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PLANEJAMENTO EDUCACIONAL
GUARULHOS – SP
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 3
4.2 INTERDISCIPLINARIDADE........................................................................................49
3
1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
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2 O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL
https://www.modernaeducacional.com/
A ação de planejar está presente nos mais variados âmbitos de nossa vida, até
mesmo em ações cotidianas como a de dispor momentos para enumerarmos nossas
ações diárias como ir ao mercado e buscar os filhos na escola.
No campo educacional, há uma série de críticas quanto ao que se idealiza nos
atos envolvendo planejamento e a falta de foco para a realidade concreta da prática
docente que desconsidera o contexto em que está inserida.
De todo modo, desde muito tempo encontramos registros que comprovam que
já havia a preocupação de se pensar em estratégias educacionais com a finalidade
de adaptar-se aos objetivos almejados em diferentes épocas, relacionando-os a
fatores históricos, sociais e econômicos.
De acordo com Coombs (1981 p. 10), o planejamento educacional:
[...] não é, certamente, um remédio milagroso para curar sistemas educacionais
precários, tampouco é uma porção diabólica que alimenta apenas o mal.
(...) é, em seu sentido genérico mais amplo, a aplicação de análise sistemática
e racional ao processo de desenvolvimento educacional com o objetivo de tornar a
educação mais efetiva e eficiente no atendimento às necessidades e metas dos
estudantes e da sociedade.
Ao conceituarmos o planejamento educacional, podemos afirmar que se trata
de um ato de intervenção técnica e política, nas palavras de Calazans, Garcia e
Kuenzer (1990).
E pelo fato de a educação estar inserida num processo social, devemos
considerar os contextos políticos e econômicos e os modos como se relacionam, se
influenciam e se afetam mutuamente.
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Assim, de acordo com Baía Horta (1991, p. 195):
O planejamento educacional constitui uma forma específica de intervenção do
estado em educação, que se relaciona de diferentes maneiras historicamente
condicionadas com as outras formas de intervenção do estado em educação
(legislação e educação pública), visando à implantação de uma determinada política
educacional do Estado, estabelecida com a finalidade de levar o sistema educacional
a cumprir as funções que lhe são atribuídas enquanto instrumento deste mesmo
Estado.
Ao analisarmos os registros históricos relacionados ao planejamento
educacional em nosso país, identificamos que essas ações estavam estreitamente
ligadas à forma de exercícios controladoras do Estado.
O regime militar, por exemplo, foi marcado pela criação de uma série de planos
que resultaram em uma vasta burocratização no campo do ensino (SOUZA et al,
2005).
Entretanto, é importante ressaltar que espaço escolar é palco de relações
antagônicas, por reproduzirem discursos de diferentes classes que se manifestam por
meio de movimentos contraditórios e transformadores.
Assim, o controle que o Estado detém é relativo, tendo em vista que, na escola,
por seu viés de microssociedade, também são reproduzidas as contradições
presentes no âmbito social. De acordo com Félix (1986, p. 79):
E agora que você viu algumas das vertentes que se relacionam a diferentes
conceitos de planejamentos educacionais, já parou para pensar em quais elementos
são fundamentais para que um projeto de educação seja efetivamente comprometido
com fundamentos democráticos?
Pressupostos tais como a presença da utilização de métodos pautados em uma
construção política realizada por meio de diálogos, com foco no diagnóstico de quais
objetivos são prioritários para serem alcançados e quais problemas necessitam ser
sanados, além de levantamento de recursos necessários e da construção de um
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currículo que promova uma aprendizagem significativa, são uma das ações que
podem favorecer esse planejamento.
De acordo com Pinto (1994, p. 35), existem as seguintes dimensões que
norteiam os princípios de um planejamen to educacional:
a) Processo: enquanto tal, ele se constrói e se desenvolve através de um sem
número de pequenas ações, no cotidiano educacional, não podendo ser adqui rido de
repente, por um ato jurídico, ou decreto;
b) Objetivo: precisamente para poder ser caracterizado como participativo, um
processo deve ter como propósito, como fim, a participação plena, irrestrita, de todos
os agentes desse processo;
c) Meio: constrói-se a participação, precisamente, participando. Ela é, portanto,
seu próprio método;
d) Práxis: se a participação é entendida como processo, que os seres humanos
constroem, conscientemente, com fito de alcançar, como fim, a participação plena
(leia-se democracia real), então podemos entendê-la como uma prática, cujo caráter
é político.
Assim, você pode observar quantos aspectos envolvem um planejamento
consolidado com pressupostos que favorecem a construção de uma base sólida que,
efetivamente, se comprometa com os objetivos que almeja alcançar.
Por mais desafiador que seja, a longo prazo os resultados são apresentados e
novas metas são traçadas para que seja ofertada uma educação de qualidade, com
compromisso com a aprendizagem e formação democrática para o pleno exercício da
cidadania.
E para que você possa ter uma visão mais global a respeito dos conceitos e
características de um planejamento, observe o Quadro 1, elaborado por Lira, Neves e
Bezerra (2015, p. 239):
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Como você pode observar, construir um planejamento não é uma tarefa fácil
de ser realizada, apresentando-se como um desafio ao docente. Entretanto, “[...] o
professor não deve encarar o planejamento como uma tarefa burocrática, imposta
pelas secretarias, mero preenchimento de formulários para arquivo [...]” (ROJO, 2001,
p. 315).
A ação de planejar sempre fez parte da história da humanidade.
Segundo o livro “Planejamento da Educação: um levantamento mundial de
problemas e prospectivas”, que compila “Conferências Promovidas pela UNESCO” –
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura –, sem
autoria declarada, (1975, p.3), “[...] há vinte e cinco séculos, Esparta instituía um
sistema educacional com exata adequação a objetivos militares, sociais e econômicos
precisamente definidos.
" A obra alude, inclusive, aos escritos de Platão, em “A República”,
esclarecendo que o mesmo “[...] propunha um plano destinado a colocar a escola a
serviço da sociedade." (Opus cit., p.4).
Cita, também, outros povos e civilizações que utilizaram de alguma espécie
de atividade que, hoje, poderíamos descrever como planejamento, tais como a China,
durante a dinastia dos Han, e o Peru, dos Incas, além de “muitas outras
civilizações” que “tiveram, com maior ou menor rigor, seus planos de
educação.” (Opus cit., p.4).
Dentre as inúmeras informações que apresenta, o estudo da UNESCO
confirma que a intensificação do ato de planejar, tal como o entendemos hoje e que
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pode ser traduzido como a “[...] definição sistemática de objetivos e avaliações das
diversas alternativas no emprego dos recursos disponíveis, por meio de técnicas
especializadas, visando a coordenar o desenvolvimento da educação [...]”, (opus cit.,
p.4), é, na verdade, de um conceito recente.
O texto da UNESCO indica que “[...] a primeira tentativa sistemática de
planejamento educacional remonta a 1923, data do primeiro plano quinquenal da
URSS."
Tece, completando a referência, que “[...] é incontestável que foi graças ao
planejamento que este país, com 2/3 de sua população ainda de analfabetos em 1913,
hoje se coloca entre as nações de maior desenvolvimento educacional.”. (Opus cit.,
p.4).
Com base no sucesso russo, as demais nações perceberam o valor de se
preocuparem mais detidamente com as questões envolvendo a educação.
Em pouco tempo, os países mais desenvolvidos lançaram mão de
vários planos educacionais, entre eles a França (1929), os Estados Unidos (1933), a
Suíça (1941) e, até mesmo, Porto Rico (1942).
Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a necessidade de
investimentos na área educacional tornou-se um fator decisivo para o
desenvolvimento de muitas nações.
Consequentemente, o planejamento educacional foi adotado como regra e
como norma e, de certa forma, passou a fazer parte integrante dos vários planos
nacionais.
De forma geral, os progressos no campo do planejamento educacional
evoluíram de maneira mais rápida nos países mais desenvolvidos e industrializados e
mais lentamente, e bem mais tarde, nos países, então, denominados de terceiro
mundo.
No Brasil, não há uma data precisa quanto ao uso do termo planejamento.
Segundo o economista Celso Lafer, citado por Padilha (1998, p.99), a primeira
experiência de planejamento governamental no Brasil foi a executada pelo Governo
Kubitschek com o seu Plano de Metas (1956-1961).
Ainda segundo Padilha, no âmbito educacional, em 1961, o governo federal
promulga a Lei nº 4.024/61, conhecida como a primeira Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional – LDBEN, a qual “[...] faz pela primeira vez, referência à
formulação de um plano nacional de educação, mas em 1962, elaborou-se um plano
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que era apenas, basicamente, um conjunto de metas quantitativas a serem
alcançadas num prazo de 8 anos. ” (PADILHA, 1998, p.100).
Portanto, na educação, planejar é imperativo.
Segundo Gandin (2005, p.19-20):
• Planejar é transformar a realidade numa direção escolhida;
• Planejar é organizar a própria ação (de grupo, sobretudo);
• Planejar é implantar “um processo de intervenção na realidade”;
• Planejar é agir racionalmente;
• Planejar é dar certeza e precisão à própria ação (de grupo, sobretudo);
• Planejar é explicitar os fundamentos da ação do grupo;
• Planejar é pôr em ação um conjunto de técnicas para racionalizar a
ação;
• Planejar é realizar um conjunto orgânico de ações, proposto para
aproximar uma realidade a um ideal;
• Planejar é realizar o que é importante (essencial) e, além disso,
sobreviver... se isso for essencial (importante).
O planejamento é o recurso organizacional que proporciona a integração de
todos os atores envolvidos na instituição educacional, visando resultados positivos no
processo ensino-aprendizagem.
Fazer um mapeamento dos rumos, caminhos e possibilidades que a
instituição deseja seguir, tem o objetivo de evitar situações e/ou decisões
improvisadas.
É importante ressaltar que um bom planejamento com a participação e
compromisso de todos os atores envolvidos no processo ensino-aprendizagem,
interfere, sobremaneira, nos resultados e na qualidade da educação que será
oferecida pela instituição. Libâneo (1994, p.222) afirma que:
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2.1 Objetivos do Planejamento Educacional
https://lsinf ormatica.com.br/
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2.4 Formas de Planejamento
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Por exemplo: Segunda-feira: Modelagem com massinha, quebra-cabeças,
audição de histórias, preenchimento de exercícios em folha mimeografada.
2. O planejamento baseado em datas comemorativas:
Nesse, o planejamento da prática cotidiana é direcionado pelo calendário. A
programação é organizada, considerando algumas datas escolhidas pela Instituição
ou pelo professor.
São datas tidas como importantes do ponto de vista do adulto, que as
considera relevantes para a criança. Portanto, ao longo do ano são realizadas
atividades referentes ao Carnaval, ao Dia de Tiradentes, ao Descobrimento do Brasil,
ao Dia do Índio, à Pascoa, ao Dia do Trabalho, ao Dia das Mães…
3. Planejamento baseado em aspectos do desenvolvimento:
Esse planejamento tem como parâmetro a psicologia do desenvolvimento, ou
seja, está direcionado para as especificidades da criança de zero a seis anos, e a
intenção maior é que sejam determinados objetivos a partir dos quais serão
organizadas atividades que estimulem as crianças naquelas áreas consideradas
importantes: físico motoras, afetivas, sociais e cognitivas.
Por exemplo: estimular a criatividade; estimular a motivação; e estimular a
curiosidade.
4. Planejamento baseado em conteúdos organizados por áreas de
conhecimento:
Nesse, os conteúdos decorrentes da Língua Portuguesa, da Matemática, das
Ciências Sociais e Naturais dão o Norte para um trabalho intencional com a criança
de quatro a seis anos, de modo a favorecer a ampliação de seus conhecimentos.
5. Planejamento baseado em temas (tema integrador, tema gerador, centros
de interesse, unidades de experiência):
Nesse tipo de planejamento, o “tema” é o desencadeador ou gerador de
atividades propostas às crianças.
O assunto busca articular as diversas atividades desenvolvidas no cotidiano
educativo.
De acordo com Ostetto (2000), funciona como uma espécie de eixo condutor
do trabalho. Nesse caso, visualiza-se a preocupação com o interesse da criança,
colocando-se em foco suas necessidades e perguntas.
Os temas podem ser escolhidos pelo professor, sugeridos pelas crianças ou
surgidos de situações particulares e significativas.
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Assim, além da preocupação em trabalhar aspectos que façam parte da
realidade da criança, são delimitados conteúdos considerados significativos para a
aprendizagem dos alunos.
6. Planejamento por projetos de trabalho:
O projeto parte de uma proposta que os professores definem após um contato
inicial com as crianças e o seu meio ambiente (social, cultural, histórico, geográfico),
procurando atender às necessidades constatadas.
É um planejamento mais flexível. Sua duração de tempo não é
predeterminada com rigidez, não sendo um tema que deve “durar uma semana”, ou
uma data a ser festejada apenas na sua época.
Seu andamento e as atividades propostas às crianças dependem da
observação e reavaliação constantes do trabalho pedagógico.
As crianças têm oportunidade de sugerir rumos diferentes para o seu
planejamento, nas “rodas de conversa”. O professor conduz o processo pedagógico,
mas sempre avaliando, ouvindo e observando as crianças.
Á exceção do planejamento por projetos de trabalho, nas demais formas há
uma ênfase na atividade pedagógica, entendida como aquela atividade a ser
desenvolvida pelo professor em que, normalmente, as crianças se sentam ou ficam
em volta da professora para “aprender” algo novo e para realizar uma ação concreta
de aprendizagem, por exemplo: desenhar ou escrever.
Segundo Hernández e Ventura (1998), o projeto está́ vinculado à perspectiva
do conhecimento globalizado e relacional e sua função é:
Mas, segundo Machado (1996, apud OSTETTO, 2000), é preciso se ter claro
que não é a atividade em si que ensina, e sim a troca de experiência, a possibilidade
de interagir e de produzir novos conhecimentos.
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tais como: planejamento educacional, plano de ensino, projeto político-pedagógico,
planejamento curricular, Plano Nacional de Edu cação, entre outros.
O que veremos a partir de agora aborda o planejamento educacional e a prática
no campo da docência.
A práxis docente é repleta de ações que visam o avanço do desenvolvimento
global dos educandos por meio de diferentes elementos que giram em torno do ensino
e aprendizagem.
E, para que se dê o início de suas atividades, espera-se a construção de
planejamentos que sirvam de instrumentos de reflexão sobre os desafios que a escola
enfrenta, o contexto em que a comunidade escolar está inserida e as necessidades
dos grupos de alunos para que se busquem meios de se enfrentar problemas e buscar
caminhos transformadores (VASCONCELLOS, 1995).
Se em diferentes ambientes de trabalho a ação de planejar é recorrente, na
prática docente não é diferente, pois traçar metas e propor objetivos é inerente ao ser
humano, devendo ser, assim, uma prioridade no fazer pedagógico. Para Batista (2005,
p. 138):
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as possibilidades de alcançar os resultados esperados na medida em que os
caminhos já percorridos trazem elementos para a condução e a recondução do
processo.
A atuação do docente compreende, nas palavras de Bruno, Fortunato e
Bergamo (2015, p. 2), “[...] a capacidade de planejar, definindo metas e objetivos, bem
como organizados sistematicamente os recursos e esforços para tais realizações,
avaliando os resultados em confronto com as expectativas projetadas [...]”.
Autores especializados nessa temática, tais como Libâneo (1994, p. 222),
atentam para a importância do planejamento que diz respeito a “[...] um processo de
racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade
escolar e a problemática do contexto social [...]”.
Ao fazermos um acompanhamento, a partir do século XX, observaremos que
houve uma grande evolução quanto ao planejamento e a práxis docente, em que, de
acordo com a adaptação feita das considerações de Vasconcellos (1995, p. 28, 30,
31), podem ser identificadas três linhas de planejamento, como apontaremos no
Quadro 2.
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Vasconcellos (1995) informa que além da importância de se conhecer a
evolução dessas ações e da prática docente, outro ponto a ser abordado é que o
planejamento escolar por grande parte de educadores ao longo dos últimos anos foi
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considerado como um método técnico capaz de racionalizar os modos de ação,
atuando como facilitador da práxis docente no alcance dos objetivos.
Entretanto, é preciso um olhar mais profundo de que o planejamento é, acima
de tudo, um instrumento político que reflete uma intencionalidade entrelaçada com a
concepção de pessoa, com a visão de mundo e da sociedade em que se está inserido
e que se deseja construir.
Assim, identificamos que o planejamento em si não corresponde a um ato
isolado, devendo estar vinculado aos diferentes elementos que o constituem.
Como aponta Gadotti et al. (2008), concluímos que os esforços dos diferentes
segmentos responsáveis por planejar ações educacionais devem promover uma
educação que oportunize investimentos na educação continuada da equipe docente
e ofertem condições para que ela possa refletir sobre sua práxis, integrando todos os
atores envolvidos na construção de projetos pedagógicos, havendo uma avaliação
contínua de resultados e criando uma flexibilidade nas tomadas de decisões, levando
em consideração o contexto em que estão inseridos.
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que, na prática, muitos de seus princípios estão sendo desconsiderados no que tange
a sua potencialidade.
Em outros casos, o planejamento é tido como um meio de definição para a
aplicação de técnicas com objetivos de alcançar resultados, independente das
consequências que possam acarretar.
De acordo com Luckesi (2011, p. 118):
Diante disso, muitos planejamentos caminham para uma busca pela perfeição
de técnicas e métodos que acabam por afastar os pressupostos básicos, como a
formação de sujeitos e de valores sociais que serão alcançados a médio e longo
prazo.
É necessário atentar para o fato de que o planejamento não é exclusivo de uma
ou outra vertente e sim coexiste com sua essência política, social, científica e técnica
e, justamente, o caminhar dessas ações é que culminarão para um modo eficiente de
alcançar os objetivos traçados (LUCKESI, 2011).
Quando um plano educacional é construído levando em consideração a
realidade da instituição educacional, tem condições de ser analisado após sua
implementação e revisto de acordo com a necessidade para alcançar objetivos que,
por ventura, tenham deixado de ser alcançados (LIBÂNEO, 1994).
Outro ponto a ser refletido é a respeito de que a construção de um planejamento
não deve partir de decisões individuais e isoladas, visto que, como afirma Luckesi
(2011, p. 134), “[...] as atividades individuais e isoladas não são inócuas e não são
suficientes para produzir resultados sign ificativos no coletivo.
Tornam-se necessárias ações individuais e coletivas, ao mesmo tempo [...]”.
Por meio dessas ações, são construídos planejamentos que agregam questões
políticas expressas por meio do diálogo, fortalecendo a consciência crítica e de poder
no espaço escolar.
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Deste modo, é possível um comprometimento ideológico que atenda às
seguintes funções, de acordo com Libâneo (2004, p. 150): “Diagnóstico e análise da
realidade da escola: busca de informações reais e atualizadas que permitam
identificar as dificuldades existentes e as causas que as originam, em relação aos
resultados obtidos até então.”
Definição de objetivos e metas que compatibilizem a política e as diretrizes do
sistema escolar com as intenções, expectativas e decisões da equipe da escola.
Determinação de atividades e tarefas a serem desenvolvidas em função de
prioridades postas pelas condições concretas e compatibilização com os recursos
disponíveis (elementos humanos e recursos materiais e financeiros).
A partir do momento em que se tem a consciência de todos seus fundamentos, a
incorporação do planejamento na práxis docente retrata que o ato educativo é
complexo, portanto, não cabe ser realizado de modo improvisado.
A formação de indivíduos para o pleno exercício da cidadania precisa estar em
constante acompanhamento das exigências do mundo contemporâneo,
oportunizando que os alunos sejam protagonistas e também responsáveis pelo
processo educativo.
Não cabe ao docente a ação de repetir receitas e sim de promover uma
aprendizagem que aproxime os alunos de suas realidades de modo que se sintam
estimulados e desafiados para o exercício da criatividade, autonomia e criticidade.
Planejar exige raciocínio lógico, sensibilidade, ética, diálogo e espírito de grupo,
conforme afirma Behrens (1996).
Ao considerarmos todos esses pressupostos, reafirmamos que, sem um
planejamento comprometido, as ações dos docentes dificilmente resultarão no que se
almejou alcançar.
Para isso, deve ser um documento organizado coletivamente, com participação
de diferentes segmentos da comunidade escolar, tais como professores, estudantes,
responsáveis e comunidade em que a instituição está situada.
Juntos, irão definir as prioridades e necessidades, propondo as ações para
alcançar os objetivos almejados.
Cumprindo essa etapa toda equipe deve, no momento da implementação,
comprometer-se com sua prática, organizando sua práxis em torno da realidade em
que está inserido, estando consciente de sua responsabilidade em todo o processo
de ensino e aprendizagem.
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Concluímos que, desse modo, por meio de um olhar ampliado, você pode
refletir sobre a importância de se considerar o ato de planejar com seu
comprometimento ideológico e o quanto valer-se de pressupostos que fundamentam
essa atividade irá refletir significativamente nos resultados que se almejam alcançar.
Planejar não é somente conhecimento teórico. Philip Coombs (1970), diz que
é preciso estabelecer uma distinção entre nosso conceito teórico do planejamento da
educação, enquanto ideal abstrato e o planejamento na prática de acordo com as
circunstâncias reais de nossos dias. O planejamento não pode ser considerado
apenas parte teórica, pois necessita de conhecimentos práticos sobre o que se trata,
não pode ser também somente baseado no empirismo sendo necessário prática e
teoria no ajuste da necessidade escolar.
Se planejarmos somente na teoria corremos o risco de excluir uma parcela da
sociedade escolar que não se enquadra ou adapte a teoria exposta pelo planejamento
oferecido pela instituição escolar. Nesse sentido, não é a ideologia do planejamento
apresentar ideias fechadas ou elementos intangíveis, uma vez que havendo
necessidade de mudanças a gestão escolar deverá estar aberta a contemplação de
mudanças. Estas não deverão fugir da regra geral estabelecida no planejamento, mas,
flexibilizando alguns tópicos para facilitar e resolver certas situações não atendidas
anteriormente. É fato que a mudança não deve envolver apenas o professor ou a
gestão em que a situação não se enquadra no planejamento, mas, também toda a
equipe escolar deve ser consultada.
Os dados devem ser coletados pela equipe escolar e, com isso retramar ao
bom aproveitamento da comunidade escolar, levando em consideração também que
a maneira ou o modo de inserir os conteúdos são insuficientes para o aprendizado e
obtenção de resultados satisfatórios. O avanço do currículo escolar sem atingir suas
metas de aprendizagem torna a comunidade deficitária, neste caso a instituição expõe
todo currículo planejado durante o ano letivo, mas, não garante a assimilação dos
conteúdos por parte dos alunos. Nesse sentido, planejamento, plano de aulas e
necessidades educativas devem caminhar paralelamente juntas para o bom
aproveitamento e desenvolvimento da instituição escolar (LUCK, 2008).
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Para que a escola possa se organizar e funcionar de maneira eficaz, bem
como cumprir suas funções sociais e educacionais, o planejamento participativo é um
recurso extremamente importante na busca do aperfeiçoamento dos afazeres e
auxilia, sobremaneira, na realização do trabalho coletivo. Evidentemente, ao
implementar o planejamento participativo, os gestores desvinculam-se das tomadas
de decisões centralizadas e alinham-se às possibilidades de trabalho participativo e
coletivo com vistas a eliminar os improvisos e ações isoladas. Segundo Matus (1996,
p. 285):
Além disso, a autora destaca que a gestão participativa é entendida como uma
forma regular e significativa que envolve todo o pessoal da instituição escolar. Tendo
em vista que não possui caráter técnico e sim um instrumento crítico e não excludente
às opiniões dos envolvidos, respeitando e colocando em prática a participação de
todos como requisito fundamental para o desenvolvimento da educação e, traz
consigo o trabalho coletivo e o compromisso com a transformação social e
educacional (LÜCK, 1996). Entretanto, alguns entraves surgem para que isso ocorra,
sobretudo a burocracia, muitas vezes observada no ambiente escolar.
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A burocracia imposta nas unidades escolares impede muitas vezes os gestores
ou professores de expressarem suas ideias ou ideais educacionais no bom
andamento de um planejamento participativo e saudável.
Às vezes alguns participantes de grupos educacionais se sentem isolados,
incapacitados de assumir um trabalho contemplado de êxito na unidade escolar, os
grupos se dividem entre professores, gestores e alunos e acaba tornando a
comunidade escolar dividida sujeita a ruptura de conhecimentos e do desenvolvimento
escolar.
Dessa forma, algum grupo ou subgrupo leva os assuntos e currículos
educacionais conforme estabelecido pelo planejamento e plano de aulas, outros
desestimulam os interessados no ensino por falta de participação total da sociedade
escolar.
Nessa concepção de planejamento participativo encontramos teorias baseadas
na psicologia como modelo cognitivo e afetivo que nos ajudam entender melhor o
desenvolvimento do planejamento participativo.
Na teoria cognitiva encontramos fundamentos de desenvolvimentos e
participação, explorando a capacidade cognitiva na prática dos educadores.
Para Luck et. al. (2008, p.21) essa teoria propõe que a participação aumenta a
produtividade ao disponibilizar, para a tomada de decisões, estratégias e informações
mais qualificadas.
Por sua vez, na teoria afetiva, encontramos o engajamento e encorajamento
entre as equipes que interagem entre si para um determinado objetivo. Segundo Henri
Wallon (apud SALLA, 2011, p.108):
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conjunto suas tarefas, adotando medidas e práticas educativas coletivas, visando
seus desenvolvimentos na melhoria da qualidade pedagógica, motivando e apoiando
todos os interessados no processo educacional, professores, alunos e comunidade
escolar.
Segundo Henri Wallon, a escola participativa trata o convívio com as
adversidades atendendo as diferenças de cada um, e com o meio onde está inserida
a formação de sua clientela, o desenvolvimento afetivo dos funcionários, motivando-
os nas tarefas propostas pela instituição escolar.
A equipe gestora se preocupa com a avaliação dos alunos oferecendo
adequação dos conteúdos considerando a capacidade de cada grupo de alunos e
planejando uma avaliação flexível atendendo as necessidades da escola tornando
uma escola aberta a sociedade.
A escola participativa é aquela que busca o ensino de qualidade, é aberta a
comunidade, aos pais no conhecimento dos movimentos elaborados pela escola,
dando suas opiniões de aceitações ou críticas de mudanças no sentido de resgatar o
papel educativo da comunidade escolar, incorporando a cultura emancipatória da
escola em um fazer transparente e democrático, reforçando o diálogo escola e
comunidade, criando mecanismo de aprendizagem e dualidade entre pais alunos
professores e gestão.
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Através de pesquisa bibliográfica fundamentada em autores reconhecidos,
além de análise de artigos disponibilizados através da internet, pretende-se abordar o
tema do planejamento participativo como um aliado da gestão escolar de qualidade.
Pensar a democracia é pensar, portanto, a garantia de direitos essenciais aos
indivíduos como, por exemplo, o direito à educação, explicitamente garantido na
Constituição Federal.
Assim, faz-se necessário compreender dois conceitos importantes neste
campo: o conceito de gestão, analisado de forma ampla, e a sua aplicação na forma
de gestão escolar.
A amplitude do conceito revela que Gestão é a disciplina que torna produtivo
os “saberes” de vários campos do conhecimento.
É por meio dela que as outras inovações produzem seus efeitos. Gestão
começa com uma forma de mentalizar o mundo.
Sempre que temos de tomar iniciativas para gerar um resultado precisamos
de gestão. (Nóbrega, 2004, pg. 15)
Percebe-se, daí, que gerir significa estimular esforços e tarefas na busca de
objetivos, de metas específicas.
Não é possível levar adiante uma situação se não houver capacidade e
discernimento, dos envolvidos, em tomar iniciativas e visualizar a sociedade como um
todo, principalmente em se tratando da comunidade escolar e a realidade na qual está
inserida.
Desta forma, é importante compreender a administração do setor da
educação de modo diferenciado. Assim:
A administração da educação, entendida como o conjunto de decisões de
interesse da vida escolar, necessita tomar uma nova feição, no sentido da supressão
dos processos centralizadores, fragmentados, burocráticos que acabam por reforçar
o controle do capitalismo, e partir para decisões embasadas na articulação dos
interesses e das concepções diferenciadas dos diversos segmentos sociais. (Hora,
2007, pg. 20)
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www.jornalggn.com.br
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Aliado a todo o desenvolvimento e sofisticação dos insumos materiais e
intelectuais, que auxiliam e aceleram as formas pelas quais se estabelecem as
relações sociais, culturais e econômicas, entre outras, o processo de gestão
educacional e escolar, produzido na ponta dos sistemas, tem necessidade de se
ajustar, adaptar e interagir face a estas circunstâncias, sob pena de tornar a escola
um ente obsoleto e desnecessário à vida social.
Sobreviver neste “admirável mundo novo” requer das unidades escolares
novas posturas, novos paradigmas e novos desafios, com os quais terão de conviver
na construção de suas relações cotidianas.
Essa situação descrita sugere que, entre outras necessidades, o trabalho a
ser desenvolvido neste “locus” tenha “sua elaboração fundamentada em um
referencial teórico consistente e respaldado na pesquisa constante das práticas
desenvolvidas pela escola, não se devendo abrir mão da participação coletiva nesse
processo” (SOUZA e CORRÊA, 2002, p.52). Pode-se, enfim,
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princípios da Administração Geral no processo de organização escolar, outra parcela
entende que os objetivos e finalidades daquele modelo de administração não se
coaduna com as necessidades e particularidades do procedimento educacional,
primordialmente, quando se verifica a condição dos envolvidos – professores e alunos
– como meios e fins desse modo particular de produção.
Destaca-se o pensamento de Sander (1995, p.157) sobre o processo de
gestão democrática e qualidade de educação: os procedimentos administrativos, os
processos técnicos e a missão das instituições educacionais devem ser concebidos
como componentes estreitamente articulados de um paradigma compreensivo de
gestão para a melhoria da qualidade de educação para todos, já que da qualidade da
gestão corretamente concebida e exercida depende, em grande medida, a capacidade
institucional para construir e distribuir o conhecimento, definido como o fator chave
dos novos padrões de desenvolvimento e da nova matriz de relações sociais.
Retomando a questão do planejamento de modo amplo e, de acordo com
Hora (2007, p. 42-44), os teóricos da administração escolar procuram utilizar-se das
teorias de administração de empresas, entendendo que é nelas que se encontra a
fundamentação teórica capaz de promover o funcionamento da organização escolar
de acordo com as expectativas da sociedade.
Da mesma forma Gonçalves (2003, p. 29) coloca que de nada adiantaria o
domínio dos fundamentos e das técnicas de planejamento se estes não estivessem
voltados para orientar políticas de intervenção nos mais diversos campos de ação
humana.
Assim, é preciso entender o planejamento como fundamental para garantir
que os objetivos propostos sejam atingidos, ao todo ou em parte, conforme a
execução das ações efetivamente planejadas.
Conforme Vasconcelos (2011), analisar a realidade particular de cada escola,
torna-se uma tarefa fundamental no processo de planejamento, pois não identifiquei
o problema, ou seja, o mesmo "problema" deve ser pensado de forma diferente, em
distintas realidades escolares.
Claramente, o processo de planejamento é composto por algumas fases e,
mesmo o planejamento participativo, instrumento da gestão democrática, possui estes
momentos, em que é possível analisar o andamento das ações propostas.
Vasconcelos (2011) coloca quatro fases distintas e ininterruptas:
28
Planejar, Preparar, Acompanhar e Revisar.
Fonte: www.portal.unemat.br
29
Elas devem ser compartilhadas com a equipe, que tem ainda de resolver
outras questões que dizem respeito somente à escola, como a grade horária das
disciplinas, a divisão das turmas e o calendário de atividades do ano. (MONTEIRO,
2009, p. 3)
No decorrer das atividades gestoras de uma escola, são realizados encontros,
referentes aos trabalhos internos da própria escola, com os colaboradores da mesma,
além de reuniões e encontros no âmbito da rede nacional na qual a escola está
inserida, sendo possível o compartilhamento de experiências e a proposição de
soluções para determinados assuntos problemáticos.
Conforme Couto (2007), o planejamento educacional torna-se necessário,
tendo em vista as finalidades da educação, mesmo porque, é o instrumento básico
para que todo o processo educativo desenvolva sua ação, num todo unificado,
integrando todos os recursos e direcionando toda ação educativa.
Diagnosticar a realidade significa, portanto, identificar quais as ações a serem
executadas para a melhoria da qualidade de ensino e a democratização do saber.
O planejamento da educação na esfera das redes de ensino é o instrumento
que possibilita a disseminação das políticas públicas educacionais entre os gestores,
coordenadores pedagógicos e professores.
Esse é o primeiro passo para que as políticas nacionais, estaduais ou
municipais sejam incorporadas ao cotidiano escolar. (MONTEIRO, 2009, p. 1). Nesse
sentido, o Planejamento Participativo encontra a sua relevância no contexto
educacional.
Trata-se da integração das necessidades apontadas por todos os
participantes deste processo de gestão: professores, gestores, diretores, alunos e
demais funcionários da instituição de ensino.
De acordo com Gandin (2004, p. 15), o Planejamento Participativo consagra
a necessidade de um projeto político, mostra como estruturá-lo e como organizar um
processo técnico que lhe seja coerente, além de estabelecer a participação como
elemento chave de uso do poder em todos os graus, organizando instrumentos para
realizá-la.
É notória a importância da integração dos instrumentos, estando o
Planejamento Participativo ligado ao Projeto Político Pedagógico. Significa dizer que
as ações a serem planejadas e executadas devem ser coerentes entre si, além de
serem coerentes com a realidade social, conforme colocado anteriormente.
30
Resultante do processo de planejamento surge à necessidade da formulação
de um plano.
O plano é um instrumento que mostra qual foi o propósito estabelecido pelo
planejamento, ele permite programas as atividades e ações para realizar os objetivos
estabelecidos no planejamento. (KOETZ, 2009, p. 72)
Fonte: www.gestaoescolar.org.br
31
Resta aos participantes deste processo colocarem em prática aquilo que fora
planejado, comprometendo-se com a construção de uma nova realidade educacional.
www.idesam.org/
32
seu corpo de conhecimento organizado numa sequência lógica, com o respectivo
tempo de cada uma (grade ou matriz curricular)” (ZOTTI, 2006, documento on-line),
as diretrizes explicitadas nas leis federais, estaduais e municipais que regulam a área
educacional e até mesmo as relações interpessoais que acontecem na sala de aula e
que não são previstas.
Outra maneira de pensar o currículo é colocar tudo o que acontece na escola
como parte integrante de sua estrutura: assuntos, aulas, relacionamentos, situações.
A complexidade do currículo está em relacionar todas essas esferas, visto que,
quando apenas uma está em foco, perde-se a visão sistêmica do todo.
Assim, currículo é uma série de ações de diferentes agentes.
“O conceito de currículo é multifacetado e modificou -se historicamente
atendendo a realidades sociais distintas, há tempos e espaços específicos e, em
consequência disso, precisa ser compreendido no contexto social em que está
inserido” (ZOTTI, 2006, documento on-line).
www.revide.com.br
33
Enquanto instituição que promove o aprendizado sobre o conhecimento
humano acumulado com vistas ao desenvolvimento, a escola tem por obrigação
promover o acesso a certos conhecimentos que, para a maioria das pessoas, não são
acessíveis em outro lugar que não a escola.
O conhecimento mais valioso é, por conseguinte, aquele que extrapola o senso
comum, ou seja, o pensamento científico, que capacita o ser humano a ver a sua
realidade de maneira diferente e a agir de maneira a buscar uma maior qualidade de
vida para si e para a comunidade.
Segundo Galian (2016b), o conhecimento capacita o ser humano a olhar para
o mundo de outro ponto de vista, diferente daquele que já tem no seu dia a dia.
Portanto, os conhecimentos oferecidos pela escola devem servir para que os
estudantes possam estranhar o mundo cotidiano, de maneira a se sentirem potentes
para investigá-lo e agir sobre ele, melhorando-o.
A escola deve ensinar que o mundo está como está porque foi organizado
assim, de maneira desigual e injusta, mas que há outras possibilidades.
A naturalização do status quo social fixa a ideia de que o mundo é assim porque
não é possível ser de outra forma.
Entretanto, não é possível ensinar todos os conhecimentos na escola, seja pela
falta de tempo, de recursos ou até mesmo pelo pouco valor de determinados assuntos
para o desenvolvimento humano.
Assim, sempre será preciso fazer uma seleção de conhecimentos, uma escolha
sobre o que vai compor o currículo escolar. Galian (2016a) ressalta que essa escolha
não acontece pelo valor intrínseco do conhecimento, mas pelos interesses que
acompanham cada assunto.
Para determinado público, pode-se escolher conhecimentos que tendem a
limitar o horizonte de possibilidades dessas pessoas àquilo que elas já têm no dia a
dia, ou seja, vão inserir-se no trabalho mais próximo e viver no ambiente já conhecido.
Para outros, pode-se escolher um currículo com um horizonte bem mais amplo de
possibilidades, o que acontece justamente porque não vivemos em uma sociedade
justa, e isso se reflete na problematização da escolha dos currículos para cada classe
social (GALIAN, 2016a).
As teorias críticas do currículo mostram que especialmente a escola oferecida
para aqueles menos favorecidos, que não têm outra maneira ou outro local para
34
adquirir esses conhecimentos, tende a ser menos rica em conhecimentos ou a
simplificar os assuntos de maneira regular.
Ora, se a escola e o currículo mostrarem apenas o que os estudantes já
conhecem em seu dia a dia ou tentarem construir um currículo que apenas os agrade,
pouca transformação cognitiva poderá ser adquirida, e os estudantes sairão da escola
com um repertório muito parecido com o que já tinham antes de entrar.
Enquanto isso, outra camada da população tem acesso a um conhecimento
diferenciado, que permite que eles olhem o mundo de outra forma e possam agir de
outra maneira. (GALIAN, 2016)
É justamente essa dinâmica que faz com que cada indivíduo (e sua classe
social) fique onde está, permanecendo na posição em que se encontra.
Alguns questionamentos sobre o currículo podem ser feitos:
Como selecionar o que há de essencial em cada disciplina para que o
estudante entenda esse mundo em que vive?
Como cada conteúdo poderá se articular aos princípios e fins da educação
nacional presentes no texto da LDB?
O que é necessário para entender que o mundo é uma construção e está como
está por uma convenção?
O que se deve fazer para mostrar que há outras possibilidades de organização
social e capacitar os estudantes na promoção de mudanças necessárias?
35
3.2 Fenômenos e elementos da construção curricular
www.portal.aprendiz.uol.com.br/
36
Se percorrermos historicamente a teoria curricular, podemos analisar o
currículo escolar a partir de dois grandes eixos: as concepções tradicionais ou
conservadoras e as concepções críticas.
Com origem nos Estados Unidos, tanto as visões conservadoras como as
críticas influenciaram sobremaneira o campo no Brasil.
De plano de estudos o conceito evolui para a visão de currículo como a
totalidade de experiências vivenciadas pela criança, sob a orien tação da escola,
levando em conta e valorizando os interesses do aluno.
Seus representantes, Dewey e Kilpatrick, contribuíram para o desenvolvimento
das teorias progressivistas.
As teorias progressistas começaram a se delinear a partir do século XVIII e se
constituíram como tentativa de buscar respostas aos problemas socioeconômicos
advindos dos processos de urbanização e industrialização ocorridos nos Estados
Unidos no final do século XIX e in ício do século XX (ZOTTI, 2006, documento on-line).
Ambas tradicionais, a visão escolanovista e a tecnicista tinham o “mesmo
objetivo de adaptar a escola e o currículo à ordem capitalista, com base nos princípios
de ordem racionalidade e eficiência”, utilizando conceitos tanto empresarias quanto
do campo da psicologia (ZOTTI, 2006, documento on-line).
Somente a partir da década de 1960 as análises sobre a relação entre escola
e sociedade começaram a se desenvolver na Inglaterra e nos Estados Unidos,
gerando as teorias críticas do currículo.
A partir delas, as relações entre o que se ensina e como se ensina e suas
repercussões nas desigualdades sociais começaram a ser questionadas.
O currículo, visto como uma lista de conteúdos neutros, perdeu sua
imparcialidade, deixando transparecer que a escolha por determinados temas e
métodos refletia na estratificação de classes econômicas e sociais.
Chamado de sociologia do currículo, esse campo do saber tem como
representantes mais conhecidos Michel Apple (2016), Henry Giroux (1997), Michael
Young (2014) e Basil Bernstein (1996), que vão analisar o currículo como forma de
imposição cultural e opressão de uma classe sobre outra, a fim de manter-se no poder.
Outra ressalva é que, se antes a escola servia para a formação do clero e das
classes abastadas, que possuíam cultura clássica e comportamento comedido, ao
receber os novos alunos, a expectativa da escola não se alterou.
37
Dessa forma, os novos alunos, que não tinham os mesmos conhecimentos
culturais e atitudinais esperados, começaram a fracassar na escola.
De acordo com Smolka (2003), a partir das décadas de 1970 e 1980, começam
a ser publicadas pelo mundo todo pesquisas que tratam do tema do fracasso escolar,
como as de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky (1984), na Argentina e no México; Clay
(1972–75), na Austrália; Foucambert (1978) e Lentin (1979), na França; Scribner e
Cole (1981), na Libéria; Read (1978), nos EUA; Leite (1980), Cagliari (1989) e
Capovilla (1997) no Brasil, entre outros.
Esses estudos também exerceram forte impacto nos debates sobre o currículo,
pois modificaram a maneira como os processos de ensino e de aprendizagem se
desenvolvem e destacaram suas variáveis mais importantes.
38
3.3 Organização curricular
www.ppgecpan.uf ms.br/
39
essenciais que deverão ser apresentados e ensinados para as novas gerações, a fim
de capacitá-las para viver em sociedade.
Historicamente, os professores não fazem parte da construção do currículo,
apenas o recebem e devem segui-lo, executá-lo.
Assim, podem pensar apenas em método, não em conteúdo, de modo que não
há espaço e tempo para questionar por que se ensina o que se ensina.
Para favorecer a compreensão sobre a organização complexa que envolve o
currículo, vamos utilizar a classificação de Galian (2016b), a seguir:
• Currículo prescrito, formal: é concebido muito antes de chegar ao nível
estadual e municipal.
Historicamente, os professores não fazem parte da construção desse currículo,
eles apenas o recebem e devem executá-lo. No início, os debates para elaboração da
Base Nacional Comum Curricular (BNCC) contaram com a participação docente, mas,
após algum tempo, essa possibilidade de participação foi cerceada.
• Currículo planejado: transformação das diretrizes legais em materiais
para uso por professores e alunos, como guias curriculares, livros
didáticos e apostilas.
Entretanto, é comum que a hierarquia se inverta e que os livros didáticos
passem a ser utilizados na escola como “o” currículo a ser seguido.
Outro ponto controverso é a existência de materiais diferenciados oferecidos
pela mesma editora à rede pública e à rede privada de ensino.
Para baratear a produção do material para a esfera pública, a mesma editora
(e os mesmos autores) pode simplificar textos, omitir figuras ou diminuir sua qualidade
gráfica, fazendo com que prevaleça a metodologia de memorização.
• Currículo organizado: refere-se à organização de tempos, espaços e
agrupamentos para efetivar o currículo planejado dentro da escola.
Mostra a hierarquia entre as disciplinas e os professores de acordo com
a organização do currículo.
Historicamente, por exemplo, artes e educação física não têm o mesmo status
que português e matemática.
Salas que agrupam alunos com maior dificuldade também tendem a marcar
uma expectativa de aprendizagem diferenciada em comparação aos agrupamentos
de melhores alunos.
40
• Currículo em ação: encontro efetivo entre professor-aluno-
conhecimento.
Nesse currículo, o professor tem mais autonomia de ação: pode escolher se vai
usar todo o livro didático, se vai inverter alguma ordem de apresentação, se vai utilizar
fontes diversificadas, etc.
• Currículo avaliado: dimensão da avaliação, na qual fica explícito para o
aluno o que é ainda mais importante dentro de tudo o que foi
apresentado durante determinado período.
Também demonstra para o professor e a gestão quais são os pontos de
sucesso do currículo previsto (o que funcionou e o que não funcionou). Galian (2016)
De uma maneira geral e problemática, no Brasil, esse último passo do caminho
tem invertido o processo, colocando a avaliação como fomentadora do currículo
prescrito.
Isso é destacado pelas avaliações externas, que acabam por “ditar” o que se
deve ensinar e em qual ano escolar, por exemplo.
Em resumo, a escolha do currículo sempre silenciará algumas vozes,
especialmente as dos que detêm menos poder.
Sempre haverá, além disso, vozes distorcidas, pois determinados valores e
culturas são tratados de maneira equivocada na escola pela própria dificuldade de
formação profissional e quebra de paradigmas que permitam validar o que é muito
diferente do padrão imposto pela sociedade atual (exemplos clássicos dizem respeito
a moral e religião).
Por outro lado, outros assuntos são supervalorizados do ponto de vista
acadêmico ou então por interesses políticos e econômicos.
O resultado da escolha do que fará parte do currículo é sempre tenso, visto que
o espaço é limitado.
Os grupos que ficam de fora vão lutar para serem incluídos, e quem está
incluído se fortalecerá para não perder o espaço já conquistado. Outros, já
contemplados, requererão maior espaço ou destaque.
Assim, o currículo é algo que nunca estará finalizado, pronto; pelo contrário,
está em movimento, seguindo os diversos interesses sociais, políticos e econômicos
que cercam a escola.
41
É o que Galian (2016b) chama de equilíbrio instável, um documento que
precisará ser revisto, criticado e sempre ampliado para ser adaptado às necessidades
de formação humana de cada época.
Esse é um processo natural, visto que as escolhas de hoje podem não ser mais
imprescindíveis daqui a um ou cinco anos (por exemplo, aulas de latim, moral e cívica,
datilografia, entre outras).
A conversa sobre currículo e política envolve formação de identidade, não é
neutra.
Assim, embora não seja o ideal fazer escolhas, que eliminam outras
possibilidades, é essa a única maneira de elaborá-lo.
O currículo escolar, em linhas gerais, define o que será aprendido pelos alunos
em cada etapa da sua formação, definindo os conteúdos e as atividades a serem
executadas pelo estudante durante seu percurso educativo.
No entanto, é necessário que as instituições elaborem e adotem seus currículos
com base no que rege a legislação e o planejamento educacional no seu sentido mais
amplo.
Neste texto será aprofundada, especificamente, a relação entre o planejamento
educacional no âmbito dos sistemas e redes de ensino, aqui representados pelo
documento que norteia os rumos da educação no país, o Plano Nacional de Educação
(PNE), e o currículo escolar implementado pelas instituições de acordo com as
diretrizes educacionais que emanam a necessidade de uma organização escolar que
proporcione a humanização dos sujeitos e a diminuição da desigualdade cultural.
Para iniciar a discussão sobre a relação existente entre currículo e
planejamento é importante revisitar alguns pressupostos legais.
Primeiro, o que fundamenta o planejamento educacional, a Constituição
Federal, em seu artigo 214, a partir da Emenda Constitucional nº. 59/2009, prevê o
PNE, de duração decenal, como uma exigência para garantir uma política de Estado
que ofereça o direito à educação básica de qualidade, cujo objetivo é articular o
sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos,
42
metas e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e o
desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio
de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas (BRASIL,
2016).
De acordo com informações que norteiam os estudos acerca do PNE, ele se
caracteriza como: “[…] um instrumento de planejamento do nosso Estado democrático
de direito que orienta a execução e o aprimoramento de políticas públicas do setor
[...]” (BRASIL, 2014, documento on-line).
O documento que apresenta o PNE destaca que o “[...] planejamento envolve
um esforço metódico e consciente ao selecionar e orientar os meios e as estratégias
para atingir os fins previamente definidos, com o objetivo de aproximar a realidade do
ideal expresso pelo modelo [...]” (BRASIL, 2014, documento on -line).
Além disso, o documento destaca que são estabelecidos prioridades e
procedimentos de ação voltados à promoção da interação entre os diversos setores
para um processo de intervenção da realidade, a partir da criação de 20 metas
nacionais para garantir a qualidade da educação no país.
O PNE, por intermédio destas 20 metas propostas, deve servir de base para a
elaboração dos planos estaduais e municipais.
Partindo deste pressuposto, as instituições escolares também devem estar
adequadas, trabalhando em consonância com este plano maior e buscando atender
e garantir uma educação pautada nos princípios propostos pelo PNE.
A partir da elaboração e implementação das 20 metas apresentadas pelo PNE,
voltamos ao segundo pressuposto legal, agora fundamentando os currículos
escolares, a BNCC, representada como uma importante estratégia para alcançar
algumas metas apresentadas pelo PNE.
Entre elas, destacam-se as metas um, dois, três e sete, que tratam sobre a
educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, bem como sobre a melhoria
da qualidade da educação em todas as etapas e modalidades da educação básica,
com o objetivo de atingir as médias nacionais para o Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica (IDEB), e elevar os padrões de ensino em todas as regiões do Brasil.
De acordo, com a Lei nº. 13.005/2014, que aprova o PNE, e apresentado no
documento que regulamenta a BNCC, é fundamental reiterar a necessidade de
estabelecer e implantar, mediante pactuação interfederativo, ou seja, entre União,
estados, Distrito Federal e municípios, diretrizes pedagógicas para a educação básica
43
e a base nacional comum dos currículos, com direitos e objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento dos alunos para cada ano do ensino fundamental e médio,
respeitadas as diversidades regional, estadual e local (BRASIL, 2014). A BNCC é um
documento criado de forma articulada e integrada e contou com a participação de
profissionais do ensino e da sociedade civil, visando definir:
44
2. Exercício de curiosidade intelectual e uso de abordagem própria das
ciências para investigar e elaborar hipóteses;
3. Desenvolvimento de senso estético para reconhecer e valorizar as
diversas manifestações artísticas e culturais;
4. Utilização de conhecimento das linguagens verbal, multimodal, artística,
matemática, científica, tecnológica e digital;
5. Utilização de tecnologias digitais de comunicação e informação de forma
crítica, significativa, reflexiva e ética;
6. Compreensão das relações do mundo do trabalho e tomada de decisões
alinhadas ao projeto de vida pessoal, profissional e social;
7. Argumentação com base em fatos, dados e informações confiáveis para
formular, negociar e defender ideias e pontos de vista;
8. Autoconhecimento e reconhecimento de suas emoções e dos outros
com capacidade de lidar com elas e com a pressão do grupo;
9. Exercício da empatia, diálogo, resolução de conflitos e cooperação,
fazendo-se respeitar e promover respeito ao outro;
10. Ação pessoal e coletiva com autonomia, responsabilidade, flexibilidade,
resiliência e determinação.
Estas competências essenciais visam, além do desenvolvimento integral do
sujeito, a formação de cidadãos mais críticos, com capacidade para resolver
problemas, trabalhar em equipe, respeitar as diversidades, tomar decisões com
autonomia, argumentar, dialogar e defender seu ponto de vista.
De acordo com a Base, competência é definida como a:
45
[...] assumir uma visão plural, singular e integral da criança, do adolescente,
do jovem e do adulto – considerando-os como sujeitos de aprendizagem – e
promover uma educação voltada ao seu acolhimento, reconhecimento e
desenvolvimento pleno, nas suas singularidades e diversidades [...] (BRASIL,
2018, documento on-line).
46
4.1 As contribuições do currículo no planejamento pedagógico interdisciplinar
e transdisciplinar
www.e-sanar.com.br/
47
O mesmo autor ainda complementa dizendo que a ação de planejar deve estar
fundamentada em opções político-pedagógicas, tendo como referência as situações
didáticas concretas, tais como a problemática social, econômica, política e cultural que
envolve a escola e todos sujeitos que interagem no processo de ensino.
Vasconcellos (2006, p. 36) aponta que o ato de planejar remete a:
1) querer mudar algo;
2) acreditar na possibilidade de mudança da realidade;
3) perceber a necessidade da mediação teórico-metodológica;
4) vislumbrar a possibilidade de realizar aqu ela determinada ação.
Para que a atividade de projetar seja carregada de sentido, é preciso, pois, que,
a partir da disposição para realizar alguma mudança, o educador veja o planejamento
como necessário (aquilo que impõe, que deve ser, que não se pode dispensar) e
possível (aquilo que não é, mas poderia ser, que é realizável).
Cabe destacar que o planejar consiste na forma em como o professor irá
organizar e reorganizar o seu trabalho, levando em consideração aspectos referentes
à realidade da turma e a forma como ela é composta.
Neste sentido, o planejamento deve ser flexível, claro, objetivo e coerente, uma
vez que a educação está em constante movimento, assim como o currículo, os
conteúdos, os saberes e as habilidades que precisam ser desenvolvidos estão sempre
sujeitos a alterações.
Porém, para que o plano proposto pelo professor seja realmente significativo,
é necessário que ele esteja intimamente ligado à prática diária, de maneira que sejam
registradas as situações, conhecimentos e experiências relevantes durante cada
etapa deste processo.
Libâneo (1994, p. 225) destaca que “Agindo assim, o professor usa o
planejamento como oportunidade de reflexão e avaliação da sua prática [...]”.
Outra questão extremamente importante dentro do planejamento e do currículo
escolar é a possibilidade de um trabalho conjunto entre as diferentes áreas do
conhecimento, na medida que promove a interação, colaboração e participação entre
os envolvidos num processo coletivo de saberes.
Corsino (2007, p. 59) destaca que “[...] o conhecimento é uma construção
coletiva e é na troca dos sentidos construídos, no diálogo e na valorização das
diferentes vozes que circulam nos espaços de interação que a aprendizagem vai se
dando [...]”.
48
Seguindo este pensamento, para que haja melhor fundamentação sobre o
trabalho conjunto curricular e sobre as estratégias de integração, serão aprofundados,
ao longo deste texto, conceitos como interdisciplinaridade e transdisciplinaridade no
planejamento docente diário.
4.2 Interdisciplinaridade
www.inf oescola.com/
49
É um trabalho onde mais de uma disciplina se unem com o mesmo propósito
em um projeto comum.
Estas áreas, por sua vez, trocam conhecimentos, abrindo novas possibilidades
de aprendizado que acontecem de forma dinâmica e articulada. Silva (2010, p. 54)
aponta mais uma característica do trabalho interdisciplinar:
“A interdisciplinaridade implica trabalhar as dimensões social e cultural dos
conteúdos, observando-se que cada conteúdo está inserido numa rede de relações
[...]”.
Souza (2012, p. 9) destaca que u ma abordagem interdisciplinar no tratamento
da diversidade de temáticas relacionadas às diversas áreas do saber constitui,
portanto, algo de extrema relevância e tal concepção propicia a concordância de que
o tempo escolar não deve ser dividido por áreas de conhecimento.
O desejo é a integração dessas diferentes áreas.
Sem dúvidas, pensar a interdisciplinaridade como um processo de integração
recíproca entre as disciplinas e áreas do conhecimento é uma tarefa que demanda
um grande esforço da escola.
Contudo, é necessário ter em mente que o processo de construção do
conhecimento se dá de forma contínua e inacabada, que pretende superar a
fragmentação dos conteúdos e favorecer a relação epistemológica entre as
disciplinas.
Neste sentido, as atividades devem ser organizadas de forma a expandir o
conhecimento do aluno e promover o seu desenvolvimento.
Entretanto, para que um trabalho interdisciplinar contemple a todos, ele deve
partir da necessidade sentida pelas escolas, professores e alunos em explicar algo
que desafia uma disciplina isolada e atrai a atenção de mais de um olhar, ou seja, um
projeto que possa ser descrito, explicado e solucionado.
Contextualizar o conteúdo significa assumir que todo o conhecimento envolve
uma relação entre sujeito e objeto, sendo o recurso que a escola disponibiliza para
retirar o aluno da condição de espectador passivo, permitindo que o conteúdo do
ensino provoque aprendizagens significativas.
Desta maneira, a interdisciplinaridade e a contextualização dos conteúdos e da
realidade da instituição são recursos fundamentais para ampliar as possibilidades de
intercâmbio entre as disciplinas, possibilitando ao estudante a construção coletiva do
50
conhecimento, o desenvolvimento de uma aprendizagem sistêmica, a busca de
soluções para os problemas e a integração dos resultados obtidos.
4.3 Transdisciplinaridade
51
Guedes et al. (2010) destacam que a transdisciplinaridade surgiu para acabar
com a fraqueza dos elos existentes na interdisciplinaridade que, por meio da ligação
entre as disciplinas, podiam ser facilmente quebrados.
A transdisciplinaridade veio, neste sentido, para acabar com os limites entre as
disciplinas, com o objetivo de transpassá-las, fazendo com que fossem
axiomaticamente dependentes entre si.
Além da transdisciplinaridade, existem outras denominações que têm como
denominador comum uma visão abrangente da realidade, sob a perspectiva da
integração entre o todo e as partes.
Libâneo (2005), nesta concepção, apresenta o holismo. Para o autor: [...] ter
uma visão holística significa ter o sentido de total, de conjunto, de inteiro (holos, do
grego), em que o universo é considerado como uma totalidade formada por dimensões
interpenetrantes: as pessoas, as comunidades, unidas no meio biofísico [...]”
(LIBÂNEO, 2005, p. 31).
A partir deste pressuposto, o autor complementa dizendo que “[...] a educação
holística não rejeita o conhecimento racional e outras formas de conhecimento, mas
insiste em considerar a vida como uma totalidade [...]” (LIBÂNEO, 2005, p. 31).
Seguindo este mesmo pensamento, Morin (1991) traz o conceito de
complexidade, a partir do princípio que afirma que a parte não somente está dentro
do todo, como o próprio todo também está dentro das partes.
Libâneo (2005, p. 32) destaca que:
52
perspectiva de uma democracia cognitiva, onde todas as áreas, conhecimentos e
saberes são igualmente importantes.
Neste sentido, é de extrema importância que o currículo escolar esteja aberto
à integração, tendo como compromisso a formação e desenvolvimento do sujeito
enquanto ser integral, autônomo, crítico e participativo.
A BNCC define algumas ações importantes que devem ser consideradas pelas
instituições escolares ao elaborar seu currículo.
Entre elas, destaca-se a que se refere à organização curricular interdisciplinar
como uma forma de diversificar o conteúdo e tornar a aprendizagem mais dinâmica e
significativa. Assim, é imprescindível:
www.acordacultura.org.br
Para isso, precisamos retomar o conceito de cultura, que, neste caso, pode
ser utilizado “[...] para se ref erir a tudo o que seja característico sobre o ‘modo
de vida’ de um povo, de uma comunidade, de uma nação ou de um grupo
social” (HALL, 2016, p. 19).
53
Isso nos remete à ref lexão sobre os vários aspectos antropológicos e
sociológicos presentes na cultura que não a restringem exclusivamente a “[...]
um conjunto de coisas — romances e pinturas ou programas de TV e histórias
em quadrinhos — mas, sim, a um conjunto de práticas” (HALL, 2016, p. 20).
Dessa forma, podemos considerar a escola como uma instituição social que faz
parte do universo cultural da grande maioria da população e afirmar que os indivíduos
que partilham da mesma cultura tendem a apresentar uma interpretação do mundo
semelhante, uma atribuição de sentido sobre as coisas similar, pois aprenderam no
interior das práticas cotidianas dos grupos sociais e instituições nas quais interagem
a respeito desses conceitos e seus significados.
Para compreender melhor como ocorre a formação das identidades, podemos
analisar algumas características inerentes a esse processo, conforme esquematiza a
Figura 1.
54
O segundo ponto é que a identidade é produzida também a partir da marcação
da diferença. Assim, sou da forma como sou porque sou diferente dos demais, com
os quais não me enquadro ou identifico.
Aqui, o exercício da alteridade, da percepção do outro, da experiência
atravessada pelo outro é fundamental.
Dessa forma, a identidade “[...] não é o oposto da diferença: a identidade
depende da diferença” e demonstra como as diferenças se estabelecem por meio de
sistemas classificatórios (WOODWARD, 2000, p. 40).
É importante salientar que “[...] a diferença é um elemento central dos sistemas
classificatórios por meio dos quais os significados são produzidos” (WOODWARD,
2000, p. 68).
O problema com a questão da diferença ocorre quando ela é utilizada dentro
desse sistema classificatório para realizar juízo de valor e construir representações
ruins, negativas e que inferiorizem algumas identidades.
As diferenças são marcadores que nos constituem, tornam-nos seres
singulares e especiais e, dessa forma, deveriam ser reconhecidas, valorizadas
socialmente e fazer-se presentes nos currículos escolares e suas práticas.
O terceiro componente é o caráter relacional da identidade: nossa identidade
é produzida a partir das relações que temos nos grupos sociais e nas instituições que
fazem parte de nossas experiências como seres humanos.
Assim, “[...] participamos dessas instituições ou ‘campos sociais’, exercendo
graus variados de escolha e autonomia, mas cada um deles tem um contexto material
e, na verdade, um espaço e um lugar, bem como um conjunto de recursos simbólicos
(WOODWARD, 2000, p. 29).
Ao falarmos sobre esses campos sociais que são importantes e decisivos para
que as relações e interações sociais ocorram e, assim, contribuam para que possamos
produzir nossas identidades, temos que marcar a escola como importante instituição
que as crianças frequentam de forma obrigatória a partir dos quatro anos de idade no
Brasil e que acolhe os mais diversos grupos étnicos e culturais.
Assim, as escolas também possuem seus contextos particulares e seus
simbolismos — por exemplo, uma escola pública pode apresentar-se muito diferente
de uma escola privada nas questões estruturais, curriculares e, até mesmo, em
relação ao público que atende.
55
Ao reforçarmos a importância do outro para a formação da identidade, convém
marcarmos que “[...] é apenas por meio da relação com o Outro, da relação com aquilo
que não é, com precisamente aquilo que falta, com aquilo que tem sido chamado de
seu exterior constitutivo, que o significado ‘positivo’ de qualquer termo — e, assim,
sua ‘identidade’ — pode ser construído” (HALL, 2000, p. 110). Pensando sobre os
mecanismos de constituição das identidades que viemos analisando, fica fácil
perceber como a alteridade é importante para a nossa formação humana, afinal, como
seríamos sem a convivência, a interação e a interdependência social que
experienciamos cotidianamente nos grupos culturais dos quais participamos?
Ao refletir sobre o currículo escolar na perspectiva de experiências que
propiciassem um encontro com os desejos dos estudantes, Paraíso (2009, documento
on-line) esclarece que “[...] a experiência é algo que se dá solitariamente, mas que
outros vêm cruzá-la, atravessá-la, compor com ela.
Na experiência saímos sempre transformados; e o mundo também se
transforma”.
Dessa forma, ainda que a experiência seja subjetiva, tenha efeitos internos,
muitas vezes depende de um exercício de alteridade, do apoio ou oposição do outro
para que ocorra.
Assim, que bom seria que os estudantes experienciassem no currículo escolar
oportunidades de realizar trocas com os múltiplos aspectos da diversidade que habita
a escola, seja ela étnica, religiosa, de gênero, de classe social ou orientação sexual
— com isso, certamente, o mundo poderia vir a transformar-se em algo melhor e mais
humano.
É importante, portanto, que possamos colocar em prática nas escolas o
exercício da alteridade, do reconhecimento da importância do outro, com a potência
de suas diferenças e semelhanças para a formação de todos ali presentes; que o outro
possa deixar de ser visto como nas visões modernas do currículo, das quais Skliar
(2003, documento on-line) alerta:
56
Dessa forma, se queremos investir em um currículo que possa formar os
estudantes para um convívio social condizente com as características da sociedade
contemporânea, em que todos os grupos culturais e identitários tenham espaço igual
de aceitação e oportunidades, temos que propor discussões e práticas nas quais o
outro seja percebido em toda a sua diversidade. Skliar (2003)
www.pt.slideshare.net/pjwier/identidade
57
• Alteridade;
• Empatia;
• Diversidade cultural;
• Colonialidade;
• Interculturalidade;
• Diferenças;
• Inclusão;
• Experiência;
• Resistência;
• Resiliência;
• Criticidade;
• Dialogicidade.
58
A diversidade cultural surge na contemporaneidade como um grande
enunciado que passa a constituir as políticas públicas educacionais, sobretudo com a
intenção de criar uma escola universal, que todos possam frequentar sem distinções
ou problemas de nenhuma ordem. (Duschatzky e Skliar, 2001)
Embora essa possa ser a intenção dos discursos das políticas educacionais,
as práticas escolares nem sempre se apresentam dessa maneira, e a diversidade
pode acabar por ofuscar as discussões em torno das diferenças entre as pessoas.
Assim, a diversidade cultural não deve reduzir-se à falta existente nos outros, ao déficit
que possuem em comparação com os demais; pelo contrário, deve buscar a
problematização das assimetrias de poder e saber existentes nos grupos culturais,
reivindicando seu equilíbrio, conforme o que aspira a interculturalidade.
www.educacao.estadao.com.br
59
Portanto, antes de tratar da importância de um currículo inovador, você deve
entender quais condições políticas, econômicas e culturais possibilitaram a
construção do conceito de currículo atual.
Sempre foi uma preocupação social definir o que, dentro da cultura humana,
deveria ser ensinado de uma geração para outra.
Geralmente, esses ensinamentos procuravam associar-se à construção de um
modelo de sociedade almejado, bem como se alinhavam com os pensamentos que
as classes dominantes e os governos de determinadas regiões consideravam os mais
corretos ou o padrão a ser repassado à população.
No início do século XX, surgiu uma teoria do currículo, na qual, de forma
sistemática, os discursos acerca do termo eram associados aos sentidos específicos
que projetam como as instituições de ensino deveriam desenvolver suas atividades.
Quando se trata de currículo, logo se pensa nas disciplinas das matrizes
curriculares e nos conteúdos que devem ser ensinados aos estudantes quando você
exerce sua prática docente.
Porém, entendê-lo dessa forma é uma visão reducionista, empregada na sua
teoria tradicional, pois envolve a produção de subjetividades, ou o sujeito que está em
formação, bem como o poder exercido no processo de seleção e classificação dos
saberes que comporão o processo de ensino e aprendizagem.
De acordo com Moreira e Silva (2001, p. 7), “o currículo é considerado um
artefato social e cultural.
O currículo transmite visões sociais particulares e interessadas, o currículo
produz identidades individuais e sociais particulares”.
Um artefato social e cultural é construído pelo ser humano a partir das suas
relações, bem como da interação com os grupos sociais e culturais dos quais participa.
Já a escola se alinha com essa ideia ao exercer uma grande contribuição para que a
identidade seja produzida.
Segundo Silva (2007), o currículo em ação contempla entender que ele envolve
os pontos apresentados na Figura 1.
60
Pensar em um currículo inovador é entender como se seleciona os saberes que
serão ensinados nas salas de aula e o que se propõe que seja aprendido pelos
estudantes.
Questiona-se, ainda, sobre quais os tipos de pessoa que estão sendo
produzidos a partir da escola e quais as implicações desta no projeto de sociedade
almejado, refletindo sobre as relações de poder entre aqueles que definem o que deve
ou não ser ensinado e o sujeito ideal a ser formado a partir das práticas escolares.
O termo inovação é amplamente utilizado em diversas áreas do conhecimento
e remete a uma mudança específica, à criação de algo que ainda não foi proposto ou
a uma nova maneira de fazer algo.
Ao aplicá-lo ao currículo, entende-se que a inovação curricular leva,
necessariamente, a repensar as práticas cotidianas e a relação de ensino e
aprendizagem, em que o professor é peça essencial.
Assim, os processos e as práticas que buscam inovação constituirão
estratégias que determinem a melhoria da qualidade do ensino do sistema educativo
e, consequentemente, a aprendizagem dos estudantes.
Segundo Masetto (2011, p. 15), um currículo inovador exige:
[...] uma gestão dif erenciada, com valorização da mudança f avorec endo a
aprendizagem dos participantes e do compromisso dos docentes com esse
novo projeto, com reorganização de tempo e espaço para aprendizagem, com
revisão da inf raestrutura para apoio do projeto, com f ormação continuada dos
prof essores, com investimento em condições f avoráveis aos trabalhos dos
docentes.
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63
Um dos aspectos importantes da inovação curricular está relacionado à busca
de práticas educativas que se desenvolvam quebrando a lógica da segmentação dos
conhecimentos e produzam uma aprendizagem mais globalizada pelos estudantes.
Para atingir tal nível de reestruturação da aprendizagem que ocorre na escola, uma
ótima estratégia é desenvolver o currículo por projetos de trabalho, conforme você
pode ver na Figura 2.
64
Uma aprendizagem se torna significativa quando consegue se conectar aos
conhecimentos prévios dos estudantes, remete aos princípios práticos de sua vida
pessoal e suas rotinas cotidianas, bem como se associa às suas hipóteses sobre o
problema e o mundo.
Uma atitude favorável ao conhecimento, por sua vez, refere-se a um tema ou
problema que desperte o interesse dos alunos e os faça se engajar nas atividades de
pesquisa e nos procedimentos que o professor adotará durante o projeto, por isso, a
escolha do tema que será objeto de estudo deve ser feita com cuidado, partindo dos
interesses da turma. (HERNÁNDEZ, 2017)
Em geral, um projeto de trabalho apresenta uma sequência estruturada,
planejada pelo professor para que os alunos desencadeiem durante o tempo em qu e
seja realizado, porém, deve ser flexível, pois as situações de sua aplicação podem
variar e exigir adaptações para contemplar novas informações, ou novos interesses e
pontos que tangenciem o tema e ampliem sua discussão.
Esses projetos possuem uma funcionalidade e uma intenção pedagógica, que
é buscada a partir dos procedimentos planejados pelo docente e das técnicas e
estratégias de aprendizagem que ele colocará em prática neles.
Os projetos de trabalho desenvolvem a memória compreensiva, fazendo os
estudantes perceberem como as informações coletadas e tratadas servem de base
para estruturar novos conhecimentos, aprendizagens e suas possíveis relações.
65
Já a avaliação tem como principal objetivo analisar todo o processo percorrido
ao longo do projeto, notando como as aprendizagens ocorrem e propondo a tomada
de decisões quanto ao seu desenvolvimento ou possíveis adaptações para que os
alunos consolidem ao máximo suas aprendizagens.
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Se você realizar uma analogia da imagem da árvore com um currículo
disciplinar, poderá perceber suas falhas, pois a divisão em disciplinas (ramos da
árvore) e seu estudo sistemático de forma compartimentada prejudicam e impedem a
visualização do conhecimento como um todo, além das múltiplas e ricas relações de
reciprocidade, simultaneidade e complementaridade entre as disciplinas nos fatos
cotidianos.
A globalização tem como grande objetivo levar o aluno a aprender a interpretar
a realidade que vivencia, já sua concepção e práticas, em geral, associam-se a três
eixos principais, conforme você pode ver na Figura abaixo:
67
constituição da subjetividade dos alunos, bem como de quem eles se tornarão por
meio do desenvolvimento de valores e da ética (atitudes).
Este caráter que amplia a função da escola e a dimensão do currículo, fazendo-
o inovar a partir de uma visão globalizada, bem como ressignificar as práticas
docentes e o papel do professor, será reforçado nos quatro pilares da educação
propostos por Delors et al. (1998), no relatório feito para a Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), intitulado “Educação um
tesouro a descobrir”.
Veja na Figura a seguir os quatro pilares considerados, na época, como a base
para os processos educacionais no século XXI.
68
O mundo atual é, muitas vezes, um mundo de violência que se opõe à
esperança posta por alguns no progresso da humanidade” (DELORS et al., 1998, p.
96).
Ao olhar ao redor, você percebe na cidade, no interior da escola e nos
noticiários locais como essa questão, sobretudo no Brasil, é urgente na
contemporaneidade.
A violência de todas as ordens, como doméstica, de gênero, racista, sexista,
homofóbica, xenofóbica, bullying, entre outras, deve encontrar na instituição escolar
um espaço de reflexão, discussão e práticas que possam reconstruir esse cenário.
As escolas podem contribuir para que a sociedade reconheça o outro,
respeitando e tratando todos com equidade e justiça.
O aprender a ser remete ao desenvolvimento total da pessoa, o que envolve
“espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade
pessoal, espiritualidade” (DELORS et al., 1998, p. 99).
Assim, a partir da educação que receberam em sua juventude, em que a escola
tem papel primordial, os indivíduos podem estar preparados para exercer sua
autonomia de pensamento e estabelecer juízos de valor necessários para que
decidam sobre as questões que a vida impõe a todos.
Pensar em um currículo globalizado é entender a instituição de ensino se
empenhando nas suas práticas educativas para a promoção de aprendizagens que
capacitem os alunos para sua vida plena, o que envolve o conhecer, o fazer, o
conviver e o ser.
Para que isso seja possível, obrigatoriamente, deve-se repensar as práticas
escolares e o próprio percurso da didática. Sacristán (2000, p. 47), ao referir-se ao
discurso da didática sobre a prática escolar, relembra que:
O discurso em didática sobre a prática escolar se desenvolveu fragmentando o
processo global do ensino-aprendizagem.
Em primeiro lugar, desligando conteúdos de métodos, ensino de aprendizagem,
fenômenos de aula em relação aos contextos nos quais se produzem, decisões
técnico-pedagógicas de decisões políticas e determinantes exteriores à escola e à
aula, etc.
Em segundo lugar, por depender de determinadas metodologias de pesquisa
pouco propensas à compreensão da unidade que se manifesta na prática entre todos
estes aspectos.
69
Caso você f aça o caminho contrário ao percurso d iscursivo da didática citado
pelo autor, encontrará a globalização e a inovação curricular, que busca uma
aprendizagem signif icativa por intermédio de práticas pedagógicas
contextualizadas e que se aliem à realidade social e cotidiana dos estudantes,
logo, despertando seu interesse e participação. Assim, segundo Zabala
(1998, p. 144),
[...] os métodos globalizados nascem quando o aluno se transf orma no
protagonista do ensino; quer dizer, quando se produz um deslocamento do
f io condutor da educação das matérias ou disciplinas como articuladoras do
ensino para o aluno e, portanto, para suas capacidades, interesses e
motivações.
70
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