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O filósofo pensou duas esferas ou tipos de razão: A razão teórica e a razão prática. A
primeira está voltada para o conhecimento, enquanto a segunda está voltada para a ação.
Cada uma dessas esferas da razão corresponde a aplicações distintas de nossa faculdade
racional. Enquanto a razão teórica está relacionada às determinações da vontade a razão prática
é aquela que legisla (elabora) sobre a vontade, impondo normas que conduz a ação moral. A
vontade, de acordo com Kant é racional, é resultado do exercício da razão.
Notas: Autônomo – do grego auto - próprio, em si mesmo; nomos – regra, lei. Refere-
se ao direito de reger segundo leis próprias, a capacidade de governara a si mesmo. Para Kant,
liberdade é autonomia.
A moral Kantiana se opõe a moral cristã, porque na moral cristã, o dever é entendido
como um heteronomia (domínio direto e indireto do outro) de um nomo/lei vindo de fora pra
dentro à partir da bíblia.
A ética Kantiana fundamenta-se na razão humana e sua capacidade de criar regras para
própria conduta. Kant buscou substituir a autoridade/domínio imposto pela igreja pela
autoridade da razão.
Mas, segundo Kant, essa universalidade de uma regra moral, nessa esfera vulgar, não
estava garantida. Essa regra é uma aposta. Você não insulta o outro e espera não ser insultado,
mas nada está garantido que o outro seguirá essa regra. Você pode não insultar e acabar sendo
insultado por outra pessoa. Como você agiria? Revidaria? Ou manteria seu princípio? Aí está
a questão de Kant.
É necessário, diz Kant, que a lei moral seja, de fato uma regra universal. É fundamental
que nossas justificativas de ação sejam válidas para todos e aceito por todos. Isso sé é possível
com a razão prática. Por esse motivo kant diz que tal lei precisa ser apresentada na forma de
um Imperativo Categórico, uma fórmula que ordena de modo incondicional. No livro
Fundamentação da Metafísica dos Costumes, o filósofo elabora 3 formulações desse
imperativo:
● Aja unicamente de tal forma que sua ação possa se converter em lei universal.
● Aja de modo que sua regra de conduta possa ser convertida em lei universal da natureza.
● Aja de acordo com princípios que considerem a humanidade sempre com um fim e
nunca como um meio.
Em todas essas fórmulas acima, encontra um princípio de ação (e não uma finalidade) que
é universal, válida para todos, em qualquer época. Com esses Imperativos Categóricos, Kant
faz seu projeto de uma moral racional universal: agimos como devemos agir, baseando em
regras universais que nos são dadas pelo exercício do pensamento racional. Não se trata de
agir com os costumes, tradições ou crenças de uma cultura. Trata de agir com um princípio
que me é dado por minha própria razão, determinando minha vontade como um ato de
liberdade. Ex: encontra-se na moral cristã “não roubarás”. O cristão deve viver de acordo
com essa regra. Ao fazer isso, o cristão está agindo de maneira heterônoma, pois obedece a
uma regra que não foi criada por ele, mas que seguiu o costume e tradição da comunidade
dele, que ensinou o jovem a respeitar e seguir essa regra. Caso o jovem não obedeça, o
mesmo poderá ser punido. Em determinada situação, o jovem sente vontade de roubar um
objeto (caneta) que não pertence a ele, mas evita roubar, porque obedece a tradição e o
costume. Se o jovem deixa de fazer o que ele quer apenas porque é obrigado a isso, ele está
abrindo mão da liberdade dele em nome de uma regra geral externa moral a ele. Se ele tiver
vontade de roubar, na verdade ele não concorda com essa regra.
Ao estudarmos a ética kantiana, vamos agora pôr em prática o que aprendemos a partir de
algumas questões:
3°) Segundo o autor o que pode produzir nos seres humanos um interesse pela lei moral?
4°) Por que, segundo Kant, o imperativo categórico é importante para a construção de uma
comunidade humana?
5°) Na filosofia de Kant, agir eticamente significa a "saída da menoridade". O que ele quer dizer
com essa ideia?
6°) Acidentes de trânsito são a terceira causa de morte entre jovens no Brasil. Pesquise na
internet informações o por que das causas de mortes em trânsito no Brasil e elaborem uma
dissertação sobre os princípios que regem o comportamento no trânsito. E a partir do que
estudamos em sala de aula como os princípios da ética kantiana, o dever ético em Kant poderia
ajudar neste quesito a evitar essa tragédia em trânsito no nosso país.
ENEM MEC/2017)
Uma pessoa vê-se forçada pela necessidade a pedir dinheiro emprestado. Sabe muito bem que
não poderá pagar, mas vê também que não lhe emprestarão nada se não prometer firmemente
pagar em prazo determinado. Sente a tentação de fazer a promessa; mas tem ainda consciência
bastante para perguntar a si mesma: não é proibido e contrário ao dever livrar-se de apuros desta
maneira? Admitindo que e decida a fazê-lo, a sua máxima de ação seria: quando julgo estar em
apuros de dinheiro, vou pedi-lo emprestado e prometo pagá-lo, embora saiba que tal nunca
sucederá.
KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo: Abril Cultural, 1980.
A) assegura que a ação seja aceita por todos a partir da livre discussão participativa.
B) garante que os efeitos das ações não destruam a possibilidade da vida futura na terra.
C) opõe-se ao princípio de que toda ação do homem possa valer como norma universal.
E) permite que a ação individual produza a mais ampla felicidade para as pessoas envolvidas.
(ENEM MEC/2019)
TEXTO I
Duas coisas enchem o ânimo de admiração e veneração sempre crescentes: o céu estrelado
sobre mim e a lei moral em mim.
TEXTO II
Duas coisas admiro: a dura lei cobrindo-me e o estrelado céu dentro de mim.
FONTELA, O. Kant (relido). In: Poesia completa. São Paulo: Hedra, 2015.
A releitura realizada pela poeta inverte as seguintes ideias centrais do pensamento kantiano:
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