Você está na página 1de 2

O  

livro “Janelas Para a Filosofia”, no capítulo relativo à ética de Aristóteles mostra-nos que na
antiguidade grega e romana surgiu uma ideia defendida por vários filósofos da época (entre eles
Aristóteles), que consistia na ideia de que ter uma vida ética não é seguir determinadas regras ou
mandamentos, que vão contra os nossos interesses, mas sim ir de encontro a esses nossos interesses
e desejos mais profundos, e o papel da teorização ética é ajudar-nos a fazer isso, dando orientações
que ajudam o sujeito a ter uma vida melhor.
Daniel Defoe, através do personagem fictício Robinson Crusoe mostra-nos que só precisamos da
ética consequencialista (define o que é bom e o que se deve fazer para atingir um objetivo) e da ética
deontológica (defende que uma ação é boa na medida em que respeita o dever definido pelas leis ou
princípios estabelecidos, ou seja, o aspeto central são os princípios que permitem diferenciar o certo
do errado), quando não nos relacionamos/socializamos com outras pessoas, podendo até dificultar o
objetivo de conseguir uma vida melhor.
Para Aristóteles, um dos grandes defensores desta ética das virtudes a felicidade é o fim último de
tudo o que fazemos, ou seja, consiste numa busca de uma vida feliz (eudemonia). A finalidade da
ética era descobrir o bem absoluto, contemplar a verdade e aderir à mesma, existindo coincidência
entre o desejo e o conhecimento, tendo em mente certos valores morais como a coragem, a lealdade
e generosidade seguindo o princípio de ir ao encontro da felicidade, atingindo uma vida moral e feliz.
No entanto, para obter felicidade, segundo Aristóteles, devemos desenvolver e exercer as nossas
capacidades interiores de convívio social.
A ética das virtudes, ao contrário da ética deontológica e da ética consequencialista, não é
generalista, ou seja, não tem regras base que se podem aplicar a todas as situações. Aristóteles
defende que não existem critérios base que podem ser aplicados de modo a atuar da forma correta.
Do ponto de vista do filósofo o mais importante da vida ética é implementar e viver de acordo com
as virtudes e apesar de parecer um critério vago, o que devemos fazer é refletir previamente sobre
virtudes e no momento da ação tentamos descobrir qual a decisão mais virtuosa a tomar, visto que a
prudência leva o homem a reconhecer os meios e os caminhos justos que conduzem ao bem. A ideia
de Aristóteles é que em cada caso tudo depende de vários fatores que variam sempre de situação
para situação, que têm de ser cuidadosamente ponderados de acordo com a razão e sabedoria (onde
o homem procura a verdade e os fundamentos) e que não podem ser compilados numa teoria geral
da ação correta, tem de ter prudência ( capacidade de escolher os meios disponíveis numa situação
dada para realizar o fim a que se propõe)para saber aplicar corretamente os seus conhecimentos aos
acontecimentos da vida. Só a ação prudente está de acordo com bem comum e pode conduzir o ser
humano ao seu objetivo final e essência, a felicidade.
Aristóteles mostra que a virtude está relacionada com o “meio-termo”, compreende que a mesma
pode ser treinada e exercitada, resultando não do máximo desenvolvimento da capacidade de
desejar, mas do seu controle por “meio-termo”, conduzindo o indivíduo para o bem comum e a
felicidade. Consiste num critério de ação correta que evita excessos, ou seja, está entre dois
extremos viver bem ou bem viver (equilíbrio). As virtudes geram-se pelo hábito, que pode ser
adquirido por educação e treinamento, assim as ações virtuosas geram disposição para a virtude e
esta, por sua vez, será a causa dos atos virtuosos.
Considero que as vantagens desta teoria são incitar-nos a praticar certos valores morais como a
coragem, a lealdade e generosidade, onde o homem virtuoso age conforme a excelência moral e,
deste modo, procura a justiça para si e para as pessoas que o rodeiam. Contrariamente, esta teoria
não nos dá instruções claras de como agir em cada caso particular para atingir a felicidade, deixando
a nosso encargo fazer a ponderação no momento da decisão. Esta ponderação poderá não ser
correta visto que o sujeito pode não tomar em conta todos os fatores. Não existe um conjunto de
regras que podem prevalecer em todos os âmbitos, o que deixa os indivíduos sem guia para algumas
decisões morais.
Apesar de eu concordar com a generalidade das ideias desta teoria penso não ter muito lugar nos
dias de hoje visto que as pessoas contemporâneas estão habituadas a agir sem refletir e sem
ponderar as suas escolhas, algumas até esperam que lhes digam como agir, e não existindo regras
específicas para guiar o comportamento, dificulta que a sociedade concorde sobre o que constitui
um comportamento ético em certas situações. Ao não definir uma virtude "suprema", podem criar-
se graves conflitos sobre qual, entre outras virtudes, deve ser preferencial, ao tomar uma decisão.
Concluo que neste mundo de superficialidades que vivemos, voltar às virtudes seria voltar à nossa
raiz e essência como seres humanos, acredito que seríamos mais Felizes!

Você também pode gostar