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SUMÁRIO

MATERIAL PARA O(A) PROFESSOR(A) ...................................................................... pág 01

GEOGRAFIA ............................................................................................................... pág 03


Planejamento 1: Os avanços tecnológicos e a globalização e suas
consequências ....................................................................................... pág 03

HISTÓRIA ................................................................................................ pág 21


Planejamento 1: A capoeira como resistência da cultura afro-brasileira ...... pág 21
Planejamento 2: Impactos socioambientais na Capitania das
Minas Gerais no século XVIII .................................................................. pág 31

FILOSOFIA............................................................................................... pág 42
Planejamento 1: O que fazer? As ações humanas e a construção do
mundo que vivemos............................................................................... pág 42
Planejamento 2: Quem te deu direito para isso? A reflexão sobre os
direitos humanos e os direitos dos animais não humanos ......................... pág 52
Planejamento 3: Qual o limite da manipulação da vida? A bioética na
filosofia ................................................................................................. pág 64

SOCIOLOGIA ........................................................................................... pág 77


Planejamento 1: O campo, a cidade e os fenômenos sociais nas duas
realidades. ............................................................................................ pág 77
MATERIAL PARA O ESTUDANTE ................................................................................... pág 03

GEOGRAFIA ............................................................................................................... pág 03


Atividade 1: Os avanços tecnológicos e a globalização e suas
consequências ....................................................................................... pág 03

HISTÓRIA ................................................................................................ pág 105


Atividade 1: A capoeira como resistência da cultura afro-brasileira ............ pág 105
Atividade 2: Impactos socioambientais na Capitania das
Minas Gerais no século XVIII .................................................................. pág 108

FILOSOFIA............................................................................................... pág 113


Atividade 1: O que fazer? As ações humanas e a construção do
mundo que vivemos............................................................................... pág 113
Atividade 2: Quem te deu direito para isso? A reflexão sobre os
direitos humanos e os direitos dos animais não humanos ......................... pág 117
Atividade 3: Qual o limite da manipulação da vida? A bioética na
filosofia ................................................................................................. pág 123

SOCIOLOGIA ........................................................................................... pág 129


Atividade 1: O campo, a cidade e os fenômenos sociais nas duas
realidades. ............................................................................................ pág 129
Prezado(a) Professor(a),

No intuito de contribuir com seu trabalho em sala de aula, preparamos este caderno com muito
carinho. Por meio dele, você terá a oportunidade de ampliar o trabalho já previsto em seu
planejamento. O presente caderno foi construído tendo como base os Planos de Curso 2024,
que foram elaborados a partir das competências e habilidades estabelecidas na BNCC e no
CRMG a serem desenvolvidas e trabalhadas por todas as unidades escolares da rede pública de
Minas Gerais. Aborda os diversos componentes curriculares e para facilitar a leitura e manuseio
foi organizado de forma linear. Contudo ao implementá-lo em sala de aula, você professor,
poderá recorrer aos planejamentos de forma não sequencial, atendendo às necessidades
pedagógicas dos estudantes. É preciso atentar-se, apenas, para os conhecimentos que são
pré-requisitos, ou seja, aquele que foram trabalhados nos planejamentos anteriores e que
precisam ser retomados com os estudantes para a construção do novo conhecimento em
questão.

Como o principal objetivo deste material é o trabalho com o desenvolvimento de habilidades,


este caderno vem com o propósito de dialogar com sua prática e com o seu planejamento
dentro das habilidades básicas - aquelas que devemos assegurar que todos os nossos
estudantes aprendam.

Por assim dizer, destacamos ainda, que o livro didático continua sendo um instrumento
eficiente e necessário, principalmente por não anular o papel do professor de mediador
insubstituível dentro dos processos de ensino e de aprendizagem. Coracini (1999) nos diz que
“o livro didático já se encontra internalizado no professor (...) o professor continua no controle
do conteúdo e da forma (...)”, reafirmando que, o que torna o livro didático e o que torna os
Cadernos MAPA eficientes, é justamente a maneira como o professor utiliza-os junto aos
estudantes.

Desejamos a você, professor(a), um bom trabalho!

Equipe da Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores

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MATERIAL DE APOIO PEDAGÓGICO PARA APRENDIZAGENS – MAPA
REFERÊNCIA
2024

Geografia

COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:

Competência 4: Analisar as relações de produção, capital e trabalho em diferentes territórios, contextos e


culturas, discutindo o papel dessas relações na construção, consolidação e transformação das
sociedades.

OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:

O Meio Técnico, Científico e (EM13CHS401) Identificar e analisar as relações entre sujeitos, grupos,
Informacional e os impactos classes sociais e sociedades com culturas distintas diante das
no uso do território pelas transformações técnicas, tecnológicas e informacionais e das novas
relações do mundo do formas de trabalho ao longo do tempo, em diferentes espaços (urbanos
trabalho. e rurais) e contextos.
Indicadores socioeconômicos: (EM13CHS402) Analisar e comparar indicadores de emprego, trabalho e
conceito, aplicação e análise renda em diferentes espaços, escalas e tempos, associando-os a
em diferentes escalas e processos de estratificação e desigualdade socioeconômica.
lugares. (EM13CHS103) Elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor
A dinâmica da natureza e os argumentos relativos a processos políticos, econômicos, sociais,
impactos causados pela ação ambientais, culturais e epistemológicos, com base na sistematização de
antrópica no Brasil e no dados e informações de diversas naturezas (expressões artísticas, textos
mundo. filosóficos e sociológicos, documentos históricos e geográficos, gráficos,
mapas, tabelas, tradições orais, entre outros).

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: Os avanços tecnológicos e a globalização e suas consequências
A) APRESENTAÇÃO:
O século XXI testemunhou um rápido avanço nas inovações tecnológicas, desencadeando transformações
profundas nos indicadores socioeconômicos e, simultaneamente, apresentando desafios ambientais
significativos. Essa interconexão complexa entre tecnologia, sociedade e meio ambiente molda a trajetória
do desenvolvimento humano, demandando uma análise crítica e estratégias de mitigação.
Em primeiro plano, as inovações tecnológicas têm impulsionado o crescimento econômico, proporcionando
eficiência, automação e acesso a novos mercados. A revolução digital, por exemplo, transformou a forma
como as empresas operam, estimulando a produtividade e promovendo a globalização. Contudo, esse
avanço tecnológico nem sempre se traduz em benefícios uniformes para a sociedade. A automação pode
gerar desigualdades socioeconômicas, deslocando trabalhadores e exigindo uma adaptação rápida das
habilidades da força de trabalho.
No âmbito dos indicadores socioeconômicos, a tecnologia também desempenha um papel crucial na
educação, saúde e inclusão social. A conectividade global e a disseminação de dispositivos digitais facilitam
o acesso à informação e oportunidades educacionais. No entanto, a exclusão digital persistente pode
ampliar a lacuna entre os que têm e os que não têm acesso, exacerbando as disparidades sociais.

3
Ao mesmo tempo, o progresso tecnológico muitas vezes contribui para problemas ambientais, como a
pegada de carbono crescente e a produção excessiva de resíduos eletrônicos. A extração de recursos
naturais para a fabricação de dispositivos tecnológicos pode levar à degradação ambiental e
esgotamento de recursos. A gestão inadequada de resíduos eletrônicos apresenta riscos significativos
para a saúde humana e o meio ambiente.
O desenvolvimento sustentável torna-se, portanto, imperativo para conciliar o progresso tecnológico
com a preservação ambiental e a equidade social. Estratégias como a economia circular, que promove a
reutilização e reciclagem de produtos, são essenciais. Além disso, investir em tecnologias verdes e
promover práticas empresariais socialmente responsáveis pode atenuar os impactos negativos no
ambiente.
Em resumo, as inovações tecnológicas moldam de maneira intrínseca os indicadores socioeconômicos e
os problemas ambientais. Uma abordagem holística e colaborativa, que equilibre o progresso tecnológico
com considerações éticas e ambientais, é essencial para criar um futuro sustentável e inclusivo. A busca
por soluções inovadoras deve ser acompanhada por uma reflexão constante sobre os impactos sociais e
ambientais, promovendo uma sociedade que prospera de maneira equitativa e em harmonia com o meio
ambiente.
O desenvolvimento deste plano de curso do bimestre se dará na intersecção entre as relações entre
sujeitos, grupos, classes sociais e sociedades com culturas distintas diante das transformações técnicas,
tecnológicas e informacionais (EM13CHS401) possibilitaram o desenvolvimento da sociedade alterando
renda, escolaridade, expectativa de vida em escala local e global (EM13CHS402), e como também
impactaram e impactam estes mesmos indicadores pela degradação ambiental (EM13CHS103).
Neste planejamento 3 eixos são abordados para o desenvolvimento das habilidades propostas:
● Globalização e fluxos;
● Taxa de natalidade, mortalidade, fecundidade, IDH, PIB;
● Aquecimento global e problemas ambientais.
Para consulta utilize o livro didático do 7º, 8º e 9º ano do ensino fundamental da editora Moderna -
Araribá Mais Geografia, Por uma outra globalização de Milton Santos e os relatórios AR do IPCC.

B) DESENVOLVIMENTO:

1º MOMENTO

Organização da turma A escolha do professor.

Texto impresso ou no quadro.


Recursos e providências Projetor Multimídia.
Acesso à internet.

Apresente os textos sobre o início do processo de globalização para os estudantes através da ideia de
que as inovações tecnológicas não são processos atuais e contemporâneos. Explique que as inovações
tecnológicas podem ser identificadas no ser humano em todos os seus períodos, e que essas inovações
possibilitaram a ampliação do horizonte habitável e de recursos naturais transformáveis. Use as
tecnologias desenvolvidas nas Grandes Navegações como introdução e em seguida apresente as
transformações dos fluxos de informação, capitais e mercadorias para o desenvolvimento
contemporâneo de desenvolvimento tecnológico.

4
Para a execução do planejamento em sala de aula sugerimos que se divida a aula em 3 momentos, que
abordam aspectos específicos da globalização e como o meio técnico-científico-informacional atua sobre
essa égide: I) fluxos informacionais; II) fluxos de mercadorias; III) fluxos de capitais (Cechinel, 2022).

Desenvolva com os estudantes a ideia de que as distâncias no mundo apesar de inalteradas, com o
passar dos anos e desenvolvimento tecnológico o tempo para que pontos diferentes do globo se
conectem está cada vez menor. Apresente a imagem abaixo ou faça um quadro com o tipo de meio de
transporte, sua velocidade média e ano e seu desenvolvimento (Cechinel, 2022).

Conteúdos/materiais que são direcionados aos estudantes.

 TEXTOS 1 E 2 ( ícone clicável)

Após esse momento faça um histórico de como o desenvolvimento de tecnologias variadas como: a
bússola, os astrolábios, a caravela, relógios, os mapas portulanos e sistemas de coordenadas;
culminaram na expansão do mundo conhecido. Aponte para o estudante que As Grandes Navegações e
o descobrimento das Américas é considerado como início da globalização.

Em seguida, elaborem uma lista das atividades que realizam diariamente e que estão diretamente
relacionadas às tecnologias da informação.

2º MOMENTO

Organização da turma A escolha do professor.

Texto impresso ou no quadro.


Recursos e providências Projetor Multimídia.
Acesso à internet.

Ao iniciar o segundo momento com os estudantes relembre a importância dos avanços tecnológicos para
a produção de riqueza no mundo, porém direciona a reflexão dos estudantes sobre a incorporação
dessas tecnologias na vida da sociedade em geral. Um caminho pedagógico é mostrar como as
inovações da corrida espacial são utilizadas no nosso cotidiano como: fogão de micro-ondas, satélites e
comunicação sem fio. Explique que essas inovações podem melhorar a qualidade de vida da população
que têm acesso a essa tecnologia, e que é possível mensurar essa melhoria através de indicadores e
índices como: Taxa de natalidade e mortalidade, fecundidade, IDH, PIB entre outros.
Conteúdos/materiais que são direcionados aos estudantes.

 TEXTO 3 ( ícone clicável)

Após o desenvolvimento do 2º momento solicite aos estudantes que avaliem a posição do Brasil com
relação ao IDH, PIB e Gini e se suas posições relativas estão condizentes aos 3 indicadores. Após a
avaliação dos estudantes guie a análise para que eles possam entender a má distribuição da riqueza no
país.

5
3º MOMENTO

Organização da turma A escolha do professor.

Recursos e Texto impresso ou no quadro.


providências Projetor Multimídia.
Acesso à internet.

Ao iniciar o terceiro momento com os estudantes, aponte para os mesmos que a produção e uso das
novas tecnologias desenvolvidas exigem o consumo de recursos naturais e o consequente descarte dos
resíduos e rejeitos na natureza. Explique que esse descarte afeta diretamente a sociedade, pois polui as
mesmas fontes de recursos necessárias para a existência do ser humano e de outros seres vivos no
planeta. Conceitue a obsolescência programada e os tipos de poluição que afetam solo e recursos
hídricos, como a urbanização do planeta agride a natureza e a emergência das mudanças climáticas

Conteúdos/materiais que são direcionados aos estudantes.

 TEXTO 4 ( ícone clicável)

6
ANEXO
TEXTOS 1 E 2

Texto 1
Num mundo onde fronteiras se desvanecem diante da interconectividade digital, os avanços
tecnológicos e a globalização emergem como forças motrizes que moldam o tecido da sociedade
contemporânea. Neste cenário dinâmico, a interação entre inovações tecnológicas e o alcance
globalizado redefine paradigmas, impulsionando a humanidade para uma era de oportunidades e
desafios sem precedentes (Santos, 2000).
Os avanços tecnológicos desempenham um papel pivotal na transformação de nossas vidas diárias.
Desde a revolução digital até a inteligência artificial, a rápida evolução tecnológica permeia todos os
setores, desde a economia até a educação. A conectividade instantânea, proporcionada por
dispositivos inteligentes e redes de alta velocidade, encurta distâncias e cria uma teia complexa de
interações globais. À medida que a inteligência artificial se torna mais sofisticada, os horizontes da
inovação se expandem, influenciando desde a medicina até a produção industrial (Cechinel, 2022).
A globalização, por sua vez, transcende as fronteiras físicas, conectando economias e culturas de
maneiras antes inimagináveis. O comércio internacional se intensifica, proporcionando oportunidades
econômicas e desafios inéditos. As redes sociais e as plataformas de comunicação instantânea
amplificam vozes individuais, criando uma conscientização global sobre questões sociais e políticas.
Essa interconectividade redefine a noção de comunidade, promovendo uma compreensão mais
profunda e empática entre as diversas culturas do mundo (Santos, 2000).
No entanto, à medida que testemunhamos essa fusão entre avanços tecnológicos e globalização,
também nos deparamos com desafios complexos. Questões éticas em torno da inteligência artificial, a
disparidade digital entre nações e as preocupações com a privacidade são apenas algumas das
sombras que acompanham esse progresso acelerado. A globalização, por vezes, cria fraturas sociais e
econômicas, desafiando-nos a encontrar um equilíbrio entre a interconectividade e a preservação das
identidades culturais individuais (Cechinel, 2022).
Em suma, a simbiose entre avanços tecnológicos e globalização está moldando a narrativa do século
XXI. À medida que exploramos as vastas possibilidades oferecidas por essas forças transformadoras,
é imperativo que, como sociedade global, estejamos atentos às implicações éticas e sociais que
surgem. Somente ao abraçarmos essas mudanças com uma perspectiva informada e compassiva
podemos forjar um futuro onde a inovação e a conectividade coexistam harmoniosamente,
capacitando a humanidade a alcançar todo o seu potencial (Cechinel, 2022).

7
Evolução dos meios de transporte

Fonte: (Miquel, 2023)


Em razão de avanços tecnológicos nos meios de telecomunicação, pessoas passaram a realizar
negócios em tempo real. Assim, na medida em que foi possível estabelecer negociações em qualquer
parte do mundo houve uma revolução, sobretudo no comércio mundial. Atualmente o espaço
geográfico conta com uma ampla rede de comunicação, essas redes de comunicação são
continuamente aprimoradas pelas tecnologias desenvolvidas na atualidade como a internet e a rede
de celulares (Cechinel, 2022).
População com acesso à internet

Fonte: (Insper, 2021)

8
Imagem 3 – População com acesso à internet: mulheres e homens

Fonte: (Insper, 2021)


Texto 2
A circulação de mercadorias no espaço geográfico é proporcionada pelos avanços nos meios de
transporte. A criação e aperfeiçoamento das tecnologias aplicadas à construção de aviões e navios
cargueiros tornaram o comércio mundial mais dinâmico. O fluxo mundial de mercadorias e produtos é
desigual, pois se concentra entre países desenvolvidos. Anualmente, a circulação de mercadorias
movimenta mais de 37 trilhões de dólares em produtos, China e EUA são responsáveis por
aproximadamente 43% do comércio mundial. Atualmente, a instituição que regulamente os fluxos de
mercadorias é a Organização Mundial do Comércio (OMC) (Cechinel, 2022).
Imagem 4 – Comércio de mercadorias

Fonte: (CSI, 2016)

Atualmente apenas alguns países integram os centros dinâmicos da economia mundial, que é
integrado e virtual, os grandes centros financeiros, para onde os capitais convergem e de onde se

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dispersam, estão em cidades dos países centrais como: EUA, Alemanha, Inglaterra, França; contudo é
possível encontrar em países emergentes como: Brasil, México, China e Coréia do Sul. As bolsas de
valores representam o ponto focal de negociação desse capital, que em 2016 movimentou mais de 67
trilhões de dólares no mundo. Nas bolsas de valores são negociadas as ações de empresas privadas e
públicas, ações são uma parte pequena do patrimônio de uma empresa, esta ação garante ao seu
comprador (investidor) direito de participar do lucro ou arcar com o prejuízo da empresa em que
investe (Cechinel, 2022).
Imagem 5 – As maiores bolsas de valores do mundo

10
Fonte: (INVESTIDOR, 2020) Fonte: (Insper, 2021)

11
TEXTO 3

A taxa de natalidade remete à quantidade de nascimentos em relação a um dado contingente


populacional. Mais precisamente, ela é a relação entre os nascimentos e a quantidade total da
população de uma unidade geográfica (país, cidade, bairro etc.) (Cechinel, 2022). Expressa por mil
habitantes e pode ser calculada por meio da seguinte fórmula:
Imagem 5 – Fórmula da taxa de natalidade

Fonte: (Cechinel, 2022)

Já a taxa de mortalidade remete à quantidade de óbitos em relação a um dado contingente


populacional. Ela é o quociente entre as mortes registradas em determinado período em uma dada
unidade geográfica e a população total expressa por mil habitantes (Cechinel, 2022).

Imagem 6 – Fórmula da taxa de mortalidade

Fonte: (Cechinel, 2022)

A princípio, esses dados são uma primeira aproximação sobre as condições socioeconômicas e de
desenvolvimento da população em determinada região. Por exemplo, uma alta taxa de mortalidade
pode significar condições sanitárias precárias ou conjunturas econômicas e políticas desfavoráveis de
um país, região, cidade ou bairro. As taxas de natalidade elevadas podem, ao mesmo tempo, sugerir
perspectivas econômicas favoráveis ou de incentivos para formar uma família, mas também podem
indicar questões mais estruturais, como o não acesso à informação sobre métodos contraceptivos
(Cechinel, 2022).
Ao longo das últimas décadas, podemos observar no mundo todo uma redução do número de filhos no
decorrer da vida reprodutiva dos casais. A taxa de fecundidade remete justamente a isso, pois indica o
número médio de filhos que uma mulher tem durante sua idade reprodutiva (entre 15 e 49 anos de
idade, para fins de uniformidade dos dados). A queda dessa taxa é, normalmente, a responsável pela
desaceleração da taxa de crescimento vegetativo, uma vez que, quanto menos filhos tem uma mulher,
menor tende a ser o crescimento vegetativo (Cechinel, 2022).
Se calcularmos a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de determinada área,
conseguimos quantificar o crescimento de sua população, independentemente de movimentos
migratórios — é o chamado crescimento vegetativo ou crescimento natural.
A taxa de crescimento vegetativo é calculada pela diferença entre as taxas de natalidade e de
mortalidade, conforme fórmula a seguir:
Imagem 7 – Fórmula do crescimento vegetativo

Fonte: (Cechinel, 2022)

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é um indicador criado pela Organização das Nações
Unidas (ONU) que avalia a qualidade de vida das pessoas em praticamente todos os países. Em sua
composição consideram-se a expectativa de vida, a escolaridade e o rendimento per capita da
população (Dellore, 2018).

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O IDH varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano do país. A
classificação é feita dividindo os países em quatro grupos:
▪ desenvolvimento humano muito elevado;
▪ desenvolvimento humano elevado;
▪ desenvolvimento humano médio;
▪ desenvolvimento humano baixo.

Imagem 8 – Planisfério: Índice de desenvolvimento humano (2015)

Fonte: (Dellore, 2018)


Observe as duas tabelas a seguir. Na primeira, temos as informações a respeito dos países que
apresentam as maiores e menores taxas de natalidade do mundo. Compare essas informações com os
dados do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos mesmos países. Podemos dizer que existe
relação entre as taxas de natalidade e o desenvolvimento socioeconômico dos países? (Cechinel,
2022).

Imagem 8 – Taxa de natalidade bruta (2015 – 2018) e IDH (2018)

Fonte: (Insper, 2021)

Fonte: (Cechinel, 2022)


O crescimento econômico dos países é um dos aspectos considerados pelos indicadores

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socioeconômicos. Ele pode ser medido pelo Produto Interno Bruto (PIB). O PIB é a soma de tudo o que
é produzido em um país (bens e serviços) durante determinado período. Quanto maior o PIB, maior a
quantidade de riqueza gerada no país (Dellore, 2018).
O PIB per capita é o Produto Interno Bruto dividido pelo número de habitantes de um país e indica a
parte que corresponde a cada indivíduo, em média, do total produzido no país.
O problema desse indicador econômico é que ele não considera as diferenças de rendimento entre as
pessoas, pois é calculado por meio de uma média, e não pelo valor que cada pessoa produziu ou
recebeu, o que omite a concentração de riqueza nas mãos de uma minoria (Dellore, 2018).
Imagem 9 – Produto interno Bruto do mundo

Fonte: (Wikipédia, 2023)


Para medirmos o nível de concentração de renda em um determinado país ou grupo, utilizamos um
índice conhecido como GINI, que apresenta o rendimento entre a população mais pobre e a mais rica.
Esse índice tem como referência valores de zero a cem; quanto mais próximo de cem for o índice,
maior será a desigualdade apresentada naquela população (Dellore, 2018).

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Imagem 10 – Planisfério: Gini (início do século XXI)

Fonte: (Dellore, 2018)

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TEXTO 4

A publicidade é uma das ferramentas mais poderosas para influenciar o comportamento de massa,
transformando marcas em objeto de desejo ou tornando o consumo de determinados produtos parte
do modo de vida de segmentos numerosos da população (Cechinel, 2022).
Outro instrumento de criação de demandas é a chamada obsolescência programada, que consiste em
um conjunto de ações por meio das quais os fabricantes determinam a vida útil média dos produtos
que colocam à venda com o objetivo de induzir os consumidores a substituí-los de tempos em tempos,
em ciclos curtos. No caso de equipamentos eletrônicos, o fim da vida útil pode ser definido por meio
do uso de componentes que tendem a se danificar após determinado tempo e cuja substituição ou
conserto envolvem custos que tornam a compra de um novo equipamento mais vantajosa. A
obsolescência desses produtos pode ser programada ainda com o lançamento de novas versões que
atualizam algumas funções, muitas vezes sem alterar a essência do produto, mas que trazem o apelo
da inovação para gerar, entre os usuários das versões anteriores, a sensação de que se utiliza um
equipamento ultrapassado, despertando o interesse por um produto novo (Cechinel, 2022).

Imagem 11 – Evolução dos iPhones

Independentemente do motivo, o desperdício em grande escala está associado a vários problemas Fonte: (CRUZ; RIBEIRO, 2023)

ambientais graves, nas cidades e em áreas não urbanas, como a sobrecarga de aterros sanitários, a
formação de lixões, a poluição e o acúmulo de detritos em rios e oceanos. O consumismo e o
desperdício também contribuem para acelerar os ciclos de produção, o que se reflete no aumento da
emissão de gases de efeito estufa e em impactos em ambientes naturais para a extração de matérias-
primas e a produção de alimentos (Cechinel, 2022).
Com o crescimento das cidades, amplia-se a demanda por recursos e infraestrutura, o que aumenta
os impactos sobre a natureza tanto nas áreas urbanas como nas rurais. De um lado, há uma profunda
transformação do espaço baseada na exploração intensa dos recursos naturais; de outro, a difusão do
modo de vida urbano segundo as características capitalistas anteriormente discutidas também chega
ao campo, com a incorporação de novos métodos produtivos e novos hábitos de consumo (Cechinel,
2022).

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Imagem 12 – Categorias de poluição e suas causas

Fonte: (Cechinel, 2022)

A expansão da urbanização causa significativos efeitos sobre o clima nas cidades, interferindo nas
dinâmicas atmosféricas. O lançamento de partículas e gases poluentes, a retirada da cobertura
vegetal, a impermeabilização do solo e o adensamento das áreas construídas são alguns dos
fenômenos que causam graves impactos, nem sempre restritos a uma cidade ou a suas áreas
centrais, podendo ter uma abrangência regional; combinados, os efeitos produzidos por essas
alterações podem até mesmo ter um alcance global. A reunião de grande parcela da população
mundial de maneira concentrada no espaço geográfico tende a agravar os impactos ambientais e
intensificar a ocorrência de eventos naturais extremos, com potencial de provocar tragédias como
enchentes e deslizamentos de terra de grandes proporções (Cechinel, 2022).
As emissões de poluentes atmosféricos oriundas da geração de energia, da circulação de veículos e de
atividades industriais nas cidades, além de propulsoras das transformações climáticas globais, estão
relacionadas a problemas ambientais que se manifestam em escala local, prejudicando diretamente os
moradores dos centros (IPCC, 2023).

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Entre esses poluentes o dióxido de carbono (CO2), liberado pela queima de combustíveis fósseis
oriundos do petróleo como a gasolina, diesel e querosene de aviação, mas também através do
desmatamento e queima das árvores. No mundo em geral a principal preocupação está na queima de
combustíveis fósseis, pois a matriz energética global ainda é muito dependente dessa fonte de energia
para todos os usos. Contudo o Brasil tem uma vantagem estratégica pela utilização do etanol e
biodiesel, como também na geração de energia elétrica por hidrelétricas, que não emitem CO2. A
maior causa de emissões de CO2 brasileiras são as queimadas, principalmente na região norte do país,
na Floresta amazônica (IPCC, 2023).
O CO2 é o principal gás causador do efeito estufa, que é um fenômeno benéfico para a existência de
vida no planeta, já que ele acarreta no aumento da temperatura da superfície do planeta, mantendo a
maior parte da água da Terra em estado líquido, essencial à existência de vida. Porém grande parte
do CO2 está acumulado nos tecidos dos seres vivos e nos combustíveis fósseis, ao ser liberado na
atmosfera o efeito estufa é intensificado, causando as mudanças climáticas, sendo uma das
consequências o aquecimento global. Segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas
(IPCC) até 2040 as temperaturas médias podem subir mais de 1,5ºC. Este pequeno aumento na
temperatura média pode trazer consequências graves para o regime de chuvas, alterando o ciclo
hidrológico, savanizar áreas tropicais e aumentar os custos da produção de alimentos (IPCC, 2023).
A "savanização" refere-se ao processo de transformação de um ecossistema em uma savana, que é
um tipo de bioma caracterizado por uma mistura de gramíneas e árvores. Esse termo é comumente
utilizado na ecologia para descrever mudanças na vegetação de uma área que inicialmente poderia ter
características diferentes, como floresta ou outra forma de vegetação densa. A savanização pode
ocorrer devido a vários fatores, incluindo mudanças climáticas, incêndios, atividades humanas (como
desmatamento) e outros eventos ambientais. Essa transformação geralmente resulta em uma
paisagem mais aberta, com uma mistura de árvores espaçadas e vegetação herbácea.

Imagem 12 - Trajetórias de emissões globais consistentes com políticas implementadas e estratégias de mitigação

18
19
Fonte: (IPCC, 2023)
REFERÊNCIAS
CECHINEL, A. F.; Et al. FTD Sistema de Ensino: ensino médio: ciências humanas e sociais
aplicadas. 2º série. 2. ed. São Paulo: FTD, 2022.
CRUZ, Bruna Souza; RIBEIRO, Gabriel Francisco. Evolução dos iPhones | Da tela sensível ao
toque, ao boom dos apps até o FaceID. [S. I.] Disponível em:
https://www.uol/tecnologia/especiais/a-evolucao-do-iphone.htm.Acesso em 20 de novembro de 2023.
CSI, G. REVISÃO DE GEOGRAFIA – 8o A e B – Colégio Santa Isabel | Geografando. [S. I.]
Disponível em: https://geoaprendi.blogspot.com/2016/04/revisao-de-geografia-8-e-b-colegio.html.
Acesso em 20 de novembro de 2023.
CRUZ, Bruna Souza; RIBEIRO, Gabriel Francisco. Evolução dos iPhones | Da tela sensível ao
toque, ao boom dos apps até o FaceID. [S. I.] Disponível em:
https://www.uol/tecnologia/especiais/a-evolucao-do-iphone.htm.Acesso em 20 de novembro de 2023.
DELLORE, Cesar Brumini. et al. Araribá mais: Geografia. 1.ed. São Paulo: Ed. Moderna, 2018.
IPCC. Figure AR6 WG2. [S. I.] Disponível em: https://www.ipcc.ch/report/ar6/syr/figures/figure-
spm-5. Acesso em 20 de novembro de 2023.
INSPER. Acesso à internet segue desigual no mundo, aponta pesquisa. 2021. Disponível em:
https://www.insper.edu.br/noticias/acesso-a-internet-segue-desigual-no-mundo-aponta-pesquisa/.
Acesso em 20 de novembro de 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais: Ensino
Médio. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, Belo
Horizonte, 2022. Disponível em:
https://acervodenoticias.educacao.mg.gov.br/images/documentos/Curr%C3%ADculo%20Refer%C3%AA
ncia%20do%20Ensino%20M%C3%A9dio.pdf. Acesso em: 04 dez. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Plano de Curso: ensino médio. Escola de Formação
e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2023. Disponível em:
https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-crmg. Acesso em: 11 dez.
2023.
MIQUEL. Evolução Dos Meios De Transportes, [S. I.], 2023. Disponível em:
https://bid.meetbirmingham.com/la/evolucao-dos-meios-de-transportes.html. Acesso em: 20 nov.
2023.
Produto interno bruto. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2023.
Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Produto_interno_bruto#/media/Ficheiro:Gdp_nominal_and_ppp_2005_worl
d_map_single_colour.png. Acesso em 20 de novembro de 2023.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização : do pensamemto único à consciência universal.
1.ed. Rio De Janeiro: Editora Record, 2000.

20
MATERIAL DE APOIO PEDAGÓGICO PARA APRENDIZAGENS – MAPA
REFERÊNCIA
2024

COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:

Competência: 1: Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos
local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos
epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em
relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e
fontes de natureza científica.
Competência 2: Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e espaços,
mediante a compreensão das relações de poder que determinam as territorialidades e o papel
geopolítico dos Estados-nações.

OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:

Expansão territorial (EM13CHS101) Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas


brasileira e as expedi- expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão de ideias
ções oficiais. filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos,
Africanos no Brasil: cul- econômicos, sociais, ambientais e culturais.
tura resistência e
(EM13CHS205) Analisar a produção de diferentes territorialidades em suas
escravidão.
dimensões culturais, econômicas, ambientais, políticas e sociais, no Brasil e
no mundo contemporâneo, com destaque para as culturas juvenis.

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: A capoeira como resistência da cultura afro-brasileira.

A) APRESENTAÇÃO:
A sequência didática irá abordar a capoeira enquanto como uma manifestação cultural e forma de
resistência utilizada pelos negros durante o período colonial, relacionando-a ao contexto histórico e social
da época. Para essa sequência, vamos nos apoiar em metodologias que garantam o protagonismo dos
estudantes como:
▪ Roda de conversa sobre o tombamento da capoeira como patrimônio imaterial;
▪ Exibição de vídeo com questionário (em formato JigSaw) sobre a diáspora africana;
▪ Análise de letras de capoeira.
Nessa sequência iremos trabalhar com duas habilidades.
A habilidade 1 busca analisar contextos históricos através de fontes diversas como textos, imagens, e
músicas, nos quais vamos nos ancorar para realizar análises de contextos e expressões populares.
Já a segunda habilidade traz o conceito de territorialidade, onde a capoeira se insere enquanto expressão
cultural brasileira com características particulares de cada região e como um movimento que engloba
pessoas de diversas idades.

21
A sequência se inicia com uma sensibilização, ou seja, uma prática que mostra a valorização da capoeira
enquanto patrimônio imaterial. Em seguida os estudantes são convidados a conhecer o que é a diáspora
africana e relacioná-la à história da capoeira. No terceiro momento os estudantes deverão fazer uma
atividade utilizando a metodologia JigSaw (descrita abaixo) para responder o que foi aprendido através
de um vídeo. Para dar fundamentação teórica e histórica, o quarto momento promove uma análise de
trechos de textos acadêmicos e no último momento os estudantes farão análises das letras de músicas
de capoeira.

B) DESENVOLVIMENTO:

1º MOMENTO: SENSIBILIZAÇÃO

Organização da turma A escolha do professor.

Recursos e providências Texto impresso.

A sequência didática deverá iniciar com duas perguntas no quadro:

● “A capoeira é um jogo, uma dança ou uma luta?”


● Qual a origem da capoeira?”

O professor deverá ouvir os estudantes sobre a opinião deles. A ideia é que eles respondam que a
capoeira é uma mistura de jogo, luta e dança e que, apesar de ter nascido no Brasil, a capoeira possui
elementos culturais africanos como a religiosidade e a musicalidade baseada em instrumentos de
percussão. Em seguida trazer a notícia do reconhecimento da capoeira como Patrimônio Imaterial da
Humanidade. A leitura poderá ser feita em dupla, grupo ou individual. O objetivo dessa atividade é levar
um breve conhecimento sobre a capoeira e sobre a importância da cultura imaterial.

Capoeira é reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade

Mistura de dança e arte marcial, símbolo de resistência dos escravos, a roda de capoeira foi
reconhecida, nesta semana, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (Unesco), como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
Com o título, a capoeira se tornou a quinta manifestação cultural brasileira reconhecida pela
Unesco. O samba de roda do Recôncavo Baiano; o Kusiwa, arte e pintura corporal própria dos povos
indígenas Wajãpi, do Amapá; o frevo; e a peregrinação religiosa do Círio de Nazaré já foram incluídos
na lista do patrimônio cultural da ONU.
A técnica da capoeira era considerada subversiva e, até a metade da década de 30, foi
marginalizada. No governo de Getúlio Vargas, a capoeira foi reconhecida como esporte nacional. Em
2008, a capoeira foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Hoje, essa manifestação cultural afro-brasileira conquistou o mundo. É praticada em mais de
160 países, e por pessoas de todas as idades.
Para conversar sobre a importância dessa conquista, o Com a Palavra... entrevistou o
coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Capoeira, deputado Acelino Popó (PRB-BA).
(Duarte, 2014)

22
2º MOMENTO: DISCUTINDO A DIÁSPORA AFRICANA

Organização da turma A escolha do professor.

Recursos e providências Imagem projetada ou impressa.

Nesse segundo será abordada a diáspora africana. Para isso, introduza ao estudante o conceito de
diáspora, que significa a fuga forçada de seu território de origem. Cite exemplos como o caso dos
gregos e dos judeus, contextualizando esses dois exemplos. A partir desse conceito, exiba o infográfico
no projetor ou entregue para os estudantes a imagem impressa.

Imagem 1: Diáspora africana

Fonte: (SOARES, 2020)

A leitura do infográfico poderá trazer dúvidas aos estudantes quanto a alguns conceitos. Para isso,
registre no quadro as palavras e discuta com os estudantes seus significados.
Para conectar o assunto entre a diáspora africana e a capoeira, peça que os estudantes assistam ao
vídeo que apresenta essa relação chamado A DIÁSPORA AFRICANA - Portos de embarque,
escravidão, Capoeira e ancestralidade Prof. Carlos Eugênio (disponível em
https://youtu.be/pPhT_lzdSi8?si=NZwjLcxU6jxnLOAL) e peça-os que registrem as principais ideias
presentes no vídeo. Caso seja necessário e possível, exiba o vídeo em sua aula, lembrando que o vídeo
tem um tempo de 15 minutos. Uma outra opção para trabalhar com o mesmo tema é utilizar o texto
abaixo e fazer uma discussão em sala de aula.

23
 TEXTO: O GINGADO QUE VEM DA ÁFRICA ( ícone clicável)

3º MOMENTO: JIGSAW

Organização da turma Grupos de 5 pessoas.

Recursos e providências Vídeo do YouTube Questionário JigSaw.

A fim de conectar à aula anterior em que foi pedido que os estudantes assistissem ao vídeo A
DIÁSPORA AFRICANA - Portos de embarque, escravidão, Capoeira e ancestralidade Prof.
Carlos Eugênio (disponível em https://youtu.be/pPhT_lzdSi8?si=NZwjLcxU6jxnLOAL). Nesse momento
utilizaremos uma metodologia ativa chamada JigSaw, que em inglês significa “Quebra-cabeça”. Essa
metodologia tem por objetivo possibilitar a troca de informações entre estudantes de diferentes grupos
em que não estejam acostumados a conversar. Vamos ver como funciona:

JigSaw
1. Imprima o questionário abaixo. Como a atividade será em grupo, imprima de acordo com a
quantidade de grupos.
2. Recorte as perguntas em tiras, deixando um espaço para resposta e agrupando as perguntas em
sequência:

Pacote 1 Pacote 2 Pacote 3 Pacote 4 Pacote 5

Perguntas 1, 2, Perguntas 1, 2, Perguntas 1, 2, Perguntas 1, 2, Perguntas 1, 2,


3, 4, 5 3, 4, 5 3, 4, 5 3, 4, 5 3, 4, 5

3. Em sala peça para os estudantes montarem grupos de acordo com a quantidade de perguntas
em cada pacote (exemplo: caso sejam 5 perguntas, separe em grupos de 5 pessoas);
4. Peça-os para cada um escolher uma pergunta e tentar responder na própria folha. Nesse
momento os estudantes terão de 5 a 10 minutos para responder;
5. Terminado o tempo, redistribua os grupos de maneira que cada grupo fique com a mesma
pergunta.

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5

Pergunta 1 Pergunta 2 Pergunta 3 Pergunta 4 Pergunta 5

6. Cada grupo deverá discutir as respostas entre si e os estudantes poderão ajudar nas respostas.
Nesse momento eles terão também de 5 a 10 minutos para discutir;
7. Terminado o tempo, os estudantes voltam para seu grupo original. Nesse momento o professor
poderá intervir para discutir as respostas.
8. Ao final da discussão os estudantes deverão colocar as perguntas em um envelope com o nome
dos integrantes e entregar ao professor ou poderão montar um cartaz com as respostas.

 QUESTIONÁRIO JIGSAW - A CAPOEIRA E A DIÁSPORA AFRICANA ( ícone clicável)

24
4º MOMENTO: ANÁLISE DE FONTE SECUNDÁRIA

Organização da turma A escolha do professor.

Recursos e providências Texto impresso.

Esse é um momento de análise de fontes. O trabalho com as fontes é importante, pois garante um
embasamento histórico e teórico sobre a capoeira enquanto movimento de resistência à escravização de
pessoas. Os textos abordam a forma como a capoeira era vista pelos praticantes e pela sociedade
escravista patriarcal brasileira. Peça para os estudantes lerem os textos e em seguida faça uma roda de
conversa sobre outras formas de resistência à dominação dos senhores de engenho que os africanos
tinham como o samba, o sincretismo religioso e até mesmo as fugas para os quilombos.

 TEXTOS 1 E 2 ( ícone clicável)

5º MOMENTO: ANÁLISE DE LETRAS DE MÚSICA

Organização da turma Grupos de 5 pessoas.

Recursos e providências Texto impresso.

Como fechamento dessa sequência didática, proponha uma análise de cantigas de capoeira. Essas
cantigas que são cantadas nos dias de hoje contêm diversos elementos culturais da vida dos
descendentes de africanos como as expressões, os nomes e a forma como é cantada e tocada. Como
sugestão, procure as músicas e mostre para os estudantes conhecerem a musicalidade dessas letras e o
sentimento que é passado por elas.
Os estudantes deverão escolher uma das músicas e elaborar um cartaz com a letra e seus significados e
origens das expressões. Um exemplo é a música “Besouro Preto” que fala do capoeirista Besouro, que
viveu no início do século XX e na Bahia. Os estudantes devem pesquisar quem é ele e falar sobre as
crenças e símbolos que aparecem na música.

 TEXTO: BESOURO PRETO ( ícone clicável)

Para concluir o último momento o professor poderá utilizar dois recursos:

Exibição do filme
 Besouro.
Disponível em https://youtu.be/Y7H3PspISdU?si=ZymtG8-f0OOwJESy)
● Levar capoeiristas para ensinar os estudantes a filosofia por trás da capoeira.

25
ANEXO
TEXTO: O GINGADO QUE VEM DA ÁFRICA

O GINGADO QUE VEM DA ÁFRICA

Desde o século XVI, milhares de africanos deixaram forçadamente o seu continente em direção ao
Brasil para o trabalho escravo. O tráfico negreiro provocou um dos maiores deslocamentos
populacionais da história da humanidade, pois o Brasil hoje concentra a maior população negra fora
do continente africano. Apesar da dominação e exploração sobre esses sujeitos, existem marcas de
sua presença na identidade histórica e cultural brasileira.
Mesmo com todas as barbaridades em que os negros foram submetidos durante o processo de
escravidão no Brasil, percebe-se que não abandonaram sua identidade e cultura, chegando a
transmiti-la para seus descendentes e influenciando na construção da identidade brasileira. Mesmo
sob condições subumanas os africanos e afro-brasileiros não perderam sua identidade e deixaram
registradas manifestações culturais que são muito importantes para a história brasileira. Durante o
processo de escravidão, sua cultura negada e suprimida mantiveram vivas suas tradições chegando a
reproduzir e deixar marcas e uma delas é a capoeira.
Para os africanos escravizados em nossas terras, a dança e a música sempre tiveram uma função
social e religiosa. Durante esse período, a população negra tinha sua liberdade restrita só podendo
recorrer ao canto e à dança para manter viva sua cultura e identidade. Através da mistura com outros
povos e culturas, estilos musicais e danças ricas em espontaneidade foram surgindo e penetraram
também todo o interior do país, uma delas é a capoeira. A capoeira é um exemplo das marcas
deixadas pelos africanos no país e a cultura negra faz parte de nossa história.
De acordo com Areias (1983), a capoeira foi criada em terras brasileiras por africanos, tendo, assim,
uma origem afro-brasileira, porém sua origem ainda é muito discutida. Para Rego (1968, p.31), “tudo
leva a crer que seja uma invenção dos africanos no Brasil, desenvolvida por seus descendentes afro-
brasileiros, tendo em vista uma série de fatores colhidos em documentos escritos”. O autor chega a
essa conclusão tendo em vista também o seu convívio com capoeiras que vivem na Bahia.
A importância que a capoeira e o negro tiveram na constituição do Brasil é imensurável. Fizeram a
história e são parte dela, mesmo com todos os problemas enfrentados, como miséria, pobreza e
preconceito, e acima de tudo sem o apoio do Estado

Fonte: FARIA, M. C. L.; ARAÚJO, N. C. C. O Gingado Que Vem Da África: A Capoeira Na Construção Da Identidade Negra No
Brasil. Periferia, v. 10, n. 1, p. 179–201, 2018. Disponível em: https://www.redalyc.org/journal/5521/552157593011/html/.

26
QUESTIONÁRIO JIGSAW - A CAPOEIRA E A DIÁSPORA AFRICANA

Questionário JigSaw - A capoeira e a diáspora africana

1. Segundo o professor Carlos Eugênio, etnia é uma divisão política. O que isso quer dizer?

2. Por que o professor Carlos Eugênio afirma que já havia escravização na África, porém o europeu
deu uma dimensão “estúpida” para esse processo?

3. Por que africanos trazidos para a América Portuguesa como cativos eram rebatizados e seus
sobrenomes alterados para nomes de regiões da África como Angola, Cabinda e Moçambique?

4. De acordo com o vídeo, a capoeira foi uma invenção brasileira ou africana?

5. Existe alguma relação entre a capoeira e outras expressões culturais na América ou esse tipo de
expressão ocorre somente no Brasil?

27
TEXTOS 1 E 2

Texto 1
A capoeira escrava: resistência no sistema escravista
A escravidão negra era um negócio lucrativo para a metrópole portuguesa e para os fazendeiros.
Ambos obtinham renda de duas formas: na produção da mercadoria (fabricação de açúcar e depois
café), através da utilização da mão-de-obra escrava, e na compra e venda desta mão-de-obra. Esse
regime escravista brasileiro foi, com o tempo, encontrava resistência de intelectuais favoráveis à
abolição da escravatura. Foi dessa resistência que a população negra aperfeiçoou as suas práticas de
lutas existentes no continente africano. Essa prática consistia em técnicas de pernadas e cabeçadas
utilizadas na luta corporal. Essa luta ficou conhecida como capoeira e, no universo literário, demarca o
período da capoeira escrava. Mestre Magal expressa essa lógica ao falar sobre a origem da prática da
capoeira:
A prática da capoeira tem relação com um ritual que havia a algum tempo atrás
no continente africano que, segundo Mestre Moraes, era uma luta de pernada e
cabeçada (n´golo) imitada dos animais. Os rapazes que praticavam esta luta
fazia uma disputa onde quem ganhava levava a donzela.

Soares (1994, p.25), ao pesquisar os registros policiais, percebe que a identidade africana era um forte
componente dos detidos por prática de capoeiragem, o que reforça a ideia da capoeira ser uma
invenção escrava, tendo sido criado no Brasil, nas condições da escravidão urbana como prática social
e tendo os africanos como praticantes majoritariamente.
(COSTA, 2018, p. 2)

Texto 2
Surgida a capoeira e fazendo parte de suas vidas, os negros a praticavam tanto nas fazendas quanto
nos terreiros. No entanto, de acordo com Mello (1996, p. 32),

essa prática se dava de maneira clandestina, pois, uma vez que ela era utilizada
como arma de luta, os senhores de engenho passaram a coibi-la
veementemente, submetendo a terríveis torturas todos aqueles que a
praticassem.

Santos (1990, p. 19) comenta que, para assegurar a sobrevivência da capoeira naquela época, os
capoeiristas, quando na presença dos senhores de engenho, praticavam-na em forma de brincadeira,
quando, na verdade, estavam treinando.
O berimbau, que servia para dar ritmo, também servia para anunciar a chegada de um feitor, ou seja,
a hora de transformar a luta em dança.
Com o passar dos tempos, os nossos colonizadores perceberam o poder fatal da
capoeira, proibindo esta e rotulando a de ‘arte negra’ (SANTOS, 1990, p. 34).

(Fontoura; Guimarães, 2002, p. 143)

28
TEXTO: BESOURO PRETO

Besouro Preto Berimbau Mandou Benzer

Abadá Capoeira Abadá Capoeira


Lá, lá e lá
Quem é você que acaba de chegar ( Coro )
Lê, lê
Eu sou Besouro Preto
Mandinga de Angola,
Besouro de Mangangá
Berimbau mandou se benzer
Eu vim lá de Santo Amaro Ê, ê, ê, berimbau mandou se benzer
Vim aqui só pra jogar
Ê, ê, ê, berimbau mandou se benzer
Quem é você que acaba de chegar
Quem é você que acaba de chegar ( Coro ) Capoeira é malícia e mandinga
Mantendo sua tradição
Eu sou Besouro Preto E reza pra todos os santos
Besouro de Mangangá E aos seus orixás pedindo proteção
Ando com corpo fechado Ê, ê, ê, berimbau mandou se benzer
Carrego meu patuá Ê, ê, ê, berimbau mandou se benzer
Quem é você que acaba de chegar Agachado ao pé do berimbau
Quem é você que acaba de chegar ( Coro ) Ele fez o sinal da cruz
Capoeira é sua estrela guia
Me chamam Besouro Preto É ela que te conduz
Besouro de Mangangá Ê, ê, ê, berimbau mandou se benzer
Bala de rifle nào me pega Berimbau é quem comanda o jogo
Que dirá faca de matar Seus rostos como cazumbá
Quem é você que acaba de chegar O negro tem corpo fechado
Pois leva seu patuá
Quem é você que acaba de chegar ( Coro )
Ê, ê, ê, berimbau mandou se benzer
Aqui em Maracangalha No ar há desejo de briga
Você não vai escapar Os olhos não vão desviar
Contra faca de tucum E no canto do mandingueiro
Cantigas de provocar
Ninguém pode se salvar
Ê, ê, ê, berimbau mandou se benzer
Quem é você que acaba de chegar
O aperto de mão é manhoso
Quem é você que acaba de chegar ( Coro ) Sem saber como vai terminar
O que é certo na volta do mundo
É que vão se encontrar
Ê, ê, ê, berimbau mandou se benzer

Fonte: Vagalume, 2023. Disponível em: Fonte: Vagalume, 2023. Disponível em:
https://www.vagalume.com.br/abada-capoeira/besouro- https://www.vagalume.com.br/abada-
preto.html#. capoeira/berimbau-mandou-benzer.html#.

29
Balaio de Café
Capoeira Brasil

Oi, nego pego balaio de café


Oi, nego leva o filho e a mulher
Oi, nego pego balaio de café
Oi, nego leva o filho e a mulher
Chico mineiro vivia no seu terreiro a cantar
O dia inteiro canto de lamentação
Do sofrimento que passava na senzala
Como trabalhava o nego no tempo da escravidão
Oi, nego pego balaio de café
Oi, nego leva o filho e a mulher
Oi, nego pego balaio de café
Oi, nego leva o filho e a mulher
Chico escutava no som do seu berimbau
Cada cana que caia dentro do canavial
Calça rasgada sofrimento o dia inteiro tratado como
Animal dentro do navio negreiro

Oi, nego pego balaio de café


Oi, nego leva o filho e a mulher
Oi, nego pego balaio de café
Oi, nego leva o filho e a mulher

Composição: Nego Chulé

Fonte: Vagalume, 2023. Disponível em:https://www.letras.mus.br/capoeira-brazil/399812/balaio-de-cafe-print.html.

30
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:

Competência: 3: Analisar e avaliar criticamente as relações de diferentes grupos, povos e sociedades


com a natureza (produção, distribuição e consumo) e seus impactos econômicos e socioambientais,
com vistas à proposição de alternativas que respeitem e promovam a consciência, a ética
socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional, nacional e global.

OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:

A exploração mineral no (EM13CHS304) Analisar os impactos socioambientais decorrentes de


Brasil e seus impactos práticas de instituições governamentais, de empresas e de indivíduos,
ambientais no passado e discutindo as origens dessas práticas, selecionando, incorporando e
no presente. promovendo aquelas que favoreçam a consciência e a ética
Características das socie- socioambiental e o consumo responsável.
dades açucareira e mine-
radora.
Produção cultural advindas
da extração do ouro no
Brasil.

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: Impactos socioambientais na Capitania das Minas Gerais no século XVIII.
A) APRESENTAÇÃO:
Olá, professor!
A sequência didática a seguir faz um estudo sobre os impactos socioambientais que a mineração teve na
capitania das Minas Gerais. A importância de estudar os impactos socioambientais na Capitania das
Minas Gerais no século XVIII reside na compreensão das consequências da atividade mineradora para a
sociedade e o meio ambiente. Ao explorar essa temática, é possível analisar as transformações ocorridas
nas Minas Gerais durante esse período crucial da história brasileira, compreendendo as dinâmicas
sociais, econômicas e ambientais envolvidas.
Estudar os impactos socioambientais dessa época permite uma reflexão crítica sobre as consequências
da exploração desenfreada dos recursos naturais, mostrando como as atividades econômicas afetaram o
sistema social e as dinâmicas de poder. Além disso, proporciona uma visão mais ampla sobre as
desigualdades sociais geradas pela mineração e o deslocamento de comunidades tradicionais.
O conhecimento desses impactos históricos permite ainda traçar paralelos com os desafios
socioambientais enfrentados nos dias atuais. Ao entender as consequências da exploração mineral no
passado, é possível refletir sobre investimentos e políticas para minimizar os impactos negativos e
promover uma convivência mais sustentável com o meio ambiente. É um tema relevante para a
compreensão da nossa história e para o desenvolvimento de soluções e práticas mais responsáveis no
presente.
O principal objetivo dessa sequência didática é levar o estudante a compreender os principais impactos
causados pela atividade mineradora na Capitania das Minas Gerais no século XVIII, relacionando-os com
as consequências sociais e ambientais da época. Para alcançá-lo serão necessários quatro momentos -
lembrando que cada momento pode corresponder a uma aula de 50 minutos, mas pode também
compor uma parte desse tempo ou até mesmo extrapolar esse limite sendo necessárias mais aulas para
serem contempladas. Dessa maneira cabe ao professor realizar as adaptações necessárias para adequar
o tempo ao seu planejamento.

31
A sequência será organizada em:
1. Contextualização histórica
2. Impactos sociais da mineração
3. Impactos ambientais da mineração
4. Reflexões e debates sobre os impactos da mineração
Cada etapa da sequência prevê sempre um momento de sensibilização, que traz uma atividade rápida
inicial e se relaciona ao conteúdo abordado. Esses momentos são de escuta dos estudantes, onde
muitas vezes serão abordados temas e ideias que trabalham emoções e percepções dos estudantes.

B) DESENVOLVIMENTO:

1º MOMENTO: CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

Organização da turma A escolha do professor.

Recursos e providências Texto impresso.

Sensibilização: A sequência didática será iniciada com uma atividade lúdica de sensibilização. Para isso
será necessário a projeção de um site chamado Mentimeter (www.mentimeter.com). Nele é possível
criar uma nuvem de palavras usando um link ou um qrcode. Entre no site, cadastre-se e crie um
Brainstorm com a seguinte frase: “Em Minas tem …” e peça para que os estudantes completem a frase.
No celular dos estudantes eles acessam pelo qrcode e já podem escrever uma palavra ou expressão. O
objetivo é criar uma conexão dos estudantes com o tema da aula e trazer uma aproximação afetiva com
o que eles conhecem do estado. A atividade poderá ser realizada também no quadro, sendo que os
estudantes poderão eles mesmos escrever o que quiserem. Outra adaptação é a entrega de pequenos
pedaços de papel, escrever e entregar para o professor.
Contextualização: Esse é o momento de realizar uma retomada de conteúdos abordados no Ensino
Fundamental procurando sempre aprofundar os temas. Será feita uma contextualização da sociedade e
da economia da capitania das Minas Gerais e para isso deverão ser pontuadas algumas questões
importantes como:
▪ A formação da capitania ao redor da mineração.
▪ As formas de extração do ouro, diamante e esmeraldas.
▪ A divisão social na região abordando os proprietários das minas, os escravizados e o que os
homens pobres livres.
▪ A religiosidade católica presente nos centros urbanos e no meio rural.
▪ A presença das identidades africanas e suas influências no cotidiano e nos rituais.

Para realizar essa contextualização o professor poderá usar o vídeo Mineração no Brasil Colônia | Parte 1
– Brasil Escola (disponível em https://youtu.be/dV9wTmlitng?si=EgjL15i2MkDWhxYF) que aborda o
período minerador e suas características básicas. Outra opção é o vídeo Ouro! A sociedade mineradora
na América Portuguesa no século XVIII | Tempo de Estudar | História (disponível em
https://youtu.be/jBfknDUyR58?si=oRXBXn2OhbTlo5hH). Esse vídeo também faz um panorama geral
sobre o período minerador.
Para dar mais dinâmica à aula, após a exibição do vídeo, faça questionamentos para alguns estudantes
utilizando algum objeto como uma caneta ou uma bolinha de borracha ou de papel. Jogue a bolinha e
peça para o estudante responder a uma pergunta e escolher outro colega para responder a próxima.

32
Caso não seja possível utilizar o vídeo em sala, uma opção é a utilização do texto abaixo, que poderá
ser lido coletivamente ou alguns estudantes escolhidos para lê-lo.

 TEXTO: O IMPACTO DA MINERAÇÃO NO BRASIL COLÔNIA ( ícone clicável)

Encaminhamentos: Para passar para o segundo momento, é importante que os estudantes já tenham
um conhecimento prévio sobre a migração para as Minas Gerais. O professor deve então entregar ao
final da aula o texto abaixo e pedir que leiam em casa para o momento seguinte.

 TEXTO: MINERAÇÃO, ESCRAVIDÃO E MIGRAÇÃO PARA O BRASIL (MINAS GERAIS,


SÉCULO XVIII) ( ícone clicável)

2º MOMENTO: IMPACTOS SOCIAIS DA MINERAÇÃO

Organização da turma A escolha do professor.

Recursos e providências Imagem projetada ou impressa.

Sensibilização: Nesse momento falaremos dos impactos sociais na sociedade mineira colonial. Para
isso, o professor deverá propor um desafio aos estudantes. Eles deverão escrever em um papel quantas
pessoas eles acham que existem no mundo, no Brasil e em Minas Gerais atualmente. Esse papel deverá
ser entregue na mesa do professor que revelará as populações.

Segundo estatísticas:

População mundial: 8.073.886.000*


* Esse número é aproximado, pois varia de acordo com o crescimento vegetativo, ou seja, a
diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade.
Fonte: https://www.worldometers.info/world-population/. Acesso em: 19 nov. 2023.

População brasileira: 203.080.756**


Fonte: https://censo2022.ibge.gov.br/panorama/. Acesso em 19 nov. 2023.

População mineira: 20.539.989**


** Segundo dados do IBGE de 2022.
Fonte: https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/mg.html. Acesso em: 19 nov. 2023.

O professor poderá também mostrar a densidade demográfica no Brasil, que mostra que os estados com
as maiores populações são Minas Gerais e São Paulo, realizando a conexão entre esses dados e o
período minerador do século XVIII.

33
Imagem1: Densidade demográfica brasileira 2022

Fonte: (Censo, 2022)

Roda de conversa: O professor deverá pedir que os estudantes se organizem em grupos em torno de
4 pessoas e que eles criem uma pergunta sobre o texto disponibilizado no momento anterior. Eles terão
entre 5 e 10 minutos para criar a pergunta. É preciso deixar claro para eles que sejam feitas perguntas
mais aprofundadas e que suscitem discussões. Após o término do tempo as perguntas deverão ser
embaralhadas e entregues a outro grupo para responder em 5 a 10 minutos. Ao término das respostas,
deverão devolver a pergunta respondida para o grupo inicial e este deverá ler em voz alta para que toda
a sala possa ouvir e opinar.
É importante salientar que enquanto os estudantes estão escrevendo as perguntas que o professor
oriente-os a pensar nas questões sociais e nos problemas enfrentados pelos colonos em Minas Gerais
como a fome por exemplo. Após a discussão das perguntas, o professor deverá complementar a
discussão com as informações importantes que ficaram de fora. Para facilitar seguem os temas que
devem ser abordados nesse momento:
▪ A falta de alimentos na região das Minas Gerais.
▪ A chegada de imigrantes de diversos lugares.
▪ A divisão da população entre brancos, mestiços e negros.
▪ As políticas adotadas pela coroa portuguesa para controlar a chegada de imigrantes.

Encaminhamentos:
Ao fim do momento, o professor deverá pedir aos estudantes que assistam ao vídeo “Produção
aurífera no brasil colônia” (disponível em https://youtu.be/oeLkSPe9SBM?si=WPVfi5BMPvV0ExhW)
que traz um panorama da extração de ouro e explica como funcionava a retirada de ouro dos rios e
os impostos que a corte portuguesa cobrava pelo outro extraído. Caso seja necessário, mostre o
vídeo no momento seguinte.
Em caso de impossibilidade de acesso à internet é possível realizar a leitura coletiva do texto sobre o
ciclo do ouro no Brasil.

 TEXTO: HISTÓRIA DO OURO NO BRASIL ( ícone clicável)

34
3º MOMENTO: PESQUISA SOBRE IMPACTOS AMBIENTAIS DA MINERAÇÃO

Organização da turma Grupos de 5 pessoas.

Recursos e providências Laboratório de informática ou tablets / celulares.

Pesquisa: A mineração é uma atividade econômica essencial para a extração de recursos minerais
como minério de ferro, ouro, prata, entre outros. No caso de Minas Gerais, a extração do ouro desde o
século XVII trouxe inúmeras consequências ambientais.
O estudo desses impactos permite compreender as consequências diretas e indiretas da mineração no
ambiente em que ela é realizada. A degradação do solo, o desmatamento, a contaminação de recursos
hídricos, a erosão e a perda da biodiversidade são alguns dos impactos ambientais comuns causados
pela mineração. Compreender esses efeitos é fundamental para promover uma exploração mais
sustentável dos recursos minerais, evitando danos irreversíveis aos ecossistemas.
Além disso, o estudo dos impactos ambientais da mineração possibilita identificar soluções e práticas
mitigadoras. Através de pesquisas e análises, é possível desenvolver tecnologias e métodos que
reduzam o impacto no meio ambiente, como a recuperação de áreas degradadas, o uso de técnicas de
revegetação, a reciclagem de resíduos e o tratamento adequado dos efluentes gerados pela atividade
mineradora.
Outro aspecto relevante é a conscientização da sociedade sobre a importância da preservação ambiental
frente à atividade mineradora. O estudo dos impactos ambientais proporciona subsídios para a educação
ambiental e engaja a população na busca por práticas mais sustentáveis. Ao compreender os efeitos
negativos da mineração, a sociedade pode pressionar por medidas de controle e fiscalização mais
rigorosas, bem como exigir a adoção de políticas públicas que promovam a proteção do meio ambiente.
Por essas razões acima mencionadas, o professor deverá levar os estudantes a pesquisarem sobre esses
impactos. Em grupos de 5 estudantes, eles deverão ir ao laboratório pesquisar sobre os impactos
ambientais causados pela mineração. Esses grupos deverão elaborar cartazes em formato de
infográficos com informações e alertas sobre os danos ambientais causados pela mineração tanto na
beira dos rios quanto em minas subterrâneas.
Para dica de como montar um infográfico, o professor poderá consultar os seguintes sites:
 Como fazer um infográfico em 5 passos.
Disponível em: https://pt.venngage.com/blog/como-fazer-um-infografico/
 Crie seu infográfico e de um Show de Informação e Arte Visual com o Canva.
Disponível em: https://www.canva.com/pt_br/criar/infografico/
 [Tutiorial completo] Como fazer um infográfico em 5 passos simples + exemplos.
Disponível em: https://resultadosdigitais.com.br/marketing/como-fazer-um-infografico/.

Os grupos deverão elaborar os infográficos em um dos três eixos temáticos.


1. Os impactos socioambientais abordados nas aulas anteriores;
2. Possíveis soluções e alternativas para minimizar os impactos negativos da mineração;
3. A importância da conscientização e da preservação do meio ambiente nos dias atuais.
Encaminhamento: Os estudantes deverão ter um tempo estendido para elaborar os cartazes com os
infográficos, que deverá ser apresentado na escola. Como o trabalho envolve o tema sustentabilidade, é
uma boa oportunidade para realizar uma parceria com os professores de biologia e geografia, pois
abordará assuntos relevantes nas duas disciplinas.

35
4º MOMENTO: REFLEXÕES SOBRE OS IMPACTOS DA MINERAÇÃO

Organização da turma A escolha do professor.

Recursos e providências Uso de outras salas.

Apresentações: Para apresentar os infográficos sugere-se que se utilize outros espaços para
conscientizar estudantes de outras séries e turmas. Com a permissão da direção da escola, utilize a
quadra ou o auditório da escola para que os estudantes apresentem as ideias escritas nos infográficos e
colem os cartazes em locais com bastante circulação de pessoas para que todos possam ver. Uma
alternativa aos espaços abertos seria a ida dos grupos a outras salas para apresentar suas ideias, mas
lembre-se se combinar antes com outros professores.
Feedback: Os feedbacks desempenham um papel essencial no ambiente educacional, proporcionando
uma comunicação efetiva entre estudantes e educadores. Essa troca de informações contribui para o
crescimento e desenvolvimento dos estudantes, favorecendo a melhoria contínua do processo de
aprendizagem. Por isso, é fundamental reconhecer a importância dos feedbacks em sala de aula.
Um feedback bem elaborado e direcionado oferece aos estudantes informações específicas sobre seu
desempenho, destacando tanto os pontos fortes quanto as áreas que ainda precisam ser aprimoradas.
Ele fornece orientação valiosa, ajudando os estudantes a identificarem suas dificuldades e fornecendo
estratégias para superá-las. Além disso, um feedback construtivo incentiva a reflexão e o
autoconhecimento, permitindo que os estudantes tenham maior consciência de suas habilidades e
progresso.
Além disso, o feedback também desempenha um papel motivador em sala de aula. Ao reconhecer e
valorizar o esforço e o progresso dos estudantes, eles se sentem mais engajados e encorajados a
continuar se dedicando aos estudos. O feedback positivo reforça a autoestima dos estudantes,
promovendo um ambiente de confiança e estimulando o desejo de aprender e crescer academicamente.
Outro benefício importante dos feedbacks em sala de aula é a possibilidade de estabelecer um diálogo
aberto e honesto entre educador e estudante. O feedback permite que os estudantes se expressem,
façam perguntas e compartilhem suas opiniões. Dessa forma, o ambiente de aprendizagem se torna
mais inclusivo e participativo, promovendo uma cultura de colaboração e construção do conhecimento.
Para realizar um bom feedback é importante ter claro os objetivos que se pretende alcançar. Nesse caso
os objetivos são:
● Conscientizar os estudantes sobre a preservação do meio ambiente;
● Discutir as soluções para minimizar os impactos ambientais e sociais;
● Refletir sobre os impactos ambientais e sociais da mineração;
● Relacionar os acontecimentos do passado em Minas Gerais com a realidade atual.
Outro ponto importante são os critérios que serão adotados. Uma dica é usar rubricas para auxiliar
numa avaliação mais assertiva. Elas são tabelas com critérios a serem adotados para avaliar cada
estudante. Veja os exemplos:

36
Rubrica 1: Participação nas discussões e debates

Critérios de avaliação:

Participação ativa e construtiva nas discussões em sala de aula, demonstrando compreensão


A( )
dos impactos socioambientais na Capitania das Minas Gerais no século XVIII.

Contribuição com ideias relevantes e embasadas, enriquecendo o debate e promovendo o


B( )
diálogo entre os colegas.

Respeito pelas opiniões dos colegas, evidenciando uma postura colaborativa e receptiva às
C( )
diferentes perspectivas apresentadas.

Rubrica 2: Entrega das atividades complementares propostas

Critérios de avaliação:

Entrega das atividades complementares dentro do prazo estipulado, evidenciando


A( )
organização e comprometimento com a sequência didática.

Clareza na exposição das ideias e argumentos apresentados nas atividades, demonstrando


B( )
compreensão dos conteúdos abordados.

Criatividade e originalidade na elaboração das atividades, evidenciando um trabalho bem


C( )
desenvolvido e autônomo.

Rubrica 3: Elaboração de um projeto de preservação ambiental

Critérios de avaliação:

Formulação de um projeto consistente, com objetivos claros e estratégias efetivas para


A( )
minimizar os impactos ambientais da mineração.

Análise adequada dos impactos socioambientais estudados, relacionando-os com a realidade


B( )
atual e apresentando soluções aplicáveis.

Coerência e qualidade na estruturação e apresentação do projeto, com uma abordagem


C( )
coerente e embasada, demonstrando a compreensão dos conteúdos estudados.

37
ANEXO
TEXTO: O IMPACTO DA MINERAÇÃO NO BRASIL COLÔNIA

O impacto da mineração no Brasil Colônia

Quando falamos sobre economia mineradora para os alunos, poucos têm a curiosidade de investigar
ou estabelecer os limites do desenvolvimento desta atividade econômica em terras brasileiras. Logo
de cara, muitos alunos associam a extração aurífera à obtenção de uma vasta riqueza. Como se
obtenção de ouro fosse a única questão relevante ao considerarmos o assunto!
Para tentarmos dissipar a força desse pensamento simplista, oferecemos ao professor uma
consideração sobre o assunto que dialoga de modo muito interessante com as impressões iniciais da
turma. Em artigo publicado em novembro de 2008, a Revista de História da Biblioteca Nacional fez a
seguinte consideração sobre a importância da economia mineradora, no Brasil Colonial:

“Mais do que um recurso natural. Mais do que um artigo de exportação. O que se descobriu
em Minas, depois de dois séculos de colonização, foi uma fortuna em estado puro. Ao contrário
do que ocorria com a cana-de-açúcar no Nordeste, o metal extraído dos leitos dos rios mineiros
não dependia da demanda internacional e suas oscilações de cotação; já vinha em forma de
dinheiro, pronto para ser posto em circulação ali mesmo. O ouro em pó transformou-se
imediatamente na principal moeda das Minas Gerais naquele final do século XVII. E era
tãoabundante que, embora quase sempre tivesse Portugal como destino, causou enorme
impactoeconômico e social também deste lado do Atlântico.”

(REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTECA NACIONAL, nov/2008.)

Realizando a leitura do trecho com a turma, o professor pode levantar questões diversas sobre o
impacto da mineração no Brasil. Primeiramente, é relevante questionar por qual razão o ouro
brasileiro deve ser visto como “mais do que um artigo de exportação”. Ao fazer essa afirmativa, o
texto sugere que a mineração do tempo colonial não foi somente responsável por enriquecer os
cofres portugueses.
Seguindo a linha de raciocínio apresentada, o texto chega a concordar que a descoberta do ouro
teve impacto econômico imediato. Afinal de contas, o metal precioso era empregado como moeda e
não estava sujeito a longos processos de fabricação ou a existência de mercado. Enquanto produto,
o ouro em si já era particularmente capaz de proporcionar a execução de outras ações de natureza
econômica.
Apesar da brevidade do parágrafo, vemos ainda que esse texto abre caminho para que o aluno
busque novas informações sobre a dimensão que a economia mineradora teve no Brasil Colonial. Ao
dizer que o ouro “causou enorme impacto econômico e social também deste lado do Atlântico”, o
texto permite que o professor conduza uma pesquisa junto à turma sobre esses tais impactos.
Como sugestão, recomendamos que o professor exponha aos alunos alguns diferentes aspectos
desse impacto, como a interiorização, a criação de novos núcleos urbanos, a formação de classes
médias heterogêneas ou o enrijecimento da fiscalização lusitana. Superado esse repasse de
informação, peça para que os alunos revisem o conteúdo aprendido produzindo charges ou
quadrinhos sobre os aspectos trabalhados. É uma forma criativa e divertida de se fixar o tema
abordado.
Fonte: SOUZA, Rainer. O impacto da mineração no Brasil Colônia. Brasil Escola, [s. l.]. 2023. Disponível em
https://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/o-impacto-mineracao-no-brasil-colonia.htm.

38
TEXTO: MINERAÇÃO, ESCRAVIDÃO E MIGRAÇÃO PARA O BRASIL (MINAS GERAIS, SÉCULO
XVIII)

Mineração, escravidão e migração para o Brasil (Minas Gerais, século XVIII)

A corrida do ouro para Minas Gerais, entre o final do século XVII e a primeira metade do século XVIII,
proporcionou “talvez” o maior fluxo migratório de pessoas – escravos africanos, brancos e livres –
para um continente ao longo da história ponto a febre do ouro no Brasil foi o acontecimento mais
espetacular observado na Era Moderna.
[...]
Ao desembarcarem, os portugueses encontraram uma colônia em delírio já que a febre desenfreada
pelo ouro também provocava grandes migrações internas. De todas as partes da América portuguesa,
toda sorte de gente rompia os matos da Serra da Mantiqueira deslocando-se rumo aos regatos
auríferos.
[...]
Assim que chegavam às Minas, os exploradores descobriam uma realidade muito diferente da que
havia povoado seus sonhos. Aqueles aventureiros que conseguiram atingir o Eldorado mineiro
tratavam de logo iniciar os trabalhos de mineração, sem se preocupar em plantar ou criar animais
para subsistência. Os alimentos que chegavam da Costa e as poucas roças então existentes não eram
suficientes para sustentar o fluxo desordenado de pessoas vindas de diferentes lugares e como
consequência crises de fome assolará a região entre os anos de 1697 traço 1698, 1700 a 1701 e em
1713 (Guimarães, Carlos Magno; Reis, Flávia, 2007: 323).
[...]
Para atenuar as crises de abastecimento de fome, a coroa portuguesa iniciou uma política de
concessão de terras entre a população livre, as chamadas sesmarias, que passaram a produzir parte
dos gêneros de subsistência para a população. Incentivos à agropecuária ocorreram em menor
proporção enquanto o ouro e outros minerais como o ferro e o Diamante, [...] dominavam a
importância econômica local.
(Rodrigues, 2014, p. 48-52)

39
TEXTO: HISTÓRIA DO OURO NO BRASIL

História do Ouro no Brasil

No fim do século XVII a produção açucareira no Brasil enfrenta uma séria crise devido à
prosperidade dos engenhos açucareiros nas colônias holandesas, francesas e inglesas da América
Central. Como Portugal dependia, e muito, dos impostos que eram cobrados da colônia a Coroa
passou a estimular seus funcionários e demais habitantes, principalmente os do Planalto de
Piratininga, atual São Paulo, a desbravar as terras ainda desconhecidas em busca de ouro e pedras
preciosas.
A primeira grande descoberta deu-se nos sertões de Taubaté, em 1697, quando o então
governador do Rio de Janeiro Castro Caldas anunciou a descoberta de “dezoito a vinte ribeiro de ouro
da melhor qualidade” pelos paulistas. Neste mesmo ano, em janeiro, a Coroa havia enviado a Carta
Régia onde prometia ajuda de custos de R$ 600.000/ano ao Governador Arthur de Sá para ajudar nas
buscas pelos metais preciosos.
Iniciou-se então a primeira “corrida do ouro” da história moderna. A quantidade de gente
deixando Portugal para vir ao Brasil era tanta que em 1720 D. João V criou uma lei para controlar a
saída dos portugueses, como a proibição da emigração de portugueses do noroeste de Portugal, bem
como autorizações especiais e passaportes para outros casos. De 300 mil habitantes em 1690, a
colônia passara a cerca de 2.000.000.
Durante o século XVIII, auge do período de exploração do ouro no Brasil, diversos
povoamentos foram fundados. Esta foi a medida encontrada pela Coroa para tentar acalmar um pouco
o verdadeiro caos que se instalara na colônia com cidades inteiras sendo abandonadas por seus
habitantes que saíam em busca de ouro nos garimpos.
Após a queda de produção do sistema de exploração aurífera de aluvião, passou a ser
necessárias técnicas mais refinadas que exigiam a permanência por maior período do garimpeiro junto
aos locais de exploração o que também contribuiu para o estabelecimento das vilas.
É nesse período que são fundadas as Vilas de São João Del Rei, do Ribeirão do Carmo, atual
Mariana, Vila Real de Sabará, de Pitanguí e Vila Rica de Ouro Preto, atual Ouro Preto, além de outras.
Porém, a Coroa, que já impusera o imposto do Quinto quando do começo das explorações,
onde exigia que um quinto de tudo que fosse extraído seria dela por direito, ainda resolvera completar
a carga tributária com mais impostos gerando uma série de insatisfações (incluindo a Inconfidência
Mineira, que teve na exploração da metrópole um de seus principais motivos).
A exploração do ouro no Brasil teve grande importância porque deslocou o eixo político-
econômico da colônia para região sul-sudeste, com o estabelecimento da capital no Rio de Janeiro.
Outro fator importante foi a ocupação das regiões Brasil adentro e não apenas no litoral como se fazia
até então. A exploração aurífera possibilitou ainda, um enorme crescimento demográfico e o
estabelecimento de um comércio/mercado interno, uma vez que os produtos da colônia não eram
mais apenas para exportação como ocorria com o açúcar e o tabaco do nordeste e fez com que
surgisse a necessidade de uma produção de alimentos interna que pudesse suprir as necessidades dos
novos habitantes. Ainda um último aspecto importante da explosão demográfica provocada pelo
período de exploração do ouro no Brasil colônia, foi a questão do desenvolvimento de uma classe
média composta por artesãos, artistas, poetas e intelectuais que contribuíram para o grande
desenvolvimento cultural do Brasil naquela época.
(FARIA, 2020)

40
REFERÊNCIAS
A PRODUÇÃO AURÍFERA NO BRASIL COLÔNIA. Disponível em:
https://youtu.be/oeLkSPe9SBM?si=lb5Sos4O8qQEhSg4. Acesso em: 20 nov. 2023.
FARIA, C. História do Ouro no Brasil. Disponível em: https://www.infoescola.com/historia-do-
brasil/historia-do-ouro-no-brasil/. Acesso em 18 dez. 2023.
IBGE. Censo 2022. Disponível em: https://censo2022.ibge.gov.br/panorama/. Acesso em 19 nov.
2023.
ROCHA, Ana Paula; RAMOS, Jânia M. Estudos de dialetologia em Minas Gerais: breve histórico.
Revista de Estudos Lingüísticos e Literários, v. 41, p. 71-86, 2010. Disponível em
http://www.letras.ufmg.br/padrao_cms/documentos/nucleos/nupevar/Rocha%20&%20Ramos%20_200
9_.pdf. Acesso em 19 nov. 2023.
RODRIGUES, André Figueiredo. Mineração, escravidão e migração para o Brasil (Minas Gerais,
século XVIII). Separata de: GALEANA, Patricia (coord.). Historia comparada de las migraciones en las
Américas. 1. ed. México: UNAM, 29 agosto 2014 2014. cap. 6, p. 45-66. ISBN Mineração, escravidão e
migração para o Brasil (Minas Gerais, século XVIII). Disponível em:
https://archivos.juridicas.unam.mx/www/bjv/libros/8/3828/6.pdf. Acesso em: 19 nov. 2023.
SCHWARTZ, Stuart B. Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo:
Companhia das Letras, 1998.
SILVA, Célia Nonata. A teia da vida: violência interpessoal nas minas setecentistas. UFMG: Belo
Horizonte. 1998. Disponível em: <https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/VCSA-
6HLL42/1/disserta__o.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2023.
SOUZA, Rainer. O impacto da mineração no Brasil Colônia. Brasil Escola, [s. l.]. 2023. Disponível em
https://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/o-impacto-mineracao-no-brasil-colonia.htm.
Acesso em 18 dez. 2023.
COSTA, Marcelo Cardoso. O berimbau na cidade: história, resistência e memória social da
capoeira. COPENE: Uberlândia. 2018. p. 1-16. Disponível em
https://www.copene2018.eventos.dype.com.br/resources/anais/8/1534309070_ARQUIVO_Artigo-
Oberimbaunacidadehistoria,resistenciaememoriasocialdacapoeira(COPENE).pdf. Acesso em 18 nov.
2023.
DUARTE, Elisabel Ferriche e Sérgio. Capoeira é reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da
Humanidade - Rádio Câmara, 28 nov. 2014. Disponível em:
https://www.camara.leg.br/radio/programas/446238-capoeira-e-reconhecida-como-patrimonio-cultural-
imaterial-da-humanidade/. Acesso em 18 nov. 2023.
FARIA, M. C. L.; ARAÚJO, N. C. C. O Gingado Que Vem Da África: A Capoeira Na Construção Da
Identidade Negra No Brasil. Periferia, v. 10, n. 1, p. 179–201, 2018.
FONTOURA, Adriana Raquel Ritter; GUIMARÃES, Adriana Coutinho de Azevedo. História da capoeira.
Revista da Educação Física, Maringá, v. 13, n. 2, p. 141-150, 2. sem. 2002. Disponível em:
https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/RevEducFis/article/download/3712/2553/. Acesso em: 18 nov.
2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais: Ensino
Médio. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, Belo
Horizonte, 2022. Disponível em:
https://acervodenoticias.educacao.mg.gov.br/images/documentos/Curr%C3%ADculo%20Refer%C3%AA
ncia%20do%20Ensino%20M%C3%A9dio.pdf. Acesso em: 04 out. 2023.
SOARES, Verônica. Minas faz Ciência. A história negra das Américas. Belo Horizonte, 2020.
Disponível em http://www.fapemig.br/pt/noticias/339/. Acesso em 18 nov. 2023.

41
MATERIAL DE APOIO PEDAGÓGICO PARA APRENDIZAGENS – MAPA
REFERÊNCIA
2024

Filosofia

COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:
Competência 3: Analisar e avaliar criticamente as relações de diferentes grupos, povos e sociedades com
a natureza (produção, distribuição e consumo) e seus impactos econômicos e socioambientais, com
vistas à proposição de alternativas que respeitem e promovam a consciência, a ética socioambiental e o
consumo responsável em âmbito local, regional, nacional e global.

OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:

Ética e ciência: a relação (EM13CHS301) Problematizar hábitos e práticas individuais e coletivos de


entre a exploração da produção, reaproveitamento e descarte de resíduos em metrópoles, áreas
natureza e a responsabi- urbanas e rurais, e comunidades com diferentes características
lidade com as futuras socioeconômicas, e elaborar e/ou selecionar propostas de ação que
gerações. promovam a sustentabilidade socioambiental, o combate à poluição sistêmica
e o consumo responsável.
Ética e ciência: consciên-
cia ecológica e responsa- (EM13CHS302) Analisar e avaliar criticamente os impactos econômicos e
bilidade com as futuras socioambientais de cadeias produtivas ligadas à exploração de recursos
gerações. naturais e às atividades agropecuárias em diferentes ambientes e escalas de
análise, considerando o modo de vida das populações locais – entre elas as
indígenas, quilombolas e demais comunidades tradicionais –, suas práticas
agroextrativistas e o compromisso com a sustentabilidade.

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: O que fazer? As ações humanas e a construção do mundo que vivemos.
A) APRESENTAÇÃO:
Olá, Professor(a), saudações!
Neste planejamento de filosofia abordaremos a relação das ciências com a ética, desde problemas reais
que tocam a nossa existência e mexem com a vida dos estudantes. A ética, como sabemos, é uma das
áreas da filosofia mais importante, bem como mais interessante na atração dos estudantes e no
envolvimento deles no desenvolvimento das aulas. Refletir, debater e pensar novos caminhos de ação são
atitudes que envolvem a todos e tornam as aulas mais interessantes.
Como pode ser observado acima, esse nosso planejamento está vinculado a duas habilidades do Currículo
Referência de Minas Gerais que propõe a reflexão de nossas atitudes e hábitos em vistas de um novo
relacionamento com o meio ambiente que vivemos. Além disso, no desenvolvimento dessas habilidades,
pede-se que os estudantes sejam protagonistas elaborando e selecionando propostas de ação na realidade.
Os objetos de conhecimento abordam a relação da ética com a ciência e a nossa responsabilidade com o
futuro humano. Por fim, a competência que estamos construindo visa gerar no estudante a capacidade de
analisar e avaliar as ações humanas e seus impactos na natureza na busca de uma nova consciência.
Na disciplina de filosofia, por muito tempo, a forma como trabalhamos o tema da ética tinha um recorte
histórico e centrado na apreensão de alguns conceitos básicos, extraídos do pensamento de alguns autores

42
clássicos. Assim, entendia-se que o estudante ao final desse processo seria capaz de interpretar a
realidade a partir daqueles conceitos fundamentais.
Caro (a) professor (a), nessa proposta de planejamento que oferecemos, o caminho para a reflexão
ética será outro. Nós iremos partir do mundo do estudante, a partir do que ele já possui previamente
sobre o tema, depois ofereceremos o auxílio da tradição filosófica e, por fim, conceituaremos o tema da
ética nos dias atuais. O nosso percurso metodológico está desenvolvido em quatro pontos: a)
sensibilização; b) problematização; c) investigação; d) conceituação.
Nesse sentido caro colega, atraia os estudantes para o tema, motive-os para o debate, apresente a
riqueza da tradição filosófica e ajude-os a reelaborar os conceitos da tradição filosófica a partir de suas
próprias existências. Como você verá abaixo, a nossa sequência didática está construída sobre esses
quatro pontos metodológicos.
De nossa parte, esperamos contribuir para o seu trabalho, pontuando que essa proposta pode ser
adaptada a sua realidade e enriquecida com seu conhecimento. Coragem e ânimo, a filosofia pode
transformar a vida de nossos estudantes.

B) DESENVOLVIMENTO:

1º MOMENTO

Organização da turma A escolha do professor.

Acesso à internet.
Recursos e providências
Sala em círculo ou espaços externos da escola para debate.

Sensibilização

Caro (a) professor (a), nesse primeiro momento utilize um recurso chamado de “Sala de Aula Invertida”.
Ou seja, ao invés de esperar os estudantes em sala de aula para apresentação e explanação de um
tema, proponha ao estudante que, em sua casa, já entre em contato com o tema que será trabalhado.
Para isso, numa aula anterior a este momento que dá início à nossa sequência, instrua os estudantes
sobre a atividade que precisarão fazer em casa para a próxima aula.
Como atividade a ser executada em casa, peça aos estudantes que assistam ao documentário Ilha das
Flores do roteirista Jorge Furtado e proponha um conjunto de perguntas para que eles possam refletir.
Documentário:

 Ilha das Flores.


Disponível em: https://youtu.be/Hh6ra-18mY8?si=UIibUAPEUBXAIJ5u.

Perguntas
1) Podemos dizer que o nome do lugar, Ilha das Flores, difere da realidade apresentada?
2) Por que o roteirista faz questão de diferenciar os seres humanos com telencéfalo desenvolvido e
polegar opositor dos demais animais?
3) Há uma questão de ordem econômica no filme?
4) Há uma questão de ordem social no filme?
5) Porque o autor salienta, no início do filme, de que aquele filme não era um filme de ficção?

43
6) Em sua percepção, por que no início do filme o autor afirma que Deus não existe?
7) Há relação entre a pobreza e a crise ecológica?
8) No enredo do filme, o que coloca os seres humanos depois dos porcos na escolha dos
alimentos?
9) Não há uma contradição entre o ser humano que, intelectualmente, pode melhorar o planeta,
no entanto produz, bombas, lixo e desigualdades?
10) Há uma questão ética no filme?

Feita essa primeira etapa, no dia da aula, receba os estudantes com uma boa acolhida. Apresente as
habilidades que serão desenvolvidas e os objetos de conhecimento com os quais irá trabalhar. Faça uma
introdução geral do percurso deste planejamento. Após isso, reúna os estudantes em círculos, seja na
sala de aula seja num espaço externo a sala de aula e faça um debate a partir das perguntas propostas.
Ao final do debate, não se esqueça de atualizar o tema, ou seja, perguntar se aquela problemática do
filme continua atual. Professor(a), nesse momento, o seu papel motivacional é de extrema importância.
Faça com que o máximo de estudantes se posicionem, apresentem seu ponto de vista. Havendo
contradição nas respostas dos estudantes, proponha o diálogo entre eles. Traga elementos novos que os
estudantes não haviam pensado. Aguce as perguntas nos seus estudantes.
Com esse percurso, você terá sensibilizado os estudantes para problemáticas profundas e fundamentais.
Termine este momento do planejamento motivando os estudantes a voltarem para a próxima aula a fim
de resolver alguns problemas muito importantes da nossa realidade.

2º MOMENTO

Organização da turma Em grupos de até 5 pessoas.

Texto impresso.
A aula pode ocorrer em sala de aula ou em espaços alternativos
Recursos e providências
que a escola ofereça.
Cartolina ou papel Kraft para construção de um mural.

Problematização
Tendo sensibilizado os estudantes, agora desenvolva o processo de problematização. Professor(a), é
importante retomar a aula passada enfatizando, especialmente, a questão da ética. Após isso, divida a
turma por grupos e dê para cada grupo um caso a ser debatido, problematizado e uma possível
resolução.

 CASO 1 ( ícone clicável)

 CASO 2 ( ícone clicável)

 CASO 3 ( ícone clicável)

Professor(a), a organização da sala é de sua responsabilidade - nesse sentido, realize essa tarefa
conforme a sua realidade. Se possível, dê o mesmo caso para grupos diferentes, a fim de termos a
possibilidade de um debate mais aprofundado. É importante que você professor(a) motive os estudantes
para responderem as questões de forma consciente e fundamentada. Quanto melhor for a
fundamentação, tanto será a profundidade do debate. Vencida essa primeira etapa de resolução das

44
questões, reúna a turma em sala, leia os casos, dê um tempo para o grupo apresentar o que eles
pensaram e abra a possibilidade das pessoas fora daquele determinado grupo participarem. Nesse
momento professor(a), se for viável, seria interessante ter um mural no qual as sínteses que a turma for
construindo para cada caso sejam escritas e posteriormente expostas. Esse exercício cumpre a tarefa de
ajudar os estudantes na problematização de temas reais, presentes na vida. Por isso, termine esse
momento apontando como o ser humano no decorrer de sua existência está constantemente fazendo
escolhas a partir de certos valores, hábitos, convicções. Não se esqueça de dizer que essa complexidade
do agir humano fez surgir na filosofia um ramo de conhecimento chamado ética e que o objetivo desse
campo é justamente compreender os fundamentos da ação humana e conceituar nossas atitudes.
Assim, introduza o terceiro momento.

3º MOMENTO

Organização da turma A escolha do professor.

Internet; celular, computador ou outro meio para assistir vídeo no


Recursos e providências Youtube.
Impressão.

Investigação
Caro(a) professor(a), depois de sensibilizar os estudantes e problematizar, com eles, a realidade, cabe
agora introduzi-los aos conceitos que a tradição filosófica construiu no decorrer dos tempos. Nessa parte
da investigação, você tem a tarefa de apresentar aos estudantes o pensamento filosófico e como esse
pensamento está vinculado à nossa vida. Para que esse objetivo seja alcançado, propomos nesse
planejamento duas formas para se trabalhar. A primeira, utilizando da metodologia da “Sala de Aula
Invertida”, os estudantes serão motivados a assistir três vídeos que abordam as escolas filosóficas da
ética em sua casa e, em sala de aula, responderão um questionário sistematizando o conhecimento. A
segunda está centrada em textos das escolas filosóficas que pensaram a ética e, consequentemente, na
resolução do mesmo questionário proposto na primeira opção. Você professor(a) veja qual forma se
adequa mais a sua realidade e faça a opção que melhor te atender.

Opção I - Vídeos e questionário


Caro(a) professor(a), nessa primeira opção utilizaremos a metodologia da Sala de Aula Invertida. A
nossa proposta é que os estudantes assistam a três vídeos sobre as três escolas filosóficas mais
estudadas no campo da ética, a saber: aristotélica, kantiana e utilitarista. Fazemos esse recorte histórico
e pensamos, também, no debate mais sistematizado sobre essas três correntes já existentes na tradição
filosófica. Isso não impede a possibilidade de acrescentar esse ou aquele pensamento que você julgue
pertinente para a reflexão. Abaixo listamos os links dos vídeos a serem fornecidos aos estudantes:

 Ética Aristotélica.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=dP7U-3g1UIw.

 Ética Kantiana.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=i9llK5pSbu0.

 Ética Utilitarista.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=G3NZbt7aUXE.

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Tendo assistido aos vídeos, ofereça aos estudantes um questionário com perguntas norteadoras que
ajudarão a sistematizar o conhecimento. Esse questionário pode ser dado anteriormente como estudo
dirigido ou utilizado em sala de aula após os estudantes terem assistido os vídeos em casa. A forma
como vai ser feita a organização depende de cada realidade e você professor(a) fique à vontade para
escolher.

 QUESTIONÁRIO ( ícone clicável)

Executada essa etapa professora(a), é importante que sejam respondidas essas questões com os
estudantes, debatendo os conceitos e mostrando a sua aplicabilidade. Nesse sentido, retome os casos
utilizados no segundo momento para elucidar os conceitos. Por exemplo, a defesa da vida, colocada no
primeiro caso, seria um princípio universal na filosofia kantiana? Como sabemos, Kant defende que a
vida humana nunca pode ser usada como um meio e, por isso, sim. Em outro exemplo, o caso dois
coloca a questão do coletivo e da individualidade. Esse dilema pode ser aprofundado na questão da
realização humana, na busca da felicidade, na pergunta sobre qual seria a saída virtuosa para aquele
dilema, qual a postura de equilíbrio, retomando, assim, a ética aristotélica. No caso três, o dilema está
intrinsecamente vinculado a uma questão utilitarista, ou seja, qual seria o menor sofrimento possível a
partir da decisão do cientista. Assim, retornando ao segundo momento e vinculando com os conceitos
investigados, nós estaremos dando conceitos para os nossos estudantes interpretarem a realidade.

Opção II - Textos, pesquisa e questionário

Caro(a) professor(a), nessa segunda opção, ofereceremos alguns textos filosóficos que associados a
pesquisa dos estudantes contribuíram para resolução do questionário. Essa atividade está dentro do
campo investigação, em que os estudantes, em contato com a tradição filosófica, apreendem os
conceitos construídos no decorrer da história da filosofia. Abaixo, postamos os textos referentes a cada
corrente filosófica estudada.

 A FELICIDADE COMO ATIVIDADE RACIONAL ( ícone clicável)

 O IMPERATIVO CATEGÓRICO E A LEI MORAL ( ícone clicável)

 UTILITARISMO ( ícone clicável)

Com os textos e a possibilidade de pesquisa, forneça o questionário colocado acima na Opção I para que
os estudantes possam sistematizar o conhecimento adquirido. Assim, teremos no campo da investigação
oferecido aos nossos estudantes ferramentas conceituais para interpretar a realidade.

MOMENTO 4

Organização da turma Sala de vídeo e círculo para roda de conversa;

Projetor multimídia, televisão ou outros recursos de vídeo.


Recursos e providências Roda de conversa.
Celular (se for construir o curta metragem).

Conceituação
Caro(a) professor(a), o papel principal da filosofia na educação de nossos jovens é a capacidade de
construir conceitos com os quais possamos nos situar no mundo, nomear a realidade e, inclusive,

46
transformá-la. Nessa etapa de nosso planejamento, nós iremos motivar os estudantes a construir seus
próprios conceitos acerca da ética a partir do caminho feito.
Para que isso ocorra, nós iremos fazer um exercício que remonta ao vídeo que deu início a nossa
sequência didática. Pouco se fala, mas, apesar de Jorge Furtado, no início do documentário Ilha das
Flores, afirmar que aquela obra não era de ficção, o enredo ali apresentado não ocorria tal como foi
apresentado, ou seja, foi construído por aqueles que pensaram o documentário.
Após a veiculação do documentário, houve pessoas da comunidade que vivenciaram uma experiência
negativa de preconceitos e exclusão fora de sua comunidade. Todavia, o documentário fez com que
aquela região fosse visibilizada e muitos temas importantes e verdadeiros fossem discutidos. Diante
disso, o relato dos moradores da Ilha e como eles perceberam e viveram o momento posterior ao
premiado filme causa um dilema em quem escuta. Essa contradição é que nós utilizaremos para
provocar nos estudantes a conceituação da nossa sequência didática.
Para isso, conduza os estudantes para a sala de vídeo ou algo que o valha e transmita o vídeo que narra
a experiência dos moradores, com sua percepção e experiência. O link está colocado abaixo:

 Ilha das Flores: depois que a sessão acabou.


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Ch-LIsnG9Wc.

Após todos assistirem ao vídeo, promova um debate com os estudantes. Para isso, oferecemos algumas
perguntas:

1- Foi correta a atitude do roteirista do filme Ilha das Flores em construir uma narrativa a partir da
vida dos moradores da ilha, ainda que não correspondesse fielmente à realidade vivida por eles?
2- Os moradores da Ilha das Flores foram utilizados como meio para se chegar a um fim, ou seja,
tiveram suas limitações econômicas usadas para questionar a realidade? Isso é justo?
3- O fato deles realmente não comerem a comida que foi desperdiçada pelo dono dos porcos, mas
uma comida que já ia separada e de melhor qualidade para eles, diminui o fato de que eles estavam
comendo restos de comida dos demais seres humanos?
4- O fato da realidade deles ser exposta ao mundo e os possíveis ganhos posteriores justifica o fato
de o filme ser construído como uma narrativa de apelação?
5- Há uma relação entre pobreza e ecologia? Como era o meio ambiente da Ilha das Flores? É
importante uma nova postura humana frente a vida humana e o meio ambiente?
6- É possível cuidar do meio ambiente sem cuidar do ser humano?

Professor(a), nesse momento do debate, da fala, motive os estudantes e avalie o desenvolvimento dos
conceitos que eles trazem. Perceba como a construção dos argumentos reflete o progresso dentro da
sequência didática empregada. Ao final, motive que cada um escreva a sua experiência dentro da
sequência didática estudada. Quem sabe propor a eles que manifestem como eles pensariam um
documentário para retratar a realidade em que vivem? E quem sabe ainda, a turma se anime a fazer um
curta metragem da escola, do bairro, da localidade que vivem.

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ANEXO
CASO I

CASO I

Fernando é casado com Luciana há três anos. Os dois são pais de uma menina de 1 ano. Fernando
está há seis meses desempregado e Luciana, por complicações da gravidez não está podendo
trabalhar. Além disso, Luciana, faz dois meses, descobriu ser portadora de uma doença grave em que
sua vida está em risco. Uma empresa farmacêutica testa, em caráter final de pesquisa, uma medicina
que poderia salvar a vida de Luciana. Porém, o tratamento, ainda que inconclusivo, mas com
possibilidade de cura, é muito caro. A justiça negou o pedido do casal para que o SUS pagasse o
tratamento, pois a medicina está em fase final de pesquisa. A indústria farmacêutica não fornece o
tratamento sem o devido pagamento, nem aceita parcelar pela condição de desemprego de Fernando.
Fernando, tentando a ajuda de todas as formas dentro de suas possibilidades, não consegue angariar
a quantia necessária para fazer o tratamento. Sabendo da possibilidade de morte de sua esposa,
associada ao fato de terem uma filha de um ano, Fernando decide roubar o medicamento para salvar
a esposa. Diante disso, responda:
1) Fernando agiu corretamente?
2) Pode ser considerada ética uma ação que, sem importar os meios, vise salvar uma vida
humana?
3) O que tem mais valor à vida ou a estrutura econômica que vivemos?

CASO II

CASO II

João Pedro é um jovem morador de uma comunidade ribeirinha no interior do Amazonas. Passou pela
fase escolar e refletiu muito sobre a importância da floresta e de sua manutenção para a vida do
planeta. Após os estudos, tentou trabalhar numa cidade próxima de sua comunidade, mas o salário
não estava suficiente para as necessidades de sua família. Seu pai é acamado, sua mãe está só no
cuidado da casa e possui três irmãos pequenos. Em sua cidade, as oportunidades são poucas e
limitadas. Decidiu voltar a viver do extrativismo na floresta, mas, ainda assim, não conseguia ganhar o
suficiente para garantir o básico para sua família. Diante disso, João Pedro decide unir-se a um grupo
de garimpeiros. Ele sabe que essa ação é ilegal, ele tem consciência que essa atividade significa por
fim na floresta, mas decidiu por esse caminho pelos ganhos que essa atividade proporciona. Diante
disso, responda:
1) É eticamente justificável a ação de João Pedro?
2) Ele agiu corretamente ao colocar os interesses de sua família sobre os interesses da
coletividade, no caso a manutenção da floresta?
3) Como agir na vida, em momento que os interesses coletivos e individuais se chocam?

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CASO III

CASO III

Maicon é um jovem cientista e promissor em sua área de atuação. Pesquisando uma doença rara e
degenerativa, chega a uma fórmula que pode garantir a cura de milhares de pessoas. Todavia, a
dosagem correta para que o remédio faça efeito em humanos ainda é desconhecida. Ele sabe que há
duas possibilidades e que uma dessas possibilidades pode gerar a morte de algum paciente. Todavia,
para que o remédio seja distribuído e salve a vida de milhares de pessoas precisa ser testado. Não há
outro caminho para o conhecimento da dosagem certa que não seja a experimentação com a certeza
que uma das dosagens levará a óbito uma pessoa. Diante disso, responda:
1) É ético experimentar o remédio, sabendo da morte de uma pessoa, para salvar a vida de
outras milhares de pessoas?
2) Se o experimento for feito, vocês acreditam que Maicon deve falar para as pessoas do risco de
morte? Por quê?
3) Admitindo que as pessoas tenham aceitado fazer a experiência sabendo do risco de morrer,
você no lugar do cientista ficaria com sua consciência tranquila?

QUESTIONÁRIO

Questionário

1. Sobre a ética aristotélica, responda:

a) Qual o papel desempenha a ideia de finalidade no pensamento aristotélico? Para Aristóteles,


qual a finalidade da vida humana?
b) O que é felicidade para Aristóteles? Qual a relação desse tema com a questão da virtude e do
vício?
c) Por que a ética aristotélica é conhecida como uma ética do meio-termo ou do equilíbrio?

2. Sobre a ética kantiana, responda:

a) O que é a universalidade proposta por Kant em sua ética e porque ela é importante?
b) O que é imperativo categórico e como ele é utilizado na teoria moral de Kant?
c) O que significa dizer que a ética kantiana é uma ética do dever?

3. Sobre a ética utilitarista, responda:

a) O que significa o cálculo utilitarista e por que as consequências dos nossos atos são
importantes para o utilitarismo?
b) Quando podemos julgar uma ação ética para o utilitarismo?
c) Qual a relação do utilitarismo com a ética e a política?

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A FELICIDADE COMO ATIVIDADE RACIONAL

A felicidade como atividade racional

A felicidade tem, por conseguinte, as mesmas fronteiras que a contemplação, e os que estão na mais
plena posse desta última são os mais genuinamente felizes, não como simples concomitante, mas em
virtude da própria contemplação, pois que esta é preciosa em si mesma. E assim, a felicidade deve ser
alguma forma de contemplação. Mas o homem feliz, como homem que é, também necessita de
prosperidade exterior, porquanto a nossa natureza não basta a si mesma e para os fins da
contemplação: nosso corpo também precisa de gozar saúde, de ser alimentado e cuidado. Não se
pense, todavia, que o homem para ser feliz necessite de muitas ou de grandes coisas, só porque não
pode ser supremamente feliz sem bens exteriores. A autossuficiência e a ação não implicam excesso,
e podemos praticar atos nobres sem sermos donos da terra e do mar. Mesmo desfrutando vantagens
bastante moderadas pode-se proceder virtuosamente [...]. E é suficiente que tenhamos o necessário
para isso, pois a vida do homem que age de acordo com a virtude será feliz. [...] E assim, as opiniões
dos sábios parecem harmonizar-se com os nossos argumentos. Mas, embora essas coisas também
tenham certo poder de convencer, a verdade em assuntos práticos percebe-se melhor pela
observação dos fatos da vida, pois estes são o fator decisivo. Devemos, portanto, examinar o que já
dissemos à luz desses fatos, e se estiver em harmonia com eles aceitá-lo-emos, mas se entrarem em
conflito admitiremos que não passa de simples teoria. Ora, quem exerce e cultiva a sua razão parece
desfrutar ao mesmo tempo a melhor disposição de espírito e ser extremamente caro aos deuses.
Porque, se os deuses se interessam pelos assuntos humanos como nós pensamos, tanto seria natural
que se deleitassem naquilo que é melhor e mais afinidade tem com eles (isto é, a razão), como que
recompensassem os que a amam e honram acima de todas as coisas, zelando por aquilo que lhes é
caro e conduzindo-se com justiça e nobreza. Ora, é evidente que todos esses atributos pertencem
mais que a ninguém ao filósofo. É ele, por conseguinte, de todos os homens o mais caro aos deuses.
E será, presumivelmente, também o mais feliz. De sorte que também neste sentido o filósofo será o
mais feliz dos homens.
Texto extraído de: ARISTÓTELES Apud GALLO, 2017, p. 161-162.

O IMPERATIVO CATEGÓRICO E A LEI MORAL

O imperativo categórico e a lei moral

À pergunta, pois: “Como é possível um imperativo categórico?” pode, sem dúvida, responder-se na
medida em que se pode indicar o único pressuposto de que depende a sua possibilidade, quer dizer, a
ideia da liberdade, e igualmente na medida em que se pode aperceber a necessidade desse
pressuposto, o que, para o uso prático da razão [...] e portanto também da lei moral, é suficiente;
mas como seja possível esse pressuposto mesmo, isso é o que nunca se deixará jamais aperceber por
nenhuma razão humana. Mas, pressupondo a liberdade da vontade de uma inteligência, a
consequência necessária é a autonomia dessa vontade como condição formal, que é a única sob que
ela pode ser determinada. Não é somente muito possível (como a filosofia especulativa pode mostrar)
pressupor essa liberdade da vontade (sem cair em contradição com o princípio da necessidade natural
na ligação com os fenômenos do mundo sensível), mas é também necessário, sem outra condição,
para um ser racional que tem consciência da sua causalidade pela razão, por conseguinte de uma
vontade (distinta dos desejos), admiti-la praticamente, isto é, na ideia, como condição de todas as
suas ações voluntárias. Ora, como uma razão pura, sem outros móbiles, venham eles donde vierem,

50
possa por si mesma ser prática, isto é, como o simples princípio da validade universal de todas as
máximas como leis (que seria certamente a forma de uma razão pura prática), sem matéria alguma
(objeto) da vontade em que de antemão pudesse tomar-se qualquer interesse possa por si mesma
fornecer um móbil e produzir um interesse que pudesse chamar-se puramente moral; ou, por outras
palavras: como uma razão pura possa ser prática – explicar isso, eis o de que toda razão humana é
absolutamente incapaz; e todo o esforço e todo o trabalho que se empreguem para buscar a
explicação disso serão perdidos. [...] É aqui, pois, que se encontra o limite extremo de toda a
investigação moral; mas determiná-lo é de grande importância já para que, de um lado, a razão não
vá andar no mundo sensível, [...] à busca do motivo supremo de determinação e de um interesse,
concebível sem dúvida, mas empírico, e para que, por outro lado, não agite em vão as asas, sem sair
do mesmo sítio, no espaço [...] dos conceitos transcendentes, sob o nome de mundo inteligível [...].
De resto, a ideia de um mundo inteligível puro, como um conjunto de todas as inteligências, ao qual
pertencemos nós mesmos como seres racionais (posto que, por um lado, sejamos ao mesmo tempo
membros do mundo sensível), continua a ser uma ideia utilizável e lícita em vista de uma crença
racional, ainda que todo o saber acabe na fronteira deste mundo para, por meio do magnífico ideal de
um reino universal dos fins em si mesmos [...], ao qual podemos pertencer como membros logo que
nos conduzamos cuidadosamente segundo máximas da liberdade como se elas fossem leis da
natureza, produzir em nós um vivo interesse pela lei moral.

Texto extraído de: KANT, Immanuel. Apud GALLO, 2017, p. 162.

UTILITARISMO

Utilitarismo

O credo que aceita a utilidade ou o princípio da maior felicidade como fundação da moral sustenta que
as ações são corretas na medida em que tendem a promover a felicidade e erradas conforme tendam
a produzir o contrário da felicidade. Por felicidade se entende prazer e a ausência de dor , por
infelicidade, dor e a privação do prazer. Para dar uma clara ideia do padrão moral estabelecido pela
teoria, é preciso dizer muito mais, trata-se de saber, em particular, o que está incluído nas ideias de
dor e prazer e em que medida esse debate é uma questão aberta. Mas essas explicações
suplementares não afetam a teoria da vida sobre o qual se funda a teoria da moralidade, a saber, que
o prazer e a imunidade à dor são as únicas coisas desejáveis como fins, e que todas as coisas
desejáveis [...] são desejáveis quer pelo prazer inerente a elas mesmas, quer como meios para
alcançar o prazer e evitar a dor.

Texto retirado de: MILL, John S. Apud VASCONCELOS, 2016, p. 245.

51
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:

Competência 3: Analisar e avaliar criticamente as relações de diferentes grupos, povos e sociedades


com a natureza (produção, distribuição e consumo) e seus impactos econômicos e socioambientais,
com vistas à proposição de alternativas que respeitem e promovam a consciência, a ética
socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional, nacional e global.

OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:

Direitos Humanos e as (EM13CHS302) Analisar e avaliar criticamente os impactos econômicos e


garantias básicas para a socioambientais de cadeias produtivas ligadas à exploração de recursos
vida humana. naturais e às atividades agropecuárias em diferentes ambientes e escalas
Direito dos animais: de análise, considerando o modo de vida das populações locais – entre
princípio de alteridade e elas as indígenas, quilombolas e demais comunidades tradicionais –, suas
senciência. práticas agroextrativistas e o compromisso com a sustentabilidade.

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: Quem te deu direito para isso? A reflexão sobre os direitos humanos e os direitos
dos animais não humanos.
A) APRESENTAÇÃO:
Olá, professor(a), saudações!
No planejamento anterior, tratamos do tema da ética. Nesse planejamento, iremos estudar um tema
que está inserido no interior da Filosofia Moral, mas que é um desdobramento do planejamento anterior.
O tema a ser estudado por nós são os direitos humanos e os direitos dos animais não humanos.
Por mais que o tema dos direitos humanos pareça ser algo consolidado em nossa sociedade, as diversas
violações de direitos humanos, a falta de consciência do que vem a ser os direitos humanos e como ele
está presente em nossas vidas dificultam a ampliação de uma consciência cidadã e crítica a fim de
avançarmos numa sociedade igualitária.
Quando pensamos os direitos dos animais não humanos, a coisa se complexifica ainda mais. São os
animais sujeitos de direitos? Se não, os seres humanos podem utilizar dos animais como bem
entendem? Se sim, quais as implicações desses direitos na vida dos seres humanos? Qual a diferença
entre Bem-estar Animal e Libertação Animal? No Brasil, há leis específicas que envolvem algum direito
animal?
Como podemos ver, a questão dos direitos é ampla, complexa e provocadora de amplos debates. O
nosso planejamento mobiliza a habilidade do Currículo Referência de Minas Gerais que busca avaliar
criticamente as cadeias produtivas e seus impactos nas questões naturais e na exploração dos demais
seres. Os dois objetos de conhecimento estão voltados para os direitos humanos e direitos dos animais.
No nosso percurso, continuaremos com a metodologia anterior, centrada em quatro pontos: a)
sensibilização; b) problematização; c) investigação; d) conceituação. Diante disso, sensibilizaremos os
estudantes a partir de frases do dia a dia, bem como buscaremos compreender como essa temática dos
direitos está presente em suas vidas. Depois problematizaremos o que vem a ser os direitos, como a
nossa era é uma era voltada para os direitos e como esses direitos se ampliam. Após isso,
investigaremos na tradição filosófica dois autores que abordam acerca dos direitos humanos e dos
direitos animais. Por fim, conceituaremos a pauta dos direitos a partir de um jogo a ser desenvolvido em
sala de aula.

52
Professor(a), no percurso desse planejamento o seu empenho e sua motivação aos estudantes são
fundamentais. Busque mostrar na vida deles a presença dos diversos direitos ou a falta deles. Essa
percepção é muito importante para a construção de uma mentalidade crítica seja na defesa dos direitos
seja na luta pela conquista de novos direitos.

B) DESENVOLVIMENTO

1º MOMENTO

Organização da turma A escolha do professor.

Preparar uma caixa em que serão colocadas umas frases para


Recursos e providências nortear o debate. Sala em círculo ou espaços externos da escola
para debate.

Sensibilização

Querido(a) professor(a), nos últimos anos, a temática dos direitos humanos foi colocada no centro de
vários debates, bem como no cotidiano da vida das pessoas. Frases reducionistas, afirmação de um
direito como princípio de ação para negação de outros direitos, crítica aos direitos como sendo pautas
de grupo isolados e não garantias de toda sociedade. Ou seja, assistimos uma verdadeira luta na
interpretação dos direitos humanos e na fundamentação do porquê de sua existência. Dito isso, no
primeiro momento deste planejamento, utilize dois recursos para sensibilizar os estudantes da presença
ou falta dos direitos humanos e dos direitos dos animais em nossas vidas.
Nesse processo reúna a turma em círculo no interior da sala de aula ou em algum espaço que o
ambiente escolar possua e possibilite o debate. Coloque no centro da sala uma mesa e algumas frases
no interior de uma caixa, um vaso ou algo parecido.
Abaixo colocamos as frases:

A turma dos direitos humanos gosta de defender bandidos!

Direitos humanos é uma ova, precisamos de leis rígidas para pôr ordem na sociedade.

Direitos humanos para humanos direitos.

Hoje em dia animal tem mais direito que ser humano.

Ter direito é bom, mas quem vai pagar pelos direitos? É o pagador de impostos?

Um animal não pode ter mais direito que um ser humano.

O veganismo é contra a natureza humana.

Animal não tem direito.

As frases colocadas aqui dão um bom debate para iniciar a nossa reflexão. Solicite a um estudante
retirar do interior da caixa uma frase, ler e depois dizer o que pensa. Pergunte aos demais estudantes se
concordam com o colega. Motive o debate dos estudantes, buscando explorar as concepções acerca dos
direitos humanos e dos direitos dos animais.
Feito isso, distribua para os estudantes uma tabela de ações e peça que marquem se eles já fizeram
aquela ação ou não ou se conhecem alguém que conhece. Seria legal, que você professor(a) leia cada
frase com eles e peça para eles marcarem a tabela após a leitura. Abaixo, disponibilizamos um modelo.

53
 TABELA ( ícone clicável)

Após a marcação dos estudantes, você professor(a) verá que a maior parte dos estudantes marcará a
opção sim para as ações postas ou conhecerá alguém que já teve aquela ação. Feito isso, aponte que
todos os pontos colocados estão diretamente relacionados aos direitos humanos, que na verdade eles
são a efetivação dos direitos humanos no dia a dia das pessoas. Direito ao acesso aos bens de saúde, a
educação, a liberdade de imprensa, de consciência e de religião, o direito ao voto e de associação, o
direito ao emprego e a manutenção da vida através de um emprego. Ou seja, a vida como a vivemos
em sociedade e no dia a dia não é fruto da bondade dessa ou daquela pessoa, não uma concessão
desse ou daquele grupo, mas a efetivação de direitos básicos que garantem a existência das pessoas.

2º MOMENTO

Organização da turma Em sala de aula, sala de vídeo ou Sala de Aula Invertida.

Recursos para exibição de vídeos: televisão, projetor multimídia,


Recursos e providências
outros.

Problematização
Professor(a), nessa etapa de nosso planejamento é importante que os estudantes construam perguntas
acerca da realidade estudada. Nesse caso, nós estamos abordando sobre os direitos humanos e os
direitos dos animais. Diante disso, nós propomos a problematização a partir de dois documentários. O
primeiro abordará a trajetória dos direitos humanos na modernidade. De modo sucinto, o vídeo
apresentará eventos determinantes para que nós pensássemos a dignidade mínima desejada para cada
ser humano e transformássemos isso em lei. O segundo documentário, introduzirá os estudantes à
temática dos direitos dos animais, dando um panorama geral dos problemas envolvidos na utilização dos
animais de forma indiscriminada e sem limite. Abaixo, colocamos os links:

 Trajetórias dos direitos humanos.


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Jw2wW-Rh4f4.
 A carne é fraca.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=rrFsGTw5bCw

Para a execução dessa etapa, a metodologia da “Sala de Aula Invertida” pode ser um recurso a ser
utilizado. Proponha aos estudantes assistir os documentários sugeridos em casa e faça o debate em sala
de aula. Para isso, utilize um roteiro de perguntas que ajudarão o estudante a problematizar a realidade.
Abaixo apontamos alguns questionamentos:
• Por que a virada antropocêntrica ocorrida na Modernidade favoreceu a afirmação dos direitos
humanos?
• Por que as cenas de tortura praticada por regimes totalitários e ditatoriais estão vinculadas com
a reflexão acerca dos direitos humanos?
• Quais os eventos que proporcionaram a Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948?
• Porque além da declaração, a luta pela efetivação dos direitos humanos continua?
• O ser humano pode usar de forma indiscriminada e sem limites os animais não humanos?
• Quais os impactos da agropecuária nas questões ecológicas?
• É possível pensar numa realidade de maior bem-estar animal?
• Qual a diferença entre vegetarianismo e veganismo?
• Os animais são sujeitos de direitos?
• Você conhece alguma lei voltada para o bem-estar animal? Qual?

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Além dessa proposta, você professor(a) pode utilizar de outra metodologia. Pode assistir os
documentários em sala de aula com os estudantes e promover debates a partir das questões acima
propostas. O principal nessa reflexão é que você ajude os estudantes a problematizarem a questão dos
direitos. Depois da sensibilização que mostra a presença dos direitos em nossa vida, você professor(a)
faça-os criar perguntas, questionar a realidade, perceber o que ainda falta na realidade.

3º MOMENTO

Organização da turma A escolha do professor.

Recursos e providências Impressões, cópia.

Investigação
Professor(a), nessa etapa os estudantes entrarão em contato com a tradição filosófica, na forma como
ela sistematizou o conhecimento acerca dos direitos. Para isso, nós propomos a reflexão a partir do
texto de dois filósofos expoentes na temática: Noberto Bobbio para os direitos humanos e Peter Singer
para os direitos dos animais.
A nossa proposta é um momento expositivo a partir dos textos aqui citados. Leia com os estudantes o
texto e debata os conceitos aí colocados. Apresente como a tradição filosófica colaborou na construção
de uma mentalidade acerca dos direitos humanos e dos direitos dos animais. Por fim, responda junto
aos estudantes as três perguntas colocadas para cada texto. Abaixo de cada texto, colocamos um
parágrafo explicativo do texto aqui citado no contexto da obra em que foi retirado, as ideias principais
dos autores.

 TEXTO I: A ERA DOS DIREITOS ( ícone clicável)

Professor(a), acima colocamos dois excertos retirados do livro “A Era dos Direitos” de Norberto Bobbio.
O primeiro aborda o tema da variabilidade dos direitos, ou seja, que os direitos vão ganhando novas
significações no decorrer da história, bem como novos direitos são reconhecidos. O segundo mostra o
percurso histórico dos direitos: a) pensamento filosófico (Universal abstrato); b) aceitação pelos países,
no caso Revolução Francesa e Independência Americana (Particular concreto); c) Declaração Universal
dos Direitos Humanos, momento que um conjunto de países assumem a lei e a tornam concreta. Aqui
professor(a) é muito importante deixar claro o percurso dos direitos humanos na história, dizer o porquê
de sua promulgação, os contextos, sua relevância e, especialmente, a variabilidade, ou seja, suas
transformações com reconhecimento de novos direitos e ressignificação de direitos já existentes.

 TEXTO II: LIBERTAÇÃO ANIMAL ( ícone clicável)

Professor(a), o texto acima é retirado da obra “Libertação Animal” de Peter Singer. A defesa dos animais
não humanos está fundamentada na ética utilitarista. Para Singer, o tema do princípio de igualdade não
se assenta sobre a igualdade biológica dos seres humanos, pois não somos iguais. Na moralidade, a
igualdade implica que todos os seres tenham suas necessidades respeitadas. Junto a isso, o princípio de
senciência diz que todo ser que sofre, busca viver com o menor sofrimento possível. Assim professor(a),
pergunte aos estudantes se as leis e a forma que construímos o mundo não estão direcionados a criar
uma realidade com menor sofrimento. Assim, aqueles seres que são capazes de sofrer não deveriam ter
seus direitos respeitados? O bem-estar dos animais não humanos não deveriam ser levados em
consideração?
Diante disso professor(a), exponha os textos para os estudantes, reflita com eles os contextos, a

55
mentalidade de direitos formada na Modernidade e a ampliação desses direitos. Nesse momento, a
nossa tarefa é mais importante ainda, pois somos responsáveis por apresentar a tradição filosófica e sua
riqueza para os nossos estudantes.

4º MOMENTO

Organização da turma A escolha do professor.

Recursos e providências Impressões, xerox.

Conceituação
Professor(a), a nossa proposta de conceituação contará com a execução de duas atividades. A primeira
proposta consiste na construção de uma redação a partir da provocação de quatro anúncios de notícias
de jornal, acerca do tema dos direitos humanos e direitos dos animais. Essa proposta visa um diálogo
com as demais áreas do saber, bem como preparar os estudantes para debater um tema que é tão
essencial para a sociedade, bem como constantemente cobrado em provas como a do ENEM. Assim,
depois de percorrermos esse caminho reflexivo, motive os estudantes a construírem a sua própria
argumentação sobre a temática. A segunda proposta é um jogo para fixar conhecimentos e direitos que
envolvem a vida de nossos estudantes e de suas famílias.

Professor(a), abaixo colocamos a proposta de redação:

 PROPOSTA I ( ícone clicável)

Professor(a), na proposta abaixo faremos um jogo como finalização de nosso planejamento. O jogo é
antigo, mas ajuda na sistematização do conhecimento. A proposta é apresentar alguns direitos
fundamentais com a sua explicação para que os estudantes, divididos em grupos, façam o jogo da
memória. Para tanto, imprima os direitos e suas explicações em folhas A4, coloque-os sobre as mesas
da sala virados para baixo e instigue os estudantes a virarem e encontrarem os pares correspondentes.

 PROPOSTA II ( ícone clicável)

Professor(a), acima colocamos algumas propostas de pares para o jogo da memória dos direitos
humanos e direitos dos animais. Todavia você pode acrescentar direitos que julgue pertinentes, bem
como retirar um ou outro. A ideia aqui é conduzir o jogo, fazendo com que os estudantes entrem em
contato com um conjunto de direitos e, a partir do planejamento executado, possam captar o espírito
dos direitos humanos e dos direitos dos animais. No decorrer do jogo, faça comentários e mostre como
esses direitos estão presentes na atualidade.

56
ANEXO
TABELA

AÇÕES SIM NÃO CONHEÇO ALGUÉM QUE UTILIZA

Utilizar um posto de saúde, UPA ou


algum hospital público.

Estudar em escola pública.

Ler, assistir ou publicar nas redes


sociais alguma notícia.

Votar numa eleição.

Receber algum benefício do


governo, tal como o auxílio saúde.

Utilizar de gratuidade no transporte


público.

Testemunhar a favor ou contra


alguém em um processo judicial.

Construir uma família.

Participar de associação de bairros


ou sindical.

Escolher e praticar uma religião.

Ter um emprego.

Ter direito a férias.

Acesso a água potável.

Enviar ou receber uma carta pelos


correios.

57
TEXTO I: A ERA DOS DIREITOS

Texto I: A Era dos Direitos

“Em segundo lugar, os direitos do homem constituem uma classe variável, como a história destes
últimos séculos demonstra suficientemente. O elenco dos direitos do homem se modificou, e continua
a se modificar, com a mudança das condições históricas, ou seja, dos carecimentos e dos interesses,
das classes no poder, dos meios disponíveis para a realização dos mesmos, das transformações
técnicas, etc. Direitos que foram declarados absolutos no final do século XVIII, como a propriedade
sacre et inviolable, foram submetidos a radicais limitações nas declarações contemporâneas; direitos
que as declarações do século XVIII nem sequer mencionavam, como os direitos sociais, são agora
proclamados com grande ostentação nas recentes declarações. Não é difícil prever que, no futuro,
poderão emergir novas pretensões que no momento nem sequer podemos imaginar, como o direito a
não portar armas contra a própria vontade, ou o direito de respeitar a vida também dos animais e não
só dos homens. O que prova que não existem direitos fundamentais por natureza. O que parece
fundamental numa época histórica e numa determinada civilização não é fundamental em outras
épocas e em outras culturas.” (BOBBIO, 2004, p. 13).

“Esse universalismo foi uma lenta conquista. Na história da formação das declarações de direitos
podem-se distinguir, pelo menos, três fases. As declarações nascem como teorias filosóficas. Sua
primeira fase deve ser buscada na obra dos filósofos. Se não quisermos remontar até a ideia estoica
da sociedade universal dos homens racionais — o sábio é cidadão não desta ou daquela pátria, mas
do mundo, a ideia de que o homem enquanto tal tem direitos, por natureza, que ninguém (nem
mesmo o Estado) lhe pode subtrair, e que ele mesmo não pode alienar (mesmo que, em caso de
necessidade, ele os aliene, a transferência não é válida), essa ideia foi elaborada pelo jusnaturalismo
moderno. Seu pai é John Locke. Segundo Locke, o verdadeiro estado do homem não é o estado civil,
mas o natural, ou seja, o estado de natureza no qual os homens são livres e iguais, sendo o estado
civil uma criação artificial, que não tem outra meta além da de permitir a mais ampla explicitação da
liberdade e da igualdade naturais. Ainda que a hipótese do estado de natureza tenha sido
abandonada, as primeiras palavras com as quais se abre a Declaração Universal dos Direitos do
Homem conservam um claro eco de tal hipótese: “Todos os homens nascem livres e iguais em
dignidade e direitos.” O que é uma maneira diferente de dizer que os homens são livres e iguais por
natureza. E como não recordar as primeiras célebres palavras com que se inicia o Contrato social de
Rousseau, ou seja: “O homem nasceu livre e por toda a parte encontra-se a ferros”? A Declaração
conserva apenas um eco porque os homens, de fato, não nascem nem livres nem iguais.' São livres e
iguais com relação a um nascimento ou natureza ideais, que era precisamente a que tinham em
mente os jusnaturalistas quando falavam em estado de natureza. A liberdade e a igualdade dos
homens não são um dado de fato, mas um ideal a perseguir; não são uma existência, mas um valor;
não são um ser, mas um dever ser. Enquanto teorias filosóficas, as primeiras afirmações dos direitos
do homem são pura e simplesmente a expressão de um pensamento individual: são universais em
relação ao conteúdo, na medida em que se dirigem a um homem racional fora do espaço e do tempo,
mas são extremamente limitadas em relação à sua eficácia, na medida em que são (na melhor das
hipóteses) propostas para um futuro legislador. No momento em que essas teorias são acolhidas pela
primeira vez por um legislador, o que ocorre com as Declarações de Direitos dos Estados Norte-
americanos e da Revolução Francesa (um pouco depois), e postas na base de uma nova concepção do
Estado — que não é mais absoluto e sim limitado, que não é mais fim em si mesmo e sim meio para
alcançar fins que são postos antes e fora de sua própria existência —, a afirmação dos direitos do
homem não é mais expressão de uma nobre exigência, mas o ponto de partida para a instituição de

58
um autêntico sistema de direitos no sentido estrito da palavra, isto é, enquanto direitos positivos ou
efetivos. O segundo momento da história da Declaração dos Direitos do Homem consiste, portanto, na
passagem da teoria à prática, do direito somente pensado para o direito realizado. Nessa passagem, a
afirmação dos direitos do homem ganha em concreticidade, mas perde em universalidade. Os direitos
são doravante protegidos (ou seja, são autênticos direitos positivos), mas valem somente no âmbito
do Estado que os reconhece. Embora se mantenha, nas fórmulas solenes, a distinção entre direitos do
homem e direitos do cidadão, não são mais direitos do homem e sim apenas do cidadão, ou, pelo
menos, são direitos do homem somente enquanto são direitos do cidadão deste ou daquele Estado
particular. Com a Declaração de 1948, tem início uma terceira e última fase, na qual a afirmação dos
direitos é, ao mesmo tempo, universal e positiva: universal no sentido de que os destinatários dos
princípios nela contidos não são mais apenas os cidadãos deste ou daquele Estado, mas todos os
homens; positiva no sentido de que põe em movimento um processo em cujo final os direitos do
homem deverão ser não mais apenas proclamados ou apenas idealmente reconhecidos, porém
efetivamente protegidos até mesmo contra o próprio Estado que os tenha violado. No final desse
processo, os direitos do cidadão terão se transformado, realmente, positivamente, em direitos do
homem. Ou, pelo menos, serão os direitos do cidadão daquela cidade que não tem fronteiras, porque
compreende toda a humanidade; ou, em outras palavras, serão os direitos do homem enquanto
direitos do cidadão do mundo. Somos tentados a descrever o processo de desenvolvimento que
culmina da Declaração Universal também de um outro modo, servindo-nos das categorias tradicionais
do direito natural e do direito positivo: os direitos do homem nascem como direitos naturais
universais, desenvolvem-se como direitos positivos particulares, para finalmente encontrarem sua
plena realização como direitos positivos universais. A Declaração Universal contém em germe a síntese
de um movimento dialético, que começa pela universalidade abstrata dos direitos naturais,
transfigura-se na particularidade concreta dos direitos positivos, e termina na universalidade não mais
abstrata, mas também ela concreta, dos direitos positivos universais.” (BOBBIO, 2004, p. 18-19).

Questões

1) É possível afirmar que o reconhecimento dos direitos é um processo que está em permanente
construção, visto que há direitos que vão se afirmando com o tempo e outros que vão ganhando
novos significados?
2) Qual o processo histórico que instigou a comunidade internacional a fazer uma declaração de
direitos humanos?
3) Na realidade atual, podemos dizer que os direitos humanos básicos estão garantidos?

TEXTO II: LIBERTAÇÃO ANIMAL

Texto II: Libertação Animal


“Felizmente, não é necessário fazer depender a defesa da igualdade de um resultado particular da
investigação científica. A resposta adequada àqueles que afirmam ter encontrado a prova da
existência de diferenças com base genética nas capacidades evidenciadas pelas diferentes raças ou
sexos não é o apego à ideia de que a explicação genética deve estar errada, seja qual for a prova em
contrário que surja; ao invés, devemos tornar bem claro que a defesa da igualdade não depende da
inteligência, da capacidade moral, da força física ou características semelhantes. A igualdade é uma
ideia moral, e não a afirmação de um fato. Não existe nenhuma razão obrigatória do ponto de vista
lógico para uma diferença fatual de capacidade entre duas pessoas justificar qualquer diferença na

59
consideração que damos às suas necessidades e interesses. O princípio da igualdade dos seres
humanos não constitui uma descrição de uma suposta igualdade fatual existente entre os humanos:
trata-se de uma prescrição do modo como devemos tratar os seres humanos. Jeremy Bentham,
fundador da escola utilitária reformadora de filosofia moral, incorporava a base fundamental da
igualdade moral no seu sistema ético através da fórmula: "Cada um contará como um e nenhum por
mais do que um." Por outras palavras, os interesses de cada ser humano afetados por uma ação têm
de ser tidos em conta e sopesados como os interesses de outro qualquer ser humano. Um utilitário
posterior, Henry Sidgwick, pôs a questão nos seguintes termos: "O benefício de um qualquer indivíduo
não tem mais importância, do ponto de vista (se assim se pode dizer) do Universo, do que o benefício
de qualquer outro indivíduo." Mais recentemente, as figuras notáveis da filosofia moral contemporânea
conseguiram um grande consenso relativamente à especificação de um requisito semelhante, que
pretende atribuir igual importância aos interesses de todos, como pressuposto fundamental das suas
teorias morais - embora estes autores não concordem quanto à melhor formulação deste requisito. 1
Como implicação deste princípio de igualdade, a nossa preocupação pelos outros e a nossa prontidão
em considerar os seus interesses não deverão depender do seu aspecto ou das capacidades que
possuam. O que a nossa preocupação e consideração nos exigem poderá variar precisamente de
acordo com as características daqueles que serão afetados pelo que fazemos: a preocupação
relativamente ao bem-estar das crianças que crescem na América exigirá que as ensinemos a ler; a
preocupação com o bem-estar dos porcos poderá exigir que os deixemos uns com os outros, num
local onde exista alimentação adequada e eles tenham espaço suficiente para correr livremente. Mas o
elemento básico - tomar em consideração os interesses do ser, sejam estes quais forem - deve,
segundo o princípio da igualdade, ser ampliado a todos os seres, negros ou brancos, masculinos ou
femininos, humanos ou não humanos. [...] É nesta base que, em última instância, devem assentar as
causas que se opõem ao racismo e ao sexismo; e é nos termos deste princípio que a atitude que
poderemos designar como "especismo", por analogia com "racismo", deverá também ser condenada.
O especismo - a palavra não é bonita, mas não consigo pensar num termo melhor - é um preconceito
ou atitude de favorecimento dos interesses dos membros de uma espécie em detrimento dos
interesses dos membros de outras espécies. Deveria ser óbvio que as objeções fundamentais
colocadas por Thomas Jefferson e Sojourner Truth relativamente ao racismo e ao sexismo também se
aplicam ao especismo. Se a possessão de um grau superior de inteligência não dá a um humano o
direito de utilizar outro para os seus próprios fins, como é que pode permitir que os humanos
explorem os não humanos com essa intenção?” (SINGER, 2010, p. 8-11).

Questões
1) O que é o princípio de igual consideração de interesses defendido por Peter Singer?
2) Como podemos conceituar o especismo?
3) Como a corrente ética do utilitarismo dá base para pensarmos os direitos dos animais?

60
PROPOSTA I

Redação

Veja as notícias abaixo e responda o que se pede:

Notícia I

Fonte: (OLIVEIRA [2023])


Notícia II

Fonte: (LOEBLEIN [2023])


Notícia III

Fonte: (Com superlotação…/G1 [2023])

Notícia IV
Fonte: (FIGUEIREDO [2021])

As chamadas de notícias veiculadas na internet nos apresentam duas realidades distintas, mas
interligadas pelo tema dos direitos. As duas primeiras apontam para o avanço da noção de bem-estar
animal que já encontra amparo na lei brasileira e tem se expandido no decorrer dos anos com a

61
consciência social assumindo cada vez mais protagonismo. As duas últimas notícias apontam para
problemas estruturais do Brasil, que representam um empecilho na efetivação plena dos direitos
humanos e que ferem a dignidade humana. Diante disso, disserte sobre o tema: Direitos Humanos e
Direitos dos Animais: conquistas e retrocessos.

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PROPOSTA II

Direito à educação e a cuidados especiais para a criança


Estatuto da Criança e do Adolescente
física ou mentalmente deficiente.

Se o idoso ou sua família não possuem condições


econômicas de prover o seu sustento, impõe-se ao
Estatuto do Idoso
Poder Público esse provimento, no âmbito da
assistência social.

Toda mulher tem o direito a uma vida livre seja no


Direitos Humanos da Mulher
âmbito público ou privado.

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em


Declaração Universal dos Direitos dignidade e direitos. São dotados de razão e
Humanos - Artigo 1 consciência e devem agir em relação uns com os outros
em espírito de fraternidade.

Toda pessoa com deficiência tem o direito à igualdade


Estatuto da Pessoa com Deficiência de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá
nenhuma espécie de discriminação.

Declaração Universal dos Direitos


Toda pessoa tem o direito à segurança social.
Humanos - Artigo 22

Declaração Universal dos Direitos Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento
Humanos - Artigo 5 ou castigo cruel, desumano ou degradante.

Declaração Universal dos Direitos Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou
Humanos - Artigo 9 exilado.

Declaração Universal dos Direitos Toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento,
Humanos - Artigo 18 de consciência e de religião.

Lei Federal 14064/20 Penaliza os maus tratos praticados contra os animais;

Dota o poder público de competência para proteger a


Artigo 255 da Constituição Federal fauna e a flora, vedando práticas que submetam os
animais à crueldade.

63
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:

Competência 3: Analisar e avaliar criticamente as relações de diferentes grupos, povos e sociedades


com a natureza (produção, distribuição e consumo) e seus impactos econômicos e socioambientais,
com vistas à proposição de alternativas que respeitem e promovam a consciência, a ética
socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional, nacional e global.

OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:

Os desafios da bioética (EM13CHS301) Problematizar hábitos e práticas individuais e coletivos de


frente ao desenvolvimento produção, reaproveitamento e descarte de resíduos em metrópoles, áreas
tecnológico e a globaliza- urbanas e rurais, e comunidades com diferentes características
ção na dinâmica produti- socioeconômicas, e elaborar e/ou selecionar propostas de ação que
va. promovam a sustentabilidade socioambiental, o combate à poluição
Sustentabilidade e bioéti- sistêmica e o consumo responsável.
ca: uma ética da respon- (EM13CHS302) Analisar e avaliar criticamente os impactos econômicos e
sabilidade. socioambientais de cadeias produtivas ligadas à exploração de recursos
Manipulação genética na naturais e às atividades agropecuárias em diferentes ambientes e escalas
alimentação e os desafios de análise, considerando o modo de vida das populações locais – entre
para uma vida saudável. elas as indígenas, quilombolas e demais comunidades tradicionais –, suas
Ética: desdobramentos da práticas agroextrativistas e o compromisso com a sustentabilidade.
reflexão ética em bioética.

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: Qual o limite da manipulação da vida? A bioética na filosofia.
A) APRESENTAÇÃO:
Olá, professor(a), saudações!
Nesse planejamento, o tema de nossa sequência didática está centrado na Bioética. Como você pode
perceber, neste bimestre estamos trabalhando o tema da ética. No primeiro planejamento, propusemos
uma reflexão que levava os estudantes a serem introduzidos nas principais escolas filosóficas da ética.
No segundo planejamento, abordamos o tema dos direitos humanos e dos direitos dos animais,
apontando para o fato de ser o campo jurídico e dos direitos um desdobramento das convicções éticas
que carregamos. Agora nós entraremos num campo polêmico, mas necessário da vida: a bioética.
Como você pode ver, nós continuamos com as duas habilidades já trabalhadas nos planejamentos
anteriores. Nas duas, aparecem os verbos problematizar, analisar e avaliar os comportamentos
humanos, os valores, como isso se reflete nos meios de produção, na questão da conservação da vida
no planeta, sustentabilidade, etc. Nesse planejamento, em função dos objetos de conhecimento, nós
iremos focar na bioética.
Para alcançarmos esse objetivo, é muito importante sensibilizarmos os nossos estudantes para a
temática, ajudá-los a problematizar e investigar sobre o tema e, por fim, que eles possam conceituar a
realidade acerca da temática estudada. Dessa forma, a nossa metodologia seguirá esses quatro passos:
a) sensibilizar; b) problematizar; c) investigar; d) conceituar.
No primeiro ponto, o da sensibilização, nós ofereceremos aos estudantes casos concretos relativos à
bioética para que eles possam discutir em grupos e se sensibilizar pela temática. Esses casos concretos,
estarão relacionados com notícias do cotidiano que marcam a nossa existência e impõem um problema
de ordem bioética. O segundo ponto, o da problematização, será feito no debate em sala de aula a
partir desses casos concretos, numa experiência de mini júri a fim de problematizar com os estudantes.

64
No terceiro ponto, investigação, debateremos um texto da tradição filosófica a fim de analisarmos os
principais conceitos da bioética. Por fim, no último ponto, o da conceituação, ofereceremos um
“cardápio” de opções para que os estudantes possam apresentar para a comunidade escolar a temática
estudada e, assim, mostrar a sistematização do conhecimento, apresentando a sua capacidade de
conceituar a realidade.
Professor(a) o seu papel motivador e agregador no decorrer da sequência didática é muito importante,
por isso, sensibilize os estudantes, anime-os, valorize as suas contribuições e ajude-os a resolver os
dilemas apresentados. O resultado final junto da comunidade escolar pode ser um elemento de
valorização dos estudantes frente aos seus colegas de outras turmas e demais funcionários da escola.
Explore isso com os estudantes. Levar o conhecimento construído para além da sala de aula, pode criar
em sua comunidade escolar um clima de partilha de conhecimento muito legal, bem como a valorização
do trabalho dos estudantes, motivando-os.

B) DESENVOLVIMENTO

1º MOMENTO

Organização da turma Em grupos.

Impressão das notícias e do questionário em folha A4 para os


Recursos e providências
estudantes.

Sensibilização

Professor(a), nesse primeiro momento de nosso planejamento, acolha os estudantes, apresente as


habilidades que serão trabalhadas, bem como os objetos de conhecimento. Explique, de maneira geral,
o percurso que será trilhado junto à turma. Após isso, é o momento de sensibilizar os nossos estudantes
para a temática estudada. Como alguns temas da bioética estão sempre colocados no debate público e
causam discussões sempre que colocados, escolhemos três notícias de jornais com temas relativos à
temática da bioética. O primeiro tema está vinculado à mutação genética dos alimentos, o segundo à
eutanásia e o terceiro ao aborto. Divida os estudantes em grupos, peça que leiam a notícia juntos e
respondam ao questionário entregue.

 TEXTO 1: NOTÍCIA I ( ícone clicável)

 TEXTO 2: NOTÍCIA II ( ícone clicável)

 TEXTO 3: NOTÍCIA III ( ícone clicável)

Professor(a), após um momento para que os estudantes leiam as notícias e respondam o que se pede,
organize a sala em círculos, exponha as situações analisadas e peça aos estudantes para dizer o que
pensaram sobre cada questão. Veja se na sala há posições dissonantes. Contraponha pontos de vista,
traga novos argumentos e exercite a capacidade de diálogo e argumentação com os estudantes.

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2º MOMENTO

Organização da turma Em forma de um tribunal.

Recursos e providências Dividir a turma em grupos entre juiz, defesa, acusação e júri.

Problematização
Caro(a) professor(a), nesse momento nós ajudaremos os nossos estudantes a desenvolverem a
capacidade de problematizar a realidade. É importante salientar que nesse processo é fundamental que
nós demos o máximo auxílio aos estudantes. Nesse sentido, propomos três casos concretos a serem
julgados pelos estudantes. Você professor(a) pode utilizar os três, escolher apenas um ou até mesmo
criar outros casos que se adequem à sua realidade. Os nossos casos estão relacionados com os temas
das notícias lidas no primeiro momento.
Na organização da turma, você, professor(a), será o(a) juiz(a). Divida os estudantes em três grupos: o
primeiro grupo exercerá o papel de advogado de defesa; o segundo grupo exercerá o papel de
promotoria (acusação); o terceiro grupo será o júri. Um estudante será o réu, a quem você dará o caso
e pedirá que ele faça uma argumentação de defesa de si. Antes de iniciar a atividade, instrua os
estudantes sobre o papel que cada grupo terá no julgamento:

Responsável por comandar todo o processo. Deve exercer sua autoridade, dando a
Juiz
palavra ou cortando-a. Também pode inquirir e fazer perguntas.

Responsável por defender o réu das acusações. Busca na lei e a partir da construção de
Defesa uma narrativa mostrar que o réu não é culpado. Caso o réu seja culpado, a defesa
buscará a menor penalidade possível para o réu.

Responsável por acusar, mostrar as contrariedades do réu, construir uma narrativa que
Acusação
declare a culpabilidade.

Juri Aquele que ouve o julgamento e ao final proclama a sentença de culpa ou não.

Réu A pessoa denunciada que deverá apresentar a sua defesa.

Dividida a sala nos papéis propostos, escolha o caso a ser debatido e distribua para os estudantes.
Abaixo listamos os três casos.

 CASO 1 ( ícone clicável)

 CASO 2 ( ícone clicável)

 CASO 3 ( ícone clicável)

Dividido os casos ou o caso entre a turma, municie os seus estudantes com argumentos, motivando-os a
pesquisar na legislação e a elaborar argumentos criativos. No dia do júri, organize as cadeiras da sala
deixando o réu no meio, acusação e defesa ladeadas ao réu em lados opostos e o júri na parte de trás.
Organize a ordem de exposições. Questione a defesa, a acusação, o réu. Ajude os estudantes a
perceberem a complexidade dos temas envolvidos, os dilemas éticos, o choque de valores e outros. Por
fim, aponte para eles que esses são os problemas que a ética filosófica busca pensar dentro da área da
bioética. Instrua sobre a complexidade de pensar a vida humana, sua manipulação, o impacto das novas
tecnologias e da globalização.

66
3º MOMENTO

Organização da turma A escolha do professor.

Recursos e providências Impressão do texto e atividades.

Investigação

Caro(a) professor(a), nesse momento do nosso planejamento é importante que você apresente aos
nossos estudantes como a tradição filosófica sistematizou o pensamento e criou conceitos acerca do
tema estudado. Para isso, nós propomos primeiramente a utilização do recurso metodológico chamado
Sala de Aula Invertida, em que você passará uma atividade a ser cumprida pelo estudante em casa.
Para isso, propomos que eles assistam a um debate entre o filósofo Mário Sérgio Cortella e o médico
Paulo Sadiva, em que é tratado o tema da ética e da bioética.

 Ética e bioética nos dias de hoje


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Q0h-a6GAW1E

Após a apreciação do debate, conduza uma exposição a partir de um texto do site Brasil Escola colocado
abaixo e, juntamente com esta intervenção pedagógica, solicite aos estudantes a realização de uma
pesquisa documental a fim de prepará-los para a realização da próxima etapa do planejamento, a saber,
a conceituação.
Assim, busque a melhor forma de trabalhar o texto abaixo com seus estudantes. Como opção,
sugerimos a leitura reflexiva em sala de aula, em que você pode ir lendo e debatendo junto dos
estudantes, ou a escrita dos conceitos básicos no quadro para a consequente explicação. Abaixo
colocamos o texto de apoio.

 TEXTO: BIOÉTICA ( ícone clicável)

Por fim, proponha aos estudantes a realização de uma pesquisa, a fim de criar um conjunto de
ferramentas para execução da próxima etapa, em que os estudantes terão que criar os seus próprios
conceitos sobre o tema estudado. Abaixo sugerimos alguns temas que podem ser distribuídos para a
turma - organizada em grupos de até cinco pessoas. Nesse trabalho professor(a), convide os estudantes
a explorarem os diversos pontos de vista relacionados às temáticas, argumentos favoráveis e
argumentos contrários, levando-os a formar, assim, as suas opiniões próprias sobre o assunto analisado.

TEMAS
▪ Aborto.
▪ Clonagem.
▪ Engenharia Genética.
▪ Eutanásia.
▪ Fertilização in vitro.
▪ Uso de células tronco.
▪ Uso de animais em experimentos.

Professor(a), aborde com os estudantes o valor dessa pesquisa. Indique que os dados recolhidos serão
utilizados na próxima etapa. Aponte a importância de uma boa coleta de dados para que os estudantes
possam desempenhar bem o próximo momento. Se quiser, distribua para eles duas fichas, sendo que
uma é para anotação dos argumentos a favor, e a outra para argumentos contra. Essa etapa do
planejamento pode ser avaliada com pontos, como forma de estimular os estudantes.

67
4º MOMENTO

Organização da turma Em grupos;

Auxiliar os estudantes na produção dos materiais para exposição


Recursos e providências
na comunidade escolar;

Conceituação

Caro(a) professor(a), nessa última etapa você ajudará os estudantes a conceituarem a realidade a partir
dos estudos feitos nesse planejamento. Para isso, retome com os estudantes a pesquisa feita. Ajude-os
a fazer uma síntese com os principais argumentos sobre a temática estudada, apresentando os
argumentos favoráveis e contrários. Por fim, peça aos estudantes que construam uma forma de
apresentar o conhecimento adquirido acerca daquele tema para toda a comunidade escolar. A fim de
motivar o protagonismo dos estudantes, ofereça como que um menu de opções que eles podem
escolher para realizar essa tarefa. Abaixo colocamos algumas opções que, você professor(a), pode
enriquecer com sua experiência e pensando em sua realidade.

OPÇÕES DE APRESENTAÇÃO
▪ Mural.
▪ História em quadrinhos.
▪ Vídeo explicativo.
▪ Tutorial.
▪ Podcast.
▪ Mapa Mental.
▪ Música.
▪ Criação de um jogo.
▪ Jornal.
▪ Notícia em forma de áudio.

Nessa etapa professor(a), é muito importante motivar os estudantes e deixá-los usar da criatividade. O
nosso papel é auxiliar os estudantes dando orientações sobre os temas e a pertinência do que vai ser
mostrado. No caso de vídeos ou uso de fotos dos estudantes, é importante conversar com a direção da
escola e assinar o Termo de Autorização do uso da imagem e da voz. Quem sabe essa experiência não
pode gerar em sua comunidade escolar a criação de algum meio de comunicação (jornal, podcast,
revista) entre os estudantes com os trabalhos realizados? Assim, partilhamos o conhecimento e criamos
interação entre as turmas.

68
ANEXO
TEXTO 1: NOTÍCIA I

Notícia I
Japão e Coreia bloqueiam variedades de trigo dos EUA
O governo do Japão disse que vai suspender as compras de todo o trigo Western White dos Estados
Unidos para uso na alimentação

O Japão e a Coreia do Sul tomaram medidas para bloquear certas variedades de trigo importado dos
Estados Unidos após plantas geneticamente modificadas da Monsanto não autorizadas terem sido
encontradas no Estado de Washington, informou o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).
O governo do Japão disse que vai suspender as compras de todo o trigo Western White dos Estados
Unidos para uso na alimentação, além de todas as compras de trigo Western White da Costa Oeste
dos EUA, mas não do Golfo, para uso como ração animal até que o país possa iniciar testes de
embarques norte-americanos.
O Japão também suspendeu a distribuição de todo o trigo dos EUA comprado anteriormente até que
testes sejam realizados.
É a primeira vez que o Japão bloqueia as importações de trigo dos EUA desde meados de 2013,
quando uma variedade de trigo transgênico, também desenvolvida pela Monsanto, mas nunca lançada
comercialmente, foi encontrada em uma fazenda em Oregon.
A Coreia do Sul suspendeu a liberação do trigo dos EUA para uso na indústria de alimentos, disse o
USDA.
Texto retirado de: JAPÃO e Coreia bloqueiam variedades de trigo dos EUA. EXAME, [S.l.], 2 ago. 2016. Disponível em:
https://exame.com/ciencia/japao-e-coreia-bloqueiam-variedades-de-trigo-dos-eua.

Questões

1) Após anos de estudos e utilização, os alimentos transgênicos continuam sendo uma incógnita. Há
pesquisadores que afirmam seus malefícios, há pesquisadores que afirmam seus benefícios. Diante
disso, se pergunta: pode o ser humano modificar geneticamente as sementes de seus alimentos?
2) Os riscos ecológicos, como as superpragas, e os riscos para saúde podem ser relativizados em vista
de uma maior produtividade e menor perdas?
3) No Brasil, tramita no legislativo federal uma lei que tiraria a obrigatoriedade da informação de que
um alimento é transgênico. Você é favorável ou contrário a posição de que o consumidor deva saber o
que está consumindo? É ético uma pessoa comer alimento transgênico sem saber de sua procedência?
Explique.

69
TEXTO: NOTÍCIA II

Notícia II

Espanha aprova a lei da eutanásia e se torna o quinto país do mundo a regulamentá-la


Somente poderão fazer o pedido pessoas que “sofram de uma doença grave e incurável ou uma
condição grave, crônica e incapacitante”.

A Espanha se juntou nesta quinta-feira à Holanda, Bélgica, Luxemburgo e Canadá como um dos
primeiros países do mundo a regulamentar a eutanásia. A Câmara dos Deputados, com 202 votos a
favor, 141, contra e duas abstenções, aprovou a lei apresentada pelo PSOE, que entrará em vigor
dentro de três meses. Para solicitar a eutanásia, a pessoa terá que “sofrer de uma doença grave e
incurável ou de um quadro grave, crônico e incapacitante” que lhe cause “sofrimento intolerável”.
Embora tenha sido retirada do título da proposta durante o debate parlamentar, a norma regula tanto
a própria eutanásia ―“administração direta de uma substância ao paciente pelo profissional de saúde
competente”― como o que tem sido chamado de suicídio medicamente assistido ―”a prescrição ou
fornecimento ao paciente, pelo profissional de saúde, de uma substância para que ele próprio possa
administrá-la, causando a própria morte”.

Com a aprovação da norma, a Espanha passará a integrar um breve grupo de países nos quais a
eutanásia é regulamentada. Em Portugal, o Tribunal Constitucional se opôs à lei, enquanto na
Colômbia a prática é legal, de acordo com uma sentença do Tribunal Constitucional, mas não está
regulamentada. Na Nova Zelândia está prevista a entrada da lei em vigor em novembro. Em partes
dos Estados Unidos e da Austrália, a prática também é permitida.

Na comparação com as demais leis em vigor, a espanhola, muito mais garantista, estabelece uma
série de etapas que podem atrasar o processo em mais de um mês, a partir do momento em que o
paciente o solicita. Este começa com o pedido da parte afetada, que deve ser manifestado por escrito
duas vezes em 15 dias. Neste requerimento tem que ficar claro que a decisão não é “o resultado de
nenhuma pressão externa”. Além disso, para garantir que seja a clara vontade do solicitante, este
deve ter disposto por escrito “as informações que existem sobre o seu processo médico, as diferentes
alternativas e possibilidades de ação, entre as quais o acesso a cuidados paliativos integrais incluídos
no portfólio comum de serviços e atendimentos a que tem direito nos termos da regulamentação
sobre cuidados a dependentes”. Uma vez iniciado o processo, o interessado pode mudar sua decisão a
qualquer momento e, uma vez que receba a autorização pertinente, adiar sua aplicação pelo tempo
que desejar.

A partir da segunda solicitação, o médico do paciente deverá encaminhar o pedido à comissão


regional correspondente, que definirá os dois profissionais, fora do caso, que examinarão a solicitação.
Posteriormente, a comissão aprovará ou rejeitará a decisão desses dois especialistas. A lei não fixa a
composição desta comissão, que será determinada por cada comunidade autônoma, apenas especifica
que deve ser composta por, no mínimo, sete pessoas, com especialistas médicos, jurídicos e de
enfermagem. Essa comissão deve responder ao pedido em 19 dias. [...]

Texto retirado de: BENITO, Emilio de. Espanha aprova lei da eutanásia e torna-se o quinto país do mundo a regulamentá-la.
El País, [S.l.], 18 mar. 2021. Disponível em:https://brasil.elpais.com/sociedade/2021-03-18/espanha-aprova-a-lei-da-
eutanasia-e-se-torna-o-quinto-pais-do-mundo-a-regulamenta-la.html.

70
Questões

1) É eticamente aceitável que uma pessoa queira o fim da própria vida e, por isso, faça a eutanásia?
2) É ético prolongar a vida de um paciente em estado terminal e com forte sofrimento mesmo quando
esse paciente não quer mais viver, não há possibilidade de salvá-lo, mas a família insiste que se
prolongue a sua vida?
3) A vida é um valor absoluto, mesmo que as condições em que se viva sejam de sofrimento e sem
qualidade?

TEXTO: NOTÍCIA III

Notícia III

Menina de 11 anos faz aborto legal após ser estuprada pelo padrasto no norte da BA;
suspeito foi preso

Gravidez foi descoberta após criança dar entrada em hospital de Casa Nova com suspeita de
apendicite.

Uma menina de 11 anos passou por um aborto legal após ser estuprada pelo padrasto, um homem de
54 anos, na cidade de Casa Nova, no norte da Bahia. De acordo com a Polícia Civil, os abusos foram
descobertos após a menina ser internada com suspeita de apendicite e o homem foi preso nesta
quarta-feira (20).
O aborto legal é um procedimento de interrupção de gestação autorizado pela legislação brasileira e
que deve ser oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). É permitido nos casos em
que a gravidez é decorrente de estupro, quando há risco à vida da gestante ou quando há um
diagnóstico de anencefalia do feto.
O suspeito foi interrogado e encaminhado para realização do exame de corpo de delito. Ele será
encaminhado para o Conjunto Penal de Juazeiro, cidade que também fica no norte do estado.

Texto retirado de: MENINA de 11 anos faz aborto legal após ser estuprada pelo padrasto no norte da BA; suspeito foi preso.
G1, [S.l.], 20 set. 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2023/09/20/homem-e-preso-por-suspeita-de-
estuprar-menina-na-ba.ghtml.

Questões

1) O aborto é um tema recorrente na sociedade brasileira. Vez e outra casos graves, como o apontado
acima, causa comoção e reacende o debate. Diante disso, você se considera uma pessoa favorável ou
contrária a descriminalização do aborto?
2) A lei brasileira aceita o aborto em três casos: estupro, risco de vida para a mulher e anencefalia do
feto. O que você pensa sobre essa liberação? Concorda ou discorda? Por quê?
3) No caso específico da criança, que com onze anos ainda não tem o seu corpo formado e já está
grávida devido a um crime, você considera que o aborto legal foi a melhor saída? Haveria outro modo
para lidar com a situação levando em conta o bem-estar da criança de onze anos? Justifique.

71
CASO 1

Caso I

Uma adolescente de 12 anos sofreu um abuso sexual e, nesse caso, optou-se pela realização do
aborto legal, conforme garantido pela lei brasileira. Todavia, após a realização do aborto, uma tia da
adolescente alega que a mãe da adolescente mentiu sobre o tempo de gestação da criança. No
hospital que foi feito o aborto só é permitido fazer quando a gestação tem até 22 semanas e o feto
tenha menos de 500 gramas. Sabendo que o aborto de Alice não seria feito devido a gestação já ter
22 semanas e 4 dias, a mãe decidiu mentir. Nessa decisão, a mãe alega a falta de condições físicas,
psicológicas e sociais para a manutenção da gravidez. A tia alega que a mãe agiu de má fé e que boa
parte da família era contrária a tal decisão. Diante disso, como proceder no julgamento?

CASO 2

Caso II

Seu João tem 58 anos, nasceu na roça e vive na roça desde então. Não teve a oportunidade de
estudar e tudo o que sabe, vem do conhecimento prático de produzir alimentos. Ele nunca conseguiu
ter uma terra em seu nome. Ele sempre trabalhou na terra de outras pessoas. Nos últimos anos ele
trabalha para um grande fazendeiro que tem muito poder econômico e político no estado. Na fazenda
que está a cultura que é plantada é de soja. Todavia, nos últimos anos as sementes enviadas para seu
João eram sementes geneticamente modificadas. Seu João não sabe os efeitos dessas sementes na
saúde das pessoas, porém um grupo de pessoas do arraial que ele vive disseram a ele que as
sementes que ele estava plantando não eram autorizadas pelo governo e nem tinham passado por
testes. Mesmo contrariado e sem entender muito o que isso representava, ele continuou o seu
trabalho. O fato é que, quando comercializadas, as sementes tiveram como reação o favorecimento do
desenvolvimento de câncer em algumas pessoas. Essas pessoas entraram na justiça e descobriram
que o único lugar que estava plantando essas sementes era na terra de Seu João. Agora ele está no
centro do processo e responderá por essa utilização. Diante disso, como proceder no julgamento?

CASO 3

Caso III

Pedro e sua família vivem na Espanha. Ele - casado e com 4 filhos - descobriu, faz um ano, um tipo de
câncer raro e com poucas possibilidades de cura. No decorrer do tratamento a sua situação de saúde
foi se degenerando ao mesmo tempo que aumentou o seu sofrimento. Faz dois meses, devido aos
tratamentos, Pedro já não tem mais consciência, porém antes de ficar inconsciente, havia pedido a
família que se chegasse a ficar nesse estado, fosse feita a eutanásia. O detalhe é que três filhos de
Pedro querem que ele passe pela eutanásia, mas a esposa e um filho não. Diante disso, pensando em
terminar com o sofrimento do pai, os três filhos de Pedro entram com um pedido na justiça para
autorização da eutanásia. Diante disso, como proceder no julgamento?

72
TEXTO: BIOÉTICA

Bioética
A Bioética é uma área de estudo interdisciplinar que envolve as problematizações éticas, o Direito e a
Biologia enquanto ciência que estuda a vida.

A Bioética é uma área de estudo interdisciplinar que envolve a Ética e a Biologia, fundamentando os
princípios éticos que regem a vida quando essa é colocada em risco pela Medicina ou pelas ciências. A
palavra Bioética é uma junção dos radicais “bio”, que advém do grego bios e significa vida no sentido
animal e fisiológico do termo (ou seja, bio é a vida pulsante dos animais, aquela que nos mantém
vivos enquanto corpos), e ethos, que diz respeito à conduta moral.
Trata-se de um ramo de estudo interdisciplinar que utiliza o conceito de vida da Biologia, o Direito e
os campos da investigação ética para problematizar questões relacionadas à conduta dos seres
humanos em relação a outros seres humanos e a outras formas de vida.

Origem da Bioética
A Bioética surgiu na segunda metade do século XX, devido ao grande desenvolvimento da Medicina e
das ciências, que avançaram cada vez mais para a modificação da vida humana e a promoção do
conforto humano, bem como para a utilização de cobaias vivas (humanas e não humanas). A fim de
evitar horrores, como os que foram vividos dentro dos campos de concentração nazistas e de técnicas
médicas que ferissem os princípios vitais das pessoas, surgiu a Bioética como meio de problematizar o
que está oculto na pesquisa científica ou na técnica médica quando elas envolvem a vida.[...]

Princípios da Bioética
Em Princípios de Ética Biomédica, Beauchamps e Childress estabelecem quatro princípios básicos que
devem nortear o trabalho bioético tanto para as ciências que utilizam cobaias quanto para as técnicas
biomédicas e médicas que lidam diretamente com a vida. Esses princípios estão ligados a teorias
éticas conhecidas e ganham um novo contorno em suas formulações voltadas para a vida animal.

1. Princípio da não maleficência: consiste na proibição, por princípio, de causar qualquer dano
intencional ao paciente (ou à cobaia de testes científicos). A sua mais antiga formulação pode
ser encontrada no Juramento de Hipócrates, e, no século XX, ele foi estabelecido como
princípio bioético pelos estudiosos Dan Clouser e Bernanrd Gert.
2. Princípio da beneficência: pode ter seu gérmen encontrado no juramento hipocrático, em que
se é afirmado que o médico deve visar ao benefício do paciente. Beauchamp e Childress vão
além, estabelecendo que tanto médicos quanto cientistas que utilizem cobaias devem basear-
se no princípio da utilidade (o utilitarismo de Mill e Bentham), visando a provocar o maior
benefício para o maior número possível de pessoas.
3. Princípio da autonomia: tem suas raízes na filosofia de Immanuel Kant e busca romper a
relação paternal entre médico e paciente e impedir qualquer tipo de obrigação de cobaias para
com a ciência. Trata-se do respeito à autonomia do indivíduo, pois esse é o responsável por si,
e é ele que decide se quer ser tratado ou se quer participar de um estudo científico.
4. Princípio da justiça: baseado na teoria da justiça, de John Rawls, esse princípio visa a criar um
mecanismo regulador da relação entre paciente e médico, a qual não deve ficar submetida
mais apenas à autoridade médica. Tal autoridade, que é conferida ao profissional devido ao
seu conhecimento e pelo juramento de conduta ética e profissional, deve submeter-se à
justiça, que agirá em caso de conflito de interesses ou de dano ao paciente.

73
Temas da Bioética
A Bioética trata de temas muito delicados, muitas vezes considerados tabus. Há uma dificuldade de
estabelecimento de proposições únicas e últimas, pois existem, ao menos, três grandes áreas do
conhecimento que envolvem a Bioética e porque, enquanto ciência, ela não pode se submeter à moral
religiosa, que pode ser um obstáculo forte em questões relativas à vida, principalmente a humana.
Listamos abaixo alguns temas tratados pela Bioética, expondo uma breve discussão que pode
aparecer sobre eles:
→ Médico e paciente x cientista e cobaia
É o principal ponto tocado pelos estudos de Beauchamp e Childress, que formulam a solução
principalista (que se baseia em uma ética de princípios) para os problemas decorrentes.
→ Eutanásia e suicídio assistido
A tradução literal de eutanásia é “boa morte”. Eutanásia é o ato de encerrar a vida de alguém que,
incapacitado, está em situação de penúria e não pode decidir por si mesmo. Quando um animal de
estimação tem uma doença crônica progressiva ou ficou gravemente sequelado por algum mal, os
veterinários podem dar a eles a eutanásia para encerrar o seu sofrimento.
O suicídio assistido é um tipo de eutanásia, mas aplicado por humanos que decidem tirar a própria
vida de maneira digna e assistida por pessoas que garantirão o não sofrimento do paciente. Peter
Singer baseia-se no respeito à dignidade humana e no direito à escolha, que, para Beauchamp e
Childress, podem ser representados pelo princípio da autonomia, para afirmar a necessidade de serem
respeitadas as escolhas individuais de cada sujeito e a necessidade de olhar-se para a dignidade de
uma vida que não vale a pena ser vivida.
→ Aborto
Singer defende o aborto de fetos com até três meses de gestação, período em que a Medicina afirma
não haver ainda atividade cerebral e, portanto, há a ausência completa de sentidos. O aborto, antes
dos três meses, seria apenas a interrupção do crescimento celular dentro de um corpo. Para discutir
sobre isso, Singer parte das noções de consciência e de senciência (sentidos básicos e noção da
presença no mundo pela dor e pelo sofrimento).
→ Utilização de células-tronco
Partindo da utilidade e da beneficência, a utilização de células-tronco embrionárias é eticamente viável
quando visa ao tratamento e à melhoria da vida comum. A parte polêmica desse tema é a necessidade
de efetuar-se abortos para conseguir a extração de células de embriões. A eticidade do aborto, nesses
casos, baseia-se nos mesmos princípios discutidos no tópico anterior.
→ Direitos dos animais
Singer escreveu o livro Libertação animal, que, entre outras coisas, discute os direitos dos animais. Os
animais são providos de níveis de senciência e, por isso, sofrem, sentem dor, medo, fome etc. Isso é
suficiente para notar que os animais não podem ser indiscriminadamente utilizados pela indústria,
tirando a dignidade de suas vidas. Singer problematiza a alimentação humana que utiliza os animais
como produtos e, mais profundamente, introduz ao debate a utilização dos animais para testes
científicos, farmacêuticos e de cosméticos.

Texto retirado de: PORFÍRIO, Francisco. "Bioética"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/bioetica.htm#:~:text=o%20texto%20abaixo!-
,A%20Bio%C3%A9tica%20%C3%A9%20uma%20%C3%A1rea%20de%20estudo%20interdisciplinar%20que%20envolve,pel
a%20Medicina%20ou%20pelas%20ci%C3%AAncias.

74
REFERÊNCIAS
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em: https://www.youtube.com/watch?v=rrFsGTw5bCw. Acesso em: 14 nov. 2023.
ARISTÓTELES Apud GALLO, Sílvio. Filosofia: experiência do pensamento. 2 ed. São Paulo: Scipione, p.
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BENITO, Emilio de. Espanha aprova lei da eutanásia e torna-se o quinto país do mundo a regulamentá-
la. El País, [S.l.], 18 mar. 2021. Disponível em:https://brasil.elpais.com/sociedade/2021-03-18/espanha-
aprova-a-lei-da-eutanasia-e-se-torna-o-quinto-pais-do-mundo-a-regulamenta-la.html. Acesso em: 17
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BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradução de Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2004.
COM superlotação, idoso de 101 anos é internado em corredor do maior hospital público do RN. G1,
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hospital-publico-do-rn.ghtml. Acesso em: 14 nov. 2023.
ÉTICA E BIOÉTICA NOS DIAS DE HOJE. [S.l.:s.n.], 23 jun. 2019. 1 vídeo (51:51min). Publicado pelo
canal Café Filosófico CPFL. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Q0h-a6GAW1E. Acesso
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FIGUEIREDO, Odail. Brasileiros de baixa renda sofrem com a dificuldade de comprar alimentos.
Correio Braziliense, Brasília, 15 abr. 2021. Disponível em:
https://www.correiobraziliense.com.br/economia/2021/04/4918368-brasileiros-de-baixa-renda-
sofrem-com-a-dificuldade-de-comprar-alimentos.html. Acesso em: 14 nov. 2023.
GALLO, Sílvio. Metodologia do ensino de filosofia: Uma didática para o ensino médio. Campinas, SP:
Papirus, 2012.
ILHA das flores completo. [S.l.:s.n.], 08 out. 2010. 1 vídeo (13:10min). Publicado pelo canal
Bonatouniro. Disponível em: https://youtu.be/Hh6ra-18mY8?si=lQlJaksz9NhwZWRR. Acesso em: 09 nov.
2023.
ILHA das flores: depois que a sessão acabou. [S.l.:s.n.], 15 dez. 2011. 1 vídeo (14:35min). Publicado
pelo canal LAB J. Disponível em: https://youtu.be/Ch-LIsnG9Wc?si=P4cl7M1xyrtizOpH. Acesso em: 09
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INTRODUÇÃO à ética aristotélica. [S.l.:s.n.], 20 maio 2021. 1 vídeo (13:29min). Publicado pelo canal A
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p. 162, 2017.
LOEBLEIN, GISELE. “Massagem em vacas?” Entenda como ferramenta ajuda na produção de leite.
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https://gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/gisele-loeblein/noticia/2023/02/massagem-em-vacas-
entenda-como-ferramenta-ajuda-na-producao-de-leite-cleg8yr0200e7016md2kc0h6n.html. Acesso em:
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75
MENINA de 11 anos faz aborto legal após ser estuprada pelo padrasto no norte da BA; suspeito foi
preso. G1, [S.l.], 20 set. 2021. Disponível em:
https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2023/09/20/homem-e-preso-por-suspeita-de-estuprar-menina-na-
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MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Plano de Curso: ensino médio. Escola de
Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022. Disponível
em: https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-crmg. Acesso em: 09
nov. 2023.
O QUE é o imperativo categórico de kant? [S.l.:s.n.], 21 fev. 2022. 1 vídeo (10:08min). Publicado pelo
canal A Filosofia Explica. Disponível em: https://youtu.be/i9llK5pSbu0?si=R_v5ug44TYnj7rOA. Acesso
em: 09 nov. 2023.
O QUE é utilitarismo? a ética do cálculo. [s.l.:S.n.], 30 jul. 2021. 1 vídeo (12:31min). Publicado pelo
canal A Filosofia Explica. Disponível em: https://youtu.be/G3NZbt7aUXE?si=9fzsjJnMJtymZj10. Acesso
em: 09 nov. 2023.
OLIVEIRA, José Carlos. Brasileiro. Ações de bem estar animal podem trazer múltiplos benefícios para
o Brasil, dizem especialistas. Câmara dos deputados, Brasília, 17 ago. 2023. Disponível em:
https://www.camara.leg.br/noticias/988145-acoes-de-bem-estar-animal-podem-trazer-multiplos.
Acesso em: 14 nov. 2023.
PORFÍRIO, Francisco. Bioética. Brasil Escola, [S.l.], 2023. Disponível em:
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,A%20Bio%C3%A9tica%20%C3%A9%20uma%20%C3%A1rea%20de%20estudo%20interdisciplinar%2
0que%20envolve,pela%20Medicina%20ou%20pelas%20ci%C3%AAncias. Acesso em: 16 de novembro
de 2023.

SINGER, Peter. Libertação Animal: o clássico definitivo sobre o movimento pelos direitos dos
animais. Tradução de Marly Winckler e Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Martins Fontes, 2013.
TRAJETÓRIAS dos direitos humanos. [S.l.:s.n.], 27 set. 2012. 1 vídeo (19:48min). Publicado pelo canal
COEP Brasil. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Jw2wW-Rh4f4. Acesso em: 14 nov.
2023.
VASCONCELOS, José Antônio. Reflexões: filosofia e cotidiano. São Paulo: Edições SM, 2016.

76
MATERIAL DE APOIO PEDAGÓGICO PARA APRENDIZAGENS – MAPA
REFERÊNCIA
2024

Sociologia

COMPETÊNCIA ESPECÍFICA
Competência 2: Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e espaços,
mediante a compreensão dos processos sociais, políticos, econômicos e culturais geradores de conflito
e negociação, desigualdade e igualdade, exclusão e inclusão e de situações que envolvam o exercício
arbitrário do poder.

OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:

O campo e a cidade: asEM13CHS201). Analisar e caracterizar as dinâmicas das populações, das


análises sociais sobremercadorias e do capital nos diversos continentes, com destaque para a
os fenômenos sociais mobilidade e a fixação de pessoas, grupos humanos e povos, em função de
que ocorrem no campo eventos naturais, políticos, econômicos, sociais e culturais. (EM13CHS205)
e no espaço urbano. Analisar a produção de diferentes territorialidades em suas dimensões
culturais, econômicas, ambientais, políticas e sociais, no Brasil e no mundo
As disputas acerca do
contemporâneo, com destaque para as culturas juvenis.
uso e ocupação de
territórios. (EM13CHS206) Analisar a ocupação humana e a produção do espaço em
diferentes tempos, aplicando os princípios de localização, distribuição, ordem,
extensão, conexão, arranjos, casualidade, entre outros que contribuem para
o raciocínio geográfico.

TEMA DE ESTUDO: O campo, a cidade e os fenômenos sociais nas duas realidades.


A) APRESENTAÇÃO:
Olá, professor (a)!
Neste planejamento de Sociologia analisaremos a realidade do campo e da cidade considerando os
aspectos sociais vivenciados nesses dois espaços e seus desdobramentos. A ideia é propor metodologias
que auxiliem os estudantes a expandirem suas percepções acerca das duas realidades apresentadas. Para
isso, serão realizadas metodologias de ensino de Sociologia que facilitem, priorizem ou colaborem para
uma aprendizagem significativa em que o estudante se implique mais no processo como, por exemplo, as
rodas de conversa e o trabalho de campo.
Durante as aulas, serão apresentados aos estudantes conceitos, informações, imagens, vídeos, textos,
sobre a realidade do campo e da cidade a fim de averiguar os conhecimentos prévios dos estudantes e
potencializar reflexões, buscando inserir os estudantes nas discussões acerca da temática proposta.
Visamos possibilitar aos estudantes uma leitura mais crítica do mundo, considerando o contexto e a
realidade em que os mesmos vivem. Dessa forma, esses jovens, terão condições de refletir e avaliar as
possibilidades que o campo e a cidade podem oferecer para sua formação humana. A sugestão para que
suas aulas sejam dotadas de sentido para os estudantes é fundamentá-las na sensibilização ao buscar
conexões entre o tema da aula e suas vivências e experiências, tornando-os protagonistas no processo de
ensino/aprendizagem. E na problematização ao mostrar aos estudantes a importância de pensar a respeito
do tema como, talvez, nunca tivessem pensado, isto é, desnaturalizar, questionar a realidade dada.

77
Por meio deste planejamento, serão desenvolvidas as habilidades necessárias para a formação do
pensamento crítico por parte dos estudantes sobre o tema e os objetos de conhecimento foram
privilegiados. Para isso, levou-se em consideração as contribuições da Sociologia Rural e a Sociologia
Urbana. É importante mostrar que a Sociologia Rural é a área responsável pelas questões relacionadas
ao campo tais como as desigualdades econômicas e sociais, os fatores que contribuem para a
desigualdade econômica e social nas áreas rurais, assim como os impactos dessas desigualdades na vida
das pessoas. Como ela pode fornecer informações valiosas ao abordar problemas sociais como a
pobreza, o desemprego e a falta de acesso a serviços básicos nas áreas rurais. O importante papel das
relações familiares e comunitárias nas áreas rurais nos ajuda entender como as relações familiares e
comunitárias afetam a vida das pessoas nas áreas rurais e como elas podem ser usadas para promover
o bem-estar e a justiça social. E porque não pensar, também, na importância da sociologia rural para
compreensão dos processos de globalização e como eles afetam as áreas rurais. E, por fim, a sociologia
rural pode nos ajudar a entender a presença das tecnologias como, por exemplo, a internet e a
tecnologia da informação, estão mudando as dinâmicas sociais nas áreas rurais.
Para fazer um contraponto, tem-se como direcionamento mostrar aos estudantes a existência de uma
Sociologia interessada em estudar os aspectos sociais das cidades também, a Sociologia Urbana. Esta,
por sua vez, destaca como as dinâmicas econômicas, políticas e culturais influenciam a separação de
grupos étnicos e de classe nas cidades, isto é, a segregação. Investiga como as pessoas se relacionam
umas com as outras em contextos urbanos e como essas redes de relacionamento podem afetar a vida
das pessoas. Examina como o processo de gentrificação, que é a revitalização de áreas urbanas com a
chegada de novos habitantes de classe média ou alta, afeta as comunidades existentes e a estrutura da
cidade. A Sociologia Urbana, também, investiga como as pessoas se deslocam nas cidades e como o
acesso a diferentes recursos e serviços é influenciado por fatores como a localização geográfica, o
acesso a transporte e a renda. E busca compreender como as desigualdades de renda, raça e gênero se
manifestam e se perpetuam nas cidades, bem como como essas desigualdades podem ser dirimidas.
Por meio desses dois olhares atentos da Sociologia sobre o campo e a cidade, pretende-se, também,
auxiliar os estudantes para analisar de forma crítica a existência dos conflitos em torno da terra.
É importante salientar que esse planejamento não se trata de uma ferramenta rígida, mas pode ser
adaptado conforme sua realidade estrutural e pedagógica. Pode ser, também, realizado de acordo com
seu calendário escolar e quantidade de aulas disponíveis.

B) DESENVOLVIMENTO:

1º MOMENTO

Organização da turma A escolha do professor

Recursos e providências Projetor Multimídia. Acesso à internet.

Professor (a), reproduza a imagem abaixo em um projetor multimídia para os estudantes. Em seguida,
questione o que entenderam da imagem. Após ouví-los, explique que trata-se de uma representação da
agricultura familiar. Mostre aos estudantes a importância do campo para a manutenção das cidades de
todo o país.

78
Imagem 1 – Agricultura Familiar

Fonte: (Politize, 2020)

Em um segundo momento da aula, reproduza o vídeo:


 Comida que alimenta.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=z6xAkNPV3QI.
Vídeo 1 – Comida que alimenta

Fonte: (Sabiacentro, 2015)

Agora, provoque os estudantes ao questionar sobre o que pensam diante do comportamento da menina
em relação às feiras, aos supermercados. Permita que os estudantes se expressem livremente expondo
suas formas de pensar e agir diante do conteúdo apresentado até aqui.
O objetivo de reprodução da foto e do vídeo é explicar como a agricultura familiar e o campo abastecem
o país e garantem a nossa subsistência. Fazer com que conheçam e reconheçam a importância do
campo a nível nacional.
E, para isso, explique para os estudantes o que é a agricultura familiar, seu funcionamento e o
compromisso social e com o meio-ambiente. Fazer isso deixará os estudantes mais preparados para os
conteúdos das próximas aulas.

Professor (a), para o fechamento dessa primeira aula, peça aos estudantes que façam um Mapa
Mental com o conceito “Agricultura Familiar” no caderno de Sociologia de forma individual. Explique
como é feito um Mapa Mental e a importância dessa ferramenta para fins de registro de um
conteúdo aprendido.

Sugestão de material para consulta e utilização:


 Qual a situação da agricultura familiar no Brasil?
Disponível em: https://www.politize.com.br/agricultura-familiar/.
 Mapa Mental: como trabalhar com essa técnica em sala de aula?
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=TRqrnMqd7rA

79
2º MOMENTO

Organização da turma A escolha do professor.

Projetor multimídia. Acesso à internet.


Recursos e providências
Texto impresso ou reproduzido em projetor multimídia.

Para relembrar o conteúdo da última aula, inicie esse momento pedindo aos estudantes que apresentem
os Mapas Mentais que fizeram. Proporcione e crie um ambiente em que os estudantes se sintam à
vontade para compartilharem a atividade, enfatizando a importância do respeito ao raciocínio e a
capacidade criativa de cada um.
Organize e desenvolva esse momento da forma que achar possível, considerando a realidade de sua sala
de aula. Em seguida, reproduza o vídeo:
 Agroecologia é vida.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=8vpcabxKGt0.
Vídeo 2 – Agroecologia é vida

Fonte: (Sabiacentro, 2015)

E leia o texto abaixo com os estudantes:

 TEXTO 1: O AGRONEGÓCIO OU AGROBUSINESS ( ícone clicável)

Após a exibição do vídeo e a leitura do texto, provoque-os à reflexão sobre a realidade do campo a nível
de produção para subsistência interna do país por meio da agricultura familiar e seus desdobramentos
tanto no meio ambiente quanto na qualidade de vida da população. Em seguida, leve-os a refletirem
sobre a produção em larga escala para fins de exportação e quem mais lucra com o agronegócio.

Professor (a), com o objetivo de consolidar os conhecimentos adquiridos nas aulas até aqui, proponha
um trabalho de campo que permita expandir a visão de mundo dos estudantes em relação à produção
para a subsistência dentro do contexto da agricultura familiar e à produção em larga escala dentro do
agronegócio. Em grupos de 5 estudantes, oriente para que façam uma visita à uma feira de produtos
agroecológicos e uma visita a um supermercado. Para essa visita os estudantes deverão ter em mãos
ferramentas para fotografar e cadernos de anotações. Deverão ficar atentos à qualidade e variedade
dos alimentos, a organização do espaço, os valores dos produtos, a forma de atendimento dos
profissionais e fazer registros fotográficos e anotações para serem usadas posteriormente. Após a
visita aos dois espaços, os estudantes deverão elaborar um relatório escrito sobre o campo observado
ilustrando-o com as imagens e as anotações feitas pelos componentes de cada grupo, suas
percepções, o que mais lhes chamou atenção nos dois espaços. O relatório fará parte da avaliação
processual e contínua da aprendizagem dos estudantes, visando sempre a participação e
comprometimento frente às propostas de atividades.

80
3º MOMENTO

Organização da turma A escolha do professor.

Recursos e providências Texto impresso. Projetor Multimídia. Acesso à internet.

Professor (a), inicie esse momento explicando aos estudantes o conceito de “êxodo rural”. Explique que
se trata de um processo de migração das pessoas do campo em direção às cidades, necessariamente
neste sentido. Um dos fenômenos sociais resultado da industrialização do campo, mas não somente
isso. Questione aos estudantes se sabem outros motivos que possam favorecer a existência de tal
fenômeno. Deixe que se expressem livremente sobre o tema da aula a fim de averiguar seus
conhecimentos sobre o assunto.
Em seguida, leia o texto abaixo:

 TEXTO 2: O QUE É E QUAIS SÃO AS CAUSAS DO ÊXODO RURAL? ( ícone clicável)

Após ler o texto, mostre aos estudantes a imagem abaixo:

Imagem 2 – Pessoa em situação de rua

Fonte: (Depositphotos. 2023)

Peça aos estudantes que falem livremente sobre o que veem na imagem. De forma dialógica, explique
para eles os desdobramentos do êxodo rural, mostre como esse fenômeno altera o funcionamento das
cidades, aumenta a taxa de desemprego e o mercado de trabalho informal, o que reduz a qualidade de
vida das pessoas e como, na maioria das vezes, o que o morador da zona rural vai buscar nas cidades
muitas vezes não é encontrado. É importante destacar que o inchaço das cidades sobrecarrega o espaço
urbano e dificulta o acesso de direitos básicos e fundamentais garantidos em Constituição como, por
exemplo, a moradia. Sem contar que, com o aumento populacional acelerado, os espaços urbanos
passam por um processo de especulação imobiliária e um crescimento desordenado de moradias
irregulares nas periferias dos grandes centros urbanos.
Com esses conhecimentos formulados, os estudantes estarão preparados para acompanharem de forma
a problematizar, desnaturalizar os conteúdos das próximas aulas.

81
4º MOMENTO

Organização da turma A escolha do professor.

Recursos e providências Texto impresso. Projetor Multimídia. Acesso à internet.

Professor (a), em um projetor multimídia, reproduza o vídeo curto:


 Preço médio de locação por cidade.
Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/2021/03/04/deficit-habitacional-do-brasil-
cresceu-e-chegou-a-5876-milhoes-de-moradias-em-2019-diz-estudo.ghtm.
Vídeo 3 – Preço médio de locação por cidade

Fonte: (G1, 2021)

Só após reproduzir o vídeo, relembre o conteúdo final da última aula em que se falou sobre a
especulação imobiliária e o crescimento desordenado das cidades em função do êxodo rural e como o
direito à moradia ficaria comprometido fazendo com que as pessoas criassem alternativas construindo
de forma irregular nas periferias das grandes cidades.
Agora, leia o texto abaixo junto com os estudantes.

 TEXTO 3 ( ícone clicável)

A imagem abaixo tem como objetivo mostrar aos estudantes a representação do que vem a ser os
aglomerados subnormais descritos no texto lido e sensibilizá-los em relação a essa realidade vivenciada
por tantas pessoas nas cidades. Ajudará também nas reflexões e compreensão acerca das
consequências da saída em massa das pessoas do campo em direção às cidades em busca de melhores
condições de vida.

82
Imagem 3 - Favela

Fonte: (Brasil de Fato, 2019)

Professor (a), proponha aos estudantes uma atividade em casa, em família. Peça para que conversem
com seus pais, tios e tias, avós (se tiverem) a fim de saberem suas origens, de onde vieram, onde
nasceram seus antepassados e como construíram a história da família onde estão hoje. Peça para que
registrem no caderno de sociologia uma espécie de relato pessoal. O objetivo dessa atividade é
conhecerem a história de sua família, bem como sensibilizarem com a realidade de tantas outras
famílias brasileiras. Uma forma de aproximá-los do conteúdo das aulas e fazer com que reflitam a
importância de desnaturalizar tantas desigualdades vivenciadas.

5º MOMENTO

Organização da turma A escolha do professor.


Texto impresso ou reproduzido em projeto multimídia. Projetor
Recursos e providências
Multimídia. Acesso a internet.

Essa última aula é dedicada às lutas por terra e moradia no campo e na cidade. Para isso, foram
evidenciados os dois grandes movimentos sociais: Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e o
Movimentos dos Trabalhadores Sem Teto.
Professor (a), inicie a aula questionando o que os estudantes sabem sobre os Movimentos Sociais de
forma geral. De forma dialógica, explique o que são, quais seus objetivos, suas lutas e peça para que
colaborem com seus conhecimentos a respeito dos movimentos sociais dando exemplos.
Em seguida, com a ajuda de um projetor multimídia, reproduza a imagem abaixo e peça para que
expressem suas percepções a respeito e digam qual movimento social representa

83
Imagem 4 – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

Fonte: (Mundo Educação, 2023)

Após a participação dos estudantes, explique que trata-se de uma manifestação do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra. Mostre que o principal objetivo dos movimentos sociais do campo é a
distribuição e o acesso à terra e a justiça social. Mostre como esse movimento pode ser marginalizado e
discriminado em função de suas lutas.
Em seguida, exiba o vídeo:
 MST e o direito à propriedade – Segue o Fio 26.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3YizcFDuMV8.
Por meio do vídeo, o estudante será capaz de compreender a estrutura fundiária brasileira, ou seja,
como as terras foram e são distribuídas no país e o que é feito dessas terras. Será capaz de refletir
sobre a importância de um movimento social do campo como o MST. A função social da terra tanto no
campo como na cidade.
Após a exibição do vídeo, apresente a imagem abaixo e explique que se trata do Movimento dos
Trabalhadores Sem Teto, um movimento social recente com o objetivo de lutar por moradias nas
grandes cidades.
Imagem 5 – Movimento dos Trabalhadores Sem Teto

Fonte: (Politize, 2019)

Em seguida, leia com os estudantes o texto abaixo:

84
 TEXTO 4: MTST: O QUE É ESSE MOVIMENTO? ( ícone clicável)

E, para somar conhecimento ao direito à moradia nas grandes cidades, exiba o vídeo:

 Nomadland: Crise habitacional no mundo e direito à moradia – Segue o Fio 44.


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=uqkuXmpg28c.

Professor (a), proponha aos estudantes uma pesquisa sobre políticas públicas, especialmente, sobre o
programa governamental “Minha Casa, Minha Vida” em 2023. Peça para que desenvolvam de forma
individual, no caderno de Sociologia, um relatório sobre a importância do programa para garantia de
direito fundamental à moradia, funcionamento, qual o perfil dos beneficiados e os resultados alcançados.

85
ANEXO
TEXTO 1: O AGRONEGÓCIO OU AGROBUSINESS

O Agronegócio ou Agrobusiness

O Brasil agrário é marcado por contrastes. De um lado, há o Brasil do agronegócio, em que


predominam as grandes propriedades e as relações capitalistas de produção (trabalho assalariado,
mecanização intensa, monocultura, produção em grande escala e concentração de poder político e
econômico nas mãos de empreendedores).
Do outro lado, convivem diferentes formas de ocupação da terra. Existe a pequena agricultura
familiar, com produtos destinados a abastecer o mercado interno, com produtos destinados a
abastecer o mercado interno, com diversificação da produção e intensa necessidade de mão de obra.
Temos, ainda, produtores que vivem em minifúndios e com grande dificuldade de assegurar sua
subsistência.
Esses modelos apresentados são extremos, pois, entre eles, ainda há as pequenas e médias
propriedades, parcialmente mecanizadas, às vezes, com uso coletivo de maquinaria e forte
cooperativismo. No agronegócio, a escolha do produto a ser plantado de forma intensiva é feita com
base na demanda internacional, já que a produção é destinada majoritariamente à exportação. No
Brasil, os principais produtos ligados a essa agricultura são: algodão, café, cana-de-açúcar, soja e
laranja.
As principais regiões produtoras do país são Sul, Sudeste e Centro-Oeste com grande extensão de
terras férteis, fácil aquisição de insumos agrícolas necessários à atividade e escoamento da produção,
facilitado pelo acesso às rotas de exportação. É importante salientar que o país enfrenta sérias
questões ligadas à infraestrutura do transporte. A opção que se fez pelo transporte rodoviário, num
país de dimensões continentais, leva o Brasil a conviver com uma grande precariedade relacionada a
ele. Devido ao excesso de caminhões e às longas distâncias, a malha rodoviária requer vultosos
investimentos, que não vêm ocorrendo a contento.
Por outro lado, a infraestrutura dos portos e dos aeroportos também tem se mostrado inadequada,
diante de uma demanda cada vez maior. As regiões Nordeste e Amazônica vêm sendo incorporadas,
cada uma à sua maneira, pela atividade agroindustrial. A soja é um importante motor do
desenvolvimento dessa atividade, sendo sua área de maior produção a região Centro-Oeste. Porém, a
penetração da soja na floresta Amazônica tem se intensificado desde a década de 1990. A lógica da
agroindústria no país pressupõe a incorporação incessante de novas áreas/terras à atividade, tendo
em vista que a produção em larga escala garante a competitividade do produto em termos de preço
no mercado internacional. O dano ambiental, no entanto, é imenso, e não há nenhuma medida para
valorá-lo, já que não é calculado o impacto ambiental causado pela incorporação de novas áreas de
fronteira.
A fronteira aqui mencionada não se refere necessariamente a uma região distante, vazia no aspecto
demográfico, mas às áreas onde ainda existam terras "sem dono", a serem incorporadas ao sistema
produtivo capitalista. A soja penetrou durante a década de 1980 e de 1990 na região Centro-Oeste e
avançou sobre o Cerrado, o qual sofreu enorme impacto e foi praticamente eliminado. Hoje essa
região produtora é uma das maiores do mundo. O Brasil era, em 2002, um dos três principais
produtores mundiais de soja, competindo com a Argentina e os Estados Unidos. Essa é hoje a
principal cultura agrícola brasileira, com 60 milhões de toneladas colhidas em aproximadamente 21
milhões de hectares dos territórios da soja no Brasil. O agronegócio é uma importante fonte de

86
divisas para o país. Isso se deve a um crescente incentivo ao aumento contínuo da produção, com
base na expansão desse tipo de agricultura sobre novas áreas. A escolha desse tipo de atividade, com
baixo valor agregado e com forte dependência dos preços ditados internacionalmente, coloca o Brasil
em uma situação de fragilidade diante do mercado internacional.
Ao longo do século XX, o país passou por importantes mudanças econômicas, atraiu empresas
estrangeiras e modernizou seu parque industrial. Com essas transformações, em nossa pauta de
exportações poderiam figurar bens de outra natureza e com maior valor agregado. O fato é que,
embora o Brasil seja um grande exportador de produtos agropecuários e esteja entre os grandes
produtores de alimentos do mundo, nossas exportações não definem mais o peso econômico do país.
Nosso comércio exterior representa apenas pouco mais de 1% do total mundial. Outra questão
referente a esse tipo de agricultura é que ela é altamente informatizada, utiliza tecnologia sofisticada,
é muito produtiva, mas emprega um pequeno número de trabalhadores. Ou seja, esses empresários
produzem uma ilha de riqueza, moderna e sofisticada tecnologia, mas cercada por uma grande
miséria social e cultural.
Fonte: Coleção Viver e Aprender, Ciências Humanas Ensino Médio, 2016.

TEXTO 2: O QUE É E QUAIS SÃO AS CAUSAS DO ÊXODO RURAL?

O que é e quais são as causas do êxodo rural?

Alguns dos maiores causadores do êxodo rural são:


- Processo de mecanização: ao industrializar o processo produtivo, a necessidade de empregos cai
e deixa inúmeros moradores desempregados. Por falta de oportunidade de trabalho no meio rural,
estes moradores se veem na necessidade de buscar trabalho em novos lugares, como nas cidades.
Com isso, eles deixam a zona rural com menos volume populacional e mão de obra.
- Concentração fundiária: esse é um dos problemas estruturais mais antigos do Brasil e é definido
como a posse de grandes extensões de terras por um pequeno número de proprietários. Esses
territórios são comumente usados para o plantio de monoculturas destinadas à exportação. Esses
proprietários de grandes terras também conseguem melhor utilização das terras quando tomam
decisões baseadas na maior produtividade, o que gera a troca de trabalho manual por máquinas e,
assim, aumentam seu poder de compra de outras terras. Então, muitos pequenos e médios
produtores rurais que não conseguem incorporar o modelo produtivo do agronegócio acabam
vendendo suas propriedades aos grandes proprietários e se mudam para as cidades.
- Falta de acesso a saneamento básico e hospitais: a busca por melhores condições e
oportunidades nas áreas urbanas não são apenas de interesse financeiro, mas também de acesso a
serviços básicos, que muitas vezes não abrangem a zona rural, como saneamento e hospitais. Muitos
moradores da zona rural não têm acesso a saneamento e outras necessidades básicas, o que os leva
a crer que a migração às cidades ofereça melhores condições de vida, porém nem sempre as buscas
por estas condições são favoráveis. Ao contrário do que muitos acreditam, as cidades também sofrem
do mesmo mal. O saneamento básico, por exemplo, é limitado a um número de pessoas, deixando
milhares de casas sem o apoio necessário.
Outros processos que causam o movimento do êxodo rural são:
- Climáticos, como a falta d’água que afeta diretamente a vida na zona rural;
- Políticos, como quando os moradores das zonas rurais não encontram suporte local para continuar
a vida nessa área;

87
- Ambientais, como tragédias naturais que atingem as zonas rurais, obrigando os habitantes a
procurarem outra moradia.
O êxodo rural sempre existiu, mas avançou no século XX com a modernização dos processos
produtivos. Pequenos produtores não conseguem mais competir com grandes latifundiários e acabam
em desvantagem no mercado. Com isso, buscam novas oportunidades na cidade.

Quais são as consequências do êxodo rural?


Ao ter um movimento em massa de pessoas da zona rural para a urbana, há um desequilíbrio
populacional importante. Na zona rural, existe um processo de esvaziamento do campo, uma
diminuição considerável da população rural. Com isso, a concentração fundiária pela aquisição de
terras deixadas por imigrantes cresce excessivamente.
No meio urbano ocorre o oposto, gerando um fenômeno chamado macrocefalia urbana, que é o
crescimento rápido e desordenado das áreas urbanas. As consequências desse processo são variadas:
- Aumento da pobreza: devido à escassez de empregos e à baixa qualificação profissional daqueles
que chegam à cidade; há um aumento do número de pessoas trabalhando no mercado informal;
- Poluição urbana: a chegada de novos habitantes e o aumento da área urbana causa uma
quantidade maior de poluição atmosférica. Isso se deve ao aumento de fábricas, veículos e outras
fontes de gases CO2, CO e fuligem;
- Aumento das doenças: problemas de saúde decorrentes da falta de saneamento e,
consequentemente, da higiene;
- Crescente número de moradias informais e em locais de risco (favelização).
Vale lembrar que dos efeitos citados acima, a maioria poderia ser solucionada por meio de um
planejamento urbano adequado. Esse é um estudo do funcionamento e do crescimento das cidades
para o desenvolvimento de programas a fim de melhorar a qualidade de vida da população. Isso se
deve por meio de ações políticas, sociais, ambientais e outras.
Transformações nas cidades
A migração desenfreada do campo para as cidades aumenta a taxa de desemprego e o mercado de
trabalho informal, o que reduz os padrões de vida. Então, o que o morador da zona rural vai buscar
nas cidades muitas vezes não é encontrado. Com o êxodo rural, há uma concentração de serviços na
cidade, sobrecarregando o espaço urbano e dificultando o desenvolvimento do campo, que é deixado
para trás. Com o aumento populacional acelerado, os espaços urbanos passam por um processo de
especulação imobiliária e um crescimento desordenado. Dessa forma, os migrantes com menores
condições econômicas – que são maioria dos migrantes de êxodo rural – são empurrados para as
margens das cidades, causando problemas na qualidade de vida desses moradores e provocando
dificuldades na mobilidade urbana.

Fonte: Êxodo rural: o que é, o que causa e quais as consequências? Politize. Disponível em:
https://www.politize.com.br/exodo-rural/.

88
TEXTO 3

De acordo com o IBGE, em 2019 a população urbana do Brasil era de 84,7%. O crescimento urbano
ocorreu paralelamente ao processo de industrialização, concentrando-se em poucas áreas, sobretudo
no Sudeste, com destaque para a cidade de São Paulo e as cidades industriais em seu entorno. Esse
processo de industrialização estimulou uma acelerada migração para as áreas citadas, para as quais
as pessoas se destinaram à procura de emprego e melhoria de vida. No entanto, como é inerente ao
capitalismo, o aumento populacional nos grandes centros urbanos dos países em desenvolvimento foi
muito maior que a oferta de emprego para toda a população. Como consequência, uma intensa
competitividade por empregos, moradia e alimentação acirrou a segregação espacial, que hoje é o
principal responsável pelo déficit de moradia no país. O preço da terra urbana impediu o acesso de
grande parte dos trabalhadores à casa própria e expulsou das melhores áreas residenciais os mais
pobres, que procuraram moradias em áreas impróprias, degradadas ou muito distantes dos centros
das cidades, proliferando os aglomerados subnormais que podem ser definidos como um conjunto
constituído de unidades habitacionais carentes de serviços públicos essenciais, ocupando ou tendo
ocupado terreno de propriedade alheia (pública ou particular) dispostas de forma desordenada e
densa. Podem se enquadrar em invasão, loteamento irregular ou clandestino, entre outros. Muitas
das comunidades das periferias brasileiras caracterizam-se por serem aglomerados subnormais. O
município de São Paulo possui a maior quantidade de domicílios particulares ocupados no pais e
também de aglomerados subnormais, mas é o Rio de Janeiro o município que contém o maior
número de domicílios e de população residente em aglomerados subnormais.

Fonte: Multiversos: Ciências Humanas. Ética, cultura e direitos: ensino médio, p. 97, 98. 2020.

89
TEXTO 4: MTST: O QUE É ESSE MOVIMENTO?

MTST: O QUE É ESSE MOVIMENTO?


O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto foi fundado em 1997, como uma versão urbana do MST.
O Movimento declara que seu objetivo central é a luta pelo respeito ao direito constitucional de
moradia. O movimento atua nas grandes capitais do país, onde organiza trabalhadores urbanos na
luta por teto. As ações do MTST consistem em ocupar imóveis que se encontram em situação de
irregularidade, com o intuito de mobilizar e pressionar as autoridades pela desapropriação desses
imóveis. A desapropriação ocorre quando a justiça pública considera que uma propriedade de terra
está irregular e, por isso, o proprietário perde a o direito de propriedade sobre a terra. De acordo
com o Movimento, mais de 55 mil famílias passaram pelas ocupações em 20 anos. Guilherme Boulos,
atual presidente do MTST, explica que o movimento é majoritariamente formado por pessoas que
não conseguiram pagar os altos preços dos aluguéis nas grandes capitais, pessoas que moravam em
áreas de risco ou que foram despejadas.

QUAL A DIFERENÇA ENTRE MTST E O MST?


Frequentemente essas duas siglas são usadas como sinônimos ou são atribuídas características de
um movimento ao outro. De fato, estes são dois movimentos sociais com diversos pontos em
comum, mas não são a mesma coisa. De certa forma, ambos são movimentos por moradia, mas uma
luta por terra e o outro luta por casa. Conforme mencionamos anteriormente, o MTST pode ser
entendido como uma vertente urbana do MST.

MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra


Como o próprio nome indica, é formado por trabalhadores do campo que não possuem terra para
habitar e cultivar. Este movimento social considera injusta a desigualdade de terra que existe no
campo, na qual poucas pessoas possuem grandes propriedades enquanto muitas outras não têm
acesso à terra. Por isso, o MST luta pela Reforma Agrária, ou seja, por uma distribuição mais
igualitária da terra. O MST apoia-se no princípio da função social da terra, estabelecida pela
Constituição Federal. E grande parte de suas ações objetivam pressionar pelo cumprimento dessa lei.

MTST - Movimento dos Trabalhadores Sem Teto


Mais recente, é formado por trabalhadores urbanos que se encontram na situação sem teto, ou seja,
não possuem moradia própria e/ou não conseguem pagar aluguel. Este movimento social protesta
contra a desigualdade habitacional nas cidades, onde poucas pessoas possuem mais de um imóvel
enquanto muitas estão sem teto. Por isso, eles pedem por uma Reforma Urbana. O Movimento luta
pelo direito à moradia, estabelecido pela Constituição Federal.

90
REFERÊNCIAS
AGRICULTURA familiar. Politize! 2020. 1 fotografia. Disponível em:
https://www.politize.com.br/agricultura-familiar/. Acesso em: 10 Nov. 2023.
AGROECOLOGIA é vida. [S. l.: s. n.], 2019. 1 vídeo (6:38 min). Publicado pelo canal Sabiacentro.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=8vpcabxKGt0. Acesso em: 25 ago. 2011.
BODART, Cristiano. O que é trabalho de campo? Café com Sociologia, 2019. Disponível em:
https://cafecomsociologia.com/o-que-e-trabalho-de-campo/. Acesso em: 10 Nov. 2023.
BOULOS, Jr Alfredo; SILVA, Edilson Adão Cândido da; JÚNIOR, Laercio Furquim. Multiversos: Ciências
humanas, ética, cultura e direitos. Ensino Médio. 1ª Edição. São Paulo, 2020.
COMIDA que alimenta. [S. l.: s. n.], 2015. 1 vídeo (4:54 min). Publicado pelo canal Sabiacentro.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=z6xAkNPV3QI. Acesso em: 10 Nov. 2023.
DESAFIO palavras cruzadas. Cidade em Jogo. 1 fotografia. Disponível em:
https://cidadeemjogo.org.br/wp-content/uploads/2019/02/Cidade-em-Jogo-Caderno-de-Atividades-
Completo.pdf, Acesso em: 25 Nov. 2023.
FAVELA. Brasil de Fato, 2019. 1 fotografia. Disponível em:
https://www.brasildefatorj.com.br/2019/06/03/artigo-or-favela-entre-as-lutas-populares-e-o-
apagamento-da-resistencia. Acesso em: 22 Nov. 2023.
MAPA MENTAL: como trabalhar com essa técnica em sala de aula? [S. l.: s. n.], 2020. 1 vídeo (2:53
min). Publicado pelo canal Inova Educação. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=TRqrnMqd7rA. Acesso em: 15 Nov. 2023.
MAZARO, Gabriel. Qual a situação da agricultura familiar no Brasil? Politize, 2020. Disponível em:
https://www.politize.com.br/agricultura-familiar/. Acesso em: 10 Nov. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais: Ensino Médio.
Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022.
Disponível em:
https://www2.educacao.mg.gov.br/images/documentos/Curr%C3%ADculo%20Refer%C3%AAncia%20d
o%20Ensino%20M%C3%A9dio.pdf. Acesso em: 10 Nov. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Plano de Curso: ensino médio. Escola de Formação
e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022. Disponível em:
https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-crmg. Acesso em: 10 Nov.
2023.
MOVIMENTO dos trabalhares rurais sem terra. Mundo Educação. 1 fotografia. Fonte: Mundo
Educação. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/movimentos-sociais-campo.htm.
Acesso em: 22 Nov. 2023.
MOVIMENTO dos trabalhadores sem teto. Politize! 1 fotografia. Disponível em:
https://www.politize.com.br/mtst-conheca-o-movimento-dos-trabalhadores-sem-teto/. Acesso em: 22
Nov. 2023.
MST e o direito a propriedade | segue o fio 26. [S. l.: s. n.], 2020. 1 vídeo (8:19 min). Publicado pelo
canal Politize. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3YizcFDuMV8. Acesso em: 22 Nov.
2011.
NOMADLAND: crise habitacional no mundo e direito à moradia | segue o fio 44. [S. l.: s. n.], 2021. 1
vídeo (8:47 min). Publicado pelo canal Politize. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=uqkuXmpg28c. Acesso em: 22 Nov. 2023.
PESSOA em situação de rua. Depositphotos. 1 fotografia. Disponível em:
https://depositphotos.com/br/photos/moradores-de-rua.html?qview=228394964. Acesso em: 22 Nov.
2023.

91
PREÇO médio de locação por cidade. Déficit habitacional do brasil cresceu e chegou a 5,876 milhões de
moradias em 2019, diz estudo. G1 Globo. Brasília, 2021. 1 vídeo notícia (0:31 min). Disponível em:
https://g1.globo.com/economia/noticia/2021/03/04/deficit-habitacional-do-brasil-cresceu-e-chegou-a-
5876-milhoes-de-moradias-em-2019-diz-estudo.ghtml. Acesso em: 22 Nov. 2023.
ROUMIEH, Érica Yazigi. Êxodo rural: o que é, o que causa e quais as consequências? Politize!, 2023.
Disponível em: https://www.politize.com.br/exodo-rural/. Acesso em: 25 Nov. 2023.
SILVA, Roniel Sampaio. O que é sociologia rural? Café com Sociologia, 2022. Disponível em:
https://cafecomsociologia.com/o-que-e-sociologia-rural/. Acesso em: 10 Nov. 2023.
SILVA, Roniel Sampaio. O que é sociologia urbana? Café com Sociologia, 2022. Disponível em:
https://cafecomsociologia.com/o-que-e-sociologia-urbana/. Acesso em: 10 Nov. 2023.
TORRES, Ana Carolina Silva; GONÇALVES, Danyelle Nilin. Metodologias ativas no ensino de sociologia:
por uma aprendizagem significativa. VI Congresso Nacional de Educação. CONEDU. Editora Realize,
2019. Disponível em:
https://editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2019/TRABALHO_EV127_MD1_SA17_ID11175_1408
2019225835.pdf. Acesso em: 10 Nov. 2023.

92
93
Olá, estudantes!

Convidamos você a conhecer e utilizar os Cadernos MAPA. Esse material foi elaborado com todo
carinho para que vocês possam realizar atividades interessantes e desafiadoras na sala de aula
ou em casa. As atividades propostas estimulam as competências como: organização, empatia,
foco, interesse artístico, imaginação criativa, entre outras, para que possam seguir aprendendo
e atuando como estudantes protagonistas que são. Significa proporcionar uma base sólida para
que vocês mobilizem, articulem e coloquem em prática conhecimentos, valores, atitudes e
habilidades importantes na relação com os outros e consigo mesmo(a), para o enfrentamento
de desafios, de maneira criativa e construtiva. Ficou curioso(a) para saber que convite é esse
que estamos fazendo para você? Então não perca tempo e comece agora mesmo a realizar
essa aventura pedagógica pelas atividades.

Bons estudos!

94
GEOGRAFIA

OS AVANÇOS TECNOLÓGICOS E A GLOBALIZAÇÃO E SUAS CONSEQUÊNCIAS

Olá, estudantes!

Neste planejamento de geografia para esta aula abordaremos as consequências da mudança da


paisagem, causada pelo homem e seus impactos, tanto positivos quanto negativos, da exploração dos
recursos naturais para o ser humano, a sociedade em geral e o meio ambiente. Também discutiremos a
importância de se ter um consumo crítico, pois os recursos naturais do planeta são findáveis e sua
superexploração tem consequências diretas na vida do indivíduo na sociedade e na complexidade de
vida do planeta.

Os progressos tecnológicos desempenham um papel essencial na alteração de nossas vidas cotidianas.


Desde a revolução digital até a inteligência artificial, a evolução tecnológica veloz permeia todos os
setores, indo da economia à educação. A conectividade instantânea, proporcionada por dispositivos
inteligentes e redes de alta velocidade, encurta distâncias e cria uma intricada rede de interações
globais. À medida que a inteligência artificial se torna mais avançada, os horizontes da inovação se
ampliam, exercendo influência desde a área médica até a produção industrial (Cechinel, 2022).
A globalização transcende as fronteiras físicas, conectando economias e culturas de maneiras
anteriormente inimagináveis. O comércio internacional se intensifica, trazendo oportunidades
econômicas e desafios inéditos. As redes sociais e plataformas de comunicação instantânea
amplificam vozes individuais, gerando uma consciência global sobre questões sociais e políticas. Essa
interconectividade redefine a noção de comunidade, promovendo uma compreensão mais profunda e
empática entre as diversas culturas do mundo (Cechinel, 2022).
Evolução dos meios de transporte
Fonte: (Miquel, 2023)

95
Devido aos avanços tecnológicos nas telecomunicações, as pessoas passaram a realizar negócios em
tempo real. Assim, à medida que se tornou possível estabelecer negociações em qualquer parte do
mundo, ocorreu uma revolução, especialmente no comércio global. Atualmente, o espaço geográfico
conta com uma extensa rede de comunicação, constantemente aprimorada pelas tecnologias
contemporâneas, como a internet e a rede de celulares (Cechinel, 2022).

População com acesso à internet

Fonte: (Insper, 2021)


Atualmente, apenas alguns países fazem parte dos centros dinâmicos da economia mundial, que são
integrados e virtuais. Os principais centros financeiros, nos quais os capitais convergem e se
dispersam, estão localizados em cidades de países centrais, como Estados Unidos, Alemanha,
Inglaterra e França. No entanto, é possível encontrar centros financeiros em países emergentes, como
Brasil, México, China e Coreia do Sul. As bolsas de valores desempenham um papel central na
negociação desse capital, que movimentou mais de 67 trilhões de dólares em todo o mundo em 2016.
Nestas bolsas, ocorre a negociação de ações de empresas privadas e públicas. As ações representam
uma parcela pequena do patrimônio de uma empresa e conferem ao comprador (investidor) o direito
de participar dos lucros ou arcar com os prejuízos da empresa na qual investiram (Santos, 2000).
Comércio de mercadorias
Fonte: (CSI, 2016)

96
A compreensão da dinâmica de acesso a mercadorias, capitais e serviços de uma população é
facilitada ao considerar indicadores como taxa de natalidade, taxa de mortalidade, taxa de
fecundidade e crescimento vegetativo. Quanto melhor for esse acesso, mais favoráveis serão esses
índices (Dellore, 2018).
Por outro lado, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), Produto Interno Bruto (PIB) e Coeficiente
de Gini são índices que proporcionam insights distintos sobre a riqueza de uma localidade. O IDH
avalia a qualidade de vida das pessoas, o PIB representa a soma de todos os bens e serviços
produzidos em um país durante um determinado período, enquanto o Coeficiente de Gini mensura o
grau de concentração de renda em um país ou grupo, evidenciando a disparidade de rendimentos
entre a população mais pobre e a mais rica (Dellore, 2018).

Planisfério: Índice de desenvolvimento humano (2015)

Fonte: (Dellore, 2018)


Produto interno Bruto do mundo

Fonte: (Wikipédia, 2023)

97
Planisfério: Gini (início do século XXI)

Fonte: (Dellore, 2018)


A publicidade emerge como uma das ferramentas mais impactantes para moldar o comportamento em
massa, capacitando marcas a se tornarem objetos de desejo ou a incorporarem o consumo de
produtos específicos como parte integrante do estilo de vida de amplos segmentos da população
(IPCC, 2023).
Outra estratégia para estimular a demanda é a obsolescência programada, que engloba uma série de
práticas pelas quais os fabricantes deliberadamente determinam a vida útil média de seus produtos,
buscando incentivar os consumidores a substituí-los em intervalos frequentes e curtos.
O consumo excessivo pode resultar na emissão desproporcional de CO2 na atmosfera. O CO2,
principal gás responsável pelo efeito estufa, desempenha um papel crucial na manutenção das
condições propícias à vida no planeta, ao aumentar a temperatura da superfície e garantir a
manutenção da água em estado líquido, vital para a existência da vida. Contudo, grande parte do CO2
encontra-se retida nos tecidos dos organismos vivos e nos combustíveis fósseis. Quando liberado na
atmosfera, intensifica o efeito estufa, desencadeando mudanças climáticas e contribuindo para o
aquecimento global. O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) adverte que até
2040, as temperaturas médias podem aumentar mais de 1,5ºC, um incremento que pode acarretar
consequências severas, como alterações no padrão de chuvas, transformações no ciclo hidrológico,
desertificação de áreas tropicais e elevação dos custos na produção de alimentos (IPCC, 2023).

98
Trajetórias de emissões globais consistentes com políticas implementadas e estratégias de mitigação

Fonte: (IPCC, 2023)

99
ATIVIDADES
1 – Aquilo que hoje chamamos “globalização” esteve na mira da classe capitalista o tempo todo.
Se o desejo de conquistar o espaço e a natureza é uma manifestação de algum anseio humano universal
ou um produto específico das paixões da classe capitalista, jamais saberemos. O que pode ser dito com
certeza é que a conquista do espaço e do tempo, assim como a busca incessante para dominar a
natureza, há muito tempo tem um papel central na psique coletiva das sociedades capitalistas. Apesar
de todos os tipos de críticas, acusações, repulsas e movimentos políticos de oposição, [...] ainda
prevalece a crença de que a conquista do espaço e do tempo, bem como da natureza (incluindo até
mesmo a natureza humana), está de algum modo a nosso alcance.
David Harvey. O enigma do capital, 2011

A) Explique como a conquista do espaço e do tempo se realizou na globalização.


B) Mencione, sob o ponto de vista ambiental, duas críticas ao processo de globalização.

2 − “Não é possível analisar o mundo, sob quaisquer dimensões, sem referência ao fenômeno da
globalização. De tão difundido e repetido, não é de estranhar que o conceito nem sempre seja claro,
pela dificuldade de distinguir o que são os componentes econômicos do processo daqueles sociais e
culturais”.
CASTRO, Iná. Geografia e Política – Território, escalas de ação e instituições. Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 2005, p. 215

Levando em consideração o problema acima exposto, escreva um texto que defina globalização e trate
dos seus impactos nas relações políticas, econômicas e sociais.

3 − "Mais cedo ou mais tarde, todos os países submetidos ao jugo da globalização perversa serão
forçados a rever os termos atuais de sua dependência."
SANTOS, Milton. "Folha de S. Paulo", 14/01/2001

De acordo com o texto, que revela a situação de dependência e de interdependência entre países e
regiões, identifique:
A) dois aspectos que facilitam a integração do mundo atual;
B) duas características de uma possível modernização econômica ou política que conduzam à
redução da dependência.

4 − "Devo reconhecer que não via no início muito mérito no IDH em si, embora tivesse tido o privilégio
de ajudar a idealizá-lo. A princípio, demonstrei bastante ceticismo ao criador do Relatório de
Desenvolvimento Humano, Mahbub ul Haq, sobre a tentativa de focalizar, em um índice bruto deste tipo
- apenas um número - a realidade complexa do desenvolvimento e da privação humanos. (...) Mas, após
a primeira hesitação, Mahbub convenceu-se de que a hegemonia do PIB (índice demasiadamente
utilizado e valorizado que ele queria suplantar) não seria quebrada por nenhum conjunto de tabelas. As
pessoas olhariam para elas com respeito, disse ele, mas quando chegasse a hora de utilizar uma medida
sucinta de desenvolvimento, recorreriam ao pouco atraente PIB, pois apesar de bruto era conveniente.
(...)"
Amartya Sen, Prêmio Nobel da Economia em 1998, no prefácio do RDH de 1999.

Após dez anos da afirmação apresentada, ainda há alguma incredibilidade em relação ao uso do IDH
como instrumento de políticas públicas, principalmente nos países periféricos. A partir do que foi
apresentado, responda à questão a seguir:

100
Por que o economista prêmio Nobel de 1998 considera, em relação aos países ricos e pobres, o uso do
PIB como "medida sucinta de desenvolvimento"?

5 – Compare as informações da tabela relativas a oito países, em diferentes níveis de desenvolvimento


socioeconômico, nos últimos anos da década de noventa.

Fonte: ONU - "Relatório do Desenvolvimento Humano", 2001

A) Caracterize a situação do Brasil em relação aos países com melhor classificação quanto ao índice
de desenvolvimento humano (IDH), quanto ao PIB "per capita", à expectativa de vida e à
mortalidade infantil.
B) Considerando o percentual de gastos públicos com saúde e a taxa de mortalidade infantil,
compare as situações encontradas no Brasil e na Bolívia.

101
6 − A globalização, apoiada nos três grandes centros de impulsão da economia mundial, não impede que
os Estados, as redes ou os indivíduos se organizem em diferentes escalas regionais ou locais.

Com base no texto e no mapa acima,


A) indique duas medidas adotadas pelos países emergentes para se inserirem nos mercados
globalizados;
B) analise a lógica de implantação das empresas transnacionais nos países em desenvolvimento;
C) avalie o papel da Organização Mundial do Comércio na regulação dos fluxos internacionais de
comércio.

7 − De acordo com o Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (da sigla em inglês, IPCC), as
alterações causadas pelo aquecimento global acentuarão os eventos climáticos extremos em todo o
mundo, especialmente nas áreas urbanas, por serem locais com alta densidade populacional. Segundo
as projeções de cenários futuros geradas pelos modelos de previsão, haverá aumento das ondas de
calor, das tempestades e consequentemente dos riscos para a população. Considerando cenário,
pergunta-se:
A) Como as características da urbanização do Brasil agravam essas consequências?
B) Que ações de adaptação e mitigação são necessárias para enfrentar esses eventos em áreas
urbanas?

102
8 − Climas extremos impactam preço de alimentos ao redor do mundo.

Os picos e alterações sazonais do clima em diferentes países vêm impactando o preço de alimentos ao
redor do mundo, informam as Nações Unidas. De acordo com a entidade, os preços subiram 6% em
julho.
A ONU teme uma crise semelhante à de 2007-2008, que acabou atingindo de forma mais severa os
países mais pobres do mundo.
Entre os picos climáticos estão chuvas em excesso e fora de época no Brasil, seca nos Estados Unidos e
dificuldades de produção na Rússia. A demora da chegada das monções, como é conhecida a época de
chuvas na Índia, e a escassez de chuvas na Austrália também contribuíram para a alta.
Os preços de cereais aumentaram em 17% e do açúcar 12%. As dificuldades no Brasil, maior produtor
de cana de açúcar do mundo, são o principal fator por trás da alta do preço da commodity.

Os pesquisadores apresentam como causa dessa variação climática o aquecimento global, que tem
agravado os extremos: grandes enchentes e estiagens prolongadas.
A) Cite e explique 2 (dois) fatores diretamente responsáveis pelo aquecimento global.
B) Apesar de o Brasil ser um grande fornecedor de produtos agrícolas para o mercado mundial, esta
atividade enfrenta inúmeros problemas desde o período colonial. Cite dois problemas sociais ou
dois problemas econômicos da agricultura brasileira.

103
REFERÊNCIAS
CECHINEL, A. F.; Et al. FTD Sistema de Ensino: ensino médio: ciências humanas e sociais
aplicadas. 2º série. 2. ed. São Paulo: FTD, 2022.
CLIMAS extremos impactam preço de alimentos ao redor do mundo. BBC News Brasil, [S. l.], 9 ago.
2012. Disponível em:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/ultimas_noticias/2012/08/120809_alta_precos_alimentos_jp_rn.shtml.
Acesso em: 15 jan. 2024.
CRUZ, Bruna Souza; RIBEIRO, Gabriel Francisco. Evolução dos iPhones | Da tela sensível ao
toque, ao boom dos apps até o FaceID. [S. I.] Disponível em:
https://www.uol/tecnologia/especiais/a-evolucao-do-iphone.htm.Acesso em 20 de novembro de 2023.
CSI, G. REVISÃO DE GEOGRAFIA – 8o A e B – Colégio Santa Isabel | Geografando. [S. I.]
Disponível em: https://geoaprendi.blogspot.com/2016/04/revisao-de-geografia-8-e-b-colegio.html.
Acesso em 20 de novembro de 2023.
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toque, ao boom dos apps até o FaceID. [S. I.] Disponível em:
https://www.uol/tecnologia/especiais/a-evolucao-do-iphone.htm.Acesso em 20 de novembro de 2023.
DELLORE, Cesar Brumini. et al. Araribá mais: Geografia. 1.ed. São Paulo: Ed. Moderna, 2018.
IPCC. Figure AR6 WG2. [S. I.] Disponível em: <https://www.ipcc.ch/report/ar6/syr/figures/figure-
spm-5>. Acesso em 20 de novembro de 2023.
INSPER. Acesso à internet segue desigual no mundo, aponta pesquisa. 2021. Disponível em:
https://www.insper.edu.br/noticias/acesso-a-internet-segue-desigual-no-mundo-aponta-pesquisa/.
Acesso em 20 de novembro de 2023.
MIQUEL. Evolução Dos Meios De Transportes, [S. l.], 2023. Disponível em:
https://bid.meetbirmingham.com/la/evolucao-dos-meios-de-transportes.html. Acesso em: 20 nov.
2023.
PRODUTO interno bruto. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2023.
Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Produto_interno_bruto#/media/Ficheiro:Gdp_nominal_and_ppp_2005_worl
d_map_single_colour.png. Acesso em: 20 nov. 2023.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização : do pensamemto único à consciência universal.
1.ed. Rio De Janeiro: Editora Record, 2000.

104
HISTÓRIA

A CAPOEIRA COMO RESISTÊNCIA DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA

Queridos estudantes!

Nesse planejamento de História será abordada a capoeira enquanto instrumento de resistência contra a
escravização na América Portuguesa e como ela hoje é vista e trabalhada, já que foi tombada como
patrimônio imaterial e é praticada em vários lugares do mundo. Através das aulas você irá conhecer a
história da capoeira e a relação dela com a diáspora africana.

A história da capoeira no Brasil

Símbolo de combate e resistência, a capoeira faz parte da identidade cultural brasileira, sendo
reconhecida mundialmente como prática que une o esporte e a arte.

A história da capoeira no Brasil

Julho é mês de celebrarmos a capoeira enquanto expressão artística brasileira que mistura esporte,
luta, filosofia, dança e musicalidade.
Todo mundo já deve ter visto uma roda de capoeira - mesmo que somente em um filme ou numa
pintura. A cena é familiar: praticantes se reúnem em um círculo e ao centro dois capoeiristas
executam movimentos de ataque e defesa. As demais pessoas cantam e tocam instrumentos. É a
música que conduz o ritmo dos jogadores.
Mas, você sabe de onde vem a capoeira e por que ela é um símbolo nacional?
A capoeira surgiu como resposta a violência a qual os escravizados eram submetidos em tempos
coloniais e imperiais no Brasil. A partir de golpes e movimentos corporais ágeis, a luta permitia que
eles se defendessem das brutais perseguições dos capitães do mato, cuja atribuição era capturar
quem havia fugido.
Para não levantarem suspeitas – os senhores de engenho proibiam que praticassem qualquer tipo de
esporte – os capoeiristas adaptaram os movimentos e adicionaram elementos coreográficos e
musicais, camuflando seu verdadeiro significado. Após a abolição da escravatura, a prática continuou
sendo vista como subversiva e apenas em 1937 deixou de ser considerada criminosa pelo Código
Penal brasileiro.
Acredita-se que a origem do nome capoeira tenha relação aos locais onde o esporte era praticado: em
campos abertos e sem vegetação. Esta técnica era também uma forma de preservar a cultura de
origem e desenvolver laços entre os praticantes.
Hoje, a capoeira é considerada umas das maiores manifestações culturais brasileiras e é reconhecida
mundialmente como prática que une o esporte e a arte. A música é um dos elementos que distingue

105
esta modalidade de outras lutas. Inclusive, é essencial para que o praticante seja considerado um
capoeirista completo. Além dos movimentos corporais, os praticantes devem também saber tocar
instrumentos de origem afro-brasileira como o atabaque, o agogô e o berimbau. Este último é o
principal dos instrumentos e também o mais famoso e mundialmente associado à capoeira. Existem
ainda diferentes maneiras de toques, como o "toque de cavalaria", que era utilizado para avisar aos
capoeiristas que a polícia estava se aproximando.

A capoeira no mundo
A celebração do Dia Mundial da Capoeira está prevista no Artigo 10 da Convenção Internacional da
Capoeira, documento que criou a Federação Internacional dessa arte. O objetivo é congregar todas as
comunidades de capoeira ao redor do mundo e estabelecer um organismo único de regulamentação
do esporte.
Em 2014, a prática foi reconhecida como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco
(Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura). Assim, a tradição passa a ser vista
como uma filosofia de mundo, buscando manter o respeito entre comunidades, promover integração
social e salvaguardar a memória de resistência do povo vindo da África.
No Brasil, a Roda de Capoeira já havia sido reconhecida pelo Iphan como Patrimônio Cultural Brasileiro
desde julho de 2008 - conquista essa que reflete mais de oito décadas de combate contra o
preconceito à prática.
(CÂMARA DOS DEPUTADOS., 2021)

ATIVIDADES
1 − Leia a letra da música “Faca de Tucum”.
Faca de tucum / A faca que matou Besouro / Face de tucum / Zum zum zum
Cordão de Ouro
Foi a faca de tucum que / matou Besouro mangangá / na fazenda maracangalha
/ na época antiga lá na Bahia
Da traição nem jesus escapou / quanto mas Besouro mangagá / morreu um
grande guerreiro / mas hoje lembrado na capoeira
Fazenda Maracangalha / onde o fato aconteceu / tinha o corpo fechado / mas
seu patuá não lhe protegeu
Sobrou pra São Caetano / por que o patrão não queria pagar / coitado desse
patrão / que não conhecia Besouro mangangá
Fonte: https://cob-capoeira.com/faca-de-tucum/. Acesso em 18 nov. 2023.

A) Explique quais trechos fazem referência à religiosidade, apontando os elementos cristãos e de


matriz africana na música.

2 − Leia o texto:
Na década de 30, Getúlio Vargas tomou o poder, derrubando o presidente
Washington Luis, e, segundo Capoeira (1999, p. 25), “permitiu a prática (vigiada)
da capoeira: somente em recintos fechados e com alvará da polícia”.
(Fountoura; Guimarães, 2002, p. 144)

A) Explique o motivo da capoeira, no governo Vargas, ser permitida somente de forma vigiada.

106
3 – Leia os textos:
Texto 1
Proporcionando a seus praticantes [da capoeira] a oportunidade de um diálogo
de saberes no âmbito da roda de jogo, este espaço de realização cultural se
configura como uma unidade da diversidade, onde processos de decoloniais
são potencializados. A Capoeira assim pode ser dinamizada em vista do
reconhecimento de saberes afro-brasileiros de profundo significado ancestral,
pelo que se integram culturas, identidades individuais e coletivas, em seu
aspecto intercultural, patrimonial, enquanto herança cultural imaterial.
(Pertussatti, 2017, p. 3)

Texto 2
[...] a colonialidade construiu a ideia de que tudo aquilo que é originário dos
povos colonizadores (ou seja, europeus) é melhor, mais sofisticado e que,
portanto, deve ser mais valorizado do que a história e a cultura dos povos
colonizados.
[...]
O decolonialismo surge, então, como uma alternativa para enxergar essas
questões – além de dar visibilidade a povos e culturas silenciados durante
séculos. Como uma forma de resistência, a ideia é desconstruir padrões e
perspectivas impostas, promovendo autonomia e liberdade em termos sociais,
culturais, políticos, religiosos e econômicos às nações como um todo, mas
também em uma esfera micro, a indivíduos, grupos e movimentos sociais. (DI
SPAGNA, 2023)
A partir da leitura e conexão entre os dois textos responda às questões:

A) Por que o estudo da capoeira pode ser considerado decolonial?


B) Qual a importância do pensamento decolonial para o combate ao racismo?

4 – Leia os textos:
Texto 1
[...] foi nas Américas que a diáspora africana teve a sua amplitude máxima. Os
africanos e os seus descendentes, chamados em geral africanos-americanos
(expressão recém-substituída por afro-americanos), desempenharam um papel
de forte importância no desenvolvimento de todas as sociedades do Novo
Mundo, desde a descoberta da região pelos europeus, ao final do século XV, até
os tempos modernos. Qualquer que tenha sido o número de africanos em tal ou
qual país, a África imprimiu, na América, a sua marca profunda e indelével.
(Knight, 2010, 876-877)

Texto 2
Para Falcão, a inclusão da capoeira nas instituições de ensino representa uma
situação inusitada (1995, p. 10). O que causa sua admiração é que a prática da
capoeiragem era, há algumas décadas, uma ação marginal, passiva de
penalidades previstas no Código Penal Brasileiro. Essa conquista deve-se
principalmente à aproximação da capoeira com a educação física. A partir daí, a
educação física reconhece os valores sócio-educativos e esportivos da capoeira,
apropriando-se do seu conteúdo e inserindo-a como disciplina ou mesmo em
projetos integrantes do currículo das escolas de ensino fundamental e médio,
tanto em instituições públicas como privadas. (Campos, 2009, p. 87)

A) Elabore um parágrafo refletindo sobre a importância da capoeira nas escolas e em outros


ambientes educativos.

107
IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS NA CAPITANIA DAS MINAS GERAIS NO SÉCULO
XVIII

Queridos estudantes!

Nesse planejamento de História abordaremos os problemas socioambientais causados pela mineração no


século XVIII em Minas Gerais. A relevância desse tema se dá pela realidade que vivemos hoje no estado
em que a mineração tem causado diversos problemas ambientais e que no século XVIII trouxe uma
mudança social grande para a região, haja visto que durante o ciclo do ouro houve uma migração em
massa.

Impactos ambientais causados pela mineração

Pode-se definir a atividade mineradora como a exploração de recursos minerais – concentração de


minerais e/ou rochas com valor econômico viável em determinada região do planeta e que podem se
apresentar sob a forma metálica, não metálica, além dos estados sólido, líquido e gasoso, como ferro,
granito, carvão, petróleo e gás natural, respectivamente. A mineração propicia o acesso de indústrias
às matérias-primas para a criação de bens de consumo que são utilizados profissional e
cotidianamente, o que classifica esta atividade econômica atualmente como uma das mais
importantes no Brasil e no mundo.
Em contrapartida, a prática mineradora pode gerar graves impactos ambientais, por vezes
irreversíveis – um gerador de consequências muitas vezes de longa duração capazes de atingir não
apenas indivíduos que trabalham diretamente com a atividade, mas também biomas e pessoas que
residem próximas ao local explorado. Os problemas ambientais desenvolvidos podem apresentar
impactos hídricos, biológicos, atmosféricos e geomorfológicos, sendo os principais: Remoção da
vegetação na área de extração e evasão de animais habitantes da área; contaminação dos solos;
sedimentação e poluição de rios por indevido descarte de material sem aproveitamento; poluição do
ar (quando há queima de material); intensificação de processos erosivos; poluição de recursos
hídricos por produtos químicos utilizados na extração mineral; contaminação das águas por
vazamento de minerais extraídos; dentre outros. A poluição e contaminação de corpos d’água ocorre
normalmente por descarte errôneo de rejeitos produzidos durante o processo de mineração ou pelo
próprio minério.
A facilidade na realização do procedimento de forma equivocada se dá por vezes pela existência de
minas ilegais, mas, principalmente, pela falta de fiscalização em determinados locais, sendo possível
utilizar este último como uma das justificativas para a ocorrência de tantos desastres ambientais
causados por mineradoras no Brasil. De acordo com o diretor da RTA Ambiental, Vanderlei Oliveira,
ex-secretário de meio ambiente de Cubatão (SP), “Não há uma fiscalização efetiva do poder público
para evitar esses acidentes. A mineração é uma atividade que muda muito ao longo da vida útil do
projeto e, por isso, necessita de vigilância periódica”.
Um dos acidentes ambientais mais marcantes dos últimos anos foi o rompimento da barragem de
Fundão, controlada pela Samarco, na cidade de Mariana (MG). As consequências do desastre, além da
perda de algumas vidas e do prejuízo econômico, foram a contaminação de recursos hídricos, com
destaque para o Rio Doce, além de ecossistemas marinhos e terrestres.
Assim como este, diversos outros acidentes já ocorreram no Brasil. Entre eles estão o despejo de mais
de 174 toneladas de minério em córrego em Santo Antônio do Grama, Minas Gerais (2018) pelo
rompimento do maior mineroduto (por onde se transporta minério) do mundo e o vazamento de

108
rejeitos de bauxita da barragem da mineradora norueguesa Hydro Alunorte no Nordeste do Pará.
Diante de tantos casos de acidentes com consequências ambientais desastrosas, além dos casos
desconhecidos pela mídia, é visível a urgente necessidade de uma fiscalização mais rigorosa, tanto
dos processos de mineração, quanto da manutenção das construções para exploração e descarte dos
dejetos.
(PET, 2018)

ATIVIDADES
1 – Observe a tabela:

Fonte: (Stumpf, 2017, p. 536)

De acordo com a tabela responda:

A) Qual grupo mais cresceu e qual mais diminuiu no período?


B) Proporcionalmente, aumentou ou diminuiu a quantidade de mulheres no período?
C) Na sua opinião, por que houve essa mudança no número de brancos, pardos e pretos?

2 – Leia o texto:
As vilas mineiras foram, por muito tempo, reunião de pequenos arraiais situados
nos vales, onde se juntava o ouro de aluvião. Vila Rica formou-se a partir dos
arraiais de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto, Padre Faria e Antônio Dias,
situados em três vales contíguos do fundo dos quais começaram a subir pelas
encostas dos morros. Pode-se imaginar como eram rústicas essas vilas, com o
aspecto alongado de caminhos que as casas de barro e de pau-a-pique
custeavam.
O ímpeto urbanizador trouxe como uma de suas consequências um convívio
entre populações muito mais íntimo do que em qualquer outro ponto da colônia.
Essa intimidade não só favoreceu a emergência dos conflitos como propiciou a

109
aplicação de medidas punitivas. Normalizar a população e cobrar impostos
tornaram-se necessidades prementes, e os acampamentos de faiscadores da
véspera foram subitamente assaltados por uma legião de burocratas
portugueses. (Souza, 2017, 131)

A) Explique como era o convívio entre os imigrantes que chegavam à Vila Rica.
B) Porque o convívio era dessa maneira.
C) Como o governo português lidou com essa situação?

3 – Leia o texto:
Desde que chegou o primeiro colono a Minas Gerais, sucessivas gerações têm
queimado árvores e vegetação a fim de limpar a terra, para a mineração ou para
a agricultura. Isso explica a aparência desolada da maior parte da região, nos
dias presentes. Os ápices dos pontos mais altos, como o ltacolomi e o Itambé,
provavelmente seriam tão despidos então quanto são hoje, mas as encostas
inferiores das montanhas deveriam ser, muito provavelmente, cobertas de
espessa vegetação. A mesma coisa se pode dizer dos vales dos rios,
profundamente cavados pela erosão, de solo enriquecido pelo depósito milenar
de húmus, proveniente das pesadas chuvas anuais, entre setembro e abril,
muitas vezes acompanhadas de temporais violentos, carregados de coriscos e
trovões. (Boxer, 1969, p. 60)

A) Quais os problemas causados pela mão humana ao meio ambiente no século XVIII?

4 − Leia o folder:
O desastre de Mariana

Fonte: (MPF, 2015)

110
A) O folder criado pelo Ministério Público Federal traz as consequências do rompimento de uma
barragem de rejeitos de uma mineradora em Mariana. Elabore um folder semelhante a este
dando dicas para pessoas e empresas de como preservar o meio ambiente.

5 − Leia o texto:

De acordo com o relato do Padre português André João Antonil, a sede que
incomodava a jornada penosa dos bandeirantes pelas terras desconhecidas da
América Portuguesa conduziu à descoberta do ouro. Em torno das águas se
formaram as primeiras povoações urbanas das Minas, como o núcleo de
Nossa Senhora do Carmo. (Tedeschi, 2014, p. 11)

A) Explique qual a importância dos rios para a formação da sociedade mineira no século XVIII.

111
REFERÊNCIAS
BOXER, C. R. A idade de ouro do Brasil: dores de crescimento de uma sociedade colonial. 2. ed. rev.
São Paulo: Cia. Ed. Nacional, 1969. 390p. (Brasiliana. v.341).
CAMPOS, H. A capoeira na escola. In:__. Capoeira Regional: a escola de Mestre Bimba, EDUFBA:
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112
FILOSOFIA

O QUE FAZER? AS AÇÕES HUMANAS E A CONSTRUÇÃO DO MUNDO QUE VIVEMOS

Olá estudante, saudações!

Você alguma vez já se viu diante de um dilema existencial acerca da tomada de decisão sobre o que
fazer? Por vezes, já sentiu sua consciência pesar ou reclamar por alguma atitude que tomou e não
deveria ter feito daquela forma? Alguma vez já se indignou com ação de alguém que esperara ser
diferente? Se sua resposta foi sim, você já está no tema de nosso estudo. A ética é a área da filosofia
que estuda sobre as ações humanas, seus fundamentos, valores, princípios norteadores, entre outros.
Aqui você entrará em contato com alguns conceitos básicos da ética e irá explorar atividades a fim de
sistematizar o nosso conhecimento acerca dessa tão importante área de nossa vida, presente em todas
as nossas relações. Vamos juntos construir conceitos para a nossa existência?

Ética

Ética é uma área da filosofia que busca problematizar as questões relativas aos costumes e à moral de
uma sociedade, sem recorrer ao senso comum. A ética tenta estabelecer, de maneira moderada e com
uma visão questionadora, o que é o certo e o errado e a linha, muitas vezes tênue, entre o bem e o
mal. A ética está intimamente ligada à moral e consiste numa importante ferramenta para o bom
convívio entre as pessoas e para o bom funcionamento das relações e das instituições sociais.

Ética X Moral

O idioma grego antigo possuía duas palavras de grafias e significados similares: éthos, que significa
hábito ou costume, e êthos, que significa caráter, disposição individual e inclinação. A palavra mores,
de origem latina, era apenas uma tradução para as palavras derivadas de ethos, significando também
hábito ou costume.

O latim não diferenciava os costumes do caráter em sua tradução, o que causou uma confusão
posterior: muitos estudiosos consideraram ética e moral a mesma coisa. No entanto, a distinção que
parece explicar a diferença entre os termos da melhor maneira é a seguinte: moral é o hábito e o
costume, enquanto ética é uma filosofia da moral, uma tentativa de fazer uma “ciência” moral.

Enquanto a moral expressa os hábitos e costumes de uma sociedade, de um local, de uma


comunidade situada no espaço e no tempo, além de designar a conduta individual de pessoas, a ética
é aquela que tenta identificar, tratar, selecionar e estudar a moral (ou as várias morais) de maneira
imparcial, laica, racional e organizada. É papel da ética, portanto, entender a moral e julgá-la pelo
crivo da razão, estabelecendo se ela está correta ou não. Para aprofundar-se mais nessa questão, leia:
Diferença entre ética e moral.

113
O que é ética para a filosofia?

Mais do que um simples corretor de posturas e atitudes das pessoas, a ética é um saber antigo ligado
à filosofia. Quando o filósofo grego antigo Sócrates iniciou a sua jornada filosófica, que deu origem ao
chamado período antropológico ou socrático da filosofia grega, as atenções filosóficas saíram da
natureza e da cosmologia e passaram a centrar-se nas ações humanas e no que resulta delas. Após
Sócrates, a filosofia passou a interessar-se por temas relacionados à vida em sociedade, à política e à
moral.

Com a problematização acerca da moral e do convívio das pessoas, surgia a chamada filosofia moral,
que mais tarde ficaria conhecida como ética. A ética foi sistematizada pela primeira vez pelo filósofo
grego antigo Aristóteles, que formulou uma teoria ética baseada em uma espécie de guia moral das
ações que visava sempre, na visão do filósofo, o alcance da felicidade.

Os filósofos helenistas, como epicuristas, cínicos e estoicos, também apresentaram visões de vida que
podem ser reconhecidas como modelos éticos, porém são modelos de ética prática, pois tais teóricos
ultrapassaram a especulação intelectual da filosofia e partiram para uma visão prática da ética, voltada
para as ações cotidianas.

Durante a escolástica, a questão da ação humana para a filosofia deveria subordinar-se à vontade de
Deus, e, por muito tempo, não houve grande modificação nos estudos sobre ética. Foi Nicolau
Maquiavel quem marcou o Renascimento em relação à ética e moral, ao propor uma teoria do poder
que, na prática, dissociava ética de política.

Os estudos sobre ética somente ganharam novo fôlego no fim da Modernidade, no período iluminista
da Europa, em que questões políticas voltaram ao centro do debate e a ética veio como uma
necessidade para controlar as ações das pessoas em meio a tantas revoluções na sociedade.

É nesse período em que o filósofo iluminista alemão Immanuel Kant escreveu o seu livro
Fundamentação da metafísica dos costumes, apresentando uma teoria ética milimetricamente
pensada: um sistema complexo baseado no dever, sendo que uma ação somente é ética se ela estiver
de acordo com o dever e for empenhada pelo dever.

O sistema ético kantiano não admitia qualquer desvio da norma como ação moralmente válida, e o
guia para encontrar a ação moralmente correta era o que o filósofo chamou de imperativo categórico.
Para Kant, o ser humano deve fazer um exercício antes de agir. Esse exercício simples consiste em
pensar se aquela ação pode ser considerada boa ou correta em qualquer situação em que ela for
empenhada. Se a resposta for sim, então é uma ação moralmente correta. Se a resposta for não, é
uma ação moralmente condenável.

Outras teorias éticas surgiram no século XIX para explicar a questão da moral e da ética, entre elas o
utilitarismo, criado pelo filósofo e jurista inglês Jeremy Bentham e finalizado pelo filósofo inglês John
Stuart Mill. O utilitarismo afirma que a moralidade de uma ação não está na ação em si, mas em sua
finalidade e nos resultados dela. Nesse sentido, ações que, a princípio, são moralmente condenáveis,
como a mentira e o furto, podem ser consideradas moralmente aceitas se forem praticadas visando
um bem maior. [...]

Texto extraído de: PORFÍRIO, Francisco. "Ética". Brasil Escola, [S.l.], 2023. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/o-que-etica.htm.

114
ATIVIDADES
1 – Leia os trechos a seguir, pesquise sobre a ética aristotélica, kantiana e utilitarista e responda o que
se pede:

“[Coragem:] já fizemos ver que ela é um meio termo entre o medo e a temeridade; as coisas
que tememos são obviamente temíveis e, falando de um modo geral, trata-se de males; por
essa razão, o medo é definido como a expectativa de um mal. [...] será chamado corajoso
com toda a propriedade então, o homem destemido em face de uma morte nobilitante e de
todas as circunstância em que haja um perigo real de morte, e as emergências da guerra
são dessa natureza em seu mais alto grau. [...]” (ARISTÓTELES Apud VASCONCELOS, 2016,
p. 238-239).

“No primeiro caso, porém, a lei tem a forma de um imperativo, porque naquela, em verdade
enquanto racional, pode pressupor-se uma vontade pura, mas, enquanto um ente afetado
por carências e causas motoras sensíveis, nenhuma vontade santa, isto é, uma vontade que
não fosse capaz de nenhuma máxima conflitante com a lei moral. Por conseguinte, a lei
moral é naqueles um imperativo que ordena categoricamente, porque a lei é incondicional; a
relação de uma tal vontade com esta lei é uma dependência sob o nome de obrigação,
porque significa uma necessitação - ainda que pela simples razão e sua lei objetiva - uma
ação que por isso se chama dever [...]” (KANT Apud VASCONCELOS, 2016, p. 242-243).

“A natureza colocou o gênero humano sob o domínio de dois senhores soberanos: a dor e o
prazer. Somente a eles compete apontar o que devemos fazer, bem como determinar o que
na realidade faremos. Ao trono desses dois senhores está vinculada, por uma parte, a norma
que distingue o que é reto do que é errado, e por outra, a cadeia das causas e dos efeitos.
[...] O princípio da utilidade reconhece esta sujeição e a coloca como fundamento desse
sistema, cujo objeto consiste em construir o edifício da felicidade através da razão e da lei.
Por princípio de utilidade entende-se aquele princípio que aprova ou desaprova qualquer
ação, segundo a tendência a promover ou comprometer a referida felicidade.” (BENTHAM
Apud VASCONCELOS, 2016, p. 244)

A) Qual seria a finalidade da vida segundo Aristóteles e como ela se relaciona com o tema da
ética?

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B) Por que a ética aristotélica é considerada a ética do meio-termo ou que busca um equilíbrio?

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C) O que é o imperativo categórico para Kant e por que ele é considerado o fundamento universal
na ética kantiana?

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D) Por que a ética kantiana é considerada uma ética do dever?

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E) O que significa o cálculo utilitário e qual o papel das consequências na ética utilitarista?

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F) Para o utilitarismo, qual a finalidade da ética?

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QUEM TE DEU DIREITO PARA ISSO? A REFLEXÃO SOBRE OS DIREITOS HUMANOS E
DOS DIREITOS DOS ANIMAIS NÃO HUMANOS

Olá, estudante, saudações!

Ao iniciar esse estudo, creio que na sua vida você já tenha feito a experiência de andar numa linha de
ônibus urbano, utilizado algum equipamento de saúde pública, publicado uma imagem ou pensamento
nas redes sociais, entre outras coisas. O próprio meio de nos encontrarmos para o desenvolvimento
dessa atividade é a educação pública, ou seja, a escola. Tudo isso pode parecer algo cotidiano,
corriqueiro ou banal, mas na verdade todas essas “simples” coisas só existem porque nós somos sujeitos
de direitos. Direito de ir e vir (transporte), direito ao bem-estar e saúde (equipamentos de saúde),
direito à liberdade de expressão (publicação em rede social), direito à instrução (escola). Assim, quando
falamos de direitos humanos, não estamos falando de um grupo ou de um conjunto de leis que
beneficiam esse ou aquele ser humano. Estamos falando de direitos de todos nós e da nossa vida no dia
a dia.
Nos dias atuais, além da pauta dos direitos humanos, outros direitos têm ganhado visibilidade e
contribuído para que construamos uma realidade com maior satisfação e conforto e menor sofrimento.
Os direitos dos animais entram nessa perspectiva do avanço da pauta dos direitos. Sejam os animais
domésticos, que temos maior proximidade, seja os animais silvestres ou seja ainda os animais que
utilizamos para nosso sustento, em nosso país temos um conjunto de leis inspiradas numa nova forma
de ver a relação ser humano e animal.
Desse modo, vamos juntos refletir sobre os direitos humanos e os direitos animais? Como a filosofia nos
ajuda a fundamentar essas duas dimensões de nossa vida? Como o tema dos direitos influenciam em
nossa vida? Vamos juntos? Bom trabalho!

O Antropocentrismo
O antropocentrismo é uma visão de mundo, que surgiu na Antiga Grécia, que acredita que o ser
humano é o fator mais importante do Universo, e em razão de possuir poder de fala, nasceu para
governar qualquer outra espécie1.
Assim, a maioria dos filósofos gregos acreditava na natureza como um bem a serviço exclusivamente
da espécie humana, sendo o homem a medida de todas as coisas2.
Para o Filósofo Platão, os animais e as plantas possuíam uma alma primitiva, uma vez que a alma
racional seria uma prerrogativa exclusiva da espécie humana, com exceção das mulheres, escravos e
crianças, que acreditam também serem seres inferiores3. Platão acreditava ainda que, ao tirar a vida
de um ser humano, causaria uma fúria em Deus, em contrapartida, ao tirar a vida de um animal, a
fúria causada seria somente a de seu dono.
De forma similar, Aristóteles, discípulo de Platão, acreditava que embora os animais possuíssem
capacidade de sentir prazer ou dor, esta não era uma característica tão relevante a ponto de propiciar
um valor moral aos animais não-humanos, pois o homem deveria reinar sobre os escravos e animais,
inclusive sobre os animais domésticos, que, apesar serem reconhecidos como superiores, estariam em
outro nível se estivessem a serviço do homem.
Diferentemente de Aristóteles, seu contemporâneo Pitágoras, foi o primeiro filósofo que se posicionou
em favor dos animais. Pitágoras acreditava na transmigração da alma e abordava sobre o respeito aos
animais.

117
Na época em que a Igreja Católica detinha o poder, a crença judaico-cristã serviu como justificativa de
sujeição dos animais, uma vez que, segundo Santo Agostinho ‘’o homem foi feito à imagem e
semelhança de Deus, possuindo poder de dominância sobre os demais seres vivos’’.
Posteriormente, no século XVIII, manifesta-se a atuação de novos filósofos, denominados iluministas,
como René Descartes, Thomas Hobbes, John Locke e Immanuel Kant, os quais adotaram
pensamentos que corroboravam a ideia cristã.
Um grupo minoritário de filósofos, tinha como princípio o utilitarismo, criado por Jeremy Bentham.. A
teoria utilitarista preconiza que uma atitude será moralmente correta se tende a promover a felicidade
e será imoral se tende a produzir infelicidade. Esta infelicidade se refere não somente ao ser humano
que realizou a ação, mas também a todos os seres que possam ser afetados por ela.
Assim, tal teoria leva em conta não somente o homem, mas também se os seres não-humanos
poderão ser atingidos por determinada ação do ser humano, levando em consideração a capacidade
de sofrimento, fomentando caminhos para que a perspectiva do homem em relação aos animais
mudasse ao longo do tempo.

O Ecocentrismo
Atualmente, a teoria filosófica mais adotada é a do Ecocentrismo, que, ao contrário do
antropocentrismo, preconiza que o homem faz parte dos ecossistemas, e reconhece que outros seres
também possuem direitos e merecem ser respeitados.
Esse pensamento moderno, teve suas primeiras aparições em meados do século XVII, época em que
alguns pensadores já criticavam a concepção de que o homem estaria no centro do universo e que era
superior aos demais seres vivos que habitavam a Terra.
Assim, entende-se atualmente que o homem é parte integrante do Universo junto aos demais seres.
Este posicionamento justifica-se pelo fato do conhecimento científico do Ser Humano ter se expandido
ao catalogar novas espécies de organismos, animais e plantas, bem como em razão da realização de
frequentes estudos a respeito da ação do homem e suas consequências nocivas para o Planeta.
Além disso, o direito evoluiu substancialmente desde o período antropocêntrico, assim, a realidade
atual é norteada pela norma jurídica. Isso acontece, pois, a lei tem como finalidade harmonizar o
interesse do próprio indivíduo, interesse autocentrado, com o interesse coletivo, viabilizando a
convivência equilibrada do homem com a natureza.
Dessa forma, embora atualmente no nosso ordenamento jurídico existam normas de proteção ao meio
ambiente, tendo em vista que os seres integrantes da natureza não possuem voz para defenderem
seus direitos e são parte essencial para o equilíbrio do Planeta, é necessário que haja um
aprimoramento das normas já existentes.

Texto retirado de: MALGUEIRO, Driele Lazzarini. Proteção jurídica dos animais no Brasil. Monografias Brasil Escola, [S.l.],
2023. Disponível em: https://monografias.brasilescola.uol.com.br/direito/protecao-juridica-dos-animais-no-brasil.htm.

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ATIVIDADES
Leia os textos a seguir e responda o que se pede:

TEXTO I: A ERA DOS DIREITOS

“Em segundo lugar, os direitos do homem constituem uma classe variável, como a história destes
últimos séculos demonstra suficientemente. O elenco dos direitos do homem se modificou, e
continua a se modificar, com a mudança das condições históricas, ou seja, dos carecimentos e dos
interesses, das classes no poder, dos meios disponíveis para a realização dos mesmos, das
transformações técnicas, etc. Direitos que foram declarados absolutos no final do século XVIII, como
a propriedade sacre et inviolable, foram submetidos a radicais limitações nas declarações
contemporâneas; direitos que as declarações do século XVIII nem sequer mencionavam, como os
direitos sociais, são agora proclamados com grande ostentação nas recentes declarações. Não é
difícil prever que, no futuro, poderão emergir novas pretensões que no momento nem sequer
podemos imaginar, como o direito a não portar armas contra a própria vontade, ou o direito de
respeitar a vida também dos animais e não só dos homens. O que prova que não existem direitos
fundamentais por natureza. O que parece fundamental numa época histórica e numa determinada
civilização não é fundamental em outras épocas e em outras culturas.” (BOBBIO, 2004, p. 13).
“Esse universalismo foi uma lenta conquista. Na história da formação das declarações de direitos
podem-se distinguir, pelo menos, três fases. As declarações nascem como teorias filosóficas. Sua
primeira fase deve ser buscada na obra dos filósofos. Se não quisermos remontar até a ideia estoica
da sociedade universal dos homens racionais — o sábio é cidadão não desta ou daquela pátria, mas
do mundo, a ideia de que o homem enquanto tal tem direitos, por natureza, que ninguém (nem
mesmo o Estado) lhe pode subtrair, e que ele mesmo não pode alienar (mesmo que, em caso de
necessidade, ele os aliene, a transferência não é válida), essa ideia foi elaborada pelo jusnaturalismo
moderno. Seu pai é John Locke. Segundo Locke, o verdadeiro estado do homem não é o estado civil,
mas o natural, ou seja, o estado de natureza no qual os homens são livres e iguais, sendo o estado
civil uma criação artificial, que não tem outra meta além da de permitir a mais ampla explicitação da
liberdade e da igualdade naturais. Ainda que a hipótese do estado de natureza tenha sido
abandonada, as primeiras palavras com as quais se abre a Declaração Universal dos Direitos do
Homem conservam um claro eco de tal hipótese: “Todos os homens nascem livres e iguais em
dignidade e direitos.” O que é uma maneira diferente de dizer que os homens são livres e iguais por
natureza. E como não recordar as primeiras célebres palavras com que se inicia o Contrato social de
Rousseau, ou seja: “O homem nasceu livre e por toda a parte encontra-se a ferros”? A Declaração
conserva apenas um eco porque os homens, de fato, não nascem nem livres nem iguais.' São livres
e iguais com relação a um nascimento ou natureza ideais, que era precisamente a que tinham em
mente os jusnaturalistas quando falavam em estado de natureza. A liberdade e a igualdade dos
homens não são um dado de fato, mas um ideal a perseguir; não são uma existência, mas um valor;
não são um ser, mas um dever ser. Enquanto teorias filosóficas, as primeiras afirmações dos direitos
do homem são pura e simplesmente a expressão de um pensamento individual: são universais em
relação ao conteúdo, na medida em que se dirigem a um homem racional fora do espaço e do
tempo, mas são extremamente limitadas em relação à sua eficácia, na medida em que são (na
melhor das hipóteses) propostas para um futuro legislador. No momento em que essas teorias são
acolhidas pela primeira vez por um legislador, o que ocorre com as Declarações de Direitos dos
Estados Norte-americanos e da Revolução Francesa (um pouco depois), e postas na base de uma
nova concepção do Estado — que não é mais absoluto e sim limitado, que não é mais fim em si

119
mesmo e sim meio para alcançar fins que são postos antes e fora de sua própria existência —, a
afirmação dos direitos do homem não é mais expressão de uma nobre exigência, mas o ponto de
partida para a instituição de um autêntico sistema de direitos no sentido estrito da palavra, isto é,
enquanto direitos positivos ou efetivos. O segundo momento da história da Declaração dos Direitos
do Homem consiste, portanto, na passagem da teoria à prática, do direito somente pensado para o
direito realizado. Nessa passagem, a afirmação dos direitos do homem ganha em concreticidade,
mas perde em universalidade. Os direitos são doravante protegidos (ou seja, são autênticos direitos
positivos), mas valem somente no âmbito do Estado que os reconhece. Embora se mantenha, nas
fórmulas solenes, a distinção entre direitos do homem e direitos do cidadão, não são mais direitos do
homem e sim apenas do cidadão, ou, pelo menos, são direitos do homem somente enquanto são
direitos do cidadão deste ou daquele Estado particular. Com a Declaração de 1948, tem início uma
terceira e última fase, na qual a afirmação dos direitos é, ao mesmo tempo, universal e positiva:
universal no sentido de que os destinatários dos princípios nela contidos não são mais apenas os
cidadãos deste ou daquele Estado, mas todos os homens; positiva no sentido de que põe em
movimento um processo em cujo final os direitos do homem deverão ser não mais apenas
proclamados ou apenas idealmente reconhecidos, porém efetivamente protegidos até mesmo contra
o próprio Estado que os tenha violado. No final desse processo, os direitos do cidadão terão se
transformado, realmente, positivamente, em direitos do homem. Ou, pelo menos, serão os direitos
do cidadão daquela cidade que não tem fronteiras, porque compreende toda a humanidade; ou, em
outras palavras, serão os direitos do homem enquanto direitos do cidadão do mundo. Somos
tentados a descrever o processo de desenvolvimento que culmina da Declaração Universal também
de um outro modo, servindo-nos das categorias tradicionais do direito natural e do direito positivo:
os direitos do homem nascem como direitos naturais universais, desenvolvem-se como direitos
positivos particulares, para finalmente encontrarem sua plena realização como direitos positivos
universais. A Declaração Universal contém em germe a síntese de um movimento dialético, que
começa pela universalidade abstrata dos direitos naturais, transfigura-se na particularidade concreta
dos direitos positivos, e termina na universalidade não mais abstrata, mas também ela concreta, dos
direitos positivos universais.” (BOBBIO, 2004, p. 18-19).

TEXTO II: LIBERTAÇÃO ANIMAL

“Felizmente, não é necessário fazer depender a defesa da igualdade de um resultado particular da


investigação científica. A resposta adequada àqueles que afirmam ter encontrado a prova da
existência de diferenças com base genética nas capacidades evidenciadas pelas diferentes raças ou
sexos não é o apego à ideia de que a explicação genética deve estar errada, seja qual for a prova em
contrário que surja; ao invés, devemos tornar bem claro que a defesa da igualdade não depende da
inteligência, da capacidade moral, da força física ou características semelhantes.
A igualdade é uma ideia moral, e não a afirmação de um fato. Não existe nenhuma razão obrigatória
do ponto de vista lógico para uma diferença fatual de capacidade entre duas pessoas justificar
qualquer diferença na consideração que damos às suas necessidades e interesses. O princípio da
igualdade dos seres humanos não constitui uma descrição de uma suposta igualdade fatual existente
entre os humanos: trata-se de uma prescrição do modo como devemos tratar os seres humanos.
Jeremy Bentham, fundador da escola utilitária reformadora de filosofia moral, incorporava a base
fundamental da igualdade moral no seu sistema ético através da fórmula: "Cada um contará como um
e nenhum por mais do que um." Por outras palavras, os interesses de cada ser humano afetados por
uma ação têm de ser tidos em conta e sopesados como os interesses de outro qualquer ser humano.

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Um utilitário posterior, Henry Sidgwick, pôs a questão nos seguintes termos: "O benefício de um
qualquer indivíduo não tem mais importância, do ponto de vista (se assim se pode dizer) do Universo,
do que o benefício de qualquer outro indivíduo." Mais recentemente, as figuras notáveis da filosofia
moral contemporânea conseguiram um grande consenso relativamente à especificação de um
requisito semelhante, que pretende atribuir igual importância aos interesses de todos, como
pressuposto fundamental das suas teorias morais - embora estes autores não concordem quanto à
melhor formulação deste requisito. 1 Como implicação deste princípio de igualdade, a nossa
preocupação pelos outros e a nossa prontidão em considerar os seus interesses não deverão depender
do seu aspecto ou das capacidades que possuam. O que a nossa preocupação e consideração nos
exigem poderá variar precisamente de acordo com as características daqueles que serão afetados pelo
que fazemos: a preocupação relativamente ao bem-estar das crianças que crescem na América exigirá
que as ensinemos a ler; a preocupação com o bem-estar dos porcos poderá exigir que os deixemos
uns com os outros, num local onde exista alimentação adequada e eles tenham espaço suficiente para
correr livremente. Mas o elemento básico - tomar em consideração os interesses do ser, sejam estes
quais forem - deve, segundo o princípio da igualdade, ser ampliado a todos os seres, negros ou
brancos, masculinos ou femininos, humanos ou não humanos. [...] É nesta base que, em última
instância, devem assentar as causas que se opõem ao racismo e ao sexismo; e é nos termos deste
princípio que a atitude que poderemos designar como "especismo", por analogia com "racismo",
deverá também ser condenada. O especismo - a palavra não é bonita, mas não consigo pensar num
termo melhor - é um preconceito ou atitude de favorecimento dos interesses dos membros de uma
espécie em detrimento dos interesses dos membros de outras espécies. Deveria ser óbvio que as
objeções fundamentais colocadas por Thomas Jefferson e Sojourner Truth relativamente ao racismo e
ao sexismo também se aplicam ao especismo. Se a possessão de um grau superior de inteligência não
dá a um humano o direito de utilizar outro para os seus próprios fins, como é que pode permitir que
os humanos explorem os não humanos com essa intenção?” (SINGER, 2010, p. 8-11).

1 – Por que a Modernidade é considerada uma Era de Direitos?

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2 – Uma era centrada nos direitos corresponde uma era que não se tem deveres, ou seja, que nós não
estamos sujeitos a regras? Explique.

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3 – O que significa dizer que os direitos humanos são variáveis?

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4 – A ideia de direitos dos animais exclui ou diminui a pauta dos direitos humanos?

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5 – Como a ética utilitarista dá bases para pensar os direitos animais?

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6 – No campo das comunicações, tivemos um avanço nos meios pelos quais nos comunicamos. Rádio,
televisão, telefone, computador, internet até chegar no Smartphone que exerce em si as funções de
quase todos os outros meios de comunicação. Na forma como vivemos a vida, qualquer pessoa da
classe média tem uma vida mais confortável do que a alta elite da Idade Média europeia. Ou seja, o ser
humano constrói o mundo buscando um progresso no conforto, no bem-estar em tornar as coisas mais
fáceis. A tecnologia existe para isso. Esse progresso presente nas coisas, está também no
desenvolvimento da moral. Criamos regras que favoreçam o maior bem-estar da população no geral.
Diante disso, discorra sobre os direitos humanos e os direitos dos animais não humanos, apontando
como eles podem ser um avanço na forma de vivermos no mundo e em relação com os demais seres.

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QUAL O LIMITE DA MANIPULAÇÃO DA VIDA? A BIOÉTICA NA FILOSOFIA

Olá, estudante, saudações!

Você concorda que nós possamos utilizar animais para experimentação científica, mesmo que já
tenhamos tecnologia para fazer nossas pesquisas de outra forma? É eticamente aceitável que um
estudante de biologia disseque animais que já temos amplo conhecimento e podemos ter acesso sem
ter que tirar a vida do animal? Os embriões que restam das fertilizações in vitro, podem ser utilizados
nas pesquisas com células tronco embrionárias? Os embriões já são seres humanos? Quando começa a
vida? Podemos utilizar da tecnologia para construir cada vez mais armas com alto poder de destruição?
Todas essas perguntas, abordadas ao longo dos nossos estudos, revelam grandes dilemas da ética
contemporânea. O desenvolvimento tecnológico, aliado com a manipulação da vida humana por áreas
como a biologia e a medicina, forçou a filosofia e o direito a pensar os valores humanos e as leis
necessárias para garantir a dignidade da vida humana e dos demais seres. O ramo da ética que lida com
essas questões, por vezes consideradas tabus, é a Bioética.
Assim sendo, neste nosso estudo compreenderemos um pouco mais sobre esse ramo da ética e, através
de texto, refletirmos um pouco sobre a nova mentalidade que surge dessas reflexões. Vamos juntos
abrir novas janelas do conhecimento?

BIOÉTICA
A Bioética é uma área de estudo interdisciplinar que envolve as problematizações éticas, o Direito e a
Biologia enquanto ciência que estuda a vida.

A Bioética é uma área de estudo interdisciplinar que envolve a Ética e a Biologia, fundamentando os
princípios éticos que regem a vida quando essa é colocada em risco pela Medicina ou pelas ciências. A
palavra Bioética é uma junção dos radicais “bio”, que advém do grego bios e significa vida no sentido
animal e fisiológico do termo (ou seja, bio é a vida pulsante dos animais, aquela que nos mantém
vivos enquanto corpos), e ethos, que diz respeito à conduta moral.
Trata-se de um ramo de estudo interdisciplinar que utiliza o conceito de vida da Biologia, o Direito e
os campos da investigação ética para problematizar questões relacionadas à conduta dos seres
humanos em relação a outros seres humanos e a outras formas de vida.

Origem da Bioética
A Bioética surgiu na segunda metade do século XX, devido ao grande desenvolvimento da Medicina e
das ciências, que avançaram cada vez mais para a modificação da vida humana e a promoção do
conforto humano, bem como para a utilização de cobaias vivas (humanas e não humanas). A fim de
evitar horrores, como os que foram vividos dentro dos campos de concentração nazistas e de técnicas
médicas que ferissem os princípios vitais das pessoas, surgiu a Bioética como meio de problematizar o
que está oculto na pesquisa científica ou na técnica médica quando elas envolvem a vida.[...]

Princípios da Bioética
Em Princípios de Ética Biomédica, Beauchamps e Childress estabelecem quatro princípios básicos que
devem nortear o trabalho bioético tanto para as ciências que utilizam cobaias quanto para as técnicas
biomédicas e médicas que lidam diretamente com a vida. Esses princípios estão ligados a teorias
éticas conhecidas e ganham um novo contorno em suas formulações voltadas para a vida animal.

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5. Princípio da não maleficência: consiste na proibição, por princípio, de causar qualquer dano
intencional ao paciente (ou à cobaia de testes científicos). A sua mais antiga formulação pode
ser encontrada no Juramento de Hipócrates, e, no século XX, ele foi estabelecido como
princípio bioético pelos estudiosos Dan Clouser e Bernanrd Gert.
6. Princípio da beneficência: pode ter seu gérmen encontrado no juramento hipocrático, em que
se é afirmado que o médico deve visar ao benefício do paciente. Beauchamp e Childress vão
além, estabelecendo que tanto médicos quanto cientistas que utilizem cobaias devem basear-
se no princípio da utilidade (o utilitarismo de Mill e Bentham), visando a provocar o maior
benefício para o maior número possível de pessoas.
7. Princípio da autonomia: tem suas raízes na filosofia de Immanuel Kant e busca romper a
relação paternal entre médico e paciente e impedir qualquer tipo de obrigação de cobaias para
com a ciência. Trata-se do respeito à autonomia do indivíduo, pois esse é o responsável por si,
e é ele que decide se quer ser tratado ou se quer participar de um estudo científico.
8. Princípio da justiça: baseado na teoria da justiça, de John Rawls, esse princípio visa a criar um
mecanismo regulador da relação entre paciente e médico, a qual não deve ficar submetida
mais apenas à autoridade médica. Tal autoridade, que é conferida ao profissional devido ao
seu conhecimento e pelo juramento de conduta ética e profissional, deve submeter-se à
justiça, que agirá em caso de conflito de interesses ou de dano ao paciente.

Temas da Bioética
A Bioética trata de temas muito delicados, muitas vezes considerados tabus. Há uma dificuldade de
estabelecimento de proposições únicas e últimas, pois existem, ao menos, três grandes áreas do
conhecimento que envolvem a Bioética e porque, enquanto ciência, ela não pode se submeter à moral
religiosa, que pode ser um obstáculo forte em questões relativas à vida, principalmente a humana.
Listamos abaixo alguns temas tratados pela Bioética, expondo uma breve discussão que pode
aparecer sobre eles:
→Médico e paciente x cientista e cobaia
É o principal ponto tocado pelos estudos de Beauchamp e Childress, que formulam a solução
principalista (que se baseia em uma ética de princípios) para os problemas decorrentes.

→ Eutanásia e suicídio assistido


A tradução literal de eutanásia é “boa morte”. Eutanásia é o ato de encerrar a vida de alguém que,
incapacitado, está em situação de penúria e não pode decidir por si mesmo. Quando um animal de
estimação tem uma doença crônica progressiva ou ficou gravemente sequelado por algum mal, os
veterinários podem dar a eles a eutanásia para encerrar o seu sofrimento.
O suicídio assistido é um tipo de eutanásia, mas aplicado por humanos que decidem tirar a própria
vida de maneira digna e assistida por pessoas que garantirão o não sofrimento do paciente. Peter
Singer baseia-se no respeito à dignidade humana e no direito à escolha, que, para Beauchamp e
Childress, podem ser representados pelo princípio da autonomia, para afirmar a necessidade de serem
respeitadas as escolhas individuais de cada sujeito e a necessidade de olhar-se para a dignidade de
uma vida que não vale a pena ser vivida.
→ Aborto
Singer defende o aborto de fetos com até três meses de gestação, período em que a Medicina afirma
não haver ainda atividade cerebral e, portanto, há a ausência completa de sentidos. O aborto, antes
dos três meses, seria apenas a interrupção do crescimento celular dentro de um corpo. Para discutir

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sobre isso, Singer parte das noções de consciência e de senciência (sentidos básicos e noção da
presença no mundo pela dor e pelo sofrimento).
→ Utilização de células-tronco
Partindo da utilidade e da beneficência, a utilização de células-tronco embrionárias é eticamente viável
quando visa ao tratamento e à melhoria da vida comum. A parte polêmica desse tema é a necessidade
de efetuar-se abortos para conseguir a extração de células de embriões. A eticidade do aborto, nesses
casos, baseia-se nos mesmos princípios discutidos no tópico anterior.
→ Direitos dos animais
Singer escreveu o livro Libertação animal, que, entre outras coisas, discute os direitos dos animais. Os
animais são providos de níveis de senciência e, por isso, sofrem, sentem dor, medo, fome etc. Isso é
suficiente para notar que os animais não podem ser indiscriminadamente utilizados pela indústria,
tirando a dignidade de suas vidas. Singer problematiza a alimentação humana que utiliza os animais
como produtos e, mais profundamente, introduz ao debate a utilização dos animais para testes
científicos, farmacêuticos e de cosméticos.

Texto retirado de: PORFÍRIO, Francisco. Bioética. Brasil Escola, [S.l.], 2023. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/bioetica.htm#:~:text=o%20texto%20abaixo!-
,A%20Bio%C3%A9tica%20%C3%A9%20uma%20%C3%A1rea%20de%20estudo%20interdisciplinar%20que%20envolve,pel
a%20Medicina%20ou%20pelas%20ci%C3%AAncias.

ATIVIDADES
A partir da leitura do texto - e, se possível, da sugestão de vídeo - responda as questões que seguem:

 Princípio Responsabilidade de Hans Jonas https://www.youtube.com/watch?v=YIN4vmV-XZ0

“O futuro da humanidade é o primeiro dever do comportamento coletivo humano na idade da civilização


técnica que se tornou “todo-poderosa” no que tange ao seu potencial de destruição. Esse futuro da
humanidade inclui, obviamente, o futuro da natureza como sua condição sine qua non. Mas, mesmo
independentemente desse fato, este último constitui uma responsabilidade metafísica, na medida em
que o homem se tornou perigoso não só para si, mas para toda biosfera. Mesmo que fosse possível
separar as duas coisas - ou seja, mesmo que em um meio ambiente degradado (e em grande parte
substituído por artefatos) fosse possível aos nossos descendentes uma vida digna de ser chamada de
humana, mesmo assim a plenitude da vida produzida durante o longo trabalho criativo da natureza e
agora entregue em nossas mãos teria direito de reclamar nossa proteção. Mas, como é impossível
separar esses dois planos sem desfigurar a imagem do homem, e como naquilo que é mais decisivo - a
saber, na alternativa preservação ou destruição” - os interesses humanos coincidem com o resto da
vida, que é sua pátria terrestre no sentido mais sublime da expressão, podemos tratar as duas
obrigações sob o conceito-chave de dever para com o homem, sem incorrer em um reducionismo
antropocêntrico, que nos destaca e nos diferencia de toda a natureza restante, significa apenas reduzir e
desumanizar o homem, pois a atrofia da sua essência, na hipótese mais otimista da sua manutenção
biológica, contradiz o seu objetivo expresso, sua preservação sancionada pela dignidade humana, a
natureza conserva a sua dignidade, que se contrapõe ao arbítrio de nosso poder. Na medida em que ela
nos gerou, devemos fidelidade à totalidade de sua criação. A fidelidade ao nosso Ser é apenas o ápice.
Entendido corretamente, esse ápice abrange todo restante.” (JONAS, 2006, p. 229)

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1 − O progresso da técnica com a afirmação sem limites do poder humano configura um problema na
ordem da ética, que pouco havia pensado sobre isso. Diante disso, como pensar num futuro tecnológico
eticamente aceitável?
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2 − Sabendo que as ações humanas são fatores de risco para a biosfera, qual seria a postura adequada
do ser humano para esses novos tempos?
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3 − O fato do ser humano ter um dever para com sua espécie, exclui o cuidado para com as demais
espécies? Como pensar a identidade humana conjugada com a ideia do cuidado com o outro?
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4 − A bioética, campo do conhecimento que busca unir a reflexão filosófica, a biologia e o direito para
pensar os limites na manipulação, tem pensado os limites da tecnologia a fim de salvaguardar a
dignidade dos seres. Diante disso, podemos dizer que a tecnologia sem limites pode ser um mal para
humanidade? Explique.
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5 − Os limites pensados para a tecnologia não podem representar um freio nas pretensões de
desenvolvimento da humanidade? Como conjugar essas duas dimensões?
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6 − Qual a importância de construirmos um novo paradigma ecológico para o bem da natureza como um
todo e qual o papel da bioética dentro desse novo paradigma?
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REFERÊNCIAS
ARISTÓTELES Apud VASCONCELOS, José Antônio. Reflexões: filosofia e cotidiano. São Paulo:
Edições SM, p. 238-239, 2016.
BENTHAM Apud VASCONCELOS, José Antônio. Reflexões: filosofia e cotidiano. São Paulo: Edições
SM, p. 244, 2016.
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradução de Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2004.
JONAS, Hans. O princípio responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização tecnológica.
Tradução de Marijane Lisboa e Luiz Barros Montez. Contraponto; Editora PUC Rio: Rio de Janeiro,
2006.
KANT Apud VASCONCELOS, José Antônio. Reflexões: filosofia e cotidiano. São Paulo: Edições SM, p.
242-243, 2016.
MALGUEIRO, Driele Lazzarini. Proteção jurídica dos animais no Brasil. Monografias Brasil Escola, [S.
l.], 2023. Disponível em: https://monografias.brasilescola.uol.com.br/direito/protecao-juridica-dos-
animais-no-brasil.htm. Acesso em: 15 nov. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais:
Ensino Médio. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais,
[s. l.], 2022. Disponível em:
https://acervodenoticias.educacao.mg.gov.br/images/documentos/Currículo%20Referência%20do%2
0Ensino%20Médio.pdf. Acesso em: 09 nov. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Plano de Curso: ensino médio. Escola de
Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022. Disponível
em: https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-crmg. Acesso em: 09
nov. 2023.
PORFÍRIO, Francisco. Bioética. Brasil Escola, [S.l.], 2023. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/bioetica.htm#:~:text=o%20texto%20abaixo!-
,A%20Bio%C3%A9tica%20%C3%A9%20uma%20%C3%A1rea%20de%20estudo%20interdisciplinar%2
0que%20envolve,pela%20Medicina%20ou%20pelas%20ci%C3%AAncias. Acesso em: 16 de novembro
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PORFÍRIO, Francisco. Ética. Brasil Escola, [S.l.], 2023. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/o-que-etica.htm. Acesso em: 09 nov. 2023.
PRINCÍPIO responsabilidade, de hans jonas. [S.l.:s.n.], 12 abr. 2022. 1 vídeo (11:11 min). Publicado
pelo canal Brasil Escola. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=YIN4vmV-XZ0. Acesso
em: 19 nov. 2023
SINGER, Peter. Libertação Animal: o clássico definitivo sobre o movimento pelos direitos dos
animais. Tradução de Marly Winckler e Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Martins Fontes, 2013.
VASCONCELOS, José Antônio. Reflexões: filosofia e cotidiano. São Paulo: Edições SM, 2016.

SOCIOLOGIA

128
SOCIOLOGIA

O CAMPO, A CIDADE E OS FENÔMENOS SOCIAIS NAS DUAS REALIDADES

Olá, estudantes!
Neste planejamento de Sociologia analisaremos a realidade do campo e da cidade considerando os
aspectos sociais vivenciados nesses dois espaços, os fenômenos sociais nos dois contextos e seus
desdobramentos.
Durante as aulas, serão apresentados conceitos, informações, imagens, vídeos, textos, sobre a realidade
do campo e da cidade a fim de averiguar seus conhecimentos prévios e potencializar reflexões,
buscando inserir todos vocês nas discussões acerca da temática proposta.
Visamos uma leitura mais crítica do mundo, considerando o contexto e a realidade em que vivemos.
Dessa forma, ao final das aulas, todos terão condições de refletir e avaliar as possibilidades que o campo
e a cidade podem oferecer para sua formação humana. Serão desenvolvidas habilidades necessárias
para a formação do pensamento crítico sobre o campo e a cidade e auxiliar para análises de forma
crítica a existência dos conflitos em torno da terra.

ATIVIDADES
1 – Com base nos conhecimentos adquiridos nas últimas aulas, complete o desafio abaixo:

Fonte: (Cidade em Jogo. 2023)

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2 – (FGV-SP, 2003) Leia a letra da música a seguir.

Homem na estrada

Equilibrado num barranco incômodo, mal-acabado e sujo,/ porém, seu único lar, seu bem e seu
refúgio./ Um cheiro horrível de esgoto no quintal,/ por cima ou por baixo, se chover será fatal./ Um
pedaço do inferno, aqui é onde eu estou./ Até o IBGE passou aqui e nunca mais voltou./ Numerou os
barracos, fez uma pá de perguntas./ Logo depois esqueceram [...].
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=SkHS9r1haXE. Acesso em: mar. 2016.

Entre os fatores que contribuíram para o quadro das grandes cidades brasileiras descrito na música,
pode-se destacar:
A) a falta de informações por parte das populações de menor renda, que adquirem terrenos para
construir moradias em áreas de declividade, desvalorizando seus imóveis, mas facilitando a
circulação de veículos.
B) o aumento do êxodo rural na década de 1990, o que sobrecarregou as finanças das grandes
cidades, impossibilitando a expansão da infraestrutura urbana e serviços sociais no mesmo
ritmo da expansão das áreas periféricas.
C) o aumento da população nas últimas décadas, em razão da “explosão demográfica” ocorrida
na década de 1980, o que provocou o inchaço das grandes cidades e a expansão das áreas
periféricas sem infraestrutura adequada.
D) a ausência de políticas habitacionais capazes de incluir as parcelas de menores rendimentos
da população das grandes cidades e a falta de instrumentos de controle da especulação
imobiliária.
E) a presença de organizações ambientais criminosas com poder paralelo ao Estado, que
impedem a atuação dos órgãos públicos nestas áreas, dificultando a implementação de
políticas de melhoria habitacional e inclusão social

3 − Analise as charges e responda à questão:

Fonte: (Sociologia em Movimento, 2016)

As características dos movimentos sociais destacadas nas charges são:

A) lutar pelos direitos das minorias e serem aceitos pelas forças policiais.
B) manter direitos injustificáveis das minorias e a repressão das forças policiais.
C) conturbar a sociedade e ser apoiados pelas forças policiais.
D) garantir os direitos das minorias e se oporem ao Estado e às forças policiais.
E) acabar com a sociedade e serem reprimidos pelas forças policiais

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REFERÊNCIAS
AGRICULTURA familiar. Politize!. 2020. 1 fotografia. Disponível em:
https://www.politize.com.br/agricultura-familiar/. Acesso em: 10 Nov. 2023.
AGROECOLOGIA é vida. [S. l.: s. n.], 2019. 1 vídeo (6:38 min). Publicado pelo canal Sabiacentro.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=8vpcabxKGt0. Acesso em: 25 ago. 2011.
PREÇO médio de locação por cidade. Déficit habitacional do brasil cresceu e chegou a 5,876 milhões de
moradias em 2019, diz estudo. G1 Globo, Brasília, 2021. 1 vídeo notícia (0:31 min). Disponível em:
https://g1.globo.com/economia/noticia/2021/03/04/deficit-habitacional-do-brasil-cresceu-e-chegou-a-
5876-milhoes-de-moradias-em-2019-diz-estudo.ghtml. Acesso em: 22 Nov. 2023.
BODART, Cristiano. O que é trabalho de campo? Café com Sociologia, 2019. Disponível em:
https://cafecomsociologia.com/o-que-e-trabalho-de-campo/. Acesso em: 10 Nov. 2023.
BOULOS, Jr Alfredo; SILVA, Edilson Adão Cândido da; JÚNIOR, Laercio Furquim. Multiversos: Ciências
humanas, ética, cultura e direitos. Ensino Médio. 1ª Edição. São Paulo, 2020.
COMIDA que alimenta. [S. l.: s. n.], 2015. 1 vídeo (4:54 min). Publicado pelo canal Sabiacentro.
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FAVELA. Brasil de Fato, 2019. 1 fotografia. Disponível em:
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Médio. Escola de Formação e Desenvolvimento ProfisQsional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.],
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Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022. Disponível em:
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canal Politize. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3YizcFDuMV8. Acesso em: 22 Nov.
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NOMADLAND: crise habitacional no mundo e direito à moradia | segue o fio 44. [S. l.: s. n.], 2021. 1
vídeo (8:47 min). Publicado pelo canal Politize. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=uqkuXmpg28c. Acesso em: 22 Nov. 2023.

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PESSOA em situação de rua. Depositphotos. 1 fotografia. Disponível em:
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ROUMIEH, Érica Yazigi. Êxodo rural: o que é, o que causa e quais as consequências? Politize!,
2023. Disponível em: https://www.politize.com.br/exodo-rural/. Acesso em: 25 Nov. 2023.
SILVA, Roniel Sampaio. O que é sociologia rural? .Café com Sociologia, 2022. Disponível em:
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SOCIOLOGIA em movimento. 2. ed. São Paulo : Moderna, 2016. Vários autores. Obra em volume único.
Disponível em:
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TORRES, Ana Carolina Silva; GONÇALVES, Danyelle Nilin. Metodologias ativas no ensino de sociologia:
por uma aprendizagem significativa. VI Congresso Nacional de Educação. CONEDU. Editora Realize,
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