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Kant
Kant e a boa vontade, ação por dever, contrária ao dever e em conformidade com
o dever
Boa vontade: bem último, do qual todos os demais dependem. Bem incondicional e intrínseco. O mais
elevado bem, pois só ela é absolutamente boa, sem reservas. Determinação de agir por dever, isto é, de
acordo com a lei moral.
Agir por dever: ação correta e com valor moral, já que é única e exclusivamente motivada pelo respeito à
lei (fim em si mesma).
Agir em conformidade com o dever: ação correta, mas sem qualquer valor moral, dado que é motivada por
um interesse particular ou inclinação (meio para atingir um fim).
Imperativo categórico e hipotético
Imperativos: fórmulas ou leis que expressam a noção de dever ser. Kant distingue dois tipos de
imperativos: categórico e hipotético.
Imperativo categórico: Afirmação normativa que constitui a lei suprema da moralidade. Exprime o que
deve ser feito incondicionalmente. A obediência a este princípio impõe-se por si mesma a partir da razão
(autonomia).
Imperativo hipotético: afirmação normativa que descreve uma ação necessária para alcançar um fim. Tem
geralmente a fórmula Se queres X, deves fazer Y. A obediência a este princípio impõe-se a partir do exterior
(heteronomia).
1ª formulação: fórmula da lei universal
2ª formulação: fórmula da lei universal da natureza
3ª formulação: fórmula do fim em si
Autonomia e heteronomia moral
Autonomia: conceito central da ética kantiana. Revela-se quando uma pessoa decide, racional e livremente,
por respeito ao imperativo categórico, agir moralmente. Consiste em não se deixar determinar por algo
exterior a si. Autodeterminação. Opõe-se a heteronomia.
Heteronomia: quando a vontade se deixa determinar por algo exterior a si (bem-estar, aceitação social ou
aprovação divina, por exemplo) e se deixa escravizar por apetites ou aspirações. Opõe-se à autonomia.
Mill
Princípio da utilidade ou maior felicidade
Princípio da utilidade ou maior felicidade: é o fundamento ou critério de moralidade do
utilitarismo, permitindo ajuizar sobre o valor moral das ações: uma ação será correta se, e só se,
promover imparcialmente a maior felicidade agregada (prazer e ausência de dor).
O utilitarismo assenta na imparcialidade:
A felicidade de cada uma das pessoas envolvidas, incluindo a felicidade do próprio agente, conta
exatamente o mesmo, nem mais, nem menos.
A predileção ou preferência por uma pessoa em detrimento de outra seria, para Mill, inconsistente
com a moralidade
Agir moralmente implica decidir cada ato de um ponto de vista neutro e considerar os interesses e
desejos de todos os que são afetados por ele
Consequencialismo, hedonismo, prazeres superiores e inferiores
O utilitarismo é uma ética consequencialista:
avalia a correção ou incorreção das ações apenas e só a partir dos seus resultados ou consequências
previsíveis
a ação segue o curso mais promissor em termos de resultados ou consequências
Todos os deveres são relativos
O caráter ou intenções do agente são irrelevantes para determinar o valor moral das ações
Importam os efeitos do que fazemos, e não as intenções ou motivos de quem pratica a ação
Hedonismo quantitativo de Bentham- os prazeres variam em grau (quantidade): os prazeres mais intensos
e duradouros são os mais desejáveis
Hedonismo qualitativo de Mill- os prazeres variam em classe (qualidade): os prazeres superiores são mais
valiosos do que os inferiores
Ideias a reter:
Agir corretamente é fazer aquilo que maximiza imparcialmente o bem-estar ou a felicidade do maior
nº possível de afetados
O utilitarismo é uma ética consequencialista
Utilidade= bem-estar/ felicidade/ prazer/ ausência de dor
O valor ou desvalor das consequências das ações depende apenas do prazer ou da dor gerados
Únicos juízes competentes- pessoas que foram educadas a reconhecer o valor e a fruir um vasto
leque de prazeres estão qualificadas para afirmar e decidir qual de dois prazeres é o mais desejável
Rawls
Teoria contratualista de Rawls
Para Rawls, o bem estar coletivo tem prioridade sobre os interesses individuais. Assim ele aposta em
descobrir princípios que governem a vida social e política. Para a sociedade funcionar é necessário que
se admitam alguns princípios de justiça que promovam a imparcialidade. Sendo universal, a justiça terá
de possuir um caráter contratual e social e na esteira de Kant, Rawls amite os seguintes pressupostos:
A igualdade racional de todos os Homens
O Homem é um fim em si mesmo e não um meio
A dignidade humana é um caráter essencial intrínseco a qualquer ser humano
A conceção de justiça como imparcialidade ou equidade foi apresentada em 1971 no seu livro “A teoria da
justiça”. A tese de Rawls sintetiza-se numa conceção geral de equidade que se apresenta do seguinte modo:
“Todos os bens sociais primários têm de ser distribuídos de um modo igual, a menos que uma
distribuição desigual de um ou de todos estes bens resulte em benefício dos mais desfavorecidos”.
Concretamente esta conceção desenvolve-se em torno de dois princípios: o da igualdade e o da diferença.
Tem influência kantiana
Base da teoria contratualista: organização da sociedade e as relações entre indivíduos dependem, em
termos de justificação, de um contrato ou acordo hipotético, a partir do qual são estabelecidos os
princípios ou estrutura básica da sociedade
Contratualismo: Abordagem dos problemas éticos ou políticos que considera que os direitos e obrigações
que regem as condutas individuais e as instituições sociais têm de derivar a sua legitimidade de acordos
previamente estabelecidos pelas partes, sob certas condições (idealizadas ou hipotéticas).
Três elementos presentes em todas as teorias contratualistas:
A situação inicial ou pré-contratual
O contrato ou acordo hipotético entre as partes
Os resultados do acordo ou contrato hipotético
Ideias a reter:
A imparcialidade é uma característica fundamental da posição alcançada com recurso ao véu de
ignorância
Véu da ignorância: barreira contra os interesses individuais
Rawls defende que sob o véu de ignorância escolheríamos a situação em que a pessoa menos
favorecida ficaria melhor em termos de distribuição de bens primários
Nozick
Libertarismo; o “Estado mínimo” e as suas funções
O libertarismo também é uma teoria contratualista- considera que a relação entre os indivíduos e a
organização social depende de um acordo a partir do qual se estabelecem os princípios reguladores
da sociedade
O libertarismo é uma perspetiva liberal radical que propõe limites estreitos para a intervenção do
Estado
A liberdade e a propriedade privada são reservas fundamentais ou básicas mais ou menos absolutas
anteriores a qualquer contrato ou instituição social
Os direitos individuais são soberanos- não podem ser limitados em nome da maximização de
qualquer benefício social
A ingerência do Estado na organização social é reduzida ao mínimo essencial (tem funções muito
limitadas) - Estado mínimo
Estado mínimo: Estado cujas funções se limitam a garantir a segurança e a impedir o uso
indiscriminado de força sobre as pessoas e a sua propriedade
Defensores do Estado mínimo posicionam-se contra leis que se destinem a proteger as pessoas de si
mesmas (leis de segurança no trabalho ou relativas à obrigatoriedade do uso de capacetes por
motociclistas) e rejeitam qualquer forma de redistribuição da riqueza ou rendimento ordenada pelo
Estado
A tributação em benefício do bem comum ou das pessoas mais vulneráveis é considerada abusiva e
violadora de direitos fundamentais
Qualquer cobrança de taxas ou impostos que ultrapasse atribuições mínimas é imoral e injustificada
Nozick considera os princípios da justiça rawlsianos inconsistentes entre si; o princípio da liberdade
igual anula qualquer possibilidade de existência do princípio da igualdade equitativa de
oportunidades e o princípio da diferença
A rejeição das teorias padronizadas
As teorias padronizadas das quais Rawls é um exemplo afirmam que a distribuição de riqueza deve ser feita
de acordo com um padrão. Nozick mostra que existem dois problemas nas teorias padronizadas
nomeadamente corta a iniciativa individual, ou seja, as escolhas das pessoas, intrometendo-se o Estado na
liberdade de cada um. A redistribuição da riqueza proposta por Rawls é equiparada por Nozick a trabalho
forçado ou escravatura na medida que se trata de apropriação indevida do rendimento dos cidadãos por parte
do Estado. Nozick rejeita assim o princípio da diferença proposto por Rawls já que se trata de uma forma
padronizada de distribuição da riqueza e dos rendimentos que restringe ou limita o direito de propriedade.
Para Nozick desde que cada cidadão adquira bens de forma legítima, não faz sentido o Estado interferir e
reduzir o património de cada um através de tributações ilegítimas e exageradas.
A teoria libertarista de Nozick é uma teoria não padronizada
Contribuir para melhorar as condições de existência de outras pessoas, para Nozick, deve ser
deixado à iniciativa privada e à decisão de cada pessoa
Um indivíduo não pode ser forçado a contribuir para o bem comum se não o quiser fazer
Síntese:
Nozick defende uma perspetiva liberal radical, o libertarismo, que tem como ponto de partida uma
conceção de Estado com funções muito limitadas- o Estado mínimo
Nozick rejeita qualquer forma de redistribuição do rendimento e da riqueza ordenada pelo Estado,
opondo-se, por isso, ao princípio da diferença de Rawls
Ao modelo da redistribuição padronizado proposto por Rawls, Nozick contrapõe um modelo não
padronizado- a teoria da titularidade ou do justo título
Ideias a reter:
Nozick e Rawls são ambos autores liberais, concordam que a boa sociedade prioriza o indivíduo,
concordam que os princípios da justiça surgem de um acordo ou contrato hipotético e acham que
estes são neutros e imparciais
Nozick e Rawls divergem sobre o papel do Estado e sobre os princípios de justiça que devem
governar as relações entre os indivíduos
Para Nozick o papel do Estado reduz-se a funções mínimas como manter a paz, proteger a
propriedade privada e fazer cumprir contratos
Nozick contesta especialmente a redistribuição da riqueza proposta por Rawls comparando as
tributações a trabalho forçado ou escravatura
Sandel
O comunitarismo
O bem comum e a vida boa
O bom anterior ao justo
Comunitarismo:
A sociedade deve ser regulada por princípios de justiça (estado de direito)
A partir de 1980 surge o comunitarismo: realça a importância da inserção do indivíduo na sociedade
e as suas tradições
A sociedade justa para o comunitarismo é a que procura uma vida boa, com preocupações com o
bem comum
Michael Sandel:
Critica a posição original/ véu da ignorância de Rawls
O acordo é justo quando é bom
Não é possível construir princípios de justiça sem antes definir o que é uma sociedade boa (o que
implica tradição moral e valores)
A comunidade é anterior ao indivíduo e ao contrato social- o que torna importante definir os seus
princípios de justiça
Os princípios de justiça devem emanar a vida em comum
Propõe o “eu” situado na comunidade e concreto
Ideias a reter:
Sandel contesta as teorias liberais defendendo o comunitarismo (sociedade preocupada com o bem
comum)
Sandel critica o véu de ignorância e ao invés do “eu” abstrato e desincorporado propõe o “eu”
situado e concreto na sociedade
A noção de bom antecede a noção de justo
Qualquer conceção de justiça razoável tem como ponto de partida a comunidade real e diversa com
os seus valores, tradições morais e conceção de vida boa