumento espetacular das importações de escravos em Cuba: cerca de 14 000 em 1853, 17 000 em
1858 e 30 500 em 1859.
A ação da Grã-Bretanha junto das outras potências não foi menos eficaz.Foi por insistência
de Castlereagh que os Estados representados no Congresso de Viena (1814-1815) assinaram, não
sem reservas, uma declaração, aliás moderada, condenando o comércio de escravos, que ficou anexa
à ata final do Congresso. Desde a sua vitória sobre a França em Trafalgar (1805), a Inglaterra era
senhora dos mares. Propôs às outras potências o "direito de visita", que autorizava, entre os Estados
que o aceitassem, a inspeção recíproca dos navios suspeitos de se dedicarem ao tráfico negreiro. Só
a Dinamarca, a Suécia e os Países Baixos aceitaram. Os outros Estados recusaram, sob o pretexto de
que a marinha britânica se queria arrogar um direito exclusivo e universal de controle e tal poderia
prejudicar o comércio dos concorrentes. A Espanha e Portugal admitiram o "direito de visita
mediante uma compensação financeira e sob reserva de que esse direito ficasse limitado ao norte do
equador". Mas, para deter um navio negreiro, era necessário apanhá-lo em flagrante delito.
Ao menor alerta, os capitães negreiros não se coibiam de atirar borda fora e afogar os seus.
escravos, se estivessem no alto mar, ou de os desembarcar se estivessem acostados.Os britânicos
propuseram pois, a partir de 1822, que se acrescentasse ao direito de visita a "cláusula de
equipamento": esta permitia deter navios que, sem terem escravos a bordo, comportassem
equipamentos e instalações necessários ao tráfico negreiro, como, por exemplo, víveres em
abundância, grilhões de pés e mãos, entre cobertas-dormitórios etc.
Duas das potências mais implicadas no tráfico negreiro mostraram-se especialmente
renitentes perante estas propostas: os Estados Unidos da América e a França. As duas guerras (1776-
1782 e 1812-1814) travadas pelos Estados Unidos, antiga colônia britânica, contra a Inglaterra
tinham tornado a opinião americana anglófoba e especialmente hostil ao direito de visita, como
mostra a violência do panfleto publicado pelo Embaixador dos Estados Unidos em Paris, general
Lewis Cass (An Examination of the Right of Search, 1841). O interesse econômico do país ia no
mesmo sentido.
Embora o trafico externo tivesse sido proibido em 1808, o comércio interno dos escravos
continuava a ser legal e alguns estados do "Velho Sul" especializaram-se na criação de escravos
negros destinados ao comércio interno. Mas, até à guerra de Secessão, o boom do algodão foi tal
que os preços de venda dos escravos dispararam: 500 dólares por unidade em 1805, 2 500
dólares em 1860. Importando para os Estados Unidos o escravo comprado a 10 dólares na África e
vendido a 625 dólares à passagem por Cuba (1847), ainda se faziam bons lucros. Ganhava-se muito
mais transportando escravos diretamente da África (480 000 dólares de lucros por carga em 1860).
Por isso, foram muitos os traficantes clandestinos, como, por exemplo, o capitão Philip Drake, autor
de saborosas, embora bastante manipuladas, Revelations of a Slave Smuggler (1861).
Reconstituída de 1843 a 1861, contava apenas 2 a 7 navios de guerra, os quais, em dez anos
(1852-1861) retiveram 60 navios suspeitos de tráfico negreiro, nenhum dos quais foi considerado
culpado.
Quanto à França, proibira o tráfico negreiro em 1818, mas mantinha nas Antilhas as ilhas
açucareiras, onde a escravatura continuou em vigor até 1848. Em 1821, o deputado liberal Benjamin
Constant indignava-se com a persistência do tráfico negreiro, com a impunidade de que gozavam os
culpados, com a hipocrisia e a inação dos poderes públicos:
O tráfico é praticado, e é praticado impunemente: sabe-se a data das partidas, das compras,
das chegadas; publicam-se prospectos para convidar os interessados a adquirir ações nesse tráfico;
apenas se disfarça a compra de escravos contabilizando a compra de mulas na costa africana, onde
nunca se compraram mulas.
O tráfico pratica-se com mais crueldade do que nunca, porque os capitães negreiros, a fim
de se furtarem à vigilância, recorrem a expedientes atrozes para fazerem desaparecer os cativos.
(Citado por Marcel Merie, op. cit., p. 219)-
O acordo funcionou mais ou menos bem até 1841. Numa nova convenção assinada em 1845
suprimiu-se o direito de visita e a França comprometeu-se a manter uma armada reforçada, com 26
navios. Mas, após a revolução de 1848, o número de navios de guerra reduziu-se brutalmente, não
passando de 3 em 1851. Nessa data, a escravatura fora abolida nas colônias francesas (1848), mas os
plantadores queriam obter o recomeço do tráfico, disfarçado sob a expressão de "emigração livre".