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Na visão de Arendt (1991), labor, trabalho e ação são as três atividades que
correspondem às condições básicas “mediante as quais a vida foi dada ao homem na
Terra” (Arendt, 1991, p.15). O labor se refere ao processo biológico do corpo humano e
sua condição é a vida. O trabalho é a atividade criada pelo homem e sua condição
humana é a mundanidade. A ação está relacionada à pluralidade e tem caráter político.
Vita activa, então, na interpretação de Arendt com inspiração aristotélica, equivale à
expressão grega askholia (ocupação, desassossego).
Cabe aqui uma ampliação da etimologia da palavra askholia. Wagner (2002) aponta
a crítica de Hannah Arendt e Karl Marx tratando a vita activa como valorização da vida, o
labor como o trabalho na sociedade moderna e a ação como fabricação na política
marxista. E, culmina definindo a sociedade utópica como um lugar de contradições. Do
texto de Wagner (2002) busca-se a ampliação do conceito trazido por Arendt em sua
apresentação da condição humana. Na interpretação de Wagner em relação ao
pensamento aristotélico, vita activa não incluía as atividades relacionadas à fabricação de
objetos com fins de sobrevivência. Entretanto, não havia nesta visão uma ênfase da vita
activa em contraposição à vita contemplativa. Na primeira, activa, havia uma conotação
negativa porque estaria associada a in-quietude ou a-skholia. Na interpretação de
Wagner (2002),
O primado da contemplação sobre a atividade baseia-se na convicção de que nenhum
trabalho de mãos humanas pode igualar em beleza e verdade o Kosmos físico, que revolve
em termo de si mesmo em imutável eternidade, sem qualquer interferência ou assistência
externa, seja humana ou divina, do ponto de vista da contemplação. Não importa o que
perturba a necessária quietude; o que importa é que ela seja perturbada” (Wagner, 2002,
p.56)
De acordo com Silva (2014) askholia é do mesmo étimo do grego skholé, que
originou schola em latim e escola em português e, é quase um sinônimo de nec otium,
que originou negócio, descanso ocupado. O a de askholia indica negação.
O descanso ocupado vislumbra que seja retomado o estudo de Arendt (1991) sobre
a condição humana, iluminando-se a sua discussão da localização das atividades
humanas no que tange às esferas pública e privada. A autora propõe uma distinção entre
labor e trabalho discutindo “o labor do nosso corpo e o trabalho de nossas mãos” (Arendt,
1991, p.90). Na sua interpretação há coincidência etimológica em todas as línguas
europeias, antigas e modernas, entre labor e trabalho, o que os torna,
contemporaneamente como sinônimos, sobretudo no senso comum.
Assim, a distinção de Locke entre as mãos que trabalham e o corpo que labora é, de certa
forma, reminiscente da antiga distinção grega entre o cheirotechnes, o artífice, ao qual
Alves, Maracy D. (2018) Vita Activa: o sofrimento do corpo c'alma. IN Novaes, Joana de Vilhena &
Vilhena, Junia. O corpo que nos possui: corporidade e suas conexões. Appris. P. 233-250.
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Recorre-se aqui à visão da História das mentalidades como área de estudos permeável com as
Representações Sociais, conforme mostra Vovelle (1987) “dentro dessa alquimia (...) podemos
ver, em uma extremidade, o insumo sociológico e, na outra, o produto conforme se expressa nas
atitudes e comportamentos.” (Vovelle, 1987, p. 113)
Alves, Maracy D. (2018) Vita Activa: o sofrimento do corpo c'alma. IN Novaes, Joana de Vilhena &
Vilhena, Junia. O corpo que nos possui: corporidade e suas conexões. Appris. P. 233-250.
crise institucional, privilegiam não o trabalho do homo faber ou sua quietude posterior,
mas o labor do animal laborans em constante quietude do alto de seus nec otium.
construto, ou seja, ela é elaborada a partir de informações reais, mas ela não existe
objetivamente. A estrutura da CBO pressupõe somente um nível de competência possível
por ocupação, família, subgrupo, subgrupo principal e grande grupo ocupacional, mas em
alguns poucos casos não foi possível manter esse critério.
Os grandes grupos formam o nível mais agregado da classificação. Comportam dez
conjuntos, agregados por nível de competência e similaridade nas atividades executadas.
Por falta de outro indicador homogêneo entre países, a CIUO 88 usou como nível de
competência a escolaridade. A filosofia da CIUO 88 é de uma classificação de ocupações
que coloca em segundo plano o critério de atividade econômica. O Quadro 2 sintetiza a
estrutura geral da CBO.
Assim sendo, foram criados dez grandes grupos - GGs para a CBO. O GG 1 agrupa
os empregos que compõem as profissões que estabelecem as regras e as normas de
funcionamento para o país, estado e município, organismos governamentais de interesse
público e de empresas, além de reunir os empregos da diplomacia. O GG 2 agrega os
empregos que compõem as profissões científicas e das artes de nível superior. O GG 3
agrega os empregos que compõem as profissões técnicas de nível médio. O GG 4
agrega os empregos dos serviços administrativos, exceto os técnicos e o pessoal de nível
superior. Tratam-se de empregos cujos titulares tratam informações (em papéis ou
digitalizadas, numéricas ou em textos). O GG 4 está subdividido em dois SGP - aqueles
que trabalham em rotinas e procedimentos administrativos internos e aqueles que
atendem ao público (trabalham com o público, tratam informações registradas em papéis
Alves, Maracy D. (2018) Vita Activa: o sofrimento do corpo c'alma. IN Novaes, Joana de Vilhena &
Vilhena, Junia. O corpo que nos possui: corporidade e suas conexões. Appris. P. 233-250.
Referências Bibliográficas