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Etrusco
Documentado por cerca de dez mil inscrições funerárias, breves e convencionais, e de meia
dúzia de textos de maior extensão (por exemplo, pela múmia de Zagreb, com mais de 1200
palavras).
O alfabeto é derivado do grego. Não há um bom conhecimento do etrusco, apesar dos
grandes progressos das últimas décadas. Pode-se, com absoluta certeza, afirmar que não é uma
língua indo-europeia.
A influência documentável do etrusco sobre o latim é muito escassa. A originária supremacia
etrusca transparece na adoção de termos relacionados ao Estado, exército e construção.
São os critérios formais que permitem identificar determinadas palavras latinas como
empréstimos. Exemplos:
sufixos: -enna, -inna, -erna: catena (cadeia), harena (areia); sagina (engorda), lanterna (lanterna),
cisterna (cisterna);
palavras em -es: satelles (guarda).
A influência mais determinante foi observada no sistema onomástico latino; o latim retoma
diretamente numerosas denominações de lugar e de pessoas (ex.: Roma é de origem etrusca) e,
inclusive, o sistema trinominal do etrusco (praenomen, nomen gentile, cognomen).
A múmia de Zagreb
Osco-umbro
O grupo linguístico mais importante da Itália, antes do triunfo do latim, é constituído pelo
osco-umbro, língua indoeuropeia que não apresenta ligações de parentesco particularmente estreitas
com o latim.
Uma diferença que pode ser citada é o êxito diverso das aspiradas sonoras indoeuropeias
*dh e *bh, que se tornaram -d- e -b- em latim; em osco-umbro -f- (latim medius, osco mefio; latim
albus, ruber, umbro alfu, rufru).
Os falares osco-umbros eram ainda vivos no I séc. d.C. (há inscrições em Pompeia e
Herculano).
Possuímos várias inscrições (em vários alfabetos, que podem ser datadas pelo menos até o
ano 63 d.C.). O mais importante é a tabula Bantina, encontrada em 1793, em alfabeto latino.
Em umbro, além de algumas inscrições curtas, temos apenas um documento extenso, as 9
tabulae Iuguuinae em bronze, encontradas em 1444 em Gúbio.
Grego
Na primeira metade do primeiro milênio a.C., no território do Alto Reno e junto a foz do
Danúbio, viviam os celtas; seguramente já antes do 500 a.C.
Antigos e provavelmente tomados de empréstimos da Gália Cisalpina são termos como
ambactus (escravo), carpetum (carro com duas rodas), carrus (carro com quatro rodas), sagus
(manto), bitumen (betume), bulga (bolsa).
Além dessas línguas principais, havia na Antiguidade diversas outras línguas faladas na
península itálica, indo-europeias ou não, entre elas:
Indo-europeias: Línguas sabélicas (marrucino, mársico, sabino, volsco), venético, ilírico, lepôntico,
sículo.
Não indo-europeias (além do etrusco): rético, lígure, sardo nurágico.
Latim arcaico
O latim era a língua falada no Lácio, região próxima à foz do Rio Tibre, onde se situa Roma,
fundada, no século VIII a.C. Próximo a essa região, falavam-se dialetos próximos ao latim, como o
falisco e o prenestino. Do período das origens, até meados da primeira metade do século I a.C., a
língua atestada pelos textos e inscrições supérstites é denominada latim arcaico. As inscrições mais
antigas datam do início do século VII a.C. Entre os textos literários, os textos mais antigos são do
fim do século III e início do século II a.C. (Plauto, Catão)
Latim clássico
Língua da elite culta de Roma em torno da metade do I séc. a.C. (época de César e Cícero)
até o início do séc. I d.C (14 d.C morte de Augusto).
Latim imperial
Língua pós-clássica, dos textos a partir da época de Augusto, até o período tardio.
Latim Vulgar
É difícil defini-lo. Seria o latim falado, apresentando o caráter de língua pouco unitária, mas
em contínua evolução no tempo e no espaço, com vários fluxos e refluxos ligados a acontecimentos
históricos. Um falar que adquire aspectos diversos nos vários grupos sociais que serve à
comunicação, ao comércio, à administração, ao exército, em suma, é um meio corrente de
propagação da civilização romana.
Exemplos lexicais:
Latim erudito Latim falado
abdomen pantex
caput testa
ebrius mattus
equus caballus
os bucca
Latim Cristão
Semitismos:
Alleluia (louvor a Deus)
amen (na verdade)
hosanna (interjeição)
pascha (páscoa)
sabbatum (repouso)
Neologismos:
Numerosos neologismos foram introduzidos pelos primeiros intérpretes dos livros sagrados,
com procedimentos de sufixação vulgar (-ficus, -tura, -ela, etc.). Neologismos ou cristianismos
diretos são: carnalis, erratura, dilectio, incarnatio, trinitas, salvificus, incorruptela, etc.
Latim Medieval
O latim, mesmo não sendo mais língua materna, continuou a ser falado nas escolas e nas
cortes e usado como língua dos documentos públicos e privados.
Latim humanista
O latim humanista representou uma florescência somente aparente, porque a remoção dos
traços linguísticos medievais e a restauração das características antigas, ainda que coroadas de
sucesso, causaram alguns prejuízos, na medida em que nesse virtuosismo retrógrado, necessário
para produzir um neolatino aceitável, entrou-se sempre mais em conflito com as exigências
comunicativas da idade moderna.
FONOLOGIA
Noções fundamentais
Alfabeto clássico:
A B C D E F G H I K L M N O P Q R S T V X Y Z
O alfabeto latino deriva do alfabeto grego, formado, por sua vez, através do alfabeto fenício.
Foi, mais exatamente, o alfabeto da colônia grega de Cumas a inspirar, através da intermediação dos
etruscos, o alfabeto latino. Do alfabeto grego, os latinos utilizaram determinados sinais, adaptando-
os aos sons próprios da língua.
A escrita latina, na origem, conhecia só a maiúscula, não usava sinais de pontuação; as
palavras eram escritas umas unidas às outras, sem interrupção (scriptio continua).
Consta de vinte e três letras no período clássico (I séc. a.C. - I séc. d.C.). Os símbolos
gráficos j e u foram introduzidos no início do Renascimento pelo humanista francês Pierre de la
Ramée e, por isso, são chamados letras ramistas. Utilizam-se pois os sinais u minúsculo e V
maiúsculo para representar quer a vogal (ex.: uinum. VINVM), quer a consoante (uita, VITA); assim
como o i minúsculo e o I maiúsculo para representar quer a consoante (ex.: iuuenis, IVVENIS),
quer a vogal (ex.: insula, INSVLA). O uso diferenciado de maiúsculas e minúsculas remonta à Idade
Média, na corte de Carlos Magno (séc. VIII-IX), quando se difundiu o uso da minúscula, sendo as
maiúsculas do antigo alfabeto mantidas para indicar o início dos períodos e a primeira letra dos
nomes próprios e dos adjetivos e advérbios derivados desses nomes.
Pronúncia:
Restabelecer a pronúncia exata da língua latina é tarefa impossível, uma vez que à época não
se dispunham de meios de registro da fala. Encontram-se basicamente dois tipos de pronúncia:
restaurada e tradicional.
Vogais:
A língua latina possui duas séries de vogais:
a) uma série longa: a, e, i, o, u, y (ā, ē, ī, ō, ū, ȳ );
b) uma série breve: a, e, i, o, u, y (ă, ĕ, ĭ, ŏ, ŭ, ў).
As vogais latinas eram pronunciadas aproximadamente como em português. algumas
distinções de timbre acenadas por gramáticos latinos são muito sutis e incertas para serem
relevantes atualmente; mas as vogais breves se pronunciavam geralmente mais abertas que as
respectivas longas. a letra y, usada exclusivamente em palavras de origem grega, se pronunciava
como o u francês ou ü alemão
Ditongos:
No latim clássico, os ditongos conservam o timbre das duas vogais, sendo pronunciados com
audição dos dois elementos que os compõem; com maior acento sobre a primeira vogal.
Particularmente:
ae: Graecus (/gráikus/) oe: poena (/póina/)
caelum (/káilum/) foedus (/fóidus/)
au: aurum (/áurum/) eu: Europa (/európa/)
Os ditongos ei, ui e yi são muito raros.
Consoantes:
A maioria das consoantes é pronunciada como no português exceto as seguintes:
a) c é sempre fonema oclusivo velar surdo e o g sempre fonema oclusivo velar sonoro: caput
(/káput/); ceruix (/kéruix/); centum (/kéntum/); circus (/kírcus/); cista (/kísta/); corona (/korôna/);
corpus (/córpus/); cursus (/cúrsus/); gallus (/gállus/); gemma (/guémma/); genus (/guénus/); digitus
(/díguitus/); gigno (/gígno/);
b) m e n em fim de sílaba têm som distinto e não nasalizam a vogal precedente: tam (/tám/); nomen
(/nômen/); tamen (/támen/); carmen (/cármen/);
c) o s intervocálico é sempre surdo: rosa (/róssa/); asinus (/ássinus/);
d) o x soa sempre como /k/ + /s/: pax (/páks/); rex (/réks/);
e) nos grupos -qu- e -gu-, o u é sempre pronunciado: aqua (/ákwa/);
f) o h indica uma leve aspiração no início das palavras e nas consoantes aspiradas ch, th, ph e rh
em palavras transcritas do grego: hortus, Achiles, philosophus, theatrum, rhetor.
g) o z, usado exclusivamente em empréstimos do grego, é pronunciado como /dz/: Zeno (/dzéno/).
Pronúncia tradicional:
É aquela que pretende ler o latim de acordo com a pronúncia da própria língua materna,
apresentando o inconveniente de que cada povo, aplicando ao latim suas normas fonéticas,
diversifica o próprio latim na sua pronúncia.
A chamada pronúncia eclesiástica romana é a mais difundida e reproduz em grande parte
aquela que foi efetivamente a pronúncia latina em uma determinada fase da sua história (séc. IV – V
d.C.).
As regras desse tipo de pronúncia são as seguintes:
a) Os ditongos ae e oe são pronunciados com o som de /e/ (ex.: poena : /pêna/); yi se pronuncia /i/;
os outros como são escritos (ex.: aurum /áu-rum/). Quando duas vogais não formam ditongo,
constituem duas sílabas: Iulius (/iú-li-us/). Se ae e oe não formam ditongo, são lidos nos dois
elementos vocálicos separados, ex.: aeris (/ái-ris/, “de bronze”), aeris (/á-e-ris/, “do ar”).
b) y se pronuncia /i/;
c) o s intervocálico é pronunciado sonoro;
d) o c e o g são pronunciados como palatais diante de e e i;
e) os grupos ch, ph, th e rh são pronunciados respectivamente /k/, /f/, /t/ e /r/;
f) o grupo ti em sílaba interior seguido de vogal tem valor de /ci/: actio : /ákcio/; nuntius : /núncius/,
mas se precedido de t, x e s é lido /ti/: bestia, mixtio, Mettius;
g) o h não é pronunciado;
h) gn é pronunciado como o -nh- em português.
Quantidade:
O latim, como outras línguas indo-europeias, distinguia a duração da pronúncia ou
quantidade das vogais. Uma vogal podia ser pronunciada em um tempo mais breve ou mais longo.
Convencionalmente, uma vogal longa (ā, ē, ī, ō, ū, ȳ ) é considerada de duração dupla em relação a
uma breve (ă, ĕ, ĭ, ŏ, ŭ, ў).
A quantidade da vogal determina a quantidade da sílaba, elemento muito importante em
latim, principalmente para fins de acentuação e na métrica em poesia.
Na determinação das quantidades silábicas é importante distinguir as sílabas em abertas ou
fechadas. Sílaba aberta termina em vogal (fa-ci-o), sílaba fechada termina em consoante (fac-tos) –
a divisão silábica é muito semelhante à do português.
a) uma sílaba é breve se tem vogal breve em sílaba aberta: fă-cĕ-re;
b) uma sílaba é longa nos outros casos:
- se tem vogal breve em sílaba fechada: făc-tos;
- se tem vogal longa em sílaba aberta: fē-ci;
- se tem vogal longa em sílaba fechada: făc-tōs.
(Usualmente, na leitura oral corrente não se leva em conta a quantidade das vogais).
A quantidade é importante também para distinguir palavras homógrafas mas de significado
diferente, por exemplo:
lĭber: “livro” līber: “livre”;
mălum: “mal” mālum: “maçã”;
ŏs: “osso” ōs: “boca”;
plăga: “região” plāga: “golpe”.
(Nos textos, a quantidade das vogais não costuma ser indicada, mas se encontra nos
dicionários).
Acentuação:
Não há sinais de acentuação em latim.
O acento latino é melódico, musical, e não intensivo como o nosso. O acento é uma
combinação da quantidade e da altura. Tem como base a penúltima sílaba da palavra. Quando essa
sílaba é longa, sobre ela recai o acento: ămīcŭs (/amícus/); quando a penúltima é breve, o acento
recua para a antepenúltima, seja essa longa ou breve: făcĭlĭs (/fácilis/).
Podem-se estabelecer as seguintes regras de acentuação:
a
1 ) Toda palavra dissilábica é, em princípio, paroxítona.
2a) Tendo mais de duas sílabas,
será paroxítona se a penúltima for longa: ă-mī-cŭs (/a-mí-cus/); pŭ-ĕl-lă (/pu-él-la/);
será proparoxítona se a penúltima for breve: fă-bŭ-lă (/fá-bu-la/).
Observações:
1) Existem em latim partículas proclíticas e enclíticas desprovidas de acento. As proclíticas, como
as proposições, apoiam-se no substantivo que segue: ex.: ad pugnam (/adpúgnam/);
As enclíticas, como -que, -ce, -ne, -ue, -met, -te, não só se apoiam na palavra precedente mas
se unem graficamente; nesse caso o acento resultante cai sempre na penúltima sílaba: ex.: armaque
(armáque); dicisne (dicísne).
2) São aparentemente oxítonas algumas palavras que perderam a última sílaba por apócope (=
queda no fim da palavra) e mantêm o acento naquela que era originalmente a penúltima sílaba
longa, antes que se verificasse o fenômeno da queda: ex.: illic (/illíc/ < *illice); illuc (/illúc/ <
*illuce); Arpinas (/arpinás/ < *Arpinatis).
3) Em caso de contração, o acento se mantém na sílaba originária: ex.: consili (/consíli/) < consilii.
O sistema nominal
Noções Gerais
O sistema nominal latino é caracterizado pela variação nas categorias de caso, gênero e
número.
Caso:
A não ser na ordem, elemento mais de valor estilístico, a frase latina não difere da frase
portuguesa senão em um aspecto: as relações existentes entre as palavras, isto é as relações
sintáticas, são expressas por uma flexão chamada caso.
O nome latino flexiona-se para indicar a função sintática, substituindo-se uma desinência
por outra. Dessa maneira, o caso é a forma que um nome ou um pronome assumem, por meio da
desinência, para desempenharem uma função sintática.
Os casos latinos são seis:
Nominativo: responde às funções de sujeito e predicativo do sujeito.
Acusativo: responde, principalmente, às funções de objeto direto e predicativo do objeto direto. É
regido também por preposições. Algumas preposições que regem o acusativo são: ad (“para perto
de”), in (“para dentro”), circum (“ao redor de”), per (“por”, no tempo e no espaço), inter (“entre”),
apud (“junto de”).
Genitivo: responde às funções de complemento de especificação.
Ablativo: responde às funções que expressam as várias circunstâncias. O ablativo assumiu também
as funções de outros dois casos do indo-europeu que desapareceram no latim: locativo e
instrumental. Ocorre sem preposição para expressar causa, modo, instrumento. É regido por
preposições, entre as quais a ou ab (“a partir de”), in (“em”), cum (“com”), sine (“sem”), de (“de”
de cima para baixo, “a respeito de”), e ou ex (“de dentro para fora”).
Dativo: responde às funções que expressam o destinatário no benefício ou prejuízo do qual se
realiza a ação verbal.
Vocativo: responde às funções da invocação.
Logicamente os elementos acessórios, como adjuntos adnominais e apostos, se exprimem no
caso da palavra à qual estão ligados.
Número:
No latim, ha dois números, o singular e o plural.
O número dual, que designava duas pessoas, animais ou coisas, presente em várias línguas
indo-europeias, praticamente desapareceu. Há traços em duo “dois” e ambo “ambos”.
Gênero:
No latim, há três gêneros: masculino, feminino e neutro (neutrum “nem um nem outro”,
isto é, nem masculino nem feminino).
Declinação:
Chama-se declinação o conjunto das variantes das desinências do nome segundo as
correspondentes funções sintáticas. Os substantivos latinos, segundo a terminação do tema, seguem
cinco modelos de flexão. No plano prático se reconhece a filiação dos substantivos a cada
declinação pela terminação do genitivo singular. O dicionário indica o nominativo e o genitivo
singular de todos os substantivos e as duas terminações são suficientes para estabelecer a qual das
cinco declinações o substantivo pertence.
Primeira declinação
A primeira declinação, ou tema em -a, compreende substantivos predominantemente
femininos e, em pouco número, masculinos; nenhum neutro. Como os substantivos da primeira
declinação declinam-se os adjetivos femininos de primeira classe.
Nominativo singular: -a
Puella cantat. A menina canta.
Poeta recitat. O poeta declama.
Femina pulchra est. A mulher é bonita.
Ablativo singular: -ā
Serua mensam rosa ornat. A escrava enfeita a mesa com uma rosa.
Puella fabula lacrimat. A menina chora por causa da história.
Agricola columbam sagitta acuta necat. O agricultor mata uma pomba com a flecha aguda.
Vocativo singular: -a
Puella, sedula es. Oh menina, tu és aplicada.
Discipula bona, attenta es. Oh aluna boa, tu és atenta.
Vocativo plural: -a
Puellae, sedulae estis. Oh meninas, vós sois aplicadas.
Discipulae bonae, attentae estis. Oh alunas boas, vós sois atentas.
d) Locativo:
Antigo caso indo-europeu para o lugar “onde” que se mantém para os nomes de cidades e
ilhas pequenas, a desinência é, no singular, -ae (Romae, Melitae), no plural, -īs (Athenis).
e) Pluralia tantum:
São substantivos, próprios e comuns, usados apenas no plural:
Athenae, -arum Atenas;
Cannae, -arum Cannes;
Syracusae, -arum Siracusa;
deliciae, -arum delícia;
diuitiae, -arum riqueza;
epulae, -arum comida, banquete;
insidiae, -arum armadilha;
nuptiae, -arum núpcias;
tenebrae, -arum trevas.
Segunda declinação
A segunda declinação, ou tema em -o, apresenta substantivos masculinos, femininos
(poucos) e neutros. Os femininos se declinam da mesma forma dos masculinos e têm o nominativo
singular em -us. Existe um grupo de substantivos masculinos que apresentam o nominativo singular
em -er e em -ir que se diferenciam daqueles em -us somente no nominativo e vocativo singular. Os
substantivos em -er dividem-se em dois grupos:
a) aqueles que conservam a vogal ĕ que precede o r em toda a declinação, como puer, gener, socer e
uesper;
b) aqueles em que a vogal e se encontra somente no nominativo e vocativo singular, como ager,
aper, liber e magister.
Existe um único substantivo em -ir: uir (homem) e seus compostos, como duumuiri e
triumuiri, que apresenta nominativo e vocativo singular em -ir e segue a declinação regular nos
outros casos.
Os neutros apresentam terminações de nominativo, vocativo e acusativo, singular e plural,
em -um e -a respectivamente; nos outros casos, as terminações dos neutros coincidem com aquelas
dos masculinos e femininos.
Todos os adjetivos de 2a. declinação, ou de tema em -o, ou são masculinos ou são neutros, ou
seja, não existem adjetivos femininos de tema em -o.
Nominativo plural: -ī
Discipuli student. Os alunos estudam.
Fagi crescunt. As faias crescem.
Serui seduli sunt. Os escravos são diligentes.
Pueri cantant. Os meninos cantam.
Magistri docent. Os professores ensinam.
Viri laborant. Os homens trabalham.
Pueri pigri sunt. Os meninos são preguiçosos.
Substantivos neutros:
Nominativo singular: -um
Folium cadit. A folha cai.
Theatrum magnum est. O teatro é grande.
Nominativo plural: -a
Folia cadunt. As folhas caem.
Theatra magna sunt. Os teatros são grandes.
Substantivos neutros:
Acusativo singular: -um
Puer malum legit. O menino colhe uma maçã.
Magister templum magnum monstrat. O professor mostra o grande templo.
Acusativo plural: -a
Puer mala legit. O menino colhe maçãs.
Magister templa magna monstrat. O professor mostra os grandes templos.
Ablativo singular: -ō
Puer in horto est. O menino está no jerdim.
Vir cum magistro ambulat. O homem caminha com o professor.
Magister de templo narrat. O professor narra sobre o templo.
Pomum de malo cadit. O fruto cai da macieira.
Discipulus ab oppido pulchro remigrat. O aluno retorna da bela cidade.
Dativo singular: -ō
Seruus librum puero apportat. O escravo entrega o livro ao menino.
Vir templum Aegypto donat. O homem doa um templo ao Egito.
Seruus fagum domino plantat. O escravo planta uma árvore para o patrão.
Magister discipulo attento fabulam narrat. O professor conta a história para o aluno atento.
Magnum simulacrum templo erat. O templo tinha uma grande estátua.
Vocativo plural: -i
Discipuli, attentis sunt. Alunos, sois atentos.
Serui, bonus sunt. Oh escravos, sois bons.
Fagi, frondosa es. Oh árvores, sois frondosas.
Substantivos neutros:
Vocativo plural: -a
Pulchra templa, magna estis. Oh belos. templos, sois grandes.
Oppida, tuta estis. Cidades, estais segura.
b) Genitivo singular:
Os substantivos próprios e comuns em -ius e -ium terminam no genitivo singular quer em -iī
quer em -ī (contração das duas vogais): ex.: filius, filii e fili; auxilium, auxilii e auxili.
Os substantivos em -aius e -eius contraem sempre os dois ii no genitivo singular, bem como
no nominativo, dativo e ablativo do plural: plebeius, plebei (gen. sing.), plebei (nom. pl.), plebei
(dat. e abl. pl.).
c) Vocativo singular:
Os nomes próprios que terminam no nom. sing. em -ĭus, os nomes comuns filius e genius
fazem o voc. sing. em -ī: ex.: Vergilius, Vergili; filius, fili; genius, -i. Os nomes próprios em -īus
seguem a regra geral: ex.: Darīus, Darīe.
d) Locativo singular:
Há traços do antigo caso locativo: ex.: Deli, Brundisi, humi, na expressão domi bellique.
e) Genitivo plural:
A antiga terminação do genitivo plural -um encontra-se em:
. nomes de moedas e medidas: nummus, sestertius;
. compostos de uir: duumuir, decemuir;
. nomes de povos: Danai;
. expressões técnicas: praefectus fabrum; praefectus socium.
f) Declinação de deus:
Caso singular plural
Nominativo deus dii, di, dei
Acusativo deum deos
Genitivo dei deorum, deum
Ablativo deo diis, dis, deis
Dativo deo diis, dis, deis
Vocativo diue, deus (pós-clás.) dii, di, dei
g) Pluralia tantum:
Substantivos próprios e comuns usados só no plural: ex.:
Argi, -orum Argos
Delphi, -orum Delfos
arma, -orum armas
esta, -orum vísceras
fasti, -orum dias favoráveis, calendário dos pontífices
liberi, -orum filhos (filhos e filhas)
g) Substantivos heterogêneos:
Substantivos que apresentam no plural duas formas de gênero e significado diferentes: ex.:
loci, -orum (passos de um livro); loca, -orum (lugares, localidades).
Terceira declinação
Os nomes da 3a. declinação são de gênero masculino, feminino e neutro e têm como
característica constante e comum a terminação em -is no genitivo singular; apresentam no
nominativo singular terminações diversas.
Os nomes masculinos e femininos têm um idêntico paradigma. Os nomes neutros têm, no
nominativo, acusativo, vocativo, no singular e plural, terminações iguais.
Há traços de locativo: ruri, Carthagini, Tiburi.
Quadro das terminações segundo as quais se declinam os nomes da terceira declinação:
3a Declinação singular plural
masc. e fem. neutro masc. e fem. neutro
nominativo várias várias -ēs ,-īs -a, -ia
acusativo -em, -im -ēs ,-īs -a, -ia
genitivo - is -ūm, -iūm
ablativo -e. -ī -ibus
dativo -ī -ibus
vocativo = nominativo = nominativo -ēs ,-īs -a, -ia
Tema em consoante
Nominativo singular: (aqui, sem desinência)
Consul bonus est. O cônsul é bom.
Ablativo singular: -e
Cum consule ambulo. Caminho com o cônsul.
Dativo singular: -ī
Consuli onus Senatus tribuit. O senado atribui o cargo ao cônsul.
Tema em -i
Nominativo singular:
Animal magnum est. O animal é grande.
Acusativo singular:
Video animal in silua. Vejo o animal na selva.
Ablativo singular: -ī
Magister de animali narrabat. O professor falava sobre animais.
Dativo singular: -ī
Villicus cibum animali dat. O fazendeiro dá comida ao animal.
Vocativo singular:
Animal, ualidum est. Animal, és forte.
b) Singularia tantum:
Usam-se apenas no singular. Ex.:
aes alienum, -is bronze
pietas, -is respeito
proles, -is prole
indoles, -is índole
plebs, -is plebe
sanguis, -is sangue
c) Pluralia tantum:
Usam-se apenas no plural.
i. alguns nomes comuns: ex.:
fides, -ium confiança
fores, -ium porta
moenia, -ium muralha
ii. nomes de categorias de pessoa ou divindades: ex:
Manes, -ium Manes, almas dos mortos
Penates, -ium Penates, deuses tutelares da casa
Optimates, -ium conjunto dos nobres, aristocracia
Quirites, -ium Quirites, os romanos
iii. Nomes de festas:
Bacchanalia, -ium bacanais
Lupercalia, -ium lupercais
iv. nomes geográficos:
Alpes, -ium Alpes
Gades, -ium Cádiz
v. Substantivos com significados diferentes no singular e plural:
ops, opis: a ajuda opes, -um: as riquezas, os meios
pars, partis: a parte partes, -ium: o partido, a facção
sal, salis: o sal sales, salium: as argúcias
sors, sortis: a sorte sortes, sortium: os oráculos
Quarta declinação
A 4a. declinação compreende substantivos masculinos, femininos e neutros. Os masculinos e
femininos apresentam o nominativo em -us, os neutros em -u.
Ablativo singular: -ū
Magister de exercitu Romano narrat. O professor narra sobre o exército romano.
b) Declinação de domus:
singular plural
nominativo domus domus
acusativo domum domos (domus)
genitivo domus domuum (domorum, poét. raro)
ablativo domo (domu) domibus
dativo domui (domo) domibus
vocativo domus domus
c) Substantivos defectivos:
Substantivos geralmente usados só no ablativo singular:
hortatu exortação
iussu comando, ordem
natu em idade, em nascimento
rogatu pedido, prece
d) Declinação mista:
Vários substantivos de nomes de plantas oscilam entre a 2a. e a 4a. declinação:
Ex.: cupressus, laurus, pinus, apresentam terminações alternativas (de 2 a. decl.) nos casos
genitivo singular, ablativo singular, nominativo plural e acusativo plural.
Os substantivos senatus e, mais raramente, exercitus alternam no genitivo singular a
terminação -ūs da 4a. declinação com a terminação -ī da 2a.
Quinta declinação
Pertencem à 5a. declinação substantivos femininos (apenas dies pode ser masculino),
apresentam -es no nominativo singular.
Quadro das terminações segundo as quais se declinam os nomes da terceira declinação:
singular plural
nominativo -ēs -ēs
acusativo -em -ēs
genitivo -ĕī, -ēī -ērum
ablativo -ē -ēbus
dativo -ĕī, -ēī -ēbus
vocativo -ēs -ēs
Ablativo singular: -ē
Consilia in re aduersa necessaria sunt. Na adversidade são necessários conselhos.
b) O substantivo dies é sempre masculino no plural; no singular, torna-se feminino quando indica
um dia estabelecido (dies certa) ou o conceito genérico de tempo (damnosa dies).
c) Há oscilação de alguns substantivos que, ao lado das formas em -ies, apresentam formas em -ia e
seguem a primeira declinação:
Ex.: barbaries barbaria a barbárie
materies materia matéria, madeira
singular plural
masculino feminino neutro masculino feminino neutro
nominativo bonus bona bonum bonī bonae bona
acusativo bonum bonam bonum bonōs bonās bona
genitivo bonī bonae bonī bonōrum bonārum bonōrum
dativo bonō bonae bonō bonīs bonīs bonīs
ablativo bonō bonā bonō bonīs bonīs bonīs
vocativo bone bona bone bonī bonae boni
singular plural
masculino feminino neutro masculino feminino neutro
nominativo asper aspera asperum asperī asperae aspera
acusativo asperum asperam asperum asperōs asperās aspera
genitivo asperī asperae asperī asperōrum asperārum asperōrum
dativo asperō asperae asperō asperīs asperīs asperīs
ablativo asperō asperā asperō asperīs asperīs asperīs
vocativo asper aspera asper asperī asperae aspera
singular plural
masculino feminino neutro masculino feminino neutro
nominativo pulcher pulchra pulchrum pulchrī pulchrae pulchra
acusativo pulchrum pulchram pulchrum pulchrōs pulchrās pulchra
genitivo pulchri pulchrae pulchri pulchrōru pulchrāru pulchrōru
m m m
dativo pulchrō pulchrae pulchrō pulchrīs pulchrīs pulchrīs
ablativo pulchrō pulchrā pulchrō pulchrīs pulchrīs pulchrīs
vocativo pulcher pulchra pulcher pulchrī pulchrae pulchra
No latim, como em português, o adjetivo pode ser usado em funão de substantivo, ex.: Probi
improbos non amant. (Os honestos não amam os desonestos).
O adjetivo neutro no singular, quando substantivado, assume o valor de nome abstrato. ex.:
bonum (o bem), uerum (a verdade); no plural, corresponde ao substantivo português “coisas”
acompanhado do adjetivo, ex.: multa (muitas coisas), pauca (poucas coisas).
Noções gerais
Grau do adjetivo
Grau comparativo
Comparativo de inferioridade
Forma-se antepondo o adérbio minus ao adjetivo de grau normal; o 2o. termo da comparação
é introduzido por quam e apresenta o caso do 1o.termo.
Ex.: Philosophus saepe minus utilis patriae quam imperator est.
Comparativo de igualdade
Forma-se antepondo os advérbios tam, aeque ou ita ao adjetivo no grau normal em relação,
respectivamente, com quam, ac (atque) ou ut que introduzem o 2o. Termo da comparação que vai
sempre no caso do 1o. termo.
Ex.: Bella ciuilia uictoribus tam periciosa quam uictis.
ita perniciosa ut uictis.
perniciosa aeque ac uictis.
Usa-se ac se a palavra sucessiva começa por consoante (exceto c e g); usa-se atque quando a
palavra seguinte começa por vogal.
Comparativo de superioridade
Forma-se por meio de dois sufixos:
-ior, para o masculino e feminino;
-ius, para o neutro,
que são unidos à parte radical do adjetivo em grau normal.
Ex.: carus, -a, -um cari (genitivo singular) carior, -ius
acer, acris, acre acris acrior, -ius
dulcis, -e dulcis dulcior, -ius
audax audacis audacior, -ius
caso masc. e fem. sg. neutro sg. masc. e fem. pl. neutro pl.
nominativo car-ior car-ius car-iores car-iora
acusativo car-iorem car-ius car-iores car-iora
genitivo car-ioris car-ioris car-iorum car-iorum
ablativo car-iore car-iore car-ioribus car-ioribus
dativo car-iori car-iori car-ioribus car-ioribus
vocativo car-ior car-ius car-iores car-iora
Comparativo absoluto
Às vezes, o comparativo não está acompanhado do 2o. termo de comparação.
Ex.: Senectus est natura loquacior.
Grau superlativo
Particularidades:
a) Adjetivos em -er:
Os adjetivos que terminam em -er fazem o superlativo em -errimus, -a, -um,
Ex.: asper, -a, -um asperrimus, -a, -um
Ocorre a assimilação do -s- do sufixo com o -r: *aspersimus > asperrimus.
b) Adjetivo em -ilis:
Seis adjetivos que terminam em -ilis fazem o superlativo em -illimus, -a, -um: facilis, -e;
difficilis, -e; similis, -e; dissimilis, -e; gracilis, -e; humilis, -e. Ocorre a assimilação do -s- do sufixo
com o -l-:
facilis, -e facillimus, -a, -um: *facilsimus > facillimus
Todos os outros adjetivos em -ilis fazem o superlativo regular:
Ex.: nobilis, -e nobilissimus, -a, -um.
c) Adjetivos em -dicus, -ficus, -uolus:
Esses adjetivos formam o comparativo e o superlativo a partir do tema do particípio presente
do verbo correspondente.
Ex.: maledicus, -a, -um maledicentior, -ius maledicentissimus, -a, -um
honorificus, -a, -um honorificentior, -ius honorificentissimus, -a, -um
beneuolus, -a, -um beneuolentior, -ius beneuolentissimus, -a, -um.
d) Adjetivos em -eus, -ius, -uus:
Os adjetivos de 1a. classe terminados em -eus, -ius, -uus formam o comparativo antepondo o
advérbio magis ao adjetivo no grau normal e o superlativo antepondo o advérbio maxime ao
adjetivo no grau normal:
Ex.: idoneus, -a, -um magis idoneus, -a, -um maxime idoneus, -a, -um
uarius, -a, -um magis uarius, -a, -um maxime uarius, -a, -um
arduus, -a, -um magis arduus, -a, -um maxime arduus, -a, -um,
Essa forma tende a evitar o encontro desagradável de três vogais.
Os adjetivos que terminam em -quus fazem o comparativo e o superlativo com os sufixos
normais, pois o grupo -qu constitui um único fonema.
Os adjetivos strenuus e pius, ao lado das formas perifrásticas, têm os superlativos
strenuissimus e piissimus.
e) Comparativos e superlativos de temas diversos do grau normal:
bonus, -a, -um melior, melius optimus, -a, -um
malus, -a, -um peior, peius pessimus, -a, -um
magnus, -a, -um maior, maius maximus, -a, -um
paruus, -a, -um minor, minus minimus, -a, -um
multus, -a, -um plus plurimus, -a, -um
f) Comparativo e superlativo ou de temas sinônimos ou perifrásticos:
Alguns adjetivos desprovidos de comparativo ou superlativo, fazem-nos a partir de temas de
adjetivos de significado afim ou com perífrases.
Ex.: fidus, -a, -um fidelior, -ius fidelissimus, -a, -um
iuuenis, -e iunior, -ius admodum iuuenis
minor natu minimus natu.
g) Comparativos e superlativos derivados de adjetivos com grau normal não usado ou de advérbios
e preposições:
Ex.: potis, -e potior, -ius potissimus, -a, -um
post posterior, -ius postremus, -a, -um
supra superior, -ius supremus, -a, -um.
h) Superlativos absolutos com prefixos:
Alguns adjetivos podem formar o superlativo absoluto usando, além dos sufixos regulares,
também os prefixos prae- ou per-:
Ex.: clarus, -a, -um - praeclarus, -a, -um (ou clarissimus, -a, -um)
magnus, -a, -um - permagnus, -a, -um (ou maximus, -a, -um).
SISTEMA VERBAL
Noções Gerais
Através dos elementos fundamentais da conjugação, isto é, predicação, voz, modo, tempo,
pessoa, número, o verbo exprime a sua função e as várias relações com os outros elementos da
oração.
A predicação
Pode ser:
Transitivo: a ação expressa se expande no objeto direto:
Ex.: Leges, libertatem, patriam defendimus.
Intransitivo: a ação expressa se limita ao sujeito:
Ex.: Crassus ad castra hostium contendit.
Alguns verbos podem desempenhar uma função ora transitiva ora intransitiva, às vezes com
diferença de significado.
Exs.: Caesar praedam militibus concessit.
Themistocles Argos concessit.
A voz
Pode ser:
Ativa: exprime uma ação ou estado realizado pelo sujeito.
Ex.: Ira odium generat, concordia nutrit amorem.
Passiva: exprime uma ação sofrida pelo sujeito.
Ex.: Militum animi oratione imperatoris confirmabuntur.
Os modos
Distinguem-se em:
Finitos: apresentam para cada pessoa uma desinência, no singular e no plural.
Não finitos: desprovidos de desinências pessoais.
Finitos: indicativo
subjuntivo
imperativo
Os tempos
São:
presente pretérito perfeito
pretérito imperfeito pretérito mais-que-perfeito
futuro do presente futuro perfeito
Nem todos os modos têm todos os tempos:
Modo indicativo: presente pretérito perfeito
pretérito imperfeito pretérito mais-que-perfeito
futuro do presente futuro perfeito
A pessoa e o número
Há três pessoas (1a., 2a., 3a.) e dois números (singular e plural).
Estrutura da voz verbal: tema, sufixo, desinência
tema verbal: parte que fica invariada em toda a conjugação e da qual derivam todos os
tempos;
sufixo ou morfema temporal: elemento que, acrescentado ao tema verbal, caracteriza o
tempo e, às vezes, o modo;
desinência: elemento que indica a forma, a pessoa e o número.
VOZ ATIVA
Modo Indicativo
Sistema do Infectum
Presente
Pretérito imperfeito
3a. conjugação,
Tema em consoante:
pessoa singular plural
1a. legebam legebamus
2a. legebas legebatis
3a. legebat legebant
Tema em -i (breve):
pessoa singular plural
1a. faciebam faciebamus
2a. faciebas faciebatis
3a. faciebat faciebant
Obs.: O sufixo modo temporal é -b-, o -i- é vogal de ligação para as segundas pessoas (singular e
plural), para a terceira do sigular e para a primeira do plural; o -u- para a terceira do plural.
3a. conjugação
Tema em consoante:
pessoa singular plural
1a. legam legēmus
2a. legēs legētis
3a. leget legent
Tema em -i (breve):
pessoa singular plural
1a. faciam faciēmus
2a. faciēs faciētis
3a. faciet facient
Nota: Os sufixos modo temporais do latim não passaram para formar o futuro do presente em
português, que é uma forma perifrástica (infinitivo + verbo haver conjugado: amarei < amar + hei).
Sistema do perfectum
Pretérito perfeito
Para a conjugação do perfeito do indicativo, que não apresenta sufixo modo temporal para
todas as pessoas, basta guardar as seguintes formas que devem ser adicionadas ao tema do
perfectum:
3a. conjugação:
tema em consoante:
lego, -is, -ere, -i
pessoa singular plural
a
1. legi legimus
a
2. legisti legistis
3a. legit legerunt
tema em -i breve:
facio, -is, -ere, feci
pessoa singular plural
a
1. feci fecimus
a
2. fecisti fecistis
3a. fecit fecerunt
3a. conjugação:
tema em consoante:
lego, -is, -ere, -i
pessoa singular plural
1a. legeram legeramus
2a. legeras legeratis
a
3. legerat legerant
tema em -i breve:
facio, -is, -ere, feci
pessoa singular plural
1a. feceram feceramus
2a. feceras feceratis
3a. fecerat fecerant
Futuro perfeito
O sufixo modo temporal é -er-, a vogal -i, após o sufixo, é vogal de ligação.
3a. conjugação:
tema em consoante:
lego, -is, -ere, -i
pessoa singular plural
1a. legero legerimus
2a. legeris legeritis
a
3. legerit legerint
tema em -i breve:
facio, -is, -ere, feci
pessoa singular plural
1a. fecero fecerimus
a
2. feceris feceritis
a
3. fecerit fecerint
VOZ PASSIVA
Modo Indicativo
Sistema do Infectum
Presente do Indicativo
tema em -i (breve)
pessoa singular plural
1a. facior facimur
a
2. faceris / facere facimini
a
3. facitur faciuntur
Obs.: A presença de -e- na 2a. pessoa do singular é explicada por uma regra fonética que determina
que o -i- (breve) seguido de -r passa a -e-.
Pretérito Imperfeito
3a. conjugação:
tema em consoante
pessoa singular plural
1a. legebar legebamur
a
2. legebaris / re legebamini
a
3. legebatur legebantur
tema em -i (breve)
pessoa singular plural
1a. faciebar faciebamur
a
2. faciebaris / -re faciebamini
3a. faciebatur faciebantur
3a. conjugação
Tema em consoante:
pessoa singular plural
a
1. legar legēmur
a
2. legēris /-re legēmini
3a. legētur legentur
Tema em -i (breve):
pessoa singular plural
1a. faciar faciēmur
a
2. faciēris / -re faciēmini
3a. facietur facientur
Sistema do Perfectum
3a. conjugação:
tema em consoante
pessoa singular plural
1a. lectus, -a, -um sum lecti, -ae, -a sumus
a
2. lectus, -a, -um es lecti, -ae, -a estis
a
3. lectus, -a, -um est lecti, -ae, -a sunt
tema em -i (breve)
pessoa singular plural
1a. factus, -a, -um sum facti, -ae, -a sumus
a
2. factus, -a, -um es facti, -ae, -a estis
a
3. factus, -a, -um est facti, -ae, -a sunt
3a. conjugação:
tema em consoante
pessoa singular plural
1a. lectus, -a, -um eram lecti, -ae, -a eramus
a
2. lectus, -a, -um eras lecti, -ae, -a eratis
a
3. lectus, -a, -um erat lecti, -ae, -a erant
tema em -i (breve)
pessoa singular plural
1a. factus, -a, -um eram facti, -ae, -a eramus
a
2. factus, -a, -um eras facti, -ae, -a eratis
a
3. factus, -a, -um erat facti, -ae, -a erant
3a. conjugação:
tema em consoante
pessoa singular plural
1a. lectus, -a, -um ero lecti, -ae, -a erimus
a
2. lectus, -a, -um eris lecti, -ae, -a eritis
a
3. lectus, -a, -um erit lecti, -ae, -a erunt
tema em -i (breve)
pessoa singular plural
1a. factus, -a, -um ero facti, -ae, -a erimus
a
2. factus, -a, -um eris facti, -ae, -a eritis
a
3. factus, -a, -um erit facti, -ae, -a erunt
MODO SUBJUNTIVO
VOZ ATIVA
Sistema do Infectum
Presente do Subjuntivo
3a. conjugação:
tema em consoante
pessoa singular plural
1a. legam legamus
a
2. legas legatis
a
3. legat legant
tema em -i
pessoa singular plural
1a. faciam faciamus
a
2. facias faciatis
a
3. faciat faciant
4a. conjugação, tema em -i (longo)
pessoa singular plural
1a. audiam audiamus
a
2. audias audiatis
a
3. audiat audiant
3a. conjugação:
tema em consoante
pessoa singular plural
1a. legerem legeremus
a
2. legeres legeretis
a
3. legeret legerent
tema em -i
pessoa singular plural
1a. facerem faceremus
a
2. faceres faceretis
a
3. faceret facerent
Obs.: A presença do primeiro -e-, em todas as pessoas do singular e plural, é explicada pela mesma
regra fonética mencionada acima.
Sistema do Perfectum
3a. conjugação:
tema em consoante
pessoa singular plural
1a. legerim legerimus
a
2. legeris legeritis
a
3. legerit legerint
tema em -i
pessoa singular plural
1a. fecerim fecerimus
a
2. feceris feceritis
a
3. fecerit fecerint
3a. conjugação:
tema em consoante
pessoa singular plural
1a. legissem legissemus
a
2. legisses legissetis
a
3. legisset legissent
tema em -i
pessoa singular plural
1a. fecissem fecissemus
a
2. fecisses fecissetis
a
3. fecisset fecissent
Obs.: A presença do primeiro -e-, em todas as pessoas do singular e plural, é explicada pela mesma
regra fonética mencionada acima.
VOZ PASSIVA
Sistema do Infectum
Presente do subjuntivo
3a. conjugação:
tema em consoante
pessoa singular plural
1a. legar legamur
a
2. legaris / are legamini
a
3. legatur legantur
tema em -i (breve)
pessoa singular plural
1a. faciar faciamur
a
2. faciaris / faciare faciamini
a
3. faciatur faciantur
3a. conjugação:
tema em consoante
pessoa singular plural
1a. legerer legeremur
a
2. legereris / legerere legeremini
a
3. legeretur legerentur
tema em -i
pessoa singular plural
1a. facerer faceremur
2a. facereris / facerere faceremini
a
3. faceretur facerentur
Sistema do Perfectum
Pretérito Perfeito do Subjuntivo
3a. conjugação:
tema em consoante
pessoa singular plural
1a. lectus, -a, -um sim lecti, -ae, -a simus
a
2. lectus, -a, -um sis lecti, -ae, -a sitis
a
3. lectus, -a, -um sit lecti, -ae, -a sint
tema em -i (breve)
pessoa singular plural
1a. factus, -a, -um sim facti, -ae, -a simus
a
2. factus, -a, -um sis facti, -ae, -a sitis
a
3. factus, -a, -um sit facti, -ae, -a sint
tema em -i (breve)
pessoa singular plural
1a. factus, -a, -um essem facti, -ae, -a essemus
a
2. factus, -a, -um esses facti, -ae, -a essetis
a
3. factus, -a, -um esset facti, -ae, -a essent
MODO IMPERATIVO
VOZ ATIVA
Imperativo Presente
Desinências:
singular plural
a
2. - -te
3a. conjugação:
tema em consoante
singular plural
2a. lege legete
tema em -i (breve)
singular plural
2a. fac(e) facite
Obs.: Há alguns imperativos monossilábicos, como duc, dic, fac que não apresentam a vogal.
Imperativo Futuro
Desinências:
singular plural
a
2. -to -tote
3a. -to -nto
3a. conjugação:
tema em consoante
singular plural
a
2. legito legitote
3a. legito legunto
tema em -i (breve)
singular plural
a
2. facito facitote
3a. facito faciunto
Verbo sum
Imperativo de sum
presente futuro
singular plural singular plural
2a. es este esto estote
3a. - - esto sunto
VOZ PASSIVA
Imperativo Presente
Desinências:
singular plural
a
2. -re -mini
singular plural
a
2. amare amamini
3a. conjugação:
tema em consoante
singular plural
2a. legere legimini
tema em -i (breve)
singular plural
2a. facere facimini
Imperativo Futuro
Desinências:
singular plural
a
2. -tor -
3a. -tor -ntor
3a. conjugação:
tema em consoante
singular plural
2a. legitor -
3a. legitor leguntor
tema em -i (breve)
singular plural
2a. facitor -
3a. facitor faciuntor
Verbos anômalos
sum, es, esse, fui
Infectum indicativo
tempo pessoa singular plural
a
presente 1. sum sumus
2a. es estis
3a. est sunt
imperfeito 1a. eram eramus
2a. eras eratis
3a. erat erant
futuro 1a. ero erimus
2a. eris eritis
3a. erit erunt
Perfectum indicativo
perfeito fui fuimus
fuisti fuistis
fuit fuerunt / fuere
mais-que- 1a. fueram fueramus
-perfeito 2a. fueras fueratis
3a. fuerat fuerant
futuro 1a. fuero fuerimus
perfeito 2a. fuerimus fueritis
3a. fueritis fuerint
Infectum subjuntivo
tempo pessoa singular plural
a
presente 1. sim simus
2a. sis sitis
3a. sit sint
imperfeito 1a. essem essemus
2a. esses essetis
3a. esset essent
Perfectum subjuntivo
perfeito 1a. fuerim fuerimus
2a. fueris fueritis
3a. fuerit fuerint
mais-que- 1a. fuissem fuisemus
perfeito 2a. fuisses fuissetis
3a. fuisset fuissent
Imperativo (só infectum)
presente 2a. es este
futuro 2a. esto estote
3a. esto sunto
Sistema pronominal
Pronomes pessoais
A língua latina possui pronomes pessoais retos apenas para a 1 a. e 2a. pessoas, sendo que a
3a. pessoa, geralmente, exprime-se com os pronomes demonstrativos ille e is. Os casos oblíquos na
3a. pessoa possuem um pronome reflexivo com uma única forma para o singular e plural.
Os pronomes nos e uos apresentam, no genitivo, duas formas: nostri e uestri (valor objetivo)
e nostrum e uestrum (valor partitivo):
Ex.: Quis nostrum librum legit? “Quem de nós leu (ou lê) o livro?”
Multi uestrum librum legerunt. “Muitos de vós leram o livro.”
Obs.: Quis é o nominativo singular do pronome interrogativo, ou seja, usa-se quando se quer saber
o sujeito da oração.
singular plural
caso 1a. 2a. 3a. (reflex.) 1a. 2a. 3a. (reflex.)
nominativo ego tu - nos uos -
acusativo me te se nos uos se
genitivo mei tui sui nostri uestri sui
nostrum uestrum
ablativo me te se nobis uobis se
dativo mihi tibi sibi nobis uobis sibi
vocativo - tu - - uos -
Exemplos:
Nominativo
Ego librum lego. “Eu leio um livro.”
Tu librum lego. “Tu lês um livro.” ( Você lê um livro)
Nos librum legius. “Nós lemos um livro.”
Vos livrum legitis. “Vós ledes um livro.” (Vocês leem um livro)
Não há forma para a 3a. pessoa, que devem ser expressas com os pronomes demonstrativos.
Acusativo
Magister me interrogat. “O professor me interroga”.
Magister te interrogat. “O professor te interroga”.
Magister se interrogat. “O professor se interroga”. (reflexivo)
Magister nos interrogat. “O professor nos interroga”.
Magister uos interrogat. “O professor vos interroga”.
Magistri se interrogat. “Os professores se interrogam”. (reflexivo)
Genitivo
(objetivo)
Memoria mei “A lembrança de mim”
Memoria tui “A lembrança de ti”
Memoria sui “A lembrança de si”
Memoria nostri “A lembrança de nós”
Memoria uestri “A lembrança de vós”
Memoria sui (partitivo) “A lembrança de si”
Ablativo
Poeta de me narrabit. “O poeta narrará sobre mim.”
Poeta de te narrabit. “O poeta narrará sobre ti.”
Poeta de se narrabit. “O poeta narrará sobre si (ele).” (reflexivo)
Poeta de nobis narrabit. “O poeta narrará sobre nós.”
Poeta de uobis narrabit. “O poeta narrará sobre vós.”
Poetae de se narrabunt. “Os poetas narrarão sobre si (eles).” (reflexivo)
Dativo
Magister mihi credidit. “O professor acreditou em mim”.
Magister tibi credidit. “O professor acreditou em ti”.
Magister sibi credidit. “O professor acreditou em si (nele mesmo)”. (reflexivo)
Magister nobis credidit. “O professor acreditou em nós”.
Magister uobis credidit. “O professor acreditou em vós”.
Magistri sibi credidierunt. “Os professores acreditaram em si (neles mesmos)”. (reflexivo)
Pronomes/adjetivos possessivos
Singular Plural
meus, mea, meum; noster, nostra, nostrum;
tuus, tua, tuum; uester, uestra, uestrum;
suus, sua, suum; (como no singular)
O pronome suus, sua, suum tem sempre valor reflexivo; refere-se pois, ao sujeito e nunca a
outro termo da oração. No caso da referência a outro termo, usa-se o genitivo do pronome
demonstrativo is, ea, id, que, para os três gêneros no singular é eius (no plural: eorum, earum,
eorum).
Ex.: Delia cum Valeria et amita sua ambulat. “Délia caminha com Valéria e sua tia.”
(a tia é de Délia)
Delia cum Valeria et amita eius ambulat. “Délia caminha com Valéria e sua tia.”
(a tia é de Valéria)
Pronomes relativos
Os pronomes relativos também são declinados apresentando terminações de acordo com o caso, o
gênero e o número.
As formas do pronome relativo são:
SINGULAR PLURAL
Exemplos:
Nominativo
Acusativo
Genitivo
Ablativo
Dativo
Pronomes demonstrativos
A flexão tem algumas terminações comuns àqueles dos adjetivos de 1ª classe; mas apresenta:
● -ud no nom. e acus. sing neutro
● -ius no gen. sing.
● -i no dat. sing.
Observações:
a) hic e ille vêm geralmente usados em correlação para contrapor duas pessoas ou coisas nomeadas
anteriormente:
Ex: Haec [pax] in tua, illa [uictoria] in deorum manu est.
“Esta [paz] está na tua mão, aquela [vitória] na mão dos deuses”
b) ille tem, às vezes, valor enfático, com significado de “famoso”:
Ex: Hic est ille Demosthenes. “Este é aquele famoso Demóstenes”.
c) illud, neutro substantivado, seguido do genitivo de um nome próprio significa “aquelas palavras”
Ex: Vetus illud Catonis. “Aquelas velhas palavras de Catão.
d) iste tem geralmente valor pejorativo:
Ex: Manlius, iste centurio. “Mânlio, aquele péssimo centurião”.
Ablativo eo ea eo
eis/iis
Dativo ei
Observações:
is é usado:
a) na função de pronome pessoal de 3ª p.:
Ex: Is librum legit. “Ele lê um livro”.
b) como anáforico:
Ex: Filium meum amo plurimum, ei epistulam scribam.
“Amo muito o meu filho, para ele escreverei uma carta”.
c) para introduzir o pronome relativo:
Ex: Vidi eum qui discipulus meus est. “Vi aquele que é meu aluno”
idem exprime uma relação de identidade entre dois termos:
Ex: Omnes in eadem causa sunt. “Todos estão na mesma causa”
ipse é usado para reforçar uma pessoa ou uma coisa:
Ex: Ipse arbores plantabo. “Eu próprio plantarei as árvores.
Servem para introduzir perguntas quer de forma direta quer de forma indireta:
Quis? Quid? : Quem? O que? (pronome)
Qui? Quae? Quod? : Qual? (adjetivo).
SINGULAR PLURAL
Vter?, utra?, utrum? : Qual das duas pessoas? Qual das duas coisas?
SINGULAR PLURAL
SINGULAR PLURAL
Observações:
aliquis, aliquid: O prefixo ali- não varia, declinam-se as formas de quis e qui.
quisquam tem alguns casos supridos por ullus, -a, -um.
quispiam declina-se como quis; o sufixo -piam não varia.
quidam declina-se como quis; o sufixo -dam não varia.
quiuis e quilibet declinam-se como quis; uis e libet não variam.
quisque declina-se como quis; a partícula enclítica -que não varia.
Exs.: Exspectabam aliquem meorum. “Esperava alguém dos meus.”
Quisque defendit id quod amat. “Cada um defende o que ama.”
Observações:
uterque declina-se como uter; a partícula -que não varia
uteruis, uterlibet, alteruter declinam-se como uter; os elementos: -uis,-libet,-alter não
variam
neuter (ne+uter) é um indefinido negativo, declina-se como uter.
Outros indefinidos:
alter, -a, -um: um outro (entre dois)
alius, -a, -um: um outro (entre muitos)
Observações:
Declinam-se como os adjetivos de 1ª declinação, exceto no genitivo e dativo singular
(alterius, alteri; alius, alii).
Exs.: Alter discipulus librum legit. “Um dos dois alunos leu o livro.”
Aliis consilium defuit. “Para muitos outros faltou decisão.”
ceteri, -ae,-a: todos os outros
reliqui, -ae, -a: os restantes
Declinam-se como adjetivos de 1ª classe, encontram-se, geralmente, no plural.
plerique, pleraeque, pleraque: a maior parte
Declina-se o 1º elemento pleri-, o elemento -que não varia.
Indefinidos negativos:
NUMERAL
Noções gerais
Cardinais
São declináveis: unus, duo, tres, as centenas de ducentos a nouecentos, milia (neutro plural).
unus duo tres
masc. fem. neutro masc. fem. neutro masc. fem. neutro
nominativo unus una unum duo duae duo tres tres tria
acusativo unum unam unum duos/duo duas duo tres tres tria
genitivo unius duorum duarum duorum trium
ablativo uno una uno duobus duabus duobus tribus
dativo uni duobus duabus duobus tribus
vocativo (une) (una) (unum) duo duae duo tres tres tria
Vnus, -a, -um, “um só, único”, segue a declinação dos adjetivos pronominais. Usa-se também o
plural (modelado nos adjetivos da 1a. classe):
a) com os substantivos pluralia tantum;
b) no significado de “somente”;
c) nas correlações uni… alteri…: “os únicos…, os outros...”.
Ex.: Vna lex, unus uir, unus annus nos liberauit. “Uma única lei, um único homem, uma única
velha nos liberou”.
Unas litteras mihi misisti. “Enviaste-me uma única carta”.
Duo, duae, duo, “dois”, adequa-se em parte aos adjetivos da 1a. classe, em parte aos da 3a
declinação.
Ex.: Duos pueros et duas puellas uidi. “Vi dois meninos e duas meninas”.
Tres, tria, “três”, segue os adjetivos da 2a. classe com duas formas.
Ex.: Tres urbes pacem petierunt. “Três cidades pediram a paz”.
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As centenas de duzentos a novecentos declinam-se como o plural dos adjetivos da 1a. classe,
apresentam um genitivo plural em -um, ao lado de -orum.
Mille tem plural milia (neutro) que, geralmente, tem depois dele o genitivo partitivo.
Ex.: Metellus uiginti milia hostium cecidit. “Metelo matou vinte mil inimigos”.
Os milhares se formam com o neutro pl. milia, declinado segundo as características da 3a.
declinação.
nominativo acusativo genitivo ablativo dativo vocativo
milia milia milium milibus milibus milia
Numeração
Os últimos dois números de cada dezena se formam subtraindo uma ou duas unidades da
dezena superior.
Ex.: 18: duodeuiginti
29: unodetriginta.
Os primeiros sete números de cada dezena se formam adicionando cada unidade segundo
esta ordem: ou primeiro as unidades e depois a dezena, com a conjunção et, ou antes a dezena e
depois a unidade sem a conjunção.
Ex.: 25: quinque et uiginti ou uiginti quinque,
43: tres et quadraginta ou quadraginta tres.
Os números superiores a 100 expressam-se em ordem decrescente, do maior e geralmente
sem conjunção; mas se o número é expresso somente por milhares e centenas, os dois elementos
numéricos são coligados por conjunção.
Ex.: 172: centum septuaginta duo,
3115: tria milia centum quindecim,
1200 (uiri): mille et ducenti (uiri).
Distributivos
São adjetivos pluralia tantum que se declinam como os adjetivos da 1a. classe.
No genitivo plural masculino e neutro, formam-se com a desinência -um em vez de -orum
(binum, quinum), exceto singuli, que tem sempre -orum.
Usam-se:
a) para indicar quantos seres animados ou coisas são considerados a cada um ou a cada vez;
b) para substituir os cardinais com os substantivos pluralia tantum e com aqueles que no plural têm
significado diverso do singular, mas no lugar de singuli usa-se uni, no lugar de terni se usa trini;
Ex.: Singuli carri ducebantur. “Os carros eram conduzidos uma a um”;
Tullia mea litteras trinas reddit. “Minha Tulia me entregou três cartas”.
c) para exprimir, nas multiplicações, o multiplicando.
Ex.: Ter quina sunt quindecim. “Três vezes cinco são quinze”.
Multiplicativos
São advérbios numerais, logo indeclináveis, formam-se com o sufixo -ies (a partir de
quinquies) acrescido à raiz do cardinal.
Usam-se:
a) sozinhos ou, geralmente, antes de uma determinação temporal, expressa com in e ablativo.
Ex.: Tiberis duodecies campum Martium inundauit. “O Tibre inundou o Campo de Marte doze
vezes”;
b) para indicar, nas multiplicações, o multiplicador.
Ex.: Bis dena sunt uiginti. “Duas vezes dez são vinte”.