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História
Prof. Walter Solla & Daniel Gomes
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Veja, em alguns trechos selecionados, como o brilhante historiador Eric Hobsbawm retrata
Napoleão em seu clássico A Era das Revoluções (1789-1848). Note também que, com elegância
e estilo, Hobsbawm termina o texto com uma fina ironia sobre o real caráter das reformas
napoleônicas:
“(...) Nascido em 1769, ambicioso, descontente e revolucionário, subiu vagarosamente na
artilharia, um dos poucos ramos do exército real em que a competência técnica era indispensável.
Durante a Revolução, e especialmente sob a ditadura jacobina, que ele apoiou firmemente, foi
reconhecido como um soldado de dons esplêndidos e muito promissor. (...) O poder foi meio
atirado sobre seus ombros e meio agarrado por ele quando as invasões estrangeiras de 1799
revelaram a fraqueza do Diretório e a sua própria indispensabilidade. Tornou-se primeiro cônsul,
depois cônsul vitalício e Imperador. E com sua chegada, como que por milagre, os insolúveis
problemas do Diretório se tornaram solúveis. Em poucos anos a França tinha um Código Civil,
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uma concordata com a Igreja e até mesmo o mais significativo símbolo da estabilidade burguesa
– um Banco Nacional. E o mundo tinha o seu primeiro mito secular. (...) Como homem ele era
inquestionavelmente muito brilhante, versátil, inteligente e imaginativo, embora o poder o
tivesse tornado sórdido. Como general, não teve igual; como governante, foi um planejador chefe
e executivo soberbamente eficiente e um intelectual suficientemente completo para entender e
supervisionar o que seus subordinados faziam. (...) Pois o mito napoleônico baseia-se menos nos
méritos de Napoleão do que nos fatos, então sem paralelo, de sua carreira. Os homens que se
tornaram conhecidos por terem abalado o mundo de forma decisiva no passado tinham
começado como reis, como Alexandre, Carlos Magno ou Júlio César, mas Napoleão foi o "pequeno
cabo" que galgou o comando de um continente pelo seu puro talento pessoal. Todo jovem
intelectual que devorasse livros, como o jovem Bonaparte fizera, escrevesse maus poemas e
romances e adorasse Rousseau poderia, a partir daí, ver o céu como o limite e seu monograma
enfaixado em lauréis. Todo homem de negócios daí em diante tinha um nome para sua ambição:
ser – os próprios clichés o denunciam – um "Napoleão das finanças" ou da indústria. Todos os
homens comuns ficavam excitados pela visão, então sem paralelo, de um homem comum que se
tornou maior do que aqueles que tinham nascido para usar coroas. Napoleão deu à ambição um
nome pessoal. (... ) Para os franceses ele foi também algo bem mais simples: o mais bem-sucedido
governante de sua longa história. Triunfou gloriosamente no exterior, mas, em termos nacionais,
também estabeleceu ou restabeleceu o mecanismo das instituições francesas como existem até
hoje. Os grandes monumentos de lucidez do direito francês, os Códigos que se tornaram modelos
para todo o mundo burguês, exceto o anglo-saxão, foram napoleônicos. A hierarquia dos
funcionários, das cortes, das universidades e escolas foi obra sua. As grandes "carreiras" da vida
pública francesa, o exército, o funcionalismo público, a educação e o direito ainda têm formas
napoleônicas. (...) Ele destruíra apenas uma coisa: a Revolução Jacobina, o sonho de igualdade,
liberdade e fraternidade, do povo se erguendo na sua grandiosidade para derrubar a opressão.
Este foi um mito mais poderoso do que o dele, pois, após a sua queda, foi isto e, não a sua
memória, que inspirou as revoluções do século XIX, inclusive em seu próprio país.”
1. O CONSULADO (1799-1804)
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Bonaparte = fazer leis, dirigir a diplomacia e nomear ministros, altos funcionários e juízes.
Combate = à esquerda (como as revoltas jacobinas) e à direita (como as revoltas monarquistas).
Por um lado = garantiu aos camponeses as terras expropriadas da nobreza durante a Revolução.
Por outro lado = deu anistia aos nobres emigrados, autorizando o retorno destes antigos
aristocratas ao país.
1 Por que Robespierre é lembrado como terrorista e Napoleão, que defendeu a escravidão e matou muito mais, é lembrado como “grande herói”?
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“A paixão pelo bem-estar é como que a mãe de toda a servidão” Alexis de Tocqueville, criticando
processos como este.
• 1802: Nova Constituição – Napoleão: Cônsul Vitalício e Único.
• 1803 os ingleses, junto a um grupo de monarquistas franceses, articularam a Conspiração de
Cadoual, visando restaurar os Bourbon na França. Com isso, Napoleão alegou a necessidade de
centralização do poder - Um plebiscito referenda Napoleão como imperador da França, em 1804.
O que é o bonapartismo? “Antes de mais nada, o conflito de classe com o proletariado tornou-
se de tal modo agudo que a classe dominante, para garantir a sobrevivência da ordem burguesa,
se vê obrigada a ceder seu poder político a um ditador que, com seu "carisma" e com os
instrumentos de um despotismo não mais tradicional, isto é, não fundado na sucessão legítima,
seja capaz de reconduzir à disciplina a classe dominada (...) O despotismo que caracteriza o poder
bonapartista não só torna mais fácil uma política de tipo expansionista, por não ser contido pelos
mecanismos internos de controle liberal e democrático, como é também levado, por natureza, a
uma política desse gênero, porque um sistema despótico produz inevitavelmente fortes tensões
internas, por via das quais se tende a buscar uma válvula de escape no exterior, numa política de
prestígio e de aventuras militares. – Texto retirado do Dicionário de Política, de Norberto Bobbio.
É como se a única coisa capaz de salvar a sociedade capitalista burguesa, no fim das contas, seja
o autoritarismo, o exército e a traição das promessas liberais desta própria sociedade capitalista.
Tudo foi feito em nome da família, a ordem, da religião e da propriedade. Nas palavras de Marx,
é como se dissessem: “só o roubo pode salvar a propriedade, só o perjúrio pode salvar a religião,
só a bastardia, a família, só a desordem, a ordem!” (18 Brumário de Luís Bonaparte)
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• Jornais censurados.
• Catecismo Imperial: “Deus fez Napoleão nosso soberano e o transformou em ministro de
Seu poder e Sua imagem na Terra. Honra a Deus”.
• Estradas, palácios e monumentos eram construídos. Em 1806, ordenou a construção do Arco
do Triunfo.
2. B. Expansão – “o epigrama liberte, egalité, fraternité foi substituído por infantaria, cavalaria,
artilharia” Karl Marx
• Calcula-se que o total de mortos nos conflitos napoleônicos, entre civis e militares, fique
entre 5 milhões e 6 milhões
• Grande Exército (Grande Armée): meritocracia e serviço militar obrigatório
• Vitórias napoleônicas em terra (Napoleão conquista as cidades Itália e a região da atual
Alemanha, de modo que o antigo Sacro Império Romano Germânico foi extinto e transformado em
Confederação do Reno, do qual Napoleão era o protetor)
• Vitórias inglesas no mar
• “Batalha econômica” - Bloqueio Continental: os países europeus estavam proibidos de
comercializarem com a Inglaterra e suas colônias, caso contrário, seriam invadidos pelas tropas
Napoleônicas. Nenhuma brecha seria tolerada
• América: fortalecimento dos movimentos pela independência latino-americana e
transferência do aparelho administrativo do Estado português ao Brasil
2. C. A Queda de Napoleão
• 1811: Espanha – “o Vietnã de Napoleão” - 40 mil espanhóis derrotaram 10 mil franceses.
Caia o mito da invencibilidade napoleônica (o quadro de Francisco Goya, Os fuzilamentos do
Moncloa, retrata a repressão e o fuzilamento de espanhóis por parte das tropas napoleônicas).
• Czar da Rússia, Alexandre I, aliou-se a Inglaterra – Campanha de Napoleão na Rússia - Nas
palavras de Nigel Nicolson, o general russo, Kutuzov “recorreu ao tempo, o espaço e o clima como
aliados para derrotar o exército napoleônico”.
• Batalha das Nações – derrota de Napoleão e exílio na ilha de Elba. Luís XVIII Bourbon foi
colocado no trono da França
• 1815: Napoleão regressou a França e desembarcou no golfo Juan – Governo dos Cem Dias
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• Ao sul do povoado belga de Waterloo, Napoleão, com pouco mais de 100 mil homens, foi
derrotado pelo exército inglês comandado pelo Duque de Wellington. Exilado na ilha de Santa
Helena, Napoleão teve um fim de vida trágico até sua morte em 1821, aos 52 anos
“O infortúnio também encerra glória e heroísmo. Se tivesse morrido no trono, com a auréola da
onipotência, a minha história ficaria incompleta para muita gente. Hoje, mercê da desgraça, posso
ser julgado por aquilo que realmente sou”
2. D. Heranças da Guerra
- Expansão (ainda que ambígua) dos princípios da Revolução Francesa – deposição de monarcas
absolutos, instauração de Constituições Liberais e do Código Civil. Nos territórios napoleônicos, a
servidão foi abolida, os privilégios da nobreza e do clero suprimidos, e todos eram considerados
iguais perante a lei.
- Processo de independência da América.
3. O CONGRESSO DE VIENA (1814-1815)
Presidido pelo chanceler austríaco Klemens Wenzel von Metternich. O hábil chanceler francês
Charles-Maurice de Talleyrand-Périgord conseguiu conquistar uma posição para a França no
Congresso
Princípio da Restauração
Princípio da Legitimidade
Princípio do Equilíbrio Europeu
(França pagou polpuda indenização, Inglaterra, a Rússia, a Áustria e a Prússia adquiriram diversos
territórios, enquanto os trinta e nove Estados alemães foram agrupados na Confederação
Germânica, dando fim ao lendário Sacro Império Romano Germânico. Do mesmo modo, foi criado
o reino da Polônia e Piemonte Sardenha)
Santa Aliança
(Houve ameaças – não efetivadas – de reprimir os movimentos de independência na América
Latina, o que contou com a oposição inglesa e levou o presidente Monroe, dos EUA, proclamar sua
Doutrina, resumida no epíteto “América para os americanos”)
Consequências
• Era Metternich ou Concerto Europeu, suspiro final do Antigo Regime, última tentativa das
decadentes aristocracias se manterem no poder
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• Entre 1815 e 1848, a Europa, influenciada pela Revolução Francesa, conheceu um ciclo de
revoluções que destruíram de vez o Antigo Regime, como se verá nas próximas aulas
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