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A importância das

histórias de vida
“Toda dor pode ser suportada
se sobre ela puder ser contada uma história.”
- Hannah Arendt
A importância das histórias de vida
O respeito à história e o direito à verdade são nortes
importantes para a construção de uma relação com as
crianças e adolescentes!

Afinal, o ser humano é construído por histórias, elas


nos marcam e nos determinam.

Por mais desafiador que seja, compreender a sua


própria história é o ponto de partida para uma
transformação, para começar uma nova construção!
Compreender e conhecer o passado permite projetar
desejos e sonhos no futuro!
Mas não é melhor esquecer uma história
difícil? Por que conversar sobre isso?
 As crianças e adolescentes que estão nos serviços de
acolhimento vivem um momento delicado, onde estão
separadas das suas famílias, das suas casas, da escola, e
carregam histórias marcadas pelo sofrimento.

 Ter adultos para compartilhar suas angústias, medos e


dúvidas traz alívio e amparo, ajudando-os a passarem pelo
período de acolhimento como mais uma etapa da sua
história, e não como um trauma.

 Ou seja, não falar sobre momentos difíceis de uma trajetória


impede que possamos cuidar do sofrimento que causam,
tendo poucas possibilidades de transformar essa situação.
O papel do padrinho e da madrinha
Os padrinhos e madrinhas são referências importantes
para os seus afilhados! São atores e cúmplices de suas
histórias.

Com o tempo, afeto e constância a relação vai se


fortalecendo cada vez mais, criando confiança e um
vínculo muito significativo.

São adultos com quem eles podem contar e dividir suas


angústias. Se tornam guardiões da história daquela
criança ou adolescente.
Mas como podemos ajudá-los a
elaborarem suas histórias?
 O ponto de partida é se vincular às crianças e adolescentes! É a
partir do vínculo que a relação é construída, abrindo espaço para
conversas mais profundas sobre suas vidas.

 É fundamental que os adultos possam conversar de maneira


respeitosa e afetiva com as crianças e adolescentes, com uma
escuta atenta ao que trazem.

 Mas sempre respeitando o seu tempo e a sua disponibilidade: tocar


em um assunto delicado deve sempre partir da necessidade da
criança ou do adolescente, e não do adulto.

 Lembrem-se: o acolhimento precisa se configurar em uma vivência


de proteção e respeito!
Mas como podemos ajudá-los a elaborarem
suas histórias?
As crianças e adolescentes podem ter vivido muitos momentos
dolorosos, mas viveram também muitos momentos prazerosos, que
devem ser valorizados pelos adultos!

Respeitar e valorizar a história dos afilhados é olhar para cada um de


uma maneira singular;

É saber que a sua história é única e diferente da de todos os outros!;

É ter um interesse genuíno em todos os aspectos que constituem


aquela criança ou adolescente;

É valorizar suas recordações, saudades e hábitos;

É olhar para as suas potências!


Mas como podemos ajudá-los a elaborarem
suas histórias?
Os momentos difíceis podem trazer diversos sentimentos:
medo, culpa, raiva, insegurança, confusão, saudades... Por
isso, as crianças e adolescentes precisam da ajuda dos
adultos para entendê-los e elaborá-los.

Quando não conseguem colocar em palavras o que estão


sentindo, podem acabar se expressando de outras formas:
choro excessivo, xixi e coco fora de hora, isolamento,
dificuldade de aprendizagem, agressividade, etc.

Muitas vezes comportamentos desafiadores podem ser um


pedido ajuda para os adultos frente a uma situação que
não conseguem lidar sozinhos.
As diversas versões de uma mesma
história...
Uma história não possui apenas uma versão, tem a da
criança, do adolescente, da mãe, da tia, do irmão, da
equipe do serviço de acolhimento, do juiz...

É preciso respeitar cada versão, pois cada pessoa


pode viver um determinado momento de diversas
formas!

O padrinho deve permitir que o seu afilhado possa


contar a sua versão! O ajudando a entender as partes
que tem dificuldade.
O papel dos educadores e da equipe técnica
do serviço de acolhimento
A equipe técnica que tem acesso às informações das vidas
dos afilhados, são parceiros fundamentais quando estamos
pensando nas histórias de vida.

Assim como os educadores: com eles as crianças e


adolescentes se vinculam e se expressam, podendo ajudar o
padrinho ou madrinha a entender uma situação ou um
comportamento, buscando novas formas de lidar.

Conjunto de ações conscientes e consistentes dos adultos


que fazem parte da vida das crianças e adolescentes facilitam
o fortalecimento da identidade de cada um, ajudando-os a
seguirem suas trajetórias como verdadeiros protagonistas!
Parâmetros legais
O respeito a história, o direito a verdade e o
protagonismo da criança ou adolescente fazem
parte da nossa legislação!

ECA - Art. 100:


XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o
adolescente, respeitado seu estágio de
desenvolvimento e capacidade de compreensão,
seus pais ou responsável devem ser informados dos
seus direitos, dos motivos que determinaram a
intervenção e da forma como esta se processa;
Parâmetros legais
ECA - Art. 100:
XII - oitiva obrigatória e participação: a criança
e o adolescente, em separado ou na
companhia dos pais, de responsável ou de
pessoa por si indicada, bem como os seus pais
ou responsável, têm direito a ser ouvidos e a
participar nos atos e na definição da medida
de promoção dos direitos e de proteção,
sendo sua opinião devidamente considerada
pela autoridade judiciária competente.
Parâmetros legais
“O impacto do abandono ou do afastamento do convívio
familiar pode ser minimizado se as condições de
atendimento no serviço de acolhimento propiciarem
experiências reparadoras à criança e ao adolescente e a
retomada do convívio familiar.” (OT¹, p. 19)

“(...) o atendimento deverá ser oferecido para um


pequeno grupo e garantir espaços privados, objetos
pessoais e registros, inclusive fotográficos, sobre a
história de vida e desenvolvimento de cada criança e
adolescente.” (OT¹, p. 27)
¹Orientações Técnicas: Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes.
Junho de 2009.

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