Você está na página 1de 8

A Revolução Francesa

Prof. Maximiliano Menz


A crise do Antigo Regime (I)
• No tempo longo:
• As Reformas (católica e protestante) destruíram os laços entre a superstição
popular e a religião oficial.
• A urbanização e a erosão dos senhorios no campo, diminuíram o controle que as
classes senhoriais possuíam sobre a população plebeia.
• A Crise da consciência europeia. “a convulsão intelectual sem precedentes que
começou em meados do século XVII, com o surgimento do Cartesianismo e a
subsequente divulgação da “Filsofia mecânica” (...) (ISRAEL, 2009, p. 41)
promoveu a descristianização e a secularização entre as elites.
• A expansão econômica do século XVIII teria gerado uma burguesia com poder
econômico, mas sem poder político.
• LABROUSSE, 1973, CHARTIER, 2009, ISRAEL, 2009
A crise do Antigo Regime (II)
• No tempo curto, particularmente na França:
• Reformas na legislação sobre a comercialização dos cereais, na
administração das províncias e no funcionamento dos tribunais estimularam
os debates e a politização dos clubes literários e dos círculos filosóficos.
Consolidação de uma opinião pública politizada a partir de c.1750.
• A crise fiscal (1774-1789) leva à substituição sucessiva de ministros das
finanças e a tentativas de reforma na estrutura fiscal. Essas tentativas
esbarraram na resistência das ordens privilegiadas à taxação. Os Estados
Gerais são convocados em 1789 para resolver o impasse.
• As más colheitas de 1787-1789 produziram fome e ampliaram o mal estar
popular.
• CHARTIER, 2009, VOVELLE, 2012, LABROUSSE, 1983, LADURIE, 2007.
As três Revoluções:
• A Revolução Parlamentar: o debate sobre o tamanho e a representação do
Terceiro Estado, provocou impasses entre a monarquia e os deputados eleitos, os
últimos decidem formar uma Assembleia Constituinte. A notícia da chegada de
um reforço de soldados a Paris e a demissão de Necker provocou um levante
popular e a queda da Bastilha (14/07/1789).
• A Revolução Municipal: o povo de Paris destrói as bases do poder tradicional no
município e institui um governo “patriota”. O movimento espalha-se pelo interior,
é organizada uma guarda nacional burguesa que se torna o braço armado da
Revolução.
• A Revolução Camponesa: Surge em Paris o tema da conspiração aristocrática. No
mundo rural, o boato é que os senhores querem matar o povo pela fome. Os
campos são tomados por notícias de bandidos a serviço dos nobres. Sucedem-se
assim revoltas agrárias que garantem a vitória da Revolução no interior e a
abolição do “feudalismo”. (O Grande Medo)
• (VOVELLE, 2012, SOBOUL, 1981 e 1974, LEFEBVRE, 1979)
De Paris para o resto do Mundo
• Entre 1789 e 1791 a Revolução encaminha-se para um regime liberal, de monarquia
constitucional, baseado numa participação política de corte censitário.
• A constituição civil do clero é um foco de tensões entre os revolucionários, os religiosos
(com grande influência social) e o papado.
• Movimentos patrióticos e conspirações burguesas alastram-se pelas periferias da França
(Saint Domingue, Avignon, Saboia) e, mais tarde, por várias capitais europeias.
• O rei e as facções contra-revolucionárias na Corte conspiram com as outras potências
para sufocar o levante, com concentração de emigrados nas fronteiras.
• Paradoxalmente, os contra-revolucionários e as lideranças moderadas dos patriotas
(Lafayatte e os brissotinos) desejam uma guerra por motivos diferentes.
• A fuga do rei (1791) e a guerra contra a Áustria levam à suspensão e posterior destituição
de Luis XVI.
• VOVELLE, 2012, ANDRESS, 2007, SOBOUL, 1981
As bases do Terror
• Entre 1792 e 1793, a extinção da monarquia, os fracassos na condução da guerra, o início
da sublevação da Vendeia e as disputas entre os partidos (Girondinos x Montanha)
preparam o clima para o terror.
• É eleita uma Convenção, governo de transição que também deveria redigir uma nova
constituição, considerando o fim da monarquia.
• Os massacres de Setembro (1792), em Paris, produzem o receio entre o governo
revolucionário da perda de iniciativa política frente às massas da capital. “É preciso ser
terrível para que o povo não seja” (Danton?).
• As tensões entre os defensores de um governo descentralizado, com o apoio nas
províncias, e dos que defendem a preponderância de Paris, apoiados pelos radicais da
capital, levam ao expurgo (2/6/1793) dos primeiros (girondinos). A guerra civil se alastra
pelas províncias (revolta federalista).
• A iniciativa política passa para o clube dos cordeliers, os comitês seccionários e a comuna
de Paris.
VOVELLE, 2012, ANDRESS, 2007, SOBOUL, 1981
O Terror (1793-1794)
• Novas instituições são criadas (abril de 1793). Tribunal Revolucionário, comitê de salvação pública, comitê de
segurança geral, submetem os ministérios e controlam a máquina de repressão que se enraíza no interior.
• Leis de controle econômico, máximo geral, imposição de um controle de preços e combate aos
especuladores.
• Lei de Suspeitos (setembro de 1793), permite prender sem julgamento os suspeitos de infidelidade política.
• Apesar de encampar as demandas sans-culotes, o governo terrorista desmonta as associações populares e
clubes políticos radicais e executa (março de 1794) suas principais lideranças, os Herbertistas.
• Em seguida, os indulgentes que defendiam o desmonte da máquina do terror, liderados por Danton,
também são processados e presos.
• As vitórias militares e a eliminação da facção exaltada dos jacobinos facilitou a reação: a 9 de termidor (27
de julho de 1794), os robespierristas foram eliminados por uma aliança entre os indulgentes sobreviventes e
demais rivais pessoais de Robespierre do interior do Comitê de Salvação Pública e principalmente do Comitê
de Segurança Geral.
• “O balanço geral – 10 mil executados após julgamentos em toda França, mas muito mais, se incluirmos as
vítimas da repressão nos focos de guerra civil (estimam-se 128 mil na Vendeia)”. (VOVELLE, 2012, p. 47).
• VOVELLE, 2012, ANDRESS, 2007, SOBOUL, 1981 e 1974.
• Bibliografia Básica:

• ANDRESS, D. O Terror. Rio de Janeiro: Record, 2007.


• CHARTIER, R. Origens culturais da Revolução Francesa, São Paulo: Ed. da Unesp, 2009.
• FURET, F. Pensando a Revolução Francesa. São Paulo, Paz e Terra, 1986.
• ISRAEL, J. Iluminismo Radical. São Paulo: Madras, 2009.
• LABROUSSE, E. La crisis de la economía francesa al final del antiguo regimen y al principio de la
revolución. in: Fluctuaciones económicas e historia social. Buenos Aires: Editorial Tecnos, 1973.
• LADURIE, E. História dos Camponeses Franceses 2 Vols., RJ, Civilização Brasileira, 2007.
• LEFEBVRE, G. O Grande Medo de 1789. Rio de Janeiro: Campus, 1979.
• SOBOUL, A. História da Revolução Francesa. 3ª ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981.
• SOBOUL, A. Camponeses, Sans-culottes e jacobinos. Lisboa: Seara Nova, 1974

Você também pode gostar