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A ética internacionalista deontológica Kantiana

A ética Kantiana, é uma ética deontológica, quer isto dizer que só é correto atribuir um valor
ético às ações em função da intenção do seu agente, porque só ela e não a consequência das
nossas ações pode ser controlada pela nossa vontade.

O valor moral de uma ação, isto é, se é boa ou má reside na intenção que lhe preside, a ação
boa depende da intenção boa, ora nem todos as intenções decorrem de intenções boas, o
único motivo que pode dar origem à ação moralmente valida é o sentimento puro de respeito
pelo dever.

Só mediante uma intenção pura é a ação se torna legitima como podemos dizer se uma ação é
válida? Se derivar da vontade boa que segue a razão, a vontade por sua vez é a faculdade do
espírito humano capaz de contrariar os nossos desejos e inclinações sensíveis, quando se fala
ainda de uma vontade santa que seria aquela vontade capaz de se determinar
espontaneamente sem ter de lutar contra as inclinações sensíveis.

Como descobrir, portanto, a validade moral de uma ação, pelo motivo que está na sua origem,
podemos, portanto, agir de três maneiras:

- Agir contra o dever, ações imorais que não cumprem as regras ou normas morais e que
surgem sempre por inclinação sensível, sendo consideradas imorais e ilegais, por exemplo:
roubar, matar e maltratar entre outros.

- Agir conforme o dever, ações que cumprem com as regras ou normas morais, mas que
ocorrem por interesse ou vantagem pessoal ou por qualquer outro sentimento, sendo legais
mas segundo Kant imorais, por exemplo: devolver uma carteira encontrada no chão por ter
medo de ser apanhado se ficar com ela.

- Agir por dever, a ações que cumprem as regras ou normas morais e ocorrem por total
respeito pela lei moral, decorrem de uma exigência puramente racional, sendo por isso as
únicas ações moralmente corretas, por exemplo: devolver a carteira porque é a coisa certa a
fazer.

Se só a razão pode ser a origem da intenção pura é nela que devemos procurar esse
fundamento, a fórmula que nos indique o que devemos fazer se quisermos agir corretamente.

A essa forma formula, Kant chama de Imperativo categórico que se contrapõem aos
Imperativos hipotéticos.

Imperativo categórico, indica universalmente a forma que devemos agir sem impor condições,
não indica quais os meios a utilizar, o modo da ação, não diz respeito às consequências ou fins
da ação ao que o diálogo pode resultar, mas à forma ou princípio de que ela própria deriva, lei
moral. Não nos diz o que fazer em situações concretas, indica-nos apenas ainda que de modo
absoluto incondicionado a forma a que deve obedecer às nossas ações

Imperativo hipotético, pelo contrário ordena que se cumpra determinada ação em concreto
para atingir determinado fim desejado, por exemplo: Queres ser reconhecido cumpre o bem
ou se queres tirar boas notas estuda.

A primeira formulação diz: Age de tal forma que desejes que a máxima da tua ação se devesse
tornar, pela tua vontade, em lei universal da natureza. A máxima da ação é um princípio do tipo
age “Age de modo X” em que X é o tipo de ação sobre o qual estamos a refletir se devemos

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praticar, devemos perguntar se concordaríamos com uma situação em que todos consideram
bom agir desse modo. Ex: mituto 3:55

Por isso é que Kant é contraditório pensar em universalizar esse tipo de conduta, a pergunta
que devemos fazer é se todos concordaríamos com uma situação em que todos
consideraríamos bom agir de determinada forma, ou seja ninguém tem o direito de abrir
exceções.

A segunda formulação diz, Age de tal forma que trates a humanidade, tanto como na tua
pessoa como na de qualquer outra sempre e simultaneamente como um fim e nunca como
simplesmente como um mero meio

Trata sempre as pessoas como um fim em si e nunca como meros meios, tratar alguém como
um mero meio é usa-la como um objeto que nos permite alcançar o que verdadeiramente
queremos. Tratar alguém como um fim em si é trata-lo reconhecendo que ele é uma pessoa
com dignidade individual e não com a finalidade de chegar a algo, um verdadeiro fim.

Objeções à ética Kantiana

- Não resolve conflitos entre deveres, não nos permite decidir no caso do dever na figura do
imperativo categórico e da regra de generalização nos parecer obrigatório, obrigar tanto a uma
ação como a outra em que é incompatível com ela, pois os deveres são sempre categóricos.

- Desculpa a negligência bem-intencionada, outra objeção critica o facto de a ética Kantiana


ignorar as consequências das ações, isto torna-se problemático que quando consideramos
ações cujo o agente apesar de ter uma intenção boa a do cumprimento do dever é, no entanto
tão descuidada que origina consequências desastrosas devido à sua incompetência e
ignorância.

- Ignora o papel das emoções na moralidade, está objeção à teoria da nota que ela considera
moralmente irrelevantes os aspetos emocionais das nossas ações, como a piedade ou a
generosidade. Mesmo quando somos motivados por essas emoções a praticar o bem, isso não
é correto, pois devemos praticá-lo apenas por dever e não porque uma situação ou pessoa nos
desperta tais emoções.

Ética utilitarista de Stuart Mil


Uma das principais características do utilitarismo é o facto de ser uma ética consequencialista,
o que significa que a moralidade das ações depende das vantagens (ação boa) ou desvantagens
(ação má), que os seus efeitos comportam.

Critério de avaliação moral das ações: é, portanto, a sua utilidade, para isso, o utilitarismo
estabeleceu o princípio da maior felicidade, que defini como fundamento da moralidade que as
ações são boas na medida em que para promover ou maximizar a felicidade, e más na medida
em que tendem a gerar sofrimento. Portanto o objetivo é sempre o de maximizar a felicidade
gerando o prazer mais intenso possível para o maior número de pessoas possível e menor
sofrimento para o menor número de pessoas possíveis, faz assim, parte do utilitarismo um
cálculo que de mais e menos relativamente às consequências de tomar um determinado curso
e ação.

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Stuart Mil estabelece distinção entre prazeres superiores (ligados ao espírito, potenciadores de
bons sentimentos morais) e prazeres inferiores (ligados ao corpo através, provenientes de
sensações), os superiores são preferíveis aos inferiores, por pressionarem a verdadeira
realização do ser humano. Esta teoria também classificada, como, hedonista, por defender um
princípio hedonista, o que é o hedonismo, define moral que considera que o prazer é a
essência da felicidade.

Como o prazer é uma condição necessária para alcançar a felicidade e sendo a finalidade
última de todas as nossas ações a felicidade, as ações são consideradas boas se
proporcionarem um estado de prazer e de ausência de dor ou sofrimento.

Parece ser uma teoria bastante intuitiva e positiva para a maioria de nós, afinal quem não quer
procurar prazer e felicidade na sua vida, mas como seria de esperar não funciona sempre a
nosso favor, pois a nossa felicidade é colocada ao nível de todas as outras pessoas, não sendo
feita qualquer tipo de distinção. Ex: minuto 2:34.

Objeções à teoria Utilitarista

- O utilitarismo pode conduzir-nos a consequências moralmente inaceitáveis

O utilitarismo é demasiado permissivo, capaz de justificar atos intoleráveis e de permitir graves


injustiças em nome da maior felicidade agregada, um embaraço frequentemente citado é a
objeção do bode expiatório.

A esta critica, Mill responde que exemplos como o da objeção do bode expiatório são
ultrapassáveis, se as pessoas puderem ser ensinadas a fazer escolhas em prol do bem comum.

A educação que tem um papel central na ética de Mill, deve ter por base um processo de
socialização, que cabe ao Estado promover, contribuindo para o desenvolvimento de várias
capacidades individuais, no sentido da formação moral, da excelência e virtudes humanas, da
cooperação.

- Dar sempre prioridade à maior felicidade agregada é demasiado exigente

A ética utilitarista exige que maximizemos a felicidade, atribuindo tanta importância à nossa
felicidade como à de todos os que são afetados pelos nossos atos, inclui pessoas afetivamente
próximas, mas como também com pessoas que não temos qualquer relação afetiva.

Ser rigorosamente imparcial, ou seja, considerar, para cada um dos nossos atos, a felicidade de
todas as pessoas ou, indo mais longe ainda, a de todos os seres sencientes envolvidos é, dizem
os críticos, uma tarefa psicologicamente insustentável e, por isso, demasiado exigente.

Mil replica que, a não ser que sejamos benfeitores públicos ou que a nossa ação tenha
excecionalmente impactos mais amplos, não é necessário, a cada decisão, considerar os
interesses e a felicidade de todas as pessoas ou a de todos os seres sencientes, como aponta a
objeção, mas apenas os do grupo restrito dos envolvidos, ou seja, os de algumas pessoas.

Acontece que esta resposta é, a vários níveis, problemática, principalmente se considerarmos


os impactos, cada vez mais evidentes, das nossas ações a uma escala global, além de que
introduz contradições no sistema.

- O hedonismo qualitativo é inconsistente com o pressuposto de imparcialidade

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Considera-se o hedonismo qualitativo problemático e em contradição com o pressuposto da
imparcialidade, com base na famosa afirmação de Stuart Mill: «É melhor ser um ser humano
insatisfeito do que um porco satisfeito, é melhor ser Sócrates insatisfeito do que um tolo
satisfeito»

Ao atribuir valor superior próprio aos prazeres da mente humana, Mill enfrenta a acusação de
um ponto de vista que atribui ao ser humano diferentes valores e direitos, por considerá-la
superior. Mas, se considerar que faz sentido escolher entre a existência enquanto porco e ser
humano, então a ideia de que alguns tipos de vida são mais valiosos do que outros também
terá de fazer sentido e, assim sendo, está a comprometer a imparcialidade.

Não se limita a preferir a existência humana a não humana, compara seres humanos com base
nas suas capacidades intelectuais e discrimina alguns - os tolos e com este argumento, a tese
de que a vida de todos os seres tem o mesmo valor deixa de ter fundamento.

Teoria da justiça de John Rawls

A sua ideia central é de que a justiça consiste na igualdade e equidade.

De equidade segue-se a ideia de que todos os seres humanos devem ter, à partida os mesmo
direitos e liberdades, porque se forem considerados apenas enquanto seres humanos são
moralmente iguais, têm o mesmo valor moral ou o valor de um indivíduo.

Assim, tem valor ou é justa a sociedade que reconhece em todos os cidadãos a igualdade e
liberdade e direitos, isto é a equidade tratamento igual.

Rawls opõem-se em certa medida ao utilitarismo, dado que este só se importa


fundamentalmente com o resultado global das nossas ações em termos de bem-estar ou
prazer. Uma sociedade justa será aquela que melhor garante a equidade, sendo que esta é que
tem valor intrínseco e não o saldo de felicidade geral como para o utilitarismo.

Para Rawls, portanto, uma sociedade só será justa na medida em que confirma a inviabilidade
dos diretos do indivíduo enquanto pessoa; proporciona, através da cooperação de todos os, o
máximo de vantagem mútuas possível; uma sociedade justa não permite que os sacríficos
impostos a uns poucos sejam compensados pelo aumento de vantagens usufruídas por um
maior número.

Rawls propõem-se a apresentar um conjunto de argumentos a partir da ideia de um contrato


ou escolha consensual comprometida entre todos os indivíduos que pretendam formar uma
sociedade justa, recuperando uma tradição que remota a outros filósofos e a solução é então
pensar numa situação imaginária anterior à formação da sociedade a partir da qual se
estabelece, o acordo hipotético e define os princípios da justiça.

Essa seria a posição original, nessa posição nós enquanto agentes racionais, estaríamos sob um
espesso véu da Ignorância, isso implicaria que sofrêssemos uma espécie de amnesia seletiva,
que provocaria um desconhecimento entre todas as características que nos definem, não
sabíamos qual seria a nossa raça, sexo, nacionalidade e nem quais seriam nos nossos ideias
filosóficos, políticos e religiosos.

Sob o véu da ignorância, Agiríamos apenas da função do que é racional escolher, ou seja,
saberíamos quais os ingredientes necessários em geral para qualquer vida mereça apenas ser

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vivida; trata-se de garantir a máxima imparcialidade, pois qualquer um de nós seria
racionalmente levado a empenhar-se na escolha de princípios que favorecessem aqueles que
pudessem vir a ocupar uma pior situação social e poderiam, assim criar-se as condições para
pensar em princípios reguladores da sociedade com total imparcialidade.

Assim, as partes envolvidas no contrato original para não correrem riscos, procurariam
maximizar o mínimo de bens socias primários liberdades, as oportunidades e riqueza a cada
membro da sociedade, esta regra chama-se Princípio da maximização do mínimo ou Princípio
maxmin.

De acordo com este princípio e sob o véu da ignorância, tentando garantir máxima proteção
para os mais desafortunados, pois não saberíamos se seriamos nós os mais desafortunados.

De acordo com Rawls aprovar-se-iam os seguintes princípios:

Princípio da igual liberdade: Cada pessoa deve ter igual direito ao mais extenso sistema de
liberdades básicas e direitos fundamentais que seja compatível com um sistema de liberdades
idênticos para as outras.

Princípio da oportunidade justa ou da igualdade de oportunidade: Verdadeira igualdade de


oportunidades no acesso a cargos e posições socias de modo que todos possam contribuir em
pé de igualdade para o bem a coletividade.

Princípio da diferença: Só serão admissíveis desigualdades quando estas corresponderem a


uma melhoria da situação dos menos afortunados, por exemplo: os mais ricos pagam mais
impostos, a única razão para aceitar que alguns tenham mais é que, isso passo funcionar como
compensação para os mais pobres, por aquilo que sem culpa sua não possuem.

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