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COLÉGIO EMIRAIS

TRABALHO DE HISTÓRIA

TEMA: ÁFRICA NEGRA, HISTÓRIA E CIVILIZAÇÃO – ELIKIA M’BOKOLO

DOCENTE
___________________
10°B/C.E.J

PARTICIPATES
Ludyana António- n 13
Marco Bentley - n 14
Najara Marques- n 15
Oseias António- n 16
Taviany Vaz- n 17
Valdemar Santos- n 18
Victor Kaquelo- n 19
Virgínia Bártolo- n 20
Wandile da Costa- n 21
Felizarda Cordeiro- n 23
Ednilda Giovetty- n 24
ÍNDICE
CONDICIONALISMOS EXTERNOS E TRANSFORMAÇÕES INTERNAS

Esta África atlântica é precisamente a região que, no decurso dos dois ou três séculos.
precedentes, estivera mais associada ao comércio de escravos e mais tinha sofrido os seus efeitos
acumulados. Da Senegâmbia às fronteiras meridionais de Angola, todos esses países tinham, pouco
ou muito, de boa ou má vontade, fornecido escravos ao Novo Mundo, tendo-se organizado em
função do tráfico negreiro e das relações de força que lhe subjazem. A abolição do comércio negreiro
e a instauração do "comércio lícito" representaram pois um desafio para uma grande parte do
continente.

ABOLICIONISMO,HUMANITARISMO E LIBERALISMO

Muito antes do fim do século XVIII, existiam nesses países personalidades como, por.
exemplo, os filósofos John Locke e Montesquieu, ou os romancistas Aphra Benn e Daniel Defoe, e
correntes de opinião, em especial os Quakers e os Enciclopedistas, abertamente opostas ao tráfico
negreiro. Já em 1689, o Tratado do Governo Civil de John Locke sublinhava:"A escravatura é um
estado do homem tão vil e miserável [...] que não se pode conceber que um inglês, ainda menos um
gentleman, possa defendê-la." O artigo "Tráfico dos Negros" da Enciclopédia (1751-1766)
proclamava: "Se um comércio desse tipo pudesse ser justificado por um princípio moral, não haveria
crime, por mais atroz, que não pudesse ser legitimado."
O abolicionismo só se tornou uma autêntica força a partir de 1770, aproximadamente. Se é
certo que os acontecimentos são fáceis de circunscrever e são conhecidos, estamos nitidamente
menos à vontade para lhe determinarmos o conjunto das causas

SOMERSET E RAYNAL:O DETONADOR

O detonador na Grã-Bretanha, a principal virada foi o processo James Somerset, do nome do


escravo negro levado da Virgínia para Londres por seu dono em 1769, que foi por este recapturado
após uma tentativa de fuga e revendido a um plantador de partida para a Jamaica. Em 1772, em
resultado de um processo retumbante, o Procurador-geral James Mansfield restituiu a liberdade a
Somerset reportando-se ao direito natural e à constatação de que nenhuma lei ou costume
autorizava a escravatura na Inglaterra. Embora, Homens dos mais diversos talentos, jornalistas,
escritores, advogados, cantores, difundiram na opinião pública a ideia exaltante de que o solo
britânico era sagrado, que qualquer escravo que o pisasse se tornava automaticamente livre e que a
Inglaterra, "gênio irresistível da Emancipação Universal" (Philpot Curran, 1794), tinha umà espécie de
vocação para guiar os povos na cruzada contra o tráfico negreiro e a escravatura. Embora na França
tenha havido decisões análogas por parte dos parlamen-tos, o que emocionou a opinião esclarecida
e a sensibilizou para o problema do tráfico negreiro foi um acontecimento literário: a publicação em
1770, pelo abade Guillaume Raynal. Com os seus seis volumes, vivamente atacada pelos partidários
da manutenção do comércio triangular e pelos interesses coloniais, várias vezes demandada em
justiça, esta História foi um enorme êxito de livraria, inúmeras vezes reeditado. Ora, entre outros
argumentos, Guillaume Raynal soube denunciar habilmente a associação do cristianismo com o
comércio e a escravatura dos africanos.
Impulso idealista e cálculos de interesse

É impossível reduzir o abolicionismo a uma única componente. O movimento abrangeu


grupos sociais demasiado variados, mobilizou personalidades demasiado contrastadas e atravessou
conjunturas demasiado diferentes para obedecer a uma causa única e responder a um único tipo de
consideração. Nele se misturavam, em doses variáveis, o humanitarismo de inspiração religiosa, a
filosofia racionalista do Iluminismo, as demonstrações implacáveis da economia política liberal e os
cálculos muitas vezes não confessados do capitalismo industrial nascente.

O HUMANITARISMO

Foi na Inglaterra que floresceu um humanitarismo fortemente carregado de referências


religiosas, o que muito contribuiu para dar ao abolicionismo britânico a base e a expressão
verdadeiramente populares que lhe faltaram na França. Quase todos os responsáveis do
abolicionismo britânico tinham ligações religiosas.
Quase todos os responsáveis do abolicionismo britânico tinham ligações religiosas. A velha
tradição antiescravagista dos Quakers, que se manifestara em Filadélfia (Estados Unidos da América)
em 1688, difundiu-se na Inglaterra no século XVIII, graças a Anthony Benezet.
Em 1787, seguindo o exemplo dado quatro anos antes pelos Quakers, Granville e os seus
amigos constituiram um abolition society. nove dos doze membros fundadores eram Quakers; Como
nenhum desses homens tinha experiência pessoal da África ou das Américas, as suas informações
primeira mão provinham de James Ramsay, antigo cirurgião da marinha e testemunha ocular das
atrocidades do tráfico negreiro.
Mas esse fervor entusiasmava também as classes populares que a indústria nascente atraíra.
apressadamente para os centros urbanos, onde viviam em condições miseráveis e que numerosos
pastores temiam que regressassem a uma espécie de paganismo. John Wesley, artesão do formidável
renascimento religioso conhecido pelo nome de metodismo, foi, também ele, após uma estada na
América, um ardente abolicionista e tornou-se notado por um ensaio comovente, Thoughts Upon
Slavery (1774), no qual estigmatizava a escravatura como "a soma execrável de tudo o que os
homens podem cometer como infâmias" e apelava à caridade cristã para que pusesse fim ao tráfico
odioso.

Economia e filosofia

Economia e filosofia,mas, na Grã-Bretanha, o abolicionismo funcionou como um cimento


ideológico que unia classes diferentes da sociedade e como uma cruzada nacional na qual
comungavam grupos sociais com interesses aliás contraditórios. Se, na Inglaterra, tal como no
continente, a burguesia capitalista industrial aderiu aos argumentos abolicionistas e a eles foi buscar
razões suficientes para se distinguir da classe dos plantadores coloniais e para definitivamente
romper com ela, foi porque os interesses bem entendidos da indústria nascente eram consonantes
com o idealismo generoso dos humanitaristas. A condenação da escravatura por Adam Smith, o
fundador da economia política moderna, apareceu como irremediável. (Investigação sobre a
Natureza e as Causas da Riqueza das Nações) (1776), estabelecia que "o trabalho feito pelos
escravos, embora pareça não custar mais do que a sua subsistência, é afinal o mais caro de todos.
Um ser que não pode adquirir os seus bens próprios não pode ter outro interesse que não seja o de
comer o mais possível e trabalhar o menos possível". Os fisiocratas franceses, predecessores de
Adam Smith, haviam observado o mesmo. Para Pierre-Samuel Dupont de Nemours:
O escravo é preguiçoso porque a preguiça é o seu único prazer e o tínico meio que tem de.
recuperar a varejo do seu senhor uma parte da sua pessoa que este comprou por atacado. O escravo
é inepto, porque não tem qualquer interesse em aperfeiçoar a sua inteligência. O escravo é mal
intencionado porque está num verdadeiro estado de guerra permanente com o seu senhor.
Tal como os abolicionistas tinham sabido extrair de uma nova leitura do cristianismo os
argumentos religiosos e morais para condenarem o tráfico de escravos africanos, assim também os
filósofos conseguiram radicar o seu antiescravagismo na crítica giobal do sistema econômico e
político e fazer do antiescravagismo não um combate singular, específico ao contexto colonial e
africano, mas um aspecto particular da luta universal pelos Direitos do Homem e um prolongamento
imediato e concreto da guerra que travavam, tanto na França como no resto da Europa, contra a
servidão e o despotismo. Para o Abade Raynal,"o súdito de um déspota encontra-se, tal como o
escravo, num estado anti-natural: tudo o que contribui para manter o homem nesse estado é um
atentado contra a sua pessoa”

O ABOLICIONISMO E O COLONIALISMO

O texto aborda a postura de Jacques-Pierre Brissot, membro da Sociedade dos Amigos dos
Negros durante a Revolução Francesa. Brissot defendia a abolição do tráfico negreiro, argumentando
que isso melhoraria o tratamento dos escravos nas colônias, mas não advogava pela abolição
imediata da escravatura, considerando que os negros não estavam prontos para a liberdade.
Michèle Duchet critica a visão anticolonialista, sugerindo que os esforços dos filósofos
serviam aos interesses da burguesia metropolitana. Destaca-se a distinção entre estratégias para as
"ilhas açucareiras" (já colônias) e projetos para a África. Abolicionistas buscavam reformas, enquanto
alguns, como o abade Raynal, reconheciam o direito à insurreição, mas desistiam em prol da
integração dos escravos como trabalhadores.
Mesmo discursos famosos, como o de Robespierre, não eram anticolonialistas, mas
defendiam a aplicação dos direitos fundamentais nas colônias sem prejudicar a liberdade na
metrópole. O texto destaca a complexidade das posições durante esse período histórico.
Victor Schoelcher, um abolicionista do século XIX, defendeu a emancipação imediata nas
colônias para evitar revoltas dos negros. Ele acreditava que o adiamento só aumentaria a
probabilidade de insurreição. Schoelcher via a emancipação como uma maneira de salvar tanto os
senhores quanto os escravos.
Na situação da África, os abolicionistas argumentavam que a supressão do tráfico negreiro
não prejudicaria a ordem econômica internacional. Propunham manter os africanos na África para
produzir bens de maneira mais eficiente, evitando os riscos associados à escravatura. No entanto,
essa perspectiva carregava uma condescendência e um paternalismo, refletindo a crença na suposta
superioridade europeia nas Luzes e nas artes em comparação com a África. Esse paternalismo era
evidente em figuras como o marquês de Condorcet, membro fundador da Sociedade dos Amigos dos
Negros.
O abolicionismo foi um movimento com caráter intelectual, ideológico e político,diferenciado
em vários aspectos: de resistência à serrvidão podendo ser individuais ou coletivas.
Ocorreu em África, e nas Américas. Sendo assim a contribuição dos negros para as ideias
abolicionistas foram atividades difíceis.

OS NEGROS E O ABOLICIONISMO
- NA EUROPA OCIDENTAL

Na Europa Oriental, especificamente na Inglaterra, no séculos XVIII houve uma enorme


imigração de negros, que vinham da América.
Alguns deles acompanhavam os seus senhorios, mas não se sentiam a vontade nas
sociedades, outros eram escravos que conseguiram ganhar a simpatia de navegadores.
Em meiados de 1780, milhares de negros que habitavam em França e Grã-Bretanha eram
cerca de 14-15.000.
Em 1772, eles entraram em processos judiciais, fizeram manifestações e publicidades em
torno do "Processo de Somerset"
No dia 12/06/1772, os "homens de cor" manifestaram sua alegria no tribunal, alguns dias
depois, participarão numa manifestação vários casais negreiros.
A população, as entranhas e o povo de África regurgitam os recursos preciosos e úteis: os
tesouros dissimulados durante o século serão exumados e lançados em circulação. As indústrias, as
empresas e as minas encentarão o seu verdadeiro o seu verdadeiro desenvolvimento em função da
marcha da civilização. Numa palavra, abre-se um campo infinito ao comércio do fabricante e
comerciante britânico que ousarem. O interesse das fábricas e o interesse geral são sinônimos. A
abolição da escravatura será verdadeiramente um benefício universal.
Em Boston, grande centro de indústria naval e principal porto negreiro do país, constituiu-se
em 1787 uma loja de maçons negros, a free african lodge, sobre o impulso de Prince Hall, um
mestiço emigrado das ilhas barbados. Paralelamente, em Filadélfia e Nova Iorque assistiu-se, entre
1787 e 1820, a formação das primeiras igrejas independentemente negras: free African society
(1787), Beehel Church (1794) e African Methodist Episcopal Churah (1816), em Filadélfia; African
Methodist Episcopal Zion Church (1820), em nova Iorque.

REPRESSÃO E CLANDESTINIDADE:O LENTO DESAPARECIMENTO DO TRÁFICO NEGREIRO

De 1803, ano da proibição do tráfico negreiro pela Dinamarca, até 1888, ano da proibição da
escravatura no Brasil, o comércio de escravos africanos levou quase um século a desaparecer. Os
interesses em jogo eram colossais. Ora, a argumentação utilizada em 1791 por Antoine Barnave
perante os seus colegas da Assembleia Constituinte francesa para se opor à abolição da escravatura
conservou durante muito tempo a sua força para todas as potências dotadas de colônias e para as
antigas colônias escravagistas que se haviam tornado independentes:
Esse regime [a escravatura] é absurdo, mas está instalado, e não podemos tocar-lhe
bruscamente sem provocar os maiores desastres: esse regime é opressivo, mas dele vivem na França
vários milhões de homens; esse regime é bárbaro, mas seria maior barbárie querer interferir nele
sem dispor dos conhecimentos necessários; com efeito, o sangue de uma numerosa geração correria
por causa da vossa imprudência, e estaríeis muito longe de colher o benefício que tínheis em mente:
assim, não é para a felicidade dos homens, mas para lhes trazer males incalculáveis que poderemos
arriscar-nos a fazer leis sobre as colônias, baseados em conhecimentos suspeitos. Sempre que
julgardes fazer pouco pela filosofia, fareis infinitamente demais contra a paz e a tranquilidade.
(Citado em Orateurs de la Révolution française, tomo 1, Les Constituants, Textos fixados,
apresentados e anotados por E. Furet e R. Halévy, Paris, Gallimard, Bibliothèque de la Pléiade, 1989,
pp. 68-69).

O REINO UNIDO,POLÍCIA DAS GRANDES POTÊNCIAS

Foi a Grã-Bretanha, outrora campeã do tráfico negreiro, e que passara a ser campeã do
capitalismo industrial e do abolicionismo, que mostrou maior constância na luta contra o tráfico
escravagista. Mais ainda, longe de se contentar com agir por si própria e apenas nas suas possessões,
quis persuadir, ou até obrigar as outras potências a fazer como ela, convicta de que lhe competiam
"o dever" e "a missão" de "utilizar a influência e a potência que praz a Deus dar-lhe para levantar a
África do chão e pô-la em condições de abater pelos seus próprios meios a escravatura e o comércio
de escravos" (Thomas E. Buxton). É que, nesse país, a pressão abolicionista da opinião pública
permaneceu ativa e manteve a mesma força até meados do século XIX, como atestam a contrario os
sarcasmos de Charles Dickens em Bleak House (Casa Desolada, 1852-1853) contra os que *se
consagravam [...] especialmente à causa da África, com o objetivo de aí desenvolver a cultura geral
do café e dos indígenas e aí instalar, para sua felicidade, a população excedente da Inglaterra". Esse
país foi também a única potência a manter permanentemente,
O papel dessa força de dissuasão era indiscutível. Assim, a sua redução brutal durante a
guerra da Crimeia (27 em 1851, 15 em 1854 e 1855, 14 em 1856) teve como consequência imediata
o aumento espetacular das importações de escravos em Cuba: cerca de 14 000 em 1853, 17 000 em
1858 e 30 500 em 1859.
A ação da Grã-Bretanha junto das outras potências não foi menos eficaz.Foi por insistência
de Castlereagh que os Estados representados no Congresso de Viena (1814-1815) assinaram, não
sem reservas, uma declaração, aliás moderada, condenando o comércio de escravos, que ficou anexa
à ata final do Congresso. Desde a sua vitória sobre a França em Trafalgar (1805), a Inglaterra era
senhora dos mares. Propôs às outras potências o "direito de visita", que autorizava, entre os Estados
que o aceitassem, a inspeção recíproca dos navios suspeitos de se dedicarem ao tráfico negreiro. Só
a Dinamarca, a Suécia e os Países Baixos aceitaram. Os outros Estados recusaram, sob o pretexto de
que a marinha britânica se queria arrogar um direito exclusivo e universal de controle e tal poderia
prejudicar o comércio dos concorrentes. A Espanha e Portugal admitiram o "direito de visita
mediante uma compensação financeira e sob reserva de que esse direito ficasse limitado ao norte do
equador". Mas, para deter um navio negreiro, era necessário apanhá-lo em flagrante delito.
Ao menor alerta, os capitães negreiros não se coibiam de atirar borda fora e afogar os seus.
escravos, se estivessem no alto mar, ou de os desembarcar se estivessem acostados.Os britânicos
propuseram pois, a partir de 1822, que se acrescentasse ao direito de visita a "cláusula de
equipamento": esta permitia deter navios que, sem terem escravos a bordo, comportassem
equipamentos e instalações necessários ao tráfico negreiro, como, por exemplo, víveres em
abundância, grilhões de pés e mãos, entre cobertas-dormitórios etc.
Duas das potências mais implicadas no tráfico negreiro mostraram-se especialmente
renitentes perante estas propostas: os Estados Unidos da América e a França. As duas guerras (1776-
1782 e 1812-1814) travadas pelos Estados Unidos, antiga colônia britânica, contra a Inglaterra
tinham tornado a opinião americana anglófoba e especialmente hostil ao direito de visita, como
mostra a violência do panfleto publicado pelo Embaixador dos Estados Unidos em Paris, general
Lewis Cass (An Examination of the Right of Search, 1841). O interesse econômico do país ia no
mesmo sentido.
Embora o trafico externo tivesse sido proibido em 1808, o comércio interno dos escravos
continuava a ser legal e alguns estados do "Velho Sul" especializaram-se na criação de escravos
negros destinados ao comércio interno. Mas, até à guerra de Secessão, o boom do algodão foi tal
que os preços de venda dos escravos dispararam: 500 dólares por unidade em 1805, 2 500
dólares em 1860. Importando para os Estados Unidos o escravo comprado a 10 dólares na África e
vendido a 625 dólares à passagem por Cuba (1847), ainda se faziam bons lucros. Ganhava-se muito
mais transportando escravos diretamente da África (480 000 dólares de lucros por carga em 1860).
Por isso, foram muitos os traficantes clandestinos, como, por exemplo, o capitão Philip Drake, autor
de saborosas, embora bastante manipuladas, Revelations of a Slave Smuggler (1861).
Reconstituída de 1843 a 1861, contava apenas 2 a 7 navios de guerra, os quais, em dez anos
(1852-1861) retiveram 60 navios suspeitos de tráfico negreiro, nenhum dos quais foi considerado
culpado.
Quanto à França, proibira o tráfico negreiro em 1818, mas mantinha nas Antilhas as ilhas
açucareiras, onde a escravatura continuou em vigor até 1848. Em 1821, o deputado liberal Benjamin
Constant indignava-se com a persistência do tráfico negreiro, com a impunidade de que gozavam os
culpados, com a hipocrisia e a inação dos poderes públicos:
O tráfico é praticado, e é praticado impunemente: sabe-se a data das partidas, das compras,
das chegadas; publicam-se prospectos para convidar os interessados a adquirir ações nesse tráfico;
apenas se disfarça a compra de escravos contabilizando a compra de mulas na costa africana, onde
nunca se compraram mulas.
O tráfico pratica-se com mais crueldade do que nunca, porque os capitães negreiros, a fim
de se furtarem à vigilância, recorrem a expedientes atrozes para fazerem desaparecer os cativos.
(Citado por Marcel Merie, op. cit., p. 219)-
O acordo funcionou mais ou menos bem até 1841. Numa nova convenção assinada em 1845
suprimiu-se o direito de visita e a França comprometeu-se a manter uma armada reforçada, com 26
navios. Mas, após a revolução de 1848, o número de navios de guerra reduziu-se brutalmente, não
passando de 3 em 1851. Nessa data, a escravatura fora abolida nas colônias francesas (1848), mas os
plantadores queriam obter o recomeço do tráfico, disfarçado sob a expressão de "emigração livre".

AS AMÉRICAS:UMA PROCURA PERSISTENTE

Os Estados Unidos da América e as Antilhas Francesas não eram os únicos territórios a


quererem um afluxo renovado de força de trabalho africana.
A principal procura provinha na realidade do Brasil, de Cuba e de outras colônias açucareiras,
todos territórios preocupados com o abastecimento em açúcar dos mercados europeus. Com efeito,
durante todo o século XIX(século 19)o consumo dos excitantes de origem tropical, chá, café e cacau,
continuou a crescer na Europa.
Durante muito tempo reservados às classes superiores, estes produtos foram-se tornando
cada vez mais ítens de consumo corrente entre as classes médias e populares. O consumo do açúcar
expandiu-se correspondentemente, passando por exemplo, na Inglaterra, de 4 libras por pessoa e
por ano, no início do século XVIII(século 18)para 18 libras por pessoa e por ano, no início do século
XIX;(século 19)durante este século, continuou a expandir-se. O açúcar não entrava apenas como
edulcorante no consumo de chá, de café e de cacau: tinha também outras utilizações, como
medicamento, como especiaria-condimento e como agente de conservação.
Em 1846, o Sugar Duties Act tirou a lição deste paradoxo, suprimindo o monopólio das
Antilhas Britânicas e baixando maciçamente os direitos sobre os açúcares provenientes dos países
escravagistas, o que explica que as exportações de escravos através do Atlântico se tenham mantido
a um nível muito mais elevado do que no século XVIII e se tenham prolongado muito para lá de
meados do século XIX.
As suas políticas expansionistas exigia que eles mantivessem exércitos profissionais,ou
semiprofissionais acantonados em casernas ou aldeias de guarnição.Estes exércitos eram formados
por ou seja apartir de regimentos constituídos por faixas etárias,os Zulu e os Ndembele eram os
principais jovens dos jovens dominados.
Em razão da flagrante discriminação da qual eles eram vítimas,os " ba-Tshangane" não foram
assimiladas no estado Gaza.Este factor explica a fragilidade das conquistas sobre os quais repousava
o estado e permite-nos entender como ele desmoronou sob o golpe dos portugueses.
Entre os estados do Mfecane que edificaram nações de caráter defensivo, podemos citar os
reinos do Lesoto, dos swazi e, em certa medida, do kololo.
Quando empreendiam campanhas militares,o faziam seja para se defenderem, seja pelidos
pela necessidade de definir ou delimitar suas fronteiras geográficas, ou para obterem gado.A
iniciação das faixas etárias servia para formar unidades militares em tempos de guerra.
A captura de escravos tanto na África como na América para o julgamento nos tribunais do
Almirantado britânico, multiplicaram-se os incidentes entre 1847 e 1850, o que incentivou o
nacionalismo, sobretudo em países como o Brasil.
Já na alta classe surgia assim a grande separação entre os grandes plantadores que segundo
o consulado britânico eram os verdadeiros capitalistas que controlavam o sector bancário e
financeiro e constituíam linhagens ligadas à oligarquia política por outro lado estava a burguesia
liberal que criou a Sociedade Contra o Tráfico e Promotora da Colonização.
Esta burguesia não queria apenas deter o tráfico. Inquietava-se também com o número de
negros e com os riscos de uma revolução que expulsaria os brancos do país e proclamaria
simultaneamente com o fim da escravatura.
Já em 1853 era dado como extinto o tráfico clandestino. Entre 1811 e 1870, segundo fontes
britânicas, o Brasil importara 1,145 milhões de africanos, isto é, 60% dos escravos desembarcados
nas Américas, contra apenas 3% para os Estados Unidos da América.
Cuba importara na mesma época 606 000 escravos negros, Até ao fim do século XVIII, a
economia cubana fora principalmente dominada pelo café e pelo tabaco.
A "revolução açucareira", provocada pela vontade dos cubanos de tirarem partido da forte
procura de açúcar no mercado mundial no momento em que a produção das Antilhas desmoronava
com os engenhos e vastos complexos agro-industriais especializados no açúcar: em 1861. O açúcar e
os produtos derivados da cana (melaço, rum) representavam mais de 70% das exportações de Cuba.
Foi preciso um suplemento de mão-de-obra servil para fazer funcionar essa gigantesca máquina.
No início do século XIX, os escravos africanos eram ainda cerca de 287 000 numa população
de 704 500 sendo 40% da população total. O preço do escravo masculino subiu de 350 dólares
espanhóis, por volta de 1810, para 1000 dólares em 1860. Cuba recebeu, entre 1835 e 1864, 387 216
escravos da África, uma média de quase 13 000 por ano.
As capturas de negros ao largo de Cuba eram frequentes, atingindo um total de 106 entre
1824 e 1866. Os africanos apreendidos (mais de 26 000) recebiam o estatuto de emancipados.
Com o fim da escravatura os fazendeiros notaram que a mão de obra estava desaparecendo.
Como forma de mitigar essa realidade, França e Inglaterra decidiram recrutar pessoas no mesmo
lugar onde havia o tráfico de escravo. Mas este recrutamento era feito apartir de um processo
contratual, essas pessoas deixaram de ser escravos tornaram-se funcionários dos fazendeiros.

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