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Fonte: Blog dúvida metódica

Deveres e autonomia
Descobrimos os nossos deveres graças ao imperativo categórico. Este é um critério de certo e errado. Uma
espécie de teste mental que permite determinar que ações estão certas e que ações estão erradas, que ações
devemos fazer e que ações não devemos fazer. As ações que devemos fazer constituem obrigações absolutas
e incondicionais – devemos agir desse modo independentemente das consequências. Trata-se de deveres
absolutos.
Kant distingue o imperativo categórico do imperativo hipotético. Este é uma regra que nos diz que meios
devemos usar se queremos atingir certos resultados. Por exemplo: se não queres perder a confiança dos
amigos não digas mentiras. O imperativo hipotético não tem carácter moral: quem lhe obedece não age por
dever, mas sim contra o dever ou em conformidade ao dever.
Segundo Kant, qualquer pessoa, na medida em que é racional, conhece o imperativo categórico e pode
descobrir quais são os seus deveres. Kant não quer naturalmente dizer que todas as pessoas conhecem as
palavras usadas por si, mas sim que são capazes de pensar em ideias equivalentes. Uma dessas ideias é a
conhecida regra de ouro: “não faças aos outros o que não queres que te façam a ti”, que convida a nos
colocarmos no lugar dos outros. A razão é universal e tanto permite compreender a matemática como o
imperativo categórico.
Quando temos boa vontade (obedecemos ao imperativo categórico e agimos por dever) revelamos – segundo
Kant - uma vontade autónoma. Autonomia significa literalmente “dar lei a si próprio”. A vontade é
autónoma se obedece à razão, ou seja, se queremos aquilo que a razão ordena.
Se o nosso querer for influenciado por interesses pessoais, sentimentos, costumes sociais ou crenças
religiosas, revelamos uma vontade heterónoma. Heteronomia significa literalmente “receber a lei de
outro”. Mesmo que sejam os nossos interesses e sentimentos, Kant diz que há heteronomia, pois trata-se de
elementos exteriores à razão. Somos autónomos apenas quando somos racionais, apenas quando é a razão a
determinar as nossas ações.

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